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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO · Isso aconteceu com a primeira lei antitráfico (1831); com a Lei Euzébio de ... Na tentativa de corrigir a lacuna que se apresentava

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: A Contemplação da Lei 11.645/08 no âmbito da escola pública

paranaense: nuances e arquitetura de um processo educacional

Autor Fernanda Zanão dos Santos

Disciplina/Área (ingresso no

PDE)

Pedagogia

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

CEEBJA - Bituruna

Município da escola Bituruna

Núcleo Regional de Educação União da Vitória

Professor Orientador Nájela Tavares Ujiie

Instituição de Ensino Superior Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União

da Vitória

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as

diferentes disciplinas

compreendidas no trabalho).

História, Língua Portuguesa, Arte e Sociologia.

Resumo

(descrever a justificativa,

objetivos e metodologia

utilizada. A informação deverá

conter no máximo 1300

caracteres, ou 200 palavras,

fonte Arial ou Times New

Roman, tamanho 12 e

espaçamento simples)

Desde a gênese da Lei 11.645/08, que torna obrigatório

o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena,

tem se observado que sua materialidade junto à ação

docente não tem respondido a altura os propósitos de

sua criação. Tal constatação sugere-nos então a ideia de

arquitetar um trabalho diferenciado, capaz de contemplar

a citada lei no âmbito do Centro Estadual de Educação

Básica para Jovens e Adultos de Bituruna, de maneira

que enquanto instituição educativa seja garantida a

responsabilidade da escola no combate a discriminação

racial e na promoção da equidade e do respeito aos

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direitos humanos.

Palavras-chave (3 a 5

palavras)

Educação. Lei 11.645/08. História. Prática Pedagógica.

Formato do Material Didático Caderno Temático

Público Alvo

(indicar o grupo para o qual o

material didático foi

desenvolvido: professores,

alunos, comunidade...)

Professores e alunos

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A CONTEMPLAÇÃO DA LEI 11.645/08 NO ÂMBITO DA ESCOLA PÚBLICA

PARANAENSE:

NUANCES E ARQUITETURA DE UM PROCESSO EDUCACIONAL

CADERNO PEDAGÓGICO

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM SERVIÇO

Fernanda Zanão dos Santos Professora Pedagoga / NREUnião da Vitória-PR

Nájela Tavares Ujiie Orientadora da pesquisa / UNESPAR-FAFIUV

PDE 2012-2013

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SUMÁRIO

Introdução......................................................................................................... 02

Capítulo I - Da história e constituição do povo brasileiro à contemplação da lei 11.645/08 no âmbito da escola pública.........................................................

05

Um breve histórico das leis antirracistas no Brasil............................................. 06

A importância da lei 11. 645/08 e sua aplicabilidade......................................... 08

Capítulo II - Intervenções pedagógicas e propostas de trabalho para a sala de aula...............................................................................................................

11

Filmografia: sugestões de filmes para trabalho das relações etnicorraciais em sala de aula........................................................................................................

13

Sugestões de atividades.................................................................................... 23

Sugestões de sítios............................................................................................ 46

Considerações Finais...................................................................................... 49

Referencias Bibliográficas.............................................................................. 50

Anexos............................................................................................................... 54

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INTRODUÇÃO

A alteração trazida à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

9.394/96 pela Lei 10.639/03 e posteriormente pela Lei 11.645/08 aponta a

urgência da realização de um trabalho pedagógico que contemple a diversidade

racial dentro do território nacional brasileiro (brancos, negros e índios), bem como

suas nuances, figurações e matrizes de referência. No que concerne à atuação

dos professores, estudos indicam que estes profissionais, apesar de boa vontade,

sentem-se despreparados para desenvolver um trabalho consistente quando o

tema é diversidade, cultura africana e indígena.

Pensando nos desafios acima descritos surgiu a necessidade de

desenvolver este trabalho que tem por objetivo dar suporte teórico e prático aos

professores do Ensino Médio do CEEBJA, no que se refere à contemplação da

Diversidade Cultural e da História e Cultura Afro-Brasileira, junto ao currículo

escolar, para num momento posterior abordar a História e Cultura Indígena.

A propositiva legal se pauta na execução de um trabalho que aborde a

temática racial de forma interdisciplinar, pois se constata necessário que todas as

escolas integrem estes conteúdos em seus currículos tendo como base o

princípio da igualdade. Contudo, para que este trabalho ganhe consistência é

preciso que estejamos dispostos a buscar aperfeiçoamento e qualificação sobre o

assunto de maneira positiva, a fim de minimizar o preconceito racial existente em

nossa sociedade, baseados na ideia de que somos todos sujeitos históricos e

sociais.

O trabalho da escola é de suma importância para fazer valer a Lei. De

acordo com Santos (s.d. p.22 apud SEED, 2006, p.22), a história narrada nas

escolas é branca, a inteligência e a beleza mostradas pela mídia também o são.

Os fatos são apresentados por todos na sociedade como se houvesse uma

preponderância absoluta, uma supremacia definitiva dos brancos sobre os negros

e os índios. O que se mostra é que o lado bom da vida não é nem pode ser negro

ou indígena. Aliás, a palavra negro, além de designar o indivíduo deste grupo

étnico racial, pode significar numa sociedade preconceituosa como a nossa, sujo,

lúgubre, funesto, sinistro, maldito, perverso, triste, nefando, etc.

Assim, crescente mobilização em favor do reconhecimento da legitimidade

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das diferenças étnicas exige uma percepção mais apurada por parte do setor

educacional em relação à diversidade. Como já vimos, contamos com algumas

políticas públicas educacionais que contemplam essa necessidade, contudo ainda

precisamos investir mais junto a experiência escolar, para dar conta do que é

fundamental para que os conceitos previstos em lei se articulem a vida prática.

A educação escolar é essencial na luta que se trava pela promoção da

igualdade de oportunidades e no enfrentamento do preconceito e da

discriminação, pois sendo formadora de sujeitos e identidades é referência para o

reconhecimento, respeito, acolhimento, diálogo e convívio com a diversidade.

Nesse sentido, é que se vê como fundamental a organização de um trabalho que

materialize a Lei 11.645/08.

O diferencial dessa proposta consiste em tentar (re) direcionar os rumos

pedagógicos e propiciar sua relação interdisciplinar, com o ensino de História e

Cultura Afro-Brasileira e Indígena no Ensino Médio do CEEBJA. Essa intervenção

almeja ser direcionada desde o Projeto Político Pedagógico (PPP), até medidas

de acompanhamento e avaliação das concepções, posturas e práticas dos

professores, alunos e demais integrantes da comunidade escolar. Assim, este

trabalho será desenvolvido com o intuito de materializar a lei 11.645/08 no âmbito

do CEBEJA de Bituruna-PR, em um primeiro momento focalizando a História e

Cultura Afro-Brasileira, para posteriormente dar vazão a um trabalho percuciente

a História e Cultura Indígena.

Neste sentido, realizaremos atividade de formação continuada e em serviço

com os docentes da instituição em três momentos, contabilizando uma carga

horária de doze horas e também desenvolveremos um projeto interdisciplinar com

os alunos, contabilizando vinte horas aulas, o qual se encontra no anexo I.

Este caderno pedagógico volta-se ao trabalho formativo junto aos docentes

e esta organizado por dois capítulos básicos correspondentes as duas fases

interventivas junto a professores. Deste modo, o primeiro capítulo apresenta o

embasamento histórico e legal, tendo em vista a conscientização dos professores

acerca de sua atuação, enquanto um real agente promotor da equidade humana e

da atenção à diversidade.

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O capítulo segundo volta-se a elencar propostas de atividades pedagógicas

interdisciplinares para desenvolvimento no âmbito do CEEBJA, em nível de

Ensino Médio, ou em outras instâncias que os docentes acharem adequadas. E

ao final deste caderno pedagógico delineamos breves considerações acerca do

trabalho.

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CAPÍTULO I

DA HISTÓRIA E CONSTITUIÇÃO DO POVO BRASILEIRO À CONTEMPLAÇÃO

DA LEI 11.645/08 NO ÂMBITO DA ESCOLA PÚBLICA

A composição do povo brasileiro caracteriza-se basicamente pela mistura

de três grupos étnicos: índios, brancos e negros. Os índios habitavam o país

antes da chegada dos colonizadores europeus e após séculos de intensa

exploração por parte destes, praticamente foram dizimados. Os brancos, em sua

maioria descendentes de imigrantes europeus vieram para o Brasil no século XVI.

Os negros ou afrodescendentes têm sua origem, a partir dos povos advindos da

África no período compreendido dentre os séculos XVI e XIX, o que se

caracterizou como uma migração involuntária, tendo em vista que os mesmos

foram forçados a se mudar e escravizados.

Numa visão mais crítica, nos deparamos com Ribeiro (1970), segundo o

qual o povo brasileiro surge da conjunção do invasor português com índios e com

negros africanos, aliciados como escravos numa luta que se dá sob a regência

dos portugueses, onde ambos se enfrentam e se fundem para dar lugar a um

novo povo, dando vida a uma nova unidade nacional, o que por sua vez resultou

em um processo continuado e violento de unificação política, e supressão de toda

identidade étnica, constituindo-se num continuado genocídio e uma estratificação

classista de nítido colorido racial, a qual desponta o Brasil e o povo brasileiro.

A sociedade e a cultura brasileira são conformadas como variantes da versão lusitana da tradição civilizatória europeia ocidental, diferenciadas por coloridos herdados dos índios americanos e dos negros africanos. O Brasil emerge, assim, como um renovo mutante, remarcado de características próprias, mas atado genesicamente à matriz portuguesa, cujas potencialidades insuspeitadas de ser e de crescer só aqui se realizariam plenamente. (RIBEIRO, 1995, p. 20).

O povo brasileiro é marcado pela questão da diversidade. Uma diversidade

de cores, fisionomias, tradições e costumes e hoje, nosso maior desafio é mediar

todas essas diferenças, tendo o respeito e a tolerância como norteadores de uma

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sociedade mais justa, pois é espantoso que os brasileiros, orgulhosos de sua tão

proclamada, democracia racial, raramente percebem os profundos abismos que

aqui separam os cidadãos deste país.

A escola na contemporaneidade é um espaço de formação de valores de domínio público, isto é, os valores coletivos de justiça, da equidade e da cidadania, os modelos de mercado não poderão servir a estes valores, porque uma organização que envolve cidadãos, que visa construir uma sociedade crítica e contribuir para ampliar direitos humanos básicos é, necessariamente, muito diferente de uma organização que atende pragmaticamente clientes ou consumidores. A escola é um espaço de gestão democrática, considerando o fim comum que é o processo educacional em seu sentido mais amplo. (UJIIE; ZYCH, 2011, p.2)

Segundo Damatta (2000, p.38), ―vivemos o nosso conhecido, dissimulado e

disseminado ‗racismo à brasileira‘.‖ Isso implica um apartheid invisível, um

preconceito sofisticado e velado, o que acaba tornando-se muito mais difícil de

ser combatido.

Na continuidade deste capítulo primaremos por constituir um breve

histórico das leis antirraciais no território nacional e elucidar a importância da

contemplação da lei 11.645/08 para educação que atenda a diversidade e o

homem em sua plenitude formativa e constitutiva.

UM BREVE HISTÓRICO DAS LEIS ANTIRRACISTAS NO BRASIL

Analisando a história da população negra com relação ao Estado brasileiro,

percebemos que, desde a época da escravidão, sempre existiu pressão e desejo

de regulação da situação real deste povo. Desde o Brasil colonial vemos

cunhadas leis tentando controlar, negociar ou atender os interesses de ambos os

lados. Isso aconteceu com a primeira lei antitráfico (1831); com a Lei Euzébio de

Queiroz (1850); com a Lei do Ventre Livre (1871); com a Lei do Sexagenário

(1886); com a Lei Áurea (1888); com a Lei Afonso Arinos (1951); com a Lei Caó

(1985); com a Constituição Federal (1988); com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (1996).

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Passados sete anos da LDB, é sancionada a lei 10639/03 que altera a Lei

no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, determinando a obrigatoriedade da

inclusão da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" no currículo oficial da

Rede de Ensino. Contudo, a referida lei acabou sendo criticada pela comunidade

indígena pelo fato desta não ter sido contemplada no currículo escolar, mesmo

sendo inegável sua participação ao lado de negros e brancos, na formação da

população brasileira.

Na tentativa de corrigir a lacuna que se apresentava até então em relação

à valorização e reconhecimento da cultura indígena, que vivenciou quase cinco

séculos de negligência, em 10 de março é promulgada a lei 11.645/08 que por

sua vez altera novamente a lei 9394/96, trazendo, enfim, o reconhecimento e

valorização da luta não somente dos negros, mas dos índios também.

Em consonância com estas duas últimas leis citadas, temos ainda outros

documentos que visam estabelecer a garantia quantitativa e qualitativa da

aplicação da lei. São eles: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana que apresentam um conjunto de orientações, princípios e fundamentos

para o planejamento, execução e avaliação da Educação para as relações

etnicorraciais; Resolução CNE/CP 01/04 e Parecer CNE/CP 3/2004 que instituem

e regulamentam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana; Deliberação nº 04/2006 – CEE/PR que normatiza e complementa às

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e

para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana; Instrução nº

017/2006 – sued/seed que prevê a criação de Equipes Multidisciplinares com o

objetivo de orientar e auxiliar o desenvolvimento das ações relativas à Educação

das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana; Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais

para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura

Afro-brasileira e Africana que apresenta metas a serem alcançadas até 2015 em

todos os segmentos, níveis e modalidades educacionais.

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Além de documentos oficiais, também contamos com materiais de cunho

pedagógico, construídos pela Secretaria da Educação do Estado do Paraná, que

objetivam subsidiar a prática educacional no que se refere às relações

etnicorraciais. São os cadernos temáticos, que apresentam propostas de

atividades e oferecem informações sistematizadas, análises críticas e indicações

bibliográficas relacionadas à temática racial.

A postura assumida pela Secretaria de Educação do Paraná revela o

quanto o Estado está comprometido com a melhoria contínua da qualidade da

educação e da sociedade em especial, pois essa temática assume destacada

função na construção de um conhecimento pautado na formação de novos

conceitos do povo brasileiro dentro da perspectiva de desconstruir uma história

factual e excludente de grupos como quilombolas e indígenas, isso amparada por

uma política de combate à discriminação racial, delegando a escola o importante

papel de formação de indivíduos que atuem na sociedade de forma ética e justa,

longe da discriminação e de práticas de etnocentrismo, além de afirmar a

responsabilidade da escola na valorização do legado cultural pertencente a povos

que foram e são de fundamental importância na construção da nação brasileira.

A IMPORTANCIA DA LEI 11. 645/08 E SUA APLICABILIDADE

A crescente mobilização social em favor do reconhecimento da legitimidade

das diferenças exige uma percepção mais apurada por parte do setor educacional

em relação à diversidade cultural, étnica e racial. ―Trabalhar com a diversidade é

o natural, uma vez que as diferenças existem e não devem ser negadas dentro da

dinâmica social e educativa‖ (UJIIE; ZYCH, 2011, p.3).

Entender a temática da diversidade e discutir o tema da composição étnica

no Brasil deve estar entre as prioridades da escola, pois a melhor via para a

superação de problemas é o confronto direto com a ideologia impregnada no

inconsciente coletivo, a fim de reavivar o contexto histórico, constituir novos

simbolismo e dissipar preconceitos.

O tema é polêmico e evitado por muitos educadores, talvez em decorrência

da herança de um preconceito muito íntimo e negado. Alguns o entendem como

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sendo delicado demais para ser levado para dentro da sala de aula, o que por sua

vez faz com que a seriedade do tema seja como muitas vezes vemos substituída

por uma ideologia que prega a pacificação e vangloria a diversidade cultural sob o

pretexto de esconder a realidade. Segundo Ribeiro (2006, p. 202), ―[...] a luta mais

árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi, e ainda é, a

conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade

nacional‖.

O objetivo de trabalharmos pela implementação dessa lei no que converge

a raça negra é fazer valer seus direitos de se reconhecerem na cultura nacional,

expressarem visões de mundo próprias, manifestarem com autonomia, individual

e coletiva, seus pensamentos e como todo cidadão brasileiro ter garantido na

prática o direito a uma educação de qualidade em todos os níveis de ensino,

orientados por professores qualificados capazes de lidar com as tensas relações

produzidas pelo racismo e discriminações e que sejam sensíveis e capazes de

conduzir a reeducação das relações entre diferentes grupos etnicorraciais.

De acordo com o Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2004, Art. 2º):

as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana têm por meta a educação de cidadãos atuantes no seio da sociedade brasileira que é multicultural e pluriétnica, capazes de, por meio de relações étnico-sociais positivas, construírem uma nação democrática.

Apesar do grande significado da Lei 11.645/08 para a sociedade brasileira,

ela por si não é suficiente, pois historicamente o Brasil, teve uma postura ativa e

permissiva diante do racismo e do preconceito. Junto com a lei é preciso propor

novos questionamentos capazes de viabilizar a conscientização da sociedade,

fornecendo informações necessárias como meio de reconhecer a importância da

cultura Afro-Brasileira e Indígena.

É necessário abordar a questão da diversidade racial, valorizando e

respeitando as diferenças, apontando as contribuições de negros e índios no

patrimônio cultural, político e social no desenvolvimento da sociedade brasileira.

Promover a releitura da história do mundo africano, sua cultura e os reflexos

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sobre a vida dos afro-brasileiros em geral, rompendo com o modelo vigente na

sociedade brasileira, garantindo a cidadania e a igualdade racial. Almejando

cumprir com exposto é que estamos realizando este trabalho junto ao PDE

paranaense, na linha de Pedagogia e Diversidade e tendo em vista o trabalho

junto a professores e alunos, como evidenciamos desde a introdução.

Assim, após historicizar o processo e apresentar as bases legais na

continuidade, no capítulo que segue dedicaremos nossa atenção em propor

algumas intervenções pedagógicas.

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CAPÍTULO II

INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS E PROPOSTAS DE TRABALHO PARA

SALA DE AULA

Falar sobre a cultura afro nas escolas parece ser função específica da

disciplina de história, mas não é. Assim, este tema é pouco trabalhado nas aulas

sob a alegação de falta de tempo ou mesmo por ser julgado desnecessário por

parte de alguns professores. Além disso, muitos educadores evitam tocar em

assuntos sobre racismo, preconceito e discriminação sem saber que com isso,

acabam por reforçar ou colaborar para a reprodução de estereótipos, atitude que

como já vimos anteriormente, tem sua origem e razão de ser num sistema

educacional que ainda pauta-se numa visão etnocêntrica.

Podemos vislumbrar num horizonte não tão distante, uma nova escola,

pautada na valorização da diversidade, haja vista que é grande a soma de

esforços no que diz respeito à construção de relações étnicas saudáveis,

garantindo a valorização de todos os sujeitos e de todas as culturas nas mais

variadas disciplinas que compõem os currículos da Educação Básica por meio

das mais variadas produções1.

Dentre tantas produções consultamos algumas no desenvolvimento do

nosso trabalho e procuramos produzir e selecionar atividades que se

aproximassem de nossa realidade, as quais esperamos que sejam de grande

valia no desenvolvimento da temática racial numa perspectiva interdisciplinar.

Dentro deste bojo o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes

Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o

Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, estabelece como essencial

para a Educação de Jovens e Adultos as seguintes ações:

1 Dentre estas produções ressaltamos a seguinte:

PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação. Cadernos temáticos: inserção dos conteúdos de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares. Curitiba: SEED-PR, 2005. Esta obra apresenta propostas de atividades para o desenvolvimento de um trabalho que contempla a lei nº 10.639/2003 em todas as disciplinas do currículo escolar.

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Assegurar à EJA vinculação com o mundo do trabalho por meio de fomento

a ações e projetos que pautem a multiplicidade do tripé espaço-tempo-

concepção e o respeito à educação das relações etnicorraciais;

Incluir quesito cor/raça nos diagnósticos e programas de EJA;

Implementar ações de pesquisa, desenvolvimento e aquisição de materiais

didático pedagógicos que respeitem, valorizem e promovam a diversidade,

a fim de subsidiar práticas pedagógicas adequadas à educação das

relações etnicorraciais;

Incluir na formação de educadores de EJA a temática da promoção da

igualdade etnicorracial e o combate ao racismo.

Contemplando o exposto acima, é que respaldamos nossa ação

pedagógica de formação continuada em serviço e de orientação educacional.

No sentido de averiguar como a temática da diversidade e da

contemplação da lei 11.645/08, vem sendo abordada no âmbito das escolas,

organizamos um teste que se encontra no anexo 2, o qual realizaremos com os

docentes.

Temos na continuidade algumas propostas de intervenções pedagógicas

que podem ser utilizadas nas salas de aula de EJA e também em outros níveis de

ensino, as quais permitirão que obtenhamos avanços na articulação da lei

11.645/08 e seus princípios norteadores.

Dando corpus a este capítulo primeiramente, sugerimos o uso da

filmografia como recurso didático, tendo em vista a necessidade de estarmos

sempre em busca de possíveis e diversas formas de fazer-se entender. Além

disso, escolhemos este recurso didático no trabalho com a temática relações

étnico raciais também pelo fato de que este é capaz de instigar o espírito crítico

do educando, levando-o a aprender a ler nas entrelinhas e analisar as histórias do

próprio cotidiano.

Assim, num primeiro momento, logo após a descrição resumida de cada

filme, são apresentadas questões geradoras que poderão ser trabalhadas com os

alunos. Na continuidade do trabalho estão elencados apenas títulos de filmes que

verificados previamente, mostraram-se de enorme relevância para a ação

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pedagógica com o tema. É importante ficar claro que algumas questões são de

autoria própria e outras adaptadas de trabalhos já desenvolvidos.

Na continuidade, buscando auxiliar o professor em sua prática educativa

sugerimos atividades interdisciplinares, que favorecem o diálogo entre a temática

racial e os conteúdos curriculares comumente trabalhados nas disciplinas do

Ensino Médio da EJA, já que de acordo com o parágrafo segundo do Artigo 26 A

da LDB os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e indígena

devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar.

E a terceira e última parte deste trabalho tem por objetivo a indicação de

sítios, pois o uso de recursos educativos digitais nas escolas e nos processos de

ensino-aprendizagem são uma realidade, podendo ser consideradas como

ferramentas essenciais para todos os professores e educadores. São alternativas

que contribuem para a melhoria do desempenho docente e para o aumento do

sucesso escolar discente. Contudo como a oferta é demasiadamente extensa,

entendemos ser necessário fazer uma seleção crirteriosa. Assim, elencamos uma

pequena lista que certamente virão de encontro às reais necessidades educativas

relacionadas a temática em questão.

Filmografia: sugestões de filmes para trabalho das relações etnicorraciais

em sala de aula

1 - Cartas para Angola

Trata-se de um documentário que percorre três países (Brasil, Angola e Portugal)

que apesar de distintos, apresentam muito em comum. Por meio desta obra tem-

se a oportunidade e o privilégio de identificar dados relevantes da cultura desses

países, levando-nos a perceber o quanto estamos ligados em um projeto de

identidade humana e nacional que se constrói a cada dia.

Questões geradoras para debate, análise fílmica e/ou interpretação

contextualizada:

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1 – Entre quais países se intercruza a história do filme? Qual o motivo da escolha

destes três países?

2 - Em determinados momentos do filme é retratada a cultura de Angola. No que

diz respeito a culinária, você percebeu a exibição de algum prato típico da Angola

presente na cultura brasileira? Qual?

3 - A partir do documentário, explique como se dão as relações de gênero na

Angola fazendo uma analogia da questão com o Brasil?

4 – Como você descreve a organização infra-estrutural de Luanda?

5 – Que desabafos podem ser percebidos na fala dos angolanos em relação a

colonização portuguesa?

6 – O que pode ser observado entre os protagonistas do documentário no que se

refere às relações etnicorraciais?

2 - O xadrez das cores

Obra de ficção, este curta-metragem conta a história de Cida, uma mulher negra

de quarenta anos que vai trabalhar para Maria, uma senhora de oitenta anos,

viúva, sem filhos e extremamente racista. A relação entre as duas começa

tumultuada, com Maria tripudiando Cida por ela ser negra. Cida tudo atura em

silêncio por precisar do dinheiro, até que decide se vingar, através de um jogo de

xadrez.

Questões geradoras para debate, análise fílmica e/ou interpretação

contextualizada:

1 - Qual o sentimento predominante entre patroa e empregada?

2 - Como a empregada se sentia diante dos comentários e atitudes da patroa?

3 - O que você achou da reação da empregada? O que você faria se estivesse

no lugar dela?

4 - O que você considera positivo na atitude da empregada e da patroa?

5 - Levante situações semelhantes vivenciadas o observadas em seu dia - dia.

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6 - Faça uma pesquisa em órgãos oficiais como o IBGE e levante dados que

digam respeito à situação do negro no Brasil: nível de escolaridade, condições de

moradia, ocupações, nível de renda e outros dados que julgar importante.

7 - Vamos organizar um júri-simulado retratando a situação de preconceito

explícita no filme. Serão necessários três grupos de alunos. Dentre estes, alguns

estarão se organizando para defender a patroa; outros para defender a

empregada, enquanto o restante estará se preparando para decidir a questão.

8 - Em duplas os alunos irão pesquisar e apresentar a história de um negro que

seja ou tenha sido destaque na sociedade. A apresentação poderá ocorrer

através de diferentes formatos: seminários, contação de histórias, caracterização

do personagem entre outros que sejam oportunos.

3- Quanto vale ou é por quilo?2

É um filme brasileiro de 2005, do gênero drama que faz uma analogia entre o

antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing

social, que formam uma solidariedade de fachada. O filme faz uma grande crítica

às ONGs e suas captações de recursos junto ao governo e empresas privadas.

Questões geradoras para debate, análise fílmica e/ou interpretação

contextualizada:

1 - O que é justiça?

2 - Aponte situações no filme em que a justiça foi cumprida e outras em que a

justiça falhou.

3 - Sabemos que apesar de todas as conquistas no que diz respeito aos direitos

humanos, a escravidão ainda existe. Onde você identifica formas de escravidão

nos dias atuais?

4 - Como o filme retrata as favelas?

2 Adaptado de http://www.editorapositivo.com.br/editora-positivo/professores-e-

coordenadores/parasaladeaula/filmografia/leitura.

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5 - De acordo com seu entendimento, qual é o papel das ONGs e como o filme

retrata esta realidade?

6 - Como o filme traça o perfil social do nosso país?

7 - Existe ética na publicidade/marketing? Como essa situação é abordada no

filme?

8 - O que é caridade? O que é doação? A doação é somente algo material?

9 - O que é assistencialismo? Em sua opinião, o Brasil é um país assistencialista?

10 - Como você analisa a situação mostrada no filme, em que duas ONGs brigam

entre si para darem alimentos, sopa e cobertores a mendigos de rua? 11 - Por

que as doações são, muitas vezes, vinculadas a crescimento espiritual?

12 - A oferta de Noemia a Mônica, para o custeio do casamento, é uma forma de

escravidão? Que outra situação do filme retrata a mesma situação?

12 - Como os esquemas de corrupção são mostrados no filme? Em que

situações?

13 - Mônica decide criar uma menina negra. Por quê?

14 - O filme retrata o crescimento das penitenciárias como fator de aquecimento

da economia. Por quê? Em sua opinião, este pensamento é correto?

15 - Aumentar o número de penitenciárias no Brasil pode diminuir os índices da

violência urbana?

16 - Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos compara as

penitenciárias a navios negreiros?

17 - O que o personagem interpretado por Lazaro Ramos quer dizer com a

expressão ―Liberdade para consumir‖?

17 - Como Candinho se envolve no mundo do crime?

18 - Qual é a visão da sobrinha de Mônica sobre o mundo da moda? A que

valores ela da importancia?

19 - Quem são os novos capitães do mato?

20 - Como o filme retrata as campanhas publicitárias desconexas da realidade?

21 - O que é abismo social?

22 - Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos afirma que sequestro

é uma forma de distribuição de renda?

23 - O filme menciona o marketing da violência. O que isso quer dizer?

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24 - O sequestro de Marco Aurélio foi fruto da desigualdade social?

25 - O que é um favor? Favor se paga? Ou se retribui? Qual a ―moeda corrente‖

nos pagamentos dos favores?

26 - Como o filme retrata a reinclusão social? Analise a fala de Ricardo durante a

festa de premiação, quando menciona a empregabilidade dos ex-detentos.

27 - Em sua opinião, o que significa a expressão: ―Vale quanto pesa ou é por

quilo?‖

28 - Segundo o filme, é levantada ao ano uma quantia de U$ 10.000,00 por

criança carente ao ano no Brasil. O que seria possível realizar se essa verba

efetivamente fosse utilizada para o fim a que se destina?

29 - Qual o volume anual de recursos financeiros movimentados anualmente por

ONGs brasileiras?

30 - É possível comparar as situações vistas no filme com a cena trágica da

interceptação da ajuda humanitária a Gaza?

31 - Todas as ONGs são como as retratadas no filme?

32 - É necessário fazer um fechamento com os alunos no sentido de

esclarecimento: nem todas as ONGs funcionam como as retratadas no filme. Há

muita gente séria no terceiro setor! Para diferenciar o joio do trigo é necessário

acompanhar as atividades, analisar as finanças e ser crítico.

4 - Hotel Ruanda

Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de

pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses

tiveram que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas

foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel

Milles Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua coragem,

Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o conflito.

Questões geradoras para debate, análise fílmica e/ou interpretação

contextualizada:

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1 - Pesquise e coloque o significado para as seguintes palavras:

•Etnia:

•fronteira política:

• Genocídio:

• Identidade:

• limpeza étnica:

• Xenofobia:

2 - Por que o incidente apresentado no filme pode ser considerado genocídio?

3 - Qual a reponsabilidade da colonização belga de Ruanda no genocídio de

1994?

4 - O genocídio de Ruanda poderia ser comparada a versão africana da limpeza

étnica que ocorre em alguns países europeus? Em quais lugares do mundo essa

prática ainda ocorre? Por quê?

5 - Analisando o papel da ONU no Genocídio em Ruanda em 1994, que critica

pode ser feita ao Conselho de Segurança?

5 - Quase Deuses

Este filme conta uma emocionante história de dois homens que desafiaram as

regras em sua época para iniciar uma revolução médica. Na Baltimore dos anos

40, o Dr. Alfred Blalock e o técnico de laboratório Vivien Thomas realizam

cirurgias cardíacas usando uma técnica sem precedentes, atuando como equipe

de uma maneira impressionante. Mas ao mesmo tempo em que travam uma

corrida contra o tempo para salvarem a vida de um bebê, ambos ocupam

diferentes condições sociais na cidade. Blalock é o homem branco que comanda

o Departamento Cirúrgico do Hospital Johns Hopkins; Thomas é negro e pobre.

Quando Blalock e Thomas desbravam um novo campo na medicina, salvando

milhares de vidas graças ao processo, as pressões sociais ameaçam minar sua

parceria e por um fim na amizade que nasceu entre eles.

Questões geradoras para debate, análise fílmica e/ou interpretação

contextualizada:

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1 - No filme podemos observar que em Nashville (1930), havia uma separação

racial em virtude da cultura da época. Nessa época havia pessoas que oscilavam

entre lutar por seus direitos e aceitar o que a vida lhe impunha. Quais

personagens condizem com essa afirmação?

2 - O marceneiro Vivien Thomas perdeu seu emprego durante a Grande

Depressão nos EUA. O que levou seu patrão a dispensá-lo do trabalho? E além

de perder seu emprego que outro golpe ele sofreu?

3 - Que função Thomas que exercia no laboratório de pesquisas com o Dr. Alfred

Blalock?

4 - Qual a atitude do Dr.Blalock ao descobrir a prodigiosa inteligência de Vivien

Thomas?

5 - Durante o tempo em que estiveram juntos, Dr.Alfred Blalock e Thomas

viveram uma parceria incomum e muitas vezes conflitante. Elenque alguns dos

conflitos que prejudicaram o convívio entre os personagens:

6 - O doutor só aceitou o convite para trabalhar em Johns Hopkinks depois da

universidade concordar em manter seu assistente. Como foi o início da estada de

Thomas nessa instituição?

7 - Quais foram os principais obstáculos encontrados e vencidos pelos

pesquisadores?

8 - Quando ocorre o reconhecimento de Vivien Thomas? Qual sua opinião em

relação a isso?

6 – O Grande Desafio

Inspirado em fatos reais, este filme conta a história de Melvin Thompson, um

brilhante professor e amante das palavras. Embora tenha convicções políticas

que possam atrapalhar sua carreira, ele decide apostar nos seus alunos para

formar um grupo de debatedores e colocar a pequena Wiley College, do Texas,

no circuito dos campeonatos entre as universidades. Mas o seu maior objetivo é

enfrentar a tradição de Harvard diante de uma enorme plateia.

Questões geradoras para debate, análise fílmica e/ou interpretação

contextualizada:

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1 - Que grupo étnico predomina no filme?

2 - Qual era a postura do professor frente às dificuldades apresentadas pelos

alunos?

3 - O que o filme revela em relação à inserção da mulher no mercado de

trabalho?

4 - Em um determinado momento do filme, um personagem diz o seguinte:

―Fazemos o que devemos fazer para fazer o que queremos fazer‖. Qual sua

interpretação acerca desta fala?

5 - Que contradições morais e intelectuais podem ser percebidas entre os grupos

étnicos predominantes no filme na cena em que ocorre o atropelamento de um

animal?

6 - Em uma das cenas o professor diz o seguinte: ―Liberte o corpo, domine a

mente‖. Analise a frase, relacionando-a com as formas de escravidão da

atualidade:

7 - Em que momentos do filme é possível identificar situações de racismo?

8 - Qual a intenção do professor ao juntar-se aos trabalhadores meeiros e por que

ele vestia-se de forma diferente para encontra-los?

9 - Por que o pai bate no filho quando questionado por ter pedido desculpas ao

criador de porcos?

10 - Qual é o tema predominante nos debates entre os alunos das diferentes

universidades?

11 - No filme, durante um debate, uma personagem diz o seguinte: ―A hora da

justiça é agora‖. Analise esta fala as atitudes de muitos, frente a situações de

preconceito racial a luz dos dias atuais:

12 - O professor era um grande intelectual que usava seus conhecimentos a que

propósito?

13 - Por que o debate entre Wiley College e Harvard foi um fato histórico na

época?

14 - Em seu último debate com um aluno da Harvard, Junior vence. O que o fez

vencer?

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7 – Ray

Esta obra é baseada em fatos reais e conta a vida de um negro que nasce em

1932, na cidade de Albany. Ray fica cego aos 7 anos, logo após testemunhar a

morte acidental de seu irmão mais novo. Inspirado por uma dedicada mãe

independente, que insiste que ele deve fazer seu próprio caminho no mundo, Ray

encontrou seu dom em um teclado de piano. Ao revolucionar o modo como às

pessoas apreciam música, ele simultaneamente luta conta a segregação racial

em casas noturnas que o lançaram como artista. Mas sua vida não está marcada

só por conquistas, sendo extremamente afetada ao se tornar um viciado em

heroína.

Questões geradoras para debate, análise fílmica e/ou interpretação

contextualizada:

1 - O que de importante podemos identificar logo no início do filme, dentro do

ônibus que transportava Ray?

2 - Como foi a infância de Ray? Que fatos marcaram negativamente esta fase de

sua vida?

3 - Como Ray aprendeu a ler?

4 - Quais os maiores obstáculos enfrentados por Ray?

5 - Como você interpreta a postura da personagem Marlene no que se refere a

sua relação com Ray?

6 - Como o estilo musical de Ray foi interpretado pelos fanáticos religiosos?

7 - Em que momento o casamento de Ray começa a entrar em crise?

8 - Qual a atitude de Ray quando questionado a respeito do fato de tocar para

plateias segregadas?

9 - Em que momentos do filme é possível perceber a existência de combate ao

racismo?

10 - A pobreza e o preconceito nunca foram determinantes na vida de Ray. O que

o tornou uma pessoa assim?

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Outras sugestões de vídeo que também podem ser utilizados na sala de aula

para trabalhar a temática racial:

1) A cor púrpura

2) Adivinhe quem vem para jantar

3) A hora do show

4) Amistad

5) A negação do Brasil

6) Distraída para morte

7) Mississipi em chamas

8) Narciso rap

9) No balanço do amor o poder de um jovem

10) Quilombo

11) Sarafina

12) Uma história americana

13) Um grito de liberdade

14) Vista a minha pele

15) Homens de honra

16) A incrível história da mulher que mudou de Cor

17) Crash no limite

18) Cronicamente inviável

19) Malcolm X

20) Tempo de matar

21) Duelo de Titãs

22) A outra história americana

23) Cidade de Deus

24) Diamante de sangue

25) Escritores da Liberdade

26) Retrato em Preto e Branco

27) Uma onda no Ar

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28) O que é movimento negro

29) Ane Frank

30) O grande Debate

31) Phanter

32) O poder de um jovem

33) O massacre de Rosewood

34) Canção da liberdade

35) Imitação da vida

36) Estrada para a glória

37) Hurricane – O furacão

38) Tempo de matar

39) O Pastor

40) Meu voo de liberdade

41) Lembranças do verão passado

Sugestões de Atividades

1. Abayomis Africanas3

Conta-nos à história africana que os negros confeccionavam Abayomis, ou

seja, pequenas bonequinhas artesanais, sempre da existência do nascimento de

alguma nova criança na casa, como amuleto de proteção espiritual. Utilizavam-se

de sementes, pedras, tecidos, linha, cizal etc. A confecção das Abayomis

representa a concentração das melhores qualidades, o oferecimento de tudo que

a de melhor em mim e a proteção dos Orixás, para a vida contínua da criança.

Na cultura africana, as pequenas bonequinhas, amuletos de proteção,

simbolizam elo para toda a vida, inicialmente são colocados no pescoço das

crianças, tornam-se brinquedo e posteriormente são guardadas ao longo da vida.

No Brasil colonial, a tradição de confecção de amuletos permaneceu nas

senzalas,

3 Material desta atividade organizado por Nájela Tavares Ujiie, União da Vitória-PR, primavera de 2012.

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(...) as mulheres rasgavam a barra da saia e faziam as Abayomis para as crianças brincarem… crianças essas, que muitas vezes eram separadas de suas mães, pelo cruel regime escravocrata brasileiro e muitas vezes nunca mais se encontravam… Não eram em todos os casos, mas essas mães confeccionavam essas bonecas, de forma a estabelecer um elo com seus filhos e assim estar sempre presentes e não serem esquecidas… Pois naquele momento era o que poderia ser feito. (OLUANDEJINKOSI, 2012).

Assim, quando se confecciona uma Abayomi, temos a concentração de

energia positiva e benevolência, quando a damos para alguém, significa que

estamos dando o melhor de nós mesmos para o outro.

O que acham de experienciar essa ação?

Figura 1 – Abayomis Africanas

Fonte: Arquivo Nájela Tavares Ujiie. Foto tirada em 06/11/2012

Confecção de Abayomi

Material:

1 tampinha de garrafa pet

1 quadrado de 15x15cm de malha preta

Tesoura

Cola

Barbante

Papéis coloridos ou E.V.A.

Fitas de cetim finas e coloridas diversas

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Miçangas

Agulha

Linha

Modo de fazer: Centralize a tampinha de pet na malha, envolvendo-a e promovendo a amarração

como numa trouxa. As pontas da malha que ficaram soltas devem ser cortadas

formando uma franja, ou tiras, de 1 em 1 cm mais ou menos. As tirinhas deveram

ser trançadas e amarradas pelas fitinhas coloridas. Com os papéis coloridos, cola,

miçangas, agulha e linha confeccionem o rostinho. Amarre o barbante ao redor

das trancinhas para possibilitar colocar o amuleto no pescoço. Após seguir os

passos cremos que temos uma Abayomis. Agora podem presentear alguém que

lhe seja querido. O que acham?

2 Charge e Cartum: uso pedagógico associado ao preconceito racial

O que são charges e cartuns?

Ambos são textos humorísticos de conotação ou funcionalidade apelativa,

que de acordo com Kaufman e Rodriguez (1995, p.14), ―objetivam modificar

comportamentos‖.

A diferença entre a charge e o cartum é que a primeira relata um fato

ocorrido em uma época definida, dentro de um determinado contexto cultural,

econômico e social específico e que depende do conhecimento desses fatores

para ser entendida. O cartum, ao contrário da charge, relata um fato universal

que não depende do contexto específico de uma época ou cultura, sendo assim

atemporal.

Dentre os expoentes brasileiros nesta técnica e arte temos o publicitário e

cartunista Maurício Pestana, que a mais de 30 anos, vem trabalhando com o

compromisso com a igualdade e com os direitos humanos. No ano passado

(2011) lançou o livro "30 anos de Arte pela Igualdade", uma coletânea composta

por três livros de capa dura (em português, inglês e espanhol) traz o que de

melhor o artista produziu nos últimos 30 anos em dezenas de publicações de

instituições de direitos humanos e de combate ao racismo no Brasil e no exterior.

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Sugerimos uma pesquisa a se realizar acerca da vida e obra deste

expoente, que é sinônimo de bom humor. Na sequência temos algumas obras

para apreciação e debate, bem como a foto de Maurício Pestana, material este de

domínio público disponível na internet, que pode ser debatido pelo viés sócio-

pedagógico e resultar em produção textual escrita dissertativa ou do mesmo

gênero (cartum e/ou charge).

Figura 2 – Foto de Maurício Pestana - 2011

Fonte: Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial - www.inspir.cjb.net

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3 Pesquisa Personalidades Negras do Brasil

Objetivo: Levar a comunidade escolar a conhecer personalidades negras que

fizeram história porque quebraram barreiras e venceram apesar dos enormes

obstáculos enfrentados.

Recurso Didático: Os alunos terão acesso ao laboratório de informática, onde

serão orientados a utilizaram como material de apoio o site a cor da cultura e

outros que julgarem interessantes e apropriados. Depois da sistematização da

pesquisa serão organizados para realizarem uma apresentação para a

comunidade escolar.

1 - Adhemar Ferreira da Silva (1927- 2001)

2 - Aleijadinho (1730–1814)

3 - André Rebouças (1838-1898)

4 - Antonieta de Barros (1901-1952)

5 - Auta de Souza (1876–1901)

6 - Benjamin de Oliveira (1870-1954)

7 - Carolina Maria de Jesus (1914-1977)

8 - Chiquinha Gonzaga (1847-1935)

9 - Cruz e Souza (1861-1898)

10 - Dragão do Mar/ Francisco José do Nascimento (1839-1914)

11- Elizeth Cardoso (1920–1990)

12 - Jackson do Pandeiro (1919-1982)

13 -João Cândido (1880–1969)

14 - José (Benedito) Correia Leite (1900-1989)

15 - José do Patrocínio (1853-1905)

16 - Juliano Moreira (1873-1933)

17 - Lélia Gonzalez (1935-1994)

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18 - Leônidas (1913-2004)

19 - Lima Barreto (1881-1922)

20 - Luiz Gama (1830-1882)

21 - Machado de Assis (1839-1908)

22 - Mãe Aninha (1869-1938)

23 - Mãe Menininha do Gantois (1894-1986)

24 - Mário de Andrade (1893-1945)

25 - Milton Santos (1926-2001)

26 -Paulo da Portela (1901-1949)

27 - Pixinguinha (1897-1973)

28 - Teodoro Sampaio (1855-1937)

29 -Tia Ciata - Hilária Batista de Almeida (1854–1924)

30 - Zumbi dos Palmares (1655?–1695)

4 O negro: Análise Imagética Debret e Rugendas

No Brasil Colonial foi introduzido pelos artistas que compuseram a célebre

―Missão Artística Francesa de 1816‖, composição de imagens que figuram o

negro brasileiro na sua cotidianidade de pertencimento. Dentre os pintores temos

Jean Baptiste Debret (1768-1848), que documentou os costumes e as belezas

naturais do território brasileiro com primor e teve seus desenhos publicados na

França em três volumes dentre 1834 a 1839, também fizeram parte da missão

outros artistas.

O desenhista e pintor alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858) também veio ao Brasil, em 1821, em missão científica e retratou nossas paisagens e costumes em um álbum chamado Viagem Pitoresca Através do Brasil, também publicado na Paris, em 1835. (FIGUEIREDO, 2011, p. 125).

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As imagens que apresentaremos como sugestão de leitura e análise

imagética pertence especificamente aos pintores nominados acima.

Figura 3 - Negros ao tronco

Debret

1 - O que você percebe de comum nesta imagem em relação a vítima e o algoz?

Em sua opinião por que isso acontecia?

2 - Você tem alguma justificativa para o fato de o castigo ser um ato público?

Qual?

Figura 4 - Casa de negros

Rugendas

1 – O que é possível observar em relação à vida social dos negros no tempo da

escravidão?

Figura 5 - Coroação de uma rainha na Festa de Reis

Rugendas

1 – A imagem acima pode ser associada a que tipo de manifestação cultural

brasileira?

2 – Na imagem apesar de ser negra, a rainha possuía escravas. O que isso pode

revelar quanto às relações de poder entre os negros?

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Figura 6 - Dança do Lundu Figura 7 - Casamento de negros pertencentes à família rica

Rugendas Debret

1 – Na primeira imagem vemos que apesar da manifestação artística ser

propriamente africana, aparecem mais pessoas brancas que negras. Qual seria o

motivo dessa situação?

2 – O que as imagens revelam acerca do contato entre brancos e negros?

3 – Na segunda imagem, ocorre o contrário do que vemos na primeira. Como

você interpreta isso?

4 – Pela observação da 2ª imagem, observa-se que alguns negros obtinham um

tratamento diferenciado da maioria. Qual seria o motivo para isso?

Figura 8 - Um jantar brasileiro

Debret

1 – O que esta imagem revela acerca do tratamento dos senhores para com os

filhos de escravos?

Agora observe as imagens a seguir e produza um texto fazendo uma analogia

entre a escravidão no passado e a escravidão no presente:

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Figura 9

Figura 10

Figura 11

Figura 12

Figura 13

Figura 14

5 Provérbios Africanos:

Os provérbios, de acordo com Kaufman e Rodriguez (1995), são ditos

populares (frases e expressões) que transmitem conhecimentos comuns sobre a

vida. A maioria é de criação anônima. É muito comum ouvirmos provérbios em

situações do cotidiano. Quem nunca ouviu, ao fazer algo rapidamente, que ―a

pressa é a inimiga da perfeição‖. Os provérbios fazem sucesso, pois possuem um

sentido lógico, uma mensagem plurissignificante e de interpretação

contextualizada a vivência dos sujeitos.

O provérbio é fácil de decorar e transmitir em função de seu formato

simples, curto e direto. Falam sobre diversos assuntos e fazem parte da cultura

popular da humanidade. Encontramos provérbios para praticamente todas as

situações de vida.

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A partir de uma conversa com a turma organizada em roda, o professor

explicará aos alunos o que é um provérbio, ressaltando que muitos destes ditos

populares que conhecemos e até mesmo utilizamos em nosso dia a dia são de

origem africana. Na sequencia cada aluno receberá um provérbio que depois de

lido terá sua interpretação socializada com os demais alunos que também

poderão expor suas impressões acerca do provérbio em questão. A atividade

findará quando todos os alunos tiverem participado. Na sequencia será sugerido

aos alunos um trabalho de ilustração dos provérbios africanos.

Provérbios Africanos que podem ser utilizados na atividade4: ‖O tolo têm sede no meio de água." "Uma mentira estraga mil verdades."

"Um inimigo inteligente é melhor que um amigo estúpido."

"Quando o rato ri do gato há um buraco perto."

"Se você está construindo uma casa e

umprego quebra, você deixa de construir,

ou você muda o prego?

"Para quem não sabe, um jardim é uma floresta."

"É melhor ser amado do que temido."

"O machado esquece; a árvore recorda."

"O cavalo que chega cedo bebe a água boa."

"Aquele que não cultiva seu campo, morrerá de fome.

"Quando um rei tem conselheiros bons,

"Sem vingança, os males do mundo um dia ficarão extintos."

"O conhecimento é como um jardim: se não for cultivado, não pode ser colhido."

"O vento não quebra uma árvore que se dobra."

"Um peixe grande é pego com isca grande."

"Um camelo não zomba da corcunda de outro camelo."

"A esperança é o pilar do mundo."

"O conhecimento não é a coisa principal, mas ações."

"Não importa quanto longa seja a noite, o dia virá certamente."

"Quando a lua não está cheia, as estrelas ficam mais brilhantes."

"Não pise no rabo do cachorro, e ele não o morderá."

"O coração do homem sábio encontra-se

4 Os provérbios que estão expostos na atividade foram retirados do domínio de Rivalcir Liberato

(1996-2010) e encontram-se disponíveis em: http://www.rivalcir.com.br/proverbios/africano.html

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seu reino é pacífico."

"Não chame um cachorro com um chicote em sua mão."

"Quando as teias de aranha se juntam, elas podem amarrar um leão."

"Quando seu vizinho está errado você aponta um dedo, mas quando é você que está errado esconde."

"Se você danificar o caráter de outro, você danifica o seu próprio."

"A chuva bate a pele de um leopardo, mas não tira suas manchas."

"Quando você é rico, você é odiado; quando você é pobre, você é desprezado."

"Deus esconde-se da mente do homem, mas revela-se ao seu coração."

"A lua move-se lentamente, mas cruza a cidade."

"Uma vaca tem que pastar onde ela está amarrada."

"Você não pode construir uma casa para o verão do ano passado."

"Depois de uma ação tola vem o remorso."

"Como a ferida inflama o dedo, o pensamento inflama a mente."

quieto como a água límpida."

"Não chame a floresta que o abriga de selva."

"Se sua lingua tranformar-se em uma faca, cortará sua boca."

"Um pouco de chuva a cada dia encherá os rios até transbordarem."

"Até que os leões tenham suas histórias, os contos de caça glorificarão sempre o caçador."

"O coração de um homem e o fundo do mar são insondáveis."

"Quem faz perguntas, não pode evitar as respostas."

É a água calma e silenciosa que afoga um homem."

"A ruína de uma nação começa nas casas de seu povo." "Quem casa com a beleza casa-se com um problema."

"O dinheiro é mais afiado do que uma espada."

"A união do rebanho obriga o leão a ir dormir com fome."

"A água sempre descobre um meio."

6 Contos e Recontos de Lendas Africanas

O ato de contar e recontar histórias é uma atividade de grande valia para o

processo ensino aprendizagem, pois possibilita o desenvolvimento de uma

estrutura de linguagem interna mais sofisticada do que a usada na vida cotidiana,

aprimorando tanto a linguagem oral quanto a escrita. Para o desenvolvimento

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desta atividade cada aluno receberá uma história africana para ler e contar para a

turma. Abaixo segue algumas histórias que poderão ser utilizadas neste trabalho.

Todos dependem da boca

Certo dia, a boca, com ar vaidoso, perguntou:

- Embora o corpo seja um só, qual é o órgão mais importante?

Os olhos responderam:

- O órgão mais importante somos nós: observamos o que se passa e vemos as coisas.

- Somos nós, porque ouvimos – disseram os ouvidos.

- Estão enganados. Nós é que somos mais importantes porque agarramos as coisas, disseram as

mãos.

Mas o coração também tomou a palavra:

- Então e eu? Eu é que sou importante: faço funcionar todo o corpo!

- E eu trago em mim os alimentos – interveio a barriga.

- Olha! Importante é aguentar todo o corpo como nós, as pernas, fazemos.

Estavam nisto, quando a mulher trouxe a massa, chamando-os para comer. Então os olhos viram a

massa, o coração emocionou-se, a barriga esperou ficar farta, os ouvidos escutavam, as mãos podiam tirar

bocados, as pernas andaram... mas a boca recusou comer. E continuou a recusar.

Por isso, todos os outros órgãos começaram a ficar sem forças...

Então a boca voltou a perguntar:

- Afinal qual é o órgão mais importante no corpo?

- És tu boca, responderam todos em coro. Tu é o nosso rei!

Nota : todos somos importantes e, para viver, temos de aprender a colaborar uns com os outros...

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Ynari, a menina das cinco tranças

Era uma vez uma menina que tinha cinco tranças lindas e se chamava Ynari. Ela gostava muito de

passear perto de sua aldeia, ver o campo, ouvir os passarinhos e sentar-se junto à margem do rio.

Certa tarde, já o Sol se punha, Ynari ouviu um barulho. Não eram os peixes a saltar na água, não

era o cágado que às vezes lhe fazia companhia, nem era um passarinho verde.

Do capim alto saiu um homem muito pequenino com um sorriso muito grande. E embora ele não fosse do

tamanho dos homens da aldeia de Ynari, ela não se assustou.

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O homem muito pequenino andava devagarinho e devagarinho se aproximou. (...)

Estavam assim os dois conversando sobre as palavras, a importância que as palavras tinham na vida de

cada um, como as usavam, quando as usavam, com quem as usavam, e que significados tinham para o

coração de cada um deles. Ynari tentou explicar-lhe que havia palavras que para ela tinha mais do que um

significado ou que lhe provocavam mais do que uma só alegria ou uma só tristeza...

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Jabulani e o leão

Há muitas e muitas luas, no tempo em que as pessoas conversavam com os animais, vivia um

menino chamado Jabulani. Ele fazia parte dos suázipovo muito corajoso que mora em uma região da África

cheia de altas montanhas e florestas.

Na língua do seu povo, Jabulani significa ―aquele que traz felicidade‖. E foi exatamente isso que sua

mãe e seu pai sentiram quando ele chegou ao mundo, em uma manhã quente de janeiro: Jabulani seria

alguém especial que traria muito amor a todos.

Desde pequeno, Jabulani gostava de ajudar todo mundo. Sentia uma felicidade imensa no coração

quando isso acontecia. Para ele, era como se uma pequena mágica ocorresse: ajudar fazia a outra pessoa

se sentir melhor, possibilitava que algo bom acontecesse, tornava Jabulani e o mundo mais felizes. Seu avô

dizia que esta era uma das mágicas mais poderosas que o ser humano sabia e podia fazer.

Um belo dia, Jabulani andava contente da vida pela floresta, depois de brincar com seus amigos.

Quando atravessava uma pequena clareira, ouviu uma voz muito triste, pedindo: - Socorro, alguém me

ajude, por favor... Preciso sair daqui!

Depois de muito procurar de onde vinha aquela voz tão chorosa, Jabulani descobriu. Ali, no meio do

mato, havia uma velha armadilha escondida por um caçador. Dentro, quem estava? Um leão enorme, muito

chateado.

- Senhor leão, eu sou Jabulani – apresentou-se com prontidão o menino.

- O que aconteceu com o senhor?

- Oh, até que enfim alguém apareceu neste triste lugar – o leão suspirou aliviado.

– Menino, estou preso aqui quase um dia inteiro. Tenho muita sede e fome. Por favor, me ajude a

sair – e fez uma cara de dar dó.

Jabulani gostava muito de ajudar, mas não era bobo não. Sabia que tinha de tomar cuidado e, se

soltasse o leão, ele poderia atacá-lo e comê-lo com uma dentada só.

- Senhor leão, entendo sua situação, mas tenho medo. Como me disse que está com muita fome,

quem me garante que o senhor não vai sair da armadilha e me comer?

- Eu não faria uma coisa dessas com você, meu rapaz! Como eu poderia atacar o meu salvador?

Isso não seria certo. Eu prometo que não farei mal a você.

Jabulani pensou, pensou e pensou, e decidiu confiar no leão. Afinal, ele havia prometido. E

promessa é promessa!

- Ta bom, ta bom! Eu vou confiar na promessa do senhor

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Jabulani chegou perto da armadilha e puxou a corda que mantinha a porta fechada. O leão saiu da

armadilha, suspirou, espreguiçou-se e esticou as patas, afinal, ele havia ficado muito tempo preso em um

lugar pequeno e as pernas estavam dormentes.

Depois disso, virou-se lentamente e olhou bem fundo nos olhos do menino e disse: - Jabulani,

preciso beber um bom gole de água no rio antes de comer você!

Jabulani não acreditou no que o leão falava, achou que ele estava mangando.

Não podia ser verdade.

- O senhor está brincando? Só pode ser isso, não é? – perguntou o menino com um sorriso de

medo no cantinho da boca.

O leão olhou bem sério: - Não, não estou não. Você vai beber água comigo e depois vou te comer.

Estou com muita fome.

- Mas o senhor prometeu que não faria isso comigo! O senhor prometeu – gritou Jabulani.

O leão coçou a cabeça e respondeu:

- Prometi, sim, você tem razão. Mas promessa feita por alguém que está com muita fome, na hora

do desespero, não conta. Por isso, acho que é justo comer você!

Assustado, Jabulani tomou coragem e falou bem alto, com toda a força dos seus pequenos

pulmões:

- Não é justo, não! Eu ajudei o senhor! Não se pode fazer isso com alguém que nos ajuda. Vamos

perguntar a opinião dos outros animais da floresta e saber quem tem razão.

O leão estava com fome, mais não queria ser injusto. Não queria ficar com dor na consciência. Por

isso, era melhor ouvir a opinião dos outros.

- Tudo bem, tudo bem. Se algum deles achar que minha decisão não é correta, eu o deixarei partir. Mas

façamos a coisa rapidamente, porque minha barriga está roncando demais.

Quando estavam subindo a ladeira, depois de beber água no rio, Jabulani e o leão encontraram um

velho burrinho magro e sem dente, tentando arrancar um capim seco.

- Senhor burro, boa tarde! Precisamos ouvir sua opinião sobre um caso de vida ou morte.

- Pois não. Diga menino!

Então Jabulani contou toda a história para o burro: como havia encontrado e salvado o leão e como

agora ele, muito ingrato, queria comê-lo.

- O senhor acha justo?

O burrinho ficou em silêncio, pensando no que iria responder. Depois de um tempo que pareceu

grande, mas tão grande para Jabulani, o burrinho tossiu, limpou a garganta e respondeu:

- Acho justo sim, muito justo que o leão coma você. Afinal, ele está com fome e vocês, seres

humanos, não pensam duas vezes antes de sacrificar um animal quando assim o desejam – e olhou para

Jabulani com uma mistura de raiva e tristeza. – Vejam a minha situação. Trabalhei a vida toda para um

homem que cuidou de mim enquanto fui útil para ele. Eu carregava dia e noite nas minhas costas tudo o

que ele precisava. Mas depois que fiquei velho e mal consigo me alimentar sozinho ele me abandonou aqui

na floresta para que eu morra de fome. Você acha isso justo?

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Jabulani abaixou a cabeça e disse um ―não‖ bem baixinho. Ele não achava justo o que tinham feito

contra o burrinho, mas por que ele tinha de morrer por causa dos erros de outros homens?

Então o leão se virou para Jabulani e falou:

- Veja, ele me deu razão. Vamos acabar logo com isso – e levantou as garras para atacar o menino.

- De jeito algum, o burro é somente ―um‖ animal. Vamos perguntar para outros.

Contrariado, o leão concordou resmungando e Jabulani suspirou de alívio.

Depois eles encontraram uma vaca pastando. Jabulani e o leão a cumprimentaram e o menino logo contou

a ela o caso todo da armadilha. A vaca fez um ―Mmuu‖ bem bravo e falou:

- Os seres humanos são muito egoístas, só pensam neles. Para mim, são todos iguais! Nós, vacas,

damos o nosso melhor leite para vocês. Puxamos o arado para que vocês possam plantar as sementes. E o

que vocês fazem quando chegamos á velhice? Nos matam, nos comem e usam o nosso couro para a

roupa. Por isso, acho que o leão está correto em te comer. Nada mais justo do que um animal com fome

comer sua presa. Vocês, seres humanos, agem da mesma forma ou até muito pior conosco, animais.

Jabulani pensou: ―Acho que estou perdido e nunca mais vou voltar para minha casa, nunca mais

vou ver meu pai, minha mãe, meus irmãos, meus amigos...

Nunca mais!‖

Sem esperanças, Jabulani ainda contou a história da armadilha para um grupo de veados, depois

para dois pássaros, uma hiena e três coelhos. E todos concordaram que o leão devia comê-lo!

Quando o leão já estava se preparando para saborear o garoto, eis que aparece, como quem não

quer nada, um pequeno chacal.

- Deixe-me perguntar para ele, senhor leão. Só para ele - Pois será o último e não insista mais –

decretou o leão.

Então, Jabulani chegou perto do chacal e contou toda a história. O chacal fez várias perguntas e,

com cara de bobo, disse para os dois:

- Não sei se entendi direito. Para dar minha opinião, precisaria ver melhor como as coisas

aconteceram. Levem-me até a armadilha!

E foi assim que Jabulani e o leão fizeram. Quando chegaram ao lugar o chacal perguntou:

- Sei não – coçou a cabeça. – Não consigo entender com o leão entrou nesta armadilha. Ela parece

tão pequena para um leão tão grande e forte.

Cansado e com muita fome, o leão nem pensou:

- Ta bom, ta bom... Vamos logo com isso. Eu vou entrar lá para você ver – e de um pulo entrou na

armadilha.

Então, Jabulani correu e com um único movimento soltou a corda. A grade da armadilha se fechou

rapidamente. Confuso, o leão não entendeu o que havia ocorrido.

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Com o coração apertado, Jabulani deu uma última olhada para o leão presto e foi embora para

cara. E o chacal desapareceu como um fantasma na mata.

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Galinha-D”Angola

Antigamente as aves viviam felizes nos campos e florestas africanas, até que a inveja se instalou

entre elas tornando insuportável a convivência.

Nessa ocasião, quase todos os pássaros passaram a invejar a família do Melro, que era muito

bonito. O macho, com sua plumagem negra e seu bico amarelo –alaranjado, despertava em todos a

vontade de ser igual a ele. As fêmeas tinha o dorso preto, o peito pardo-escuro, malhado de pardo-claro, e

a garganta com manchas esbranquiçadas. Elas causavam inveja maior ainda.

O Melro, vaidoso, certo de sua beleza, prometeu que se todas as aves o obedecessem usaria seus

poderes mágicos e os tornaria negros com plumagem brilhante. Entretanto, os pássaros logo começaram a

desobedecê-lo. Então ele, furioso, jurou vingança, rogou-lhes uma praga e deu-lhes cores e aspectos

diferentes.

Para a Galinha D‖Angola, disse que seria magra e sentiria fraqueza constante. Fez com que seu

corpo se tornasse pintado assim como o de um leopardo. Dessa forma, seria devorada por aqueles felinos,

que não suportariam ver outro animal que tivesse o corpo tão belo, pintado de uma maneira semelhante ao

deles. Ela pagaria assim por sua inveja. E foi isso que aconteceu.

Desde esse dia a Galinha D‖Angola, embora seja muito esperta e voe para fugir dos caçadores,

vive reclamando que está fraca, fraca. Com suas perninhas magras, foge com seu bando assim que surge

algum perigo e é muito difícil alcançá-la. Suas penas, cinzas, brancas ou azuladas, são sempre

manchadinhas de escuro tornando as galinhas d‖angola belas e cobiçadas.

Galinha-D‖Angola é o mesmo que to-fraco, conquém, sacué ou guiné. Par os yorubás, é etu, animal

sagrado. Contam que, por recomendação de Orumilá, a grande adivinho, a conquém precisou fazer um ebô

para que nada faltasse na Terra a seus pares, as outras aves do mato.

Entre outras coisas, e tu deveria ser generosa com todos os seres. Foi quando encontrou Oxalá, a

quem tratou com reverência e ofereceu tudo o que tinha. Admirado com a fineza de etu, Oxalá pintou o seu

corpo com efun, o pó branco mágico. Eis porque e tu, que dentre os animais tem a maior semelhança com

Oxalá, faz parte das cerimônias e oferendas para os deuses orixás.

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O leopardo e o fogo

Antigamente o leopardo e o fogo eram grandes amigos. O leopardo vivia como agora, na

selva, e o fogo em uma caverna.

Às vezes o leopardo fazia longas caminhadas para ir ver seu amigo fogo... Um dia, o

leopardo diz ao fogo: - Porque não devolves minhas visitas? E porque estás sempre aqui metido

nesta caverna, em companhia destas pedras pretas?

O fogo lhe respondeu: É muito melhor que eu esteja aqui. Se saio, posso ser muito

perigoso. Mas o leopardo insistiu tanto, que no fim convenceu seu amigo, que disse: Bem, mas

primeiro limpa cuidadosamente a explanada que tem diante da caverna...

O leopardo era um tanto que preguiçoso, assim arrancou as ervas, mas deixou alguma

que outra folha seca no caminho da explanada. Quando o fogo saiu de sua caverna, se

transformou em seguida em um grande incêndio que impulsionado pelo vento, chegou até as

copas das árvores.

O leopardo aterrorizado começou a correr de um lado para outro e queimou sua pele. Por

isso, hoje, o leopardo leva os sinais das queimaduras e quando vê ao longe o seu amigo o fogo,

foge como louco...

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Lenda da Girafa

"Há muito, muito tempo, a girafa era um animal igual aos outros, com um pescoço de

tamanho normal. Houve então uma terrível seca. Os animais comeram toda a erva que havia,

até mesmo as ervas secas e duras, e andavam quilómetros para ter água para beber.

Um dia, a Girafa encontrou o seu amigo Rinoceronte. Estava muito calor e ambos

percorriam lentamente o caminho que levava ao bebedouro mais próximo e lamentavam-se.-

Ah, meu amigo - disse a Girafa, - vê só... Tantos animais a escavar o chão à procura de

comida... Está tudo seco, mas as acácias mantêm-se verdes.- Hum, hum - disse o

Rinoceronte (que não era - e ainda não é - muito falador). - Seria tão bom - disse a Girafa -

poder chegar aos ramos mais altos, às folhas tenras. Há muita comida mas não conseguimos

lá chegar porque não conseguimos subir às árvores. O Rinoceronte olhou para cima e

concordou, abanando a cabeça:- Talvez devêssemos ir falar como o Feiticeiro. Ele é sábio e

poderoso.- Que bela ideia! - disse a Girafa. - Sabes onde fica a casa do Feiticeiro? O

Rinoceronte acenou afirmativamente e os dois amigos dirigiram-se para a casa do Feiticeiro

após matarem a sede.

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Depois de uma caminhada longa e cansativa, os dois chegaram a casa do Feiticeiro e

explicaram-lhe ao que vinham. Depois de os ouvir, o Feiticeiro deu uma gargalhada e disse:-

Isso é muito fácil. Voltem amanhã ao meio-dia e eu dar-vos-ei uma erva mágica. Ela fará com

que os vossos pescoços e as vossas pernas cresçam. Assim, poderão comer as folhas tenras

das acácias. No dia seguinte, só a Girafa chegou à cabana na hora marcada. O Rinoceronte,

que não era lá muito esperto, encontrou um tufo de erva ainda verde e ficou tão contente que

se esqueceu do compromisso. Cansado de esperar pelo Rinoceronte, o Feiticeiro deu a erva

mágica à Girafa e desapareceu. A Girafa comeu sozinha uma dose preparada para dois.

Sentiu imediatamente uma sensação estranha nas suas pernas e pescoço e viu que o chão

estava a afastar-se rapidamente. ―Que engraçado!‖ pensou a Girafa, fechando os olhos pois

começava a sentir-se tonta. Passado algum tempo abriu lentamente os olhos. Como o mundo

tinha mudado! As nuvens estavam mais perto e ela conseguia ver longe, muito longe. A Girafa

olhou para as suas longas pernas, moveu o seu pescoço longo e gracioso e sorriu. À sua

frente estava uma acácia bem verdinha... A Girafa deu dois passos e comeu as suas primeiras

folhas.Após terminar a sua refeição, o Rinoceronte lembrou-se do compromisso e correu o

mais depressa que pôde para a casa do Feiticeiro. Tarde demais! Quando lá chegou já a

Girafa comia, regalada, as folhas da acácia.

Quando o feiticeiro lhe disse que já não havia mais ervas mágicas, o Rinoceronte ficou

furioso, pois pensou que tinha sido enganado e não que fora o seu enorme atraso que o tinha

prejudicado. Tão furioso ficou que perseguiu o Feiticeiro pela savana fora. Diz-se que foi a

partir desse dia que o Rinoceronte, zangado com as pessoas, as persegue sempre que vê

uma perto de si.

http://geocaieiras.wordpress.com/2012/06/18/lendas-africanas/.

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O gato e o rato

O Gato e o Rato tornaram-se amigos. Um dia combinaram fazer uma viagem a uma terra distante. Pelo caminho tinham de atravessar um rio.

- Por onde passaremos? - perguntou o Gato. - O rio leva muita água.

O Rato respondeu:

- Não faz mal. Fazemos um barco.

O Gato concordou e logo ali os dois colheram uma grande raiz de mandioca e fizeram um barco com ela. Meteram o barco na água, entraram para ele e começaram a atravessar o rio.

Pelo caminho começaram a ter fome e repararam que não tinham levado comida.

O Gato perguntou então:

- O que é que nós havemos de comer?

- Não te preocupes, amigo Gato, porque podemos comer o nosso próprio barco.

E os dois começaram a comer o barco. O Gato pouco comeu porque a mandioca não lhe sabia bem, mas o Rato comeu, comeu, comeu até que acabou por furar o barco, que foi ao fundo.

O Gato e o Rato tiveram que nadar até à margem, mas, enquanto o Rato nadava bem e depressa, o Gato que mal sabia nadar, só com muita dificuldade e muito envergonhado é que conseguiu chegar a terra.

O Gato olhou então para o Rato e viu que ele estava com a barriga bem cheia por causa da mandioca, enquanto ele continuava cheio de fome. Por isso lembrou-se de comer o Rato.

- Sinto muita fome, Rato. Vou ter de te comer.

- Está bem - disse o Rato espertalhão - mas olha que eu estou muito sujo. É melhor ir primeiro lavar-me. Espera aí.

O Rato afastou-se e desapareceu. O Gato ainda hoje está à espera.

http://resgatedenossasraizes.blogspot.com.br/2010/11/lendas-africanas.html

7 Música x Combate a discriminação racial

O trabalho com música em sala de aula pode ser muito proveitoso como

recurso didático, pois através dela é possível sensibilizar o aluno para o raciocínio

e para a construção do saber, levando-o ao desenvolvimento de habilidades, a

definição de conceitos e conhecimentos. Além disso, por seu caráter

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descontraído, ainda possibilita a realização de um trabalho lúdico e por sua vez

muito prazeroso.

A música está intimamente ligada à vida cotidiana das pessoas, tanto é que

vemos muitos temas polêmicos e importantes em nossa sociedade como

preconceito e racismo sendo retratados e denunciados por diversos cantores

brasileiros. Entre eles podemos destacar: Chico César, Sandra de Sá, Martinho

da Vila, Gilberto Gil, Alcione, Léo Brandão, Gabriel pensador e ainda, Caetano

Veloso que por meio de músicas como Navio Negreiro e 13 de maio conseguiu

retratar um pouco da vida, do sofrimento e das conquistas do povo negro.

Como pudemos ver no desenvolvimento desta pesquisa, são muitos os

expoentes nacionais que dedicaram toda criatividade e sensibilidade artística na

denúncia da desigualdade e da opressão existente em nossa sociedade.

Gostaríamos de abordar todos, contudo como nosso tempo é reduzido, optamos

por realizar uma atividade interpretativa das obras de Caetano Veloso e Gabriel

Pensador, sendo estas respectivamente: Navio negreiro e Lavagem Cerebral.

Curiosidade: Você sabia que a música Navio Negreiro é uma versão

musical de uma poesia de autoria de Castro Alves que data de 1868?

Após apreciação das músicas, os alunos realizarão uma comparação

crítica entre as duas músicas citadas, tendo como base os seguintes tópicos:

A que períodos históricos pertencem as duas músicas?

Analisando as duas músicas verificamos a existência de um cruzamento de

linguagens socialmente diversificadas. Como é possível explicar isso?

Você concorda com Gabriel Pensador, quando ele diz que racismo é

burrice? Justifique sua ideia tendo por base as relações étnico raciais na

sociedade brasileira desde o tempo da colonização.

Qual o objetivo de Castro Alves ao produzir o poema navio negreiro?

Qual era a condição dos africanos dentro do navio durante todo o percurso

das longas viagens para o Brasil?

O que Gabriel Pensador quer dizer com o termo ―lavagem cerebral‖?

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Segundo a música de Gabriel Pensador qual é reação da elite frente ao

preconceito racial?

Interprete o seguinte trecho da música de Gabriel Pensador

―Num complexo de superioridade infantil‖

―Ou justificando um sistema de relação servil‖

Explique a que Gabriel Pensador quer se referir quando citando juiz Lalau e

PC Farias em sua música.

Você concorda com Gabriel Pensador quando ele diz que somos todos

mestiços? Baseie sua resposta em fatos históricos.

Você concorda com a premissa contida na música de que o racismo é

passado de pai para filho? Cite um exemplo que justifique esta premissa.

Outra atividade interessante a ser realizada, seria a produção de paródias, de

maneira que se explore o combate ao preconceito e a discriminação racial.

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

'Stamos em pleno mar Era um sonho dantesco... o tombadilho, Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras, moças... mas nuas, espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs.

E ri-se a orquestra, irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Se o velho arqueja... se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa dos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia E chora e dança ali!

Lavagem Cerebral Gabriel O Pensador

Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano "O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar" Racismo, preconceito e discriminação em geral; É uma burrice coletiva sem explicação Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união Mas demonstra claramente Infelizmente Preconceitos mil De naturezas diferentes Mostrando que essa gente Essa gente do Brasil é muito burra E não enxerga um palmo à sua frente Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente Eliminando da mente todo o preconceito E não agindo com a burrice estampada no peito A "elite" que devia dar um bom exemplo É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento Num complexo de superioridade infantil Ou justificando um sistema de relação

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Um de raiva delira, outro enlouquece... Outro, que de martírios embrutece, Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra E após, fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais!

Qual num sonho dantesco as sombras voam... Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se Satanaz!... Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noite! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!... Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são?... Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa musa, Musa libérrima, audaz!

São os filhos do deserto Onde a terra esposa a luz. Onde voa em campo aberto A tribo dos homens nus...

São os guerreiros ousados, Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão... Homens simples, fortes, bravos... Hoje míseros escravos Sem ar, sem luz, sem razão...

São mulheres desgraçadas Como Agar o foi também,

servil E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação Não tem a união e não vê a solução da questão Que por incrível que pareça está em nossas mãos Só precisamos de uma reformulação geral Uma espécie de lavagem cerebral

Racismo é burrice

Não seja um imbecil Não seja um ignorante Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante O quê que importa se ele é nordestino e você não? O quê que importa se ele é preto e você é branco Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços Se você discorda, então olhe para trás Olhe a nossa história Os nossos ancestrais O Brasil colonial não era igual a Portugal A raiz do meu país era multirracial Tinha índio, branco, amarelo, preto Nascemos da mistura, então por que o preconceito? Barrigas cresceram O tempo passou Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor Uns com a pele clara, outros mais escura Mas todos viemos da mesma mistura Então presta atenção nessa sua babaquice Pois como eu já disse racismo é burrice Dê a ignorância um ponto final: Faça uma lavagem cerebral

Racismo é burrice

Negro e nordestino constroem seu chão Trabalhador da construção civil conhecido como peão No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia É revistado e humilhado por um guarda nojento Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós

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Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos Filhos e algemas nos braços, N'alma lágrimas e fel. Como Agar sofrendo tanto Que nem o leite do pranto Têm que dar para Ismael...

Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram crianças lindas, Viveram moças gentis... Passa um dia a caravana Quando a virgem na cabana Cisma das noites nos véus... ...Adeus! ó choça do monte!... ...Adeus! palmeiras da fonte!... ...Adeus! amores... adeus!...

Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se eu deliro... ou se é verdade

Tanto horror perante os céus... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão? Astros! noite! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!...

E existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia?!... Silêncio!... Musa! chora, chora tanto Que o pavilhão se lave no seu pranto...

Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra, E as promessas divinas da esperança... Tu, que da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança, Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu na vaga,

Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói O preconceito é uma coisa sem sentido Tire a burrice do peito e me dê ouvidos Me responda se você discriminaria O juiz Lalau ou o PC Farias Não, você não faria isso não Você aprendeu que preto é ladrão Muitos negros roubam, mas muitos são roubados E cuidado com esse branco aí parado do seu lado Porque se ele passa fome Sabe como é: Ele rouba e mata um homem Seja você ou seja o Pelé Você e o Pelé morreriam igual Então que morra o preconceito e viva a união racial Quero ver essa música você aprender e fazer A lavagem cerebral

Racismo é burrice

O racismo é burrice, mas o mais burro não é o racista É o que pensa que o racismo não existe O pior cego é o que não quer ver E o racismo está dentro de você Porque o racista na verdade é um tremendo babaca Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca E desde sempre não para pra pensar Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar E de pai pra filho o racismo passa Em forma de piadas que teriam bem mais graça Se não fossem o retrato da nossa ignorância Transmitindo a discriminação desde a infância E o que as crianças aprendem brincando É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica Ninguém explica Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural Todo mundo que é racista não sabe a razão Então eu digo meu irmão Seja do povão ou da "elite"

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Como um íris no pélago profundo!

...Mas é infâmia demais... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo... Andrada! arranca este pendão dos ares! Colombo! fecha a porta de teus mares!

Disponível em: http://letras.mus.br/caetano-veloso/77893/

Não participe Pois como eu já disse racismo é burrice Como eu já disse racismo é burrice

Racismo é burrice

E se você é mais um burro, não me leve a mal É hora de fazer uma lavagem cerebral Mas isso é compromisso seu Eu nem vou me meter Quem vai lavar a sua mente não sou eu É você.

Disponível em http://letras.mus.br/gabriel-pensador/137000/

Sugestões de Sítios

Título do sítio: A Cor da Cultura

Disponível em: http://www.acordacultura.org.br

A Cor da Cultura é um projeto educativo de valorização da cultura afro-brasileira

que trabalha no sentido de promover práticas positivas, valorizando a história

deste segmento sob um ponto de vista afirmativo.

Título do sítio: Casa das Áfricas

Disponível em: http://www.casadasafricas.org.br/

Trata-se de um Instituto cultural de formação e de estudos sobre sociedades

africanas.

Título do sítio: Fabulografias

Disponível em: http://www.fabulografias.com

É formado por um grupo que tem como objetivo transformar pensamentos em

imagens e sons pertinentes a cultura afro-brasileira, gerando um fluxo de

comunicação com grupos de diversos países que também trabalham a temática,

como Portugal, Angola e Moçambique.

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Título do sítio: Lendas dos Orixás

Disponível em: www.lendas.orixas.nom.br

As lendas dos orixás constituem-se de excelentes recursos para desconstruir

preconceitos que foram impingidos às religiões afro-brasileiras. Nesse site, será

possível encontrar vários textos que permitirão ao professor desenvolver valiosos

trabalhos, sobretudo, nas aulas de literatura. Por exemplo, uma análise

comparativa das lendas gregas com as lendas africanas permite mostrar que

apesar da distância que as separa, em relação às origens, guardam certa

semelhança. Uma comparação entre as imagens de Zeus e Xangô pode apontar

características comuns: Zeus, na mitologia greco-romana, é relacionado aos raios

e trovões e traz na mão um machadinho duplo. O mesmo se observa em Xangô

que também é considerado deus desses mesmos fenômenos naturais. Além de

trazer na mão um oxé (machado de lâmina duplo), têm a mesma fúria que o deus

grego pode apresentar. Esses estudos podem levar professores e alunos a uma

reflexão em especial: Por que os deuses greco-romanos são tão citados na

literatura em detrimento do silenciamento dos orixás?

Título do Sítio: Portal Afro

Disponível em www.portalafro.com.br

Este site pode ser uma interessante fonte de pesquisa para o professor ampliar

seus conhecimentos. Assuntos como: artes, religião, entrevistas, história e

quilombos são debatidos e disponibilizados como excelente material de consulta

sobre esses temas.

Título do Sítio: Mundo Negro

Disponível em: www.mundonegro.com.br

Trata-se de um site que traz sempre as últimas notícias sobre os assuntos

referentes às comunidades negras em situações que denunciam a falsa

democracia no Brasil. Também consiste em uma interessante agenda que informa

aos profissionais da educação os cursos, as palestras, eventos e seminários

destinados à sua formação continuada.

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Título do Sítio: Grupo de Pesquisa Educação e Religião

Disponível em: www.gper.com.br

Excelente fonte para tratar sobre temas ligados ao Ensino Religioso. Apresenta

reflexões sobre a diversidade na Educação Básica, além de permitir o acesso a

trabalhos acadêmicos, livros, artigos e filmes que podem ampliar os recursos do

educador na elaboração de suas aulas.

Título do Sítio: Casa de Cultura da Mulher Negra

Disponível em: http:/www.casadeculturadamulhernegra.org.br/

Trata-se de uma valiosa fonte para o profissional da educação que se dedica aos

estudos sobre o gênero na literatura. Fala sobre temas relacionados à presença

feminina negra nos textos literários e no meio social. O professor encontrará

textos que poderão auxiliá-lo nos debates promovidos em sala de aula tendo

como foco a mulher negra.

Título do Sítio: Literafro

Disponível em: www.letras.ufmg.br

Neste site encontra-se importante material para a formação continuada do

professor. Teóricos como: Abdias do Nascimento, Clóvis Moura, Domício Proença

Filho, Mestre Didi e outros discutem com proficiência assuntos sobre a literatura

negra. Também o professor terá contado com a produção literária dos brasileiros

afro-descendentes, artigos e projetos que são verdadeiras fontes para ampliar

seus conhecimentos.

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Considerações Finais

Sabemos que mudanças não se processam da noite para o dia, nem

tampouco sem o envolvimento de parte expressiva da população e participação

de vários setores da sociedade, inclusive a escola. Pensando nessa perspectiva,

este trabalho pode ser traduzido como uma experiência de ação concreta por

parte da escola na direção da implementação da Lei 11645/08.

Contudo existe a consciência de que temos que investir em práticas

pedagógicas capazes de desarticular a atual estrutura escolar no que diz respeito

às relações etnicorraciais, que acaba por ser uma extensão das representações

intrínsecas ao universo familiar e social.

Nossas sugestões têm por objetivo incentivar o professor a buscar a

interdisciplinaridade, através da realização de projetos ou atividades que integrem

a comunidade à escola e valorizem as diversas culturas presentes no ambiente

escolar. Mas depende em grande parte de um compromisso político e pedagógico

de nossos colegas para alcançar êxito.

Esperamos ser capazes de dar suporte para a realização de um trabalho

docente que contemple a temática das relações etnicorraciais e de motivar novas

propostas de atividades destinadas à implementação da Lei 11.645/08.

Desta forma, professor fica claro que o sucesso deste trabalho depende de

sua colaboração, de sua postura participativa, cooperativa e solidária, pois só em

parceria com você será possível colocar em prática o que prevê a lei: a

construção de uma educação brasileira inclusiva, multicultural e sem racismo.

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Referências Bibliográficas

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OLUANDEJINKOSI. Abayomis para as crianças brincarem. Postado 24 de setembro de 2012. Disponível em: http://religioesafroentrevistas.wordpress.com/2012/09/24/abayomis-para-as-criancas-brincarem/ . Acesso em: 29/11/2012. PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação. Cadernos temáticos: inserção dos conteúdos de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares. Curitiba: SEED-Pr, 2005. PEREIRA, Ocácia Terezinha. Oficina Contos Africanos. In: MARTINS, Ilton César

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TURMA 33C. Lenda Africana: Jabulani e o leão. Postado em 19 de agosto de 2010. Acesso em 10/11/2012. TURMA 33C. Lenda Africana: Todos dependem da boca. Postado em 19 de agosto de 2010. Acesso em 10/11/2012. UJIIE, N. T.; ZYCH, A. C. Mania de Compartilhar: a escola como lócus de atenção a diversidade e lugar de ação social e educacional. In: Psicopedagogia On line. Publicado em 04/02/2011 17:53:00. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1334. VELOSO, Caetano Emanuel Viana Teles. O Navio Negreiro. Disponível em: http://letras.mus.br/caetano-veloso/77893/. Acesso em 03/12/2012. WASHINGTON, Denzel. O Grande Desafio. 126 min, aventura, colorido, EUA, 2007.

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ANEXOS

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ANEXO 1

PROJETO A COR NA SOCIEDADE: AFRICANIDADES E BRASIL

Fernanda Zanão dos Santos5

Nájela Tavares Ujiie6

IES vinculada: UNESPAR/FAFIUV

Rede: Pública Estadual do Paraná

NRE: União da Vitória-PR

Nome da Instituição: CEEBJA Bituruna-PR

Etapa de ensino: EJA Ensino Médio

Diretor: Rubi Gonçalves da Maia

Tema: O ensino e a Lei 11.645/08

Justificativa:

A promulgação da lei 11.645/08 representa um avanço no sentido da

promoção da igualdade racial, pois muitas vezes as concepções de superioridade

de cultura e raça são perpetuadas dentro da própria escola. Assim, uma

educação voltada para o respeito e convívio harmônico com a diversidade, e, que

considere a tomada de consciência dos alunos enquanto cidadãos de direito é

oportuna enquanto instrumento de combate ao preconceito e ao racismo.

Também é importante que enquanto educadores que tomemos consciência da

importância de compreendermos as políticas de promoção de igualdade racial e

5 Pedagoga vinculada ao PDE, pertencente ao Núcleo Regional de Educação de União da Vitória-

PR. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação: teoria e prática (GEPE).

6 Orientadora do PDE, docente do Colegiado de Pedagogia UNESPAR/FAFIUV. Mestre em

Educação pela UEPG. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação: teoria e prática

(GEPE).

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contemplá-las em nosso planejamento. Tendo em vista favorecer a equidade no

âmbito escolar e formar alunos conscientes, articuladores da justiça social e

sujeitos históricos, sendo capazes de enfrentar os desafios atuais e de aprender a

atuar e conviver de forma crítica, repudiando todo e qualquer tipo de

discriminação.

Objetivos:

Articular a Lei 11.645/08 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação das Relações Etnicorraciais com o trabalho pedagógico

desenvolvido na escola;

Implementar junto aos alunos da EJA Ensino Médio, práticas educacionais

efetivas para compreensão da diversidade como fator social e humano do

território brasileiro, e, em prol da superação das desigualdades raciais;

Propagar as ideias de não discriminação, e ao mesmo tempo, difundir os

ideais de equidade e de respeito aos direitos humanos.

Conteúdos:

Contemplação da Lei 11.645/08

História e Cultura Afro-brasileira

Metodologia

- Aulas expositivas

- Leitura de textos

- Vídeos

- Dramatização de histórias africanas

- Interpretação de Charges

- Estudo do Estatuto da Igualdade racial

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- Trabalhos em grupos

Roteiro de atividades:

1ª - Aula expositiva sobre a importância da oralidade para a cultura africana e o

papel dos Griots na perpetuação da memória coletiva na sociedade africana.

TEXTO DE APOIO

Griots – os intérpretes musicais da história africana

Maria Bijóias

Numa cultura oral como a africana, o griot conserva a memória coletiva. Por isso, é costume

dizer-se que «quando na África morre um ancião é uma biblioteca que desaparece». A figura

do griot tem uma enorme importância na conservação da palavra, da narração, do mito. Na

prática, eles funcionam como escritores sem papel nem pena. Ortografam na oralidade aquilo

que deve permanecer embutido na memória e no coração dos seus familiares e conterrâneos,

no sentido de manter incrustada a identidade do seu ser e das suas raízes, fundamentada, em

grande parte, no seu passado e nos seus predecessores.

Os griots são os guardiões, intérpretes e cantores da história oral de muitos povos africanos.

Na língua mandinga são conhecidos como jali e na África Central como mbomvet. Todos eles

possuem uma função social bastante semelhante e de grande relevância.

Os griots cantam a história épica da África e os mitos dos diferentes povos, ou elogiam os

méritos dos heróis e personagens do passado, geralmente acompanhados por instrumentos

musicais, como a kora ou o xilofone.

No passado, os griots eram contratados por reis e príncipes para enaltecerem as suas

qualidades com cânticos durante as cerimônias sociais da corte (num evidente atentado à

humildade). Todavia, por vezes, também sabiam criticar os seus mecenas com fina ironia (que

nem todos, certamente, compreenderiam). Pelo papel social que desempenhavam na corte, os

griots gozavam de grande prestígio entre a sociedade tradicional africana. Eram imensamente

estimados pelas suas capacidades musicais e poéticas, recebendo boa retribuição pelo seu

trabalho. Mas também eram temidos, porque se pensava que dominavam certos poderes

ocultos (para alguns, a inteligência e a mordacidade ainda hoje são ―ciências‖ desconhecidas,

não só na África como em todos os recantos do mundo). Por esse motivo, quando morriam,

não eram sepultados, sendo o seu cadáver colocado dentro do tronco oco de uma árvore e

coberto com ramos, para que os seus restos não contaminassem a terra com os poderes

mágicos. (Será que a árvore não poderia, então, começar a falar ou a ter qualquer outro

comportamento estranho e inesperado?).

Massa Makan Diabaté, um dos griots mais importantes do nosso tempo, compara o griot à

kora, instrumento de 21 cordas: as sete primeiras tocam o passado; outras sete o presente; e

as últimas sete o futuro. Por isso, o griot é testemunha do passado, cantor do presente e

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mensageiro do futuro. Disponível

em: http://www.ruadireita.com/musica/info/griots-os-interpretes-musicais-da-historia-africana

2ª - Debate posterior a leitura e registro escrito a partir das questões:

a) Qual o valor da história oral para os povos africanos e para nós brasileiros?

b) Existe no Brasil uma figura de correspondência com os griots africanos?

c) No Brasil quais são as formas utilizadas para perpetuar a memória coletiva?

3ª – Contação de História: Contos Africanos

O educador ocupa a posição de um griot africano e utilizando-se da técnica que

melhor se adequar apresenta a lenda ou conto ao público. Por simples narrativa

ou mesmo por sequência de figuras e imagens. Ao final deste plano encontra-se

mais alguns contos anexos, que podem ser utilizados.

Bruna e a Galinha D’Angola

Bruna era uma menina que se sentia muito sozinha. Sua avó veio da África e sempre lhe contava histórias. Uma que ela gostava muito era a do pano da galinha d‘ angola que sua avó trouxera da África.

Conta a lenda de uma aldeia africana que Ósún era uma menina que se sentia só e para lhe fazer companhia resolveu criar o que ela chamava de "o seu povo‖. Foi assim que surgiu Conquém, a galinha d‘Angola, sua companheira de brincadeira e diversão que ia com Ósún, a todos os lugares. E passou a aglutinar tantas pessoas ao seu redor que foi possível fundar uma nação. Conquém espalhou as sementes na terra, o lagarto desceu para ver se a terra era firme e o pombo foi avisar aos outros animais que podiam vir povoar aquele lugar. Tudo aconteceu assim.

Bruna gostava muito desta história e se identificava tanto. Também se sentia só e tinha poucos amigos. Tanto que certa vez pediu a seu tio que era um bom oleiro, que lhe ensinasse a trabalhar com barro. Foi assim, que Bruna modelou na argila Conquém, a galinha d‘Angola e passou a brincar com ela. Todos na família acharam muito engraçado, mas a menina passou a ter com quem brincar e dividir suas aventuras.

No dia de seu aniversário, porém sua avó lhe deu uma galinha d‘Angola de verdade. As outras crianças da aldeia que não brincavam com Bruna foram se aproximando dela e pedindo para brincar com a Conquém. Foi assim que Bruna arranjou muitas amigas e fizeram muitas galinhas de barro iguais a Conquém.

Um dia as crianças acharam no baú da avó de Bruna um pano que contava a lenda africana dos animais que ajudaram a Conquém na criação do mundo e de seu povo. Sua avó resolveu ensinar as meninas a pintarem tecidos, como os que ela fazia na África, isso fez com que a

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aldeia ficasse conhecida. Foi assim que todas as pessoas da aldeia de Bruna decidiram torná-la mais bonita e pintaram suas casas com as cores dos pano da galinha d‘Angola, cores vibrantes fortes e quentes.

Um dia a Conquém sumiu e todas as meninas saíram a sua procura chamando:_ Conquém, onde você está? Com quem nós vamos brincar?

Tanto procuraram que a acharam escondida no mato, junto a um ninho com um belo ovo que ela protegia e chocava.

Tempos depois, cada menina da aldeia tinha sua galinha d‘Angola e até hoje o povo daquela aldeia conta a história de Bruna e da galinha d‘Angola para aqueles que compram os belos tecidos pintados pelas meninas.

ALMEIDA, Gercilda. Bruna e a Galinha D’Angola. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

A Diálogo posterior a contação.

a) Gostaram ou não da história?

b) Exponham seu ponto de vista pessoal em relação a história?

c) Alguém gostaria de contar alguma história para turma? Abrir espaço para

que esta ação aconteça.

B Vamos construir um pano africano de colorido vibrante, a partir da ação

individualizada de cada um, e tendo como inspiração a história que foi contada

―Bruna e a Galinha D‖Angola‖, de Gercilda Almeida.

Material:

- tinta para tecido diversas cores

- pincéis

- retângulos de algodão cru 30x40cm

- tesoura

- linha

Modo de fazer: Cada um deverá ser criativo e realizar sua atividade, a qual será

individual e coletiva. Pois, após o termino da pintura e após secar estas deverão

ser costuradas uma na outra produzindo o pano da turma. Abaixo segue uma

imagem ilustrativa para esta ação.

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Figura 1 – Pano africano, imagem ilustrativa

Fonte:http://1.bp.blogspot.com/_sFLb0RWLzU/TDPeJ01EFHI/AAAAAAAABgA/5wJ4oy20hvo/s160

0/01g_allAboutGriots_194x467_1706.jpg

4ª Contos africanos: Filmografia

* Kiriku e a Feiticeira, direção de Michel Ocelt, 1h11‘, Animação, França, 1998.

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=fFti74FpTpQ&feature=endscreen&NR=1

Sinopse do filme: Na África Ocidental, nasce um menino minúsculo, cujo

tamanho não alcança nem o joelho de um adulto, que tem um destino: enfrentar a

poderosa e malvada feiticeira Karabá, que secou a fonte d'água da aldeia de

Kiriku, engoliu todos os homens que foram enfrentá-la e ainda pegou todo o ouro

que tinham. Para isso, Kiriku enfrenta muitos perigos e se aventura por lugares

onde somente pessoas pequeninas poderiam entrar. Site Adorocinema:

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-18446/

A Diálogo posterior a exibição do filme, impressões, sensações, percepções e

opiniões.

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5ª Dividir os alunos em grupo conforme afinidade. Estes grupos deverão

pesquisar na biblioteca, na internet e onde acharem adequado lendas e contos

africanos.

Selecionar o de sua preferência.

Ler, ensaiar e dramatizar para os colegas no âmbito de sala de aula.

Considerando a qualidade e o empenho dos grupos no desenvolvimento do

trabalho este poderá ser apresentado a toda a instituição.

A Promover uma roda de conversa após esta atividade para balanço geral.

6ª Africanidades e Brasil no universo da língua portuguesa:

O professor explicará aos alunos que muitas das palavras utilizadas em nosso

cotidiano são de origem africana. Em seguida serão estimulados a realizar oum

caça-palavras envolvendo algumas destas palavras.

AFRICASIL

K M C B U V X C L O D R T U P

B T R T Ç G F J A B M A Ç A C

U A J J K C A F U N É M C M H

Y G B D T A B K G Y L D I I C

C C A A G L M L F Z I E T L A

H O T B N O U Z D X V T I O C

I C U A U M X B A N Z É B P H

L H Q Ç F B A A S C N I A O A

I I U I C O C G A B O P S F Ç

Q L E A T L V U P H H O S E A

U A K V Y Z M N O K G G E W N

E R Ç A G X S Ç I N N O L O U

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S R T J S C A A E U A L B S G

S O C A F U N D Ó H T M U V F

G R A F A B F X U N I E N I D

N U F H W M G C Y H X F D N Z

K E O T N O H V C A E O A T A

F I F O C A Q A T F V N B O Q

M C O V C H C B L J X I F J C

A A F C N E W N R E Z R H A L

L P H C J L U M E N U A N K J

U E P K A L E Q W T M J K I N

Ç N I O J N R P O O I N N R G

A G W E R T G O Q C A U U A E

C A T I N G A A A B R F J T B

BABÁ

BAGUNÇA

BANGUELA

BANZÉ

BATUQUE

BUNDA

CAÇAMBA

CACHAÇA

CACHIMBO

CAÇULA

CAFOFO

CAFUNDÓ

CAFUNÉ

CANGA

CALOMBO

CANJICA

CAPENGA

CATINGA

CAXUMBA

CHILIQUE

COCHILAR

COQUE

DENGOSO

FUNGAR

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7ª Pesquisa e produção mural e/ou glossário africano

Objetivo: Identificar a origem e o significado de muitas palavras utilizadas no

cotidiano.

Recurso Didático: pesquisa, dicionários e sites educacionais

Desenvolvimento: Cada dupla de aluno receberá algumas palavras de origem

africana, que deverão ter seus significados pesquisados. Em seguida os alunos

produzirão um glossário e/ou mural que ficará exposto para visualização de toda

comunidade escolar. Seguem algumas palavras, mas outras podem ser

incorporadas a partir das experiências vivenciadas ao longo deste projeto.

Palavras propostas para a pesquisa:

abará:

angu:

banzar:

batuque:

banguela:

berimbau:

búzio:

cachaça:

cachimbo:

cacimba:

cafife:

cafuca:

cafua:

cafuchi:

cafundó:

cafuné:

cafungá:

calombo:

calumbá:

calundu:

camundongo:

candonga:

canjerê:

canjica:

carimbo:

catimbau:

catunda:

Cassangue:

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caxambu:

caxumba:

chuchu:

cubata:

cumba:

dengo:

diamba:

efó:

Exu:

inhame:

Iemanjá:

jeribata:

jeguedê:

jiló:

jongo:

libambo:

lundu:

macumba:

máculo:

malungo:

maracatu:

marimba:

marimbondo:

maxixe:

miçanga:

milonga:

mandinga:

molambo:

mocambo:

moleque:

muamba:

mucama:

mulunga:

murundu:

mutamba:

muxinga:

muxongo:

maassagana:

Ogum ou Ogundelê:

Orixá:

puita:

quenga:

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quibebe:

quilombo:

quimbebé:

quimbembe:

quitute:

quizília:

samba:

senzala:

soba:

tanga:

tutu:

urucungo:

vatapá:

xendengue:

zambi ou zambeta:

zumbi:

8ª Caixa das palavras mágicas da África: exercício de criação oral e recriação

O professor prepara antecipadamente uma caixa contendo diversas

palavras africanas;

Alunos organizados em círculo,

Cada aluno retira uma palavra da caixa;

Um aluno ou a professora inicia a história a partir da palavra obtida;

O segundo aluno dará continuidade a história criada pelo primeiro, também

utilizando a sua palavra. Assim ocorrerá sucessivamente com os demais

alunos.

Ao final as palavras podem retornar a caixa e serem redistribuídas

constituindo uma nova história.

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Obs: Antes de iniciar a atividade o professor revisará com os alunos os aspectos

estruturais que devem estar presentes na criação de uma história. Começo, meio

e fim. Cadência lógica. Clímax ou ápice da narrativa e desfecho.

9ª – Os alunos serão organizados em grupos para realização de um trabalho que

contemplará o estudo do Estatuto da Igualdade Racial (BRASIL, 2010). Disponível

em:

http://bd.camara.leg.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/4303/estatuto_igualdade_ra

cial.pdf?sequence=1

Cada grupo receberá uma parte do documento para estudo.

Depois da leitura, interpretação, discussão do documento, os grupos deverão

sistematizar cartazes que ficarão expostos em murais externos a sala de aula,

para socialização junto à comunidade escolar.

10ª – Debate cotidiano, racismo e ações preconceituosas.

Promover diálogo com os alunos. Solicitar que contem algumas piadas

preconceituosas que conhecem. A exemplo: ―Sabem por que o kinderovo é preto

por fora e branco por dentro? Porque se fosse ao contrário já vinha sem a

supresa‖.

Para ensejar o debate assistir o vídeo: Racismo em restaurante do Rio de

Janeiro. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=OVcCBHp6lwU&feature=related.

A partir do filme, os alunos farão um analise em relação aos diferentes tipos de

postura por parte das pessoas na ocorrência de uma situação como a assistida no

vídeo, dando ênfase a seguinte questão: Todas as pessoas reagem da mesma

forma que a mulher discriminada no vídeo?

11ª – Filmografia: Documentário Cartas para Angola, 1h15‘, de Coraci Ruiz e

Julio Matos, produção Laboratório Cisco, Brasil, 2011.

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Sinopse do filme: Brasil e Angola são duas margens do Atlântico que possuem a

mesma língua, um passado colonial em comum e muitas histórias compartilhadas.

Neste filme, pessoas separadas por um oceano trocam correspondências –

alguns são amigos de longa data, outros nunca se viram. Suas histórias se

entrecruzam e contam sobre fluxos de migração, saudade, pertencimento, guerra,

preconceitos, exílio, distâncias. A busca da identidade e o fio da memória são

conduzidos pela linha da afetividade, que une as sete duplas de interlocutores

que o documentário nos apresenta: pessoas que traçaram suas histórias de vida

entre Brasil, Angola e Portugal. Disponível em:

http://www.laboratoriocisco.org/cartas/

- A partir deste vídeo, os alunos serão levados a perceber as diferentes

perspectivas da formação do povo afro-brasileiro, encontrando as marcas da

africanidade na cultura afro- brasileira.

- Travaremos mais uma discussão e espaço de interlocução intertextual entre

professor-aluno, alunos-alunos, alunos-filme, narrativas-histórias de vida.

12ª – Texto síntese integradora: Balanço Final do Projeto

O professor e/ou um aluno será o escriba do grupo e registrará quais foram as

aprendizagens construídas no decurso deste projeto educativo denominado: A

Cor na Sociedade: Africanidades e Brasil.

Avaliação

O essencial na avaliação deste trabalho será o acompanhamento do

processo de apropriação dos saberes relacionados à história e cultura afro-

brasileira. A todo o momento buscaremos recuperar nosso objetivo central que é

contemplar a lei 11.645/08 no contexto escolar do CEEBJA Bitutuna-PR. No

desenvolvimento do projeto estará presente em todos os momentos,

intencionalidade educativa, formação de conceitos, procedimentos, condutas,

atitudes e habilidades percucientes ao cenário afro-brasileiro.

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Referências

ALMEIDA, Gercilda. Bruna e a Galinha D’Angola. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

BIJÓIAS, Maria. Griots. Os intérpretes musicais da história africana.

Disponível em: http://www.ruadireita.com/musica/info/griots-os-interpretes-

musicais-da-historia-africana. Acesso em 01/12/2012.

BRASIL. Estatuto da Igualdade Racial. Brasília-DF: Biblioteca Digital da Câmara

dos Deputados, 2010. Disponível em:

http://bd.camara.leg.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/4303/estatuto_igualdade_ra

cial.pdf?sequence=1. Acesso em 20/11/2112.

FÁBULAS africanas. Faz aos outros o que..., Lisboa: Editorial Além-mar,

1991.Disponívelemhttp://historiasptodos.blogs.sapo.pt/tag/f%C3%A1bulas+african

as. Acessado em 10/11/2012.

FÁBULAS africanas. O medo outro vence outro medo. Lisboa: Editorial Além-

mar,1991.Disponívelemhttp://historiasptodos.blogs.sapo.pt/tag/f%C3%A1bulas+af

ricanas. Acessado em 10/11/2012.

MAMATERRA TV. Racismo em restaurante do Rio de Janeiro. 13: 59 min.

Postado em Disponível em: 23 de outubro de 2011. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=OVcCBHp6lwU&feature=related. Acesso em

15/11/2012.

MEYER, Ivanise. A lenda do tambor africano. Postado em 19 de junho de 2010.

Disponível em: http://baudashistoriasepoemas. blogspot.com.br/2010/06/contos-

africanos.html. Acesso em: 30/10/2012.

OCELOT. Michel. Kiriku e a Feiticeira. 71 min, Animação, colorido, França,

Bélgica e Luxemburgo, 1998.

RUIZ, Coraci & MATOS, Julio. Cartas para a Angola. Campinas – SP. Postado

em 29 de novembro de 2012. Disponível em:

http://www.laboratoriocisco.org/cartas/. Acesso em 25/11/2129.

RUIZ, Coraci & MATOS, Julio. Cartas para Angola. 75 min, documentário,

colorido, Brasil, 2011.

WIKIPÉDIA Enciclopédia Livre. Fábula Africana Ananse. Publicado em: 23 de

setembro de 2012, 15h55min. Disponível em: Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ananse. Acesso em 13/10/2012.

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ANEXO PROJETO A COR NA SOCIEDADE: AFRICANIDADES E BRASIL

ANEXO 1 – CONTOS AFRICANOS

1 - O medo vence outro medo

Akari gostava muito de ir à caça. Mas tinha sempre pouca sorte. De vez em

quando regressava de mãos vazias. Nessa altura era gozado por todos:

— Sabes porque é que não caças nada? Porque tens medo de entrar no mato!

Um dia, Akari, após ter andado imenso, sentiu fome. Viu uma aldeia e pensou:

«Vou pedir um pouco de sopa.» As pessoas da aldeia deram-lhe de comer e

beber. Quando ficou saciado, pensou:

E para que hei-de eu ir para outro sítio, se aqui me tratam tão bem?

Decidiu, então, ficar por ali. O povo da aldeia aceitou-o e deu-lhe um terreno para

cultivar. Akari fez uma cabana e, passado algum tempo, casou-se.

Um dia, não tendo nada que fazer no campo, disse à esposa:

— Há muito tempo que não vou à caça. Hoje vou ao bosque caçar uma boa

gazela para o nosso jantar.

Pegou na lança, que já estava ferrugenta, e encaminhou-se para a floresta. Não

sabia que aí havia tantas feras.

Avançou seguindo umas pegadas. Pelos ramos derrubados, compreendeu que

tinham passado por ali elefantes.

De repente, apareceu correndo um leão deteve-se a poucos passos de Akari,

dando a impressão de que estava à espera dele há muito tempo. O rei da selva abriu a

bocarra e deu uns rugidos tão fortes que as folhas começaram a cair das árvores.

O caçador sentiu-se perdido. Não tinha por onde escapar. Olhou em redor. À

direita tinha um grande matagal cheio de espinhos.

Fugiu para lá sem pensar no que fazia. Os espinhos rasgaram-lhe a pele, mas o

medo era mais forte do que a dor.

O leão aproximou-se do matagal, mas quando viu os espinhos tão grandes e

afiados, preferiu sentar-se à espera. Esperou três dias; mas, faminto e desiludido, foi-se

embora.

Entretanto, na aldeia, aperceberam-se do desaparecimento de Akari.

Encarregaram Rata, um famoso caçador, para ir ao bosque procurar o infeliz

desaparecido.

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Rata entrou na selva e, pouco depois, passou pelo matagal espinhoso.

— Quem está aí? — perguntou uma voz do meio dos espinhos.

— Sou eu!

— E quem és tu?

— Sou Rata e ando à procura de um homem que se perdeu na floresta.

— Sou eu esse homem. Ajuda-me a sair daqui.

— É como é que tu foste parar aí?

— Foi o medo que me fez vir para o meio destes espinhos.

— Está bem, eu vou tirar-te daí.

Rata pegou em erva seca, colocou-a à volta do matagal e lançou-lhe fogo. Ao ver-

se rodeado pelas chamas, Akari deitou a correr outra vez através dos espinhos e saiu.

É bem verdade que um medo vence outro medo.

http://historiasptodos.blogs.sapo.pt/tag/f%C3%A1bulas+africanas.

2 - Faz aos outros o que ...

Um dia a Vida decidiu dar uma volta pelo mundo. Já tinha viajado muito quando

encontrou um homem doente que tinha o corpo tão inchado que mal se podia mexer.

— Quem és tu? — perguntou o homem ao vê-la.

— Sou a Vida.

— Então, já que és a Vida, será que me podias tirar este inchaço que nem me

deixa mexer nem trabalhar?

— Sim, eu poderia devolver-te a saúde, mas tu depressa te esquecerás de mim e

da doença de que padeces.

— Como iria eu esquecer-me? Um milagre assim recordá-lo-ei toda a minha vida.

— Está bem! Vou curar-te. No entanto voltarei daqui a sete anos para verificar se

és um homem de palavra — disse a Vida.

Esta pegou num pouco de pó do caminho e espalhou-o na cabeça do hidrópico

que, de imediato, ficou são e ágil.

A Vida prosseguiu a viagem e andou muitos dias até que chegou à cabana de um

leproso.

— Quem é? — perguntou o leproso.

— Eu sou a Vida.

— A Vida? — replicou o doente. — Pois então podias curar a minha lepra.

— Claro que posso — disse a Vida. — Mas se o fizer, logo esqueces a tua doença

e o teu benfeitor.

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— Impossível! Toda a minha vida hei-de recordar-me desse milagre — assegurou

o leproso.

— Bem, voltarei dentro de sete anos e então veremos se sabes manter as

promessas — replicou a Vida.

Pegou então numa mão-cheia de terra da estrada, espalhou-a na cabeça do

leproso, e a lepra, como por encanto, desapareceu, deixando ficar o homem com a pele

limpa e jovem.

A Vida despediu-se e pôs-se de novo a caminho. Andou mais alguns dias e, por fim,

encontrou um cego. Este, ouvindo que passava alguém estranho junto à sua cabana,

perguntou:

— Quem és tu?

— Sou a Vida.

— És realmente a Vida? — continuou o cego. — Então suplico-te que me

devolvas a vista.

— Sim; vou devolver-te a vista, mas não podes esquecer-te nem de mim nem da

tua cegueira — disse a Vida.

— De modo algum! Serei tão feliz que me lembrarei toda a vida e vou-te

agradecer até à morte — prometeu o cego.

— Muito bem. Agora vou devolver-te a vista. Voltarei daqui a sete anos e veremos

então se a tua palavra tem algum valor e se é de fiar — disse a Vida.

A Vida baixou-se, recolheu um pouco de poeira do chão e espalhou-a

solenemente na cabeça do cego, que, de imediato, recuperou a visão e começou a gritar

de alegria.

Sete anos passaram. Muitas coisas mudaram. O hidrópico, o leproso e o cego

começaram a trabalhar esforçadamente para a sua família. O mundo estava muito

diferente. Nessa altura, a Vida empreendeu de novo a sua caminhada pela Terra para

poder visitar aqueles a quem tinha socorrido e curado.

Primeiro fingiu-se cega e começou por visitar a casa do homem a quem tinha devolvido a

visão. Bateu à porta:

— Quem é? — perguntou aquele que tinha sido cego.

— Sou um homem cego, posso passar a noite em tua casa?

— Lamento — gritou o homem — Aqui não há espaço. Os cegos são teimosos e

eu não quero gente dessa em minha casa. Segue o teu caminho.

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— Eu é que lamento — disse a Vida. — Mas já previa isto há sete anos. Tu eras

cego e eu devolvi-te a vista. Nessa altura tu prometeste-

-me que não te esquecerias nem de mim nem da tua doença; pelo contrário...

— É que eu...

Era tarde de mais, pois a Vida tinha pegado num pouco de pó do chão e

espalhou-o na cabeça do ingrato. Este, no mesmo instante, voltou a ficar cego.

A Vida retomou a sua caminhada e foi visitar o antigo leproso. Vestiu-se como um

leproso e bateu à porta da cabana.

— Quem é? — perguntou o homem.

— Sou um pobre leproso. Posso passar a noite em tua casa?

— Um leproso? Podes é ir-te embora; não quero que me pegues a tua doença.

— Já to tinha dito — replicou a Vida. — Há sete anos curei-te e tu prometeste-me

que nunca te esquecerias desse prodígio. A tua palavra não vale nada; podes voltar a ser

como dantes.

A Vida pegou outra vez em poeira do caminho e lançou-a sobre o homem que, de

repente, voltou a ser leproso.

De novo, a Vida prosseguiu viagem e vestiu-se de modo a que o seu corpo parecesse

inchado. Logo se apresentou na cabana do hidrópico que tinha curado há sete anos.

— Posso passar uma noite em tua casa? — perguntou a Vida batendo à porta.

— Claro — disse este. — Entra, entra. Senta-te aqui, vou buscar alguma coisa

para comeres e beberes. Eu sei como é penoso estar nesse estado. Eu também já tive

essa doença. Mas há sete anos, passou por aqui a Vida e curou-me. Naquela altura

disse-me que voltava e ainda não a vi. Se esperares aqui em minha casa, Ela não tardará

a vir e poderá, de certeza, também curar a tua doença.

— Eu sou a Vida — disse o caminhante. — E tu és o único de todos os que eu

curei que ainda se lembra de mim e da sua antiga doença. Por isso, ficarás são toda a

tua vida. Olha, a vida pode mudar constantemente. A sorte pode tornar-se em desgraça,

a riqueza em pobreza, o amor em ódio. Ai daquele que não se lembrar disto e não tirar

daí a devida lição!

— Adeus — concluiu a Vida, e retomou pela última vez o seu caminho.

Esta fábula africana mostra-nos a importância de ajudar os outros. Tens muitas

oportunidades na vida de estender a mão a quem necessita. Não deixes de o fazer.

Referência: Fábulas africanas. Lisboa, Editorial Além-mar, 1991.

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3 - Ananse

Ananse, ou Anansi, é uma lenda africana. Conta um caso interessante, no qual no

mundo antigo não havia histórias e por isso viver aqui era muito triste.

Houve um tempo em que na Terra não havia histórias para se contar, pois todas

pertenciam a Nyame, o Deus do Céu. Kwaku Ananse, o Homem Aranha, queria comprar

as histórias de Nyame, o Deus do Céu, para contar ao povo de sua aldeia, então por isso

um dia, ele teceu uma imensa teia de prata que ia do céu até o chão e por ela subiu.

Quando Nyame ouviu Ananse dizer que queria comprar as suas histórias, ele riu

muito e falou: - O preço de minhas histórias, Ananse, é que você me traga Osebo, o

leopardo de dentes terríveis; Mmboro os marimbondos que picam como fogo e Moatia a

fada que nenhum homem viu.

Ele pensava que com isso, faria Ananse desistir da idéia, mas ele apenas

respondeu: - Pagarei seu preço com prazer, ainda lhe trago Ianysiá, minha velha mãe,

sexta filha de minha avó.

Novamente o Deus do Céu riu muito e falou: - Ora Ananse, como pode um velho

fraco como você, tão pequeno, tão pequeno, pagar o meu preço?

Mas Ananse nada respondeu, apenas desceu por sua teia de prata que ia do Céu

até o chão para pegar as coisas que Deus exigia. Ele correu por toda a selva até que

encontrou Osebo, leopardo de dentes terríveis. - Aha, Ananse! Você chegou na hora

certa para ser o meu almoço. - O que tiver de ser será - disse Ananse - Mas primeiro

vamos brincar do jogo de amarrar? O leopardo que adorava jogos, logo se interessou: -

Como se joga este jogo? - Com cipós, eu amarro você pelo pé com o cipó, depois

desamarro, aí, é a sua vez de me amarrar. Ganha quem amarrar e desamarrar mais

depressa. - disse Ananse. - Muito bem, rosnou o leopardo que planejava devorar o

Homem Aranha assim que o amarrasse.

Ananse, então, amarrou Osebo pelo pé, pelo pé e pelo pé, e quando ele estava

bem preso, pendurou-o amarrado a uma árvore dizendo: - Agora Osebo, você está pronto

para encontrar Nyame o Deus do Céu.

Aí, Ananse cortou uma folha de bananeira, encheu uma cabaça com água e

atravessou o mato alto até a casa de Mmboro. Lá chegando, colocou a folha de

bananeira sobre sua cabeça, derramou um pouco de água sobre si, e o resto sobre a

casa de Mmboro dizendo: - Está chovendo, chovendo, chovendo, vocês não gostariam

de entrar na minha cabaça para que a chuva não estrague suas asas? - Muito obrigado,

Muito obrigado!, zumbiram os marimbondos entrando para dentro da cabaça que Ananse

tampou rapidamente.

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O Homem Aranha, então, pendurou a cabaça na árvore junto a Osebo dizendo: -

Agora Mmboro, você está pronto para encontrar Nyame, o Deus do Céu.

Depois, ele esculpiu uma boneca de madeira, cobriu-a de cola da cabeça aos pés,

e colocou-a aos pés de um flamboyant onde as fadas costumam dançar. À sua frente,

colocou uma tigela de inhame assado, amarrou a ponta de um cipó em sua cabeça, e foi

se esconder atrás de um arbusto próximo, segurando a outra ponta do cipó e esperou.

Minutos depois chegou Moatia, a fada que nenhum homem viu. Ela veio dançando,

dançando, dançando, como só as fadas africanas sabem dançar, até aos pés do

flamboyant. Lá, ela avistou a boneca e a tigela de inhame. - Bebê de borracha. Estou

com tanta fome, poderia dar-me um pouco de seu inhame?

Ananse puxou a sua ponta do cipó para que parecesse que a boneca dizia sim

com a cabeça, a fada, então, comeu tudo, depois agradeceu: - Muito obrigada bebê de

borracha.

Mas a boneca nada respondeu a fada, então, ameaçou: - Bebê de borracha, se

você não me responde, eu vou te bater.

E como a boneca continuasse parada, deu-lhe um tapa ficando com sua mão

presa na sua bochecha cheia de cola. Mais irritada ainda, a fada ameaçou de novo: -

Bebê de borracha, se você não me responde, eu vou lhe dar outro tapa."

E como a boneca continuasse parada, deu-lhe um tapa ficando agora, com as

duas mãos presas. Mais irritada ainda, a fada tentou livrar-se com os pés, mas eles

também ficaram presos. Ananse então, saiu de trás do arbusto, carregou a fada até a

árvore onde estavam Osebo e Mmboro dizendo: - Agora Mmoatia, você está pronta para

encontrar Nyame o Deus do Céu.

Aí, ele foi a casa de Ianysiá sua velha mãe, sexta filha de sua avó e disse: -

Ianysiá venha comigo vou dá-la a Nyame em troca de suas histórias.

Depois, ele teceu uma imensa teia de prata em volta do leopardo, dos

marimbondos e da fada, e uma outra que ia do chão até o Céu e por ela subiu

carregando seus tesouros até os pés do trono de Nyame. - Ave Nyame! - disse ele -Aqui

está o preço que você pede por suas histórias: Osebo, o leopardo de dentes terríveis,

Mmboro, os marimbondos que picam como fogo e Moatia a fada que nenhum homem viu.

Ainda lhe trouxe Ianysiá minha velha mãe, sexta filha de minha avó.

Nyame ficou maravilhado, e chamou todos de sua corte dizendo: - O pequeno

Ananse, trouxe o preço que peço por minhas histórias, de hoje em diante, e para sempre,

elas pertencem a Ananse e serão chamadas de histórias do Homem Aranha! Cantem em

seu louvor!

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Ananse, maravilhado, desceu por sua teia de prata levando consigo o baú das

histórias até o povo de sua aldeia, e quando ele abriu o baú, as histórias se espalharam

pelos quatro cantos do mundo vindo chegar até aqui.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ananse

4 - Lenda do tambor africano

Dizem na Guiné que a primeira viagem à Lua foi feita pelo Macaquinho de nariz

branco. Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma

viagem à Lua a fim de traze-la para a Terra. Após tanto tentar subir, sem nenhum

sucesso, um deles, dizem que o menor, teve a idéia de subirem uns por cima dos outros,

até que um deles conseguiu chegar à Lua.

Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que

ficou pendurado na Lua. Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir. A Lua gostou tanto dele

que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho. O macaquinho foi ficando por lá, até que

começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir à Lua que o deixasse voltar.

A Lua o amarrou ao tamborinho para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não

tocasse antes de chegar à Terra e, assim que chegasse, tocasse bem forte para que ela

cortasse o fio.

O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade do caminho, não resistiu

e tocou o tamborinho. Ao ouvir o som do tambor a Lua pensou que o Macaquinho

houvesse chegado à Terra e cortou a corda. O Macaquinho caiu e, antes de morrer,

ainda pode dizer a uma moça que o encontrou, que aquilo que ele tinha era um

tamborinho, que deveria ser entregue aos homens do seu país. A moça foi logo contar a

todos sobre o ocorrido.

Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros

sons de tambor.

http://baudashistoriasepoemas.blogspot.com.br/2010/06/contos-africanos.html

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ANEXO 2

Questionário Avaliativo Contemplação da Lei 11.645/08: escola e

diversidade7

Assinale a alternativa que corresponde à realidade do seu ambiente escolar:

1. A trajetória histórica do negro é estudada na escola:

A- No dia da Abolição da Escravatura, em agosto, mês do Folclore, e no dia da Consciência Negra. B- Como conteúdo, em todas as disciplinas do currículo. C- Eventualmente nas disciplinas que possui ligação com o conteúdo, sem que seja possível precisar. D- Não é estudada.

2. Acredita-se que o racismo deve ser tratado:

A- Pedagogicamente pela escola. B- Pelos movimentos sociais. C- Quando acontecer algum caso evidente na escola. D- Como educação familiar e não na escola.

3. A cultura negra é estudada na escola:

A- Como parte do rico folclore do Brasil. B- Como um instrumento da prática pedagógica. C- Quando é assunto da mídia. D- Ao termino dos conteúdos anuais quando existe tempo hábil.

4. O currículo escolar:

A- Baseia-se nas contribuições das culturas europeias representadas nos livros didáticos. B- Constrói-se baseado em metodologia que trata positivamente a diversidade étnica de constituição do povo brasileiro (branco, índio e negro). C- Apresenta aos alunos informações sobre os negros brasileiros. D- Apresenta aos alunos informações sobre os índios apenas.

5. O professor:

7 Este teste foi readaptado da Revista Nova Escola: Gestão Escolar, 6 edição de fevereiro de

2010, pautada no modelo do CMEB Mário Leal da Silva. Disponível em:

http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/questionario-diagnostico-racismo-

532722.shtml.

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A- Posiciona-se de forma neutra quanto às questões sociais. É o transmissor de conteúdos dos livros didáticos e manuais pedagógicos. B- Reavalia sua prática refletindo sobre valores e conceitos que traz introjetados sobre o povo negro e sua cultura, repensando suas ações cotidianas. C- Tem procurado investir em sua formação quanto às questões raciais. D- Apenas executa seu trabalho docente sem se preocupar com esta temática.

6. O trato das questões raciais:

A- É feito de forma generalizada, pois a escola não tem possibilidade de incidir muito sobre ele. B- É contextualizado na realidade do aluno, levando-o a fazer uma análise crítica dessa realidade, a fim de conhecê-la melhor, e comprometendo-se com sua transformação. C- É realizado em casos pontuais de necessidade, junto a orientação educacional. D- Não é considerado assunto para a escola.

7. As diferenças entre grupos etnoculturais:

A- Não são tratadas na escola, pois podem levar a conflitos. B- Servem como reflexão para rever posturas etnocêntricas e comparações hierarquizantes. C- São mostradas como diversidade cultural brasileira. D- Não são abordadas.

8. As situações de desigualdade e discriminação presentes na sociedade são:

A- Pontos para reflexão para todos os alunos. B- Pontos para reflexão para os alunos discriminados. C- Instrumentos pedagógicos para a conscientização dos alunos quanto à luta contra todas as formas de injustiça social. D- Assuntos alheios aos interesses da escola.

9. Acredita-se que, para fortalecer o relacionamento, a aceitação da diversidade étnica e o respeito, a escola deve:

A- Promover o orgulho ao pertencimento racial de seus alunos. B- Procurar não dar atenção para as visões estereotipadas sobre o negro nos livros, nas produções e nos textos do material didático. C- Promover maior conhecimento sobre as heranças culturais brasileiras. D- Atuar em todos as frentes anteriormente mencionadas.

10. Quanto à expressão verbal:

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A- Acredita-se que a linguagem usada no cotidiano escolar tem o poder de influir nas questões de racismo e discriminação. B- Usam-se eufemismos para se referir a etnia dos alunos, para não ofendê-los. C- A linguagem pode cumprir dupla ação conscientizadora ou preconceituosa. D- A linguagem não tem influência direta nas questões raciais.

11. Quanto ao trabalho escolar:

A- Alguns professores falam da questão racial em determinadas etapas do ano letivo. B- Existe resistência dos professores para tratar a questão racial com relação à luta contra todas as formas de injustiça social. C- Existe um trabalho coletivo sobre a questão racial com a participação de todos, inclusive da direção e dos funcionários. D- Não temos um contingente negro na escola, abordar este assunto torna-se desnecessário.

12. Quanto à biblioteca:

A- Existem muitos e variados livros sobre a questão racial que contemplam alunos e professores. B- Existem poucos livros que contemplam a questão racial. C- Existe de um a três livros acerca da temática. D- Não existem livros sobre o tema.

13. Quanto à formação dos professores sobre a questão racial:

A- Algumas vezes no ano fazemos cursos ou grupos de estudo sobre a questão racial. B- Ainda não tivemos a oportunidade de estudar a questão. C- Procuramos incorporar o assunto nas conversas do intervalo. D- Houve recomendação de leitura via mural por parte da pedagoga da escola.

14. No trato das questões de gênero

A- A homossexualidade é percebida e discutida no espaço escolar. B- Existe um projeto de educação sexual da escola. C- Há um trabalho efetivo de combate à homossexualidade na escola. D- Não se considera a sexualidade um assunto a ser discutido na escola.

15. As discussões sobre a questão da mulher:

A- Não se discute com os alunos a história da discriminação das mulheres na sociedade.

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B- A situação feminina é tratada em momentos pontuais, como no Dia Internacional da Mulher. C- A questão da mulher é amplamente discutida e incorporada aos conteúdos curriculares. D- A escola não vê necessidade de debater a questão da mulher em seu âmbito.

16. Quanto à abordagem sobre populações indígenas: A- A temática é tratada considerando as informações de livros didáticos e no Dia do Índio. B- Existe resistência dos professores para trabalhar criticamente essa temática. C- A escola procura romper com os estereótipos que inferiorizam a cultura destes povos. D- Conteúdo e temática desnecessária de ser debatida e aprofundada na escola. Gabarito

Questão Pontos por alternativa

1 A - 0 B - 2 C - 1 D - 0

2 A - 2 B - 0 C - 1 D - 0

3 A - 1 B - 2 C - 1 D - 1

4 A - 0 B - 2 C - 1 D - 1

5 A - 0 B - 1 C - 2 D - 0

6 A - 0 B - 2 C - 1 D - 0

7 A - 0 B - 1 C - 2 D - 0

8 A - 2 B - 1 C - 2 D - 0

9 A - 1 B -1 C - 1 D - 2

10 A - 1 B - 1 C - 2 D - 0

11 A - 1 B - 0 C - 2 D - 0

12 A - 2 B - 1 C - 1 D - 0

13 A - 2 B - 0 C - 1 D - 1

14 A - 1 B - 2 C - 0 D - 0

15 A - 0 B - 1 C - 2 D - 0

16 A - 1 B - 1 C - 2 D - 0

TOTAL

Resultado:

De 1 a 15 pontos

1- Fase da negação: A questão racial ainda é tabu na escola, que se mantém silenciosa quando o assunto é discriminação. A diversidade étnica é desconsiderada, mesmo que tenha muitos alunos de diferentes origens em sua escola. Enquanto isso, as crianças perdem a oportunidade de formar valores essenciais para uma convivência harmônica em sociedade. Que pena. Embora a maioria dos professores negue a existência do racismo na sociedade e no

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ambiente escolar, o assunto começa a ser discutido na sua escola. No currículo, a cultura negra é considerada folclore e a história do povo negro não é exemplo de luta pela cidadania. Na tentativa de amenizar a situação, alguns professores apenas comentam a questão no Dia da Abolição da Escravatura, no Dia da Consciência Negra e/ou no Dia do Índio, não é mesmo?

De 16 a 23 pontos

2- Fase do reconhecimento: Muito bem! Sua escola está no caminho correto, pois reconhece a necessidade urgente de transformar o ambiente em um espaço de luta contra o racismo e a discriminação. Os alunos aprenderam conceitos sobre os diferentes grupos presentes na sociedade e a realidade de cada um é reconhecida e trabalhada. Continue a enfrentar esse belo desafio.

De 24 a 32 pontos 3- Fase do avanço: Parabéns sua escola contempla a lei 11.645/08! Sua escola visualiza com dignidade os diversos grupos étnicos e usa suas contribuições como ferramentas pedagógicas no trato da diversidade, amparada em uma gestão democrática. Certamente, os alunos negros de sua escola têm a autoestima elevada e orgulho de sua origem. Todos os alunos reconhecem a necessidade de respeitar as diferenças e sabem que elas não significam superioridade nem inferioridade. Excelente trabalho!