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FICHA TÉCNICA
facebook.com/manuscritoeditorainstagram.com/manuscrito_editora
© 2020Todos os direitos relativos à chancela Manuscrito
encontram-se reservados para a Editorial Presença, S.A.Estrada das Palmeiras, 59
Queluz de Baixo2730-132 Barcarena
Título original: Coaching Emocional para PaisAutora: Cristina Valente
Copyright © Cristina Valente, 2020Copyright © Editorial Presença, 2020
Revisão: Ana Catarina Ramos/Editorial PresençaCapa: Vera Espinha/Editorial Presença
Composição, impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda.
ISBN: 978-989-8975-40-9Depósito legal n.o 467 155/20
1.a edição, Lisboa, março, 2020
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................... 9
1. Os valores para que se tornem bons adultos ............. 13
1.1. Como interiorizar valores da família do século xxi ........ 13
1.2. Como criar uma lista de valores da sua família .............. 21
1.3. Como transmitir valores? ................................................ 31
1.4. Usar as emoções para ensinar valores e desenvolver
competências .................................................................... 39
2. Lentes de várias cores para ver a realidade
(autoestima, empatia, compaixão, gratidão,
obediência e otimismo) .................................................... 57
2.1. Autoestima ........................................................................ 58
2.2. Empatia ............................................................................ 72
2.3. Compaixão ........................................................................ 74
2.4. Gratidão ............................................................................ 75
2.5. Obediência ........................................................................ 82
2.6. Otimismo .......................................................................... 88
3. Ospilaresemocionaisdosnossosfilhos ..................... 91
3.1. O que são as emoções? Para que servem? ...................... 92
3.2. Reconhecer as expressões emocionais ............................ 112
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3.3.EnsinarInteligênciaEmocionalaosfilhos ...................... 116
3.4. Educar com a mente ou com o coração?
Consciente versus Inconsciente ....................................... 122
3.5. Como e porque é que nascem os comportamentos? ...... 128
3.6. Programação mental ........................................................ 136
3.7. Reprogramação das feridas emocionais profundas ........ 141
3.8. As memórias ..................................................................... 145
3.9. Programar «crenças positivas» ....................................... 147
4. O importante é ensiná ‑los a pensar
e torná ‑los seres curiosos ................................................ 155
4.1.Filosofiaparacriançaseadolescentes ............................. 155
4.2. Alimentar a curiosidade, o «aprender informal» ........... 165
4.3. Treino emocional nas escolas JÁ! ................................... 181
5. Educar com o coração é voltar à essência .................. 210
5.1. «Quem sou eu?» ............................................................... 211
5.2. Relação entre simplicidade e saúde emocional .............. 214
5.3. Back to basics ................................................................... 225
5.4.Porquedevemossimplificar? ........................................... 227
5.5.Umacasacommaisemoção:simplificar ........................ 232
5.6.Simplificaroritmo ........................................................... 238
6. Prepareoseufilhoparaavida,paraosbons
emausmomentos,falhançosevitórias ...................... 242
6.1. Ajudar a criança a gerir a ansiedade e a raiva ................ 242
6.2. Ajudar a criança a gerir o silêncio ................................... 255
6.3.Quandoasemoçõesdofilhoincomodam ....................... 267
6.4. Poupar energia emocional ............................................... 275
6.5. Mês do pai emocionalmente inteligente:
30 dicas para se lembrar! ................................................ 288
Agradecimentos ............................................................................. 291
Bibliografia ..................................................................................... 292
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INTRODUÇÃO
Quase diariamente, recebo o contacto de pais desconhecidos que me vêm pedir auxílio. Chegam desesperados, exaustos, confusos e sem esperança. Durante a primeira meia hora, deixo os falar sobre o que os preocupa. Oiço apenas.
Muitos trazem já o «diagnóstico» feito e partilham as estratégias que usaram, as conclusões que tiraram... um relatório detalhado das falhas da criança ou do adolescente.
Mas existem também aqueles pais que, depois de algumas sessõesquetenhocomosseusfilhos,tentamavaliaroinvestimento (de tempo e dinheiro) que foi feito até ao momento e querem saber de tudo o que é falado e partilhado nas sessões quetenhoasóscomosfilhos.
Certo dia, recebi de uns pais um pedido bizarro: que eu lhes fornecesse em PowerPoint o material do meu trabalho com asuafilhamaisvelha.Quandopergunteiparaquequeriamosuposto material, responderam, por escrito, que o objetivo era fazerem o debriefing em família do que eu tinha ensinado à filha.Nessemomento, senti‑me horrorizada.Na verdade,sempre que oiço os pais neste registo, sinto me como se estivesse numa reunião de balanço trimestral do departamento de recursos humanos de uma empresa.
Oiço falar dos filhos como se fossem colaboradores, funcionários, ativos humanos... que não estão a atingir os
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resultadospretendidos,paraosquaissãopagos.Enfim,umtrabalhador que não está a cumprir as expectativas que a entidade patronal teve no momento da contratação. Um erro de casting!
Certo dia, ao ouvir um outro pai ao telefone — neste caso, um amigo de longa data que se queixava e me suplicava ajuda —, tive de responder (depois de tê lo ouvido durante uns bons vinte minutos...): «João, parecia que estavas a falar de um empregado teu!» (Este meu amigo João é presidente de uma empresa.)
Todos estes pedidos, desabafos, queixas, reclamações e exigências — que só podem vir de pais em profundo desespero—fizeram‑me perceber a importância de dar aos paisatuais uma nova visão do que é a parentalidade e o exercício do verdadeiro amor.
Apesar de todos os livros que podemos ler sobre como atuarcomosnossosfilhos,sobreosplanosdeaçãoquedevemos traçar para o seu futuro, sobre como olhar para o passado e aprender com os erros... creio que está a faltar o essencial, justamente a «essência»: apenas «ser», apenas «desfrutar», apenas viver o «aqui e agora».
Mas — respondem me logo de seguida, já com a respiração alteradaeuma irritaçãonavozdisfarçada—,ondeficamasregras, o compromisso com a escola, o respeito, blá blá blá? Eeurespondo:«Tudoissoficanofinal.Comoconsequência.»O processo de inspiração, influência, educação,modelagem— como se diz em Programação Neurolinguística (PNL) — funciona como um modelo «pré pago» — primeiro pagamos e só depois recebemos.
Quem tentou vender nos a ideia de que, na educação, não precisamos de estar conectados com o outro contou nos uma grande mentira. Apenas alguns de nós não acreditaram nessa mentira!
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A verdade é apenas uma e é uma lei universal do comportamento humano: o amor é a maior ferramenta de qualquer líder. É desse amor que este livro fala: um amor que é uma forma de agir, de pensar e de sentir. Que é um estado de espírito e não um sentimento. Que vem de dentro e não de fora. Que expande sempre que é colocado em ação.
O presente livro começa, no primeiro capítulo, por ajudarospaisaenfrentareaultrapassaramaiordificuldadedaparentalidade atual: a transmissão de valores funda mentais. Dantes, ocorriam, entre uma geração e outra, pequenas mudanças sociais, culturais e nos valores morais. Hoje, não é assim. Existemuita incerteza e indefinição. Portanto, terá acesso aumaparte prática com exercícios eficazes, que irão ajudá‑loaclarificareatransmitirosvaloresfamiliaresfundamentais.
Esses valores constituirão, na criança e no adolescente, uma matriz que deve ser alimentada por um conjunto de determinadas ferramentas internas, de entre as quais fazem parte a compaixão e a gratidão, entre outras que o leitor terá oportunidade de encontrar ao longo do segundo capítulo.
E dado que o inconsciente ou o mundo emocional do ser humano compreende cerca de noventa e cinco por cento da sua vida (determinando, assim, quem na verdade ele é), desvendo, ao longo do terceiro capítulo, a forma como nasce todo e qualquer comportamento humano, e como, conforme está explicado detalhadamente, cada um está ligado de forma profunda e direta às tais ferramentas internas e aos tais valoresquesãopraticadosetransmitidosaosfilhosnoquotidiano.
Essa vida inconsciente ou emocional tem um estatuto pobre — sobretudo no caso da criança ou do adolescente — e deriva, em parte, do elevado estatuto dado à componente cogni tiva, que associa a inteligência principalmente ao raciocínio verbal e matemático. No quarto capítulo, contudo, tanto pais como professores poderão entender como as escolas terão
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a capacidade de revolucionar a aprendizagem e fazer com que os alunos resgatem a alegria de aprender!
No capítulo seguinte, o quinto, entenderá melhor a relação direta que existe entre uma vida mais simples — em todas as suas dimensões — e o equilíbrio emocional. E receberá um convite irrecusável para começar a educar o seu filhomaiscom o coração do que com a cabeça!
Finalmente, no sexto e último capítulo, qualquer pai, mãe ou professor aprenderá a inspirar os mais novos, paraquesetornemforteseresilientesperanteosdesafiosdavida — sejam eles quais forem!
Desejo lhe uma bela viagem neste mundo de educar com o coração.
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1.
Os valores para que se tornem bons adultos
VALORES QUE PODERÁ TRANSMITIR
AO SEU FILHO AO LER ESTE CAPÍTULO:
• Respeito• Empatia• Gratidão• Otimismo• Responsabilidade• Honestidade• Integridade• Autoestima• Autoconfiança• Obediência
1.1. Como interiorizar valores da família do século xxi
Oquesãoosvalores,afinal?Osvaloresdeumafamíliasãoas crenças que os adultos consideram importantes para si eparaosseusfilhos.Hojeemdia,ouvimosfalarmuitosobreaimportânciadeos
paisincutirembonsvaloresaosseusfilhos,mas,naverdade,
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aqueles nem sempre aceitam essa responsabilidade e, quando assim acontece, os mais novos acabam por preencher esse vazio com outros valores que podem não corresponder aos da família, por serem bem diferentes.
Infelizmente, a nossa sociedade atual está cheia desses contravalores, os quais têm trazido muita preocupação, angústiaesofrimentotantoapaiscomoafilhos!
Uma das principais funções da educação parental é justamente fazer com que crianças e adolescentes pratiquem esses valores,eaformamaispoderosadecomunicá‑losaosfilhosé praticando os. Para praticar um valor no dia a dia, é necessário que o adulto o integre verdadeiramente na sua vida; não bastaapenasaceitá‑loouimpô‑loverbalmenteaofilho.Qualquermaucomportamentoinfantilquereflitaooposto
dovalorquedesejaqueoseufilhointegrepodeserumapistaimportantíssima sobre aquilo que a criança precisa de aprender nesse momento — seja responsabilidade, criati vidade, empatia, solidariedade, respeito... o que for! Sendo uma situaçãodesafiante,éumaoportunidadevaliosaquenãodeveserdesperdiçada.Osdesafiosservemjustamenteparaeducare orientar e não para exibir raiva nem castigar.
Mas, por vezes, não é tão fácil quanto parece ser, simplesmenteporqueospaisnãofizeramaindaotrabalhodereflexãosobre os verdadeiros valores que praticam e defendem... Sim, é necessário haver um trabalho, um esforço consciente, para definirosistemageraldevaloresdeumafamíliadoséculoxxi.
Sim, mas... e que trabalho é esse? O que implica da parte dos adultos? Quais as vantagens imediatas e a longo prazo de se trabalhar determinados valores na família?
Os valores são subjetivosMuitas vezes, os valores não são escolhidos de forma cons
ciente. Baseiam se em crenças profundas que as pessoas recebem
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dos seus pais («programas mentais»)! Como explicarei em mais detalhe no capítulo 3, essas crenças iniciais são geralmente comunicadas às crianças de uma forma não verbal e através deumainfinidadedeinteraçõesqueospaistêmcomosfilhosdurantea infância.Ascriançasusualmenteassumemosvalores de quem possui poder pessoal sobre elas, até que tenham idadesuficienteparacomeçaremapensarporsimesmas!
Os valores são completamente subjetivos e são opiniões pessoais; não são factos! As pessoas pensam erradamente que os seus valores são crenças universalmente aceites, que são factuais e objetivos. Nada disso! Preste atenção, pois um preconceito é formado quando a opinião (que é determinada por um valor parental e apenas uma interpretação de um facto) é aceite como facto. Este preconceito é então comunicado à criança como uma verdade absoluta!Por exemplo: um pai pode valorizarmais um filho que
seja calmo e que goste de estudar do que outro que seja mais irrequieto! Este segundo pode ser visto, do ponto de vista do sistema de valores do pai, como uma criança com problemas de aprendizagem. É natural que essa segunda criança possa crescer a acreditar que tem algum problema.
Embora o pai do exemplo acima a considere como problemática, outro pai — consoante as suas próprias crenças e programas mentais herdados — pode valorizar mais essa criança por ser mais ativa e extrovertida! Ou seja, «gostar de estudar» e «ser calmo» podem ser traços tanto positivos como menos positivos, assim como «ser irrequieto». Como veremosmaisdetalhadamentenocapítulo3,osignificadoquedamos a estas expressões pode determinar se a criança usa as características de uma forma adequada ou menos adequada.Significados,valores,crenças,opiniõespessoaisepreferên
cias não são factos. E justamente por não o serem, são tantas vezesfontedetantosconflitos.
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OsvalorespodemcausarconflitosOspais queremque os seus filhos vivamde acordo com
os valores da família. Até aqui, tudo certíssimo! Os valores são algo muito pessoal e, muitas vezes, são mantidos com grande convicção, como, por exemplo, a crença de «como ser um bom pai». Geralmente, as pessoas estão tão comprometidas com os seus valores e integram nos de tal forma na sua identidade pessoal que se sentem profundamente atacadas quando alguém discorda deles ou lhes tenta impingir outros. É aqui que pode surgir desconforto ou conflito caso, por exemplo,alguémlhedigacomoéquedeveeducaroseufilhoou quando um casal discorda sobre a forma como entende a expressão «como ser um bom pai»!
Na verdade, tanto a mãe como o pai costumam ser muito sensíveis a comentários e sugestões do outro sobre parentalidade. Aprender mais sobre si mesmo (descobrir de onde surgiu essa sua ideia de como é «ser se um bom pai», ou até que ponto essa crença está a dar os resultados que pretende e quão fácil ou difícil é alterar os seus padrões de comportamento para obter os resultados que ambiciona) e sobre parentalidade feita com o coração vai certamente ajudar.
Os valores alteram ‑se com o tempoOs valores mudam com o tempo, com a idade e com a
experiência. Alguns valores tornam se menos importantes àmedida que o filho vai crescendo, aomesmo tempo queoutrosaumentamdeimportância.
Por exemplo, quando as crianças são pequenas, alguns pais podem querer que elas sejam menos ativas e mais obedientes. À medida que as crianças crescem, esses mesmos pais podem realmente apreciar a energia, a curiosidade e a iniciativa dos filhos. O caso da adolescência é um casoparadigmático. Se, por um lado, esta fase é um treino para
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a autonomia e independência, de que forma — como e em que circunstâncias—ospaispodemgeriressanecessidadenatural de o adolescente, eventualmente, abraçar novos valores, sem deixarem, ao mesmo tempo, de o guiar, orientar para que continue a respeitar também os valores da família? Por exemplo, como lida com a forma excêntrica como o seufilho seveste?Comogereas suasmudançasdehumorrepentinas? Como lida com o seu silêncio aparentemente inexplicável? A resposta deveria ser: «Com muita paciência!» Na verdade, à medida que o adolescente vai crescendo e se vai transformando num jovem adulto, pode até acabar por romper com os valores de adolescente e ir de novo ao encontro dos valores dos seus pais e da família (algo que é mais provável de acontecer se os adultos tiverem sabido lidar com a adolescência de uma forma amorosa, inteligente e saudável).
Portanto, o facto de os valores se alterarem com o tempo não tem de ser negativo nem assustador.
Os valores tornam tudo mais claro!Os pais terão melhores resultados na introdução e trans
missão de valores se souberem o que devem valorizar de facto. Os pais conscientes sabem perfeitamente os valores quedesejamtransmitiraosfilhosequantomaisaprenderemsobre a forma certa de os transmitir, como, por exemplo, colocar em prática o que aprendem neste livro, maior será a probabilidadede os seusfilhos aprendereme incorporaremesses valores. Por exemplo, se não é claro para si o valor da gratidão, pode não ter a sua atenção focada nas oportunidades queoseufilhopossaterparaaprenderaexpressargratidão.A gratidão é justamente um dos valores que irei desenvolver no capítulo 2 e, tal como a empatia e a compaixão, treinase no dia a dia.
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Embora os valores sejam subjetivos, há alguns que são universalmente aceites — gratidão, empatia, compaixão — emaisfáceisdedefinirdoque«serumbompai».
Os valores fornecem orientaçãoTerobjetivosclarossobreoquesonhaparaumfilhoajuda
qualquerpaiadecidir,acadamomentoeperantecadadesafio,a forma de se relacionar melhor com ele. Isso fálo centrarse na escolha que terá de fazer a cada momento, no meio de tantas outras possibilidades. Além do mais, isso determina também quais são as mensagens que deseja transmitir e os comportamentos e as atitudes que pretende reforçar: esforço, bondade, generosidade, assertividade, independência.Orientaçãosignifica,porumlado,escolherassuasbatalhas
e, por outro, decidir quais são as que deve colocar de lado; decidir o que vale ou não a pena, para onde vai o seu foco e o que deve esquecer!
O que fará mais sentido deste ponto de vista? Decidir ensinaroseufilhoaagradecertertidoumanotanegativanoteste, pois esse facto ajudou o a perceber que merece melhor e, por isso, terá de estudar um pouco mais... ou aproveitar esse mesmo facto e assustá lo sobre uma possível (e pouco provável) retenção de ano escolar?!
Osvalorespodementrar emconflitouns comosoutros
Conhecer bem os seus valores ajuda um pai a esclarecer quandoumvalor entra emconflito comoutro e adeterminarquais são as verdadeiras prioridades para que haja congruência. A congruência, como em tudo na vida e ainda mais na educação parental,geraconfiança.Eondeexisteconfiança,existeliderança!Os valores podem entrar em conflito uns com os outros
quando um pai não possui clareza sobre qual dos dois é mais
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importante, ou quando se valorizam, simultaneamente, duas coisasqueparecemincompatíveis.Eumconflitoentrevalorespodeconfundiroseufilhoecausarstress familiar.Eisalgunsexemplosdevaloresconflituantesmuitocomuns
equemerecemumareflexãoprofundadospais:
• curiosidadeversus autocontrolo;• limpezaversus criatividade;• estudosversus vida social;• agendasocialversus tempo em família;• autonomiaversus organização;• honestidadeversus ser aceite;• obediênciaversus independência.
Como decidir? Deve valorizar mais um ou o outro?No exemplo «limpeza versus criatividade», imagine que
uma criança decide virar a cozinha de pernas para o ar ou pintar a parede do seu quarto. Quando o adulto sabe o que valoriza, isso é um guia que determina quando e como intervir.
Sobre o exemplo «autonomia versus organização», se quer que a criança seja autónoma mas deseja também uma casa sempre arrumada e limpa, vai acabar por haver conflito. Como atuar então quando a criança parte uma caneca de leite antes de saírem de casa de manhã, quando estava a colocar a mesa do pequeno almoço para o pai? (Esta aconteceu comigo!)E sobre os possíveis valores conflituantes «honestidade
versus ser aceite»? O que deve fazer um pai que espera que o seufilho sejahonesto,masque, aomesmo tempo, desejaque ele seja uma criança popular na escola? Que conselhos lhe daria se ele visse um amiguinho a ser desonesto na aula? Incentivava o a queixar se à professora ou a tornar se seu cúmplice?
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E sobre «obediência versus independência»? O que mais valorizanoseufilho?Comofazersobretudonaidadedaadolescência?
Em qualquer dos casos, o melhor será explicar à criança ou ao adolescente em que situações se deve respeitar um dos valores e em quais se deve respeitar o outro. Tenha cuidado, pois os mais novos são literais e adoram testar a segurança e a congruência dos adultos. Por isso mesmo é que é tão importante ter os valores muito claros na sua mente!
E se os pais discordarem sobre valores?Como referi acima, não é apenas sobre o valor «ser um bom
pai» que os casais costumam discordar. Pai e mãe ou mesmo família e escola podem discordar sobre muitos outros valores. Aliás, trata se de uma situação bastante comum. Por exemplo, umdospaispodeprivilegiaracriatividadedofilho,enquantoo outro pode exigir que ele seja limpo e arrumado.
Para que terminem os conflitos sobre valores, sugiro que realizem os exercícios que apresento mais adiante neste capítulo e que irão certamente ajudá lo a criar um quadro de valores comum!
E se os pais discordam sobre como refletir um determinado valor?
Também é uma situação muito comum e que gera imenso conflito entre o casal. Por exemplo, ambos podem quererqueoseufilhotenhaumaelevadaautoestima,masumdelespode permitir que a criança se expresse de forma mais solta em casa, para promover a autoexpressão, acreditando que essa é a melhor forma de aumentar a autoestima, enquanto o outro deseja mais estrutura em casa, para dar uma maior sensação de segurança, através de regras (acreditando que estaseriaaformadesolidificaraautoestimadofilho).
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Mais uma vez, vemos que os valores não são factos; os valores são subjetivos, dependem do mapa mental de cada um e dosignificadoquedáacadavalor.Discutiresterilmentesobrecada um dos valores não é um exercício produtivo. O que irá produzir resultados será a elaboração de um quadro de valores. Nesse sentido, os exercícios do subcapítulo seguinte irão ajudar o casal a criar esse quadro de valores comum.
1.2. Como criar uma lista de valores da sua família
Todos sabemos que a maior parte de nós toma decisões com base nalguns «valores fundamentais». Porém, onde está isso escrito? Tal como os nossos bens materiais mais preciosos (casa, carro, seguros de viagens, etc.) e competências importantes da nossa vida (licença para conduzir, diplomas académicos, etc.) têm documentos, também deveríamos possuir um documento que determinasse quais são exatamente essesvaloresquenosdefinem—anóseànossafamília.Sequerdeixarumlegadoforteaosseusfilhos,oprimeiro
passo é saber em que é que acredita e o que é mais importante para si de facto! O passo seguinte será avaliar o quão bem estáaviverdeacordocomessesvalores,poisosfilhosapren‑derão mais com as ações dos pais e com o seu estilo de vida do que com as palavras. Por exemplo, se um dos seus principais valoreséa«família»ecostumaafirmar«Aminha famíliaémais importante do que o meu trabalho», mas trabalha horas a mais e nunca tem tempo para as pessoas que ama, estas talvezconcluamque,afinal,oseurealvaloré:«Omeutrabalhoé mais importante do que a minha família.»
O seguinte exercício vai ajudá lo a descobrir quais são, na verdade, os seus valores essenciais. Pode parecer uma tarefa assustadora, mas o resultado vale a pena. Imagine o que seria partir
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para as melhores férias da sua vida sem ter sequer planeado o ponto de partida da viagem ou feito as malas, decidido o modo de deslocação, os dias da viagem, os locais a visitar, o número de acompanhantes, o orçamento disponível, etc. Não é necessária uma bola de cristal: estas seriam as suas piores férias de sempre... se é que teriam sequer começado! Com a família, pode vir a passar se o mesmo, se ela não tiver um GPS...
Criar uma lista de valores é uma das tarefas mais importantes que os pais podem fazer. Esta deve ser feita por ambos os pais (caso vivam juntos) e deverá ser dividida em várias sessões/dias.
EXERCÍCIO
Criar a lista de valores da família
SESSÃO 1Cada adulto deve pensar, individualmente, nos valo
res mais importantes para si próprio. Os pontos seguintes servem para ajudá lo no processo da elaboração da lista individual.
Parte I• Quais são as coisasmais importantes para aminha
família?• Quaissãoospontosfortesdaminhafamília?• Quepalavrasoufrasesdescreveriammelhoraminha
família?1 ___________________________________________________
2 __________________________________________________
3 __________________________________________________
(continua)
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23
Parte II• Emqueéqueeuacredito?• Oqueéquerealmenteimportaparamim?• Quevaloreséquemeajudamagovernaravida?• Quevaloresquerotransmitiraomeufilho?• Quaissãoosmeusvaloresfundamentais?
Reserve algum tempo e liste o máximo de valores que gostariadepassarparaoseufilho:
1 __________________________________________________
2 __________________________________________________
3 __________________________________________________
4 __________________________________________________
5 __________________________________________________
6 __________________________________________________
7 __________________________________________________
8 __________________________________________________
9 __________________________________________________
10 _________________________________________________
11 __________________________________________________
12 _________________________________________________
13 _________________________________________________
14 _________________________________________________
15 __________________________________________________
*
(continuação)
(continua)
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24
(continua)
SESSÃO 2
Parte IJunte as contribuições do seu companheiro (caso
tenha) às suas, trabalhando em conjunto para a construção de uma única lista de trinta valores.
Parte IIDepois, separadamente, retirem dessa lista de trinta
valores (é natural que alguns estejam repetidos) os cinco principais — do ponto de vista de cada um — em ordem decrescente de prioridade (do mais importante para o menos importante):
1 __________________________________________________
2 __________________________________________________
3 __________________________________________________
4 __________________________________________________
5 __________________________________________________
Parte IIIReflitam sobre o vosso estilo de vida, os vossos
comportamentos e a forma como gastam ou investem o tempo. Se necessário, socorram se das agendas pessoais.Quãobema vossa vida refleteos vossos valoresfundamentais?Classifiquem cada valor comumanotaentre5(aminhavidarefletetotalmenteosmeusvalores)e1(aminhavidaquasenãorefleteosmeusvalores).É extremamente importante que, neste ponto, sejam honestos! Façam o exercício separadamente, para cada um dos valores de cada um.
(continuação)
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25
Valor 1 (Nome ___________): __________________________
Valor 2 (Nome ___________): __________________________
Valor 3 (Nome ___________): __________________________
Valor 4 (Nome ___________): __________________________
Valor 5 (Nome ___________): __________________________
Parte IVTente listar três formas diferentes de operacionalizar
ou transmitir cada um dos seus valores. Veja o seguinte exemplo:
Valor 1 (Nome Respeito):1) Nãogritarcomomeufilho2) Pedir lhe desculpa quando cometo um erro3) Partilhar o meu ponto de vista sobre algo sem
impor a minha vontade
Valor 2 (Nome ___________): _________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Valor 3 (Nome___________): _________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Valor 4 (Nome___________): _________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
(continuação)
(continua)
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26
Valor 5 (Nome___________): _________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
*
SESSÃO 3
Parte IDesenvolvamagoraumalistaunificadadosdezprin
cipais valores (por ordem de prioridade), trabalhando em casal (caso seja aplicável). Devem partilhar as respostas.
• Emque áreas concorda ou discorda do seu companheiro?
• Asualistaestádiferentedadele?• Falemsobreaimportânciadainterajudaparaoequi
líbrio e a consistência familiares.
1 ___________________________________
2 ___________________________________
3 ___________________________________
4 ___________________________________
5 ___________________________________
6 ___________________________________
7 ___________________________________
8 ___________________________________
9 ___________________________________
10 __________________________________
(continua)
(continuação)
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27
Parte IIA partir dessa lista, escolha os valores que acha que
precisaria de considerar ao analisar questões importantesdosseusfilhos.
Exemplo: Decidir qual a escola que ele deve fre quentar. O seu desejo de transmitir um valor fundamental (ser «atencioso» com os outros) pode não afetar a escolha de uma determinada escola, mas um valor essencial, como a «capacidade para seesforçar»pode influenciarasuadecisãosobreuma determinada escola, pois implica enfrentar determinados desafios escolares para que o seufilhosetornenumalunoesforçado.
Sendoassim, identifiqueumadeterminada situação(questão importante/decisão/comportamento desafiante,etc.)quepretendatrabalhar:_______________________________________________________
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Quais os valores que precisa de ter em conta para essareflexão?
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SESSÃO 4
• Desenvolvam, juntos(casosejaaplicável),umplanopara transmitir valores.
• Selecioneumdosseusdezprincipaisvalores:________
• Quãobemasuavidarefleteessevalor?
• Oqueestáa fazeratualmentepara«ensinar»o seufilhoapraticaressevalor?
• Anoteoquepensasobreapersonalidadedoseufilho,o seu estilo de comportamento e os vários pontos fortes e fracos, e como isso pode afetar o modo como lhe «ensina» um determinado valor.
Os seguintes pontos fortes ajudam no:
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Os seguintes pontos fracos atrapalham no:
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Que influências externas (fora de sua casa) estão a ajudar ou a atrapalhar o seu filho àmedida que eleaprende esse valor?
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De que forma pode ajudar o seu filho a viver de acordo com esse valor? É importante que não se limite às regras. Pense em formas construtivas para reforçar positivamente esse valor.
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(Importante: Repita as perguntas para cada valor principalquedesejatransmitiraoseufilho.)
Que três medidas concretas quer implementar já esta semana para começar a incutir os seus valores?
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