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1 Professor Livre Docente; Coordenador Científico do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul CELAFISCS; Coordenadores do Programa Agita São Paulo, São Paulo (SP), Brasil. 2 Doutora, Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - CELAFISCS / Programa Agita São Paulo, São Caetano do Sul (SP), Brasil. Autor correspondente: Sandra Marcela Mahecha Matsudo - Av. Goiás, 1400 - Santa Paula - CEP 09521-300 - São Caetano Do Sul (SP), Brasil - Tel.: 11 4229-8980 - e-mail: [email protected] Atividade física no tratamento da obesidade Physical exercise in treating obesity Victor Keihan Rodrigues Matsudo 1 Sandra Marcela Mahecha Matsudo 2 RESUMO A falta regular de atividade física é sem dúvida alguma um dos fatores determinantes da epidemia global de excesso de peso e obesidade em todas as faixas etárias. O envolvimento na ativida- de física regular desde as fases inicias da vida (na criança), duran- te a adolescência e a sua continuidade durante a idade adulta jovem, na meia idade e após os 50 anos é essencial para garantir um adequado controle do peso e da gordura corporal. A recomen- dação geral de atividade física para saúde é a de acumular pelo menos 30 minutos de atividades moderadas no mínimo 5 dias na semana, de preferência todos os dias. Já no caso de objetivo de perda e controle de peso em indivíduos com excesso de peso e obesidade o mínimo por dia passa a ser de 60 minutos, de prefe- rência 90 minutos por dia, pelo menos 5 idas na semana, de forma continua ou acumulada. A atividade física está associada a vários benefícios físicos, psicológicos e sociais que sustentam a impor- tância da inclusão da mesma como estratégia fundamental da prevenção e tratamento dos casos de excesso de peso e obesida- de em qualquer etapa da vida. Além das atividades físicas aeróbicas de intensidade moderada como caminhar, pedalar, na- dar, ou atividades físicas vigorosas como trotar ou correr, os exer- cícios de resistência e as mudanças do estilo de vida tornam-se essências junto com a reeducação alimentar no combate a epide- mia do excesso de peso e a obesidade. Alem do efeito da ativida- de física no controle do peso, redução de gordura corporal, preven- ção no reganho do peso corporal e manutenção da massa magra, a atividade física está associada com melhora no perfil lipídico e diminuição de risco de doenças associadas a obesidade como diabetes, hipertensão, síndrome metabólica, doenças cardiovas- culares e como conseqüência menor risco de morte. Descritores: Exercício; Atividade motora; Ganho de peso; Obesi- dade; Estilo de vida ABSTRACT Undoubtedly, no regular practice of physical exercise is one of the factors that determine the global epidemics of weight excess and obesity in all age groups. Taking up physical activities regularly since the initial stages of life (childhood), during adolescence and maintaining them in adulthood – from young adults to over 50 years of age - is essential to assure an appropriate control of weight and body fat. The general recommendation of physical exercise for good health is to practice at least 30 minutes of moderate activities, at least five days a week, and preferably every day. When the purpose is to lose and control weight in overweighed and obese individuals, the minimum practice should last 60 minutes/day, preferably 90 minutes/day, at least five days/week, in a continuous or accumulated manner. Physical exercise is associated with several physical, psychological and social benefits that justify it inclusion as a crucial strategy to prevent and treat overweight and obesity in any age group. Apart from moderate aerobic physical exercise, such as walking, cycling, swimming, or more vigorous activities, such as jogging or running, resistance exercises and changes in lifestyle are essential, together with re-education of eating habits, to fight the epidemics of overweight and obesity. Besides the effect of weight control, reduced body fat, prevention of weight gain and maintenance of lean mass, physical exercise is related to a better lipid profile and reduced risk of associated diseases, such as diabetes, hypertension, metabolic syndrome, cardiovascular diseases and, consequently, lower risk of death. Keywords: Exercise; Motor activity; Weight gain; Obesity; Lifestyle INTRODUÇÃO A tendência secular da obesidade no Brasil foi deter- minada por Monteiro e colaboradores em 2000 (1) , anali- sando dados brasileiros de 1975, 1989 e 1997. Enquan- to a tendência de 1975-1989 mostrava incremento da obesidade na população em geral (com exceção dos homens das áreas rurais), no período entre 1989 a 1997 houve um incremento maior da obesidade em homens do que em mulheres, na área rural mais que na urba- einstein. 2006; Supl 1: S29-S43 ASPECTOS CLÍNICOS

Fibras musculares

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bioquimica e fisiologia das fibras musculares: classificaçao e metabolismo

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  • 1 Professor Livre Docente; Coordenador Cientfico do Centro de Estudos do Laboratrio de Aptido Fsica de So Caetano do Sul CELAFISCS; Coordenadores do Programa Agita So Paulo, So Paulo (SP), Brasil.2 Doutora, Centro de Estudos do Laboratrio de Aptido Fsica de So Caetano do Sul - CELAFISCS / Programa Agita So Paulo, So Caetano do Sul (SP), Brasil.

    Autor correspondente: Sandra Marcela Mahecha Matsudo - Av. Gois, 1400 - Santa Paula - CEP 09521-300 - So Caetano Do Sul (SP), Brasil - Tel.: 11 4229-8980 - e-mail: [email protected]

    Atividade fsica no tratamento da obesidadePhysical exercise in treating obesity

    Victor Keihan Rodrigues Matsudo1 Sandra Marcela Mahecha Matsudo2

    RESUMOA falta regular de atividade fsica sem dvida alguma um dosfatores determinantes da epidemia global de excesso de peso eobesidade em todas as faixas etrias. O envolvimento na ativida-de fsica regular desde as fases inicias da vida (na criana), duran-te a adolescncia e a sua continuidade durante a idade adultajovem, na meia idade e aps os 50 anos essencial para garantirum adequado controle do peso e da gordura corporal. A recomen-dao geral de atividade fsica para sade a de acumular pelomenos 30 minutos de atividades moderadas no mnimo 5 dias nasemana, de preferncia todos os dias. J no caso de objetivo deperda e controle de peso em indivduos com excesso de peso eobesidade o mnimo por dia passa a ser de 60 minutos, de prefe-rncia 90 minutos por dia, pelo menos 5 idas na semana, de formacontinua ou acumulada. A atividade fsica est associada a vriosbenefcios fsicos, psicolgicos e sociais que sustentam a impor-tncia da incluso da mesma como estratgia fundamental dapreveno e tratamento dos casos de excesso de peso e obesida-de em qualquer etapa da vida. Alm das atividades fsicasaerbicas de intensidade moderada como caminhar, pedalar, na-dar, ou atividades fsicas vigorosas como trotar ou correr, os exer-ccios de resistncia e as mudanas do estilo de vida tornam-seessncias junto com a reeducao alimentar no combate a epide-mia do excesso de peso e a obesidade. Alem do efeito da ativida-de fsica no controle do peso, reduo de gordura corporal, preven-o no reganho do peso corporal e manuteno da massa magra,a atividade fsica est associada com melhora no perfil lipdico ediminuio de risco de doenas associadas a obesidade comodiabetes, hipertenso, sndrome metablica, doenas cardiovas-culares e como conseqncia menor risco de morte.

    Descritores: Exerccio; Atividade motora; Ganho de peso; Obesi-dade; Estilo de vida

    ABSTRACTUndoubtedly, no regular practice of physical exercise is one of the

    factors that determine the global epidemics of weight excess andobesity in all age groups. Taking up physical activities regularlysince the initial stages of life (childhood), during adolescence andmaintaining them in adulthood from young adults to over 50 yearsof age - is essential to assure an appropriate control of weight andbody fat. The general recommendation of physical exercise for goodhealth is to practice at least 30 minutes of moderate activities, atleast five days a week, and preferably every day. When the purposeis to lose and control weight in overweighed and obese individuals,the minimum practice should last 60 minutes/day, preferably 90minutes/day, at least five days/week, in a continuous or accumulatedmanner. Physical exercise is associated with several physical,psychological and social benefits that justify it inclusion as a crucialstrategy to prevent and treat overweight and obesity in any agegroup. Apart from moderate aerobic physical exercise, such aswalking, cycling, swimming, or more vigorous activities, such asjogging or running, resistance exercises and changes in lifestyle areessential, together with re-education of eating habits, to fight theepidemics of overweight and obesity. Besides the effect of weightcontrol, reduced body fat, prevention of weight gain and maintenanceof lean mass, physical exercise is related to a better lipid profile andreduced risk of associated diseases, such as diabetes, hypertension,metabolic syndrome, cardiovascular diseases and, consequently,lower risk of death.

    Keywords: Exercise; Motor activity; Weight gain; Obesity; Lifestyle

    INTRODUOA tendncia secular da obesidade no Brasil foi deter-minada por Monteiro e colaboradores em 2000(1), anali-sando dados brasileiros de 1975, 1989 e 1997. Enquan-to a tendncia de 1975-1989 mostrava incremento daobesidade na populao em geral (com exceo doshomens das reas rurais), no perodo entre 1989 a 1997houve um incremento maior da obesidade em homensdo que em mulheres, na rea rural mais que na urba-

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    ASPECTOS CLNICOS

  • Matsudo VKR, Matsudo SMM

    na. Essa tendncia foi maior nas famlias pobres doque nas famlias ricas. Mas o fato foi mais notvel na-quele estudo foi a diminuio de 28% na prevalnciada obesidade nas mulheres de maior nvel socioecon-mico, especialmente aquelas das reas urbanas no pe-rodo de 1989 a 1997. Os autores atriburam esses re-sultados repercusso da mdia combatendo a vidasedentria e promovendo hbitos alimentares mais sau-dveis. O levantamento epidemiolgico realizado peloINCA(2) em 2002-2003 (Ministrio da Sade 2004) com23.457 indivduos maiores de 15 anos de idade em 15capitais brasileiras evidenciou que a prevalncia deexcesso de peso (IMC 25) variou de 33,6% (Natal) a46,4% (Rio de Janeiro), sendo que a prevalncia deobesidade variou de um mnimo 8,2% (Aracaj e Vi-tria) at um mximo de 12,9% no Rio de Janeiro. Osdados nacionais tambm mostraram maior prevalnciade excesso de peso (IMC 25

  • Atividade fsica no tratamento da obesidade

    energtico tem sido associado com diminuio daadiposidade em crianas e adolescentes. Da mesmaforma, o tempo em comportamentos sedentrios e emespecial o tempo de assistncia TV tem sido associa-do com aumento da adiposidade. Devido a pouca in-formao disponvel da associao desses fatores e dehbitos alimentares com a composio corporal decrianas, Jago e colaboradores(5) analisaram se a AF, otempo de TV, hbitos alimentares e outros comporta-mentos sedentrios poderiam predizer o IMC de crian-as de 3-4 anos de idade nos 3 anos subseqentes. Osdados revelaram que a AF e tempo de TV foram osnicos fatores que explicaram 65% da varincia do IMCdaquelas crianas nos 3 anos de acompanhamento,sendo AF relacionada negativamente com o IMC e otempo de TV relacionado positivamente (maior tem-po de TV maior IMC). Assim parece que o tempo deTV e gasto energtico em AF tm relevncia muitomaior do que os hbitos alimentares na manutenode um peso adequado na infncia. Portanto, a estra-tgia na preveno da obesidade antes da puberdadedeve focar a promoo da AF, diminuio do tempode TV e o aumento do gasto energtico com AF.

    J no estudo longitudinal realizado por pelo grupode Kettaneh(6) para investigar a relao entre AF habitu-al e mudanas em indicadores de obesidade em adoles-centes, foi observado que todos os indicadores deadiposidade (IMC, porcentagem de gordura corporal,dobras cutneas e circunferncia da cintura) foram signi-ficativamente mais altos nas adolescentes que diminu-ram o nvel de AF moderada durante o intervalo de acom-panhamento, fato que curiosamente no aconteceu nosmeninos. No entanto neste grupo a soma das dobras cu-tneas tendeu a ser mais alta nos adolescentes que dimi-nuram AF vigorosa. De acordo com os autores muitomais do que a inatividade fsica per se a diminuio donvel de AF que resulta em incremento da adiposidadeao longo do tempo durante a adolescncia.

    Os pontos mais importantes de recente reviso rea-lizada por Watts et al.(7) sobre o estado de arte darea na prescrio de exerccio em crianas e adoles-centes obesos esto sumarizados a seguir:1. Exerccio aerbico e alterao da dieta: os ndices

    de composio corporal diminuem aps programasde exerccio aerbico, no entanto poucos estudostm utilizado tcnicas mais sofisticadas de medidasde composio corporal e/ou tm citado informa-es detalhadas sobre as caractersticas da interven-o do exerccio.

    2. Exerccio Aerbico: vrios dos estudos bem contro-lados indicam que apesar de que o exerccio aerbicoparece ter um efeito inconsistente no peso corporale no IMC o mesmo afeta positivamente a composi-

    o corporal reduzindo a gordura corporal.3. Exerccio Resistido: Os exerccios resistidos, ou com

    peso, podem ser importantes para maximizar a mas-sa magra e minimizar o decrscimo na taxa metab-lica que acompanha as alteraes da dieta. No en-tanto, crianas pr-adolescentes esto sujeitas amaior risco de leso e possveis alteraes de cresci-mento. Alguns autores consideram que um progra-ma adequadamente prescrito de intensidade leve amoderada pode beneficiar este grupo de adoles-centes obesos incrementando ou minimizando aperda de massa magra.

    4. Exerccio e parmetros hemodinmicos: embora asalteraes alimentares no estejam associadas aimpactos benefcios na presso arterial, a combina-o de dieta e exerccio pode ser positiva.

    5. Exerccio e Parmetros Metablicos: os estudos su-gerem que o exerccio no est associado a grandesmudanas no perfil lipdico e neste caso a dieta podeser um fator mais determinante. O efeito do exerc-cio no controle glicmico menos claro, alguns es-tudos, mas no todos, sugerem que o exerccio estassociado com melhoras no metabolismo da glicosecomo diminuio da insulina plasmtica e a hemo-globina glicosilada.

    6. Exerccio e Aptido Cardiovascular: apesar dos es-tudos baseados unicamente na interveno alimen-tar no mostrarem efeitos na aptido cardiovascu-lar, aqueles que agregaram exerccio mostraram umimpacto cardiovascular positivo, especialmente comdiminuio da freqncia cardaca no exerccio sub-mximo. Os exerccios resistidos no tm mostradonenhum efeito positivo neste aspecto.

    7. Exerccio e Funo Endotelial: como a obesidadeem crianas e adolescentes est associada a disfun-o endotelial (evento inicial da arteriosclerose), oexerccio pode mitigar esse efeito por ao direta nosistema vascular, provavelmente secundrio ao au-mento no stress de frico, por conta da melhora dabioatividade do xido ntrico durante o exerccio.Levando em conta estes aspectos possvel consi-

    derar que o exerccio em crianas e adolescentes obe-sos modifica a composio corporal, geralmente semalteraes no peso corporal ou no IMC, melhora aaptido cardiovascular e fora muscular com poucoefeito na presso arterial e no perfil lipdico, mas comefeito benfico importante direto no endotlio.

    ATIVIDADE FSICA E GORDURAA interao entre a AF, o tecido adiposo e o sistema

    metablico e hormonal extremamente complexo e me-receria provavelmente um artigo inteiro para sua anlise.

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  • Figura 1 - Fontes energticas de acordo com a intensidade do exerccio

    Alguns desses aspectos foram brilhante e exaustivamenteanalisados em recente reviso por McMurray e Hacney(8),sendo que merecem ateno especial os seguintes:1. Exerccio e Gasto Energtico: a AF aumenta o gasto

    energtico diretamente, mas tambm afeta uma s-rie de hormnios que controlam a taxa metablicae a fome. Assim o exerccio tem o potencial de in-fluenciar os dois lados da equao do balano ener-gtico: a ingesto e o gasto de energia.

    2. Exerccio e Metabolismo de lipdios: cargas agudasde exerccio moderado e vigoroso aumentam v-rios hormnios que tem a habilidade de melhorar aoxidao lipdica e a liplise (andrgenos,catecolaminas, cortisol, hormnio de crescimento,T3, T4 e estrgenos). J o efeito do exerccio crni-co parece diminuir ou no afetar as concentraeshormonais no repouso.

    3. Exerccios e Fontes de Energia: um ponto importan-te a ser considerado aqui em termos prticos paradefinir a intensidade adequada de exerccio para ocontrole do peso e da gordura corporal a utiliza-o de fontes energticas de acordo com a intensi-dade do exerccio (Figura 1):

    a. Baixa intensidade (70% VO2max) continua utili-zando pequenas quantidades de gorduras para pro-duzir energia, mas a glicose e o glicognio so ossubstratos predominantes. Esta reduo no meta-bolismo lipdico pode estar relacionada ao aumen-to na concentrao de lactato, vasoconstrio notecido adiposo, ou inibio de consumo de cidosgraxos de cadeia longa na mitocndria, assim comomaior recrutamento das fibras de contrao rpida.

    4. Exerccio e Mudana na Adiposidade: embora o exerc-cio induz a perda de estoques de gordura sem restri-o energtica, nem todas as formas de exerccio re-sultam na mesma quantidade de perda. Exerccios deintensidade leve como a caminhada e os exercciosresistidos podem contribuir com perdas de gordura,mas no de forma to importante e nem sempre estoassociados a perdas de peso corporal. Uma sesso deatividades fsicas de intensidade moderada que du-rem em torno de 30-60 minutos com um gasto ener-gtico variando entre 200-700kcal, e considerando queentre 40-60% da energia vai ser derivada da gordura,estar associada com perda de gordura entre 9 a 47g,implicando em uma pequena perda de peso. No en-tanto, se a ingesto se mantiver estvel, a longo prazoessa quantidade de exerccio pode ter um impactopositivo na adiposidade. Alem de provocar a preser-vao da taxa metablica de repouso (via manuten-o dos nveis de T3) e da massa muscular (via GHque causa o sparing da protena) que por sua vezmantm a taxa metablica de repouso e conseqen-temente o gasto energtico de repouso, ajudando noequilbrio do balano energtico. Esse mecanismo totalmente oposto queles induzidos pela simplesperda de peso obtida por dieta restritiva.

    5. Exerccio no Individuo Obeso: apesar de que os indiv-duos obesos paream ter a mesma capacidade de oxi-dao da gordura que as pessoas com peso normal,eles apresentam respostas hormonais diferentes ao exer-ccio. As mudanas mais significantes so respostas su-aves do sistema nervoso simptico e das catecolaminase provavelmente tambm do hormnio do crescimentoo que pode diminuir o impacto na liplise e naadiposidade corporal. As respostas da insulina, leptina,testosterona e T3 ao exerccio parecem no estar alte-rados nos obesos em relao aos sedentrios.

    ATIVIDADES AERBICAS E CONTROLE DE PESONo estudo do grupo de Paeratakul(9), as mudanas

    na dieta, atividade fsica e IMC foram analisados noperodo de 1989 a 1991 em mais de 3.400 adultos chine-ses. As mudanas no IMC foram avaliadas em indiv-duos que aumentaram a ingesto de gordura, naqueles

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  • que reportaram diminuio da AF e naqueles que re-portaram as duas (aumento de ingesto de gordura ediminuio de AF). A mdia de mudana do IMC na-queles que aumentaram consumo de gordura foi de0,24kg/m comparado a 0,11 observada entre aquelesque diminuram. J aqueles que diminuram o nvel deAF aumentaram significativamente o IMC em 0,26 com-parado queles que mantiveram ou aumentaram a AF(mudana de 0,16kg/m). Os resultados indicaram queo incremento no consumo de gordura, especialmentequando acontecia junto com uma diminuio no nvelde AF, foi associado positivamente ao ganho de peso.

    Estudo publicado no JAMA em 2003(10), analisou oimpacto de atividade fsica em 179 mulheres sedentriasna ps-menopausa, com idade entre 50-75 anos, queapresentavam excesso de peso. A intensidade inicial erato leve que a caminhada se realizava em ritmo corres-pondente a 40% da FC mxima, durao de 16 minutose que gradualmente foi incrementada para 60% e 75%,com 45 minutos de durao na oitava semana de inter-veno. Foram aleatoriamente divididas em dois grupos:o controle (n:86) e de exerccios (n:87) que consistiamem mdia de 5 sesses por semana de caminhadas, comdurao mdia de 176 min/semana, durante 12 meses.

    Os grupos que alcanaram a recomendao (CDC/ACSM) de pelo menos 150 min/sem de atividade fsi-ca, conseguiram diminuir significativamente a porcen-tagem de gordura corporal, enquanto que o grupocontrole e aqueles que no alcanaram os 150 min/sem no conseguiram diminuir gordura. Mais impres-sionante ainda foi a anlise da gordura intra-abdomi-nal determinada pelos autores por ressonncia mag-ntica nuclear: todos os grupos que caminharam bai-xaram os estoques de gordura intra-abdominal e deforma diretamente proporcional ao tempo de cami-nhada semanal (Figura 2). Os achados so excepcio-nais, por diversas razes, mas particularmente por sa-bermos do papel patognico da gordura localizadanaquela regio. Incrvel: a simples caminhada conse-gue alcanar esses estoques de gordura e diminui-los.

    Um estudo controlado aleatoriamente tentou veri-ficar o efeito de 16 meses de um programa de exercciosem alteraes na dieta em pacientes de 17-35 anoscom excesso de peso ou obesidade moderada. Donnellyet al. (11) realizaram um protocolo progressivo de cami-nhada na esteira ergomtrica 5 dias na semana, com20 minutos no incio a 60% da FC de reserva, at al-canar 45 minutos a 75% aps 6 meses de intervenoat o fim do estudo. Os homens conseguiram perdersignificativamente peso corporal, IMC e adiposidade.J as mulheres mantiveram o peso, IMC e gordura,enquanto os controles incrementaram significativamen-te todos estes parmetros. Ambos os sexos diminuramgordura visceral sem alteraes na massa magra. Emestudo similar com indivduos com excesso de peso,mas em faixa etria superior (40-65 anos), Slentz etal.(12) realizaram uma interveno por metade do pe-rodo da anterior (8 meses), s que incluindo tambmatividade fsica vigorosa, em longa e curta durao eatividade fsica moderada (caminhada), sem mudan-as na alimentao. Houve uma significativa relaodose-resposta entre a quantidade de exerccio e a quan-tidade de perda de peso e de massa gorda: o grupo dealta intensidade e alta durao perdeu significativa-mente mais peso e gordura que os de baixa durao eintensidade moderada. Entretanto, levando em consi-derao o a menor aderncia e aumento de riscos emAF vigorosas e considerando que todos os grupos deexerccio incluindo da caminhada tiveram diminuiodo peso e das circunferncias de abdome, cintura equadril, nos leva concluir que a caminhada sem d-vida uma alternativa interessante para a manutenodo peso corporal.

    Em outro estudo controlado aleatrio, Ross et al.(13)

    analisando 52 homens obesos divididos ao acaso em 4grupos de interveno (perda induzida pela dieta, per-da induzida pelo exerccio, exerccio sem perda de pesoe controle), foi encontrada diminuio ao redor de8% do peso nos grupos com perda induzida pela dietaou pelo exerccio. O consumo mximo de oxigniomelhorou em torno de 16% nos grupos de exerccio ea perda de peso foi 1,3kg maior no grupo de perdainduzida pelo exerccio do que pela dieta, com redu-es similares de gordura subcutnea abdominal e gor-dura visceral. Mas o fato mais relevante foi que a gor-dura abdominal e visceral diminuram tambm no gru-po de exerccio sem perda de peso. Assim possvelconcluir que a perda de peso induzida pelo incremen-to da AF diria sem restrio calrica diminuiu obesi-dade e resistncia insulina em homens e que mesmoquando o exerccio no reduz o peso corporal podediminuir a gordura abdominal e os efeitos patogni-cos da mesma.

    Figura 2 - Efeito da caminhada na gordura intra-abdominal de senhorasps-menopausadas (10)

    Atividade fsica no tratamento da obesidade

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  • Em um dos mais recentes estudos clnicos controla-dos aleatoriamente realizados nesta rea(14), mulheressedentrias com excesso de peso foram submetidas combinao de vrias intensidades de AF (moderadae vigorosa) e duraes (moderada e alta) para identifi-car qual delas teria o efeito mais eficaz na perda depeso e controle de gordura corporal. A perda de pesonos quatro grupos de interveno de exerccio foi iguale significante em relao ao grupo controle aps 6 e12 meses. Da mesma forma a aptido cardiovascularmelhorou nos quatro grupos sem diferena entre eles.Mas uma das informaes mais relevantes do estudoveio da confirmao de que a porcentagem de perdade peso aos 12 meses foi relacionada ao tempo totalde AF realizada por semana, ou seja o decrscimo dopeso foi maior no grupo que realizava mais que 200minutos por semana que no grupo que completava150 minutos por semana; e nesses mais que naquelesque perfizeram menos que 150 minutos por semana.

    Analisando a relao entre corrida, IMC e circun-ferncias, os autores encontraram que quanto maior onmero de quilmetros corridos por semana menor foio IMC e as circunferncias de cintura, quadril e trax,especialmente nos grupos de maior quilometragem porsemana (>65km/semana). Tal fato poderia indicar quea corrida promove maior perda de peso naqueles indi-vduos que tm mais a ganhar com a perda de peso.

    ATIVIDADE FSICA ACUMULADA TAMBMCONTROLA PESO CORPORAL

    Como no incio os estudos de fisiologia e bioqu-mica do esforo eram baseados em modelos de exerc-cios vigorosos ou de alta intensidade, boa parte da li-teratura registra que somente aps 15, 20 ou 30 minu-tos de durao contnua, ocorreria mobilizao de de-psitos de gordura. No entanto, trabalhos bsicos sem-pre indicaram que em exerccios de leve e moderadaintensidade, o substrato energtico seria oriundo pri-mordialmente de lipdeos. Surpreendentemente, pa-rece que nos esquecemos desses conceitos durante mui-to tempo.

    Um estudo clnico aleatrio foi realizado por Jakicice colaboradores em 1995(15) para determinar o efeitode vrias cargas de exerccio com uma nica sesso, emum programa de controle de peso corporal em mulhe-res com excesso de peso. A interveno foi realizadapor 20 semanas, sendo que as mulheres que realiza-vam uma sesso contnua de 20,30 ou 40 minutos fo-ram comparadas quelas que faziam 2, 3 ou 4 sessesde 10 minutos. Os dois grupos tinham uma mesma fre-qncia semanal (5 vezes por semana) totalizando as-sim o mesmo nmero de minutos semanais. Os resulta-

    dos evidenciaram que a prescrio em fazer de sessesacumuladas foi mais eficiente para melhorar a adern-cia ao estudo (maior nmero de dias e mais minutosde atividade por semana) do que a nica sesso pordia. O consumo mximo de oxignio aumentou signi-ficativamente em ambos os grupos na mesma propor-o em torno de 5%. Houve uma tendncia de perdade peso maior no grupo de atividade fsica acumulada(-5,3 a -8,9kg) que no grupo de AF contnua (-4,5 a -6,45kg). Dessa forma, fica claro que protocolos acumula-dos de AF podem aumentar a aderncia ao exerccio eter efeitos similares na aptido crdio-respiratria emetablica.

    Estes resultados foram posteriormente confirma-dos por Murphy e Hardman(16) que mostraram quemulheres submetidas por dez semanas a protocolosacumulados (3 sesses de 10 minutos; 5x/sem) con-seguiram melhorar a potncia aerbica, a pressoarterial, as dobras cutneas, o peso corporal e a re-lao cintura-quadril em valores semelhantes ou su-periores aos obtidos pelas mulheres que fizeram os30 minutos em uma s sesso, 5x/sem. Importanteressaltar que tais resultados no podem ser atribu-dos a eventual restrio ou mudana de padro ali-mentar, pois as senhoras no mantiveram a mesmadieta. O conjunto dessas informaes possibilita con-cluir que os efeitos positivos do andar para sadeacontecem tanto se fizermos uma caminhadaininterrupta por 30 minutos, como se o fizermos emsesses de 10 minutos de durao.

    Assim fica aberta a possibilidade de elegermos aforma que melhor se adapte ao nosso perfil, sendoque a acumulada uma boa alternativa para aqueles(maioria) que usam a falta de tempo como desculpapara no fazerem atividade fsica. Alm disso, passa aser uma proposta mais segura e eficaz no somentepara pacientes obesos leves, moderados e mrbidos,mas tambm nos diabticos, hipertensos, ou deprimi-dos, co-morbidades muito freqentes nos obesos.

    EXERCCIOS RESISTIDOS E COMPOSIO CORPORALPoucos estudos cientficos existem na anlise do

    impacto de programa de treinamento de fora no teci-do adiposo intra-abdominal. No trabalho realizado porHunter et al.(17) em indivduos idosos com tomografiacomputadorizada evidenciou um efeito distinto deacordo com o gnero. Houve aumento similar na foramuscular em ambos os sexos, mas o aumento na massamagra foi maior no sexo masculino. Na gordura cor-poral o decrscimo da massa gorda total foi similarnos dois sexos. No entanto, as mulheres diminuramsignificativamente a gordura subcutnea abdominal e

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  • a intra-abdominal enquanto o mesmo no aconteceunos homens.

    Infelizmente, poucas foram as evidncias cientificasreveladas nos ltimos trs anos que pudessem contri-buir nesta discusso. Independentemente do efeitobenfico do treinamento de fora muscular na compo-sio corporal em termos de diminuio da quantida-de de gordura corporal, os exerccios resistidos tm umpapel fundamental na manuteno da massa magra ena contribuio na taxa metablica de repouso, espe-cialmente quando se pode incluir no tratamento daobesidade restries dietticas.

    ESTILO DE VIDA ATIVO E OBESIDADEA obesidade ocorre usualmente quando a ingesto

    de energia excede o gasto. Os seres humanos costu-mam gastar essa energia mediante o exerccio fsico ede mudanas na postura e mobilidade que esto asso-ciados com as rotinas da vida diria chamada determognese de atividades no relacionadas ao exerc-cio planejado: NEAT (em Ingls: non-exercise activitythermogenesis). Estas atividades incluem sentar, levan-tar, caminhar, falar, se alimentar. Para analisar o efei-to deste gasto energtico mediante os NEATs na obe-sidade, Levine et al.(18) realizaram um interessantssi-mo estudo mensurando em sedentrios magros e obe-sos as posturas corporais e os movimentos a cada meiosegundo durante 10 dias e utilizando uma inovadoratcnica que envolvia medidores de inclinao eacelermetros triaxiais para medir a posio do corpoe os movimentos 120 vezes por minuto. Foi verificadoque os indivduos obesos permaneciam em torno de 2horas a mais por dia sentados que os magros, que fica-ram em p por 152 minutos a mais durante o dia queos obesos, embora o tempo de dormir tenha sido igualnos dois grupos. O movimento corporal total (89% foide deambulao) foi correlacionado negativamentecom a gordura corporal. Assim, caso os indivduos obe-sos tivessem a mesma postura e movimentao que osmagros eles teriam um gasto energtico extra de 352kilocalorias/dia em mdia.

    Para verificar o efeito de estratgias de intervenonutricional e de atividade fsica baseadas nas caracte-rsticas especficas de pessoas com excesso de peso eobesidade, Vogels(19) analisou 120 sujeitos durante umano aps 6 semanas de interveno com dieta baixaem calorias para manuteno do peso corporal. Anali-sando 4 grupos diferentes de interveno (dieta, ativi-dade fsica, dieta + atividade fsica, placebo) foi ob-servada uma perda mdia de 7kg durante a restriodiettica, sendo que o peso corporal foi novamenteganho em 56 55%, sem diferenas significativas en-

    tre os grupos, evidenciando que o tipo de intervenono teve relao com a manuteno e/ou o ganho depeso nos sujeitos analisados.

    Dunn et al.(20) por sua parte avaliaram o impacto de24 semanas de dois tipos de programas: um de exerc-cio estruturado e outro baseado no estilo de vida ativoem 116 homens e 119 mulheres, encontrando que am-bos os programas incrementaram o gasto energtico.Aps 24 semanas, no houve diferenas no peso cor-poral, mas o percentual de gordura diminuiu em 2,4%e 1,9% nos grupos estilo de vida e estruturado, respec-tivamente, confirmando a hiptese de que um progra-ma de interveno no estilo de vida, onde a caminhar a recomendao principal, pode ser to efetivo quan-to os tradicionais programas estruturados.

    Nessa linha de intervenes no estilo de vida,Espsito et al.(21) estudaram mulheres na pr-meno-pausa com obesidade que participaram em estudo cl-nico controlado aleatrio com orientao de adooda dieta do Mediterrneo e do aumento do nvel deAF durante 2 anos. Os autores evidenciaram, alem dosefeitos positivos nos hbitos nutricionais e diminuiodo IMC, diminuio dos marcadores inflamatrios vas-culares como IL-6 e protena C-reativa e melhora naresistncia insulina.

    INATIVIDADE FSICA LEVA OBESIDADE OU AOBESIDADE LEVA INATIVIDADE FSICA?

    Apesar da grande maioria das evidncias indicaremque a inatividade fsica estaria entre as causas maisimportantes da obesidade; h aqueles que atribuem obesidade a causa do sedentarismo. Na resposta per-gunta se a inatividade fsica a causa ou a conseqn-cia da obesidade, Petersen e Sorensen(22) chegaram aconcluses interessantes no encontrando associaoentre AF no tempo livre (AFTL) e obesidade tardiaem mulheres, sendo esta associao fraca entre os ho-mens. Por outro lado, os dados indicaram que o IMC um forte determinante da AFTL tardia, ou seja,quanto maior o IMC maior o risco de ser fisicamenteinativo 10 anos mais tarde, mesmo quando os ajustesforam feitos para o AFTL prvia e outros fatores. Deacordo com os autores quando o quadro de obesidade desenvolvido o turnover de energia incrementa eo requerimento de energia para suportar uma deter-minada AF tambm aumenta. Alm disso, bom res-saltar que em termos prticos quanto maior o sobrepesoa AF pode gerar mais desconforto como queixas ms-culo esquelticas, dispnia, exausto e sudorose o quepode reduzir a motivao prtica de AF e conse-qentemente diminuir ainda mais o nvel atual de AFdo indivduo. Os autores concluram no terem evi-

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  • dncias suficientes de que a inatividade fsica promo-ve o desenvolvimento da obesidade, mas sugeremprovocativamente que a obesidade que levaria ina-tividade fsica. Na anlise realizada por Adams e cole-gas(23) em mais de 3.000 indivduos, o nvel de AF di-minuiu na medida que aumentava o IMC, indepen-dentemente do sexo: homens e mulheres com sobrepesoe obesidade foram menos ativos do que aqueles compeso normal, mas as mulheres com sobrepeso e obesi-dade foram mais ativas do que os homens no mesmonvel de IMC.

    J no estudo prospectivo de Bak et al.(24) foi demons-trado que quanto maior o IMC maior a possibilidadede ser inativo no tempo livre no futuro, mas no naatividade ocupacional. Os resultados sugeriram que nohouve efeitos a longo prazo da AF no tempo livre eocupacional no desenvolvimento ou manuteno daobesidade em homens que tinham ou no desenvolvidoobesidade juvenil. Seguindo o mesmo raciocnio na buscade evidncias que sustentam que a inatividade fsica noesta associada com o desenvolvimento da obesidade,Petersen et al.(25) avaliaram longitudinalmente por 15anos mais de 6.000 homens e mulheres. Encontraramque comparada a inatividade fsica, homens e mulherescom nveis mdios e altos de AF tiveram odds ratio paradesenvolver obesidade que variaram de 0,81 a 1,65.Naquele estudo os autores conseguiram mostrar que ainatividade fsica no foi associada ao desenvolvimentode obesidade, mas indicaram que a obesidade poderialevar a inatividade fsica, desde que mostraram quequanto maior o IMC dos sujeitos, maior o risco de ina-tividade fsica 10 anos mais tarde.

    Numa abordagem longitudinal de 5 anos com ho-mens saudveis de 20-55 anos em risco de ganho depeso, DiPietro et al.(26) observaram um pequeno ganhocurvilneo de peso naqueles que mantiveram nveisbaixos e altos de AF, sendo esse ganho menor nos ho-mens que mantiveram um alto nvel de AF (>1,6METS/24hrs) em relao aqueles que relataram nvelde AF moderado (1,45-1,6 METS/24 hrs). O ganho depeso foi acelerado entre aqueles que diminuram o nvelde AF de alto para o moderado. Mas um dos achadosmais interessantes do estudo e que mostram a impor-tncia da mudana de comportamento para um estilode vida mais ativo foi que os homens com o menornvel de AF inicial, mas que aumentaram o nvel deAF nos 5 anos seguintes, foram aqueles que experi-mentaram os maiores benefcios. Tal fato pode moti-var os muito sedentrios a fazer pequenas melhorasno gasto energtico dirio: incrementos de 0,10 METS/24hrs para uma pessoa com baixo nvel de AF podemser facilmente alcanados com pequenas mudanas,como subir escadas em lugar de elevador, caminhar

    distncias curtas (menos de 2 km) ou simplesmente usaros comandos mecnicos de um carro.

    O acompanhamento de mulheres(27) de 42-52 anospor 3 anos revelou que o aumento de peso e de cir-cunferncia da cintura observados no estavam rela-cionados com a menopausa. Naquele estudo uma uni-dade de incremento no nvel de AF/esporte (em umaescala de 1 a 5) foi associado longitudinalmente comdiminuio de 0,32kg no peso e 0,10cm na circunfe-rncia da cintura. As mesmas relaes inversas foramobservadas com a AF da rotina diria (caminhar e pe-dalar como meio de transporte e menor tempo de TV),sugerindo assim que embora as mulheres da meia ida-de tendam a aumentar peso e circunferncia da cintu-ra com o passar do tempo, a manuteno ou o aumen-to da participao em AF regular contribui para pre-venir ou atenuar esses ganhos.

    No estudo populacional(28) realizado com mais de15.000 homens e mulheres de 45 a 74 anos foi observa-do que o tempo de TV foi associado positivamente e aparticipao em AF vigorosa negativamente com mar-cadores de obesidade, presso arterial e lipdios plas-mticos, mesmo quando se ajustou para outros fatoresde risco. Nas mulheres que participavam em mais de 1hora de AF vigorosa e que assistiam menos de 2 horasTV/dia, o IMC foi ao redor de 1,92kg/m menor quenaquelas que no reportavam AF vigorosa ou assistiammais de 4 horas TV/dia. Nos homens esse valor foi de1,44kg/m. Nos dados de presso arterial as diferenasentre os mais e menos ativos chegaram a 3,6mmHg nohomens e 2,7mmHg nas mulheres. Os resultados sugeri-ram que o tempo de participao em AF vigorosas re-creativas e o tempo de TV como indicador de estilo devida sedentrio estiveram associados com obesidade emarcadores de doena cardiovascular independentemen-te do tempo total relatado de AF.

    Em outro estudo prospectivo realizado com mais de2.800 homens e 2.800 mulheres na adolescncia, na ida-de de 31 anos, os autores(29) verificaram que se tornarsedentrio durante a transio da adolescncia idadeadulta foi associado com maior risco de excesso de pesonos homens, maior risco de obesidade abdominal nasmulheres e obesidade total, tanto em homens como emmulheres. A manuteno de um estilo inativo da ado-lescncia a idade adulta foi somente associada com maiorrisco de obesidade abdominal nos homens, reforandomais uma vez a importncia da manuteno de um esti-lo de vida ativo na transio da adolescncia idadeadulta na preveno da obesidade adulta. Em outraanlise populacional realizada por Littman et al.(30) commais de 15.000 adultos, foram examinadas tambm asassociaes entre o nvel de AF e as mudanas de pesocorporal aps os 45 anos de idade. Como esperado a

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  • partir de evidncias prvias citadas nesta reviso, o in-cremento de METs/horas e freqncia semanal de AFde intensidade leve, moderada ou vigorosa, por um pe-rodo de 10 anos, foram associados inversamente com oganho de peso aps os 45 anos de idade, sendo maisfortes as correlaes na mulher do que no homem eentre os obesos que aqueles de peso normal ou comexcesso de peso. Os homens e mulheres obesos que par-ticiparam de 75-100 minutos de caminhada rpida porsemana ganharam 4,5 e 2,5 quilos menos que os queno caminharam. Exerccios aerbicos, trotar e pedalarrpido foram associados com atenuao do ganho depeso, enquanto que caminhar devagar, nadar e levan-tar pesos no apresentaram associaes significativas como peso corporal. Os dados mais uma vez reforam queAF regular por longo prazo associada atividade mo-derada como a caminhada previne parte do ganho dopeso associado ao envelhecimento.

    Uma interessante contribuio neste ponto, consi-derando a escassa informao disponvel sobre a influ-ncia do peso corporal nos aspectos sociais e ecolgi-cos da atividade fsica em adultos, foi feita porBlanchard et al.(31) analisando em torno de 6.000 adul-tos com peso normal, excesso de peso e obesidade nosaspectos scio-demogrficos, suporte social, auto-efi-ccia e acesso s facilidades para a prtica da AF. Cor-roborando com as posies de Petersen e Sorensen(23),descritos anteriormente, os resultados foram que su-jeitos com peso normal se engajavam significativamentemais em AF que os indivduos com excesso de pesoque por sua vez realizavam mais AF que os obesos. Aanlise indita do estudo mostrou que a auto-eficciafoi significativamente menor nos obesos. No entanto,a associao da auto-eficcia com a AF foi mais fracano grupo de obesos quando comparada a de outrosgrupos de peso normal e excesso de peso, sugerindoque as intervenes focando a auto-eficcia deveriamvariar de acordo com o peso corporal. No aspecto dosuporte social a associao com a AF foi similar nos 3grupos de peso corporal. Outro importante achadodeste estudo que os obesos manifestaram ter menosacesso a locais de prtica da AF no bairro, mas aomesmo tempo a correlao entre acesso e nvel de AFfoi somente significante entre os sujeitos com pesonormal e sobrepeso e no foi significante nos obesos.No entanto, na predio da AF o aumento de acessos facilidades fsicas foi associado com maior numerode dias que os obesos foram fisicamente ativos. Osdados reforam que nas intervenes de mudana decomportamento para incremento do nvel de AF nes-ta populao especial, tanto auto-eficcia como o su-porte social e o acesso a locais devem ser manejadossimultaneamente para um resultado eficaz.

    O conjunto dessas informaes na discusso do ovoou da galinha na rea da obesidade e AF apia mais ahiptese de que existem fatores sociais e demogrficosassociados de forma importante ao envolvimento regu-lar com a AF, sugerindo que a inatividade fsica seriamais uma causa e no uma conseqncia da obesidade.

    O grupo de Levine(18) tentou analisar se as diferen-as na postura e movimentao diria so a causa ou aconseqncia da obesidade. Analisaram um grupo deobesos que participavam de um programa supervisiona-do de perda de peso por 8 semanas (perda de 8kg) e umgrupo de magros que passavam por um programa deaumento de peso (ganho de 4kg), analisando os movi-mentos a cada meio segundo durante 10 dias consecuti-vos. Observaram que os movimentos corporais no mu-daram nos indivduos obesos que perderam peso, nemnos ativos que ganharam peso, sugerindo que a movi-mentao corporal pode estar gentica/biologicamentedeterminada. De acordo com os autores, em estudosprvios eles mostraram que so vrios os fatores queexplicam a propenso das pessoas obesas a ficarem sen-tadas entre elas mediadores centrais e humorais, como o caso da orexina, um neuropepitdeo associado comestimulao (em animais a injeo deste aumenta a pos-tura em p dos animais). A associao negativa de gor-dura corporal com movimento levanta a possibilidadede que a gordura corporal libere um fator que diminuia AF em obesos. No entanto, como os autores analisa-ram se indivduos obesos estavam biologicamente pre-dispostos a uma menor movimentao e assim tambmpredispostos a se tornarem obesos, a obesidade j seriato comum como hoje h no mnimo 50 anos! Prova-velmente os obesos e os magros respondem diferente-mente aos estmulos do ambiente que promovem umcomportamento sedentrio. Caso os obesos adotassema movimentao dos magros o gasto extra de energiarepresentaria uma perda de peso (mantendo a mesmaingesto calrica) em torno de 15kg. Sugerem os auto-res que medidas de incentivo vida mais ativa e menostempo de hbitos sedentrios (ex: danar enquanto as-siste TV) sejam medidas que contribuam com a dimi-nuio da epidemia de obesidade.

    BENEFCIOS DA ATIVIDADE FSICA NO SOBREPESO EOBESIDADE

    bem conhecido que a prtica regular de atividadefsica aumenta o HDL-colesterol, diminui triglicrides(TG) e LDL-colesterol; e ainda aumenta a sensibilida-de insulina. Alm disso, ocorre um aumento doclearance ps-prandial de lipoprotenas, tais comoos quilomicrons, que so os transportadores dos lipdeosdo intestino para o sistema venoso. Tm se demonstra-

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  • do efeitos favorveis de treinamento aerbico sobre aatividade da lipase lipoprotica (LPL) que explicaria omelhor turnover da lipoprotena rica em TG.(32-33)

    Mais recentemente tem se relatado o impacto positivodo nvel de aptido fsica nos nveis de protena C reativa(marcador de inflamao sub-clnica associado ao aumen-to de 2 a 5 vezes do risco de eventos cardacos), pois suaconcentrao plasmtica foi menor (0,43; 0,25; 0,23mg/dL)na medida que o nvel de aptido fsica melhorava (7,2;9,1 e 10 METs) em senhoras de 55 anos de idade(34).

    No entanto, boa parte ou a quase totalidade des-ses efeitos positivos se revertem caso a pessoa sus-penda a prtica de atividade fsica. Recentemente(35),foi demonstrado que o destreinamento leva a dimi-nuio do HDL-colesterol, aumento da massa de gor-dura, do BMI, da leptina, do LDL-colesterol, da re-lao LDL/HDL-colesterol, da apoliproteina B e dostriglicrides.

    Assim, a chance de sucesso no manejo teraputicoou preventivo das dislipidemias depende em muito dahabilidade em desenvolver abordagens que garantamo envolvimento das pessoas ou pacientes em padresde estilo ativo por todo o ciclo da vida.

    Os mecanismos que a literatura cientfica(36) apon-tam para esse efeito benfico so:1. Aumento do gasto energtico2. Melhora da composio corporal:a- Perda de gordurab- Preservao da massa magrac- Diminuio do depsito de gordura visceral3. Aumento na capacidade de mobilizao e oxida-

    o da gordura4. Controle da ingesto alimentara- Reduo do apetite a curto prazob- Reduo da ingesto de gordura5. Estimulao da resposta termognicaa- Taxa Metablica de Repousob- Termognese induzida pela dieta6. Mudana na morfologia do msculo e na capacida-

    de bioqumica7. Aumento da sensibilidade insulina8. Melhora no perfil de lipdeos plasmticos e lipo-

    protenas9. Diminuio da presso sangnea10.Melhora do condicionamento fsico

    11.Efeitos psicolgicos: melhora da auto-estima, auto-imagem, auto-conceito, menor ansiedade, depresso.No interessante material escrito no Instituto

    Cooper(37) sobre se possvel ter excesso de peso ou obe-sidade e estar condicionado e saudvel, os autores con-cluem que: 1- Existe uma forte relao direta do IMCcom morbidade e mortalidade, especialmente de DCVe Diabetes; 2- os hbitos sedentrios e o baixo nvel decondicionamento fsico so preditores importantes deprevalncia de doenas (artrio-esclerose, hipertenso,doenas metablicas,e alguns tipos de cncer) e da mor-talidade por todas as causas; 3- os indivduos com ex-cesso de peso e obesidade tm mais probabilidade deserem sedentrios e pouco condicionados fisicamenteque seus pares ativos e condicionados; 4- a atividadefsica parece proteger contra a morbidade e mortalida-de por doenas crnicas em vrios subgrupos desta po-pulao. Assim os autores hipotetizam que parte doincremento da morbidade e mortalidade observada emindivduos com excesso de peso e obesidade pode serdevido ao baixo nvel de atividade fsica e condiciona-mento fsico. O problema fundamental seria ento ainatividade fsica que leva alta incidncia de doena etambm ao ganho de peso que por sua vez pode exacer-bar o processo da enfermidade.

    RECOMENDAO DE AF PARA PREVENO ETRATAMENTO DE EXCESSO DE PESO E OBESIDADE

    Um dos srios problemas que observamos na pres-crio de atividade fsica, exerccios e esporte que osprofissionais utilizam via de regra os termos como si-nnimos, quando importantes diferenas e implicaesexistem entre os mesmos. Assim, operacionalmente,algumas definies podero ser teis:1. Atividade Fsica: qualquer movimento que seja

    resultado de contrao muscular voluntria que levea um gasto energtico acima do repouso. Por exem-plo, andar, danar, correr, pedalar, subir escadas,jardinar ou nadar.

    2. Exerccio Fsico: um tipo de atividade fsica maisorganizada, que inclui durao, intensidade, fre-qncia e ritmo. Por exemplo, andar, correr, peda-lar ou nadar a uma determinada velocidade.

    3. Esporte: um tipo de atividade fsica que envolve oconceito de desempenho, ou seja, a pessoa tentarealizar a tarefa da melhor forma (ginstica olmpi-ca), no menor tempo (natao ou atletismo), no maiornmero de vezes (cesta no basquete, gol no futebol).

    4. Aptido Fsica: conjunto de atributos pessoais, ge-nticos e adquiridos, que viabilizam a pessoa reali-zar as tarefas cotidianas sem prejuzo de seu equil-brio biolgico, psicolgico e social.

    Tabela 2 - Efeitos da atividade fsica regular na mobilizao de lipdeos

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  • Segundo a Associao Internacional para Estudos daObesidade(38), o homem que h alguns sculos mantinhauma eficincia de subsistncia de 3:1 (relao entre a in-gesto calrica e gasto energtico), nos dias atuais teriaessa relao aumentada para 7:1, em grande parte pelareduo dramtica no nvel de atividade fsica.

    INFLUNCIAS AMBIENTAIS (A GESTO MBILE DOMODELO ECOLGICO)

    interessante observar como pequenas mudanasem nosso comportamento podem levar a um grande im-pacto na sade. Recentemente, Frank e colegas doCenters for Desease Control dos Estados Unidos(39) ana-lisaram 10.878 pessoas em 13 regies de Atlanta e con-cluram que cada hora que voc anda de carro por diasignificava um aumento de 6% no risco de obesidade.Por outro lado, o mesmo grupo procurou verificar se asubstituio do uso do carro por andar a p poderia secontrapor a situao acima. Os resultados mostraramque cada km de caminhada por dia estava associado auma diminuio de 8% no risco de obesidade.

    RECOMENDAO DE PRESCRIO DE ATIVIDADEFSICA PARA SADE

    De acordo com o Centers of Disease Control (CDC)dos Estados Unidos e o American College of SportsMedicine (ACSM) a recomendao adotada pela OMS,pelo Programa Agita So Paulo, Rede de AtividadeFsica das Amricas e Agita Mundo Network postulaque: Todo indivduo adulto deve acumular pelo me-nos 30 minutos de atividade fsica, em pelo menos 5dias da semana, se possvel todos, de intensidade mo-derada, que podem ser realizadas de maneira cont-nua ou acumulada. Esta recomendao foi recente-mente revisada luz de 10 anos de novas evidncias,confirmando-se as premissas anteriores(40-41).

    Estes valores esto dentro da proposta de sadepblica de controle de peso corporal. Mais recente-mente o Institute of Medicine (IOM) sugeriu que arecomendao de atividade fsica, quando o objeti-vo for reduo de peso corporal, seja de 60 minutospor dia(42) (Figura 4). O Agita considera esse volumeadequado como proposta teraputica para perda depeso, que alis j est contemplada na mensagemdo pelo menos 30 minutos. No entanto, o concei-tuado e bem reconhecido American College of SportsMedicine (ACSM) se posicionou claramente contrao uso de duas mensagens populao, consideran-do confuso e sujeito a m interpretao da mensa-gem de sade, pois as evidncias cientficas so con-sistentes em mostrar que o mnimo dos 30 minutosde atividade fsica moderada na maior parte dos diasda semana j traz importantes benefcios para a sa-de com praticamente nenhum risco. Este posiciona-mento mais recente do ACSM ressalta que ao usar amensagem dos 60 minutos, que por um lado podeadicionar mais efeitos benficos e reduzir o risco deganhar peso, por outro lado, pode de desestimulargrande parte da populao sedentria (pelo menos40-50 milhes de americanos) que j se beneficiariamuito com o mnimo dos 30 minutos de atividadefsica diria.

    Vale alguns esclarecimentos:1. Observe que se orienta atividade fsica diria (e no

    necessariamente esporte ou exerccio)2. A freqncia semanal preconizada de pelo me-

    nos 5 dias/sem; e benefcios maiores sero obtidoscom duraes superiores.

    3. A intensidade moderada evita a obrigatoriedade detestes de esforo como screening, que somentedevem estar recomendados para pessoas que apre-sentem queixas significativas, detectadas em ana-mnese ou por questionrios.

    4. A proposta de atividades acumuladas a mais reno-vadora e causa espcie queles que confundem pres-Figura 3 - Recomendao da atividade fsica diria (proposta preventiva)

    Figura 4 - Recomendao de atividade fsica para tratamento de obesidade

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  • crio para a sade e o treinamento para performan-ce. Diversos estudos realizados na ltima dcadaconfirmam o efeito positivo desse tipo de protoco-lo, tanto sobre valores de potncia aerbica, comono peso, na adiposidade, na relao cintura-quadril,na presso arterial sistlica e diastlica, assim comona percepo de bem estar. Os resultados se equiva-lem aos obtidos com protocolos contnuos ou atmesmo em alguns casos so superiores.

    5. bom ressaltar que a atividade contnua no estcontra-indicada; apenas lembramos que os profis-sionais de sade tm agora duas alternativas parafazer seus pacientes serem mais ativos: em sessescontnuas ou acumuladas.

    MDICOS PRESCREVEM ATIVIDADE FSICA PARAOBESIDADE?

    Embora mdicos sejam considerados um dos fato-res mais importante para mudana de comportamen-tal, nem sempre eles esto atentos ou preparados paraessa misso. Em recente estudo(43) foi observado queembora 52% dos sujeitos que estejam tentando man-ter o peso e em 57% daqueles que esto tentando per-der peso esto utilizando a AF como forma de atingirestes objetivos (com ou sem dieta), essas pessoas noatingiam a recomendao de AF para sade do CDC/ACSM. O papel do mdico na orientao e indicaopara a perda de peso fundamental no tratamento daobesidade. Infelizmente, nem sempre a orientao dadapelos mdicos cumpre com as caractersticas necess-rias para uma adequada mudana de comportamento.Levantamentos revelam que embora 75% dos mdicosreferem ter orientado os pacientes, somente 28% de-les reportaram ter recebido alguma orientao especi-fica, sendo destas 17% na dieta e somente 5% na ati-vidade fsica. Os mdicos indicaram como principaisbarreiras para esta orientao a falta de confiana, deconhecimento e de habilidades para fazer esta reco-mendao.

    CAMINHADA NO TRATAMENTO DA OBESIDADEEm outro ponto citamos a eficcia da caminhada

    na preveno da obesidade como tambm na diminui-o da adiposidade total e intra-abdominal. Mas seriaa caminhada capaz de tratar obesidade? Caminhadapara baixar peso leva a reduo modesta de peso, per-da de gordura abdominal e de gordura total. A res-posta vista com dificuldade em uma prescrio de150-200 min/sem. Protocolos de 250-300 min/sem (ou35-45 min/dia) parecem ser mais efetivos. A mdia deperda de peso em todos os estudos (depois de 3-6me-

    ses de tratamento) foi de 0,3-2,1kg, embora em funoda grande variao inter-individual essa diferena nofoi significante.

    A caminhada pode ser dividida em perodos meno-res de 10-20min. Existe uma dose resposta entre o to-tal de atividade fsica e a manuteno do peso perdi-do. Um gasto energtico de 9-10MJ/sem (2200-2400kcal), correspondendo a uma caminhada de 70-80min/dia, parece estar associada a um peso estveldepois de uma reduo de peso. Um volume menor decaminhada pode diminuir a velocidade, mas no pre-venir a re-aquisio de peso.

    Estudos de caminhada entre pessoas com obesida-de no mostra claramente melhora nos lipdeos e nasensibilidade a insulina. Meta-anlise, incluindo to-das as formas de exerccio demonstraram uma mudan-a positiva nos nveis da lipoprotena-colesterol de altadensidade (HDL-C) e da sensibilidade insulina. Ovolume de exerccio, na ausncia de perda de peso,que resultaria na melhora na sensibilidade insulina,estaria em torno de 4,3 MJ/sem (caminhar 150-180 min/sem). Um volume maior seria necessrio para melho-rar o perfil das lipoprotenas.

    A recomendao mnima de volume de caminhadapara o manejo da obesidade, que acrescentar 150-200 min/sem (25-30min/dia ou 3500 passos/dia acres-centados ao basal, atividade diria sedentria de 5000-7000 passos/dia) pode melhorar a sensibilidade insu-lina e a aptido cardio-respiratria. Entretanto, umefeito significativo sobre o peso no deveria ser espe-rado. Aumentar a durao da caminhada para 250-300min/sem (35-45min/dia ou 5000 passos a mais/dia)deveria levar a uma mudana positiva no peso e noHDL-colesterol. No entanto, muito mais que 300min/sem de caminhada pode ser necessrio para prevenir oreganho de peso depois de perda substancial de peso.

    Trabalhos transversais sugerem que a combinaode caminhada com exerccio vigoroso uma tima al-ternativa para o manejo do peso e a preveno de mortecardio-vascular. Alem do mais, as pessoas que conse-guem manter sua perda de peso por longos prazos gas-tam quase 30% da energia em atividade fsica em exer-ccios vigorosos. Talvez atividades de alta intensidadesejam necessrias tambm para aumentar o total deatividade fsica para nveis eficazes para o controle daobesidade.

    Para sumarizar os dados mais recentes indicam queentre os principais resultados positivos da caminhadase incluem:a. perda de peso, mesmo sem mudana de dietab. diminuio da gordura corporalc. diminuio da gordura viscerald. aumento de lipoproteina de densidade

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  • e. reduo da presso arterialf. reduo do risco de morte cardio-vascular e cncerg. comparativamente menor risco de trauma.

    PROGRAMA DE CAMINHADA PARA O CONTROLE DOPESO CORPORAL E DA PRESSO ARTERIAL

    Oferecemos aqui uma proposta de caminhadasugerida pela Cnica Cooper para controlar o pesocorporal e a presso arterial(44).

    Durao: 3,5 a 5km a um passo confortvel por 16 a20 minutos/1,5km (sendo que essa quilometragem noprecisa ser feita de uma s vez).

    Freqncia: 4 a 5 vezes por semanaIntensidade: entre 55 a 65% da FC Max predita ou

    um ndice de 12-13 da escala de percepo de Borg.Procedimento: desde que muitas pessoas no tm

    tempo para realizar na zona de conforto 45-60 minu-tos contnuos, sugerido que a distncia seja divididaem duas ou trs sesses menores. Por exemplo, andar1500 metros pela manh antes de banhar-se, fazer pe-quenas caminhadas durante o dia para acumular cercade 15 a 17 minutos, e caminhar mais 1500 metros coma famlia ou amigo antes ou depois do jantar. Quei-mar cerca de 300 calorias (cerca de 4,5km ou 45 minu-tos) durante exerccios tem se mostrado ser eficientepara perda de peso (desde que o paciente no aumen-te a ingesto calrica). Usar um pedmetro (aparelhoque conta os passos) uma forma prazerosa e fcil demonitoramento de atividade e contribui na mudanade comportamento.

    Se voc no pode se exercitar nesse nvel no sepreocupe. Faa o que consiga e v aumentando gra-dualmente. Uma vantagem extra da perda de peso que ela ajuda a baixar a presso arterial. Adicional-mente, deve-se orientar uma alimentao saudvel, deforma balanceada, com baixo contedo de gordurassaturadas.

    QUANTO DE AF SUFICIENTE PARA MANTERPESO SAUDVEL

    A quantidade diria de gasto energtico necess-rio para manter um peso corporal saudvel ainda uma controvrsia e depende de diversos fatores comoda idade, sexo, raa, ingesto de energia e objetivosdo indivduo. A recomendao atual dos 30 minutosou mais de AF moderada suficiente para reduzir orisco de um grande numero de doenas crnicas. Paraprevenir o aumento de peso ou ganho de peso apsinterveno em algum com obesidade provavelmenteinsuficiente para a maioria da populao, em funodo ambiente social atual. O consenso atual de posicio-

    namento da Associao Internacional de Estudos daObesidade(35) recomenda 60 a 90 minutos por dia deAF moderada ou 35 minutos/dia de AF vigorosa paraevitar ganhar de novo peso seguindo um quadro deobesidade. Parece que 45-60 minutos dia de AF mo-derada necessria para prevenir a transio de pesonormal para obesidade na maior parte da populao.

    DE AGITA SO PAULO AGITA MUNDO E ESTRATGIA GLOBAL DA OMS

    Para combater um nvel de sedentarismo que al-canava quase 70% da populao paulista, a Secreta-ria de Estado da Sade do Estado de So Paulo e oCELAFISCS lanaram em dezembro de 1996 o Pro-grama Agita So Paulo(41). Com o apoio de hoje maisde 300 instituies parceiras, representando o setorgovernamental, no-governamental e privado, o pro-grama alcanou sucesso nos trs grupos alvos: estudan-tes, trabalhadores e idosos. O Agita props e usa agesto mbile do modelo ecolgico para promoo daAF, que envolve fatores intra-pessoais, do ambientesocial e do ambiente fsico natural e construdo, por setratar de uma forma mais moderna e eficaz de promo-o de um estilo de vida ativa(45-46).

    Estimativas baseadas em estudos aleatrios eestratificadas por idade, sexo, nvel scio-econmico eeducacional indicam que em torno de 520000 pessoas/ano esto passando a caminhar de forma regular noestado de So Paulo. Essa evoluo inspirou a criaode uma rede nacional (Agita Brasil), continental (AgitaAmrica -RAFA) e mundial (Agita Mundo). A Orga-nizao Mundial de Sade (OMS) reconhecendo osucesso do Agita, resolveu celebrar o Dia Mundial daSade de 2002 com o tema Atividade Fsica e usandoo slogan Agita Mundo/Move for Health, com a Dra.Gro Brundtland, Diretora Geral da OMS, dando oincio oficial das celebraes em So Paulo que envol-veram mais de 1900 eventos, nos cinco continentes ecom a mensagem vertida para 63 idiomas.

    O desdobramento mais importante de semelhantemobilizao mundial foi a aprovao em maio de2004(47), pela Assemblia Geral da OMS, da EstratgiaGlobal para Atividade Fsica, Alimentao e Sade,que preconiza a prtica da atividade fsica e ambientessaudveis, maior ingesto de verduras, legumes e fru-tas, restrio de sal e acar (WHO 2005). Nesse sen-tido, o Agita est apoiando na rea da alimentao oPrograma 5 ao Dia, em que se recomenda a ingestode 5 pores ao dia de verduras, legumes e frutas.

    No h dvida que o desafio de combater a obesi-dade e suas causas imenso, mas j h sinais de inicia-tivas alvissareiras, no s tericas, mas principalmente

    Atividade fsica no tratamento da obesidade

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  • prticas, que encontraro o caminho perdido h al-gum tempo atrs, permitindo que o homem equilibreos avanos tecnolgicos de uma sociedade modernacom concretas aes de qualidade de vida.

    AGRADECIMENTOSOs autores agradecem aos colegas do Centro de

    Estudos do Laboratrio de Aptido Fsica de SoCaetano do Sul CELAFISCS, em particular ao Prof.Timteo Arajo pelo auxlio na editorao e suges-tes ao artigo.

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