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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: A sedução do mito como incentivo à leitura mediante o recurso do blog, no Ensino Médio.
Autor Rosangela Alda
Disciplina/Área (ingresso no PDE) Língua Portuguesa
Escola de implementação do projeto e sua localização
Colégio Estadual Santos Dumont – Ensino Médio e Profissional, com endereço à Rua Prefeito Salvador Sanches, centro
Município da escola São Tomé-PR
Núcleo Regional de Educação Cianorte - PR
Professor orientador Prof. Dr. Aécio Flávio de Carvalho
Instituição de Ensino Superior UEM - Universidade Estadual de Maringá
Relação interdisciplinar História
Resumo Esta unidade didática tem por objetivo incentivar o hábito de leitura nos alunos do 2º ano do Ensino Médio, utilizando o blog como instrumento de interação, já que se trata de um recurso que possibilita ao aluno a leitura de textos e também a sua criação, num processo que pode ser alimentado diariamente. Para sua aplicação, serão utilizadas quatro histórias de tema mitológico, cuja escolha se justifica pelo fato de que a presença do mito é um atrativo para o aluno e pode despertar-lhe o interesse pela leitura de outras histórias ou textos. Para que se possa atingir o objetivo pretendido, a unidade será constituída por quatro módulos (um para cada uma das histórias trabalhadas) de modo que, primeiramente, seja apresentado o texto e, na sequência, as atividades correspondentes a cada uma delas. O que se espera com os textos selecionados e com as atividades propostas, é despertar no aluno o interesse por novas leituras.
Palavras-chave Literatura. Incentivo à leitura. Mitos.
Formato do material didático Unidade Didática
Público alvo 2ª série do Ensino Médio
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É POSSÍVEL DESPERTAR NO ALUNO
O INTERESSE PELA LEITURA
ATRAVÉS DE TEXTOS MITOLÓGICOS?
1 APRESENTAÇÃO
A leitura tem o poder de levar o leitor a uma “viagem imaginária”, seja para
diferentes “espaços”, seja para o mundo da informação ou para o cotidiano comunicativo,
possibilitando o desenvolvimento da linguagem fala e escrita.
Por meio da leitura o homem pode promover mudanças significativas em sua própria
vida e no mundo, como afirma Perissé (2005, p. 98), segundo o qual,
A leitura faz parte de uma educação para a mudança, a transformação, para a personalização. Mudança que significa, numa primeira instância, identificar concepções equivocadas, desorientadoras, patológicas. Transformação da pessoa em pessoa, que trará, por conseqüência, mudanças no âmbito da sociedade, do coletivo, da convivência. Não uma leitura da mudança pela mudança. Não se trata de fazer mudanças espasmódicas geradas pela falta de norte (desnorteamento), pela falta de oriente (desorientação), pela falta de uma bússola existencial. Aprender a mudar, não com o intuito de evitar os inevitáveis conflitos, mas para canalizar a energia conflitante e criar novas situações, novos rumos.
Mas então, por que os alunos, em sua maioria, não têm o hábito de leitura? O que o
professor pode fazer para incentivá-los a ler? Que instrumentos podem ser utilizados pelo
professor nesse contexto em que vivemos hoje, no qual a tecnologia coloca à disposição do
jovens uma infinidade de atrativos? Que textos podem atrair mais a atenção dos alunos que
constituem o público alvo da presente proposta? Como incentivar a leitura, já que o livro sofre
a concorrência e as influências tecnológicas, que atraem os alunos por meio de uma infinidade
de jogos eletrônicos, imagens apelativas e sons variados?
São essas questões que irão orientar o desenvolvimento e a implementação da
unidade didática que ora se apresenta, tendo como foco principal a importância do aluno ler
para desenvolver a capacidade de escrever, para melhorar seu discurso – cotidiano,
profissional ou político; para melhor interagir no mundo, de modo geral, tornando-se
indivíduos críticos e criativos, participativos e sujeitos de sua própria história, utilizando a
palavra para se comunicar com exatidão, possibilitando-lhe que atue como interlocutor em
diferentes situações de comunicação.
O objetivo é, portanto, desenvolver estratégias de incentivo à leitura para incentivar o
hábito de ler, pela leitura em geral, nos alunos do Ensino Médio. Pretende-se, também,
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possibilitar ao aluno o contato com diferentes linguagens comunicativas presentes nos textos
literários, de modo a oportunizar aos alunos momentos de leitura oral de histórias e seduzi-los
para a realização de novas leituras, levando-os a reconhecer que a leitura é de fundamental
importância para o desenvolvimento do homem no mundo moderno.
Tal finalidade parte da concepção de que é fundamental que a escola, por meio dos
educadores, aperfeiçoe o processo de incentivo ao aluno no hábito de leitura, adotando
estratégias que lhe despertem o interesse por textos variados. Esta última reflexão põe em
relevo o texto literário que possibilita alcançar novos horizontes e leva o leitor a se constituir
num ser socialmente crítico.
Porém, essa não é uma tarefa fácil, principalmente nos dias atuais, em que o livro
concorre com uma gama de atrativos que a tecnologia e a modernidade disponibilizam aos
jovens recursos cinéticos crescentemente aperfeiçoados, como o celular, a internet e outros
que, na maioria das vezes, levam o aluno a colocar a leitura do texto literário em último plano.
Diante disso, a sequência didática que ora se apresenta foi elaborada com a
finalidade de incentivar o hábito de leitura no aluno do Ensino Médio, utilizando o blog como
instrumento de interação, já que se trata de um recurso que possibilita ao aluno a leitura de
textos e também a sua criação, num processo que pode ser alimentado diariamente. A adoção
do blog baseia-se no fato de que este instrumento midiático consagrou-se como atrativo,
principalmente entre os jovens, já que a cada dia novos textos podem ser postados pelos
interessados, no caso os próprios educandos, ou lidos e comentados por eles.
A par dessa estratégia, outra, que se considera eficaz nesse processo de conquista dos
leitores, é a leitura, em voz alta, pelo professor, de textos literários. Esse procedimento exige
preparação, sempre cuidando da entonação de voz, já que a expressividade do leitor é
fundamental para atrair a atenção do ouvinte (no caso, os alunos), provocando neles o gosto
de ouvir e o sentimento da emulação.
Para a aplicação da sequência didática, será trabalhado um corpus de quatro histórias
de tema mitológico. A escolha do tema se justifica pelo fato de que a presença do mito é um
atrativo para o aluno e pode despertar-lhe o interesse pela leitura de outras histórias ou textos.
Entende-se a prática da leitura como um exercício transformador e um instrumento básico
para desenvolver a competência comunicativa dos alunos; daí buscarem-se recursos capazes
de gerar interesse e criar o hábito.
Esta sequência didática leva em consideração que a leitura é uma habilidade de
extrema importância na vida de todas as pessoas, pois através dela se ampliam os
conhecimentos sobre o mundo que nos cerca, alcança-se o crescimento social, adquire-se
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autonomia para o convívio nas diversas esferas da sociedade. São razões suficientes para que
a escola, enquanto instituição pedagógica, e os professores, enquanto agentes essenciais do
processo pedagógico, se esmerem com o objetivo de formar leitores e escritores competentes.
A atividade de leitura, atualmente, tem ficado em segundo plano (para não dizer em
último), em conseqüência das inúmeras opções de lazer e entretenimento que o mundo
moderno e o desenvolvimento tecnológico colocou à disposição dos indivíduos, tais como as
redes sociais e os mensageiros instantâneos como facebook, Orkut, MSN, assim como a
televisão, o celular, entre outros atrativos que afastam os adolescentes dos livros.
Em razão disso, à escola cabe desempenhar a importante missão de resgatar o
interesse pela leitura, criando possibilidades de reformulação da metodologia tradicional ou
recursos novos, conceituais e verbais, que se ajustem ao modo de ser e de viver dos
indivíduos em geral.
Essa possibilidade de transformação do ser humano por meio da leitura, é um direito
que deve ser garantido a todo ser humano, como evidencia Souza (1998, p. 17):
Pela significação que tem para o ser humano, pelo quanto a leitura representa de possibilidades de emancipação, o domínio da capacidade de ler precisa ser encarado como um direito do homem. Ao conquistar esse direito e ao exercê-lo, o sujeito estará liberto da alienação, melhor preparado para ser, portanto, emancipado.
Isso significa que ao desenvolver no aluno o hábito de leitura, o professor está lhe
garantindo o direito de transformar o mundo, por meio de suas vivências e de uma melhor
avaliação do mundo ao qual está inserido.
Mas, apesar de ser inegável a necessidade de desenvolver atividades de leitura com
os alunos, a forma como isso deve ocorrer deve ser bem pensada pois, segundo Freire (1988,
p. 17):
A leitura não deve ser obrigatória, a leitura deve ser prazeroza, um bom livro lido com vontade é como vivenciar com os personagens suas emoções, sentir suas dores, suas alegrias, suas tristezas, ter seus anseios, seus desejos, seus temores, viver sonhos como se o leitor quando está lendo se sinta dentro da história junto com os personagens, mas sabemos que são poucos os leitores que lêem com prazer para assim se sentirem.
Uma forma de incentivar o aluno a ler de forma prazerosa é provocá-lo à admiração
e à imitação. Para tanto, é eficaz uma antiga fórmula: a leitura, pelo professor, em voz alta.
Essa leitura, se bem praticada, com os recursos técnicos da boa enunciação e entonação,
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transmitindo prazer no que faz (e não uma rotineira obrigação), de forma que o ouvinte se
sinta envolvido pelo texto e queira ouvir mais, tem eficácia certa, em qualquer nível de
ensino, desde que adequadamente escolhidos os textos. As atividades de contação de histórias,
por exemplo, na maioria das vezes e principalmente nas séries iniciais, proporcionam aos
alunos momento prazerosos, despertando-os para novas leituras e para criações próprias.
Ao trabalhar com a leitura, o professor deve
despertar no aluno o desejo de conhecer mais, já que se
trata de uma atividade que possibilita a criação e
recriação do conhecimento. Atualmente, a escola e o
professor têm à disposição uma série de recursos
modernos para desenvolver a prática em sala de aula. Por www.diaadiaeducacao.pr.gov.br
exemplo, o laboratório de informática, onde os alunos se vêem diante de uma diferente
possibilidade de ler e escrever.
Mas é importante que o professor planeje suas aulas, de modo a utilizar as novas
tecnologias de forma positiva e que tenha definido o que realmente significa a leitura, como
aponta Solé (1996, p. 33):
O problema do ensino de leitura na escola não se situa no nível do método, mas na própria conceituação do que é leitura, da forma em que é avaliada pela equipe de professores, do papel que ocupa no Projeto Curricular da escola, dos meios que se arbitram para fortalecê-la, naturalmente, das propostas metodológicas que se adotam para ensiná-la.
Isso significa que o professor não deve trabalhar atividades de leitura com seus
alunos sem que realmente tenha uma concepção do que é a leitura, pois é esse conceito que
vai determinar a forma de conduzir sua aula.
É nesse sentido que os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa
(2001, p. 69) definem:
A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo que se sabe sobre a linguagem, etc. Não se trata de extrair informações, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferências e verificação, sem os quais não é possível proficiência.
Entende-se, por essa citação, que um texto possibilita mais de uma leitura, mais de
uma interpretação. E deve ir além do reconhecimento dos elementos linguísticos, sem
esquecer que o conhecimento prévio do leitor é condicionante, pois possibilita que faça
inferências e antecipações sobre o assunto tratado no texto.
Pode-se dizer que a leitura provoca uma relação de interação do leitor com o texto e
do texto com o leitor, pois para que a leitura aconteça é necessário que o leitor tenha a
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intenção de ler, assim como o texto deve apresentar as características e condições esperadas
pelo leitor (LEFFA, 1996).
Como já exposto anteriormente, despertar no aluno o gosto pela leitura, num mundo
cercado por atrativos disponibilizados pela tecnologia, não é tarefa fácil, principalmente se o
professor adotar uma prática de ensino de leitura baseada na decodificação de palavras, como
aponta Pietri (2007, p. 31):
A leitura de textos na escola tem como objetivo, nessa tradição, a busca de um sentido único, aquele que teria sido determinado pelo autor, e a tentativa de controle desse sentido. A atuação sobre o texto se faz, assim, de modo a não atingi-lo em sua concretude, em sua materialidade, o que confere a leitura escolar um princípio de superficialização.
É para evitar essa prática que os PCN (2001) sugerem que o professor diversifique o
modo de ler, possibilitando ao aluno o contato com diferentes gêneros textuais, além de
utilizar metodologia variada, de modo que os alunos estabeleçam vínculos cada vez mais
estreitos com os textos.
Cabe ao professor ajudar o aluno a desenvolver suas habilidades lingüísticas, como
indicam os PCN (2001, p. 48), ao afirmar que cabe a ele:
... organizar ações que possibilitem aos alunos o contato crítico e reflexivo com o diferente e o desvelamento dos implícitos das práticas de linguagem, inclusive sobre aspectos não percebidos inicialmente pelo grupo: intenções, valores, preconceitos que veicula, explicitação de mecanismos de desqualificação de posições, articulados ao conhecimento dos recursos discursivos e lingüísticos.
Entende-se, assim, que o ato de leitura deve ser
estabelecido em sua plenitude, de modo a formar leitores
que, na prática, sejam capazes de construir
conhecimentos e sentimentos, bem como se tornar um
leitor autônomo, crítico, capaz de interagir com o mundo
e com a sociedade em que está inserido, aprimorando o
conhecimento que já possui.
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Um aspecto importante a ser considerado no trabalho com a leitura é que o professor
deve ser, antes de tudo, um leitor, pois segundo Maria do Rosário Mortatti Magnani (2001, p.
139):
O professor é, concomitantemente, alguém que participa ativamente desse processo, alguém que estuda, lê e expõe sua leitura e seu gosto, tendo para com o texto a mesma sensibilidade e atitude crítica que espera de seus alunos. Para seu trabalho prático, os critérios de seleção de textos devem ser, entre outros, aqueles decorrentes da sua “freqüentação de leitura”.
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Observa-se, assim, que para despertar no aluno o gosto pela leitura o professor deve
“convencer” o aluno de que ele é um leitor e que ao ingressar nesse universo de leitores,
poderá se tornar um cidadão consciente e participativo, sujeito de sua própria história. Além
do que a leitura lhe permitirá utilizar a linguagem de forma eficiente, adequando seu discurso
a diferentes situações comunicativas.
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Dentre as diferentes possibilidades do
trabalho com a leitura, optou-se, para a aplicação da
unidade didática na escola, em trabalhar com um
corpus de textos da mitologia, por acreditar que a
compreensão do mito leva a uma compreensão da
vida humana; e, também, porque o segredo que
envolve o mito atrai a atenção do leitor, que procura
desvendar o desconhecido.
Dentre as várias definições de mito que se tem à disposição, destaca-se aqui a que é
dada por Juanito de Souza Brandão (1986, p. 36), para quem:
O mito é sempre uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma explicação do mundo. Mito é, por conseguinte, a parole, a palavra “revelada”, o dito (...). O mito expressa o mundo e a realidade humana, mas cuja essência é efetivamente uma representação coletiva, que chegou até nós através de várias gerações.
A importância de conhecer o mito é destacada por Elíade (1972, p. 17), que afirma
“... conhecer o mito é aprender o sentido da origem das coisas...”, ou seja, através do mito,
chegamos ao conhecimento sobre nós mesmos.
A importância do estudo da mitologia greco-latina é destacada pelo professor Aécio
Flávio de Carvalho (2012, p. 3) da seguinte forma:
O estudo da mitologia é instrumento importante para o conhecimento da cultura, em geral, e da literatura em particular (como manifestação especial de qualquer cultura). No caso específico da literatura latina, pode-se afirmar, sem a menor dúvida, que – tal como os gregos – os latinos dependeram da mitologia para a realização de sua arte literária. O conhecimento dos elementos básicos da mitologia grega e latina são, pois, pré-requisitos para o melhor entendimento das obras literárias dos gregos e dos latinos. E, dada a enorme influência que estes tiveram sobre toda a literatura ocidental, o estudo da mitologia greco-latina fornece subsídios à compreensão dos fatos culturais de qualquer uma das culturas ocidentais...
Isso significa que a leitura de textos da mitologia é de fundamental importância para
que se possa entender melhor as atitudes dos homens perante as forças da natureza, pois os
mitos exprimem essas noções.
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Pode-se confirmar tal afirmação através das palavras de Junito de Souza Brandão
(1986, p. 19), segundo o qual “... o mito se apresenta como um sistema, que tenta, de maneira
mais ou menos coerente, explicar o mundo e o homem”.
Quando se fala em mito, isso nos remete a leitura de clássicos. Mas como é possível,
vivendo uma época de primazia da imagem e domínio das diferentes telas, atrair os jovens
para a leitura de clássicos?
Para Ana Maria Machado (2002, p. 13-14):
Se o leitor travar conhecimento com um bom número de narrativas clássicas desde pequeno, esses eventuais encontros com nossos mestres da língua portuguesa terão boas probabilidades de vir a acontecer quase naturalmente depois, no final da adolescência. E podem ser grandemente ajudados na escola, por um bom professor que traga para sua classe trechos escolhidos de algumas de suas leituras clássicas preferidas, das quais seja capaz de falar com entusiasmo e paixão.
A citação acima reforça um aspecto já mencionado nessa fundamentação teórica, que
é a importância do professor realizar a leitura para os alunos, com o “entusiasmo e paixão”.
E é importante também que o professor deixe
claro para o aluno, como aponta Ana Maria Machado
(2002, p. 15), que “Clássico não é livro antigo e fora de
moda. É livro eterno que não sai de moda”. E ainda, se o
professor ler trechos de clássicos para os alunos, com
entonação de voz e com o entusiasmo já comentado,
certamente muitos deles terão interesse em realizar outras
leituras.
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E, ao falar em literatura clássica, convém destacar a importância das epopéias
“Ilíada” e “Odisséia”, as quais, conforme cita o prof. Aécio Flavio de Carvalho (2005, p. 36),
Não é um código de leis comportamentais, nem deixa transparecer preocupações pedagógico-doutrinais. No entanto, refere episódios que, conquanto lendários, são eficazes no sentido de produzir modelos comportamentais válidos não apenas para os gregos e para os ouvintes das ágoras de então, mas também para os leitores de todos os tempos. Mais que personagens, os protagonistas desses episódios são protótipos humanos.
A citação acima reforça o posicionamento de Ana Maria Machado, pois evidencia
que a literatura clássica não se constitui em textos ultrapassados, antigos, e sim um material
capaz de seduzir o leitor, principalmente no que se refere à concepção relativa a natureza
humana, com lições de vida que surpreendem a cada nova leitura.
Na presente unidade, associa-se a necessidade de incentivar o aluno a ler com o
atrativo dos textos mitológicos; e, na ansiedade da eficácia, agrega-se o emprego
metodológico de recursos tecnológicos em voga, como se explica a seguir.
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3 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
As estratégias de ação que foram utilizadas nesta unidade didática têm como foco o
incentivo à leitura pelos alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Santos
Dumont – Ensino Médio e Profissional, localizado no município de São Tomé, Estado do
Paraná.
Não é uma tarefa fácil, considerando-se que não há uma metodologia que possa ser
entendida como decisiva; há, sim, opções didático-pedagógicas, estratégias de trabalho
personalizáveis que podem ser, mais ou menos, úteis na tarefa de motivar o aluno a assimilar
a habilidade de leitura.
Apesar da leitura se constituir num processo interno do indivíduo, ela pode ser
aprendida e, para que isto ocorra, deve ser ensinada. Entretanto, a estratégia a ser utilizada
depende do tipo de texto a ser lido no momento que, por sua vez, deve ser escolhido em
função do aprendizado.
É um grande desafio para o professor fazer com que a leitura seja realizada de forma
autônoma pelo aluno, ou que seja realizada com maior frequência nas aulas das disciplinas de
linguagens, como propõem os PCN’s. Isso porque o jovem de hoje tem à disposição muitos
outros atrativos, a maioria otimizados pela tecnologia moderna.
É com esta consciência que procurou-se aliar o interesse e o instrumental
disponibilizado pela tecnologia para estimular o gosto e formar o hábito da leitura,
incentivando essa prática através do blog da escola, o qual funcionará como mediador das
novas práticas de ler.
Considerando que o blog pode se constituir em instrumento de aprendizagem e
recurso pedagógico, o mesmo foi utilizado como instrumento para implementação desta
proposta pedagógica, pois se trata de um gênero digital que certamente irá motivar as práticas
de leitura dos alunos, além do que é importante que os professores utilizem ferramentas
pedagógicas que lhes possibilitem propor situações de ensino significativas e o blog oferece
essa possibilidade, porque permite a postagem de textos e comentários por administradores,
autores e visitantes leitores, num processo comunicativo interativo e freqüente, já que
possibilita vários acessos, caminhos e modos de leitura.
A respeito do blog como excelente canal de comunicação entre alunos e professores,
Marinho (2007, p. 03) afirma:
Os blogs educacionais são vistos como uma ferramenta instrucional centrada na aprendizagem. Como atividade centrada nos alunos, os blogs permitem a eles
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construir capacidade de atuarem tanto individualmente como em grupo, atributos que hoje são reconhecidos como importantes e essenciais para as pessoas na sociedade contemporânea.
Todas as características citadas motivam o aluno, que poderá acompanhar a
atualização da página todos os dias para ver se existem novidades, além do que incentiva a
pesquisa através da busca de conteúdos em outras fontes para enriquecer o blog.
Outro fator que favorece o uso de recurso no processo ensino-aprendizagem da
leitura, é que o blog é um aplicativo fácil de usar e os alunos participam de um processo
interativo que possibilita a troca de idéias e opiniões com os professores e com os demais
colegas, pois todos podem publicar textos, ler e comentar os textos publicados pelos demais,
numa interação bastante positiva.
Ainda como vantagem, pode-se citar que muitos jovens e adolescentes já utilizam
blogs para relatar suas rotinas diárias e, em virtude da facilidade de uso, esses diários virtuais
estão sendo utilizados como ferramenta pedagógica.
Diante de todo o exposto, associando a necessidade de incentivar o aluno a ler com o
atrativo dos textos mitológicos e dos recursos tecnológicos é que se pretende implantar a
unidade didática que ora se propõe.
Para tanto, foram selecionados quatro textos extraídos do livro “As 100 melhores
histórias da mitologia grega”, de Franchini & Segranfredo, a saber: 1) “Netuno, senhor dos
mares”; 2) “Júpiter e a guerra dos titãs”; 3) “Orfeu e Eurídice”; 4) O nascimento de Minerva”.
A opção por textos com histórias e personagens mitológicas é parte da estratégia, já
que a experiência tem mostrado que os alunos, em sua maioria, se sentem atraídos por textos
em que o mito e o fantástico se destacam: a partir daí, pretende-se despertar no aluno o
interesse pela leitura de outros textos.
Assim, primeiramente, antes de dar início a leitura dos textos com os alunos, o
professor realizará uma preparação pessoal, da dicção dos sons e enunciação da frase, do tom
de voz, do ritmo e entonação adequados: a boa leitura por parte do professor é determinante
para prender a atenção do aluno.
Além disso, será necessário que o professor faça um levantamento de dados sobre os
autores e os tipos de texto que integram a proposta, de modo que possa tirar as dúvidas ou
sanar as curiosidades que porventura os alunos apresentem.
É importante também que o professor procure identificar o conhecimento que os
alunos possuem a respeito dos conteúdos a serem trabalhados; só após esta predisposição
pessoal próxima, preparar o material didático a ser utilizado para a atividade.
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A leitura para os alunos será em voz alta e com expressividade; já em seguida, com
os alunos, identificar dificuldades com o vocabulário e, em caso positivo, motivar o aluno a
pesquisar o significado de cada palavra que não conhece, pois essa ação, além de possibilitar a
compreensão do texto, leva à ampliação do vocabulário.
Após realizar a leitura dos textos para os alunos, o professor poderá incentivar que os
alunos leiam (ou releiam trechos), orientando-os e motivando-os, de forma que compreendam
a importância do ato de ler em voz alta para a interação do ouvinte e também para manter
interesse geral em relação ao texto lido.
No último momento, professor e aluno realizarão a re-leitura do texto, com discussão
dos aspectos abordados e incentivará o aluno a ler novos textos postados no blog, motivando-
os a pesquisarem outros e também publicarem no blog, além de fazerem comentários sobre os
textos postados pelo professor e por outros colegas, num processo de interação que pode
motivar o aluno a realizar novas leituras.
A estratégia do blog está relacionada ao interesse em propiciar aos alunos práticas de
leitura significativas a partir de um suporte digital que é de fácil utilização e que chama a
atenção do aluno.
Os materiais a serem utilizados para implementação da proposta pedagógica são:
• texto impresso;
• livros;
• computadores conectados à internet (laboratório da escola).
Em relação ao volume de informações que integram a presente unidade didática, em
relação ao tempo de aplicação, sugere-se ao aplicador certa maleabilidade, de modo que a
atividade não exija um sacrifício de atuação/leitura pelo professor. Nesse sentido, no início de
cada módulo foi apresentado o conteúdo do texto a ser trabalhado. Esse texto deve ser lido em
voz alta pelo professor, no decorrer da aula, e disponibilizado no blog, de modo que cada
aluno faça a leitura para, posteriormente, desenvolver as atividades propostas.
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4.1 MÓDULO I
ATIVIDADES ANTES DA LEITURA:
- Levantamento prévio do conhecimento que os alunos possuem sobre os mitos;
- apresentação do livro, destacando quem são os autores;
- leitura do sumário;
- refletir, com os alunos, sobre o que podemos conhecer sobre os mitos, observando
os títulos das histórias;
- realizar a leitura do texto a seguir, com entonação de voz.
TEXTO:
A. S. Franchini e Carmen Seganfredo
Não há crônica, antiga ou moderna, que refira de maneira exata todos os feitos e
lances heróicos desta que foi a verdadeira primeira guerra mundial. Ela é demasiado antiga
e perde-se na noite dos tempos. Só podemos nos basear no que dela referiram alguns
comentadores tardios, como Hesíodo.
Ainda assim, ela houve: os sinais, por tudo, são demais evidentes.
Professor(a): Primeiramente é necessário firmar um “contrato” didático com os alunos, de forma que sejam informados sobre as regras e como serão organizadas as atividades, cujo tempo de desenvolvimento será de aproximadamente 3 meses, utilizando em média duas aulas por semana. Dê ciência aos mesmos que o desenvolvimento das atividades demandará pesquisas e leituras em bibliotecas, interação no blog e buscas de outros textos mitológicos.
A guerra dos Titãs foi a primeira batalha que o mundo vivenciou e da qual Júpiter saiu vitorioso e se tornou o mais novo soberano do universo. A partir daí, reinou sobre todos os homens e demais divindades, na condição de pai dos deuses.
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A própria geologia comprova que as extintas divindades de outrora -personificações,
talvez, dos elementos em estado caótico — se engalfinharam um dia numa luta impiedosa,
revolvendo no embate o Céu, a Terra e os mares.
Esta gigantesca querela teve início com a pretensão de um filho rebelde, chamado
Júpiter, sobre o poder supremo que estava em mãos de uma divindade cruel e despótica,
chamada Saturno.
Mas quem foram as partes deste espantoso embate?
De um lado, liderados por Saturno, estavam ele e seus irmãos, os poderosos Titãs
("filhos da Terra"). Do outro, Júpiter, o filho insubmisso, e seus irmãos, além de algumas
defecções titânicas que se alistaram à causa rebelde, tais como o Oceano e o filho de Japeto,
Prometeu.
Os deuses da segunda geração, liderados por Júpiter, foram organizar seu ataque no
monte Olimpo (daí serem chamados de "deuses olímpicos"), enquanto os Titãs, abrigados no
monte Ótris, tramavam a sua defesa.
Num dia incerto, que nenhum cálculo humano pode aproximar, deu-se o primeiro
lance desta refrega colossal, que os anais bélicos da humanidade batizaram de Titanomaquia
(ou "Guerra dos Titãs"). Uma imensa massa negra de nuvens destacou-se dos limites
extremos do Olimpo e começou a marchar, num estrondo feroz de carros de guerra que
rondam pelos céus. O empíreo escureceu de tal forma que o Caos parecia haver gerado de
seu ventre uma segunda noite, ainda mais negra e tétrica do que a primeira.
De dentro desta montanha alada, da cor
do ferro, partiam raios tão ofuscantes (novidade
horripilante inventada pelos Ciclopes, aliados de
Júpiter, que este libertara do Tártaro), que por
alguns instantes brevíssimos não havia em todo o
Universo a menor parcela de escuridão. Mas
logo o negror da noite tombava outra vez sobre a
Terra, e a alma de tudo quanto vivia gachavase,
oprimida por indizível pavor.
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Ocultos acima dessa nuvem prodigiosa, Júpiter e seus aliados caíram finalmente
sobre seus inimigos. Os Titãs, contudo, bem protegidos em suas trincheiras, começaram a
enterrar suas unhas duras e compridas como gigantescas pás de bronze até as profundezas
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do solo, para dali arrancarem pela raiz, com pavoroso estrondo, montanhas inteiras, que
arremessavam em seguida contra os deuses olímpicos.
Uma voz espantosa ecoou, vinda do alto, sobrepondo-se à massa inteira de ruídos:
— Irmãos da nobre causa, desçamos até onde rastejam estes vermes! -disse Júpiter e,
junto com seus aliados, saltou das nuvens com as vestes guerreiras, dando grandes brados de
fúria. Seus escudos refulgiam na queda como tremendos sóis prateados, enquanto suas
lanças, brandidas com fúria, pareciam raios retilíneos que cada qual portasse com destemor
infinito.
— Amantes da nobre verdade, recebamos estas aves de rapina que descem dos céus,
tal como elas merecem! — bradou outra voz, desta vez de Saturno, encorajando os seus Titãs.
Quando os dois exércitos se misturaram, um ruído mais feroz do que qualquer outro
jamais escutado fez-se ouvir, então, por todo o Universo. A terra inteira sacudia-se em
tremores, levantando-se de dentro dela imensas labaredas de fogo e de pez. Netuno, com seu
tridente aceso, fazia ferver os mares, e por toda parte não havia um único bosque que não
tivesse sido varrido pelo assobio endemoniado de uma tórrida ventania.
Os combatentes, misturados num pavoroso atraque corporal — atirando às cegas, uns
contra os outros, cutiladas, raios, rochas imensas, vapores sufocantes e dentadas -, assim
estiveram por uma eternidade, até que Júpiter, temendo que a vitória estivesse pendendo
para o inimigo, anunciou um novo propósito:
— Companheiros, libertemos do Tártaro profundo os poderosos Hecatônquiros!
Hecatônquiros. Esses terríveis seres haviam sido aprisionados por Saturno nas
profundezas da terra e, uma vez libertos, espalhariam o terror entre as hostes inimigas.
Júpiter, auxiliado pelos seus, desceu até as tênebras profundas e, após romper os
grilhões que mantinham estas colossais criaturas presas ao abismo, subiu com elas à
superfície. Uma fenda enorme rasgou-se sob o chão; imediatamente um vapor negro subiu da
cratera num jato hediondo, até envolver o próprio Sol.
Tudo estava envolto numa treva sufocante, quando todos sentiram um baque
formidável sacudir o solo. Um tufão poderoso surgiu em seguida, varrendo toda a fuligem
espessa e deixando à mostra, sobre a superfície, os três Hecatônquiros, postados lado a lado.
A arte dos antigos não nos deixou nenhuma imagem do que seriam tais divindades, porém as
descrições nos afirmam que se ratavam de seres "enormes como a mais alta das montanhas"
e que possuíam n olhos e cinqüenta cabeças".
Um urro colossal, partido das cento e cinqüenta bocas, atroou todo o Universo. As
criaturas, empunhando rochedos imensos, lançaram sobre os apavorados Titãs trezentas
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montanhas, sepultando-os vivos sob os escombros. Em seguida os Ciclopes os acorrentaram
com suas pesadas correntes, encerrando-os para sempre nas profundezas do Tártaro, de
onde jamais tornariam a sair, vigiados pelos invencíveis Hecatônquiros.
Esta, em resumo, foi a primeira batalha que o Universo conheceu, e da qual saiu
vitorioso Júpiter, o novo soberano do Universo, para reinar como pai dos deuses sobre todos
os homens e as demais divindades.
COM BASE NO TEXTO ESTUDADO, RESPONDA:
1) Quais os deuses citados no texto e as características de cada um?
2) Qual o assunto do texto?
3) Quais os deuses que lideraram os grupos que se envolveram no poderoso
embate tratado no texto?
4) Quem eram os “poderosos titãs”?
5) Onde se abrigavam os deuses?
6) Que nome os anais bélicos da humanidade batizaram a “guerra dos titãs”?
7) Quem eram os Cíclopes?
8) O que é um Tártaro?
9) Qual figura importante da mitologia surge durante o embate?
10) Quem sai vencedor na guerra dos Titãs?
1) No primeiro parágrafo, os autores citam “Só podemos nos basear no que dela
referiram alguns comentadores tardios, como Hesíodo”. Qual o significado de
“comentadores”?
2) A que os autores se referem ao citarem “querela” no quarto parágrafo?
3) Qual o significado de “refrega” citado no oitavo parágrafo?
4) Pesquise no dicionário o significado das palavras:
a) Trincheiras;
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b) Cutiladas;
c) Hediondo.
5) No penúltimo parágrafo, temos: “Um urro colossal, partindo das cento e cinqüenta bocas, atroou todo o Universo”. Qual o significado da palavra “atroou” neste contexto?
1) Os autores iniciam o texto mencionando a crônica. Pesquise sobre as
características deste gênero de texto literário.
2) Qual o poder que cada um dos deuses citados no texto possui?
3) O que é o Monte Olimpo?
4) Relacione os deuses latinos citados no texto e faça a correspondência do nome de
cada um deles na mitologia grega.
...
1) Acesse o blog da escola (disciplina de Língua Portuguesa e Literatura) e leia o
texto “Nascimento e Glória de Saturno”, postado pela professora e em seguida,
Professor(a): Nesta etapa das atividades, os alunos utilizarão o blog para fazer comentários sobre textos da mitologia postados pelo professor, sugerir aos colegas outras leituras envolvendo mitos que porventura já tenham realizado e interagir com os colegas sobre as leituras e atividades desenvolvidas. Inicialmente, é necessário que os alunos sejam orientados sobre como utilizar o blog da escola, na disciplina de Língua Portuguesa e Literatura, razão pela qual seguem as orientações: OBS: caso a escola ainda não tenha um blog, acesse https://www.blogger.com/start?hl=pt-BR que contém passo a passo as orientações sobre a criação e uso do blog. Caso já tenha, informar aos alunos o endereço eletrônico para acessar o blog e a senha de acesso. Se preferir, utilize o manual com orientações sobre como criar e utilizar o blog, que se encontra em anexo a esta unidade didática.
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interaja com a professora e com os colegas a respeito do assunto do texto e sobre
as características dos deuses ali citados;
2) Utilize o blog para compartilhar com os colegas a respeito de textos, livros ou
filmes sobre mitologia que você já conheça.
- Texto “A criação do mundo”, lenda divina publicada no livro “Contos e lendas da mitologia grega” de Claude Pouzadoux. - Personagens da mitologia grega e romana. Disponível em http://www.suaaltezaogato.com.br/arq/Gavetao/Mitologia_Grega.pdf
- FÚRIA DE TITÃS
Sinopse: Em 'Fúria de Titãs', a disputa pelo poder lança os homens contra os reis, e os reis contra os deuses. Mas a guerra em curso entre os deuses já é suficiente para destruir o mundo. Nascido de um deus, porém criado como homem, Perseu se vê indefeso para salvar a família da aniquilação por Hades, o vingativo deus do reino dos mortos. Sem nada a perder, Perseu se oferece como voluntário para comandar a perigosa missão de derrotar Hades, antes que este consiga obter poder de Zeus e instalar o inferno na Terra. Liderando um grupo de guerreiros, Perseus parte numa arriscada jornada nas profundezas dos mundos proibidos. Combatendo demônios cruéis e monstros terríveis, ele somente irá conseguir sobreviver se aceitar seu poder como um deus, desafiar a sorte e criar seu próprio destino. OBS: As sugestões de leitura e de filme são importantes, porém não devem ser obrigatórias (já que são apenas sugestões), de modo a evitar um sacrifício de leitura.
Professor(a): Este é o primeiro momento em que o aluno irá se familiarizar com textos mitológicos, e o principal objetivo é incentivar o alunos a ler. Por isso, é fundamental que, num primeiro momento, o(a) professor(a) realize a leitura do texto para os alunos, com entonação e voz, tornando o texto mais atrativo. E, após realizar as atividades propostas, é importante sugerir outros textos, de modo a incentivá-los a ler. Fale sobre os textos, procure saber se já conhecem alguns, provoque-os argumentando que é preciso conhecer para gostar. Assim, o professor pode sugerir as leituras a seguir.
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4.2 MÓDULO II
Dando continuidade ao desenvolvimento da
unidade didática, nesta segunda etapa será trabalhado o
texto “O nascimento de Minerva”, filha de Júpiter.
Correspondente à deusa Atena na mitologia grega,
Minerva era a deusa da sabedoria e das artes. Seu pai
Júpiter, após engolir a deusa Métis (Prudência), pediu a
Vulcano que abrisse sua cabeça com o seu machado, para
acabar com a dor de cabeça que ele sentia. Da cabeça de
Júpiter saiu Minerva já adulta.
Seu nome vem da antiga raiz da palavra “mente”.
Era a deusa da estratégia da guerra, tendo junto de si um
mocho e vários instrumentos matemáticos, por ser também
a deusa da sabedoria.
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ATIVIDADES ANTES DA LEITURA:
- Investigar se os alunos realizaram a leitura dos textos sugeridos no final do módulo
I ou outros textos escolhidos livremente pelos mesmos.
- Verificar se os alunos já realizaram a leitura de algum texto em que Minerva é
personagem;
- Investigar o que os alunos imaginam que vai tratar o texto;
- explorar se os alunos imaginam de que época as histórias falam;
- localizar, em mapa atualizado, a localização da Grécia e a distância em relação ao
Brasil;
Professor(a): Lembre-se de que a leitura em voz alta pelo professor deve ser realizada com entonação de voz, de modo que a história seja mais atrativa. Também é importante que o professor explore o título com os alunos, com perguntas do tipo: que assunto você supõe será tratado no texto? Mesmo considerando que a atuação/leitura por parte do professor tem relevância essencial, é importante que o professor incentive os alunos a que façam a leitura do texto no blog.
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TEXTO:
A. S. Franchini e Carmen Seganfredo
— Júpiter, preciso muito lhe falar — disse um dia a Terra, sua avó.
A velha deusa, que engendrara Saturno, o pai devorador de filhos, tivera um sonho
profético no qual a antiga e violenta maldição familiar de filhos destronarem os pais
ameaçava recomeçar.
— Agora será com você, Júpiter, que a história vai se repetir! — disse a Terra,
perfurando as nuvens com sua bengala de pedra.
Na mente da deusa passou, como num relâmpago, todo o seu tormentoso passado com
o brutal Céu, que a obrigara a esconder em seu ventre todos os filhos gerados por ele.
Depois enxergou seu filho Saturno chegando em casa com a foice ensangüentada e o ar
aliviado do jovem que triunfa, afinal, sobre a tirania decrépita dos pais. "Seu odioso marido
está mutilado e o poder agora é todo meu!", dissera o jovem deus, ao destronar o próprio
pai.
— Não diga tolices, minha vó! — bradou o pai dos deuses, despertando a Terra de seu
devaneio. — Quem se atreverá a levantar mão ímpia contra o soberano do mundo?
A velha deusa sorriu. Fora esta mesma frase que Saturno envelhecido repetira, um
pouco antes de seu próprio filho Júpiter expulsá-lo do trono, tornando-se o novo e supremo
mandatário do Universo. Júpiter, entretanto, era muito jovem e estava mais preocupado em
conquistar o coração da sua amada Métis, a deusa da Prudência.
— Não se case com ela — advertiu a Terra, com severidade -, pois de seu ventre sairá
aquele que trará a sua ruína.
— A deusa meiga e de olhos mansos como a corça será capaz, então, de gerar um tal
monstro? — disse Júpiter, alisando sua negra e ainda curta barba.
— Sim, seu tonto, a meiga e de olhos mansos como a corça! — bradou a Terra, cujas
palavras, com a idade, iam perdendo o mel da paciência. — Na verdade serão dois filhos; o
primeiro será uma mulher, a mais justa e sensata das deusas, que só lhe trará alegria e
motivo de orgulho...
Após Júpiter engolir a deusa Métis (Prudência), sentiu uma forte dor de cabeça e pediu a
Vulcano que abrisse sua cabeça com o melhor machado e, de lá, saiu Minerva, já adulta, que era
considerada uma das três deusas virgens, ao lado de Diana e Vesta.
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Júpiter sentiu um alívio percorrer suas divinas entranhas.
-... mas cuidado com o segundo! -prosseguiu a deusa. — Ele será o flagelo de sua
existência. Muito mais insubmisso do que seu pai ou você próprio, ele o destronará
sangrentamente, tomando o seu lugar para todo o sempre. E com o filho dele acontecerá o
mesmo, e assim por diante, até que alguém decida pôr um fim a esta orgia de parricídios.
Durante um longo tempo os dois estiveram em silêncio. De vez em quando Júpiter
erguia os olhos para a avó, que permanecia parada à sua frente, apoiada ao seu cajado; em
seus olhos inflamados pela profecia brilhava ainda, com a mesma intensidade, a luz
ofuscante da determinação.
— Está bem, vovó — disse, afinal, o pai dos olímpicos -, você venceu. Vou falar com a
adorável Métis.
No mesmo dia Júpiter dirigiu-se à morada da deusa, que ficava no fundo do oceano.
— Adorável Métis, meiga e de olhos mans... — disse Júpiter, interrompendo-se.
— Oh, é você, meu querido Júpiter! — exclamou a deusa, caindo em seus braços. —
Estava morta de saudades...
"Tão meiga e tão feminil ao mesmo tempo!", pensava, enquanto deslizava os dedos
pelas curvas simetricamente perfeitas das costas da encantadora Métis.
Num instante estavam ambos sobre o leito. Júpiter, esquecido das advertências de sua
avó, passou o resto do dia nos braços da divina amada, descobrindo a cada instante, em seu
corpo, novos e insuspeitados mistérios.
Ao final do dia, entretanto, ela voltou-se para ele e disse:
— Júpiter, regozije-se: estou grávida!
— Grávida?! — exclamou o deus olímpico.
— Sim, seremos ambos pais de uma bela menina!
Júpiter ficou paralisado por alguns instantes. De repente, porém, como quem toma
uma súbita decisão, tomou-a nos braços e disse, num tom enigmático:
— Está enganada: ambos seremos mães.
Nem bem dissera isto, Júpiter abriu desmesuradamente a boca — onde ele vira isto
antes?
— e engoliu a pobre Métis!
— Pronto, minha amada — exclamou ele. — Agora estamos unidos para sempre.
Imediatamente o deus retornou para junto da avó, como obediente neto que era, e lhe
comunicou, cheio de orgulho:
— Minha vó, acabei de comer a formosa Métis!
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— Menino sujo! — gritou a velha, dando uma bastonada em sua cabeça. Custou um
pouco, mas afinal Júpiter conseguiu fazer a velha entender o que quisera dizer e acabou
mesmo elogiado por ela.
Os dias passaram e as apreensões foram se desvanecendo, até que, certa manhã,
Júpiter acordou com uma terrível dor de cabeça.
— Céus, o que é isto em minha cabeça? — gritava.
Todos os deuses acorreram para ver que gritos eram aqueles.
O deus dos deuses gemia, enquanto os demais se agitavam em torno.
— Sua cabeça cresceu assustadoramente! — disse Mercúrio, espantado.
— É da ambrosia... Eu disse pra não abusar! — gritava, aflita, a sua mãe, Cibele.
— Calem a boca, todos, e chamem Vulcano — gritou Júpiter, com as duas mãos
postas na cabeça.
Dali a instantes surgiu o deus das forjas, coberto de fuligem.
— O que houve, meu divino pai?
— Tenho algo dentro da cabeça! Descubra o que é — exclamou Júpiter.
— Sim, de fato, parece haver algo muito grande dentro dela... — respondeu Vulcano,
espantado com o gigantesco tamanho da cabeça de seu genitor. — O que será?
— Mas foi o que lhe perguntei! — respondeu Júpiter, colérico. — Vamos, pegue suas
ferramentas, abra minha cabeça e retire logo daí de dentro seja lá o que for que esteja me
atormentando!
Vulcano abriu seu maravilhoso estojo. Dentro dele, em pequenos compartimentos,
estavam dispostas em perfeita simetria as suas extraordinárias e eficientes ferramentas.
— Hm... Martelo, broca, chave, pé-de-cabra... Calma, meu pai, que a coisa já vai!
O deus dos artífices encontrou, afinal, o seu melhor martelo e avançou
destemidamente para o pai.
Um calafrio de horror percorreu os nervos e tendões de Júpiter. "E se a velha Terra
estiver senil, e for ele, afinal, o filho que me tirará o cetro?", pensou Júpiter de olhos
arregalados ao ver avançar o filho imundo, com aspecto de demônio, balançando o martelo
gigantesco, como para lhe tomar o peso.
— Este não falha, meu divino pai! — disse Vulcano, arreganhando seus quatro negros
dentes, e vibrou o martelo ao primeiro golpe.
O pobre Júpiter sentiu o mundo rodar.
Vibrou o martelo ao segundo golpe.
Uma rachadura surgiu de alto a baixo em sua cabeça.
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— Só mais uma, pai! — disse Vulcano, respirando fundo e erguendo o martelo o mais
alto que pôde.
PA!, vibrou o martelo ao terceiro golpe.
Um jato de luz ofuscante escapou pela rachadura, fazendo com que os deuses
corressem para todos os lados. De dentro da cabeça de Júpiter surgiu, então, uma outra
cabeça, revestida com um magnífico capacete dourado.
Um grito de espanto varreu o Olimpo inteiro.
Logo em seguida surgiu o resto do corpo da criatura — uma mulher, vestida inteira,
dos pés à cabeça, com uma reluzente armadura. Todos os deuses estavam boquiabertos, e até
Apólo, que conduzia no alto o seu flamejante carro do sol, parou por um instante para
observar aquele fantástico prodígio.
A mulher saltou para o chão e deu um grito de guerra, o mais alto que o Olimpo já
havia escutado. Depois pôs-se a executar, de maneira absolutamente perfeita e graciosa, os
passos do mais estranho e original peã que os olhos humanos e divinos já haviam
contemplado.
— Honra e Paz para você, divino pai e senhor absoluto do Universo! — disse a
criatura, após encerrar a sua magnífica dança marcial. — Sou Minerva, sua filha, gerada de
seu sêmen para cumprir as suas ordens.
Júpiter ficou encantado com a nova deusa que surgia — parida por ele próprio! — e
com suas filiais e piedosas palavras.
Assim que veio ao mundo a mais útil e benemérita das divindades: Minerva, deusa da
sabedoria, do trabalho e das artes. E quanto às negras previsões da velha Terra, que
ameaçavam Júpiter com a chegada de um segundo e destruidor filho, deram, felizmente, em
nada.
Júpiter ousou então debochar da anciã:
— Minha vó, suas profecias são furadas!
— Imbecil, furada é sua cabeça-de-vento! — disse a velhinha, que nada tinha de
caduca.
— Bem se vê que fugiu o resto de sabedoria que havia na cachola.
E depois de assestar uma bela pancada na cabeça do neto, completou:
— Pois honre a mim, então, que sou a única divindade competente o bastante para
fazer reverter uma funesta profecia.
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COM BASE NO TEXTO ESTUDADO, RESPONDA:
01) Quais os deuses citados no texto e as características de cada um?
02) Qual o assunto do texto?
03) Qual o nome da avó de Júpiter?
04) Qual a lembrança que a avó de Júpiter teve do filho Saturno?
05) Por quem Júpiter era apaixonado?
06) Como iria ser o primeiro filho de Júpiter, de acordo com a profecia de sua avó?
07) Por que a avó de Júpiter o aconselhou a ter cuidado com o segundo filho?
08) Onde morava Métis?
09) O que Júpiter fez a Métis quando ela lhe revelou que estava grávida?
10) Como nasceu Minerva?
01) No segundo parágrafo, os autores citam “A velha deusa, que engendrara Saturno, o pai devorador de filhos...”. Qual o significado de “engendrara”?
02) O que significa a expressão “mel da paciência” citada no nono parágrafo?
03) Pesquise no dicionário o significado das palavras:
a) ímpia;
b) parricídios;
c) Decrépita;
d) Colérico;
e) Benemérita;
04) No último parágrafo, temos: “Pois honre a mim, então, que sou a única divindade competente o bastante para fazer reverter uma funesta profecia”. Qual o significado da palavra “funesta” neste contexto?
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01) Qual a profissão que tem a deusa Minerva como símbolo oficial?
02) Minerva participou da Guerra de Titãs e contribuiu com a vitória de Júpiter.
Entre os inimigos por ela vencidos, o mais importante é Encélades? Pesquise
sobre como Minerva o derrotou.
03) Pesquise sobre como Minerva inventou a flauta?
...
1) Acesse o blog da escola (disciplina de Língua Portuguesa e Literatura) e leia o texto
postado pela professora e em seguida, interaja com a professora e com os colegas a
respeito do assunto do texto e sobre as características dos deuses ali citados;
2) Utilize o blog para compartilhar com os colegas a respeito de textos, livros ou filmes
sobre mitologia que você já conheça.
Professor(a): O principal objetivo desta sequência didática é desenvolver a competência leitora, motivando e incentivando os alunos a alcançarem maior gosto pela leitura, encaminhando-os a universos diferentes e que lhes possibilitarão maior conhecimento do mundo. Quanto maior é o gosto pela leitura, maior é a compreensão e interpretação de outros textos que venham a ler. Sendo assim, é fundamental sugerir outros textos para que os alunos leiam.
Professor(a): Antes de orientar os(as) alunos(as) a interagirem no blog, faça a postagem, no ambiente, de um texto da Mitologia (sugestão: “Minerva e Aracne”), do livro “As 100 melhores histórias da Mitologia Grega” de Fanchini e Seganfredo.
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- Texto “O filho de Zeus”, uma das façanhas de Héracles, publicada no livro “Contos e lendas da mitologia grega” de Claude Pouzadoux, disponível na biblioteca da escola ou no endereço eletrônico http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=11157 - Livro “O ladrão de raios” de Rick Riordan.
- FILME “A MARCA DE ATENA”
Sinopse: Annabeth está apavorada. Justamente quando ela está prestes a se reencontrar
com Percy – depois de seis meses estar separados, graças a Hera – parece que o
Acampamento Júpiter está se preparando para a guerra. Como Annabeth e seus amigos Jason,
Piper e Leo voam no Argo II, ela não pode culpar os semideuses romanos por pensar que o
navio é uma arma grega. Com o seu mastro de dragão de bronze, a criação fantástica de Leo
não parece amigável. Annabeth espera que a visão de seu pretor Jason no convés irá assegurar
os romanos que os visitantes do Acampamento Meio-Sangue estão vindo em paz. E isso é
apenas uma de suas preocupações. Em seu bolso Annabeth traz um presente de sua mãe que
veio com uma exigência inquietante: Siga a Marca de Atena. Me vingue. Annabeth já se sente
oprimida pela profecia que irá enviar sete semideuses em uma missão para encontrar – e
fechar – as portas da morte. O que mais Atena quer dela? O maior medo de Annabeth, porém,
é que Percy pode ter mudado. E se agora ele está ligado aos caminhos romanos? Será que ele
ainda precisa de seus velhos amigos? Como a filha da deusa da guerra e da sabedoria,
Annabeth sabe que ela nasceu para ser uma líder, mas nunca mais ela quer ficar sem o Cabeça
de Alga ao seu lado. Narrado por quatro diferentes semideuses, A Marca de Atena é uma
inesquecível viagem por terra e mar para Roma, onde descobertas importantes, sacrifícios
surpreendentes e horrores indescritíveis aguardam. Suba a bordo do Argo II, se você ousar…
OBS: Os textos e o filme devem ser sugeridos, mas sem obrigatoriedade, cabendo a cada
aluno realizar a leitura ou assistir o filme, conforme seu interesse e possibilidade.
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4.3 MÓDULO III
ATIVIDADES ANTES DA LEITURA:
- Refletir, com os alunos, sobre a ligação entre os mitos citados nos diferentes textos;
- recuperação dos conhecimentos adquiridos pelos alunos a respeito de textos
mitológicos;
- questionar a respeito do conhecimento que os alunos já possuem sobre Netuno;
- refletir, com os alunos, sobre a característica de Netuno, destacada no título.
TEXTO:
A. S. Franchini e Carmen Seganfredo
Disponível em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br
Professor(a): Neste terceiro módulo da sequência didática, será trabalhado o texto “Netuno, senhor do Mares”, que tem relação com o que já foi desenvolvido no texto anterior, pois Netuno é um dos irmãos que também foi engolido por seu pai, Saturno, episódio lembrado por Terra, em seu diálogo com Júpiter, pai de Minerva. O(a) professor(a) deve realizar a leitura em voz alta (no mínimo de trechos mais sugestivos) e sugerir que os alunos façam a leitura do texto no blog.
Netuno era o nome latino do deus do mar, correspondente ao mito grego Poseidon. Era filho de Saturno e irmão de Júpiter e de Plutão. Originariamente era o deus das fontes e das correntes de água, por isso é chamado de “senhor dos mares”. É provável que o planeta Netuno tenha recebido esse nome devido a sua cor azul-marinho.
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Netuno, após ter sido engolido por seu pai, Saturno, a exemplo de seus irmãos, foi um
dia regurgitado, depois que Júpiter obrigou o velho deus a ingerir uma beberagem mágica.
— Pronto, meu irmão — lhe disse Júpiter, satisfeito, depois de ambos haverem
derrotado Saturno e seu poderoso exército na famosa Guerra dos Titãs. -Agora já pode
tomar posse do mar, que é a parte do Universo que cabe a você. A mim caberão os céus,
enquanto que nosso irmão Plutão reinará nos subterrâneos.
Netuno, todo sorrisos, abraçou o irmão. Mas embora todo o imenso território que lhe
coube, não foi isto o bastante para contentá-lo. De fato, Netuno era um deus ambicioso,
invejoso e intratável, e desde aquele dia entrou em inúmeras disputas com as mais diversas
divindades: contra Minerva, disputou a Ática; contra Juno, o domínio da Argólida; contra
Apólo, pelo controle do arquipélago de Delfos; e contra o próprio Júpiter, numa tentativa
abortada de destroná-lo, ousadia que lhe custou o castigo de ter de servir o rei Laomedonte e
construir para ele, pedra por pedra, as muralhas da cidadela de Tróia.
— Só entro em fria, mesmo! — dizia ele, enquanto carregava as imensas pedras. — E
além de tudo ainda tenho de agüentar este tagarela dedilhando a lira o dia inteiro. — Netuno
referia-se ao deus Apólo, que também estava ali de castigo por uma falta cometida contra
Júpiter.
— Sou um astro — disse o acalorado deus do sol, ajeitando-se numa sombrinha para
melhor exercer o seu delicado ofício. — Nasci só para brilhar.
Netuno, para piorar, ainda teve o dissabor de ver-se logrado por Laomedonte, que
recusou-se a lhe pagar o serviço.
E assim seguia sua vida, de deus rabugento e colérico, sempre fincando seu tridente
no fundo do mar e provocando terremotos a propósito de qualquer contrariedade, a ponto de
acabar conhecido como "Netuno, abalador da terra".
— "Netuno, o importuno", eis o que é! — disse um dia Júpiter, perdendo de vez a
paciência. — É, não tem jeito mesmo, vamos ter de lhe arrumar uma mulher...
Depois de muito pesquisar, o pai dos deuses chegou à conclusão de que a solução
estava nas mãos de Nereu, "o velho do mar". Este deus decrépito era filho da velhíssima
Terra e do antiqüíssimo Mar, e tinha uma penca de filhas, as Nereidas, assim chamadas em
sua homenagem.
— Mercúrio! — disse Júpiter.
— Sim, meu pai — disse o deus dos pés ligeiros.
— Vá até o fundo do mar e me traga o velho Nereu.
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No mesmo instante, Mercúrio, que era extremamente rápido em tudo que fazia, calçou
suas sandálias aladas e rumou para o oceano. Dando um mergulho espetacular, chegou até
os domínios de Nereu.
Mais tarde, no Olimpo, Júpiter exclamou, ao ver a visita:
— Nereu, velho amigo, que bom vê-lo aqui no Olimpo outra vez!
— O que ordena, deus supremo? — disse Nereu de longas e alvas barbas.
— Quero que ceda uma de suas filhas a meu irascível irmão — disse Júpiter, pondo
uma mão sobre o ombro do velho amigo. — Não posso mais suportar as suas teimosias e
temo que haja um confronto mais sério entre nós, caso ele não se acalme.
— Pois não, Júpiter poderoso — disse Nereu. — Pode escolher qualquer uma de
minhas cinqüenta filhas.
— Cinqüenta? — exclamou Júpiter, puxando o lóbulo da divina orelha. -Mas não
eram cem?
— Podem ser cem, como podem ser mil, deus supremo — disse o pobre Nereu, cuja
memória já claudicava há muito tempo.
Depois de estudar a questão e analisar uma por uma as Nereidas, chegaram, enfim, a
um consenso:
— Anfitrite será a esposa de Netuno! — disse Júpiter, jubiloso.
— Anfi-quem? — disse o pobre Nereu.
— Esqueça — disse Júpiter, dando uma palmadinha na face enrugada do amigo.
No mesmo dia Júpiter comunicou a escolha ao mal-humorado irmão, que decidiu,
ainda assim, conhecer a sua futura noiva.
— Vá com calma — disse Júpiter. — As filhas de Nereu costumam ter o senso de
independência muito pronunciado.
Mas Netuno, que tinha o senso de prepotência ainda mais pronunciado, não se
intimidou.
— Onde posso ir encontrá-la? — disse, já se ajeitando.
— Ela está na ilha de Naxos, junto com suas irmãs — disse Júpiter. Netuno, confiante,
partiu de seu palácio azulado no fundo do mar em direção a Naxos, conduzindo seu carro
puxado por golfinhos.
Fazia um lindo dia de sol quando chegou às margens pedregosas da ilha. De fato, por
cima dos grandes rochedos franjados pelas espumas do mar, lá estavam as encantadoras
filhas de Nereu, algumas deitadas, descansando, enquanto outras, mais animadas,
executavam os passos de uma movimentada dança. De vez em quando uma delas, estirando
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sua longa cauda recoberta de escamas douradas, dava um mergulho repentino nas águas
verdes do arquipélago: um grande borrifo verde erguia-se, então, como se elas lançassem lá
do fundo um imenso punhado de esmeraldas, que subiam, faiscando, em todas as direções.
Netuno, boquiaberto, pasmava para aquela cena paradisíaca.
— Verdadeiramente encantadoras... — exclamou o excitado deus, tratando, em
seguida, de sentar-se ligeiro em seu carro.
De repente, escutou a voz de uma das Nereidas.
— Ei, Anfitrite! Venha juntar-se a nós, sua boba!
Os olhos de Netuno voltaram-se para uma grande pedra isolada, que estava situada
mais para dentro do mar. A pedra tinha o formato de um leito, magnífico trabalho de
polimento operado pelas perfeccionistas Ondas, que durante séculos, com toda a calma, a
haviam polido até dar-lhe aquela conformação ideal.
Em cima daquele leito solitário e da cor do chumbo estava estendida a divina
Anfitrite.
Era uma das poucas Nereidas a ter os cabelos negríssimos, da cor da noite, enquanto
que as escamas de sua longa cauda tinham uma brilhante cor prateada, matizada por
maravilhosos reflexos azulados e cor-de-rosa que se alternavam ao menor movimento. Com
as costas coladas à pedra, Anfitrite dos cabelos negros tinha a face voltada para o alto; seu
braço direito, caído sobre o rosto, protegia seus olhos dos raios fortes do sol, enquanto os
peitos firmes apontavam para o céu.
Netuno empinou seu carro na direção da Nereida de esbelto corpo. Emparelhando
com a rocha, Netuno esteve longo tempo a observar os traços de Anfitrite, para ver se podia
confiar em suas virtudes. Mas a ninfa adorável permanecia com o rosto quase completamente
oculto pelo braço. O deus dos mares, na verdade, só podia observar direito o nariz
perfeitamente aquilino de Anfitrite e sua boca úmida e carnuda, maravilhosamente
desenhada para o beijo.
"Que mulher!", pensou Netuno, quase apaixonado. "Se tais são seus lábios e seu
nariz... oh, como não haverão de ser seus divinos olhos!"
Um arfar mais indiscreto do deus, contudo, despertou a atenção da formosa Anfitrite.
Seu braço caiu e as pestanas de longos cílios recurvos ergueram-se, piscantes — e foi, então,
como se duas estrelas houvessem se descortinado. -Divina e encantadora Anfitrite! — disse a
voz rouca ao seu lado. — A partir de hoje será minha divina esposa e a você caberá a honra
de ser, para sempre, o repositório sagrado de meu divino sêmen.
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Anfitrite, assustada, ao enxergar a seu lado aquele homem espadaúdo, de longos
cabelos recobertos de mariscos e uma barba hirsuta tostada pelo sol a lhe dizer tais
disparates, deu um ágil mergulho para dentro da água. Netuno ainda conseguiu agarrar um
pedaço de sua cauda, mas
as escamas lisas escorregaram por entre seus dedos, até surgir a grande e quase
transparente barbatana, leve e fremente como um leque, que lhe deu uma bofetada, antes de
desaparecer nas ondas.
— Para onde foi... ? — bradou o deus, desesperado.
E desde aquele dia Netuno perdeu Anfitrite de vista. Percorreu todos os mares, foi mil
vezes ao palácio de Nereu, nas profundezas do mar, mas ninguém sabia dizer onde ela
estava.
Irado, Netuno começou a sapatear e a bater ferozmente com seu tridente por toda
parte, demolindo os imensos rochedos subterrâneos e provocando, com isso, terríveis
maremotos na superfície dos oceanos. Ondas imensas eram cuspidas para o alto e montanhas
inteiras arremessadas para as costas das cidades marítimas, levando o pânico a todos os
mortais.
Finalmente, Júpiter, no último limite da aflição, ordenou a Nereu que revelasse o
local onde a apavorada Anfitrite fora se ocultar. O pobre velho não sabia, mas sua esposa
Dóris, como toda boa mãe, sabia — e muito bem.
Depois de um sem-número de pedidos, Júpiter finalmente conseguiu obter da mãe das
nereidas o que os rogos e súplicas do velho marido, é claro, não tinham podido alcançar.
— Somente as carícias de sua divina filha poderão suavizar o rude temperamento de
meu irmão — disse Júpiter à ainda reticente Dóris. — Quando isto acontecer, e a crosta
primitiva de meu irmão houver caído, verá ela que se casou com um homem gentil e
atencioso, além, é claro, de ter se tornado rainha de todo um império.
— Rainha de todo um império... — resmungou várias vezes a mãe de Anfitrite, até que
finalmente cedeu, embora fizesse questão de afirmar que não fazia o menor caso de vir a se
tornar mãe da "rainha de todo um império".
Revelado o esconderijo da filha de Nereu, o impaciente Netuno rumou para lá,
silenciosamente, montado em seu discreto golfinho. Dentro de uma caverna, oculta por uma
floresta de líquens, estava a assustada Nereida, quando Netuno, pé ante pé, adentrou o
recinto.
— Anfitrite adorada! — disse ele, cujas barbas estavam lustrosas do aromático
âmbar. — Venha comigo e garanto que não terá jamais motivos para se queixar de mim.
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Netuno parecia realmente mudado: trajado modestamente, sem aquele ar arrogante
que o caracterizava, havia deixado em casa até o seu horroroso tridente. Anfitrite, cautelosa,
estudou ainda, longamente, o aspecto do deus. Depois, ainda indecisa sobre se deveria ou
não aceitar aquela proposta, perguntou, amuada:
— E quanto àquele negócio de "meu repositório de sêmen"?
— Oh, não, esqueça esta bobagem! — disse Netuno, baixando os olhos. -Você será,
para sempre, apenas o repositório de minha divina devoção e meu divino carinho.
Ainda mais corado por aquele sorriso de superioridade da divina Nereida, Netuno
enterrou as unhas nas palmas das mãos e resolveu voltar ao velho estilo.
— Venha, vamos de uma vez, minha rainha! — disse, encurralando-a na parede da
gruta úmida e dando-lhe um beijo intenso e apaixonado.
Depois levou-a nos braços até o golfinho e retornaram para o palácio de Netuno,
onde ambos, desde então, governam felizes o imenso império dos mares.
COM BASE NO TEXTO ESTUDADO, RESPONDA:
01) Quem eram os irmãos de Netuno?
02) No segundo parágrafo, o texto faz referência a um fato também presente no texto
estudado no primeiro módulo. Que fato é este?
03) De acordo com o texto “Netuno era um deus ambicioso, invejoso e intratável, e desde
aquele dia entrou em inúmeras disputas com as mais diversas divindades”. Relacione
quais foram essas disputas.
04) No quarto parágrafo, Netuno diz “este tagarela dedilhando a lira o dia inteiro”. A
quem ele está se referindo?
05) Por que Netuno era considerado o “abalador da terra”?
06) Qual das filhas de Nereu foi escolhida por Júpiter para se casar com Netuno e quais
suas características?
07) Qual o meio de transporte utilizado por Netuno para se locomover no fundo do mar?
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08) Qual a reação de Anfitrite quando Netuno lhe disse que a partir daquele momento ela
seria seu “repositório sagrado de meu divino sêmen”?
09) Qual o desfecho da história?
10) O comportamento de Netuno e a ração de Anfitrite pode ser associado a fatos reais?
Por quê?
1) No quarto parágrafo, Netuno afirma “-Só entro em fria mesmo!”. A que ess
expressão se refere no contexto do texto?
2) No quinto parágrafo, o texto aponta que o deus Apólo se ajeitou numa sombrinha
“para melhor exercer o seu delicado ofício”. Qual o significado de ofício nessa
expressão?
3) Qual o significado de “logrado” citado no sexto parágrafo?
4) Pesquise no dicionário o significado das palavras:
a) regurgitado;
b) irascível;
c) Claudicava;
d) hirsuta.
e) No parágrafo quarenta e cinco, temos: “Depois de um sem-número de pedidos”. Qual o significado da palavra “sem-número” neste contexto?
1) Quem é Laomedonte, citado no sexto parágrafo.
2) Qual o poder que cada um dos deuses citados no texto possui?
3) O que significa estar sob a influência negativa de Netuno?
4) Relacione os deuses romanos citados no texto e faça a correspondência do nome
de cada um deles na mitologia grega.
5) O que Poseidon (Netuno) significava para os gregos?
6) Com que aparência normalmente Netuno é representado?
7) Qual a relação que havia entre Netuno e os cavalos?
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...
1) Pesquise sobre as características (de personalidade) de um dos deuses citados nos
textos trabalhados até o momento, acesse o blog da escola (disciplina de Língua
Portuguesa e Literatura) e compartilhe com os colegas o que descobriu;
2) Interaja com pelo menos três colegas a respeito das descobertas que cada um fez a
respeito dos mitos e que foram postadas no blog;
3) Compartilhe com seus colegas a respeito de livros ou texto que tenha lido além do que
foi sugerido na unidade didática.
- Texto “Andrômeda e o monstro”, publicado no livro “Contos e lendas da mitologia grega” de Claude Pouzadoux. - Personagens da mitologia grega e romana. Disponível em http://www.suaaltezaogato.com.br/arq/Gavetao/Mitologia_Grega.pdf
Professor(a): A leitura de textos mitológicos é de extrema importância para todos os seres humanos, independente do lugar onde vivem, suas variações e particularidades. É por meio destes textos que conhecemos nossas ancestralidades e acabamos conhecendo um pouco mais sobre nós mesmos. Assim, é fundamental que o(a) aluno(a) seja informado sobre isso, de forma a reconhecer que os mitos falam dos desejos, dos medos, das realizações e desventuras de uma determinada coletividade. Pode-se dizer que os mitos são o inconsciente coletivo de um povo.
Professor(a): Nesta etapa do módulo, os alunos irão postar textos e também interagir com a professora e os colegas sobre o caráter (personalidade) de personagens mitológicos citados nos textos trabalhados.
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- Livro “Filho de Netuno – os heróis do Olimpo” de Rick Riordan. Sinopse: A vida de Percy Jackson é assim mesmo: uma grande bagunça de deuses e
monstros que, na maioria das vezes, acaba em problemas. Filho de Poseidon, o deus do mar, um belo dia Percy desperta sem memória e acaba em um acampamento de heróis que não reconhece. Agarrado à lembrança de uma garota, só tem uma certeza: os dias de jornadas e batalhas não terminaram. Percy e seus novos colegas semideuses vão enfrentar os misteriosos desígnios da Profecia dos Sete. Se falharem, as consequências, é claro, serão desastrosas. Com início no “outro” acampamento meio-sangue e se estendendo para além das terras dos deuses, esta sequência da série "Os heróis do Olimpo" apresenta novos semideuses e criaturas incríveis, além de trazer de volta alguns monstros bastante conhecidos.
- PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS
Sinopse: O arteiro Percy Jackson está encrencado na escola, mas esse nem de longe é
seu maior desafio. Estamos no século 21, mas os deuses do Olimpo saem das páginas dos
livros de mitologia grega de Percy e entram em sua vida. Ele descobre que seu pai verdadeiro
é Poseidon, deus dos mares, o que significa que Percy é um semideus – metade humano,
metade deus. Ao mesmo tempo, Zeus, rei de todos os deuses, acusa Percy de roubar seu raio,
a primeira e verdadeira arma de destruição em massa. Agora, Percy tem de se preparar para a
maior aventura de sua vida, e os riscos não poderiam ser maiores. Com nuvens de tempestade
sinistras encobrindo o planeta e com sua vida ameaçada, Percy viaja até um enclave especial,
um campo de treinamento para mestiços, onde aperfeiçoa seus recém-descobertos poderes
para evitar uma guerra devastadora entre os deuses. É lá que ele conhece dois outros
semideuses: a guerreira Annabeth, que procura sua mãe, a deusa Atena; e seu amigo de
infância e protetor, Grover, um corajoso sátiro cujas habilidades ainda não foram testadas.
Grover e Annabeth unem-se a Percy numa incrível odisseia transcontinental, que os leva para
600 andares acima da cidade de Nova York (o portal para o Monte Olimpo) e para o famoso
letreiro de Hollywood, sob o qual arde o fogo do Mundo dos Mortos. O destino da
humanidade depende do resultado dessa jornada, bem como a vida da mãe de Percy, Sally,
que ele terá de resgatar das profundezas do inferno.
OBS: Os textos e o filme devem ser sugeridos, mas sem obrigatoriedade, cabendo a cada
aluno realizar a leitura ou assistir o filme, conforme seu interesse e possibilidade.
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4.4 MÓDULO IV
Neste último módulo de nossa unidade
didática, pretende-se explorar a belíssima história de
amor de Orfeu e Eurídice. Orfeu amava
perdidamente a ninfa Eurídice. No dia do casamento
de ambos, esteve presente Himeneu, para abençoar a
união, mas o fumo de sua tocha fez lacrimejar os
noivos, o que não trouxe augúrios favoráveis. Pouco
tempo depois, Eurídice passeava com as ninfas
quando foi surpreendida pelo pastor Aristeu, que ao
vê-la, apaixonou-se e tentou conquistá-la. Na sua
fuga, Eurídice pisou numa cobra, foi picada por ela e
morreu.
Disponível em:
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br
ATIVIDADES ANTES DA LEITURA:
- Investigar se os alunos realizaram as leituras dos textos sugeridos no final do
módulo III ou outros textos escolhidos livremente pelos mesmos.
- verificar o conhecimento prévio que os alunos têm sobre Orfeu e Eurídice;
- Investigar o que os alunos imaginam que vai tratar o texto;
- Como se trata de uma história de amor, questionar os alunos sobre as seguintes
questões: você acha que uma pessoa pode perder o gosto pela vida em virtude de um amor
não correspondido?;
- Que tipo de comportamento pode destruir um verdadeiro amor?
- Que histórias de amor você já leu e gostou?
- Você faria ou já fez alguma loucura pela pessoa amada?
Professor(a): Como o objetivo principal desta unidade didática é o incentivo à leitura, verificar com os alunos se os estudos realizados no decorrer da aplicação desta unidade didática os motivaram a ler com mais freqüência, observando se os mesmos estão buscando novas leituras por livre iniciativa.
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TEXTO:
A. S. Franchini e Carmen Seganfredo
Orfeu adorava a esposa Eurídice, uma ninfa da floresta. Recém-casado, a maior
felicidade do filho de Apolo era tocar sua lira para a mulher. Sendo filho do deus da música,
não era de estranhar, realmente, que tivesse a mesma perícia do pai. Por onde quer que
Orfeu andasse, tocando o seu instrumento, tudo como que se paralisava, todos atentos,
exclusivamente, ao som que saía de seus talentosos dedos.
— Toque outra canção para mim — pedia Eurídice todas as noites, antes de
adormecer.
Era tanta a paixão que a jovem nutria pela música do marido que às vezes o próprio
Orfeu eixava de lado a Ura, enciumado da própria música.
Um dia, Eurídice estava passeando com suas amigas ninfas quando, separando-se
delas, entrou por uma vereda do bosque, onde gostava de caminhar. Sentado, com as costas
apoiadas a um tronco, estava o pastor Aristeu, entregue aos seus pensamentos. Percebendo
que alguém se aproximava, ergueu a cabeça.
— É ela, Eurídice! — disse Aristeu, que era apaixonado pela ninfa. Levantando-se
com rapidez, foi na direção da moça, tentando parecer que era um encontro casual. Eurídice,
no entanto, ecuou alguns passos ao vê-lo, pois sabia dos sentimentos que o pastor nutria por
ela.
— Espere, volte aqui! — gritou Aristeu. — Não precisa se assustar.
Mas Eurídice não queria conversa. Por isso mesmo apertou mais o passo. Aristeu,
revoltado, lançou-se em seu encalço.
— Não adianta fugir de mim, Eurídice, pois a amo e ninguém me impedirá de tê-la um
dia só para mim!
— Ninguém, a não ser a minha vontade! — respondeu Eurídice.
Orfeu é o símbolo magistral da delicadeza, da habilidade em encantar as pessoas, envolver a
natureza, de satisfazer os deuses. Graças aos acordes graciosos com que toca a lira, o poeta da
harmonia rompe a indiferença e doma o impulso das feras.
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Aristeu não escutou estas palavras, pois o amor só escuta o que lhe convém.
Aproveitando que a mulher parará para lhe dizer estas palavras, agarrou os ombros dela e
tentou beijá-la à força.
— Adoro você, Eurídice, e você ainda há de ser minha, de qua
lquer jeito! -exclamou o pastor com a voz alterada e o rosto congesto.
A ninfa, percebendo que corria perigo, arremessou-se numa corrida para dentro da
mata. Enquanto fugia, sentia atrás de si os passos ligeiros de seu perseguidor. De repente,
porém, Eurídice aproximou-se perigosamente de uma serpente, que, assustada, acabou
picando o seu tornozelo. A ninfa caiu ao solo, com um grito de dor. Aristeu logo a alcançou,
mas descobriu que nada mais podia fazer para salvar a sua amada. A jovem, aos poucos,
perdia a consciência, ingressando no mundo das sombras.
Quando Orfeu recebeu a terrível notícia, sua alma cobriu-se de luto; sua lira, que até
então somente tocara acordes alegres, agora silenciara; a partir daí, nas raras vezes em que
tocava, tudo o que se ouvia eram sons tristes como um lamento. Não conseguindo mais viver
sem sua adorada Eurídice, Orfeu tomou uma decisão extrema: foi até Júpiter, pedir que a
trouxesse de volta da mansão dos mortos.
— Não posso fazer nada sem a concordância de Plutão — disse o pai dos deuses,
convencido da dor do infeliz amante. — Tudo o que posso fazer é lhe ceder Mercúrio, que o
conduzirá até o reino de meu irmão.
— Ótimo! — disse Orfeu. — Irei amanhã mesmo até o inferno para trazê-la de volta.
Abandonando tudo, Orfeu partiu na outra manhã, tendo apenas a companhia de
Mercúrio. Pela primeira vez desde a morte da esposa, o poeta mostrava-se um pouco
animado, chegando até a tirar alguns alegres acordes do seu instrumento. Porém, logo
retornou à sua música plangente, ao chegar à gruta que, segundo a tradição, dava acesso à
morada dos mortos.
— Aqui é a entrada dos infernos — disse Mercúrio, apontando a cratera com seu
caduceu.
Sem medo algum, Orfeu começou a descer as profundezas do terrível abismo. Quanto
mais descia, maior era a escuridão, tanto que foi obrigado a acender um facho. Depois de
muito andar, avistou ao longe o brilho de algo tremeluzindo ao chão. Era o Estige, um dos
rios infernais que levam ao reino de Plutão. Ali estava ancorada uma barca, tendo ao lado e
em pé Caronte, com sua longa barba branca e seu olhar de poucos amigos.
— O que quer aqui? — disse o velho, apalpando o visitante. — Você não tem a
aparência de um morto.
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— Quero rever minha esposa, que desceu recentemente a este lugar — disse Orfeu,
com decisão. — Aqui está Mercúrio, que traz a autorização do próprio Júpiter.
— E como pensa que vai passar para a outra margem? Com seu corpo pesado irá
levar a pique a minha barca — disse Caronte, ameaçando o intruso com seu pesado remo.
— Vamos, toque logo esta droga! — ordenou Orfeu, sem se impressionar com as
ameaças do velho senil. — Eu a manterei flutuando com os acordes de minha lira.
Intimidado com a vontade de Orfeu, Caronte desatou as amarras que prendiam a
barca à terra e, maravilha para seus cansados olhos, ela flutuou com mais leveza do que
nunca sobre as águas escuras do temível rio. Ao desembarcar. Orfeu acalmou com seus
acordes a ira de Cérbero — o monstruoso cão de três cabeças que guarda a entrada do
inferno -, de modo que ele veio rastejando docilmente e lambeu com suas três línguas os pés
do inesperado visitante. Depois Orfeu cruzou com vários condenados, que ao escutarem a
melodia que saía das mãos do músico cessaram por alguns momentos a sua faina. As
danaides deixaram cair ao chão os seus baldes de chumbo; Íxion deixou de girar a sua roda;
e Sísifo abandonou o seu rochedo, que rolou colina abaixo.
Avançando sempre, Orfeu chegou, enfim, diante do trono de Plutão e de sua esposa,
Prosérpina. Ambos pareciam interessadíssimos naquele vivo que chegava ao seu reino
daquela maneira surpreendente.
— O que deseja aqui, visitante? — disse Plutão, brandindo seu tridente, como a
demonstrar que, ainda que apreciasse a música, não aprovava aquela invasão de seus
domínios.
— Vim implorar a vocês, soberanos do mundo subterrâneo, que peçam às Parcas
para que reatem o fio partido da vida de minha esposa Eurídice, devolvendo-a à vida. Se não
puderem ou não quiserem fazê-lo, no entanto, que cortem também o fio de minha vida,
permitindo que eu aqui permaneça junto a ela.
Impressionado com a retórica e com a melodia de Orfeu, Plutão pediu a Mercúrio que
trouxesse a esposa do visitante. Impossível descrever a reação que se apoderou de Orfeu
quando viu novamente sua amada. Suas pernas tremiam: sua face convulsa era uma máscara
de todos os rostos que a emoção pode pintar: e sua voz, um grito como jamais se ouviu igual.
— Eurídice, você está viva! — disse o esposo à mulher morta.
Ela lançou-se aos braços de Orfeu e durante alguns minutos o inferno inteiro
silenciou, em respeito à dor dos dois amantes.
— Está bem, permito que você a leve de volta para a Terra — disse Plutão. com a
concordância de Prosérpina. — Porém, há uma condição.
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— Sim, diga qual é — disse o impaciente Orfeu.
— Você deverá fazer o restante do trajeto sempre à frente de sua esposa, jamais
voltando-se para trás para olhar para ela. Se o fizer, imediatamente a perderá para sempre
— disse o deus infernal, de maneira categórica.
— Está bem, assim o farei — disse Orfeu, seguindo adiante, levando atrás de si
Eurídice e Mercúrio.
Refizeram, assim, todo o trajeto da descida, só que em sentido contrário. Por várias
vezes Orfeu teve ímpetos de voltar-se para trás para ver se sua esposa ainda o acompanhava,
recebendo sempre sua admoestação:
— Não, Orfeu, não se vire!
O poeta já divisava nas alturas a cratera por onde ele e o deus mensageiro haviam
entrado.
— Veja, Eurídice, estamos quase chegando! — disse Orfeu, voltando-se
inadvertidamente para ela, a um passo da liberdade.
Nem bem seus olhos fixaram o rosto de sua amada, viu-a ser carregada de volta à
escuridão pelos braços de Mercúrio.
— Espere, não, volte! — clamou Orfeu, devorando com os olhos a última imagem de
Eurídice, que, com os olhos esgazeados, lhe estendia inutilmente as mãos.
Um grande terremoto sacudiu a caverna, fazendo com que um imenso rochedo
bloqueasse para sempre o seu regresso ao reino das sombras. Orfeu, no último limite do
desespero, arrancava os cabelos e dilacerava o rosto.
— Ai de mim! Por que fui olhar para trás no último minuto, faltando tão rouco! —
dizia, inconsolado.
Mas nada mais havia a fazer. Eurídice estava longe dele, para sempre.
Orfeu, tal como o desgraçado Édipo, parecia destinado a ser perseguido
incessantemente pelos deuses, até a sua morte. Deixando o lugar, percorreu várias feiras,
arrancando de sua lira acordes lúgubres e ao mesmo tempo de uma beleza triste. Instalando-
se numa floresta, na Trácia, Orfeu dedicou-se a tocar sua música, alheio a tudo o mais. As
mulheres de lá, no entanto, não cessavam de persegui-lo, em especial um grupo de bacantes
— sacerdotisas de Baco -, que tudo faziam para conquistar seu amor. Era em vão que
prometiam ao poeta raros prazeres e lhe diziam palavras das mais doces. Ele mostrava-se
sempre irredutível, até que um ia. tomadas por um furor maligno, as mulheres avançaram
para ele, lançando-lhe pedras e dardos, sem, no entanto, atingi-lo, pois sua música o
protegia.
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— Abafem o som da música! — disse uma das bacantes, enlouquecida de ódio.
Batendo seus tambores e estalando seus címbalos, elas finalmente conseguiram abafar a
música de Orfeu, tornando-o vulnerável aos seus ataques. Uma chuva de pedras e dardos
desceu, então, sobre o poeta, que tombou morto sob te implacável ataque. Não satisfeitas, as
bacantes ainda pegaram o corpo do músico e o fizeram em pedaços, lançando sua cabeça e
sua lira no rio que leva o — esmo nome do poeta. Enquanto elas avançavam juntas em
direção ao mar, iam passando pelas margens, encantando os pastores e as ninfas que as
habitavam. A alma de Orfeu, no entanto, estava liberta, e tão logo se viu livre de suas
perversas algozes, o poeta correu para os braços de sua Eurídice, que o aguardava no
mesmo lugar onde ele a deixara.
COM BASE NO TEXTO ESTUDADO, RESPONDA:
01) Quais os deuses citados no texto e as características de cada um?
02) Qual o assunto do texto?
03) Recém-casado, qual era a maior felicidade de Orfeu?
04) Do que Orfeu tinha ciúme?
05) Após a morte de Eurídice, qual a decisão tomada por Orfeu?
06) Ao atravessar para o outro lado das profundezas, Orfeu suplica a Plutão e à sua
esposa Prosérpina que o ajude? O que ele implora?
07) Qual a condição imposta por Plutão, com a concordância de Prosérpina, para
atender o pedido de Orfeu?
08) No desfecho da história, Orfeu conseguiu ser feliz? Por quê?
01) Qual o significado da expressão “ao som que saía de seus talentosos dedos” no primeiro parágrafo?
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02) O que significa a expressão “o amor só escuta o que lhe convém” citada no décimo primeiro parágrafo?
03) Pesquise no dicionário o significado das palavras:
a) congesto;
b) plangente;
c) faina;
d) tridente;
e) retórica;
04) No décimo terceiro parágrafo, temos: “ingressando no mundo das sombras”. Qual o significado de “mundo das sombras” neste contexto?
01) Quem foi Édipo e por que o texto traz que “Orfeu, tal como o desgraçado Édipo,
parecia destinado a ser perseguido incessantemente pelos deuses, até sua morte”?
02) Pesquisar sobre, pelo menos três grandes histórias de amor da literatura mundial.
...
01) Abaixo do texto postado, coloque alguns exemplos de grandes histórias de amor que
marcaram o universo literário, peça aos alunos que acessem o blog da escola
(disciplina de Língua Portuguesa e Literatura) e leia o texto postado pela professora e
Professor(a): Antes de orientar os(as) alunos(as) a interagirem no blog, faça a postagem, no ambiente, de um resumo de “Romeu e Julieta”.
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em seguida, interaja com a professora e com os colegas a respeito do assunto do texto
e sobre as características dos deuses ali citados;
02) Utilize o blog para compartilhar com os colegas a respeito de textos, livros ou filmes
com inesquecíveis histórias de amor.
- Texto “Os infortúnios de Édipo”, publicada no livro “Contos e lendas da mitologia grega”
de Claude Pouzadoux, disponível na biblioteca da escola ou no endereço eletrônico
http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=11157
- Livro “Orfeu, o encantador” de Guy Jimenes.
Sinopse: Orfeu é um dos heróis gregos mais conhecidos entre nós, talvez pela
consagrada versão de Vinicius de Moraes, que transplantou o mito ao Carnaval e aos morros
cariocas da década de 1950. Nesta nova adaptação, para o público juvenil, conhecemos a
história do inventor da poesia, que, ainda menino, é presenteado pelos deuses com uma lira,
instrumento do qual tira os mais melodiosos sons, que o tornam célebre em todo o mundo
antigo. No dia do noivado, porém, Eurídice é picada por uma serpente e morre. Desesperado,
Orfeu desce aos Infernos - reino do temido deus Hades, de onde ninguém nunca retorna - para
trazer Eurídice de volta à vida. Com sua arte, Orfeu consegue comover até mesmo Hades,
que permite ao jovem levar sua amada de volta, com a condição de que no caminho ele não
olhe para ela. O final da história, como muitos sabem, é dos mais trágicos. Como nos outros
volumes da coleção - Medeia, a Feiticeira e Antígona, a Rebelde -, este traz um mapa da
Grécia antiga, uma árvore genealógica das personagens, um glossário e um apêndice sobre a
origem do mito e as várias interpretações que recebeu, além de apresentar as obras de arte
inspiradas por ele, inclusive algumas realizadas no Brasil.
Professor(a): Como já citado anteriormente, quanto maior é o gosto pela leitura, maior é a compreensão e interpretação de outros textos que venham a ler. Sendo assim, é fundamental sugerir outros textos para que os alunos leiam.
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- FILME “ORFEU”
Sinopse: O enredo é inspirado na mitologia grega, na história de Orfeu e Eurídice. A
adaptação ambientou a obra no Brasil, em uma favela do Rio de Janeiro, na época
do Carnaval e é uma história romântica sobre o amor impossível de Orfeu, um compositor
de escola de samba, e Eurídice. O amor entre eles é impedido por Lucinho, chefe do tráfico
local.
- FILME “TRÓIA”
Sinopse: Na Grécia antiga, a paixão de um dos casais mais lendários da História,
Páris, príncipe de Tróia, e Helena, rainha de Esparta, desencadeia uma guerra que irá devastar
uma civilização. Páris rouba Helena de seu marido, o rei Menelau, e este é um insulto que não
pode ser tolerado. Na verdade, a busca de Agamenon por honra é suplantada por sua
ganância – ele precisa controlar Tróia para garantir a supremacia de seu vasto império. A
cidade cercada de muralhas, comandada pelo rei Príamo e defendida pelo poderoso príncipe
Heitor, é uma fortaleza que nenhum exército jamais conseguiu invadir. A chave da derrota ou
da vitória sobre Tróia é um único homem: Aquiles, tido como o maior guerreiro vivo.
Arrogante, rebelde e aparentemente invencível, Aquiles não tem lealdade a nada nem a
ninguém, a não ser à sua própria glória. É sua sede insaciável pelo eterno reconhecimento que
o leva a atacar os portões de Tróia sob a bandeira de Agamenon – mas será o amor que
acabará por decidir seu destino. Dois mundos entrarão em guerra por honra e poder. Milhares
perecerão em busca de glória. E, por amor, uma nação será reduzida a cinzas.
OBS: Os textos e o filme devem ser sugeridos, mas sem obrigatoriedade, cabendo a cada
aluno realizar a leitura ou assistir o filme, conforme seu interesse e possibilidade.
Professor(a): Encerra-se aqui a aplicação da unidade didática. Assim, sugere-se que seja realizada uma mesa redonda, de forma que os alunos relatem o que aprenderam, se as leituras realizadas lhes motivou a realizar novas leituras, se os mesmos pretendem continuar sua prática de leitura e, por fim, verificar se o uso do blog atrai os alunos e incentiva novas leituras e a interação com os colegas, compartilhando os conhecimentos literários.
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REFERÊNCIAS BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega. Petrópolis: Vozes, 1986. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 2001. CARVALHO, Aécio Flávio de. Mitologia. Apostila adaptada de “O que é mito”. Maringá-PR., 2012. __________________________. A educação na Antiguidade Clássica – Grécia. In: Fundamentos Históricos da Educação. Ruth Izumi Setoguti (Org.). Maringá: EDUEM, 2005. ELÍADE, Mircea. Mito e real idade – debate e filosofia. São Paulo: Perspectiva, 1972. FRANCHINI, A. S & Seganfredo, Carmen. As 100 melhores histórias da mitologia: deuses, heróis, mostros e guerras da tradição greco-romana. 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2007. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se complementam. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 1988. LEFFA, Vilson J. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sangra & Luzzatto, 1996. MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. MAGNANI, Maria do Rosário Mortatti. Leitura, literatura e escola: sobre a formação do gosto. São Paulo: Martins Fontes, 2001. MARINHO, Simão Pedro P. Blog na educação & manual básico do blogger. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 2007. Disponível em http://www.scribd.com/doc/2214260/blog-na-educação <acesso em 06/06/2012>. PERISSÉ, Gabriel. Elogio da leitura. São Paulo: Manole, 2005. PIETRI, Emerson de. Práticas de leitura e elementos para a atuação docente. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. POUSADOUX, Claude. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo: Cia das letras, 2001. SOUZA, Maria Salete Daros de. A conquista do jovem leitor: uma proposta alternativa. 2. Ed. Florianópolis: UFSC, 1998. SOUZA, Edmilson L. Personagens da mitologia grega-romana e Escandinava. Disponível em http://www.suaaltezaogato.com.br/arq/Gavetao/Mitologia_Grega.pdf . Acesso em 13 de novembro de 2012.
ANEXO I
MANUAL COM ORIENTAÇÕES SOBRE COMO CRIAR E UTILIZAR UM BLOG
Para começar a criar o seu blog digite: www.blogger.com
Se a página não estiver em português, escolha idioma: português.
PASSO 1: Cadastre-se no Blogger Se você já tem uma conta do Google (conta do Gmail, Orkut, Picasa, etc) efetue login com a sua conta do Google na página inicial do Blogger.
Se você tem uma conta de e-mail, que não é pertencente ao Google, clique em criar BLOG na página inicial do Blogger.
Crie uma conta do GOOGLE preenchendo todas as lacunas. Lembre-se de ler os “Termos de Uso” e marcar a opção aceitar. Em seguida, clique em continuar.
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PASSO 2: Crie um nome para o Blog Escolha: Título do blog: será exibido no blog publicado, no painel e no perfil. Endereço do blog: endereço da página da internet (url) que será usado pelos visitantes para acessar o blog. Lembre-se sempre de verificar disponibilidade do endereço escolhido. Após preencher todas as lacunas, clique em continuar.
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* Caso queira hospedar o seu blog em outro lugar, clique em Configurações Avançadas do blog. Após a escolha, clique em continuar.
PASSO 3: Escolha a aparência do Blog Na próxima página, escolha a aparência do seu blog dentre os modelos disponíveis. O modelo escolhido poderá ser alterado mais adiante.
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PRONTO! A SUA CONTA NO BLOGGER JÁ FOI CRIADA.
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Nesta parte do tutorial Blog passo a passo você irá aprender a postar textos, imagens, vídeos e a editar todas as postagens de seu blog.
Postando textos Depois de fazer login no Blogger, você verá sua lista de blogs no Painel.
Em seguida, você verá a página Criar nova postagem.
Na parte inferior do formulário você verá uma área chamada "Marcadores para esta postagem". Insira os marcadores que desejar, separando-os por vírgulas. Você também pode clicar no link "Mostrar tudo" para exibir uma lista de marcadores usados anteriormente. Basta clicar nos marcadores para adicioná-los.
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Quando publicar a sua postagem, os marcadores estarão listados nela. Se clicar em qualquer marcador, você será levado a uma página que contém somente as postagens com tal marcador. Para visualizar sua postagem:
Se estiver satisfeito com a sua postagem, clique no botão "Publicar Postagem". A sua nova postagem será publicada:
* Porém, caso queira salvar a postagem e publicá-la mais tarde clique no botão “Salvar Agora”. Para editar o texto use a barra superior à caixa de texto.
1. Alterar estilo da letra
2. Alterar tamanho da letra
3. Ativar ou desativar padrão negrito 4. Ativar ou desativar padrão itálico 5. Alterar a cor da letra
6. Transformar palavra em hiperlink 7. Alinhar texto à esquerda
8. Alinhar texto ao centro
9. Alinhar texto à direita
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10. Justificar texto
11. Inserir numeração
12. Inserir marcadores 13. Inserir bloco de texto
14. Verificar ortografia
15. Inserir imagem
16. Inserir vídeo 17. Remover formatação
Postando imagens
O ícone da imagem localizado na barra de ferramentas do editor permite que qualquer usuário faça o upload de imagens:
Quando você clicar neste ícone, aparecerá uma janela na qual você pode:
Além disso, pode-se escolher um layout, personalizando a maneira como as imagens serão exibidas na sua postagem:
Para finalizar clique em "Fazer Upload da imagem"
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Postando vídeos
Vídeos são uma ótima maneira de incrementar o seu blog. Na verdade, a fórmula tem se provado tão popular que blogs unicamente de vídeos - ou "vlogs" - estão surgindo em toda a internet. Se você quiser fazer parte da brincadeira, postar um vídeo usando o Blogger é simples. Você pode colocar vídeos que estejam hospedados em algum site da web ou postar vídeos que estejam salvos no seu computador.
• Incorporar vídeos de sites da internet: Copie o vídeo:
YouTube: copiar o código da caixa “Embed” (inglês) ou “Incorporar” (português)
Vimeo: copiar o código de "embed"
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• Para postar vídeos que estejam em seu computador Utilize o ícone da imagem (“Upload de vídeos”) localizado na barra de ferramentas do editor:
Quando você clicar neste ícone, aparecerá uma janela na qual você pode selecionar um ou mais vídeos no computador.
Basta clicar no botão "Procurar” para localizar os vídeos desejados e “Fazer upload de Vídeo”
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Editando suas postagens
Na página "Painel", clique no botão “Editar postagens” do Blog que deseja editar as postagens:
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Você verá a lista de suas postagens. Podendo editá-las, visualizá-las ou até excluí-las.
Caso tenha salvado alguma postagem sem publicá-la, também é possível editá-la e/ou publicá-la a qualquer momento.
Para isso, selecione a postagem que pretende publicar e, no menu “Ações de marcador...”, selecione a opção “Publicar”:
Fonte: Adaptado de Igov Explica. Disponível em http://igovexplica.wiki.zoho.com/Editando-postagens.html Acesso em 19 de novembro de 2012.