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Ficha informativa nº 1 Texto e textualidade Para um texto ou um discurso estar bem estruturado, fazer sentido e ter eficácia comunicativa, tem de estar assente em três princípios essenciais – a progressão temática,a coerência ea coesão. 1. Progressão temática A progressão temática assegura-se através da introdução de informação nova ao longo do texto. Os novos dados que vão sendo introduzidos vêm na sequência da informação que o leitor/recetor já conhece e são suporte de elementos novos que irão ser adicionados até à conclusão do texto.

Ficha informativa nº 1 · Excertos retirados dos capítulos 11 e 148 da Crónica de D. João I(textos escolhidos), de Fernão Lopes, com apresentação crítica de Teresa Amado,

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Fichainformativanº1

TextoetextualidadePara um texto ou um discurso estar bem estruturado, fazer sentido

e ter eficácia comunicativa, tem de estar assente em três princípios

essenciais – a progressão temática, a coerência e a coesão.

1. Progressão temática

A progressão temática assegura-se através da introdução de

informação nova ao longo do texto. Os novos dados que vão sendo

introduzidos vêm na sequência da informação que o leitor/recetor

já conhece e são suporte de elementos novos que irão ser

adicionados até à conclusão do texto.

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2.Coerênciatextual

A coerência textual é a propriedade que confere sentido a um

texto.

Consiste na lógica das relações intratextuais – entre as partes e a

totalidade – que conduzem à sua interpretação. A interpretação de

um texto depende da capacidade interpretativa do leitor/recetor,

por isso podemos afirmar que um texto é coerente quando há

compatibilidade entre as ocorrências textuais e o nosso

conhecimento do mundo (real ou ficcional).

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2.1Coerêncialógico-conceptual

Acoerêncialógico-conceptualdependedocumprimentoderegras.

RELEVÂNCIAAs ocorrências textuais devem ser pertinentes.Por exemplo, não se deve fugir à temática do textoou dar exemplos que não venham a propósito.

NÃOCONTRADIÇÃO

As ocorrências textuais não podem serincompatíveis.Por exemplo, as informações, a pessoa ou os temposverbais não se devem contradizer.As ocorrências textuais não se podem reiterar.

NÃOREDUNDÂNCIA

Por exemplo, não se devem repetir as mesmasideias, devem retomar-se informações já conhecidase introduzir-se dados novos (contribuindo para aprogressão do texto).

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2.2Coerênciapragmático-funcional

Paratereficáciacomunicativa,otextotemdetercertascaracterísticas.

Nota:Apontuaçãocontribuitambémparaacoerênciadotexto.

Fichainformativanº1

EFICÁCIACOMUNICATIVA

O texto deve:

•ser adequado ao contexto e à relação locutor/interlocutor;

•corresponder à intencionalidade do locutor e ao fim a que se

destina.

Por exemplo, através das formas de tratamento e do registo de

língua que se usa.

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3.Coesãotextual

A coesão textual contribui para a coerência do discurso. Através de

mecanismos linguísticos, lexicais e gramaticais, assegura-se a

progressão, a continuidade e o sentido do texto. A coesão textual

processa-se a vários níveis – da palavra, da oração, das frases e dos

parágrafos.

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3.1Coesãolexical

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Definição Exemplos

Reiteração Retomaporrepetiçãodovocábuloouexpressão.

«– Matom oMeestre!matom oMeestre nosPaaços daRainha!Acorree aoMeestre quematam!»

Sinonímia Retomaporutilizaçãodevocábuloouexpressãocomsignificadoequivalente.

«[…]homeès emoços esgravatandoaterra;[…]queachavom mortoshomeès ecachopos […]»

Antonímia Retomaporutilizaçãodevocábuloouexpressãocomsignificadooposto.

«[…]porlhedaremvida eescusarmorte.»

Hiperonímia/Hiponímia

Retomaporutilizaçãodevocábuloouexpressãocomsignificadomaisgeral(hiperónimo)oumaisparticular(hipónimo).

«Os da cidade como ouviam o repico, leixavam osono, e tomavom as armas e saía muita gente, edefendiam-nos aas bestas […]»

Holonímia/Meronímia

Retomaporutilizaçãodevocábuloouexpressãoquedesignaotodo(holónimo)ouparteconstituinte(merónimo).

«Os padres e madres viiam estalar de fame osfilhos que muito amavom, rompiam as faces epeitos sobr’eles […]»

Substituição

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3.2Coesãogramatical

Excertosretiradosdoscapítulos11e148daCrónicadeD.JoãoI (textosescolhidos),deFernãoLopes,comapresentaçãocríticadeTeresaAmado,Lisboa,SearaNova/Comunicação,1980.

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Definição Exemplos

Interfrásica Mecanismo de ligação de frases e parágrafos, através de:– conectores;– coordenação e subordinação (frases);– pontuação.

• «Entom os do Meestre veendo tam grandealvoroço como este, e que cada vez se acendiamais […]»• «[…] leixae-a, ca [porque] ainda há mald’acabar por estas cousas que faz!»

Frásica Mecanismo de ligação dos elementos da oração/frasesimples, através de:– concordância em género e em número;– ordenação das palavras e das funções sintáticas.

•«– Amigos, apacificaevos,caeuvivo e sãosomaDeosgraças.»

Referencial Mecanismo que permite uma correta identificação dosreferentes pelo interlocutor ao longo do texto, atravésde:– anáfora: um termo que aparece anteriormente no textoé retomado por um pronome, determinante ou advérbio.

•«DecimanomminguavaquembraadarqueoMeestreeravivo[…]:– Poissevivoé,mostrae-no-loevee-lo-emos.»

Temporal Mecanismo que permite a compreensão das relaçõestemporais que o texto estabelece entre as váriassituações apresentadas, através de:– uso correlativo dos tempos verbais;– uso de expressões adverbiais ou preposicionais comvalor temporal.

•«[…]soou uùdia pelacidadequeoMeestremandavadeitarforatodolosquenomtevessem pamquecomer […]»

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CONSOLIDA

1.Explica,porpalavrastuas,aincoerênciadecadafrase.

a) OCondeAndeirofoiassassinadoontemànoite.Oseuestadoinspiracuidados.

b) Todososdias,temosaulasdiariamente.c) Osdoisguerreiros,D.JoãoeD.NunoÁlvaresPereira,constituemum

triodeheróis.d) D.NunoÁlvaresPereira,MestredeAvis,lutavacombravura.

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2. Atentanoseguinteexcerto.

2.1 Identificaosprincípiosdacoerência(relevância,nãocontradição,nãoredundância)quenãoforamrespeitados.

2.2 Referecomoseobtémaprogressãotemáticanotexto.

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3. Restabeleceacoerêncianosenunciadosapresentados.

a) Professor,dá-meaíolivroquecontémascrónicasdeFernãoLopes!

b) Ministro,jálesteaCrónicadeD.JoãoI?

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4. Estabelece as correspondências corretas entre os exemplos textuaisda coluna A, distinguindo os mecanismos de coesão acionados nacoluna B.

A Ba) O Paço da Rainha foi cercado, portas ejanelas eram bem vigiadas.

1.Coesãolexical– reiteração

b) Álvaro Paes cavalgou pela cidade. A cidadeestava em alvoroço.

2.Coesãolexical– substituição(merónimo/holónimo)

c) O mantimento escasseava em Lisboa: pão,fruta, carne e peixe, tudo faltava.

3.Coesãolexical– substituição(sinónimos)

d) Os habitantes de Lisboa estavam famintos,aliás os lisboetas nunca tinham passadotantas provações.

4.Coesãogramatical– referencial

e) Álvaro Paes e o pajem lutaram peloMestre.

5. Coesãogramatical– interfrásica

f) O povo receou pela vida do Mestre, noentanto, este encontrava-se de plena saúde.

6.Coesãolexical– substituição(hiperónimo/hipónimo)

g) Leonor Teles era odiada, ela era repudiadapor todos.

7.Coesãogramatical– frásica

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5. Indicaasanáforas presentesnoenunciadoeidentificaosrespetivosreferentes.

O pajem saltou da cama muito cedo porque o tinham acordado com gritos. Caiu de lá aos tropeções com toda a sua atarantação…

5.1 Classificaasanáforasquantoàclassedepalavras.