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Ficha técnica - escamoes.pt · a querer ser como alguém que viu em pequena, alguém que viu quando ela própria era o espectador e não o espectado [aquele que é observado pelo

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Ficha técnica

Organização Lídia Teixeira

Teresa Saborida

Autoria Adriana Jorge 11º E Duarte Bernard da Costa 10ºL Guilherme Martins 12ºL Beatriz Viana 11ºL Bárbara Baleiras Gama 10º J Cheldon R. Leite de Siqueira - 12º 3 Cláudia Sanches Cerqueira 10º A Duarte Benard da Costa 10ºL Eduardo Proença 12º I Irina Neves 11º E Joana Garcia 11º E Joana Rato 10º L Joana Rodrigues Leocádio 11º F Tatiana Salgado 10º L Thiago da Silva Andrade 11º TAL2

Edição Escola Secundária de Camões

9ª edição maio 2014

Disponível em

Copyright Escola Secundária de Camões

Capa Lino Neves

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Índice

Nota Introdutória .............................................................................................. 1

1º Prémio (sem título) ....................................................................................... 2

2º Prémio: Incineração ...................................................................................... 3

3º Prémio (sem título) ....................................................................................... 4

Menção Honrosa: RITTORNELLO .................................................................. 6

Menção Honrosa: ............................................................................................... 9

(sem título) ...................................................................................................... 11

"Ilustre Tridente camoniano" ......................................................................... 13

Escuridão Amorosa ......................................................................................... 16

(sem título) ...................................................................................................... 19

(sem título) ...................................................................................................... 20

Nunca mais ..................................................................................................... 21

Quem és? ......................................................................................................... 22

Àquele Poeta Fingidor .................................................................................... 24

Na sombra da escuridão ................................................................................. 26

Serena Alegria ................................................................................................. 27

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Índice de Autores

Adriana Jorge 11º E .......................................................................................... 2

Duarte Bernard da Costa10ºL .......................................................................... 3

Guilherme Martins12ºL .................................................................................... 4

Eduardo Proença 12ºI ....................................................................................... 6

Beatriz Viana 11ºL ............................................................................................ 9

Bárbara Baleiras Gama 10º J ......................................................................... 11

Cheldon R. Leite de Siqueira 12º 3 ................................................................. 13

Cláudia Sanches Cerqueira 10º A .................................................................. 16

Duarte Benard da Costa10ºL.......................................................................... 19

Irina Neves 11º E ............................................................................................ 20

Joana Garcia 11º E .......................................................................................... 21

Joana Rato 10º L ............................................................................................. 22

Joana Rodrigues Leocádio 11º F ..................................................................... 24

Tatiana Salgado 10º L ..................................................................................... 26

Thiago da Silva Andrade 11º TAL2 ................................................................ 27

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Nota Introdutória

Esta 9ª edição do Concurso Literário Camões vem mais uma vez provar que a

escola tem cumprido um dos seus objetivos, o de estimular, juntos dos alunos,

as capacidades criativas de leitura e de escrita.

Nesta edição, regista-se uma participação assídua e empenhada dos alunos que

responderam ao desafio lançado. Acresce o facto de, este ano, o número de

textos a concurso ter aumentado em relação a edições anteriores, provando que,

como nos diz o poeta, tem valido a pena, porque a “alma” dos alunos tem

correspondido.

A todos os seus autores, por igual, a nossa gratidão. Sentimento que tornamos

extensivo a quantos, formal ou informalmente, colaboraram e tornaram possível

esta iniciativa.

Lídia Teixeira

Teresa Saborida

A comissão organizadora

(maio 2014)

_______________________________

Nesta coletânea são reproduzidos todos os textos apresentados a concurso e considerados válidos pelos júris – em primeiro lugar, os textos premiados e, em seguida, os restantes, ordenados por ordem alfabética do nome dos seus autores.

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1º Prémio

(sem título)

Adriana Jorge 11º E

Foge grita corre

rumo ao mar à praia

revolta-te persiste agarra

o sonho que te alimenta a alma

porque és henrique

seguirás o fogoso vento

porque és vasco

domarás as inquietas ondas

faz dos cabos vontade

e das marés teu trilho

galga todas as vagas

persegue o teu destino

porque és descobridor

abraçarás o incerto

porque és nosso povo

alcançarás a nova índia

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2º Prémio

Incineração

Duarte Bernard da Costa10ºL

tem uma ideia

ateia um fogo e bombardeia a mata

ateia granada explode

floresta incendiada

corre cinza foge o verde

loucura. fuga. pressa

foge verde verdeverde

foge verde foge. cinza

sufoco estival

uma gota cai

mil gotas. céu cinza

escorre corre escorre

(cinza)

corre um riacho

escorre um rio

cinza em largo oceano

vestígio e memória

de fogos passados e verdes passados também

som da granada cinza.

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3º Prémio

(sem título)

Guilherme Martins12ºL

Hoje os ponteiros estão atrasados

disformes à minha impaciência.

Ordenam-me a passividade – o autoritarismo da existência.

Na contradição de sua mediocridade

o apaziguamento que lhe é característico

o tempo que se impõe

os apressados na deontologia da consequência.

Hoje os ponteiros estão atrasados

mas sou ainda inconsciente.

Nas avenidas, o eléctrico

Alegórica, a liberdade.

Carris que são tiranos

fregueses na ilusão.

Lá se vão

abancados na contemplação da loucura inalcançável

encaixotados na miragem

efemeramente levitando no desejo

de ver

sentir

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ser.

Assim a evasão dos autómatos na viagem.

E os ponteiros, atrasados

enquanto carris houver que me prendam à decência

indiferença no Homem

receptividade à luzidia escuridão que lhes encadeia a magnificência

da destruição constante

da questão sobressaltada

do ser – sem brandura, nem receio

da essência ilimitada.

Mas e sempre os ponteiros, tão atrasados

Indiferentes à ira que emana por entre os edifícios.

Infindáveis, cíclicos

a tapar o largo oceano da destreza.

E o Homem, invariavelmente atrasado

curvado no olhar repetitivo da alienação

pontual – na larga monotonia da certeza.

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Menção Honrosa

RITTORNELLO

Eduardo Proença 12ºI

A vossa voz (ui!) ressoa,

Caríssimos lívidos

Mas ninguém

Particularmente

Pressente o seu bafejo

(EFETIVAMENTE)

Dir-se-ía que talvez

O próprio ar, se pérfido,

Vos abafa — e pretende estrangular.

E como Stravinsky,

Mas com desprezíveis afetações

E adoráveis maneirismos

INATOOSTINATOSTINATO,

Mas muito com todo um rigor

E (doentio, doentio...) o sincronismo estudado

(punctumcontrapunctum)

OSTINATO

Sim

A vossa voz ressoa,

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Caríssimos lívidos

Assim.

E nada pode realmente florescer

Na vossa presença;

Mas apenas ser um museu vivo a morrer

De uma qualquer crença

Cega, aristocrata e tateante;

E tudo quanto está à vossa volta

Fervilha incessante, e com loucura,

Contra porventura a vossa face!

Dir-se-ia que talvez

O próprio ar, se pérfido

Vos abafa e pretende estrangular.

Mas o dia virá por fim,

sinistro, como tudo quanto é profético,

Em que vos será dada a provar,

Sem prerrogativas, a terra suja,

E o vosso céu cairá numa asfixia

Sobre a infame voz que ressoa,

E a vossa fúria será abatida,

E os estandartes pisados;

E o tal "praia lusitana” etc

E todas todas as espécies de múmias

Semelhantes que foram impostas

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Vos farão engasgar,

E como Jericó, sereis conquistados.

Enquanto a vossa voz

Ainda ressoa, caríssimos lívidos,

Mas ninguém particularmente

pressente o seu bafejo.

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Menção Honrosa

[…] apenas a lembrança

Beatriz Viana 11ºL

Tela preta ao fundo. Chão coberto de linóleo preto com fita adesiva preta.

Só se ouve uma respiração fatigada por detrás das cortinas.

O Silêncio.

Um foco de luz branca realça os contornos de um corpo quase nu e imóvel, que

não se tenta esconder no negrume. Vem da teia um tecido branco

que cobre o corpo que o estava esperando, sofregamente: figura feminina,

não demónio , que agora apenas se move entre o escuro e o claro

da cena. Está só – como aquele vulto de uma pintura de C. D. Friedrich a quem

chamam «viajante»–,

a querer ser como alguém que viu em pequena, alguém que viu

quando ela própria era o espectador

e não o espectado [aquele que é observado pelo público].

Não escrevo sem música, não me mexo sem música. A não demónio também

não se mexe

sem música. Mozart, concerto número 5 para piano [a interprete é

MitsukoUchida].

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Desamparada, Ela cai no chão [linóleo]. Na última fila da plateia, ouve-se a pele

frisar

no linóleo, ouve-se o sangue que escorre dos pés, num ápice, Ela (a não

demónio) suspira…

e cai, cai na areia,

levanta-se, e cai na areia, levanta-se,

cai, levanta-se, e cai na areia,

a não demónio levanta-se e suspende o movimento!

Já não se ouve um som, já nada se balança.

A não demónio não cai mais… o tecido é-lhe novamente retirado do corpo,

que começa a correr em direção ao largo oceano que espera trepidante o

momento

em que poderá começar a aplaudir a não demónio.

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(sem título)

Bárbara Baleiras Gama 10º J

Oh, tenebroso mar lusitano!

Que tantos em ti cultivaram a esperança

E a quantos levaste ao engano

Ao fazê-los pensar ter a tua confiança;

Quantos em ti acharam amores outrora perdidos

E neles perdidos te acharam

Dizem que tu tens dois sentidos,

Um para os que querem ir e outro para os que em ti se guardam;

Oh, tenebroso mar português!

Por quanta pátria estás carregado,

Por seres a razão para todos os porquês

Pobre solitário enamorado;

Quantos na tua ilusão se perderam

Enquanto na praia lusitana se encontraram

Que tantos por ti correram

Que tantos em ti tropeçaram;

Empurrados pela glória,

Encorajados pela união

Na esperança de fazer história

Esquecendo a força e a razão

Muitos se atreveram a desafiar-te

Inocentes almas imperdoáveis

Que tanto quiseram atravessar-te,

Não acreditando ser domáveis.

No teu azul foi visto perdão

E foi retirada pátria do teu sal

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Quantos enrolados na tua mão

Erguiam ainda a bandeira de Portugal

Não conhecendo os teus abismos

Pensando conhecer os teus limites

Se és mesmo um realismo,

Porque não acabar com mitos?

Para alguns uma facilidade

Para outros um desafio

Em ti encontra-se a felicidade

Na forma de um infeliz arrepio

E arrepiados muitos morreram,

Por tanto tocarem na tua espuma

E porque da tua água beberam

Sem ter sequer sede alguma.

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"Ilustre Tridente camoniano"

Cheldon R. Leite de Siqueira 12º 3

Desde a carta de lei,

De maio de mil novecentos e dois,

Com orgulho fala EI-rei:

"Lyceu Nacional de Lisboa sois

O segundo que criei,

O Manuel fi-lo primeiro e tu depois!"

"Perdoe-me. Onde me colocarei?"

"No Palácio da Regaleira, ora pois!"

"Não haverá espaço para recreio e brincadeiras!"

"Mas perto terás a leitaria e a loja das cadeiras."

Lá se foi El-rei. Passou o tempo,

Em zonas Lisboa se dividiu.

Cada vez era maior o fomento

De um espaço baril.

Gritou o Palhinha: "Não me contento

Sem teatro e sem ginásio vil!

Porém na Esgrima eu aguento."

Também... Obra completa já pediu.

"Ora. Ar e luz são de graça!"

Então El-rei pensou e liberou a massa.

Em 21 meses logo acabou.

De 8 a 9 foi um instante!

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Violentas críticas suportou.

Por ser, para os alunos, mui distante...

O tridente Miguel Ventura edificou,

Com desenvolvimento se preocupou,

Intelectual não ficou distante.

Oh que edifício iluminado e sonante!

Corredores fechados não possuis

E sentes bem as brisas dos azuis.

Logo despertou o movimento estudantil,

Mário, o futuro Orpheu,

Foi quem o abriu.

Em 11 um regulamento concebeu

Para dirigir a associação viril,

Que muito valor acrescentou ao Liceu.

Porém, no Estado Novo, não se ouviu,

Pois a Mocidade a dissolveu.

Nos 20, o Liceu se projetou.

O número de turnos duplicou.

A física e a química ganharam espaço

Mas a malta tinha que comer.

Então para livrar-se do embaraço,

Em 31, fizeste a cantina aparecer!

O Regime, agora, de amasso

Tentou reduzir o teu ser.

Porém mantiveste o traço

Que até hoje te faz viver!

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Continuaste em franco crescimento,

Até Alvalade e Areeiro disseram: "Anda para cá, já não aguento!"

Olha a tua grandeza!

De 600 para 2 mil e duzentos.

Olha a tua firmeza!

Quantos bons e maus momentos?

Oh Tridente de realeza!

Fazes ver aos outros monumentos.

O teu movimento é a tua fortaleza!

A tua essência traduz-se em rebentos

Que revelam a tua glória,

Lyceu que na praia lusitana faz história!

Escola por tempos e marés.

Neste largo oceano não vamos afundar!

Contrariando as más fés,

Até ao fim vamos lutar!

Mesmo com a "crise" a pôr rés,

Mesmo sem Parque Escolar.

Sem trocar mãos por pés,

Nem mil galas realizar!

Às inquietas ondas passaremos

Mas o nosso tridente — REABILITAREMOS!

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Escuridão Amorosa

Cláudia Sanches Cerqueira 10º A

O que dizer dela…

Doce, meiga, fascinante

Mulher que habita na minha alma

Encheu o meu coração como o largo oceano inunda o mundo

Traz à tona as partes mais obscuras do meu ser

Faz - me revelar segredos os quais eu mesma desconheço

Um mundo desconhecido

Um paraíso, um purgatório

Como dizer?

Isso tudo leva me até ti

Pessoas cercam-me de ignorância

Pessoas que não sabem o que dizer

Que tornam um grande amor

Num peso a se ter

A minha liberdade é limitada

O meu sorriso desapareceu

A religião prende-me

E o meu mundo escureceu…

A música abriu um caminho estreito

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Pelo qual não consigo passar

Continuo presa no escuro

De onde não me consigo libertar

Só penso em ti

Ainda não consigo acreditar

Apesar de teres partido

Eu vou continuar a amar-te

Sempre fomos fortes

Agora temos de nos separar

A morte para ti chegou

E as lágrimas não param de me derrubar

Lembro me de todos os nossos momentos

As saudades de ti não suporto

Contigo vou ter e deste mundo desaparecer

Para teus braços, enfim, encontrar…

Estou-te grata pelo que me ensinaste

Comigo sempre lidaste e apoiaste

Pocahontas e Jane eram as nossas alcunhas

Pelas quais sempre nos apelidaste

E agora vejo o meu último raio de luz

Uma fotografia tua a sorrir

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Escuridão eterna que tantos temem

Que é agora encontrada

Por esta realidade, deveras, sofrida…

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(sem título)

Duarte Benard da Costa10ºL

teus constantes imprecisos pés

escorregando em duvidoso

mar

enchente maré negra

diversão de vontades humanas

peganhento brilhante viscoso

com tuas mãos presas

dedos tremendo

longos cabelos quebrados

teu olhar na densa maré

plúmbeo mar declinado

e mutilado pelo homem.

teus peixes boiando longamente

e teu corpo

jazente de contente.

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(sem título)

Irina Neves 11º E

Sinto um vazio arrepiante

Que me consome a cada dia

A minha alma já não sente

Porém um dia pela chuva andei

E aí a minha alma lavei

Iminentemente espero por uma luz

No entanto só vejo o abismo

Escuridão tal que me deixa

Novamente sem alento

Pequenas e inquietantes ondas me

Percorrem a face que outrora

Foi sorridente. Terá sido?

Sorriso que esconde a verdade

Axioma esse que a janela da alma revela.

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Nunca mais

Joana Garcia 11º E

Sou livre e de ninguém

Vagueio por montes e serras

Navego por duvidosos mares e marés

Em busca de um porto seguro

Memórias e lembranças

Que me aquecem e aconchegam

Como os teus braços

Em tempos tão pouco distantes

Por muito que me vejas novamente

Nunca me voltarás a ver realmente

Por muito que me conheças novamente

Nunca me voltarás a conhecer realmente

Por muito que me encontres novamente

Nunca me voltarás a encontrar realmente

Por muito que me tenhas novamente

Jamais me voltarás a ter

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Quem és?

Joana Rato 10º L

Quem és?

Quem queres ser?

Agora danças na estrada.

Arrebatas felicidade.

Cai chuva.

E eu sou a chuva.

Um violino toca. Os lábios beijam-se. Um pássaro.

Um comboio passa, pusilânime.

Um grito. Uma luz. Um escarcéu.

Um hausto. Tu gritas.

Pobrezinha, ninguém ouve!

A tua voz perde-se no tempo

E está agora algures entre as almas de Deus.

Tu choras, sabes o que aí vem.

Rodeia-te um mar de lágrimas

e de inquietas ondas melancólicas.

Morro com o teu olhar.

Nado oceanos. Caminho desertos.

É a morte.

Será?

Queres ser? Então sê!

Chora. Ri. Corre atrás do comboio.

Um gemido.

Fechas os olhos. Não te largo. Tenho medo.

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Amas-me também?

Amas!

Amas? Ou sabes fingir?

É a morte?

Que maravilhosa descoberta!

Se é, é mesmo.

É um sonho.

Vivo feliz?

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Àquele Poeta Fingidor

Joana Rodrigues Leocádio 11º F

Fingindo ser poeta, eu escrevi.

Fingindo ser sensível, eu estou a escrever.

Fingindo ser alguém, eu vou escrevendo.

Procurando ser gerador de conhecimento,

Eu nunca me conformo...

Este "eu"... intrigante, que nos enfurece e nos agarra a alma,

Aquele que enlouquece quem o procura,

O "eu" que desvanece quando é altura.

Abre portas à passagem.

Abre janelas à coragem.

Abre feridas a quem é vivo,

Abre esperança a quem falha.

Ele que de nós nunca se separa.

Nós que o deixamos, ele que jamais nos deixará,

Quando é altura de partir, nós ficamos,

Naquela fachada de que não nos fartamos.

No seu interior, montanhas de alcatrão,

Na sua pele cicatrizes de quem está velha.

O seu ar... intimidante e misterioso,

É apenas uma falácia do que é conforto.

Ao "eu" que agora é "ele", nós devolvemos-lhe a vida,

Correndo nos seus corredores,

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Como sangue que corre nas veias,

Esperando sempre tropeçar no encanto de suas teias.

Aquele que finge ser...

Aquele que procura...

Ele que abre portas, janelas, feridas,

Ele que contém aquela fachada,

Por entre versos e sentimentos,

Nós damos jus ao seu nome,

Aquele liceu, aquela praia lusitana,

Situada na Praça José Fontana.

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Na sombra da escuridão

Tatiana Salgado 10º L

Nesta praia Lusitana,

Procuro a paz de quem ama,

De quem ama esta paz,

Esta paz que por mim chama.

Ouço-a ao fundo,

No fundo do mar distante.

Como fica longe deste mundo,

Que ser meu é uma constante.

Oh! Mas como é difícil viver

Quando viver é só existir,

Como existir sem querer,

Dentro de um vaso que se vai partir.

Não para a chuva de cair,

Misturando-se com o meu chorar,

Levando o que me faz sorrir,

Arrastando as lágrimas até ao mar.

Onde estás, minha paz perdida?

Este sítio é uma confusão!

Sinto-me como uma sombra esquecida,

Uma sombra na escuridão.

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Serena Alegria

Thiago da Silva Andrade 11º TAL2

Olhos azuis, face rosada

Com suas curvas redondas

Lembram as “inquietas ondas”

Na hora da madrugada

De essencial energia

Terna, sincera e risonha

Como algo que se sonha

Se espera ganhar um dia.

Sempre bem e confiante

Encoraja toda a gente

Com seu ar participante

Vaidosa com a imagem

De postura atraente

Discreta só na passagem.