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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA -

TURMA 2016

Título: DIREITOS E DEVERES DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO CONTEXTO ESCOLAR

Autora: Ivone Rode Pinz

Disciplina/Área: História

Escola de Implementação do Projeto

Colégio Estadual Marechal Gaspar Dutra

Município da Escola: Nova Santa Rosa

Núcleo Regional de Educação: Toledo

Professor Orientador: Edina Rautenberg

Instituição de Ensino Superior: Unioeste

Relação Interdisciplinar: Todas as disciplinas

Resumo: O presente trabalho de pesquisa para o Programa de Desenvolvimento Educacional está relacionado com o conceito de infância, seu surgimento e as mudanças ao longo da história, além de abordar a história da criança no Brasil, sua trajetória e principais estudiosos do assunto. A escolha pelo estudo da infância e sua história social é resultado de preocupações vindas dos anos de trabalho como professora em contato com estes seres muitas vezes indefesos e ao mesmo tempo cheios de vida e personalidade. Trabalhar a história social da infância na cidade em que atuo, Nova Santa Rosa, será muito interessante, uma vez que esta é uma comunidade relativamente pequena, com aproximadamente 8.000 habitantes e extremamente tradicionalista, e situar as crianças e adolescentes na sociedade por meio do conhecimento dos seus direitos e deveres poderá desconstruir muitos pensamentos preconceituosos e problemas de interpretação da legislação em questão. A principal intenção deste estudo é questionar os meios de promoção de direitos e as mudanças ocorridas após a promulgação destes documentos. Quais são as fragilidades e contribuições desse sistema de proteção da criança e do adolescente, como a escola está amparada neste processo e quais as soluções efetivas que podem ser construídas com base nestes meios.

Palavras-Chave: Infância; Direitos; Deveres; Ambiente

Escolar.

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público alvo: Alunos 8º ano

Introdução

Esta produção didático-pedagógica integra o Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), que desenvolve inúmeras atividades ao

longo de sua realização, contribuindo para um maior aprofundamento teórico e

bibliográfico além de aproximar o professor da rede pública ao professor

universitário, aos seus colegas professores e ao uso das tecnologias, visto que

o mesmo se trata de um programa de formação continuada direcionado aos

professores da rede pública do Estado do Paraná.

Os temas presentes nesta Unidade Didática estão relacionados com o

conceito de infância, seu surgimento e as mudanças ao longo da história, a

história da criança no Brasil, sua trajetória e principais estudiosos do assunto e,

ainda, a história dos direitos da criança e do adolescente no Brasil. Estas

temáticas vão ao encontro com uma inquietação presente no cotidiano da

sociedade, que é o espaço ocupado pelas crianças e adolescentes na mesma,

quais suas funções sociais, suas necessidades, direitos e deveres. Assim como

em grande parte da sociedade brasileira e também em nosso Colégio Estadual

Marechal Gaspar Dutra, este é um dos assuntos que chama a atenção de

diversos professores de diversas disciplinas.

A escolha pelo estudo da infância e sua história social é resultado de

preocupações vindas dos anos de trabalho como professora em contato com

estes seres muitas vezes indefesos e ao mesmo tempo cheios de vida e

personalidade. Trabalhar a história social da infância na cidade em que atuo,

Nova Santa Rosa, será muito interessante, uma vez que esta é uma

comunidade relativamente pequena, com aproximadamente 8.000 habitantes e

extremamente tradicionalista, e situar as crianças e adolescentes na sociedade

por meio do conhecimento dos seus direitos e deveres poderá desconstruir

muitos pensamentos preconceituosos e problemas de interpretação da

legislação em questão.

Escolhi trabalhar este tema na turma de 8º ano do Colégio Estadual

Marechal Gaspar Dutra uma vez que o assunto além de ser importante para os

estudantes que iniciam no mercado de trabalho, desenvolvem preferência e

constroem opiniões, esta previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Brasileira (LDB), atentando para o estudo do Direito da Criança e do

Adolescente (Lei n° 11525/07), e que muitas vezes passa despercebido pelos

educadores, pela falta de conhecimento ou pelas dificuldades presentes no

cotidiano escolar. Observamos que há uma elevação do índice de indisciplina

entre os alunos quando desta faixa etária. Em vários momentos ao longo da

profissão nos deparamos com 7ªs Séries e/ou 8ºs Anos, extremamente

agitados e desinteressados, impossibilitando muitas vezes o trabalho dos

professores. Neste sentido, acreditamos que a intervenção deste PDE poderá

contribuir para aliviar este problema.

A pretensão deste estudo é aprofundar o conhecimento sobre a história

dos direitos da criança e do adolescente no Brasil, compreender e

problematizar os conceitos de “cidadania”, direitos, deveres, justiça e

igualdade, assim como conhecer os direitos atuais presentes no Estatuto da

Criança e do Adolescente, documento importante atualmente para a criação

de redes de apoio e proteção. Apresentaremos aos alunos essa história para

que conheçam e compreendam os seus direitos e deveres, desenvolvendo o

senso crítico, a consciência coletiva e a participação cidadã. Pretendemos

problematizar junto aos alunos se, ao promover a “igualdade jurídica”, o ECA

conteve as “injustiças sociais” e quais os amparos oferecidos pelo Estado para

auxiliar as crianças e adolescentes vítimas de exploração ou opressões.

Também torna-se necessário construir um conhecimento em conjunto

com outros professores com relação as mudanças ocorridas com a construção

do ECA, percebendo como os mesmos percebem os reflexos dessa forma de

legislação e se houveram melhoras ou não nas relações entre alunos e

professores no ambiente escolar após a consolidação do ECA.

Podemos perceber que a falta de amparo efetivo aos alunos está

diretamente ligada à indisciplina, o que tem interferido fortemente no trabalho

pedagógico. Desta maneira, torna-se necessário questionar e problematizar o

ECA, pois, apesar de estarmos amparados por este documento e termos a

“rede de proteção”, composta pela patrulha escolar, pelos conselhos tutelares,

o poder judiciário, o sistema de saúde, etc., o problema é muito maior do que

as soluções apresentadas na teoria e nos documentos.

A escola tem a função de criar sujeitos, tornar nossos estudantes

sujeitos de seus destinos, pensadores e críticos e a única forma de realizar

esse processo é através do conhecimento. É essencial que os estudantes

saibam quais são seus direitos e deveres na escola, bem como na sociedade

para que se tornem cidadãos mais bem preparados e capazes de transformar a

sociedade na qual estão inseridos.

As crianças que estão inseridas nas escolas públicas do país, não

podemos generalizar neste caso, sofrem com a falta de estrutura familiar, com

a violência, com a negligência, com problemas graves de saúde, fome,

moradia, entre outros. Desta forma todo este histórico ligado às crianças e aos

adolescentes que a escola pública atende, interfere no comportamento dos

mesmos e consequentemente no trabalho do professor, no processo de

ensino e aprendizagem, na estrutura física do ambiente escolar e em mais um

sem número de situações do dia a dia educacional.

O ECA representou um grande avanço em relação aos códigos de leis

anteriores (especialmente se comparado as políticas repressivas

desenvolvidas durante a ditadura militar). No entanto, o ECA continuou sendo

um instrumento mediador da dominação de uma classe sobre a outra. Ao

promover a Igualdade Jurídica não conteve as Injustiças Sociais.

O ECA foi criado num processo de redemocratização, pós ditadura

militar, pós arrocho salarial, quando o problema da pobreza se agravou

profundamente. A redemocratização não aumentou a pobreza mas também

não diminuiu, minimamente permitiu que estes tivessem voz e vagassem pelas

ruas. A regulação do aparato repressivo evidencia um aumento assustador de

crianças e adolescentes nas ruas, passando fome e cometendo pequenos

delitos. O ECA vem como uma solução para acabar com este problema dentro

de parâmetros democráticos. Mas também é pauta da sociedade civil

mobilizada, que exige uma maior participação do Estado na solução dos

problemas relacionados a pobreza.

Portanto, a principal intenção deste estudo é questionar os meios de

promoção de direitos e as mudanças ocorridas após a promulgação destes

documentos. Quais são as fragilidades e contribuições desse sistema de

proteção da criança e do adolescente, como a escola está amparada neste

processo e quais as soluções efetivas que podem ser construídas com base

nestes meios.

HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO E CAMPO DE TRABALHO

Com a chegada dos pioneiros em Nova Santa Rosa – Paraná, houve a

necessidade da criação de uma Escola. Então no dia 27 de junho de 1956 foi

criado o Grupo Escolar Mal. Eurico Gaspar Dutra (sem sede própria,

funcionava numa das salas do Hotel Santa Rosa).

A demanda escolar aumentou progressivamente havendo necessidade

de ampliação na Escola e, consequentemente, aumentando o quadro de

professores. Com o passar do tempo muitas melhorias aconteceram na Escola,

todas realizadas pela Comunidade Escolar e apoiadas pela Prefeitura de

Toledo do qual nosso município era distrito. Em 1975, inicia-se a construção de

um novo prédio de Alvenaria (Convênio FUNDEPAR X PREFEITURA), com 4

salas de aula e dependências administrativas e com novo endereço – e agora

definitivo –, Av. Tucunduva, 1.200, o qual foi inaugurado em 1976. Também na

data de 1976 passa a ser oficialmente reconhecida a emancipação política do

município de Nova Santa Rosa.

Havia no Município uma escola de 2º Grau profissionalizante, tendo

como entidade Mantenedora a CNEC (Campanha Nacional de Escolas da

Comunidade), funcionando no período noturno. Mas a Escola não era pública e

gratuita. A exigência da clientela que gostaria de continuar estudando e que

não poderiam se manter no Ensino privado, fez com que houvesse a

necessidade da implantação do Curso de 2º Grau nesse Colégio. Em 1989

inicia-se o processo de Implantação do Curso de Educação Geral o qual foi

aprovado pelo Parecer n.º 143/90. A partir daí a Escola passa a denominar-se

COLÉGIO ESTADUAL MARECHAL GASPAR DUTRA – ENSINO DE 1º E 2º

GRAUS.

Nossos alunos são oriundos da zona urbana e rural e cada indivíduo tem

sua história pessoal que se apresenta de forma diferente de ser. Uma das

peculiaridades dessa comunidade é serem, em grande maioria, bilíngües, pois,

falam a língua alemã e portuguesa. Esses alunos são filhos de descendentes

de imigrantes alemães vindos, nos anos de 1955, do Rio Grande do Sul e

Santa Catarina.

A escola ocupa um lugar privilegiado na vida da comunidade, influi

intencionalmente na construção da identidade dos sujeitos que por ela passam,

por isso tem o dever de assegurar o direito à educação para todos de forma

igualitária. Caracterizar a comunidade escolar de uma instituição pública não é

tarefa das mais fáceis, uma vez que há uma diversidade sócio – cultural e

econômica bastante grande e por ser o único Colégio de Ensino Médio no

Município.

ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS

Essa unidade traz uma sequência didática desenvolvida para estimular a

vivência do estudante. As atividades apresentadas propiciam o

desenvolvimento de habilidades de leitura, de escrita e de reflexão presentes

nos currículos escolares e que fazem parte do cotidiano de todos na escola,

incitando assim, um novo olhar para abrir perspectivas de transformação e

proporcionar ensino de qualidade para todos.

O ensino de História, auxilia o estudante a interpretar situações

concretas da sociedade, a posicionar-se de forma crítica perante a realidade

que vive e a construir novos horizontes por meio do conhecimento adquirido,

através da construção do conhecimento histórico.

Sendo assim, objetiva-se por meio da vivência de práticas pedagógicas

proporcionar aos estudantes que desenvolvam suas competências

comunicativas; suas leituras e produções oral e escrita; análise de texto,

imagens e vídeos visando a construção de um conhecimento que os auxilie na

formação enquanto cidadãos críticos, que sejam capazes de interagir com o

meio social onde vivem, bem como, com as demais demandas sociais que

integram nossa sociedade.

As atividades a serem desenvolvidas no Colégio Estadual Marechal

Gaspar Dutra - Ensino Fundamental e Médio, durante a implementação do

projeto de intervenção, que constituem essa unidade didática, estão

distribuídas a seguir.

PRIMEIRO MOMENTO – 05 AULAS

OBJETIVOS:

Estudar a História Social da Criança;

METODOLOGIA: Estudar a história social da criança, por meio de aula

expositiva com informações referentes a construção do conceito de criança e a

mudança histórica do mesmo. Para isto, utilizaremos de textos teóricos e

bibliográficos que reflitam sobre os elementos em questão, que servirão de

base para o professor na exposição e produção dos estudantes. Pretendemos

selecionar alguns trechos da bibliografia levantada sobre o assunto, que serão

lidos e debatidos com os alunos.

RECURSOS:

Textos de jornais, livros, artigos científicos e do Estatuto da Criança e do

Adolescente;

Cópias dos textos;

Vídeos e imagens ilustrativas sobre o assunto;

Projetor multimídia;

Sala de aula;

ATIVIDADE 1

Exibição do vídeo: A HISTÓRIA DA INFÂNCIA - Móbile - Iniciação Científica https://www.youtube.com/watch?v=Ab2ZFnqu4dg

Apresentação do vídeo a fim de problematizar a construção da infância como

algo histórico, social e cultural, desnaturalizando junto aos alunos a ideia de

que sempre se viu a criança na sociedade como as vemos hoje. A intenção

desta atividade é realizar uma discussão entre os alunos sobre a construção

dos direitos da criança e do adolescente como algo também histórico e social.

ATIVIDADE 2:

Leitura conjunta do texto: Divisão da sala em grupos de trabalho, onde os

estudantes devem fazer a leitura e discussão entre os colegas sobre as

informações contidas no texto anexo abaixo. O texto é uma transcrição de um

artigo escrito por Mayra Silveira, chamado “A histórica social da criança e do

adolescente”. Após a leitura e discussão, os apontamentos realizados pelo

grupo devem ser apresentados para os colegas. Durante a apresentação a

professora faz a mediação das informações.

Os caminhos da infância.

A história social da criança e do adolescente

Mayra Silveira SILVEIRA, Mayra. História dos direitos da criança e do adolescente. Revista Jus Navigandi,

Teresina, ano 19, n. 3999, 13 jun. 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/28271>. Acesso em: 2

dez. 2016.

A história social da criança revela que, apenas muito recentemente, ela é alvo de

preocupação dos adultos. As grandes civilizações, de uma maneira geral, a compreendiam

enquanto propriedade do pai, objeto e serva exclusiva de sua vontade (Tavares, 1999, p.46).

Na Grécia Antiga era explícito o tratamento de inferioridade aplicado às crianças.

Aristóteles descreveu a criança como um ser irracional, portador de uma avidez próxima da

loucura, com capacidade natural para adquirir razão do pai ou do educador (Lima, 2001, p. 11-

12).

No sistema social grego, apenas os meninos poderiam alcançar o título de “cidadão”.

As mulheres, independentemente da idade, deveriam, sob o comando do chefe da família,

ocupar-se apenas das atividades domésticas, do culto ao lar.

Em razão das guerras e conquistas militares que marcaram a civilização grega, os

meninos quando atingiam a puberdade eram separados de suas famílias para ingressar em

um rígido sistema de educação. Eram-lhes ministradas atividades que cultuavam o corpo e a

mente, quase sempre com intenções militares. Os jovens tinham uma relação de submissão

ao seu mestre (este, um cidadão grego, muito mais velho), com quem mantinham relações

íntimas (Veronese e Rodrigues, 2001, p. 11).

No império romano, o “pátrio poder” era absoluto. O filho não emancipado poderia,

pela simples vontade de seu pai, ser vendido, ou mesmo morto, vez que era sua propriedade.

A Idade Média observou o sistema de produção feudalista, no qual a família era,

igualmente, comandada pelo pai – o chefe da família. Observa-se, num primeiro momento,

que a figura da criança e do adolescente não está presente na estrutura social medieval, ou

seja, não há distinção clara das peculiaridades da criança e do adulto, reservando-lhes a

posição de “adultos em miniatura”.

Esta ausência do “sentimento da infância” reflete-se em vários aspectos sociais.

Phillip Ariès (1978, p. 50-51) nos explica que

[...] a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer

que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que

não houvesse lugar para a infância nesse mundo.

[...]

No mundo das fórmulas românticas, e até o fim do século XIII, não existem crianças

caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido. Essa

recusa em aceitar na arte a morfologia infantil é encontrada, aliás, na maioria das civilizações

arcaicas.

O destino das crianças estava traçado de acordo com a sua casta social. Aos filhos

dos servos era certa a função de dar continuidade dos serviços dos pais, em atendimento aos

mesmos senhores feudais. Os filhos dos senhores, por sua vez, deveriam passar por um

austero sistema religioso e educacional, para, em seguida, concretizarem o casamento

comercializado pelos pais. Os jovens que não observassem os costumes eram recriminados

socialmente e tidos como infiéis cristãos (Veronese e Rodrigues, 2001, p. 13-14).

João Batista Costa Saraiva conta que em alguns países da Europa medieval,

crianças eram submetidas à “prova da maçã de Lubecca”, método utilizado para verificar se a

criança já possuía a malícia do adulto. O procedimento consistia no oferecimento de uma

maçã e uma moeda à criança, se esta escolhesse a moeda estaria comprovada sua má

índole, podendo ser submetida, inclusive, a pena de morte a partir dos 10 anos de idade

(Saraiva, 2002, p. 14).

A Idade Moderna ficou marcada pelo fim do sistema feudalista e o início do

mercantilismo. As mudanças sociais deste período permitiram maior espaço para a infância

dentro da sociedade.

Enquanto durante toda a Idade Média apenas o filho primogênito herdava nomes e

títulos, carregando sozinho a responsabilidade de perpetuação da família, e as filhas meninas

eram destinadas aos conventos ou ao casamento, ao longo da Idade Moderna a situação dos

demais filhos foi, aos poucos, sendo equilibrada.

Os pais não se contentavam mais em por filhos no mundo, em estabelecer apenas

alguns deles, desinteressando-se os outros. A moral da época lhes impunha proporcionar a

todos os filhos, e não apenas aos mais velhos – e, no fim do séc. XVII, até mesmo às meninas

– uma preparação para a vida (Veronese e Rodrigues, 2001, p. 17).

Nessa sociedade, a educação torna-se um dos pontos importantes na vida da

criança, à medida que ela prorroga a duração da infância. Todavia, até o século XVII a

escolarização foi monopólio do sexo masculino. Às meninas eram destinados os

ensinamentos domésticos, e até mesmo as de famílias nobres eram semi-analfabetas (Ariès,

1978, p. 189-190).

Assim, sendo certo o destino das meninas – o do casamento - a infância feminina

era mais curta em relação à masculina. Philippe Ariès (1978, p. 190) relata o caso de Anne

Arnauld, noiva aos seis anos de idade e predestinada a se casar quando completos doze

anos:

Desde os 10 anos de idade essa pequena tinha o espírito tão avançado que governava

toda a casa de Mme Arnauld, a qual fazia agir assim deliberadamente, para formá-la nos

exercícios de uma mãe de família, já que este deveria ser seu futuro.

[...]

Aos treze anos era bastante dona de sua casa para dar uma bofetada em sua

primeira camareira, uma moça de 20 anos, porque esta não havia resistido a uma carícia de

alguém que lhe fizera.

A Idade Contemporânea se instala a partir de 1789 com a Tomada da Bastilha e

segue até os dias atuais. A partir de então, a criança e o adolescente estão em posição de

destaque dentro da sociedade, ocupando, de um lado, a posição de mão de obra barata e, de

outro, o de impulsionadores da economia, na medida em que compreendem importante

público de consumo.

O sistema educacional obtém significativo destaque dentro da sociedade

contemporânea. No entanto, enquanto hoje o processo pedagógico é compreendido como

fonte de emancipação do indivíduo, no início da Idade Contemporânea a escola assemelhava-

se muito mais a um centro de correção de caráter.

A família e a escola retiraram juntas a criança da sociedade dos adultos. A escola

confinou uma infância outrora livre num regime disciplinar cada vez mais rigoroso, que nos

séculos XVIII e XIX resultou no enclausuramento total no internato. A solicitude da família, da

igreja, dos moralistas e dos administradores privou a criança da liberdade que ela gozava

entre os adultos. Infligiu-lhe o chicote, a prisão, em suma, as correções reservadas aos

condenados das condições mais baixas (Ariès, 1978, p. 277-278).

De outro lado, a divisão e a organização do trabalho, típicas do sistema capitalista,

implicaram em novas atribuições a crianças e adolescentes, tornando-as fontes de exploração

e consumo (Veronese e Rodrigues, 2001, p. 19).

A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra após a segunda metade do século

XVIII, teve como grande reflexo social a exploração do trabalho operário, em especial o

trabalho infantil. Crianças muito novas eram submetidas a extensas jornadas de trabalho.

Felipe Rissato e Ingo Muniz Sabage (2006) comentam que, em 1816, uma

tecelagem de algodão em Backbarrow, tinha como aprendizes exclusivamente órfãos com

idades entre 7 e 15 anos, cuja jornada de trabalho tinha início às cinco horas da manhã e se

estendia até as oito horas da noite, totalizando, no mínimo, 15 horas diárias de trabalho.

Ocorriam muitos acidentes nas máquinas devido ao estado de sonolência e ao

cansaço dessas crianças. Foram incontáveis os dedos arrancados, os membros esmagados

pelas engrenagens (Antoux, 1988, p. 491).

Robert Heilbroner traz em sua obra vários depoimentos, entre eles o do menino

Thomas Clarke, com apenas 11 anos de idade. O garoto afirmava que iniciava suas atividades

na indústria às 5 horas e terminava apenas após as 21 horas, no entanto, para chegar à

fábrica aprontava-se às 3 horas da manhã. Ainda, segundo o menino, as crianças que

dormissem durante o trabalho eram agredidas com golpes de cordas com nós (Heilbroner,

1972, p.108-109).

Hoje, ao contrário da Inglaterra pós-Revolução Industrial, existem normas que vetam

o trabalho infantil e regulam o trabalho do adolescente. Todavia a letra da lei está longe de ser

uma realidade.

São inúmeras as denúncias de trabalho infantil, inclusive de trabalho escravo. A

Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 250 milhões de crianças entre cinco e

catorze anos trabalham em todo o mundo, sendo 120 milhões em período integral.

Infelizmente o Brasil é responsável por significativa parte destes números, na medida em que

se encontra entre os países com altos índices de trabalho infantil (DIEESE, 2006).

Segundo dados do Ministério da Saúde (2006), em 2002, 12,7% da população

brasileira composta por crianças e adolescentes com idade compreendida entre 10 e 14 anos

de idade já trabalhavam. O Estado do Piauí apresentava o quadro mais grave, com 21,8% das

crianças nesta faixa etária trabalhando.

Em 2003, o Ministério da Saúde (2006) estimou que, no Brasil cerca de 5,1 milhões

de crianças e adolescentes com idades entre 5 a 17 anos se encontravam em situação de

trabalho ilegal, dentre estes, 1,3 milhão com idade entre 5 e 13 anos, um contingente igual ao

da população do Estado de Tocantins.

Não bastasse isto, as pesquisas ainda revelam que o trabalho infantil tem por forte

característica a ínfima remuneração. De acordo com dados apresentados por André Viana

Custódio (2006, p.88), em 2001, 76,39% das crianças e adolescentes trabalhadores

remunerados recebiam valores inferiores a um salário-mínimo e, destes, 41,19% recebiam

menos de meio salário-mínimo.

No entanto, paradoxalmente, ainda que comprovada os efeitos nocivos do trabalho

imposto à criança, grande parcela da população parece legitimar tal prática, indo, inclusive, em

sua defesa. Alicia Hernández Walcher (2004), expõe em seu trabalho uma pesquisa realizada

pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em maio de 2002, onde 97% dos entrevistados

demonstraram apoiar o trabalho infantil, e, entre os entrevistados pais, 88% acreditam que o

trabalho ajuda na educação.

De outro lado, é na Idade Contemporânea que a infância passa a ser atraente para a

elite dominante, na medida em que crianças e adolescentes constituem um importante

mercado consumidor. As corporações internacionais estimam que a faixa dos 5 aos 13 anos

representa um mercado consumidor de US$ 85 bilhões anuais (Hoffmann, 2006).

Com o forte auxílio dos meios de comunicação, a cadeia de consumo voltada para o

público infantojuvenil é capaz de condicionar os padrões estéticos e comportamentais, os

relacionamentos familiares e sociais e, principalmente as relações de consumo –

estabelecendo o que se deve vestir, comer e beber. Os ícones da publicidade infantil são

construídos com fins na “conquista comercial do público infantil”, e exercem suas atividades

por meio de mecanismos de condicionamento psicológico. Agradam e conquistam a amizade

de crianças e adolescentes, faturando em cima do bolso dos pais.

Os efeitos são ainda mais danosos quando a questão se reflete junto às camadas

mais pobres da sociedade, há um forte vínculo entre o consumo e violência. O ex-Deputado

Federal Marcos Rolim (2002) preceitua:

Alijadas do consumo, mas convencidas de que a posse daquelas bugigangas todas

equivale à inclusão social, as crianças das nossas periferias experimentam, radical e

precocemente, alguns dos nomes da tristeza. Melancolia, depressão, sentimento de

inferioridade estão entre eles.

[...] um olhar mais atento sobre alguns dos fenômenos aparentemente incompreensíveis

da violência contemporânea permitiria identificar nessa infelicidade original de tantas crianças

o começo de um processo de subjetivação que, em alguns casos pelo menos, será bastante

funcional à produção de adolescentes capazes de matar alguém por um tênis da Nike.

Assim, dentro desta dicotomia proteção-exploração estão as crianças e os adolescentes

contemporâneos. Sujeitos em fase de formação e desenvolvimento, ao mesmo tempo

protegidos por leis especiais e tratados internacionais, e objetos de exploração da mídia e da

exclusão social.A REALIDADE DA INFÂNCIA E JUVENTUDE BRASILEIRA: BREVE

HISTÓRICO

As primeiras crianças alvo dos interesses de uma elite dominante em solo brasileiro

foram as crianças indígenas. Os padres jesuítas observaram que a educação e a

catequização dos pequenos índios era a forma mais eficiente de afastar a cultura indígena e

introduzir os costumes cristãos (Veronese e Rodrigues, 2001, p. 19-20).

Essa imagem cristã investida nos pequenos e jovens índios, na verdade tencionava

alcançar duas finalidades:

1) servir como instrumento repressivo à sua cultura;

2) justificar as práticas culturais estranhas ao universo europeu.

As pregações cristãs eram obrigatórias, ainda que quase sempre não

compreendidas pelos índios, sob pena de rigorosos castigos. Mary Del Priore apud Veronese

e Rodrigues (2001, p. 21) nos relata que

[...] aqueles que se negavam a participar do processo doutrinal sofriam corretivos e

castigos físicos. O ‘tronco’ funcionava como um aide-mémoire para os que quisessem falta à

escola e as ‘palmatórias’ eram comumente distribuídas ‘porque sem castigo não se fará vida

sentenciava o padre Luiz de Grã em 1553. As punições se faziam presentes a despeito de

reação dos índios que a estas, preferiam ir embora: ‘a nenhuma coisa sentem mais do que

bater ou falar alto’. [...] Qualquer resistência física e cultural aparecia sempre aos olhos dos

jesuítas como tentação demoníaca, como assombração ou visão terrível.

As atividades produzidas no solo da nova Colônia utilizavam-se da mão de obra

escrava. A posição de escravo, ocupada em um primeiro momento pelo índio, foi logo

substituída pela do africano, em razão dos elevados lucros que o tráfico negreiro conferia à

Metrópole, ao contrário do que ocorria com a escravidão indígena.

Desta forma, foi introduzida a criança negra no Brasil, como membro de um ciclo de

exploração. Sem direito a infância, quando ultrapassava a primeira idade - fato que era

bastante incomum, vez que lhe era privada a presença da mãe logo após o nascimento - eram

entregues à tirania dos seus senhores, para quem trabalhavam arduamente.

Algumas crianças que trabalhavam descascando e lavando mandiocas, tinham os

dedos duros, mutilados, tortos e calejados: como as mãos dos escravos, pareciam haver

perdido as características humanas (Xangô Sol, 2006).

A Lei do Ventre Livre (Lei Visconde do Rio Branco), de 28 de setembro de 1871,

declarava ser livre os filhos da mulher escrava que nascessem a partir da data de sua

promulgação. O senhor da escrava deveria criar e tratar a criança até os oito anos de idade,

quando poderia entregá-la ao governo brasileiro, recebendo uma indenização pecuniária, ou

mantê-la sob sua posse, aproveitando-se de seus préstimos até os 21 anos completos.

Primeiramente, vale destacar que em razão do desinteresse do Império e

conseqüente falta de fiscalização, a lei não foi plenamente executada. Ademais, mesmo sendo

certa a indenização, não era econômico aos senhores de escravos manter sob sua guarda os

filhos de suas escravas, de modo que muitos deles eram mortos ao nascer ou entregues junto

à roda dos expostos.

De outro lado, ainda dentro do contexto social do Brasil-Colônia, estavam as

crianças lusitanas, que constituíam a elite socioeconômica da época. Estas acompanharam a

redefinição dos conceitos sobre a infância, que se deu em razão da mudança de costumes e

valores trazidos, primeiramente, com a chegada da família real ao Brasil, e sem seguida com

os imigrantes europeus (Veronese e Rodrigues, 2001, pp. 24-25).

O Império teve sua queda em 1889, com a proclamação da República. Desde então,

a infância e a juventude brasileira seguem os caminhos traçados pelas mudanças sociais,

políticas, econômicas e culturais que surgem ao longo dos anos. Entretanto, conforme

destacam Josiane Rose Petry Veronese e Walkíria Machado Rodrigues (2001, p. 27),

[...] a minoria pobre, com o transcorrer do tempo, passou a ser maioria, e a abrigar uma

nova classe: a dos miseráveis. Foi sem dúvida o resultado lastimoso do almejado capitalismo,

e da exacerbação desenfreada do consumo.

Ocorre que os maiores alvos desta situação degradante foram os infanto-juvenis,

que além de serem vítimas do poder autoritário do pai, que ditava as regras e padrões a

serem seguidos, estabelecendo seus limites, passaram a sofrer intervenção do poder estatal.

A questão é que se essa interferência, por um lado obrigou o Estado a reconhecer

juridicamente como cidadãos as crianças e os adolescentes, prevendo legalmente alguns de

seus direitos, desvendou por outro o aspecto explorador da máquina estatal, que em nome de

uma falsa harmonia propaga a violência, propiciando sua legitimação.

Assim, após cinco séculos de história, as crianças brasileiras em sua grande maioria

ainda se encontram às margens da exclusão social. Em 2001 dados apontavam que 6,47%

das crianças brasileiras não chegavam a completar um ano com vida, estima-se que 4,39%

das mortes de crianças antes dos 5 anos de idade seja ocasionada por quadros de diarréia

aguda.

A positivação de direitos não foi suficiente para garantir a dignidade desejada às

crianças e aos adolescentes, mas representou um primeiro passo em nome da proteção de

seus direitos. Resta a toda sociedade erguer sua voz e lutar pela concretização de uma nova

realidade social, onde a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente

representem mais do que letras em um documento legal, e seja dada condições para a

formação de cidadãos conscientes de suas capacidades.

A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO: A PROTEÇÃO JURÍDICA DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE

A legislação brasileira da proteção, ou da “desproteção”, da infância e juventude

brasileira, até a promulgação da Constituição Cidadã de 1988, era bastante incoerente, na

medida em que não reconhecia a criança e o adolescente enquanto sujeitos de direito, mas

sim meros objetos de tutela.

A primeira Constituição brasileira - a Constituição Imperialista de 1824, assim como a

primeira Constituição Republicana de 1891 foram totalmente omissas quanto a posição e a

proteção da criança e do adolescente.

A imputabilidade penal, hoje estabelecida até os 18 anos como cláusula pétrea da

atual Constituição Federal, em 1830, de acordo coma leitura do Código Penal do Império

estava estabelecida ao limite de 14 anos de idade, limite que foi reduzido para 9 anos de idade

com o primeiro Código Penal da República.

Na realidade, as primeiras leis nacionais que fazem referência à tutela da criança e

do adolescente estão intimamente ligadas ao sistema escravista do Brasil Imperial. José

Bonifácio, na Constituinte de 1883, apresentou um projeto com vistas na proteção da criança

escrava, no entanto, não obstante o seu verdadeiro escopo – o de preservação da mão-de-

obra, foi vetado pelo Imperador Dom Pedro I (Veronese, 1999, p. 11)

Em 1860 os movimentos abolicionistas junto ao Senado conseguem aprovar lei que

vetava a venda de escravos que acarretasse na separação do filho e seu pai, bem como o

marido da mulher (Veronese, 1999, p. 11). Mas é apenas em 1871, com a Lei do Ventre Livre

(Lei nº 2.040/1871), que conferia liberdade às crianças nascidas de mãe escrava a partir

daquela data, que podemos destacar o marco histórico de primeira lei nacional de proteção à

infância.

É certo que a Lei do Ventre Livre não significava a liberdade de imediato aos

meninos escravos, vez que se facultava ao senhor de sua mãe a utilização de sua mão-de-

obra até completos 21 anos de idade a caráter de indenização. De outro lado, também não se

observou a aplicação almejada, pois a fiscalização não alcançava aos grandes senhores de

escravos.

No entanto, ainda assim, esta lei representou significativo avanço legislativo, seja na

proteção do negro, vez que foi o estopim do processo que exterminou a escravidão, seja na

proteção da infância, na medida em que, ainda que apenas formalmente, conferia às crianças

negras um dos direitos fundamentais que até então lhe era negado – o da liberdade.

Em 05 de janeiro de 1921, com a edição da Lei Orçamentária nº 4.242, o Brasil

vislumbra o primeiro documento legal que regulamenta a relação entre o Poder Público e a

infância ao autorizar o “serviço de assistência e proteção à infância abandonada e aos

delinqüentes”, regulamentado posteriormente pelo Decreto nº 16.272/1923, que também criou

a figura do Juizado Privativo de Menores (Costa, 2006).

Em 1927 é aprovado o 1º Código de Menores (Decreto nº 17.943), também

conhecido como Código Melo Matos, em razão do juiz José Candido Albuquerque Mello de

Matos, autor do projeto de lei e grande atuante do “direito do menor”.

Esta lei institui a “doutrina do direito penal do menor” à lei brasileira, tendo por foco

não a proteção propriamente, mas a incidência de atos estabelecidos como crime ou infração

cometidos por crianças e adolescentes. Tanto que, logo em seu artigo 1º do Código declarava

que o “menor abandonado” ou “delinquente”, menor de 18 anos de idade estaria submetido às

medidas de assistência determinadas pelas autoridades competentes.

O Código Melo de Matos era reflexo da elite moralista da época. Os “menores”

objetos da lei encontravam-se à margem do sistema econômico-social, e, em consequência,

eram alvo de discriminação e condenação moral da mesma forma como ocorria com outros

excluídos sociais.

A vadiagem e a falta de coação moral os tornava ‘presas dos maus instintos’, inúteis

ao trabalho, à comunhão social e candidatos a tomarem o atalho da perdição e do vício. [...]

era desta ‘legião’ que circulava perto da estação da estrada de ferro, na porta dos cinemas e

ruas centrais, que emergiam os aventureiros e criminosos, os proscritos e os hóspedes das

penitenciárias (Monteiro, 2006).

Apenas em 1934, com a promulgação da nova Constituição da República dos

Estados Unidos do Brasil, é que a criança e o adolescente são referenciados em texto

constitucional. Em seu artigo 121, § 1º, alínea “d”, a Carta vetava qualquer trabalho ao menor

de 14 anos, o trabalho noturno ao menor de 16, e o realizado em indústrias insalubres aos

menores de 18 anos de idade.

A Constituição de 1937, por sua vez, além de confirmar as disposições de sua

antecessora, de maneira inédita, declarou junto ao seu artigo 127 que crianças e adolescentes

eram merecedores de garantias especiais, in verbis:

Art. 127. A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados e garantias especiais

por parte do Estado, que tomará todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condições

físicas e morais de vida sã e de harmonioso desenvolvimento das suas faculdades.

O abandono moral, intelectual ou físico da infância e da juventude importará falta

grave dos responsáveis por sua guarda e educação, e cria ao Estado o dever de provê-las do

conforto e dos cuidados indispensáveis à preservação física e moral.

Aos pais miseráveis assiste o direito de invocar o auxílio e proteção do Estado para a

subsistência e educação da sua prole.

Assim, a partir da Carta Magna de 1937, o Estado estava constitucionalmente

obrigado a atender e proteger crianças e adolescentes desamparados. Todavia, a proteção e

o “conforto indispensável à preservação física e moral” não passaram de letra morta, tendo em

vista o triste desenrolar histórico das instituições criadas com fins no atendimento deste artigo

127.

O Código Penal de 1940, aprovado por meio do Decreto-lei nº 2.848 e que

permanece até hoje em vigor, de maneira inédita no Brasil, fixou a imputabilidade penal nos

dezoito anos de idade, permanecendo esta idade até os dias atuais, fixada inclusive, como

cláusula pétrea, não obstante aos constantes e intensos movimentos populares, em sua maior

parte organizados por segmentos da mídia e da classe média brasileira, em defesa de sua

redução para até 14 anos.

Em 1964, por meio da Lei nº 4.513, foi instituída a FUNABEM (Fundação Nacional

de Bem Estar do Menor) na esfera nacional, e, mais tarde, as FEBEM’s (Fundação Estadual

de Bem Estar do Menor) nos âmbitos estaduais.

As duas instituições, na realidade, se valiam quase que exclusivamente à reclusão

de adolescentes autores de ato infracional, sujeitando estes a tratamento igual ou pior ao dado

aos adultos presos em instituições carcerárias. Nas palavras de Lia Junqueira apud Josiane

Rose Petry Veronese (1999, p. 33),

[...] para proteger a Segurança Nacional muitas vidas foram prejudicadas e, na realidade,

os controlados deste País não participaram de nenhum projeto que resultou no Brasil de hoje,

com seus desempregados, com seu salário-mínimo, com sua falta de escola, com sua falta de

assistência à saúde, com suas dívidas, quer externa como interna. Para garantir a Segurança

Nacional, acredito que outras pessoas deveriam ter sido institucionalizadas, não nossas

crianças, filhos da pobreza.

Este instrumento de controle da sociedade não se demonstrou eficiente, tendo em

vista o crescente número de crianças marginalizadas, além da incapacidade de proporcionar a

reeducação. Isto ocorreu porque, apesar dos princípios tuteladores que fundamentavam a

doutrina da “situação irregular”, as instituições destinadas à proteção destas crianças e

adolescentes não cumpriam o papel a elas destinado.

A metodologia aplicada pelas instituições de educação e reclusão, em vez de

socializar a criança e o adolescente, massificava-os e, desta forma, em vez de criar estruturas

sólidas, nos planos psicológico, biológico e social, afastava este chamado “menor em situação

irregular”, definitivamente, da vida comunitária (Veronese, 1997, p. 96).

Apenas em 1990, com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, é que

este sistema de “abrigo de menores” foi tacitamente revogado, todavia, as Fundações

estaduais permanecem em pleno funcionamento em muitos Estados, onde permanecem

envoltas de muita irregulariedade.

Em uma entrevista à revista eletrônica Carta Maior a respeito dos 30 anos de

instituição da FEBEM de São Paulo, Roberto da Silva, ex-interno da FEBEM e hoje Professor

Doutor da Faculdade de Educação da USP, expôs que

[...] a Febem não tem nada a comemorar, e a única solução é a sua extinção.

[...]

De fato, quase 50% dos primeiros filhos da ‘geração Febem’ viraram criminosos ou

ajudaram a engrossar o número de presos do sistema carcerário. O destino de Roberto, hoje

doutor, é exceção comparado à trajetória de seus colegas.

Durante 1997, ele levantou os casos de meninos internados na Febem de São

Paulo, órfãos ou abandonados, que lá permaneceram por, pelo menos, dez anos

consecutivos. Os internos não deveriam ter qualquer antecedente de atos infracionais e

deveriam ter iniciado seu período de internação na primeira infância. Encontrou 370 meninos

com os requisitos em mais de dez mil casos analisados. Do total desta amostra, 35,9% (135)

transformaram-se em delinqüentes na vida adulta (Salvo, 2004).

A situação da infância e juventude brasileira, assim como toda a sociedade

brasileira, não foi em nada melhorada com o golpe Militar de 1964. A Constituição da

República Federativa outorgada em 1967, não trouxe novas colaborações para a proteção de

crianças e adolescentes.

Em 1973, a Convenção Internacional do Trabalho (OIT) nº 138, da qual o Brasil foi

País-Membro, propôs um tratado internacional com vistas na “efetiva abolição do trabalho

infantil e elevação progressiva da idade mínima de admissão a emprego ou a trabalho a um

nível adequado ao pleno desenvolvimento físico e mental do adolescente”.

Neste contexto de estado não-democrático, em 1979, é aprovado o novo Código de

Menores por meio da Lei nº 6.697. A nova lei revoga a doutrina do “direito penal juvenil”, até

então imposta pelo Código Melo de Matos, e institui a doutrina do “menor em situação

irregular”.

A nova lei conferia proteção e vigilância aos “menores em situação irregular”,

descrevendo tal situação em seu artigo 2º, conforme se observa:

Art 2º Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor:

I - privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória,

ainda que eventualmente, em razão de:

a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável;

b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las;

II - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável;

III - em perigo moral, devido a:

a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes;

b) exploração em atividade contrária aos bons costumes;

IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou

responsável;

V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária;

VI - autor de infração penal.

Dessa forma, ainda que representasse um avanço legislativo, o Código de Menores, por

partir do pressuposto de que todas as crianças se encontravam na mesma situação

socioeconômica, não alcançava uma efetiva proteção. Conforme leciona Wilson Donizete

Liberati (1993, p.13),

[...] o Código revogado não passava de um Código Penal do ‘Menor’, disfarçado em

sistema tutelar; suas medidas não passavam de verdadeiras sanções, ou seja, penas,

disfarçadas em medidas de proteção. Não relacionava nenhum direito, a não ser aquele sobre

a assistência religiosa; não trazia nenhuma medida de apoio à família; tratava da situação

irregular da criança e do jovem, que na realidade, eram seres privados de seus direitos.

Felizmente o Código de 1979 não vigorou por muito tempo. A redemocratização do

país e, em especial, a promulgação da nova Constituição da República Federativa do Brasil,

substituíram a doutrina da situação irregular pela doutrina da proteção integral, afirmada junto

ao art. 227:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao

adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à

educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Em seguida, passados dois anos da constituinte, o legislador, frente à necessidade

de instrumentalizar a nova Carta Política, regulamentou o preceito constitucional com a

aprovação da inovadora Lei nº 8.069/1990 – o Estatuto da Criança e do Adolescente.O

Estatuto, nascido em 13 de julho de 1990, trouxe consigo uma inédita compreensão a respeito

de crianças e adolescentes, concebendo-os como sujeitos de direito e lhes ‘atribuindo mais

direitos que os conferidos aos demais cidadãos – “direitos específicos que lhes assegurem o

desenvolvimento, o crescimento, o cumprimento de suas potencialidades, o tornarem-se

cidadãos adultos livres e dignos” (Vercelone, 1992, p.18).

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<http://www.mp.rs.gov.br/ hmpage/homepage2.nsf/pages/CIJ_trabempobr> Acesso em

05/maio/2004

SEGUNDO MOMENTO - 3 AULAS

OBJETIVOS:

Realizar atividade de produção de uma linha do tempo da construção da

história da infância.

Apresentar e expor o material produzido para os demais alunos do

colégio.

METODOLOGIA: Produção conjunta em sala de aula, de uma linha do tempo

(cartaz com a cronologia) da construção do conceito de infância. A obtenção

das informações acontecerá por meio de pesquisas realizadas pelos alunos. O

material produzido será disponibilizado para visita das demais turmas do

colégio com a devida explicação oral, feita pelos alunos autores do mesmo.

RECURSOS:

Sala de aula;

Papel Kraft;

Canetões, tinta, lápis, caneta, giz de cera, imagens de recortes de

revistas;

Laboratório de informática com acesso à internet

Materiais resultantes da pesquisa realizadas pelos alunos (sobre a construção

do conceito de infância);

ATIVIDADES: Produção de uma linha do tempo com as informações do texto

exploradas a partir da explanação dos estudantes e dos registros obtidos, além

de pesquisas complementares sobre a construção histórica do conceito de

infância. A linha do tempo será elaborada em conjunto em papel kraft. Após a

produção, os alunos apresentarão o resultado para os demais alunos,

professores e funcionários do colégio. Em seguida, permanecerá em exposição

no saguão central do colégio.

TERCEIRO MOMENTO - 8 AULAS

OBJETIVOS:

Estudar os textos dos documentos norteadores dos direitos das crianças

e dos adolescentes no Brasil;

Compreender a trajetória da construção dos direitos das crianças e dos

adolescentes;

Relacionar os documentos com materiais extras como vídeos, charges,

tirinhas, trechos de filmes, músicas, etc.

METODOLOGIA: Estudo e análise dos diferentes tipos de documentos

norteadores dos direitos da criança e do adolescente e instituições criadas para

garantia e proteção dos mesmos no Brasil (Código de Menores-1927, Juizado

de Menores-1923, Serviço de assistência ao menor-1942, Código de menores

de 1979, Estatuto da Criança e do Adolescente ECA de 1990, entre outros).

Para isto, nos utilizaremos dos referidos documentos (que serão apresentados

na sua integra ou parcialmente), bem como outros materiais de apoio (como

vídeos, charges, tirinhas, trechos de filmes, músicas, etc), que servirão como

sensibilizadores do tema em questão.

RECURSOS:

Texto integral do Estatuto da Criança e do Adolescente ECA de 1990;

Projetor multimídia;

Gravador de áudio;

ATIVIDADE 1: Explanação oral da docente do Estatuto da Criança e do

Adolescente, bem como sua formulação e conteúdo. Para chegar ao ECA,

exploraremos a legislação que antecedeu o mesmo. Apresentação do material

em projeção multimídia, a fim de que os alunos acompanhem e sejam capazes

de realizar a leitura quando necessário e para que seja possível a análise mais

detalhada de alguns trechos que compunham estas legislações. Análise das

disposições presentes no texto, explicações sobres os direitos e deveres

presentes no mesmo que incidem diretamente aos educandos.

ATIVIDADE 2: Produção de áudios de 30 a 60 segundos. Os alunos serão os

locutores de alguns dos direitos e deveres das crianças e adolescentes

presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente, especialmente aqueles

que tratam sobre os direitos da criança e do adolescente, bem como os

deveres, especialmente os da família.

QUARTO MOMENTO - 8 AULAS

OBJETIVOS:

Socializar os conhecimentos adquiridos no decorrer das aulas.

Desenvolver habilidades comunicativas, de escrita e leitura.

METODOLOGIA: Produção em grupos de programa de rádio. Os alunos

formarão grupos de trabalho para produzir o roteiro de programas de rádio

tratando especificamente dos direitos e deveres da criança e do adolescente.

Estes roteiros serão apresentados entre os grupos de trabalho, posteriormente

serão encaminhados à Rádio Comunitária de Nova Santa Rosa a fim de que

seus produtores apreciem e caso estejam de acordo com a programação,

realizem a re-produção dos programas com os alunos. O contato prévio com a

empresa já foi realizado, mas está condicionado ao desenrolar das atividades

propostas nesta unidade didática.A Rádio Comunitária de Nova Santa Rosa

não é uma grande empresa, mas alcança todo o município de Nova Santa

Rosa. Além das funções “normais” de uma empresa comunicativa, a rádio abre

espaço para a comunidade, que vem até ela para sugerir, reclamar, opinar, etc.

RECURSOS:

Sala de aula;

Projetor multimídia;

Computadores;

Acesso à internet;

Celulares Smartphone;

Microfones;

Caixas de som.

ATIVIDADE 1

Produção de roteiros de programas de rádio, em grupo. Os alunos

pesquisarão roteiros de programas de rádio e produzirão os próprios

roteiros com ideias de atrações, podendo ser entrevistas, radionovelas,

vinhetas, mensagens, etc. Os programas devem estar organizados de tal

forma que durem entre 10 e 15 minutos.

ATIVIDADE 2:

Apresentação dos programas de rádio produzidos pelos alunos para turma,

de maneira oral.

ATIVIDADE 3:

Apresentação dos roteiros dos programas de rádio produzidos pelos alunos

para os dirigentes da rádio comunitária a fim de que aprovem a veiculação

dos mesmos na programação dela.

ATIVIDADE 4:

Produção dos programas de rádio na Rádio Comunitária.

OBJETIVOS:

Coletar depoimentos a fim de perceber as vivências de diferentes

profissionais acerca das diferentes legislações de amparo a criança e ao

adolescente no Brasil e como os mesmos visualizam a importância dos

direitos e deveres das crianças e adolescentes no contexto escolar;

Realizar entrevistas com professores, funcionários, diretores, policiais,

conselheiros tutelares.

METODOLOGIA: Realização de entrevistas com professores, funcionários,

diretores, policiais e conselheiros tutelares (atuantes e aposentados) sobre a

trajetória profissional dos mesmos a fim de coletar dados (depoimentos) sobre

a importância da garantia dos direitos e deveres das crianças e adolescentes

dentro do contexto escolar e de como eles vivenciaram/vivenciam as alterações

nas legislações que se referem a criança e ao adolescente.

RECURSOS:

Roteiro de entrevista elaborado pela professora em conjunto com os

alunos a ser executado conforme o depoente selecionado;

Gravador;

Aparelho reprodutor de áudio e equipamento para transcrição.

ATIVIDADE 1: Formação de grupos de trabalho, podendo ser o mesmo

anteriormente já formado, a fim de coletar informações por meio de entrevistas.

Os alunos sugerirão alguns possíveis entrevistados (sob mediação do

professor) e cada grupo fica responsável pela entrevista de algumas pessoas.

O ideia desta atividade não é coletar dados quantitativos, mas depoimentos

para que possamos verificar como os diferentes sujeitos avaliam o processo de

constituição das legislações no Brasil sobre as crianças e adolescentes e a

aplicação delas na realidade em que trabalham/trabalharam e qual a opinião

QUINTO MOMENTO - 10 AULAS

dos mesmos sobre os limites e possibilidades do ECA. Os alunos serão

orientados para o trabalho com depoimentos orais e sobre o processo de

constituição do mesmo enquanto fonte histórica. Auxiliaremos os mesmos na

gravação das entrevistas e na transcrição das mesmas, sempre evidenciando o

trabalho com as fontes. Ao final, os alunos socializarão com a turma como foi o

processo de realização da entrevista e suas análises sobre a mesma. O

material produzido pelos alunos será arquivado e poderá servir como base de

reflexão na elaboração do artigo final.

ATIVIDADE 2: Socialização das pesquisas, apresentação dos depoimentos

dos entrevistados na sala de aula e reflexão sobre a atividade realizada,

objetivando identificar como os depoentes percebem os limites e possibilidades

do ECA e estimulando os alunos a construírem suas opiniões sobre o mesmo.

ATIVIDADE 3: Palestra com conselheiro tutelar e/ou promotor de justiça a fim

de apresentar aos alunos e a comunidade escolar os direitos, deveres e

encaminhamentos realizados as crianças e aos adolescentes.

Bibliografia

ARIÈS, P. História social da infância e da família. Tradução: D. Flaksman. Rio de Janeiro: LCT, 1978. BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes. Leis e decretos. Lei n.8069, de 13 de julho de 1990: dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. COSTA, Tarcísio José Martins. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. CURY, Munir; MENDEZ, Emílio Garcia; SILVA, Antonio Fernando do Amaral. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 7ª ed. São Paulo: Malheiros, 2005. ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008. DELGADO, Ana C. & MÜLLER, Fernanda. Sociologia da infância: pesquisa com crianças. Educ. Soc., Campinas, Vol. 26, n 91, Maio/Ago. 2005. DURKHEIM, E. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978. PEREZ, José Roberto Rus; PASSONE, Eric Ferdinando. Políticas Sociais de Atendimento às Crianças e aos Adolescentes no Brasil. In: Cadernos de Pesquisa, v.40, n.140, p.649-673. Maio/Ago. 2010. RIZZINI, Irene. A institucionalização de crianças no Brasil: percurso histórico e desafios do presente. Rio de Janeiro : Ed. PUC-Rio. 2004. ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado: Lei 8.069/1990. 4ª Ed. São Paul: Editora Revista dos Tribunais, 2012. ROUSSEAU, Jean-Jcques. Emilio ou da educação. 3ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada. Ensaio de ontologia fenomenológica. Petrópolis, Vozes: 1997.

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VÍDEOS: A HISTÓRIA DA INFÂNCIA - Móbile - Iniciação Científica https://www.youtube.com/watch?v=Ab2ZFnqu4dg