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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA · Município da escola Itambaracá Núcleo Regional de Educação Cornélio Procópio Orientador ... eles passam uma média

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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EMANCIPAÇÃO DO ALUNO DO

ENSINO MÉDIO

Autor Ordália de Fátima Dias

Escola de Atuação Colégio Estadual “Marcílio Dias”- Ensino Fundamental e Médio

Município da escola Itambaracá

Núcleo Regional de Educação Cornélio Procópio

Orientador Me. Celso Davi Aoki

Instituição de Ensino Superior Universidade do Norte do Paraná

Disciplina/Área (entrada no PDE) Gestão

Produção Didático-pedagógica Unidade Temática – 4 Parte integrante do Caderno Temático: Abordagens Educacionais e Seus Diversos Papéis.

Relação Interdisciplinar Sociologia

Público Alvo Professores, gestores e alunos do ensino médio do 3º ano

Localização Colégio Estadual “Marcílio Dias” - Ensino Fundamental e Médio. Rua: Antonio Dias, 140 – Centro – Itambaracá - PR

Apresentação:

O papel do gestor na emancipação do aluno do Ensino Médio é um tema que precisa ser discutido na sociedade contemporânea, considerando a necessidade do jovem prosseguir seus estudos. Diante desta necessidade propusemos o seguinte problema da pesquisa: Qual o papel do gestor e de sua equipe, no direcionamento do concluinte do ensino médio, quanto à sua realidade a escolha de um curso superior na continuidade de seus estudos? Com o objetivo de avaliar o papel da escola no direcionamento do jovem egresso do Ensino Médio. Com o intuito de atingi-lo desenvolveremos ações tendo o envolvimento de gestores, pedagogos, professores e alunos da referida etapa da educação básica. Com o intuito de fundamentar tal reflexão, elaboramos a presente unidade didática, assim organizada: 1. “Do papel social da educação no ensino médio”, na qual promovemos que a educação é primordial ao indivíduo, fazendo com que possa ser um diferencial entre ele e os outros. 2. “Contribuições da história da educação escolar e das políticas públicas de Ensino Médio no Brasil e no Paraná” apresenta uma dualidade estrutural desde 1932, quando as alternativas de formação exclusiva para o mundo do trabalho no nível técnico seguido pelo

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secundário superior comercial e agrícola. 3 A responsabilidade pedagógica do gestor escolar na construção do conhecimento do aluno do Ensino Médio promove discussão na participação do gestor enquanto colaborador e articulador do processo de emancipação do aluno do Ensino Médio, bem como de toda a Educação Básica.

Palavras-chave Ensino Médio. Gestão Democrática. Projeto Político Pedagógico. Mundo do Trabalho.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP/IES

MATERIAL DIDÁTICO: UNIDADE 4 - PARTE INTEGRANTE DO CADERNO

TEMÁTICO

O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EMANCIPAÇÃO DO ALUNO DO

ENSINO MÉDIO

Produção Didático-Pedagógica na área de Pedagogia, apresentado na forma de Caderno Temático, à Secretaria de Estado da Educação - SEED, como quesito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Orientador : Ms. Celso Davi Aoki.

CORNÉLIO PROCÓPIO/PR 2011

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UNIDADE – 4

O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EMANCIPAÇÃO DO ALUNO DO

E. MÉDIO

Autora: DIAS, Ordália

[email protected]

Orientador: AOKI, Celso David [email protected]

INTRODUÇÃO

“O papel da escola e do gestor na emancipação do aluno do ensino

médio” é resultado de projeto no PDE-Pr, com implementação na Colégio

Estadual “Marcílio Dias” – Ensino Fundamental, Médio e Normal do Município

de Itambaracá.

Sempre em busca do verdadeiro papel da educação na vida do aluno e

sua importância, sabemos da grande responsabilidade da escola no processo

de ensino e aprendizagem. Entretanto, o ensino realiza repercussões.

Desta forma, Charlot (2005, p.85) “O problema é que ensinar não é

somente transmitir, nem fazer se aprender saberes. É por meio de saberes,

que vamos humanizar socializar, ajudar um sujeito singular a acontecer”.

Diante disso, sendo município pequeno, com poucas possibilidades de

trabalho, ao jovem resta poucas perspectivas de ingressarem no mundo do

trabalho, tendo muitas vezes que sair de casa, da cidade, para em centros

maiores, este ingresso. Neste quadro, adolescentes acabam abandonando a

escola e não chegam a concluir nem o ensino médio, por perceber que não há

condições de prosseguir nos estudos, por não ter também o mínimo de

conhecimento de certas carreiras e profissões. Muitas vezes nem acreditam ser

possível ter um futuro pautado em estudos superiores.

Alguns jovens e adolescentes, por não terem o que fazer muitas vezes

acabam se enveredando por caminhos tortuosos das bebidas, das drogas que

quase sempre levam a atos de roubos e latrocínio.

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Evidencia-se, nesse contexto, um dos grandes desafios da escola

quanto à capacidade coletiva de constituição de sujeitos históricos envolvidos

num processo de “lutas” pela socialização dos bens culturais e materiais. Ou

seja, uma prática docente fundada na compreensão de que sem o acesso ao

patrimônio cultural da humanidade não se potencializa alterações significativas

na realidade social, de forma que se possa pensar em alterações no estado da

situação acima descrita.

A escola, palco de muitas discussões e dificuldades emergentes nos

apresenta um quadro que necessita ser desvendado e refletido, legitimando os

conflitos e estabelecendo formas e meios possíveis de enfrentamento e

superação dos problemas detectados. Para tanto se faz necessário

potencializar discussões no coletivo da escola para se encontrar possíveis

alternativas de ajuda com referência aos problemas e dúvidas apresentados

por jovens e adolescentes.

Diante do quadro apresentado pela realidade encontrada em nossa

escola, cabe-nos tentar encontrarmos alternativas que minimizem esses

conflitos encontrados pelos nossos jovens e adolescentes. Na verdade isso

terá que ser uma ação em comunhão com toda comunidade, principalmente

tendo um pouco mais de apoio dos gestores e membros de toda a comunidade

escolar.

Nessa perspectiva, cabe-nos perguntar: Qual o papel do gestor e de

sua equipe, no direcionamento do concluinte do ensino médio, quanto à sua

realidade e a escolha de um curso superior na continuidade de seus estudos?

Na busca de respostas para essa problematização, orienta-se, o

presente estudo na perspectiva de Saviani

Se promover homem significa libertá-lo de toda e qualquer forma de dominação, se nas sociedades em que vigora o modo de produção capitalista, a dominação se manifesta concretamente como dominação de classe, então, educar, isto é, promover o homem, significa libertá-lo da dominação de classe, vale dizer, superar a divisão da sociedade em classes antagônicas e atingir o estágio da sociedade regulada (SAVIANI, 2005 p.8).

A escola tem que promover por meio dos conteúdos, estratégias para

que o aluno possa transformar a realidade em que vive. Repensar o papel da

escola.

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Tendo em vista, o dia a dia em sala de aula e o contato com os alunos,

observa-se a grande necessidade e anseio dos jovens em se decidirem por sua

inserção no mundo do trabalho; acredita-se ser a Educação o meio que os

levarão a esse objetivo. Esta pesquisa a que me proponho é relevante para

mostrar à nossa comunidade escolar, a importância da escola para a formação

do cidadão, seu caráter e sua personalidade, sendo ela o meio mais coerente e

necessário para alcançar seus objetivos. A finalidade será identificar as

dificuldades que os alunos concluintes do ensino médio encontram na sua

inserção no mundo do trabalho, esclarecendo o papel da escola como

ferramenta emancipadora que apropria o indivíduo à sociedade e não apenas

como uma ponte ao mundo do trabalho. Por essa indefinição do jovem que

está presente na contemporaneidade, cabe ao Ensino Médio, orientar o aluno

no sentido de tomada de decisões referente à sua orientação vocacional.

Repercutem, então, como objetivo amplo do estudo: avaliar o papel da

escola no direcionamento do jovem egresso do Ensino Médio. O que de forma

mais concreta direciona a transitar pela história da educação escolar e das

políticas públicas para o referido segmento da educação no Brasil; avaliar

papel do gestor escolar e sua responsabilidade pedagógica na construção do

conhecimento do aluno do Ensino Médio; discutir as perspectivas de atuação

profissional na Região Norte do Paraná. Coerente com os objetivos a produção

encontra-se organizada nos seguintes tópicos:

1. “Do papel social da educação no ensino médio” onde promovemos

que a educação é primordial ao indivíduo, fazendo com que possa ser um

diferencial entre ele e os outros. O papel do gestor escolar nessa perspectiva é

de garantir que os alunos aprendam e sejam preparados. O compromisso do

gestor com a qualidade da educação deve dirigir a relação entre ensino e

aprendizagem; orientar o saber e sistematizar o conhecimento, bem como

empenhar-se pedagogicamente com a formação do jovem.

2. “Contribuições da história da educação escolar e das políticas

públicas de Ensino Médio no Brasil e no Paraná” apresenta uma dualidade

estrutural desde 1932, quando as alternativas de formação exclusiva para o

mundo do trabalho no nível técnico seguido pelo secundário superior comercial

e agrícola. Para as elites a trajetória era diferente destinavam-se ao ensino

primário seguido pelo secundário propedêutico e o ensino superior, divididos

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este sim em ramos profissionais. a grande característica da educação neste

período é a grande dualidade que ainda continuou por muito tempo e até

mesmo os dias atuais a preferência das camadas populares pelos cursos

técnicos profissionalizantes. Temos que reconhecer a priori que o Ensino

Médio não tem sido para todos, muito embora o compromisso do Estado deva

ser com sua universalização.

3. A responsabilidade pedagógica do gestor escolar na construção do

conhecimento do aluno do Ensino Médio promove discussão na participação do

gestor enquanto colaborador e articulador do processo de emancipação do

Aluno do Ensino Médio, bem como de toda a Educação Básica.

1 Do papel social da educação no ensino médio

O ponto principal desta pesquisa é conduzir o aluno a se interessar

pelos estudos, fazendo com que compreenda a importância de sua educação

no âmbito da escolarização, para que possa se inserir na sociedade e no

mundo do trabalho, agindo como agente transformador, crítico ativo e

participativo dessa mesma sociedade; contribuindo para a melhoria da sua

qualidade de vida, do desenvolvimento de suas potencialidades e da sociedade

como um todo. Bem como compreender o papel do gestor escolar no seu

processo educativo e pedagógico.

A educação é primordial na vida do indivíduo, pois desde quando

nasce ele já começa a passar pelo processo educativo e de socialização. A

escola deverá ser a articuladora de todo o conhecimento científico e cultural

acumulado pela humanidade, e a maior responsável pela participação ativa do

homem na sociedade, como sujeito de sua própria história.

Para a lei, a educação não é apenas uma transmissão de

conhecimentos e informações. A educação abrange vários aspectos de

formação do ser humano: o trabalho, as manifestações culturais, o aprendizado

na escola e na faculdade, entre outros. (art.1°, caput). A LDBEN cuida da

educação escolar, aquela desenvolvida na escola, sobretudo, através do

ensino, nas chamadas instituições próprias (a escola é uma instituição própria)

(art.1°, §1°). A Educação escolar deve estar relacionada ao mundo do trabalho

e à vida em Sociedade (art.1°, § 2º).

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Segundo a LDBEN, o indivíduo é educado para o seu desenvolvimento,

para a cidadania e para o trabalho. (art.2º). A palavra trabalho não pode ser

limitada à idéia de emprego, serviço, garantir a sobrevivência. O trabalho deve

ser destinado, sobretudo, ao desenvolvimento das potencialidades do ser

humano, para proporcionar-lhe prazer, melhorar sua vida e a vida de toda a

sociedade. A escola tem um papel muito importante na vida dos alunos, pois,

eles passam uma média de doze anos de suas vidas nela.

O conhecimento é muito importante no processo de emancipação dos

seres humanos, “não se trata de reformar ou melhorar o que existe, trata-se de

um processo de transformação que exige recriar e reinventar as práticas”

(FERREIRA, 2000, p.173).

Sonhamos e desejamos que a escola possa ser como alguns autores

proclamam: um lugar de “enriquecimento do espírito” na medida em que os

conhecimentos escolares acumulados permitam a interpretação do mundo,

olhar o mundo ao redor, ter a possibilidade de interpretá-lo e interagir com ele.

Nesse sentido,

A virada do século caracteriza-se por transformações profundas nas esferas da economia, das instituições sociais, culturais e políticas – bem como na natureza das relações entre essas diferentes esferas. Tal afirmação está longe de ser nova, assim como não são novas as constatações de que essas mudanças se inscrevem num processo crescente de mundialização da economia e reestruturação da divisão internacional do trabalho, de perda da autonomia dos Estados nacionais, de desregulação dos mercados e de modificação dos parâmetros de representação política. (KRAWCZYK, 2000, p.1).

Podemos compreender que a educação é primordial ao indivíduo,

fazendo com que possa ser um diferencial entre ele e os outros.

O papel do gestor escolar nessa perspectiva é de garantir que os

alunos aprendam e sejam preparados. O compromisso do gestor com a

qualidade da educação não se deve prender apenas às responsabilidades

burocráticas, mas também dirigir a relação entre ensino e aprendizagem;

orientar o saber e sistematizar o conhecimento, bem como empenhar-se

pedagogicamente com a formação do jovem.

Nessa perspectiva, a escola não pode fugir de sua responsabilidade

como emancipadora e nem o gestor eximir-se da responsabilidade e do

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compromisso de fazer da escola um espaço agradável ao jovem, para a

produção do conhecimento e mostrar a eles o momento de assumirem

responsabilidades e compromisso para consigo mesmos e para com a

sociedade.

É necessário agir e enfrentar esse problema que preocupa toda a

sociedade e atinge os alunos da escola pública no Brasil, temos que buscar

uma educação que seja transformadora, crítica, dinâmica, contemporânea,

realmente inserida no século XXI, conduzir a escola para uma sociedade mais

justa e participativa nas decisões, para uma sociedade mais humana, de

valorização do homem enquanto sujeito do processo educativo e responsável

pelo mundo em que vive.

2 Contribuições da história da educação escolar e das políticas públicas

de Ensino Médio no Brasil e no Paraná

Com a criação das Leis Orgânicas as classes menos privilegiadas da

população começam a contar com alternativas de formação para o acesso ao

nível superior, não ficando mais restrito apenas seu acesso ao ensino

profissionalizante.

Em 1942, a reforma de Gustavo Capanema faz o ajuste entre as propostas pedagógicas existentes para formação de intelectuais e trabalhadores e as mudanças que estavam ocorrendo no mundo do trabalho. Para as elites, são criados os cursos médios de segundo ciclo, científico e clássico, com três anos de duração, sempre destinados a preparar os estudantes para o ensino superior. (KUENZER, 2002 p.28)

Essa probabilidade reafirma um princípio já presente nas formas

escolares anteriores: o acesso ao nível superior se dá pelo campo de

conteúdos gerais, das ciências, das letras e das humanidades, saberes de

classe, os únicos socialmente reconhecidos como válidos para a formação

daqueles que desenvolverão as funções dirigentes.

Assim, o saber próprio do campo de trabalho não é reconhecido como

ciência o candidato ao ensino superior deverá provar capacidade em línguas,

ciências, filosofia e arte.

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Essa distinguida separação em duas abas distintas no âmbito do

sistema de ensino passou a ser completada com o sistema privado de

formação profissional, criado em 1942 (SENAI) e em 1946 (SENAC). Dessa

forma, combinam-se as iniciativas públicas e privadas para atender a

demandas decorrentes da divisão social e técnica do trabalho organizado e

gerido pelo paradigma taylorista-fordista como resposta ao crescente

desenvolvimento industrial que passa a exigir mão de obra qualificada. Neste

período, inicia-se a criação das escolas técnicas (1942).

Em 1961, com na promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei n 4.024/1961) a partir de mudanças ocorridas no

mundo do trabalho. O desenvolvimento dos diversos setores secundários e

terciários conduzem a importância da eficácia de novos saberes, que não só os

de perspectivas acadêmicos, na etapa que se caracteriza como tradicional

nova, do ponto de vista do princípio educativo. Pela primeira vez, a legislação

educacional reconhece a conexão completa do ensino profissional ao sistema

regular de ensino, estabelecendo-se a plena equivalência entre os cursos

profissionalizantes e os propedêuticos, para fins de prosseguimento nos

estudos.

Saviani (1997 p.238) comenta sobre o texto da LDBEN n 9.394/96:

A Lei n. 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996 que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, em vigor a partir de sua publicação no Diário Oficial da União de 23 de Dezembro de 1996, embora não tenha incorporado dispositivos que claramente apontassem na direção da necessária transformação da deficiente estrutura educacional brasileira, ela, de si, não impede que isso venha a acontecer.

Essa afirmação nos remete como diz o próprio autor‟: “que a efetivação

dessa possibilidade depende de nossa capacidade de forjar uma coesa

vontade política capaz de transpor os limites que marcam a conjuntura

presente” (SAVIANI, 1997, p.238).

Na verdade o que não podemos fazer é deixar de lutarmos e montarmos

estratégias de resistências contínuas e ativas para construirmos uma relação

hegemônica que contribua para as transformações indispensáveis para a

educação às aspirações da população brasileira, fazendo dessas aspirações a

vitória de uma educação mais justa, necessária, coerente e democrática.

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No Paraná, a educação vem sofrendo modificações a cada governo que

passa. No governo Lerner foi desvinculado o Ensino profissional do Ensino

Médio e criou-se uma estrutura paralela, de caráter privado, para realizar a

gestão da educação profissional: o PARANATEC. (SILVA, 2008, p. 201).

Com essa desvinculação tinha como ponto de partida o entendimento

que a educação deveria estar relacionada lógica comercial da relação

custo/benéfico, isto é que se deveria formar trabalhadores para atender as

necessidades do mercado de trabalho.

Poucas escolas resistiram às investidas e pressões por parte da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná, para que essa mudança

acontecesse.

Nesse ponto Araújo (2008, p.185) corrobora

Neste percurso, verificou-se no Paraná, como em outros estados, o „Magistério‟ público fechou as portas, apenas quatorze „sobreviveram‟. Foi um caminhar solitário. A Secretária de Estado da Educação desvalorizou completamente o Curso de formação de Docentes. Foram oito anos de exílio (1995-2002).

Diante deste quadro a educação profissional no Paraná, foi relegada a

um plano onde muitos empresários da educação começaram a investir e

ganhar muito dinheiro, com a oferta de cursos profissionalizantes à distância,

Porém, havia uma grande necessidade de profissionais formados em algumas

áreas, principalmente na de formação de professores. “Em 2003 assumiu,

também no Paraná, outro governo, estabelecendo, uma política contrária aos

princípios neoliberais. As portas dos colégios que ofertavam o „Magistério‟ que

não se fecharam permanecem abertas, Algumas outras se reabriram.”

(ARAÚJO, 2008, p.185).

Dessa forma estava se estabelecendo uma nova perspectiva no cenário

educacional do Ensino Médio no Paraná. “O Curso Normal Integrado que

objetiva a formação integral dos jovens na perspectiva da superação de uma

formação fragmentada imposta pela divisão social do trabalho.” (CRUZ, 2008,

p.172)

O grande sonho e desafio do Ensino Médio é superar a dicotomia

histórica que abala o ensino no Brasil.

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A ideia de formação integrada sugere superar o ser humano dividido historicamente pela divisão do trabalho entre a ação de executar e a ação de pensar, dirigir o planejar. Trata-se de superar a redução da preparação para o trabalho ao seu aspecto operacional, simplificado, escoimado dos conhecimentos que estão na sua gênese científico-tecnológica e na apropriação histórico-cultural. Como a formação Humana, o que se busca garantir ao adolescente, ao jovem e ao adulto trabalhador o direito a uma formação completa para leitura do mundo e para atuação como pertencente a um país, integrado dignamente à sua sociedade política. Formação que, nesse sentido, supõe a compreensão das relações sociais subjacentes a todos os fenômenos. (CIAVATTA, 2005, p.85)

E a formação almejada pelos estudiosos da educação no Estado

do Paraná para os alunos que estão no Ensino Médio, nas escolas do Nosso

Estado. “Uma formação humana integral que não separa trabalho, ciência,

cultura e tecnologia do processo ensino e aprendizagem, na perspectiva de

uma formação docente que melhor os prepara para o mundo do trabalho.”

(CRUZ, 2008, p.173)

3 O responsabilidade pedagógica do gestor escolar na construção do

conhecimento do aluno do Ensino Médio

O gestor escolar deve ter um papel dinâmico no processo da construção

do conhecimento do aluno. Não deverá apenas se incumbir da parte

burocrática da escola. Muitos gestores apenas se preocupam de fazer a parte

social da instituição e muito pouco se preocupando com os rumos pedagógicos

que a escola toma.

Muitas vezes a parte pedagógica fica relegada a segundo plano, por

alguns gestores, ficando por vezes apenas restrito as equipes pedagógicas. O

gestor muitas vezes restringe o seu papel apenas na parte burocrática e social

de sua comunidade escolar. Deixando de lembrar que o sucesso ou o fracasso

do ensino em sua unidade também é de responsabilidade sua. A escola é uma

instituição coletiva, por isso há necessidade de integração entre todos os seus

seguimentos.

Pensar na gestão escolar, nos remete a gestão democrática dentro das

escolas públicas do estado do Paraná, sem deixar de lembrarmos que vivemos

em uma democracia que é regulada pela forma de organização capitalista.

Silva (2001) nos mostra o seguinte entendimento

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A gestão denominada de democrática tem como meta a criação de mecanismos que viabilizam a participação na gestão da escola. Esse quadro esbarra na estrutura do Estado e do sistema de ensino, ainda muito centralizador, em que as pessoas envolvidas não assimilaram concepções e práticas democráticas. (p.149)

Paro (1997, p. 10) encontramos o conceito de gestão democrática

como ampliação dos processos participativos e decisórios no interior das

escolas, expressando-se em práticas cotidianas, no exercício da cidadania e

permanentemente no processo de formação dos sujeitos. A gestão

democrática é um exercício diário que contém o princípio da reflexão, da

concepção e da transformação que demanda necessariamente a elaboração

de um projeto político-pedagógico emancipador. Neste sentido, segundo o

autor a gestão deve se preocupar com todo o processo que constituem as

relações entre os sujeitos participantes da escola e de todo o processo ensino-

aprendizagem.

Garantir que o aluno do Ensino Médio, bem como todos os alunos da

educação básica o acesso ao conhecimento cultural historicamente construído

pela a humanidade, é um dever e obrigação do gestor escolar. Ele deverá criar

mecanismos paralelos que leve o aluno a se interessar pelo conhecimento,

fazendo com que isso se torne uma prática cotidiana e prazerosa para o seu

aluno.

O gestor deverá se envolver de forma clara e objetivamente em todo o

processo pedagógico de sua escola, não restringindo seu papel apenas na

parte burocrática e de poder dentro da instituição.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise apresentada nos permite chegar a algumas considerações

sobre o problema aqui discutido. Por meio de leituras e estudos, tendo em vista

a nossa realidade da região Norte do Estado do Paraná. O quadro que se

apresenta diante das perspectivas de oportunidades, para os jovens em

relação ao mundo do trabalho, o quadro que se apresenta é muito preocupante

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e decepcionante, para nós professores. Como motivar nossos alunos para que

se dediquem aos estudos, se não há oferta de trabalho, para eles? Ë muito

comum falarmos aos nossos alunos que eles devem estudar e se dedicarem

aos estudos para que tenham um futuro melhor e melhores oportunidades. Mas

melhores oportunidades de que? Onde? Como?

A questão fundamental é que temos que cobrar de nossos governantes,

políticas de desenvolvimento da Região. Nossos jovens estão saindo de suas

cidades e migrando para centros maiores em busca da tão sonhada

“oportunidade”.

A escola, seus professores e gestores continuam tentando chamar a

atenção dos alunos, para que se dediquem a que assim tenham menos

dificuldade quando tiverem que enfrentar o mundo do trabalho e da vida em

sociedade.

REFERÊNCIAS

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