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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: ESCOLA E FAMÍLIA: A NECESSÁRIA PARCERIA NA TRANSIÇÃO DOS

ALUNOS DO QUINTO PARA O SEXTO ANO

Autor TELMA CRISTINA VITTA DE ALMEIDA

Disciplina/Área PEGADOGIA

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Escola Estadual Dr João da Rocha Chueiri – EF Rua Marechal

Deodoro da Fonseca, 908

Município da escola Ribeirão Claro – PR

Núcleo Regional de Educação Jacarezinho

Professor Orientador Profa. Me. Marivete Bassetto de Quadros

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP

Relação Interdisciplinar

Resumo

A fase de transição dos alunos do quinto para o sexto ano é

motivo de atenção e cuidado, momento de ruptura da fase

infantil para o começo da adolescência. Período de grande

importância para a família, que passa por modificações,

apresenta novas configurações e ressignificações, nem sempre

se enquadrando no modelo tradicional - pai, mãe e filhos. Esse

trabalho tem como objetivo, identificar as expectativas, anseios

e preocupações dos alunos do quinto ano e seus pais com

relação à escola de ensino fundamental - anos finais,

desenvolver estratégias para estabelecer a aproximação e um

relacionamento contínuo entre escola e família. Essa

investigação será feita através da Metodologia da

Problematização, utilizando o Arco de Maguerez, que passa

pelas seguintes etapas: observação da realidade (fazendo uma

sondagem através da aplicação de questionário aos pais e

alunos), levantamento dos pontos-chave, pesquisa na literatura

para a fundamentação teórica, formular hipóteses para possíveis

soluções e fazer, na realidade escolar, as intervenções

necessárias para fortalecer a necessária parceria entre escola e

família.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Transição. Parceria. Escola-família.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo

Alunos do sexto ano diurno e seus pais

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A entrada do aluno no sexto ano do Ensino Fundamental é motivo de grande

atenção e cuidado, uma vez que é um momento de ruptura da fase infantil para o começo

da adolescência. A até então criança sai de uma realidade escolar onde durante cinco, seis

ou mais anos teve uma professora a cada ano letivo que o atende em todas as suas

necessidades; passa a frequentar outra escola com grade curricular variada e por isso

mesmo, vários professores que se revezam para ministrar as diferentes disciplinas a cada

cinquenta minutos, cinco aulas por dia.

Ao lado desse problema, ainda pode-se citar outro que a ele vem agregado: a

necessidade de maior interação, de parceria entre a família e a escola. O fato é que os pais,

salvo raras exceções, parecem estar “acomodados” e não se preocupam em participar

ativamente da vida escolar de seus filhos, não procuram saber o que está ocorrendo e o que

podem fazer para melhorar o relacionamento com a escola, e, consequentemente contribuir

para o maior sucesso da vida escolar. Claro que os pais têm seus afazeres, seus

compromissos. No entanto, a educação dos filhos, deve ser para eles interesse primordial.

A Escola Estadual Dr. João da Rocha Chueiri é a única escola de Ensino

Fundamental - anos finais, na região urbana do município e recebe alunos provenientes de

quatro escolas municipais. Nesta escola estadual observa-se o distanciamento da família,

sendo rara uma visita de pais para saber do rendimento do filho nas atividades escolares,

salvo quando a escola solicita a presença para tratar de algum assunto relacionado ao

filho(a) e na reunião de entrega de boletins.

Com a intenção de dar um atendimento diferenciado aos alunos de sexto ano,

facilitar o período de transição e adaptação à nova realidade escolar, buscou-se por meio de

uma pesquisa, identificar as expectativas, anseios e preocupações dos alunos do quinto ano

e seus pais para levantar os possíveis problemas que podem vir a desencadear algum

conflito entre pais e escola e procurar estabelecer uma relação harmoniosa, tendo os pais

como parceiros no processo de adaptação e no processo ensino-aprendizagem.

Diante dessa pesquisa foi possível elencar os aspectos negativos e buscar

alternativas de soluções para que o período de transição não seja visto como um problema,

mas uma nova fase de conquista na vida do aluno e que a aproximação com a família seja

contínua e positiva no primeiro ano de ingresso do aluno na Escola Estadual Dr. João da

1 APRESENTAÇÃO

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Rocha Chueiri – E.F. e que o vínculo se mantenha nos demais anos de escolaridade dos

alunos nessa escola.

O trabalho será realizado por meio da Metodologia da Problematização utilizando o

Arco de Maguerez, que, segundo Colombo e Berbel (2007, p.125) possui cinco etapas de

desenvolvimento: observação da realidade, levantamento dos pontos-chave, teorização

para buscar respostas ao problema elencado, a quarta etapa é a hipótese das soluções e a

última etapa que é a aplicação à realidade, ou seja “ [...] aquela que possibilita o intervir, o

exercitar, o manejar situações associadas à solução do problema”.

Fonte - Colombo e Berbel (2007, p.125)

A teoria, o estado da arte dos pensadores que deram a base para subsidiar esse

trabalho e permitir a teorização, o levantamento das hipóteses e as ações pensadas e

elencadas nessa Produção Didático-Pedagógica, fazem parte fundamental de uma das

etapas da metodologia da problematização e na constituição dessa unidade didática.

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2.1 FAMÍLIAS: NOVAS CONFIGURAÇÕES

Para se compreender os principais fatores que implicam na fase de transição dos

alunos entre o quinto e o sexto ano é necessário que alguns aspectos sejam identificados

para que aconteça de forma tranquila e agradável. Para Barros (2009), o principal aspecto a

ser estudado aqui está relacionado à família que passa por novas configurações.

Percebe-se que o problema que o filho evidencia na escola ou em outros ambientes

em que está inserido, pode estar relacionado com a estrutura familiar como um todo.

Portanto, faz-se necessário um resgate histórico para entender como o sistema familiar rege

os princípios que atualmente se encontram em conflito entre família e escola.

Para Ramos e Ramos (2009/2010, p. 32), a família é vista como a mais antiga

instituição social, “[...] possibilita um conjunto de regras culturais e oferece padrões de

conduta que orientarão cada indivíduo em cada sociedade”.

Prado (1982), faz a designação de família como a instituição antiga que se

desenvolveu e se modificou ao longo da história da humanidade de várias formas e

concepção, conforme o sentido dado aos laços familiares pelos diversos tipos de sociedade.

Durante a Idade Média, os principais objetivos da família eram conservar os bens, a

prática comum de um ofício, a proteção da vida e a honra. Segundo Feller (2002, p. 22),

nesse período, “[...] o que valia como modelo familiar era a linhagem, que significava a

união da família pelo laço sanguíneo e não pelos sentimentos pessoais. Desse modelo

patriarcal decorria a não divisão da propriedade, o direito da primogenitura [...] e a

administração da propriedade pelo pai”.

Ariès (1981), descreve assim a família e sua relação: “A família não desenvolvia

um sentimento profundo entre pais e filhos”. Ramos e Ramos (2009/20110, p. 33),

reforçam a ideia de Ariès dizendo: “Além disso, enquanto a família vivia ora em grandes

espaços, caracterizando-se como extensa, ora em casas pequenas abarrotadas de gente,

eram escassos os sentimentos como amor conjugal e filial ou a valorização dos laços

afetivos entre os seus membros”.

Nesse período, as crianças eram mantidas em casa até a idade de sete ou nove anos.

Após essa idade eram mandadas para a casa de outras famílias, nas quais permaneciam até

completarem de 14 a 18 anos, fase na qual elas eram responsáveis pelos serviços

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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domésticos, que se confundiam com aprendizagem e vistos como uma forma de educação.

A criança cumpria os afazeres domésticos, pois estes eram considerados como profissão e

não eram percebidos os limites entre a vida particular e a profissional. Elas eram chamadas

de aprendizes (ARIÈS, 1981; FELLER, 2002).

Ariès (1981, p. 156) complementa com esta afirmação:

Assim, o serviço doméstico se confundia com a aprendizagem, como uma

forma muito comum de educação. A criança aprendia pela prática, e essa

prática não parava nos limites de uma profissão, ainda mais porque na

época não havia [...] limites entre a profissão e a vida particular [...] era

através do serviço doméstico que o mestre transmitia a uma criança, não

ao seu filho, mas ao filho de outro homem, a bagagem de conhecimento,

a experiência prática e o valor humano que pudesse possuir.

A mudança significativa aconteceu segundo Ariès (1981), Feller (2002) e Ramos e

Ramos (2009/2010, p.33) entre os séculos XVI e XVII, que caracterizam o início da Era

Moderna. Nessa época, os sentimentos da família se transformaram, ocorrendo uma

revolução profunda e lenta e as crianças conquistaram espaço com seus pais. “Nesses

séculos, emergiram as afetividades, a intimidade física e moral que não havia na era

medieval. A criança tem um lugar junto a seus pais, sendo-lhe dada importância na família,

fruto de uma nova organização sociocultural que emerge”.

Uma característica dessa época que Ariès (1981, p.159) salienta, é que as famílias

passaram a enviar seus filhos para as escolas ao invés de para outras famílias. “A

substituição da aprendizagem pela escola exprime também uma aproximação da família e

das crianças, do sentimento da família e do sentimento de infância”.

Outro autor que escreveu a respeito do histórico da família foi Mark Poster, em

1979, em seu livro intitulado “Teoria Crítica da Família”, em que classifica as famílias em

4 quatro modelos estruturais: a família burguesa de meados do século XIX, a família

aristocrática dos séculos XVI e XVII, a família camponesa do século XVI e XVII e no

início da Revolução Industrial a família de classe trabalhadora, sendo este o modelo que

melhor contribuiu para compreender a situação da família atual (POSTER, 1979).

O mesmo autor assim definia cada um dos tipos de família. A família aristocrática

caracteriza-se pelo patriarcalismo, porém a mulher não é vinculada ao lar, tão pouco à

criação dos filhos. Essas tarefas eram diluídas entre todos os componentes que residiam no

castelo. Não havia privacidade: senhores e servos dividiam o mesmo espaço (POSTER,

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1979).

Na família camponesa também se encontra o patriarcalismo, porém de uma forma

mais branda. A mulher trabalhava fora e o seu serviço era necessário para a sobrevivência

da família. Ela detinha algum poder. Os filhos eram criados pela comunidade, onde

vigoravam as tradições da mesma (POSTER, 1979).

A família burguesa surgiu com a Revolução Francesa que se caracteriza como um

marco na transição entre o feudalismo e o capitalismo. A burguesia mantém o domínio

político e, para se legitimar, a nova classe social institui um novo padrão familiar, no qual o

amor romântico, a domesticidade e a maternidade formam a base. “O padrão emocional da

família burguesa é definido pela autoridade restringida aos pais, profundo amor parental

pelos filhos, uso de ameaças de retirada de amor, a título de punição, em vez de castigo

físico” (POSTER, 1979, p.195).

Para a família da classe trabalhadora, esse processo ocorreu de forma mais

dramática. Tendo que trabalhar para sobreviver, homens, mulheres e crianças estabeleciam

mais vínculos com seus patrões do que com a própria família, sofrendo intervenções da

família burguesa, até que a primeira legitimasse a segunda (POSTER, 1979).

A partir do final do século XIX a família do tipo burguesa tornou-se a forma mais

evidente de arranjo familiar e como consequência, tem um enfraquecimento a democracia

social, pois se perdeu muito com a convivência na comunidade e familiares extensos (avós,

tios, primos, etc) (POSTER, 1979).

Para Ramos e Ramos (2009/2010, p. 33) após a Revolução Industrial há uma

consolidação das famílias, “[...] quando ocorreu a organização populacional e a fixação em

núcleos urbanos, transformando-se na família nuclear, composta basicamente por pai, mãe

e filhos, constituindo assim a família patriarcal”.

No entanto, segundo Campos (2009), as grandes transformações que ocorreram na

sociedade nos últimos anos modificaram profundamente o conceito de família tradicional,

ele praticamente caiu em desuso, visto que as relações instáveis promoveram uma gradual

modificação na estrutura familiar.

O mesmo autor, salienta que para compreendermos as famílias atuais é necessário

que se quebrem certos paradigmas que estão profundamente arraigados entre todos da

sociedade e diz que:

Atualmente os modelos familiares são tão diferentes e diversos que não

podemos reduzir o conceito de família baseado apenas neste paradigma.

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Para sermos fieis à realidade que nos cerca e, vislumbrando a realidade

enquanto tal, perceber os detalhes e os tipos de organização familiar e

reelaborarmos nossa compreensão, a partir das categorias nativas, para

que o nosso olhar possa enxergar esta instituição social (CAMPOS, 2009,

p. 47).

Algumas mudanças que ocorrem fora da família também têm influência nesse

processo de modificação, entre elas Ramos e Ramos (2009/2010, p.34) descrevem como

mais palpáveis, “[...] o aumento no número de divórcio, o controle da natalidade, o declínio

da autoridade marital e paterna, o aumento das relações sexuais fora do casamento, o baixo

capital cultural, a presença das mulheres no mercado de trabalho, a acentuação do

individualismo e da liberdade dos membros da família e o declínio da conduta religiosa no

lar”.

Continua os autores dizendo que outras causas possíveis também podem ser: “[...] o

desenvolvimento industrial, a urbanização, as correntes migratórias, as alterações na

divisão sexual do trabalho e o surgimento de uma nova ordem moral” (RAMOS E

RAMOS, 2009/2010, p. 35).

Barros (2006, p. 9), ressalta que a família brasileira atual apresenta “[...] mudanças

significativas decorrentes do processo de modernização da sociedade, especialmente na

segunda metade do século XX”. A autora também salienta que em análise da PNAD –

Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística),

[...] a família brasileira dos anos 90 devido a tal processo, gerou um novo

padrão democrático na realidade brasileira. Nota-se na família uma

redução no número de filhos e a mulher passa a dedicar seu tempo a

outras atividades que não somente as domésticas. Há um aumento

significativo no número de adolescentes grávidas e também da união

entre casais de forma consensual, avanço na união legal e uma queda na

união de forma religiosa.

Com as modificações ocorridas na família pela modernização e a necessidade de

sobrevivência, Barros (2009, p.9, 10) diz que: “Apesar de prevalecer ainda em maior

número a forma de família nuclear, há uma queda desse tipo de organização familiar, tendo

um crescimento significativo de famílias monoparentais, com predominância de mulheres

como chefe de família”.

A mulher assume cada vez mais o papel de pai e mãe, com responsabilidade de

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manter a casa, cuidar dos filhos, dar suporte educacional, moral, emocional. A modificação

da estrutura familiar se dá pela necessidade de sobrevivência e das alterações que a

sociedade sofreu com a modernidade.

2.2 RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

Ariès (1981), escreve que os colégios no século XIII eram instituições consideradas

asilos para estudantes pobres, fundados por doadores. Os alunos eram bolsistas e viviam

em comunidade, segundo estatutos que se inspiravam em regras monásticas, mas ali não se

ensinava. Foi no século XV que se passou a ensinar dentro dessas comunidades

democráticas, para uma população numerosa, não apenas para os bolsistas da fundação,

entre os quais figuravam alguns professores e administradores.

O mesmo autor ainda salienta que do século XV ao XVII todo o ensino das artes

passou a ser ministrado nos colégios, com o modelo das grandes instituições escolares:

colégios dos jesuítas, os colégios dos doutrinários e os colégios dos oratorianos.

Outro autor que trata de como as escolas começaram é Campos (2009), que diz que

na história da humanidade, a escola surge a partir da necessidade dos grupos de se

organizarem para transmitir sua cultura, através de saberes que já foram adquiridos, para as

novas gerações.

Nas palavras de Campos (2009, p. 11) a gênese da escola assim aconteceu: “[...] a

escola se fez quando um mestre-escola assumiu a tarefa de ensinar uma seleção de

conteúdos previamente determinados – a escola de ler e escrever – juntando num mesmo

local, crianças e jovens com idades diferentes e graus de conhecimentos distintos – a

escola multisseriada”.

Com o passar do tempo e a evolução da instituição escolar, percebeu-se a

necessidade de separar os alunos em classes e níveis distintos, observando a idade e a

necessidade de aprendizagem de cada um, colocando-os em sala de aula com um professor.

Assim nasceram as instituições escolares, nas mais diversas sociedades, cuja função

limitava-se à reprodução social, em que se entendia a educação apenas como socialização

(ARIÈS, 1981; CAMPOS, 2009).

No ponto de vista dos autores Trancredi e Reali (1999, p. 2), atualmente, a

frequência de crianças em instituições como berçários, creche, pré-escola e o papel de

socialização da escola exigem novos estudos e reflexões. A escola vem se caracterizando

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como uma agência educacional e socializadora, complementando o trabalho desenvolvido

pelas famílias.

Mais recentemente, tem-se procurado atribuir às famílias a

responsabilidade por complementar o trabalho realizado pela escola, o

que inclui o desenvolvimento de padrões comportamentais, atitudes e

valores aceitos por um determinado grupo cultural. Assim, se antes escola

e famílias tinham objetivos que aparentemente não se interpenetravam,

agora passam a ser vistas como agências socializadoras que, apesar de

distintas, buscam atingir objetivos complementares (TRANCREDI;

REALI, 1999, p. 2).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996) e o Estatuto da

Criança e Adolescentes (ECA, 1990) tratam da obrigatoriedade das escolas em se articular

com as famílias e os pais têm o direito de ter ciência do processo pedagógico, bem como

de participar da definição das propostas educacionais. Porém nem sempre esse princípio é

considerado quando se formam os vínculos entre diretores, professores e coordenadores

pedagógicos e a família dos alunos (HEIDRICH, 2009).

Essa articulação é de extrema importância para que o trabalho de parceria se

efetive, segundo Orsolon (2003, p.179) “[...] é necessário que escola e família se dêem a

conhecer mediante o exercício do diálogo, a fim de estabelecerem estratégias educativas

comuns”.

Na visão de Szymanski (2011), um passo importante para se construir a parceria

entre pais e escola é considerar estes “pais” também como educadores, que têm o que

transmitir e o que aprender.

A mesma autora afirma que:

O intercâmbio entre as instituições educacionais, formais e informais,

torna-se, cada vez mais, necessário nessa sociedade complexa em que

vivemos. É importante considerarmos as diferentes formas de relações

sociais propostas pelos vários contextos pelos quais transitamos, para que

venha a se instaurar uma relação horizontal e dialógica, em especial entre

a família e a escola (SZYMANSKI, 2011, p. 15).

Então, a instituição escolar deve estabelecer um diálogo aberto com a família, para

que se concretize a parceria no processo de ensino-aprendizagem, em que a escola assume

um trabalho acolhedor, respeitando as diversas manifestações dos alunos em suas famílias,

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valorizando e respeitando as diversidades, pois cada família é constituída de experiências,

histórias e diálogos diferentes. Sendo assim, a escola deve tornar os pais participativos,

levando até eles o conhecimento da filosofia de trabalho da instituição, as informações,

qualificações e experiências (BOLLMAN et al., 2001).

Diante de todas as afirmações acima, fica claro que é dever da escola estimular a

participação dos pais na vida escolar do filho e que o processo de transição do quinto para

o sexto ano deve ser tranquilo de maneira que o aluno se sinta acolhido na escola estadual,

para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de maneira natural, sem traumas e

prejuízo para os alunos.

2.3 TRANSIÇÃO DO QUINTO PARA O SEXTO ANO: DESAFIOS E

EXPECTATIVAS

A implantação do Ensino Fundamental de nove anos foi gradativa nas escolas

municipais de Ribeirão Claro, de acordo com a matrícula inicial no primeiro ano, seguindo

sucessivamente até o quinto ano. No ano de 2012, foi implantado nas escolas estaduais,

anos finais de ensino fundamental, conforme determinação da Resolução nº 7/2010 –

CNE/CEB, Deliberação nº 03/2006 – CEE/CEB e o Parecer nº 407/2011 – CEE/CEB e a

obrigatoriedade da oferta do sexto ano do Ensino Fundamental, disponibilizando assim o

ensino do sexto ao nono ano. Portanto, as informações e citações que se referem à quinta

série são condizentes ao sexto ano, haja vista que se refere à mesma faixa de alunos, que

são correspondentes, sendo o termo série substituído por ano.

O ingresso dos alunos no sexto ano é sempre motivo de apreensão e preocupação.

Anualmente tem-se a expectativa de como será o educando que a escola receberá, e a

realidade que permeia o meio acadêmico está assim colocada no marco situacional do

Projeto Político Pedagógico da Escola Estadual Dr. João da Rocha Chueiri:

Um fato que tem despertado a atenção dos profissionais da escola é o

baixo nível de aprendizagem dos alunos que estão chegando ao 6º ano.

Falta-lhes organização até mesmo para utilizar o caderno de forma

adequada, realizar uma cópia, organizar um texto. Em contato com os

pedagogos da rede municipal, eles afirmam não saber o motivo, pois

trabalham exaustivamente com os professores e com alunos dos anos

iniciais e que também têm percebido essa dificuldade. Outro fato é a

agressividade crescente dos alunos. O problema com brigas e agressões

são frequentes, quase que diárias. A equipe e a direção conversam com os

alunos e informam os pais sobre essas ocorrências, mas ainda não houve

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melhora, principalmente com os alunos dos 6ºs anos (PARANÁ, 2012, p.

32).

Mostrando o reflexo das considerações acima, o quadro abaixo mostra o índice de

aproveitamento escolar e evasão dos últimos três anos, dos alunos de quinta série.

Tabela 1 - Índice de rendimento escolar das 5 ͣ s séries

Ensino/Série Rendimento Escolar

Taxa de Aprovação Taxa de Reprovação Taxa de Abandono

5ª série / 2009 88,50% 10,40% 0,90%

5ª série / 2010 85,40% 8.98% 5,62%

5ª série / 2011 87% 5% 8%

Fonte: Projeto Político Pedagógico Escola Estadual Dr. João da Rocha Chueiri (PARANÁ, 2012, p.33)

Mostra que o índice de reprovação diminuiu a partir de 2009, mas a taxa de evasão

aumentou consideravelmente, apesar de todos os esforços feitos pela escola para tentar

diminuir o índice. A análise que consta no PPP é que acontece possívelmente “[...] pelo

desestímulo causado, na maioria das vezes, pelas baixas médias observadas no início do

ano” (PARANÁ, 2012, p. 32).

Do mesmo modo, Leite (1993, p.33) enfatiza que:

[...] nos diversos projetos desenvolvidos junto às escolas públicas, temos

identificado uma série de fatores intra-escolares que parecem contribuir

para os altos índices de evasão e repetência na 5 ͣ série. O primeiro deles

é a falta de sequência intra e entre séries, na estrutura e organização do

plano curricular da escola, o que provoca despreparo do aluno para

atender às exigências acadêmicas da 5 ͣ série.

Ainda conforme Leite (1993), existe uma dicotomia que a Lei 5696/71 não superou

com relação à divisão antiga entre o primário e ginásio que Domingues (1995, apud: Leite

1993, p.33) “[...] conclui tratar-se de dois mundos distintos, marcados por profundas

diferenças quanto à estrutura, organização, conteúdos e práticas, desenvolvidas em sala de

aula”.

Outro fator citado pelo mesmo autor envolve a mudança brusca do relacionamento

professor-aluno provocado “[...] pela introdução na 5 ͣ série, do sistema de grade curricular

baseada na organização hora-aula, intercalando diferentes disciplinas, com diferentes

professores e uma contrastante diversidade na qualidade das relações de sala de aula”. O

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tempo restrito das aulas, a quantidade de turmas, impossibilita que o professor de sexto ano

tenha o mesmo relacionamento que o professor do ano anterior que dispunha de mais

tempo com o aluno e favorecia uma rotina de aproximação e conhecimento.

Sob essa perspectiva Kaus (2008, p.7), cita que:

Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1ª/4ª etapa do ciclo) o

trabalho do professor é unidocente, sendo ele aquele que ordena, controla,

tendo a aplicação da normatização força total para deflagrar reações e

resultados imediatos em relação à agitação física, verbal e

comportamental dos alunos. Comumente, a estratégia adotada resume-se

em sermões moralizantes por parte dos professores.

A aproximação se dá pela convivência e relações de afetividade construída no dia a

dia pelo conhecimento possível de cada agente no processo educacional. Já na escola de

sexto a nono ano, mais especificamente no início do processo, na fase de transição, é

requerido do aluno uma adaptação quase que imediata, pois terá professores diferentes a

cada cinquenta minutos, com trabalho pedagógico e formas diferentes de agir, não se

conseguindo uma linha filosófica.

A autora, Kaus (2008, p.7) continua dizendo:

[...] há uma abrupta ruptura estrutural, de sistema ciclado de ensino que aí

se transforma em seriado [...] sistema bimestral (com notas) com cálculo

de média mínima para aprovação, havendo possibilidade de reprovação

ao final de cada ano letivo. Este, ainda muito criança, enfrenta agora nove

disciplinas [...] são, portanto, nove professores com perfis diferentes,

áreas e trabalho pedagógico diversos. São adotados pelo menos cinco

livros didáticos do PNLD, mais o de língua estrangeira. Neste novo

contexto são muitos cadernos e um horário de aulas com vinte e cinco

hora/aulas semanais, salteadas entre as disciplinas, o que complica a

adaptação do aluno ao novo universo escolar. O tempo pedagógico que

era de quatro horas ininterruptas com o mesmo professor, passa para

cinco aulas diárias com duração de cinquenta minutos cada, entremeada

com intervalos marcados por campainhas, música ou outro demarcador

de tempo.

O aluno apresenta dificuldade de adaptação da nova estrutura e têm que se ajustar a

vários professores, disciplinas específicas com horário de aula restrito e horários diferentes

a cada dia da semana, livros didáticos em substituição às apostilas.

Atualmente, os alunos da rede municipal possuem um professor para ministrar os

conteúdos de português, matemática, ciências, geografia, história e têm um número

reduzido de aulas específicas, ou seja, uma aula de educação física por semana e uma aula

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de inglês e arte a cada 15 dias.

Barbosa (2008, p. 2), acrescenta que existe uma dupla transição, além da passagem

da infância para a pré-adolescência, tem “[...] a passagem da rede municipal para a rede

estadual, isto significa lidar com um universo novo e com políticas educacionais distintas”.

As duas redes possuem peculiaridades que implica na qualidade do desenvolvimento e se

relaciona diretamente ao processo ensino-aprendizagem que envolve tanto o perfil dos

alunos que chegam à rede estadual quanto dos professores que trabalham com eles.

A confirmação de que acontecem mudanças nessa passagem com características

específicas, são descritas por Leite (1933, p.40,41):

De fato, ocorrem mudanças abruptas e radicais no processo de ensino

desenvolvido até a 4 ͣ série e o que se inicia na 5 ͣ. Tais mudanças são

visíveis no planejamento e organização curricular, nos conteúdos e

práticas de sala de aula (diversidade de disciplinas sem que a sequência

de conteúdos seja respeitada), no sistema de avaliação, que é mais rígido

(valorização da prova bimestral) e, principalmente, no tipo de relação

professor-aluno que se estabelece na 5 ͣ série (relação impessoal,

momento em que se passa a exigir que o aluno assuma total

responsabilidade por seu desempenho).

Num estudo para entender a passagem entre esses anos escolares e pela organização

diferenciada, Scandelari (2008, p. 2), diz que a transição “[...] pode se dar de forma mais

ou menos conturbada dependendo do trabalho pedagógico que será desenvolvido pelos

professores envolvidos nesse processo”. O ideal seria que o professor de sexto ano na

escola estadual, fosse aquele que já tivesse trabalhado com o ensino fundamental nas séries

iniciais ou que escolhesse a turma por ter perfil para trabalhar com essa faixa etária, mas de

acordo com a distribuição de aula e critérios de classificação nem sempre os professores

mais experientes escolhem trabalhar com o sexto ano.

Continua a autora ressaltando a importância do relacionamento e a necessidade de

conhecer a fase em que os alunos se encontram, quando diz:

A postura do professor em relação aos seus alunos é um fator de extrema

importância, principalmente quando se trata de lecionar para crianças que

estão passando da infância para a adolescência e apresentam mudanças

significativas nesta fase da vida, tanto físicas como psicológicas que

refletem diretamente em suas emoções, que por sua vez, refletem de

forma acentuada na sua aprendizagem (SCANDELARI, 2008, p.2).

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Scandelari (2008, p. 5) recorda que o aluno de quinto ano além de ter um professor

que pode exercer maior controle na turma na parte organizacional em relação ao capricho

na letra e caderno, tarefas de casa, tem os pais mais próximos pelo fato de levar o filho

para a escola. Já no sexto ano exige-se maior independência “[...] e se virem com as

tarefas”. Os alunos estavam habituados com a cobrança, “[...] e sentem necessidade da

aprovação ou elogio do professor”.

É comum observar nas turmas de sexto ano, situações de tumulto, tensão e ou

“indisciplina”, quando os alunos solicitam mais atenção do professor, por exemplo, no

desenvolvimento de uma atividade ou correção de tarefa. A grande maioria quer mostrar as

atividades ao mesmo tempo, competem entre si para tentar ser o primeiro a ter a atenção.

Chamam a todo instante, mesmo quando veem que o professor está verificando a atividade

de todos na carteira.

Percebe-se também certa insegurança na realização da tarefa e ao mesmo tempo a

necessidade da aprovação. Mais uma vez salienta-se a necessidade de se ter um professor

experiente. Segundo Scandelari (2008, p.6) “[...] cabe aos professores organizarem e

orientarem suas práticas em função do comportamento dos alunos”.

Eschilettiprati; Eizirik (2006), reforçam que a passagem do quinto para o sexto ano

“[...] se configura como um momento no qual novos elementos complexificam as práticas

adotadas por professores, pais e alunos. Segundo Bossa (2000 apud Eschilettiprati; Eizirik,

2006), “Entrar na quinta série, ao mesmo tempo em que simboliza o desejo de crescer, de

lutar por uma nova identidade e expectativa social, faz com que o aluno tenha que lidar

com a dor que esse crescimento pode trazer”.

Existe uma preocupação em torno dessa passagem que pode ser descrita como uma

época de transformações e desafios, especialmente para o aluno. É um período em que a

criança terá uma nova realidade escolar, em espaço e com pessoas diferentes. Alunos, pais

e professores precisam encontrar uma forma de conviver que corresponda às novas

expectativas e desafios e encontrar formas para lidar com a situação.

Outra realidade comentada por Eschilettiprati; Eizirik (2006), é a maior autonomia

dos alunos de sexto ano. Sabem que o professor tem controle sobre a aprendizagem e na

sala de aula, nos outros espaços escolares como refeitório, pátio, corredores, sentem-se

mais à vontade para conversar e encontrar amigos.

Eizirik; Comerlato (2004, p. 20) escrevendo sobre uma pesquisa realizada verificou

que os lugares mais significativos para os alunos são os espaços fora das atividades formais

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e registram “[...] também se criam nos interstícios, espaços para o encontro, para o gesto

amigo, para a brincadeira; talvez esta seja uma das mais importantes dimensões da escola –

espaço de socialização”.

Os pais, segundo Eschilettiprati; Eizirik (2006, p. 295) também se preparam

[...] para dar mais autonomia para os filhos quanto à vida escolar. É

esperado que pais de filhos pré-adolescentes ajam diferentemente do que

pais de crianças menores. Há uma preocupação dos pais em não invadir a

vida dos filhos que começam a tomar conta de si. As práticas da escola,

ao mesmo tempo em que valorizam essa atitude, passam a mensagem de

que gostariam de ter os pais mais presentes na escola.

Os pais se distanciam da escola nessa época por conta de maior autonomia

pleiteada pelos pré-adolescentes, pela necessidade de crescimento social que a fase de

transição proporciona, pela disponibilidade de horário dos pais, ocupados com seus

afazeres.

Ramos e Ramos (2009/2010, p. 34) colocam sobre um desafio a enfrentar nos dias

de hoje, o tempo escasso destinado à convivência, ocasionado pela maior jornada de

trabalho, em razão de necessidades econômicas ou outras atividades externas que “[...] com

frequência resulta no enfraquecimento da coesão familiar”. Porém, escola e família têm os

mesmos objetivos, ou seja, que a criança, adolescente ou jovem, tenha sucesso na

aprendizagem, enriqueça a sua formação e se desenvolva em todos os aspectos: físico,

moral, social, emocional, psicológico. A participação da família na escola visa valorizar a

aprendizagem do aluno e é de competência da escola desenvolver estratégias para

fortalecer a parceria com os responsáveis do educando, criando oportunidades para que se

sintam acolhidos e corresponsáveis no processo de ensino-aprendizagem.

Orsolon (2003, p.179), acredita que a relação família-escola deva ser de parceria,

e significa assumir juntos a educação da criança ou adolescente, filho e aluno. “A relação

de parceria supõe confiança mútua e cumplicidade. Isto é, conversas, trocas, discussões dos

problemas e assunção conjunta das decisões tomadas”.

Para que a parceria se efetive é necessário que escola e família se conheçam

mediante o exercício do diálogo e cabe à escola, segundo Heidrick (2009, p.26) “[...]

orientar os pais e subsidiá-los com informações sobre o processo de ensino- aprendizagem,

colocá-los a par dos objetivos da escola e dos projetos desenvolvidos e criar momentos em

que essa colaboração possa se efetivar”.

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À escola cabe ensinar os conteúdos historicamente construídos; à família cabe

acompanhar a formação do filho, dar atenção, demonstrar interesse, curiosidade para saber

o que acontece em sala de aula, reforçar a importância do que estão aprendendo, incentivar,

estimular a querer aprender e estudar, comparecer na escola para saber da aprendizagem e

da caminhada do filho e quando possível, participar no âmbito coletivo, contribuindo na

gestão escolar como membro da APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários) ou

do Conselho Escolar, das atividades desenvolvidas pela escola e principalmente que possa

contribuir com sugestões positivas para aprimorar a gestão democrática na escola.

No dizer de Orsolon (2003, p.182) “O trabalho de parceria com a família constrói-

se com e no coletivo da escola, mediante a articulação dos diferentes atores da

organização, na complexidade e na dinamicidade das relações, nos espaços previstos pela

organização e nos espaços reivindicados”.

Continuando, a autora diz que a articulação para estabelecer a parceria com a

família tem que ser intencional, bem planejada, discutida com os membros da comunidade

escolar, inserida no projeto político pedagógico da escola, pretender ser transformadora da

situação vigente, considerando as particularidades da sociedade na qual estão inseridos. “A

parceria constitui o encontro de diferentes para realizar um projeto comum” (ORSOLON,

2003, p. 179).

Para Szymanski (2011, p. 98), escola e família têm em comum a intenção de

preparar os alunos para a “[...] inserção futura na sociedade e o desempenho de funções

que possibilitem a continuidade da vida social”. Ambas são importantes e complementares

para a formação do cidadão. Para tanto, devem enfrentar os desafios e buscar soluções para

fortalecer a parceria.

A primeira etapa da Metodologia da Problematização utilizando o Arco de

Maguerez, foi possível com a observação das reações, comentários e questionamentos

feitos pelas crianças durante a aplicação do questionário e pelos seus pais, nas reuniões das

escolas municipais que abriram espaço para que o projeto fosse exposto e ganhasse o apoio

da comunidade escolar, assim como pelo levantamento de dados das respostas produzidas.

3 METODOLOGIA DE TRABALHO

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Foi utilizado questionário com questões abertas e fechadas para os dois grupos. As

participações foram positivas e resultaram em anotações pertinentes e valiosas.

A intencionalidade dessa pesquisa não é fazer uma análise quantitativa dos dados e

sim levantar as situações que podem gerar problemas. Assim, fazendo uma apreciação dos

fatos, pode-se citar que foi possível reparar no comportamento dos alunos, nas regras em

sala de aula e na escola, o carinho e apego à professora e escola atual, o gosto pela

merenda, pelas aulas de educação física e brincadeiras, entre outros.

Em contrapartida, foi possível levantar alguns pontos-chave, que requerem atenção,

análise, estudo, elaboração de hipóteses para a solução e aplicabilidade à realidade, ou seja,

buscar alternativas que resultem em ações eficazes e práticas. Os pontos mais observados

foram: o tamanho da escola, maior e com mais alunos em comparação a três das

municipais; a preocupação com a variedade de disciplinas e professores no próximo ano;

conteúdos mais difíceis; o curto espaço de tempo entre uma aula e outra e a necessidade de

agilizar as atividades; o horário de estudo dependendo do número de vagas ofertadas em

cada um dos períodos (matutino e vespertino) e o critério para conseguir a vaga; escola e

professores desconhecidos para a grande maioria, medo da maneira como serão “tratados”

pelos professores (ouviram falar que são bravos); as brigas entre os alunos; o

relacionamento com os alunos mais velhos que já estudam na escola; maior liberdade;

entre outras questões.

Pelos estudos realizados dos diversos autores, pela diversidade e complexidade das

questões elencadas, nem todas serão passíveis de estudo e busca de solução neste trabalho,

como por exemplo, a violência que resulta em briga na escola. É um assunto que precisaria

ser estudado profundamente e explorado de uma forma extensa com todas as turmas.

Entretanto, nos sextos anos haverá uma ação pontual e tudo será feito para minimizar o

impacto que toda mudança acarreta na vida de uma criança, trabalhando um texto (As três

peneiras), lembrando as regras de boa convivência e respeito ao próximo.

As hipóteses formuladas para minimizar os problemas, em busca de soluções e as

ações pleiteadas, foram baseadas na fundamentação teórica, expressa no tópico anterior e

serão divididas em várias frentes de atuação: com os alunos, os pais ou responsáveis e,

apesar de não ser o público-alvo nesse trabalho, também uma intervenção com os

professores de sexto ano em 2013. Tanto num como no outro grupo haverá implementação

que acontecerá ainda no ano de 2012, enquanto o aluno ainda está na rede municipal.

Um dos assuntos que mais trouxe questionamento durante as reuniões de pais e

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pelas crianças foi com relação ao período de estudo. Todo ano, as vagas ofertadas no

período da manhã não são suficientes para acolher todos os alunos, o que gera

questionamentos, apreensão, descontentamento e conflito.

Diante do exposto, uma hipótese levantada foi de mostrar desde o primeiro

momento a lisura e clareza com que a escola pretende se relacionar com a família. A

sugestão feita e acatada pela direção e secretaria da escola foi de enviar um bilhete para os

pais ou responsáveis comunicando os dias de matrícula (3 a 7 de dezembro), juntamente

com um resumo dos critérios enviados pela Secretaria de Estado de Educação – SEED, que

postulou na Instrução Normativa Conjunta 12/2012-SEED/SUED/SUD, as orientações

para matrícula na rede estadual. No primeiro dia da matrícula, haverá uma pessoa à

disposição para mostrar a escola para os pais que quiserem conhecer a estrutura física e

princípios da escola.

Para os alunos que estão assustados com o tamanho da escola, foram convidados a

conhecer a escola juntamente com a professora atual, para gerar mais segurança e mostrar

que não é tão grande nem tão assustadora como parece. Foram convidados também a

visitar a exposição de trabalhos e a participar da II Afrofest, uma festa promovida

anualmente pela comunidade escolar, durante dois dias, em que há mostra de trabalhos

realizados pelos alunos e professores, nas diferentes disciplinas, referentes à cultura afro-

brasileira e indígena, apresentações artísticas, escolha de garotos e garotas Rocha Chueiri e

envolvimento de todos da comunidade escolar.

A preocupação com a variedade de disciplinas e professores no próximo ano,

conteúdos mais difíceis, o curto espaço de tempo entre uma aula e outra e a necessidade de

agilizar as atividades, medo da maneira como serão “tratados” pelos professores, alunos

que declararam que nem sempre fazem as tarefas ou que não gostam de estudar. São

questões voltadas ao relacionamento professor-aluno, metodologia de ensino e processo

ensino-aprendizagem. Embora o foco do projeto não seja trabalhar com os professores,

urge que se trabalhe separadamente com os professores do sexto ano.

No início do próximo ano, será apresentado para o colegiado escolar, durante a

semana pedagógica, esta produção didático-pedagógica e as ações de implementação. Com

base na fundamentação teórica, será relembrado a todos os participantes, principalmente ao

corpo docente, a fase de transição em que os alunos se encontram e a necessidade de se ter

uma atenção especial com esses alunos.

Apesar disso, será pleiteado espaço para uma reunião com os professores de sexto

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ano para colocar detalhadamente as preocupações citadas anteriormente e a necessidade

que esses alunos têm de uma referência, que busquem trabalhar com muita atenção,

carinho, explicando diversas vezes o conteúdo se for necessário, orientando

minuciosamente, dando um tempo maior para a realização das atividades e que procurem

ter regras claras, justas e respeitadas. Com ajuda desses professores, desenvolver um

trabalho para mostrar: as regras de boa convivência, a importância do estudo, a

necessidade da organização do material, das tarefas de casa, dos trabalhos solicitados, tudo

devidamente explicado e com anotação no caderno para o acompanhamento dos pais.

Quanto ao problema da mudança de comportamento das crianças quando chegam

nessa nova fase escolar, além da mudança da fase de vida, do fim da referência única da

professora, que coloca limites e regras, da entrada em cena de vários professores, uma

possibilidade é propor aos professores que cada um assuma uma turma como uma espécie

de orientador, um professor representante de turma, um apoio a mais que os alunos terão

para ajudá-los a pleitear suas reivindicações juntamente com o representante de turma.

Espera-se maior vínculo de afetividade, respeito e atenção. Os professores incentivarão os

alunos para combinarem regras para bom relacionamento na sala de aula e no pátio.

Quanto ao receio de atrito com os colegas mais velhos, será solicitada uma ação do

Grêmio Estudantil, para o acolhimento dos novos alunos, encaminhando-os para o local de

distribuição de turmas, no primeiro dia de aula, para que sintam o quanto são bem-vindos

Ainda na fase de início de ano, com a ajuda do professor representante de turma,

novamente apresentar as dependências físicas da escola, situando-os aos espaços e aos

funcionários responsáveis por cada setor.

Mais duas ações estão previstas para fazer a integração dos novos alunos com os

mais velhos. Acolhê-los na primeira semana de aula com apresentações artísticas

representadas pelos alunos das outras séries para que possam vibrar e sentir a alegria e

responsabilidade com que fazem essas atividades. Essa estratégia também visa à integração

entre os alunos do sexto ano, visto que muitos não se conhecem. São oriundos de quatro

escolas diferentes, com localizações opostas da região urbana do município. Ainda nesse

período, com o auxílio dos professores de educação física, solicitar que façam aula

conjunta entre os alunos de sexto ano e outras séries.

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3.1 ATIVIDADE DESENVOLVIDA COM OS ALUNOS

O entendimento, a percepção do outro é a primeira coisa que afeta o relacionamento

entre os seres humanos e permite criar novos laços de amizade ou gerar algum possível

conflito, como o que acontece na escola resultante de brincadeira desagradável, falta de

entrosamento, conversa mal resolvida, isto é, cogita-se que um falou do outro e sem nem

tentar entender o que está acontecendo, partem para a provocação verbal ou para confronto

físico. Para minimizar e prevenir os atritos, foi escolhido o texto abaixo para ser trabalhado

com todas as turmas de sexto ano, para ser sempre lembrado e levar à ponderação. Texto

disponível em: O Pentecoste (2012), adaptado de – As três peneiras de Sócrates.

AS TRÊS PENEIRAS

Numa pequena casa do bairro, um homem cuidava da sua horta no

fundo do quintal.

Enquanto o filho ia para escola, ele todos os dias com o mesmo carinho

se dedicava aos canteiros de couve, alface e outras verduras lindas e verdinhas.

Chega o filho da escola, troca o seu uniforme, pega o balde e corre em

direção a horta, gritando eufórico, avisando de sua chegada.

O pai fica contente de ver o filho se aproximando com o balde, não só

pelo fato de grande ajuda que lhe dá, mas também pela oportunidade de poder

conversar. Entre uma conversa e outra, o filho lhe conta sobre os fatos da

escola.

_ Pai, o senhor não sabe o que me contaram sobre o Chiquinho...

_ Espere um pouco. O que você vai me contar já passou pelas três

peneiras de que lhe falei na semana passada? Interrompe o pai.

_ Bem, não tenho certeza diz o garoto, um pouco embaraçado.

_ Vamos à primeira: a peneira da VERDADE. Você tem certeza de que

o fato é absolutamente verdadeiro?

_ Não sei, só sei que me contaram.

_ Então, se não tem certeza, sua história já vazou pelos furos da

primeira peneira. Vejamos a segunda: a peneira da BONDADE é alguma coisa

que você gostaria que os outros dissessem a seu respeito?

_ Claro que não!

_ A história acaba de escoar pela segunda peneira. Vamos à terceira: a

peneira de NECESSIDADE. Você acha que é necessário passar adiante essa

história sobre Chiquinho?

_ Não, papai. O senhor tem razão. Eu não imaginava que passando

pelas três peneiras não ia sobrar nada dessa história. Com a sua ajuda, vou

procurar não me esquecer mais disso quando falar de outras pessoas.

Todos serão beneficiados. Caso contrário, é melhor guardar apenas para

si, esquecer e enterrar tudo. Pois será uma conversa a menos para envenenar o

ambiente e levar discórdia entre irmãos, amigos, parentes, e vizinhos...

Uma grande opção é ser sempre a estação terminal de qualquer

comentário infeliz. Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá

passar pelas três peneiras...

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A) Primeira parte: Leitura e reflexão

Entregar o material impresso para leitura individual do texto As Três Peneiras, com

fundamentação num texto referenciado a Sócrates, filósofo grego, precursor da filosofia

ocidental. Pedir para pensar sobre a mensagem.

Leitura coletiva acompanhando na TV multimídia. Interpretação oral conjunta e

após explorar todas as boas ações salientadas pelo pai, pedindo que contem algum fato que

tenha acontecido com eles que os faça recordar de ter falado algo indevido de alguém.

Questionamento: vale a pena repassar algum assunto se não presenciou?

Convêm contar ao amigo que ouviu o outro falando um nome que parecia ser o seu,

sem ter certeza do que estava acontecendo? O que vai falar ajudará alguém? Passou pelas

três peneiras? O que fala do amigo gostaria que falasse de si?

Em sala de aula podem todos falar ao mesmo tempo? Como se fazer ouvir? É

possível ouvir o colega e depois dar a sua opinião, levantando a mão para sinalizar que

pretende contribuir com o assunto em discussão? Cumprimentar o amigo, ajudar na tarefa,

compartilhar o espaço de recreio e na sala de aula, ser gentil, agradável, ajudará a ter um

relacionamento amigável e sadio? Estas e outras questões serão abordadas para instalar um

clima agradável entre os colegas da turma.

B) Segunda Parte: Escrita

Incentivar para que reflitam qual sugestão poderiam deixar para as outras turmas e

que expressem, através de texto ou desenho, questões que envolvem as qualidades das

pessoas e a necessidade de “peneirar” as coisas que falam.

3.2 AÇÕES COM OS PAIS OU RESPONSÁVEIS

Com os pais e ou responsáveis serão promovidos momentos para reflexão, palestra,

que terá o nome de Encontro de Pais, para tratar de assuntos de interesse da família e

escola. Nos questionários enviados aos pais foi solicitado que se pronunciassem quanto o

que os interessava nas reuniões da escola, se participariam de reuniões na escola e que

assuntos seria relevante discutir. O grande interesse é saber do rendimento escolar e

comportamento do filho(a). Algumas sugestões para as reuniões serão utilizadas para

elaboração desse material.

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Nos encontros haverá a participação de especialistas, psicólogos e assistente social,

vinculados às secretarias municipais do município, para auxiliar na reflexão de cada

assunto para favorecer o crescimento da comunidade escolar. Espera-se também que a

presença desses profissionais traga maior interesse na participação da família nos

encontros previstos.

A) PRIMEIRO ENCONTRO: CONHECENDO A ESCOLA

Objetivos:

Apresentar aos pais ou responsáveis, direção, equipe pedagógica, professores e

funcionários, bem como a estrutura física, filosofia, pontos importantes do Projeto

Político Pedagógico (PPP), do regimento escolar, normas e sistematização,

mudanças da estrutura escolar, direitos e deveres, uso de uniforme.

Apresentar a proposta do Projeto de Intervenção Pedagógica, as ações programadas

na Produção Didático-Pedagógica que serão desenvolvidas, esclarecer sobre a

implementação, convidar os presentes para participar dos Encontros de Pais,

informar os assuntos previstos que serão discutidos, propor definir melhor data e

horário com os mesmos e deixar claro a importância da participação da família na

vida escolar do filho.

Reunião coordenada pela direção da escola com participação dos professores e

equipe pedagógica.

B) SEGUNDO ENCONTRO: FUNÇÃO DA ESCOLA E

NECESSIDADE DA PARCERIA

Objetivos:

Identificar a função da escola.

Criar situações para que família sinta prazer em comparecer na escola.

Mostrar as famílias como pode se dar a necessária parceria.

Lembrando que à escola cabe ensinar os conteúdos historicamente construídos

tentando levar a criança ou adolescente a não perder a “paixão pelo estudo”. Para isso terá

que ter um cuidado especial para garantir a organização, para que o aluno crie o hábito de

anotar data, conteúdo, tarefa em caderno de anotação ou agenda se possível, cobrar tarefa

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de casa e em sala, ter clareza com as regras combinadas e respeitá-las. Continuar a entrega

de boletins por série, em dias separados para que os professores e pais tenham mais tempo

de discutir caso a caso separadamente. Acolher a família dos alunos para dar todas as

informações solicitadas, bem como criar situações para que sintam a importância de sua

participação na vida escolar do filho e quanto é necessária a parceria com a escola.

A orientação às famílias será no sentido de acompanhar a formação do filho, dar

atenção, demonstrar interesse, curiosidade para saber o que acontece em sala de aula,

reforçar a importância do que estão aprendendo, incentivar, estimular a querer aprender e

estudar, orientar quanto a amizades e cobrar valores, atitudes e boas maneiras, ajudar a

organizar o material escolar de acordo com o horário correspondente, orientar e cobrar

compromisso com o estudo, organização, compromissos, datas tarefas e uniforme,

acompanhar tarefas, combinar horário de estudo.

Além de comparecer na escola para saber da aprendizagem e da caminhada do filho

e quando possível, participar no âmbito coletivo, contribuindo na gestão escolar como

membro da APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários) ou do Conselho Escolar,

das atividades desenvolvidas pela escola e principalmente que possa contribuir com

sugestões positivas para aprimorar a gestão democrática na escola.

Como reforço pelas reflexões realizadas no dia, será entregue um folheto com dicas

de como auxiliar o filho nas tarefas de casa e outro com dicas simples para ajudar na

adaptação nessa fase de transição do quinto para o sexto ano, baseado, no guia de

educação, disponível no site Educar para Crescer (2012) no artigo Guia para Educação.

C) TERCEIRO ENCONTRO: FASES DE DESENVOLVIMENTO DO

SER HUMANO

Objetivo:

Mostrar as fases de desenvolvimento do ser humano desde o seu nascimento até a

fase adulta com o envelhecimento.

Essa estratégia pretende informar aos pais as fases pelas quais o ser humano passa

mostrando algumas características marcantes de cada uma delas para que possam lembrar

com carinho o que viveram com os filhos, compreender as etapas que já passaram ou

passarão com os filhos, consigo e ou familiares e as necessidades e características de cada

uma.

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A palestra será ministrada por um psicólogo, em ação conjunta com a Secretaria

Municipal de Promoção Social. Serão utilizados vídeos para ilustrar a palestra, sendo um

deles intitulado Fases do Desenvolvimento da Criança (LOPES, et al. 2012).

D) QUARTO ENCONTRO: COMPORTAMENTO DOS ADOLESCENTES:

COMO RESOLVER OU AMENIZAR TAL PROBLEMA

Objetivo:

Detalhar como se processa o desenvolvimento e as transformações pelas quais o ser

humano passa na adolescência.

Importante para pais e professores entender as transformações pela qual passa o ser

humano nessa fase da vida. Os hormônios entram em ebulição, o corpo muda, o

entendimento de si e do outro entra em atrito, há descobertas, curiosidades e desejos,

mudanças psicológicas. Aumenta a relação com o mundo externo, fica “antenado” com as

novas tecnologias, sendo o grupo mais importante que a família.

Os assuntos a serem focados na palestra contemplam os seguintes itens:

Desenvolvimento juvenil, hormônios a flor da pele, a importância do grupo (necessidade

para a socialização, crescimento e riscos), a difícil tarefa de encontrar a sua identidade, a

abstração dos pensamentos, o uso das tecnologias, o perigo com as drogas e

relacionamento entre os jovens.

Reflexão coordenada por um psicólogo em parceria com a Secretaria de

Promoção Social do município de Ribeirão Claro.

E) QUINTO ENCONTRO: VIOLÊNCIA NA ESCOLA: BRIGAS SEM

MOTIVO REAL APARENTE

Objetivo:

Discutir com os familiares as questões que envolvem as constantes brigas que

ocorrem no ambiente escolar.

Mostrar para as famílias como foi trabalhado com os alunos o texto para melhorar a

convivência, tendo em vista que os atritos acontecem aparentemente sem motivo

significativo.

Mostrar aos pais que a criança costuma imitar as atitudes dos adultos e quanto é

importante ter bons exemplos.

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A atividade será desenvolvida exibindo o vídeo: Pai, eu estou te observando,

produzido por FLOODGATE Productions (2012). Alertar sobre os pontos positivos e a

importância do relacionamento entre os membros da família, fortalecendo o ditado popular

que uma imagem vale mais do que mil palavras.

F) SEXTO ENCONTRO: ATIVIDADE RECREATIVA

Objetivo:

Promover um dia de alegria com jogos s e brincadeiras entre pais e filhos.

Atividade recreativa envolvendo os alunos e familiares com a ajuda da direção,

vice-direção e professores. Contará com a coordenação do vice-diretor, também professor

de Educação Física.

Pretende-se nesse dia que fique uma mensagem simples e significativa. Na

correria do cotidiano nem sempre é possível participar de tudo na vida dos filhos. O

importante é ter amor, companheirismo e que o pouco tempo disponível possa ser revertido

em momentos de prazer intenso, forte e deixe marcas profundas de emoção e alegria. O

que importa é a qualidade da atenção, do amor transmitida ao filho, ao aluno.

Repetindo a colocação de Szymanski (2011, p. 98), escola e família têm em

comum a intenção de preparar os alunos para a “[...] inserção futura na sociedade e o

desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social”. Ambas são

importantes e complementares para a formação do cidadão. Para tanto, devem enfrentar os

desafios e buscar soluções para fortalecer a parceria.

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