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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO - diaadiaeducacao.pr.gov.br · Para que a leitura realmente se efetive, é necessário que ela preencha uma lacuna na vida do leitor, precisa vir ao encontro

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: LEITURA LITERÁRIA: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE LEITORES NO

COTIDIANO ESCOLAR

Autor LIDIA BENVINDO DOS SANTOS

Disciplina/Área (ingresso no PDE) PORTUGUÊS

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

COLÉGIO ESTADUAL EMÍLIO DE MENEZES

Município da escola ARAPONGAS

Núcleo Regional de Educação APUCARANA

Professor Orientador TELMA MACIEL DA SILVA

Instituição de Ensino Superior UEL

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes

disciplinas compreendidas no

trabalho)

Resumo

(descrever a justificativa, objetivos

e metodologia utilizada. A

informação deverá conter no

máximo 1300 caracteres, ou 200

palavras, fonte Arial ou Times

New Roman, tamanho 12 e

espaçamento simples)

O Presente trabalho trata da formação de leitores no curso de

formação de docentes do Colégio Estadual Emílio de

Menezes. Esse estudo surgiu da problemática que envolve a

leitura literária no cotidiano escolar e o papel do professor na

formação do leitor. Fundamentado nas novas teorias sobre o

assunto, o projeto pretende levar os alunos a um contato

significativo com a leitura. Para isso, optou-se por obras

literárias de diferentes gêneros para que o aluno experimente

o prazer estético das obras selecionadas.

Na perspectiva de que um texto "puxa" outro serão

trabalhados diferentes gêneros literários para que o aluno

possa adentrar no mundo da literatura e dele usufruir

esteticamente. A implementação do projeto se dará em forma

de encontros para leitura e discussão das obras selecionadas.

Pretende-se assim estimular o gosto pela leitura ampliando o

repertório de obras lidas, para que os futuros professores

sejam leitores e assim possam disseminar a leitura entre seus

alunos.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras)

Literatura, escola, formação de leitores.

Formato do Material Didático UNIDADE DIDÁTICA

Público Alvo

(indicar o grupo para o qual o

material didático foi desenvolvido:

professores, alunos,

comunidade...)

ALUNOS DO ENSINO MÉDIO – CURSO DE FORMAÇÃO DE

DOCENTES

TEMA: A LITERATURA E A FORMAÇÃO DE LEITORES NO

ENSINO MÉDIO.

TÍTULO: LEITURA LITERÁRIA: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO

DE LEITORES NO COTIDIANO ESCOLAR

ÁREA DO PDE: PORTUGUÊS

NRE: APUCARANA

PROFESSOR ORIENTADOR I.E.S. – Prof.ª Drª Telma Maciel da

Silva

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Emílio de

Menezes

PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: Alunos do Curso de

Formação de Docentes

Mensagem

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ (Bertold Brecht)

Quem construiu a Tebas de sete portas?

Nos livros estão nomes de reis.

Arrastaram eles os blocos de pedra?

E a Babilônia várias vezes destruída

Quem a ergueu outras tantas?

Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros

Na noite em que ficou pronta a muralha da China?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.

Quem os levantou?

Sobre quem triunfaram os Césares?

A decantada Bizâncio

Tinha somente palácio para os seus habitantes?

Mesmo na lendária Atlântida

Na noite que o mar a engoliu,

Os que se afoganam gritavam por seus escravos

O jovem Alexandre conquistou a Índia.

Ele sozinho?

César bateu os gauleses.

Felipe da Espanha chorou quando sua Armada naufragou.

Ninguém mais chorou?

Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.

Quem venceu além dele?

Uma vitória em cada página.

Quem cozinhava os banquetes da vitória?

Um grande homem a cada dez anos.

Quem pagava suas despesas?

Tantas relatos.

Tantas perguntas.

SUMáRIO

APRESENTAÇÃO........................................................... 2

INTRODUÇÃO .............................................................. 3

PRIMEIRO BLOCO ... Error! Bookmark not defined.

1ª OFICINA – MEMÓRIAS DE LEITURA ............................................ 8

2ª OFICINA – PAUSA – MÁRIO QUINTANA ..................................... 10

3ª OFICINA: felicidade clandestina – Clarice Lispector . 13

4ª OFICINA: AMPLIANDO LEITURAS ............................................ 16

5ª oficina: ANARQUISTAS GRAÇAS A DEUS – ZÉLIA GATTAI ...... 18

SEGUNDO BLOCO ........................................................ 24

1ª OFICINA: a cartomante – machado de assis ..................... 25

2ª OFICINA: AMPLIANDO LEITURAS ............................................ 29

3ª OFICINA – A casa dos espíritos – isabel allende ............. 37

ENCERRAMENTO DAS OFICINAS ................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................... 44

2

APRESENTAÇÃO

O Presente trabalho trata da formação de leitores no curso de formação

de docentes do Colégio Estadual Emílio de Menezes. Esse estudo surgiu da

problemática que envolve a leitura literária no cotidiano escolar e o papel do

professor na formação do leitor. Fundamentado nas novas teorias sobre o

assunto, o projeto pretende levar os alunos a um contato significativo com a

leitura. Para isso, optou-se por obras literárias de diferentes gêneros para que

o aluno experimente o prazer estético das obras selecionadas.

Na perspectiva de que um texto "puxa" outro serão trabalhados

diferentes gêneros literários para que o aluno possa adentrar no mundo da

literatura e dele usufruir esteticamente. A implementação do projeto se dará em

forma de encontros para leitura e discussão das obras selecionadas. Pretende-

se assim estimular o gosto pela leitura ampliando o repertório de obras lidas,

para que os futuros professores sejam leitores e assim possam disseminar a

leitura entre seus alunos.

Palavras chaves: literatura, formação de leitores, escola.

3

INTRODUÇÃO

A formação de leitores é discussão pontual entre os educadores. Em se

tratando de leitura literária o problema se agiganta, pois para que o aluno

efetivamente se torne leitor, faz-se necessário um trabalho árduo por parte da

escola para atingir esse objetivo.

Há muitas lacunas no ensino da literatura, uma vez que seu objetivo

maior é a formação de leitores, no entanto, na maioria das vezes, a escola tem

apenas feito um simulacro do que seria formar, efetivamente, um leitor crítico

e reflexivo. Fala-se de períodos literários, apresenta-se aos alunos fragmentos

de obras literárias, sem que ele tenha um contato significativo com a obra

propriamente dita. E ano a ano percebe-se um desânimo tanto por parte dos

alunos quanto dos professores. De um lado, os professores reclamam que

essa geração não lê, de outro há alunos apáticos sem nenhuma perspectiva de

mudança.

Esse estudo parte da premissa de que para romper com o paradigma

vigente, é premente repensar o papel do professor na formação do leitor.

Professor leitor é ponto de partida no ato da disseminação da leitura no

cotidiano escolar. O ser humano nasce e cresce permeado de histórias, gosta

de ouvir e contar histórias. O que ocorre então que os alunos não se encantam

com a literatura?

Desde o nascimento até a morte o ser humano está em contado com o

mundo da imaginação, seja nas cantigas de ninar, nas histórias de fadas, nas

lendas, nas músicas, nas novelas televisivas, ele vive em constante contato

com o imaginário, com o belo, com o lendário. Não faz sentido então que não

goste de literatura, pois todo esse imaginário permeia o mundo literário.

Há aqueles que acreditam que os alunos oriundos das classes populares

não leem porque as famílias não são letradas. No entanto, de acordo com

estudos sobre o tema, a questão da leitura não está atrelada à divisão de

classes sociais; há alunos leitores e não leitores, independente de seu meio

social. O que comprova mais uma vez que a questão não passa pela falta do

livro e sim pela condição de acesso a leituras significativas. A escola pública

para ser democrática e cidadã precisa criar mecanismos para que efetivamente

4

seus alunos se tornem leitores e apreciadores de literatura. À escola, na figura

do professor, cabe o importante papel de difundir as histórias que fizeram e

fazem parte de sua vida, pois quem é leitor não consegue guardar apenas para

si aqueles livros que marcaram profundamente sua vida. Essa é a proposta

deste trabalho: oferecer literatura aos alunos para que possam provar de seu

sabor e seu saber.

Para que a escola efetivamente forme leitores competentes de literatura,

é preciso trabalhar seu caráter lúdico valorizando as histórias de leitura tanto

do professor quanto do aluno. Uma forma interessante de trabalho é introduzir

a contação de histórias. Compartilhar as histórias de leitura, prestar contas de

sua leitura aos alunos é um modo do professor efetivamente formar leitores.

Outra maneira não menos interessante de trabalho com a literatura é criar

comunidades de leitura, nesse espaço professor e aluno leem e compartilham

leituras levando o aluno à fruição da obra. Pennac (2008 p.104) concorda com

essa ideia quando afirma que o professor deve ler para seus alunos para

adentrá-los na história. Segundo ele, “O professor não é, aqui, mais do que um

casamenteiro. Quando é chegada a hora, é bom que ele saia de cena na ponta

dos pés”.

O ensino da literatura aqui preconizado é o contato direto do aluno com

o texto literário. Texto literário que não se concebe como mero estudo

estruturalista da língua, mas que se faz no diálogo que o leitor entabula com o

objeto de leitura. Sendo assim é preciso especificar o que é um texto literário.

O que diferencia o literário do não literário não está imanente somente

ao texto, mas participa de um processo amplo que envolve o contexto de

produção e de recepção da obra. A linguagem literária possui uma dimensão

polissêmica, simbólica, transgressora do que é comum, transcende a realidade,

recriando-a no momento da leitura. E uma leitura sempre será nova de acordo

com seus interlocutores. Calvino (1993), afirma que uma mesma obra literária é

outro livro dependendo de quando e como se lê. Uma obra lida na juventude e

retomada na idade adulta é outro livro, pois o indivíduo possui outras

experiências de vida. Como afirma Freire (1985. p.11) “A leitura de mundo

precede a leitura da palavra [...]”.

5

De acordo com Geraldi, “compreender um texto é indicar o que se tem a

dizer em relação a ele e para ele” (GERALDI apud ROJO, 1991, p. 40); é na

atribuição de sentido ao texto que a obra literária se faz e se refaz. A literatura

possui um caráter atemporal, pois não fica presa ao seu contexto de produção,

ela se lança à frente no momento da leitura. É no momento da recepção que o

leitor vai preenchendo os “vazios” de acordo com sua visão de mundo. Iser

apud Martins (2001) afirma que a literatura assemelha-se a um jogo em que o

autor dita as regras por meio do tecido do texto. Ao leitor cabe descobrir e

redescobrir como jogar, engendrando novos sentidos para o texto, fazendo

inferências, enfim decifrando os meandros implícitos do texto literário.

Neste trabalho, o objeto de estudo será o texto, conforme preconizam as

DCEs do estado do Paraná. Nesse contexto, um texto “puxa” outro levando o

aluno ao contato com diferentes obras literárias. Dessa forma, democratiza-se

o acesso ao livro, pois de acordo com Cândido (1995) o acesso à cidadania

pressupõe não apenas ao preenchimento das necessidades básicas de

sobrevivência, mas também as que garantem a integridade espiritual da qual a

literatura é grande aliada. Para que a escola seja efetivamente democrática, é

necessário romper com a barbárie instaurada que nega o acesso cultural aos

seus cidadãos, entre eles o livro. Soares corrobora com essa ideia quando

afirma que “[...] a leitura, particularmente a leitura literária, além de dever ser

democratizada, é também democratizante [...] em grande parte, somos o que

lemos e [...] não apenas lemos os livros, mas também somos lidos por eles”.

(SOARES apud PAIVA, 2008. p.12)

Para que a leitura realmente se efetive, é necessário que ela preencha

uma lacuna na vida do leitor, precisa vir ao encontro de uma necessidade, de

um desejo, de uma vontade de conhecer a si mesmo e aos outros. Em uma

carta a um amigo assim Kafka fala sobre o ato da leitura:

No fim das contas penso que devemos ler livros que nos mordam e piquem. Se o livro que estamos lendo não nos sacode como um golpe no crânio, porque nos darmos ao trabalho de lê-lo? Para que nos faça feliz: como diz você? Meu Deus seríamos felizes da mesma forma senão tivéssemos livros. Livros que nos façam felizes em caso de necessidade, poderíamos escrevê-los nós mesmos. Precisamos é de alguém que amamos, que nos façam sentir como se tivéssemos sido

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banidos para a floresta, longe da presença humana, como um suicídio. Um livro tem de ser um machado para o mar gelado de dentro de nós. É nisso que acredito. (KAFKA apud MANGUEL, 1993, p. 113)

O corpus escolhido para a formatação desse projeto é variado e

abrangente, pois pretende colocar o aluno em contado com diferentes obras

literárias despertando-lhe o gosto pela leitura.

O que se propõe é que o aluno tenha um contato significativo com a

literatura de forma gratuita e não apenas ler para a escola, para preencher

fichas de leitura. De acordo com Pennac (2008. p. 31) “A gratuidade é a moeda

da arte”, dessa forma o aluno terá acesso ao livro para conhecer a narrativa

nele contida, para se encantar com o mundo da ficção.

Para formar leitores há que se indicar o caminho. Esse caminho será

percorrido do texto menor – crônicas e contos – ao texto maior – romance. De

Mario Quintana à Clarice Lispector, de Bartolomeu Campos Queirós à Zélia

Gattai. De Machado de Assis à Isabel Allende e Gabriel Garcia Márquez. Será

uma viagem significativa tendo como proposta maior a sedução dos alunos

pelo encanto e pela magia da criação literária.

As obras trabalhadas serão contextualizadas para que os alunos

compreendam seu contexto de produção. Compreender esse contexto é

essencial para que os alunos as resignifique no momento da recepção do texto

literário, pois a significação de uma obra se dá também de acordo com seu

leitor e sua leitura de mundo.

A arte literária, o fazer literário será discutido no espaço das oficinas

para que o aluno compreenda como se dá a tessitura do texto literário. Para

que um texto seja considerado literário é necessário que uma visão, uma

emoção particular do autor se transforme em universal, pois traduzem os

sentimentos, as emoções de tantos quantos dela se apropriarem.

A literatura, na visão de Cândido (1995), é humanizadora na medida em

que proporciona o contato com as emoções e com a visão de mundo de

determinado estrato social. O direito à literatura se constitui numa luta que é de

todos, "pois humaniza e faz viver”.

7

Enfim, é essa a proposta desse trabalho, direcionar o olhar para o

mundo da literatura que traz em seu bojo todas as angústias, anseios, desejos

e contradições do ser humano.

8

PRIMEIRO BLOCO

Não, não tenho caminho novo.

O que tenho de novo é o jeito de caminhar.

Thiago Mello - Escritor

1ª OFICINA – MEMÓRIAS DE LEITURA

“Tudo no mundo está dando respostas, o que demora é o tempo das

perguntas”

José Saramago - Escritor

Relembrar o passado é resignificar as experiências vividas, é refazer o

percurso da vida, por isso os alunos serão convidados a contar suas memórias

de leitura. O professor encaminhará algumas perguntas para direcionar o texto.

Num primeiro momento, os alunos responderão as questões para organizar

seu texto que posteriormente será relatado aos colegas. Algumas sugestões de

perguntas:

"Pausa" Mário

Quintana

"Felicidade Clandestina"

Clarice Lispector

Ler escrever e fazer conta de

cabeça Bartolomeu

Queiróz

Anarquistas Graças a

Deus

Zelia Gatai

Memórias de leitura

aluno

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Como se deu sua aproximação com a leitura quando era criança?

Quem contava histórias em sua infância?

Quais histórias marcaram sua infância?

Na escola como se deu sua aproximação com a leitura, teve alguém que

o incentivou a ler?

Quais livros marcaram sua vida?

Quais suas preferências atuais de leitura? Percebe no meio escolar

preocupação com o incentivo a leitura?

Professor, este momento é muito importante para

conhecer o referencial de leitura dos alunos e para

que eles possam socializar suas experiências. As

atividades escritas serão guardadas para serem

usadas na produção final.

10

2ª OFICINA – PAUSA – MÁRIO QUINTANA

Será apresentada a crônica “Pausa”, de Mário Quintana, em seguida o

professor lerá o texto para os alunos.

Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas

feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com

que se parecem os óculos sobre a mesa.

Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?

Com algum ciclista tombado?

Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?

Pausa (Mario Quintana)

Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na

leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias

coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos

sobre a mesa.

Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas

pernas ou antenas?

Com algum ciclista tombado?

Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem

mesmo?

[...]

Fonte: QUINTANA, Mário. A vaca e o hipogrifo. São Paulo: 3. Ed. Globo: 2006.

A vaca e o hipogrifo. © by Elena Quintana. São Paulo, Globo

A vaca e o hipogrifo. © by Elena Quintana. São Paulo, Globo

A vaca e o hipogrifo. © by Elena Quintana. São Paulo, Globo

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AUTOR E OBRA

Mario Quintana nasceu em Alegrete, Rio Grande do Sul em 1906.

Estudou em colégio militar, em Porto Alegre, de 1919 a 1924. Em 1919, foi

colaborador na revista Hyloea. Em 1926 ganhou prêmio em concurso de contos

do Jornal Diário de Notícias.

Seu primeiro livro de poesia, A Rua dos Cataventos, foi publicado em

1940. Em 1981, recebeu o Prêmio Machado de Assis e o Prêmio Jabuti de

Personalidade Literária do Ano. Mário Quintana faz parte da segunda geração

do Modernismo.

Poeta do humor e das coisas simples do cotidiano, Quintana criou

verdadeiros tratados sobre a condição humana, a fugacidade da vida, o nascer

e o viver. Solitário costumava viver em hotéis, o Magestic Hotel, onde viveu de

1968 a 1980, foi tombado em 1982 como patrimônio do Estado. Em 08 de julho

de 1983, torna-se a Casa de Cultura Mário Quintana.

Foi agraciado com diversos títulos entre eles o de Doutor Honoris

Causa, concedido pela Universidade do Rio Grande do Sul. Vários de seus

poemas foram musicados pelo maestro Gil de Roca Sales. Em 1989 é eleito o

Príncipe dos Poetas brasileiros. Faleceu em 05 de maio de 1994.

Obras do autor:

A Rua dos Cataventos

Canções

Sapato Florido

O Batalhão das Letras

Pé de Pilão

Quintanares

Baú de Espantos

Preparativos de Viagem

Velório sem Defunto

Fonte: QUINTANA, Mário. A vaca e o hipogrifo. São Paulo: 3. Ed. Globo: 2006.

PAUSA - MÁRIO QUINTANA

O texto Pausa de Mario Quintana trata-se de uma crônica, gênero

literário que se caracteriza por ter como base um assunto do cotidiano. Filtrado

pela sensibilidade do cronista se transforma num texto literário traduzindo a

visão de mundo do autor. É um texto curto que circula muitas vezes em jornais

e procura fazer uma reflexão sobre determinado tema de forma crítica, fatos

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corriqueiros do dia-a-dia e que muitas vezes passam despercebidos pela

maioria das pessoas e que nas mãos do autor ganham novas nuances e cores.

Exemplo disso é a indagação que o escritor Mário Quintana faz em torno

do fazer poético, enfim da literatura. A partir da observação de seus óculos

sobre a mesa faz uma reflexão profunda sobre o papel da literatura,

especificamente da poesia na vida das pessoas. Aos olhos do poeta, os óculos,

aparentemente um simples objeto – ganham no texto uma significação

especial, não são mais objetos, se transformam em insetos. Semanticamente

remete a ideia de que fazer literatura é transcender o real e recriar o visível em

questões filosóficas. Busca ainda na intertextualidade com os personagens

Sancho Pança e Dom Quixote – personagens do clássico universal de Miguel

de Cervantes – Dom Quixote.

Dom Quixote simboliza o lado sonhador, poético e visionário do ser

humano, enquanto Sancho Pança remete ao lado prático, a realidade. Esses

dois personagens convivem com o ser humano, levando-o ora ao idealismo,

ora a realidade. Mario Quintana se utiliza desses personagens para mostrar

como se dá o fazer literário e a função da literatura. No entanto, defende o

pressuposto de que o texto literário para ser compreendido depende do leitor,

pois em suas palavras ao escritor não cabe desvendar os enigmas, os

mistérios e sim propô-los. No trabalho com o aluno faz-se necessário essa

análise para que compreenda o sentido do texto, principalmente no

reconhecimento da polifonia presente que remete a outros textos e que se o

aluno não tiver bagagem de leitura prejudica o entendimento do mesmo.

ATIVIDADES:

Observe que no texto há a presença da intertextualidade, o diálogo com

outros textos – a obra Dom Quixote de Cervantes é retomada pelo autor,

que ora se identifica com Dom Quixote ora com Sancho Pança; analise

o significado dessa representação tessitura do texto literário.

Qual a significação da analogia entre os óculos e um inseto que pousa

sobre a mesa no contexto da produção do texto?

De acordo com Mário Quintana, qual seria a função da literatura?

13

3ª OFICINA: felicidade clandestina – Clarice

Lispector

Apresentação do Conto memorialístico “Felicidade Clandestina”, de

Clarice Lispector. O professor fará a leitura do texto e a discussão da temática

e da linguagem utilizada pela autora, seu contexto de produção e de recepção

da obra entre outras características pertinentes.

FELICIDADE CLANDESTINA

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos

excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto

enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas.

Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por

cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer

criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai

dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para

aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela

nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai.

Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde

morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás

escrevia com letra bordadíssima palavras como "data

natalícia" e "saudade".

[...]

Fonte: LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

14

CONTO: FELICIDADE CLANDESTINA

O Conto Felicidade Clandestina faz parte do livro que leva o mesmo

nome Felicidade Clandestina, publicado em 1971. A obra reúne narrativas

publicadas anteriormente em A Legião Estrangeira e mais dez novas histórias.

A prosa da escritora Clarice Lispector caracteriza-se por uma temática

de cunho intimista em que o eixo principal é o questionamento do ser e do

estar no mundo. Em suas narrativas, projeta o seu próprio eu numa espécie de

alter ego da autora. Trata em suas obras das inquietações e crises existenciais

próprias do ser humano. Além disso, procura desvendar os aspectos

psicológicos de suas personagens, buscando o âmago dos problemas

humanos em suas múltiplas manifestações.

O conto “Felicidade Clandestina” conta a infância da escritora em

Recife. Observa-se no texto a oposição semântica entre as duas personagens

principais: de um lado a filha do dono da livraria é caracterizada negativamente,

ela era gorda, sardenta e baixa, enquanto a protagonista era bonita, esguia,

como as outras. No entanto, a filha do livreiro tinha uma grande vantagem

sobre todas: seu pai era dono de uma livraria, possuía o sonho de consumo da

menina que amava ler; tinha livros que ironicamente não os lia.

O conflito do texto se dá quando a menina descobre que a outra possuía

o livro Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. A partir desse momento se

estabelece um profundo sofrimento na vida da menina. Ela passa a ir todos os

dias à casa da outra para emprestar o livro e é incessantemente ludibriada. Até

que a mãe descobre e lhe entrega o livro. A menina passa então a conviver

com o livro como se fosse seu amante. Entre os sustos de tê-lo ou não. A

comparação do livro com um amante remete o leitor à ideia implícita no texto

da questão do acesso ao livro. No contexto histórico vivido pela Autora-

personagem, livros eram apenas para as classes sociais privilegiadas, por isso

a analogia com o amante também proibido naquele contexto.

FONTE: BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 42. ed. São Paulo: Cultrix,

2005.

15

AUTORA E OBRA

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1925 e veio para o Brasil no ano

seguinte, início de 1926, com apenas dois meses.A escritora morou em Recife

até os doze anos, tendo-se mudado para o Rio de Janeiro em 1937. Cursou

Direito e trabalhou em jornais, enquanto estudava. Com apenas 17 anos

publicou a obra Perto do Coração Selvagem. Já nesse romance segundo Bosi

(2005 p. 424) a escritora já prenuncia aquele que seria seu estilo inconfundível:

“O uso intensivo da metáfora insólita, a entrega ao fluxo de consciência, a

ruptura com o enredo factual”.[...]. Em seus romances posteriores esse estilo

de narrar permanecerá inalterado, levando o leitor pelo labirinto do mundo

interior.

Em 1944, formou-se, casou-se com um colega de turma e foi viver na

Europa. Trabalhou como enfermeira voluntária da FEB na Itália. Depois de

viver alguns anos na Europa com o marido, retornou ao Brasil em 1960. Teve

dois filhos e ocupou sua vida em escrever e traduzir.

No seu retorno ao Brasil presenciou uma série de fatos que marcaram a

vida do país como a inauguração de Brasília, o governo e a renúncia de Jânio

Quadros ocorrida e o inicio da ditadura militar em 1964. Porém essa

efervescência política não é essencial na compreensão da obra da autora, pois

sua principal temática está voltada para o mundo interior dos personagens,

para as questões metafísicas que permeiam a existência humana.

Faleceu em 1977.

FONTE: BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 42. ed. São Paulo:

Cultrix,2005.

ATIVIDADES:

Leitura e discussão sobre o conto, contexto de produção e estilo da

autora.

No texto, a narradora diz que sua felicidade será sempre clandestina.

Levando em conta a temática abordada, explique a significação

dessa proposição no contexto da obra.

16

No enredo percebe-se o sofrimento da personagem principal pela

dificuldade de acesso ao livro pretendido. Atualmente ainda é

possível que os leitores não tenham acesso aos livros? Justifique sua

resposta.

Separe duas colunas e relacione as características das duas

personagens principais. Qual o efeito de sentido que a oposição

entre as duas personagens produz no conto?

4ª OFICINA: AMPLIANDO LEITURAS

Nesta oficina será apresentado o livro Ler, escrever e fazer conta de

cabeça – de Bartolomeu Campos Queiroz. O que se pretende é ampliar o

repertório de leitura do gênero memórias. Por se tratar de um livro de menor

extensão, a leitura do mesmo se dará no espaço da oficina.

AUTOR E OBRA

Bartolomeu Campos de Queirós nasceu em Minas Gerais. Viveu e

trabalhou em Belo Horizonte. Seu primeiro livro O peixe e o pássaro foi

publicado em 1971. A partir publicou vários livros recebendo por seu trabalho

literário vários prêmios significativos, entre eles: Prêmio Jabuti, Prêmio Bienal

Internacional de São Paulo, O Melhor para jovem, entre outros importantes

prêmios.

Pelo conteúdo poético de suas obras, a crítica especializada tem

apontado a obra de Bartolomeu Campos de Queirós como uma das mais

importantes na atual produção literária para crianças e jovens. Capaz de uma

reflexão sensível e criativa sobre a produção artística e educacional, o escritor

teve seus textos publicados em diversos jornais e revistas especializadas do

país, bem como obras traduzidas, peças teatrais, poesias e antologias.

Bartolomeu Campos Queiróz faleceu em 2008.

Obras do autor:

O peixe e os pássaros

Onde tem bruxa tem fada

Faca afiada

Ciganos

Flora

Indez

17

Correspondência

Cavaleiros das sete Luas

Por parte de pai

FONTE: QUEIRÓS, Bartolomeu Campos. Vida e obra de Aletrícia depois de Zoroastro. São Paulo: Uno Educação,

2009.

OBRA: LER, ESCREVER E FAZER CONTA DE CABEÇA

A obra de Bartolomeu Campos de Queirós é de cunho autobiográfico,

configurando-se em textos de memórias. O autor relembra fatos de sua infância

filtrados pela lembrança com alto grau de subjetividade. Sua obra é

extremamente poética, leem-se parágrafos que são verdadeiros trechos de

pura poesia. Nesse ambiente poético, o autor vai traçando sua infância e

adolescência de forma sensível e humana, levando o leitor ao seu mundo ao

contexto vivido pelo autor-personagem.

O livro Ler, escrever e fazer conta de cabeça, como o próprio título

indica, conta a história do menino que foi para a escola para aprender a ler,

escrever e fazer conta de cabeça; os bons exemplos, segundo as sábias

palavras de seu pai, o menino aprenderia copiando exemplos de bondade.

Relembrando o trajeto de sua infância e adolescência, o menino vai

levando o leitor a entrar em contado com um contexto social rico em

experiências e vivências. Há fatos interessantes presentes no texto como a

entrada na escola. O personagem vê na professora um alguém muito querido,

contrariando o que alguns livros de memórias retratam, no geral, a entrada na

escola se dá de forma traumática.

Entremeado pelas dificuldades familiares, como a doença da mãe, o

menino vai recolhendo materiais para sua escrita. Já desde pequeno

rascunhava textos que eram pura poesia. Com a doença da mãe, começa a

vislumbrar as agruras da vida, no entanto, esse sofrimento vem amadurecer

mais seus sentimentos que serão matéria de sua escrita. Eivados pelas

vicissitudes da vida, o livro vai se desenvolvendo num crescendo de ternura e

emoção para descambar no inevitável: a morte da mãe, ponto alto da narrativa.

18

ATIVIDADES

Leitura do primeiro e segundo capítulos;

Leitura do terceiro e quarto capítulo;

Discussão sobre a linguagem poética presente na obra. Prosa

poética – ritmo presente no texto.

Pesquisa no laboratório de informática: diferença entre poesia e

poema.

Audição da música de Roberto Carlos “Naquela Casa”. Estabelecer

pontos de convergência entre a música e o livro lido.

5ª oficina: ANARQUISTAS GRAÇAS A DEUS – ZÉLIA

GATTAI

Nesta oficina será apresentado o livro Anarquista graças a Deus, de

Zélia Gatai. Por se tratar de uma obra maior, será apresentado um breve relado

sobre o conteúdo do livro. A contação de história procurará despertar no aluno

a curiosidade sobre a narrativa. Por se tratar de um livro de memórias é uma

leitura fácil e fluente. Após a contação de história, serão discutidas algumas

questões importantes para o entendimento da obra. Conhecer a escritora e seu

contexto de produção é fundamental para que a leitura seja significativa.

ESCRITORA E OBRA

Zélia Gattai nasceu em São Paulo em 1916, seus pais eram imigrantes

italianos que chegaram a São Paulo junto com uma leva de imigrantes

europeus em busca de oportunidades de trabalho. São Paulo vivia o auge da

industrialização e oferecia trabalho. Além dos imigrantes ofereceram mão de

obra, fundaram um movimento operário influenciado por ideias socialistas e

anarquistas. Zélia ainda jovem participou do movimento anarquista juntamente

com sua família. Eles tinham o sonho de uma sociedade sem opressores e

oprimidos.

Aos 20 anos, Zélia casou-se com Aldo Veiga, intelectual e militante

comunista, com quem teve um filho em 1942. No entanto, três anos mais tarde,

19

já separada de Aldo, conheceu o escritor baiano Jorge Amado. Os dois se

casaram e o relacionamento se estendeu até a morte do escritor, em 2001.

Jorge Amado também desenvolvia militância política, sendo membro do

Partido Comunista Brasileiro. Assim, ele e Zélia se conheceram na prática

militante, quando os dois trabalhavam pela anistia dos presos políticos, em

1945, no fim do Estado Novo. A partir de então, Zélia passou a secretariar o

trabalho do marido, cuidando da preparação e da revisão dos originais de seus

livros.

Em 1946, com o fim da Ditadura Vargas, Jorge Amado elegeu-se

deputado federal e o casal mudou-se para o Rio de Janeiro, então a capital do

país e sede do Congresso Nacional. Porém, um ano depois, o Partido

Comunista foi declarado ilegal, Amado não só perdeu o mandato, como teve

que exilar-se em Paris, juntamente com a família. Permaneceu na França três

anos.

Durante o período de exílio, Zélia fez cursos universitários na Sorbonne.

. Entre 1950 e 1952, a família viveu na Tchecoslováquia. Nessa época, Zélia

começou a fotografar, documentando momentos significativos da vida e da

carreira do escritor baiano. Durante sua permanência na Europa, o casal teve

contato com outras personalidades de destaque no panorama internacional da

cultura, como o poeta Pablo Neruda, o filósofo Jean-Paul Sartre e o pintor

Pablo Picasso.

Jorge Amado e Zélia Gattai retornaram ao Brasil ainda em 1952,

estabelecendo-se no Rio de Janeiro. Em 1963, fixaram residência em Salvador,

na Bahia. A escritora teve um filho do primeiro casamento e um casal do

casamento com Jorge Amado: João Jorge Amado e Paloma Jorge Amado.

Zélia Gattai se tornaria realmente conhecida aos 63 anos, com a

publicação de Anarquistas, Graças a Deus, livro de memórias que recebeu o

Prêmio Paulista de Revelação Literária de 1979. O livro foi adaptado para a TV

em 1982, numa minissérie dirigida por Walter Avancini.

20

No dia 6 de agosto de 2001, Jorge Amado morreu. Zélia foi eleita para a

Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 23, anteriormente ocupada por

seu marido.

Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o

espanhol, o alemão e o russo.

A escritora Zélia Gattai faleceu em 2008.

Obras da autora:

Um Chapéu para Viagem

Senhora dona do baile

Jardim de Inverno

Pipistrelo das Mil Cores

Crônica de uma Namorada

A Casa do Rio Vermelho

Vacina de Sapo e Outras

Lembranças

Fonte: GATTAI, Zélia. Anarquistas graças a Deus. 40. ed. São Paulo: Editora Record, 2008.

AMADO, Jorge. Navegação de Cabotagem. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.

OBRA: ANARQUISTAS GRAÇAS A DEUS

O livro Anarquista graças a Deus conta a saga da família Gattai.

Imigrantes italianos radicados em São Paulo, a família Gattai estabeleceu-se

em busca de novas oportunidades de vida. Zélia conta de forma sensível e

comovente as alegrias e as tristezas de uma família que sonhava com uma

sociedade justa e boa. O sonho de liberdade levaram seus pais participarem

do movimento anarquista no Brasil.

Tendo como legado a igualdade entre os homens, Zélia e os irmãos

viveram cercados por valores passados pelos pais na busca de um mundo

melhor para todos. Nesta saga familiar, Zélia relembra seus pais, Dona

Angelina e seu Ernesto, e a luta pela sobrevivência num país chamado Brasil.

Numa reminiscência cheia de saudade, Zélia relembra o vivido para não perder

a memória de seus antepassados.

Há acontecimentos peculiares nessa família italiana, como a paixão de

seu Ernesto por carros e corridas. Ao participar de uma corrida, seu Ernesto

21

sofre um acidente que quase lhe é fatal. Como sequela perdeu o paladar e

nunca mais pode sentir o sabor de uma macarronada no domingo. Ainda há

histórias envolvendo os irmãos, em que Zélia vai relembrando o passado e

trazendo para o livro o contexto social vivido naquela época.

Embora a família de Zélia seja de origem humilde, com pouco acesso à

escolaridade, ainda assim traz uma cultural letrada invejável. Sua mãe, Dona

Angelina, era leitora de Victor Hugo, Cervantes entre outros clássicos

universais. Esse legado ficou especialmente para Zélia, que se transformou

numa grande leitora e mais tarde escritora.

Embora tenha escrito o livro Anarquista graças a Deus apenas na idade

madura, sempre esteve em contato com o mundo da leitura. Ao conhecer Jorge

Amado, Zélia já tinha lido todos seus livros publicados. O pensamento politico

de Zélia sempre esteve alinhado ao ideário da liberdade e da justiça,

encontrando consonância no movimento anarquista do Brasil, tendo dele

participado de forma atuante.

Zélia Gattai escreveu Anarquista graças a Deus aos 63 anos, não

parando por aí. Com o passar do tempo, surgiram vários livros, a maioria de

memórias, retratando a sua vida ao lado do escritor Jorge Amado.

Jorge Amado (2008, p. 08) assim comenta sobre a escritura de

Anarquistas graças a Deus:

Assim ela fez: durante três anos, nas sobras de tempo de nossa vida atribulada, Zélia foi escrevendo as lembranças de uma infância e uma adolescência rica de acontecimentos, narrando o cotidiano das famílias de imigrantes daquela época, em São Paulo. Resultou, a meu ver, um livro pleno de interesse e de calor humano.

Relembrar o passado, rememorar as lembranças se constitui a matéria

dessas memórias de uma família que na década de vinte escolheu o Brasil

como seu destino.

22

O ANARQUISMO NO BRASIL

De acordo com Valente (2008), o Anarquismo se preocupa com os

ideais da justiça e da igualdade entre os homens, é o sonho de uma sociedade

sem as amarras do poder, de pleno direito de todos os homens. Várias

correntes se desdobram no Brasil procurando levar os oprimidos à

conscientização de que viviam numa sociedade desigual e desumana e que

precisavam lutar para o fortalecimento dos ideais de liberdade e fraternidade.

O movimento anarquista tinha grande preocupação com a instrução,

pois somente através da educação o homem poderia se libertar da opressão e

da submissão imposta por um sistema social excludente.

Ainda Valente (2008) assim explica o movimento anarquista:

O Anarquismo estará sempre presente na humanidade, por atender ao profundo desejo de liberdade, inerente a todo o ser humano; variam as épocas, variam os homens, variam as necessidades; mas não varia o sentido de viver. O homem sempre quis ser livre, e a luta por essa conquista da liberdade jamais deixará de fazer parte de seus sonhos; sonhos esses cuja expressão máxima talvez seja Don Quixote, o incansável cavaleiro a perseguir sem trégua, a realização de um desejo.

Esse sonho de sociedade desejada por muitos ainda constitui numa luta

de homens que de uma forma ou outra procuram desconstruir o discurso da

elite. Discurso esse que tem na opressão e no medo seu maior mecanismo

para subjugar a classe trabalhadora. A chamada literatura engajada tem muito

da filosofia do anarquismo em que o sonho de uma sociedade sem opressores

e oprimidos permeia o pensamento de muitos escritores dessa corrente de

pensamento.

Fonte: VALENTE, Silza Maria Pasello. A presença Rebelde na Cidade Sorriso. Londrina: Atrito Art

Editorial, 2004.

ATIVIDADES:

Leitura do capítulo I e II do livro selecionado.

Discussão sobre a os trechos lidos atentando para o discurso

empregado nesse gênero textual – memórias

Leitura do capítulo III e IV;

23

Roda de leitura – leitura compartilhada;

Análise do contexto histórico trazido na obra;

Análise dos ideais anarquistas que perpassam toda a obra;

Empréstimo do livro aos alunos;

Sugestões de leitura (memórias)

Um chapéu para viagem, de Zélia Gattai.

Senhora dona do baile, (idem).

Cigano e Vermelho Amargo, de Bartolomeu Campos Queiróz.

Solo de Clarineta I e II, de Érico Veríssimo.

Menino de Engenho e meus Verdes anos, de José Lins do Rego.

Navegação de Cabotagem, de Jorge Amado.

Viver para contar, de Gabriel Garcia Márquez.

Observação: será feito um breve comentário sobre

cada uma das obras acima relacionadas.

24

SEGUNDO BLOCO

"O vírus do amor ao livro é incurável, e eu procuro inocular esse vírus no maior número possível de pessoas."

JOSÉ MINDLIN - Bibliófilo e escritor brasileiro

Na perspectiva de que um texto “puxa” outros, neste segundo bloco se

buscará levar o aluno ao acesso às obras literárias, tendo como base uma

temática que nesse caso será a questão do misticismo tratada de forma

singular em cada um dos gêneros literários abordados. O que se quer na

verdade é provocar no aluno a fruição literária.

Para tanto, escolheu-se um corpus que trata desse tema, não se

pretendendo aqui um estudo aprofundado desta problemática, mas sim levar o

aluno ao contato com obras já consideradas clássicas, tanto da literatura

brasileira, quanto da América latina, com a presença nada mais nada menos do

que Machado de Assis, com o conto “A Cartomante”; Gabriel Garcia Márquez

em seus Cem anos de Solidão e com Isabel Allende, com sua Casa dos

Cem anos de Solidão,

Gabriel G. Márques

A casa dos espíritos,

Isabel Allende

"A Cartomante Machado",

de Assis

25

Espíritos, contando a saga de famílias compostas por mulheres fortes e

intuitivas como Nívea, Clara, Alba, Úrsula, Amaranta, Rebeca, entre tantas

outras personagens presentes nessas obras. Além disso, traçam um painel

vertiginoso de um contexto histórico e social ricos em acontecimentos

englobando parte significativa da América Latina.

Esses livros serão abordados a partir de uma temática para aguçar o

interesse dos alunos pela leitura, mas que será apenas um pretexto para a

apresentação das obras, pois elas vão muito além da temática abordada. E é

isso que se pretende: que o aluno rompa com sua expectativa inicial para

aprofundar em todos os meandros implícitos e explícitos presentes nessas

obras.

1ª OFICINA: a cartomante – machado de Assis

Em um primeiro momento será apresentado o livroclip do conto A

Cartomante, de Machado de Assis, para fazer um breve aquecimento para a

leitura da obra. Em se tratando de Machado, é necessária sempre a mediação

do professor para que os alunos efetivamente compreenda sua obra. Para

tanto, será procedida a leitura do conto estabelecendo as principais

características machadianas.

Será feita uma análise do texto com a presença do famoso triângulo

amoroso tão comum nos textos desse autor. A abordagem do tema da arte de

ler o futuro será contraposto com o momento atual. Na atualidade as pessoas

continuam acreditando em profecias ou esta já é uma prática ultrapassada? No

texto a profecia feita se cumpre ou não, entre outras questões que o texto

suscita.

26

AUTOR E OBRA

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Morro do Livramento no

ano de , de origem humilde, seu pai era pintor e sua mão lavandeira, perdeu

ainda na infância sua mãe e foi criado pela madrasta. Mulato e probre sofreu

todos os preconceitos de sua época. Estudou em escola pública, autodidata

construi seu conhecimento através de seu próprio esforço tornando-se um dos

maiores escritores de língua portuguesa.

Ao longo de sua vida desempenhou diversas funções: foi tipógrafo,

tradutor, revisor e funcionário público. Além de ser colaborador de algumas

revistas e jornais do Rio de Janeiro.

Fundou a Academia brasileira de letras e foi seu primeiro presidente.

De acordo com Bosi (2005), a obra de Machado de Assis pode ser

dividida em duas fases: fase romântica - os personagens de suas obras

possuem características românticas, sendo o amor e os relacionamentos

amorosos os principais temas. Na chamada fase realista Machado de Assis

abre espaços para as questões psicológicas dos personagens. É a fase em

que o autor retrata muito bem as características do realismo literário. O autor

faz uma análise profunda e realista do ser humano, destacando suas

mazelas,suas vontades, necessidades, defeitos e qualidades.

Fase Romântica

Ressurreição

A Mão e a Luva

Helena

Iaiá Garcia

Fase Realista

Memórias Postumas de Brás

cubas

Quincas Borba

Dom Casmurro

Memorial de Aires

27

Machado de Assis também escreveu contos como: Missa do Galo,

O Espelho e O Alienista. Escreveu diversos poemas, crônicas sobre o

cotidiano, peças de teatro, críticas literárias e teatrais.

Joaquim Maria Machado de Assis morreu em sua cidade natal, no ano de

1908.

FONTE:BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 42. ed. São Paulo:Cultrix,2005.

.

A CARTOMANTE – MACHADO DE ASSIS

Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na

terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que

dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro

de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar

uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.

— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada.

Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta,

antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a

botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..."

Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas,

combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você

me esquecesse, mas que não era verdade...

[...]

Fonte: ASSIS, Machado de. Obra completa. Organizada por Afrânio Coutinho. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

28

CONTO: A CARTOMANTE

O conto “A Cartomante”, de Machado de Assis, conta a história de Vilela

Rita e Camilo. Logo no início do conto, Machado estabelece uma

intertextualidade com Hamlet, de Shakespeare, pois afirma que há mais

mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia. A coerência do

texto vai se firmando na medida em que Camilo se declara um cético. Antes

acreditava em superstições, hoje se atém apenas ao cepo da religião. Significa

dizer que a ele não restaram questões míticas, esotéricas.

O contexto vivido pelas personagens é propício para que florescesse um

romance entre os dois. São amigos, estão sempre juntos e a mãe de Camilo

morre. Rita cuida do coração, Vilela dos negócios. Inicia-se um caso amoro,

passional enunciado a tragédia. Dado o contexto da época só poderia terminar

de modo trágico. Observa-se no conto que os amantes sabem dos perigos que

correm.

O tempo vai passado e os amantes percebem que o marido está

estranho. Dias depois, Camilo recebe um bilhete de Vilela para que vá a sua

casa. Neste momento o ceticismo do amante é colocado na berlinda. Numa

espécie de “a ocasião faz o homem”, Camilo resolve antes de ir à casa de Rita

consultar uma cartomante. Suas certezas, seu ceticismo estão abalados.

Chega à casa da vidente e ela lhe diz que pode ir tranquilo, pois o outro não

sabe de nada.

Aliviado, vai à casa de Rita, encontra-a morta e é morto pelo marido

enfurecido. Observa-se a pertinência da intertextualidade implícita com

Shakespeare, pois em sua obra há esse viés trágico. No texto e no contexto de

produção o fim só poderia ser trágico, tudo conspira contra os amantes, que à

moda shakespeariana, encontram a morte.

Atividades:

Procure em jornais alguns anúncios que trate de temas místicos,

esotéricos. Comparando com o conto a Cartomante, é possível

29

afirmar que esse tema faz parte da vida das pessoas em pleno

século XXI? Justifique sua resposta.

Pense no sucesso que as novelas televisivas que tratam de temas

místicos, do sobrenatural fazem. O Homem que viveu no século

XVIII, época em que viveu Machado de Assis, é diferente do homem

do séc. XXI? Justifique sua resposta.

2ª OFICINA: AMPLIANDO LEITURAS

Nesta oficina será apresentado o livro Cem anos de solidão, de Gabriel

Garcia Márquez. Incialmente será feito uma breve contação de história

apresentando a árvore genealógica da família. Em seguida será apresentado o

autor e a obra, bem como seu contexto de produção e uma breve análise do

romance. Será efetuada no espaço da oficina a leitura do capítulo I e II feito

pelo professor. Essa estratégia será usada para aproximar o aluno da obra. Os

demais capítulos serão lidos posteriormente e discutidos nos próximos

encontros.

Apresentação da árvore genealógica da Família Buendía em seus cem

anos de solidão. Contação da história enfatizado a questão da profecia

presente na obra, ponto convergente com o conto de Machado de Assis “A

Cartomante”.

CEM ANOS DE SOLIDÃO – GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ

José Arcádio Buendía sob o castanheiro - Coronel Aureliano Buendía e Remédios Moscote Fonte:

MÁRQUEZ, Gabriel. Cem Anos de Solidão. 65. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.

30

ÁRVORE GENEALÓGICA DA FAMÍLIA BUENDÍA

http://www.latinoamericano.jor.br/paraler_cemanos.html

AUTOR E OBRA

Gabriel Garcia Márquez é escritor de contos, novelista, jornalista e

ativista político colombiano. Nasceu em 06 de marco de 1927, no município de

Aracataca. É considerado um dos mais importantes escritores da atualidade.

A obra mais popular de Garcia Márquez é Cem anos de solidão, nesse

romance, o autor mistura o épico com o realismo fantástico. Gabriel Garcia

Márquez foi criado pelos avós maternos, pois os pais foram morar na cidade de

Barranquilla. Estudou ciências políticas e Direito na Universidade de Bogotá,

mas abandonou o curso antes de terminá-lo. Esse fato gera um profundo

desgosto aos pais, pois querem vê-lo formado. Em 1955, publicou seu primeiro

romance "La Hojarasca". Em 1958, foi trabalhar na Europa como

correspondente internacional. No seu retorno a Barranquilla, casa-se com

Mercedez Barcha com quem teve dois filhos.

31

Em 1961 foi trabalhar em Nova Iorque como correspondente

internacional. Porém, suas ligações como o regime político de Cuba fez com

que a CIA o perseguisse. Vai morar então no México. Em 1967, publicou sua

obra mais famosa Cem anos de solidão. Em 1982 vem o reconhecimento

internacional de sua obra com o recebimento do Prêmio Nobel de Literatura.

Fundou, em 1986, a Escola Internacional de Cinema e Televisão em Cuba.

Vive atualmente em Cuba.

OBRAS DO AUTOR:

Relato de um náufrago

Ninguém escreve ao coronel

Ninguém escreve ao coronel

Cem anos de solidão

A última viagem do navio

fantasma

Entre amigos

Um senhor muito velho com

umas asas enormes

Olhos de cão azul

O outono do Patriarca

Crônica de uma morte

anunciada

O verão feliz da senhora

Forbes

O Amor nos tempos do

Cólera

O general em seu labirinto

Doze contos peregrinos

Do amor e outros demônios

Fonte: MÁRQUEZ, Gabriel. Cem Anos de Solidão. 65. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008. ________________, Viver para contar. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.

32

OBRA: CEM ANOS DE SOLIDÃO

“Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece”

Eclesiastes: 1: 4.

O livro Cem anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez, conta a saga

da família Buendía em seus cem anos de Solidão. A história começa com a

fundação da lendária Macondo pelo patriarca da família José Arcádio Buendía

e sua esposa Úrsula Iguarán. O casal eram primos e pairava sobre eles um

cruel destino: o filho poderia nascer com rabo de porco. Esse episódio

desencadeia a fundação de Macondo, pois José Arcádio comete um

assassinato ao ser ridicularizado por outro homem, pois seu casamento não

tinha se consumado porque Úrsula temia que o terrível prognóstico se

cumprisse em seus descendentes.

Fugindo do local onde moravam, procuram o caminho do mar e fundam

Macondo, a cidade dos espelhos. As gerações vão se sucedendo e o destino

se cumpre em cada um dos seus habitantes. Há um personagem mítico

presente ao longo de toda trama, o cigano Melquíades, que diz ter desvendado

as profecias de Nostradamus. Ele faz um trágico prognóstico da família: o

primeiro membro do Clã estará amarrado a uma árvore e o último será comido

pelas formigas. Essa profecia será cumprida ao longo da obra e ao se

desvendar os pergaminhos escritos pelo cigano no final da narrativa.

Os ciganos são elementos importantes em todo o enredo, pois são eles

que trazem a Macondo, aldeia isolada da América Latina, os progressos da

ciência. Gabriel Garcia Márquez cria personagens presos a um intrincado jogo

do destino, em que se sentem aprisionados e não conseguem fugir de seu

fado. É o mito do eterno retorno, a narrativa se dá de forma cíclica, é o tempo

mítico, ou seja, o que sucede a um membro da família sucede ao outro

também. De acordo com Mircéa Eliade (2000) o tempo mítico é atemporal, é a

tentativa do homem de anular o tempo histórico para que o ciclo possa ser

recomeçado. Os acontecimentos se repetem nos personagens ao longo de

toda a narrativa.

33

Esse aspecto cíclico se dá na medida e que os nomes vão se repetindo

assim como a personalidade de cada personagem. Ninguém consegue fugir ao

seu próprio destino. O tempo da narrativa se funde em passado, presente,

futuro, esses aparecem concomitantemente no texto. Já no inicio da obra Cem

anos de Solidão, o autor com maestria dá conta desse fenômeno ao justapor o

tempo presente, passado e futuro: “Muitos anos depois, diante do pelotão de

fuzilamento o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota

em que seu pai o levou para conhecer o gelo”. (Gabriel Garcia Márquez, p. 7).

De acordo com Jozef apud Zanchet: (1974), o que ocorreu no passado se

repete no presente e no futuro porque esses fatos já aconteceram e se

repetirão infinitamente nas sete gerações contempladas no romance.

Zanchet (2007 p.03) enfatiza essa ideia ao afirmar que:

A estrutura do eterno retorno em Cem anos de solidão se radica num fim que implica começo, tanto do ponto de vista formal quanto mítico. Assim, o voltar ao começo é recorrente – até na própria prolepse que aponta o futuro –, pois a regressão é o movimento que inaugura a narrativa: “Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”. (Gabriel Garcia Márquez, p. 7). Aproximadamente, na metade da obra, no início do 10º capítulo, há uma remissão menipéica ao capítulo 1º: “Anos depois, em seu leito de agonia Aureliano Segundo haveria de se lembrar da chuvosa tarde de julho em que entrou no quarto para conhecer o seu primeiro filho”. (Gabriel Garcia Márquez, p. 165).

A narrativa cíclica se dá tanto do ponto de vista formal, da estrutura do

romance, como dos acontecimentos que vão se repetindo em toda a trama.

O Realismo-fantástico, a junção entre fatos sobrenaturais com a

realidade, é tão imanente ao texto que passa ao leitor a sensação que

realmente ocorreu, como é o caso da conversa com os mortos que acontece

entre José Arcádio e Prudêncio Aguilar, sua vítima. Eles conversam debaixo da

velha árvore onde o patriarca da família está amarrado. Outro episódio do

realismo-fantástico ocorre quando a personagem Remédios é levada aos céus

por um lençol e nunca mais voltou. Esses fatos narrados são apenas alguns

exemplos do realismo fantástico presentes na narrativa. É a presença de

34

elementos místicos que fazem parte do imaginário popular e que nas mãos do

escritor ganham novas cores e nuances confundindo-se com a realidade.

Há ainda a intertextualidade com a mitologia grega, o complexo de Édipo

é retomado pelo autor. Édipo, segundo a mitologia grega, tinha uma predição

de que se casaria com sua própria mãe e vai embora para fugir de seu destino.

Mas como o homem está condenado a cumprir seu fado, acaba matando seu

pai sem saber e casa-se com sua mãe cometendo incesto. Os personagens de

Márquez também estão presos a seu destino: José Arcádio e Úrsula são

primos e há a lembrança de um possível incesto por serem parentes. Além

disso, existe uma crença na família que o casamento entre os primos poderá

gerar filhos com rabo de porco. Essa predição não se cumpre no casal, mas

nas futuras gerações isso ocorrerá. Ao final de Cem anos de solidão,

Amaranta, bisneta de Úrsula, comete incesto ao coabitar com seu sobrinho

Aureliano Babilônia, neto renegado pela avó por ter sido fruto de um

casamento proibido de sua filha Meme. Os dois são castigados, além de terem

um filho com rabo de porco, a criança é comida pelas formigas.

Além da mitologia grega, a obra ainda retoma alguns mitos bíblicos

como o gênesis que é o início da criação e o apocalipse que é a destruição

total. Na obra há a fundação de Macondo por um casal, remetendo a Adão e

Eva no Jardim do Éden. E ao final há o aniquilamento total, o apocalipse, o

cataclismo que se abate sobre a família que não terá outra chance sobre a

terra. Ao ser decifrado os pergaminhos por Aureliano Babilônia, penúltimo

membro da estirpe “O Céu desmoronou-se em tempestade de estrupício e o

Norte mandava furacões que destelhavam as casas, derrubavam as paredes e

arrancavam pela raiz os últimos talos as plantações” (Gabriel Garcia Márquez,

p. 394). Cumpre-se assim o destino trágico da família, que fica impedida de

viver outra história sobre a terra.

Além de toda essa temática do sobrenatural e do mítico estarem tão

presentes na obra, ainda se percebe o viés histórico. Em Cem anos de Solidão

há muito da vivência do escritor como o massacre de Aracataca que é descrito

no livro. Esse fato é narrado no livro autobiográfico Viver para Contar, a

companhia bananeira liderada pelos norte-americanos mandou assassinar três

35

mil trabalhadores em greve. Esse fato foi negado pela história oficial, houve

uma espécie de apagamento do imaginário popular. Ao final, negou-se não

apenas o massacre dos trabalhadores, mas também a própria greve.

Cem anos de Solidão é por excelência considerado um clássico da

literatura latina, depois de Dom Quixote é o maior romance de todos os tempos

por retratar não apenas a família Buendía em sua solidão e isolamento, mas a

própria América Latina que sofreu o processo colonizador gerando problemas

crônicos que afetam a população até os dias atuais.

O REALISMO FANTÁTICO NA LITERATURA

O realismo fantástico na literatura consiste em juntar fatos da realidade

com o mágico, mostrando elementos sobrenaturais como algo habitual e

corriqueiro. Os elementos mágicos são apresentados sem explicação, eles se

dão de forma intuitiva e se fundem com a realidade como se de fato tivessem

ocorrido.

O realismo mágico coincide com a ditadura militar na América Latina,

numa época em que as liberdades são vigiadas, criou-se o mecanismo de

explicar a realidade de forma mística para se contrapor ao discurso oficial do

poder constituído. Outra explicação para o surgimento do realismo fantástico

está no campo das diferenças entre cultura erudita e cultura popular, o povo

latino é rico em criar superstições e crendices para explicar aquilo que não

adquiriu ou não compreendeu pelo conhecimento científico.

Os principais representantes do realismo fantástico da América Latina

são Gabriel Garcia Márquez da Colômbia e Isabel Allende do Chile.

Fonte: http://www.infoescola.com/literatura/realismo-magico/ pesquisado em 30 de outubro de 2012.

36

ATIVIDADES:

Contação de história do livro Cem anos de Solidão usando a árvore

genealógica da família Buendia (banner)

Leitura do I e II capítulos do livro Cem anos de Solidão

Roda de leitura – leitura compartilhada do III e IV capítulo

Empréstimo do livro para leitura

Observe o texto de Paulo Leminski:

“Não discuto com o destino, o que pintar eu assino.”

Paulo Leminski.

http://fraseamentos.com/frase/paulo-leminski/nao-discuto-destino-pintar-assino/

Relacione com a profecia feita pelo cigano Melquíades: o patriarca da

família estaria amarrado a uma árvore e o último seria comido pelas

formigas. Eles convergem ou divergem com o texto de Paulo Leminski?

Justifique sua resposta.

Você acredita no destino ou as pessoas têm livre arbítrio para decidir

sua vida? Justifique sua resposta.

O livro Cem anos de Solidão não possui um enredo linear que segue a

linha do tempo. A narrativa se dá de forma cíclica, é o chamado tempo

mítico, o qual Mircea Eliade define como tempo que “transcende o

tempo concreto”, ou seja, tudo ocorre ciclicamente e a trama é toda na

base de acontecimentos fantásticos, é uma certa valorização metafísica

da existência humana. É o lllud Temporis, o tempo imemorial das

origens. Tudo o que acontece na vida do homem segundo o tempo

mítico é apenas a repetição de algo que já ocorreu. É o presente

atemporal, que se repete indefinidamente gerando o aspecto do eterno

retorno as origens (mito do eterno retorno).

A personagem Úrsula Iguarán acompanha a família Buendia nas sete

gerações que a sucedem. Essa personagem costumava dizer que as

características físicas e psicológicas da família estavam relacionadas

com os nomes repetidos: todos os Josés Arcádios eram impulsivos,

extrovertidos e trabalhadores; os Aurelianos eram pacatos, estudiosos e

fechados em seu mundo interior. Todos os membros da família Buendía

37

são batizados com os mesmos nomes reforçando a repetição, o aspecto

cíclico da obra.

A partir do trecho acima, redija um texto de opinião mostrando, com

passagens do livro, de que maneira o “mito do eterno retorno” é

trabalhado por Gabriel García Márquez.

O personagem Melquíades é outro personagem que acompanha a

família Buendía ao longo das gerações. Tomando como base o realismo

fantástico presente na obra explique esse fenômeno.

Pesquise no laboratório de informática o mito de Penépole e responda a

seguinte questão: Amaranta, filha de Úrsula, passa um longo tempo

tecendo sua mortalha, José Arcádio faz e desfaz seus peixinhos em seu

laboratório de Alquimia. Relacione esses fatos com o mito de Penépole.

Que efeito de sentido produz no contexto da obra?

3ª OFICINA – A casa dos espíritos – Isabel Allende

Nesta oficina será apresentado o livro A casa dos espíritos de Isabel

Allende. Será feito uma breve contação de história sobre a obra. Além de uma

análise do contexto histórico de produção, assim como o contexto de produção.

Será falado sobre os pontos convergentes com a obra Cem anos de Solidão de

Márquez.

AUTORA E OBRA

Isabel Allende nasceu em 02 de agosto de 1942, em Lima-Peru. Seu era

o diplomata Thomas Allende e sua mãe Francisca Lhona (conhecida como

Pranchita). Seu pai era primo de Salvador Allende, presidente do Chile. Em

1945, sua mãe separa-se de seu pai e vai para a Bolívia com os três filhos.

Eles passam a viver com seus avós maternos. Seu avô era um grande

contador de histórias e Isabel passa a registrar as histórias em um caderno.

Começa ai sua carreira literária.

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Anos mais tarde quando seu avô adoece e ela não pode visita-lo por

causa da ditadura militar, ela começa a escrever uma carta a seu avô. Dessas

cartas surge o início do romance A casa dos Espíritos que tem muito da história

de vida da autora mesclada com o golpe militar e a morte do presidente

Salvador Allende. Iniciam-se então os anos de chumbo da ditadura militar no

Chile que será o grande pano de fundo do livro A Casa dos espíritos.

Em 1958 Isabel Allende Volta ao Chile onde conhece seu futuro marido

Miguel Frias. Casa-se e tem três filhos. Em 1970, Salvador Allende é eleito

presidente do Chile. Em 1973, liderado pelo coronel Augusto Pinochet, o Chile

sofreu um golpe militar. Durante o golpe militar, Salvador Allende morre. Muitos

chilenos acreditam que Allende foi morto, porém Pinochet afirma que ele

cometeu suicídio.

Colocada na lista negra pela ditadura chilena, Isabel Allende migra para

a Venezuela com a família. Lá permanece por treze anos e escreve para um

importante jornal chamado O Nacional.

Em 1978, separa-se do marido e muda-se para a Espanha. Em 1981,

recebe a notícia de que seu avô está doente e ela não pode visitá-lo por causa

da ditadura militar. Começa a escrever uma carta a seu avô. Dessas cartas

surge o início do romance A casa dos Espíritos que tem muito da história de

vida da autora mesclada com o golpe militar do Chile e a morte do presidente

Salvador Allende. O livro A casa dos espíritos é publicado em 1983. Em 1993,

o livro transforma-se em filme e é encenado em Londres e estreado em

Munique no mesmo ano.

Engajada em causas sociais, Isabel Allende participou de um programa

de televisão para arrecadar donativos para as vítimas do furacão que arrasou o

Chile em 2010. Além disso, os direitos autorais de seu livro Paula que conta a

história de sua filha são doados a uma instituição que cuida de mulheres e

crianças.

Em 2012, a escritora recebe o Prêmio Hans Cristian Literário em Odense

Dinamarca.

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Obras da autora:

A casa dos espíritos

A Lagoa Azul

De amor e de sombra

Eva Luna

O plano infinito

Cartas a Paula

Afrodite

Filha da fortuna

Retrato a sépia

A cidade das feras

O reino do dragão de ouro

O bosque dos Pigmeus

Zorro

Inês da minha alma

A soma dos dias

A ilha sob o mar

O Caderno de Maia

Fonte: http://isabelallende.com/ia/es/timeline pesquisado em 30 de outubro de 2012..

OBRA: A CASA DOS ESPÍRITOS

O livro A casa dos Espíritos de Isabel Allende conta a história da família

Trueba e Del Valle. Ambientado no Chile ao longo do século XX, o romance

mescla fatos reais com o imaginário, o realismo fantástico é presente ao longo

de toda obra- gerando uma narrativa com alto grau de sensibilidade. O livro é

constituído por quatorze capítulos e um epílogo em que os destinos da família

Trueba e Del Vale se entrelaçam.

O romance tem como panorama histórico o movimento revolucionário do

Chile representado pela eleição do presidente socialista Salvador Allende até o

golpe militar impetrado por Augusto Pinochet em 1973.

A história é contada por três personagens: Esteban Trueba, sua mulher

Clara e a neta do Casal Alba. Clara, a clarividente, tudo vê, tudo percebe

inclusive o tempo futuro. Nos caderninhos de anotar a vida vai contando a

história da família e fazendo premonições para o futuro. Esse é um momento

forte do realismo fantástico tão presente na obra. Embora a ação de ver o

futuro se situa na zona do mágico, no contexto beira a realidade, pois os

acontecimentos que Clara prevê vão se cumprindo um a um. Ela prevê que sua

irmã Rosa, a que tinha cabelos verdes, noiva de Esteban Trueba, morrerá.

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Esse fato acontece, deixando Clara muda por dez anos. O noivo de sua irmã

vai para a fazenda Las Três Marias.

Angustiado e amargurado, Trueba tenta reerguer a fazenda em

decadência herdada da família. Clara só volta a falar dez anos depois para

anunciar que se casaria com o Esteban Trueba conforme previsão já feita em

seus caderninhos. Clara casa-se com Trueba e passa a viver na fazenda com a

irmã de seu marido Férula. Clara tem dois filhos desse casamento: Blanca e os

gêmeos Jaime e Nicolás.

Com inveja da influência de Férula sobre a sobrinha Alba, Trueba a

expulsa e interna Alba num convento.

Quando Alba retorna do convento, apaixona-se pelo filho do capataz da

fazenda. Pedro é odiado pelo patriarca, pois é líder da rebelião dos

trabalhadores rurais contra os latifundiários.

Blanca fica grávida, mas Esteban, por ambições políticas, pretende

casá-la com um conde francês. Perante tal pretensão, Blanca e Pedro saem do

país. Da união dos jovens nasce Alba, que vai continuar a luta pela justiça

social, iniciada pelos pais. Ao final do romance, Alba é presa pelo regime

militar, seu avô acreditando ter influência política tenta buscar apoio mais

percebe que está excluído, pois o comando é para isolar tanto os

representantes da direita quanto os da esquerda.

Na prisão, humilhada e torturada, Alba recebe a visita de sua avó que a

consola. Sua prisão e tortura também estavam previstos nos caderninhos de

escrever a vida de Clara.

Observa-se nesse livro, a exemplo de outros, que os acontecimentos se

dão no tempo mítico, portanto o tempo é cíclico, os acontecimentos vão se

mesclando e retornando sempre ao seu ponto de origem. As três mulheres, à

sua maneira, vão sempre retomando os acontecimentos da família, as

tristezas, as angústias, os pesares vão se refazendo de geração em geração.

São as mulheres Clara, Alba, Blanca que a sua maneira vão amarrando o

destino de toda a família. Fonte: ALLENDE, Isabel. A Casa dos Espíritos. São Paulo: Difel, 1986.

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Atividades:

Contação de história sobre o livro;

Leitura do I e II capítulo da obra;

Roda de leitura dos capítulos III e IV;

Empréstimo do livro para leitura;

Discussão do contexto histórico presente na obra;

Procure o significado dos nomes das personagens presentes na obra:

Nívea<Clara<Alba<Blanca. Qual a significação desses nomes no

contexto da obra lida?

Na novela global Amor Eterno amor, a personagem Clara tem o dom da

clarividência, ou seja, ela consegue prever o futuro. Observe ainda que

seu nome completo era: Clara Allende. Estabeleça relações de

convergência com a obra A Casa dos Espíritos.

Estabeleça convergência de temas tratados nos romances Cem anos de

solidão e A casa dos espíritos. Justifique sua resposta com trechos das

obras.

SUGESTÕES DE LEITURAS

De amor e de sombras, de Isabel Allende.

Tia Júlia e o escrevinhador, de Mario Vargas Llosa.

Contos Peregrinos, de Gabriel Garcia Márquez.

Como água para chocolate, de Laura Esquivel.

Professor: será feito um breve

comentário sobre cada obra.

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ENCERRAMENTO DAS OFICINAS

PRODUÇÃO TEXTUAL

Proposta I – Será proposto aos alunos a produção de um livroclip de uma das

obras escolhidas. Para a produção do material será apresentado o tutoria

desse gênero textual. O trabalho será feito em grupo e socializado com os

demais participantes. Posteriormente será publicado no blog da escola.

Proposta II – Neste segundo momento será proposto aos alunos a produção

escrita de texto – gênero: memória. Será retomado o texto que foi socializado

na primeira oficina como material de base. Os alunos acrescentarão as suas

histórias de leitura a experiência que tiveram durante a realização das oficinas.

O tema desenvolvido será: histórias de leitura. A publicação do texto será feito

no blog da escola ou numa coletânea intitulada “Escritores por

um dia – Histórias de leitura”.

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CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES:

FEVEREIRO

Apresentação do projeto - 2 horas;

Histórias de leitura – Professor/aluno – 2 horas;

MARÇO

Apresentação do texto “Pausa”- função da literatura – 02 horas;

Leitura e discussão do texto “Felicidade Clandestina” – 02 horas;

Apresentação do livro Ler, escrever e fazer conta de cabeça – 02

horas;

Apresentação do livro Anarquista graças a Deus. Discussão sobre

a obra – 02 horas;

Leitura individual e coletiva da obra Anarquistas graças a Deus e

empréstimo do livro para leitura – 02 horas;

Discussão e continuação da leitura do livro Anarquista graças a Deus -

Apresentação de outras obras de cunho autobiográfico – 02 horas.

ABRIL

Apresentação do conto “A Cartomante” – 02 horas;

Apresentação do livro Cem anos de Solidão – 02 horas;

Leitura de alguns capítulos da obra – 02 horas;

Comparação entre o conto “A Cartomante” e o livro Cem anos de

Solidão – 02 horas;

Apresentação do livro A casa dos espíritos. Leitura de alguns

capítulos da obra - 02 horas;

Disponibilização das obras para empréstimo – 02 horas;

Encerramento do trabalho com relato e impressões sobre o projeto:

Produção de um livroclip e apresentação ao grande grupo – 02 horas;

Produção escrita: Memórias. Publicação da experiência num blog – 02

horas.

Obs.: Os encontros ocorrerão uma vez por semana, com duração de 04 horas.

Esse tempo será dividido em duas oficinas com duração de 02 horas cada.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AMADO, Jorge. Navegação de cabotagem. São Paulo: Círculo do livro, 1992.

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Cultrix, 2005.

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Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

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MANGUEL, Alberto. Uma história de leitura. São Paulo: Companhia das Letras,

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ZILBERMANN, Regina. Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo:

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