61
1

FICHA TÉCNICA - TRANSPORTE MARÍTIMO · Marinha Mercante Patrocinador: ACT – Autoridade Para as Condições do Trabalho 1ª Edição: Outubro de 2013 ... qualquer navio mercante

Embed Size (px)

Citation preview

1

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 3

FICHA TÉCNICA

Título: Hotelaria a Bordo dos Navios - Manual de Segurança OcupacionalSMMCMM – Sindicato da Mestrança e Marinhagem da Câmaras da Marinha MercantePatrocinador: ACT – Autoridade Para as Condições do Trabalho1ª Edição: Outubro de 2013Tiragem: 5.000 exemplaresImpressão e acabamento: Multitipo Artes Gráficas, Lda.Depósito Legal: 366935/13

Esta publicação, com o trabalho que descreve, foi financiada pela Autoridade para as condições do Trabalho (ACT).O seu conteúdo, incluindo quaisquer opiniões e/ou conclusões expressas, é da responsabilidade dos seus autores e não reflete necessáriamente a política e a posição da ACT.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOSMANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL[ ]

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 5

Índice:

Prefácio 9Introdução 111 Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho 15 1.1 Porquê? 15 1.2 A questão social 15 1.3 O que é? 16 1.4 Atividades 172 Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho a Bordo dos Navios 19 2.1 Responsabilidades 19 2.2 Competências dos Tripulantes/Trabalhadores 20 2.3 A importância da formação 22 2.4 Um fator de produtividade 233 A prevenção de acidentes no sector da hotelaria a bordo dos navios 27 3.1 Acidente versus incidente de Trabalho 27 3.2 O Risco 28 3.3 Quedas, Escorregadelas e Tropeções 31 3.4 Facas e Equipamentos de Corte 33 3.5 Queimaduras e escaldões 34 3.6 Riscos Elétricos 36 3.7 Ergonomia e Movimentação manual de pesos e lesões

mús culo esqueléticas 36 3.8 Ruido 39 3.9 Substancias Perigosas/ Produtos Químicos 40 3.10 Riscos Biológicos 42 3.11 Gás Pressurizado Utilizado em Bebidas 43 3.12 Trabalho em Ambientes Aquecidos 45 3.13 Riscos de Incêndio 47 3.14 Riscos Psicossociais 48

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 7

3.15 EPC’s - Equipamentos de Proteção Coletiva / EPI’s - Equipamentos de Proteção Individual 494 Fatores de Qualidade no Trabalho em Hotelaria a Bordo dos Navios 55 5 Doenças Profissionais 636 Sinalização de Segurança 65 6.1 O que é? 65 6.2 Tipo e características dos sinais 66 6.3 Sinais de incêndio 67 6.4 Sinais de proibição 67 6.5 Sinais de perigo 70 6.6 Sinais de obrigação 74 6.7 Sinalização de emergência 76 6.8 Sinalização de obstáculos e locais perigosos 77 6.9 Sinalização informativa diversa 787 As profissões de Hotelaria a bordo dos navios 81 7.1 A situação atual 81 7.2 Enquadramento regulamentar nacional 82 7.3 A regulamentação internacional 85 7.4 A Convenção do Trabalho Marítimo (MLC 2006) –

Disposi ções relativas à segurança e saúde dos marítimos 85 7.5 A certificação STCW 988 Fichas Técnicas de Segurança Ocupacional 105 8.1 Cozinheiro de Bordo 105 8.2 Pessoal da Lavandaria 112Bibliografia/Legislação/Webgrafia 117

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 9

PrefácioO serviço de hotelaria (restauração e alojamento) é obrigatório a bordo de qualquer navio mercante.

Apresentando-se de forma diferenciada consoante o tipo e a especifici-dade da operação a que o navio se encontra afeto, evidencia um traço comum, é um serviço desempenhado em condições particulares, por tra-balhadores marítimos com formação diversificada e nalguns casos, pouco vocacionada para o trabalho a bordo.

É por isso essencial que exista, para este tipo de potenciais trabalhadores marítimos, um suporte que ajude a descobrir ou consolidar, consoante os casos, matérias essenciais, para que possam desenvolver as tarefas quoti-dianas que lhes são exigidas com segurança e minimizando os riscos po-tenciais da sua atividade profissional.

É com esse objetivo que o SMMCMM se propôs desenvolver este manual de segurança ocupacional do trabalho a bordo dos navios na área da ho-telaria, o qual, tendo presente as características do publico alvo a que se destina, apresenta uma estrutura ligeira, linguagem simples e que se reve-le uma ferramenta que possa acompanhar o trabalhador marítimo, poten-ciando as suas competências e cujo conteúdo transmita os aspetos essen-ciais relacionados com a temática da segurança ocupacional do trabalho a bordo dos navios na área da hotelaria, na perspectiva da segurança, saúde e higiene e prevenção de acidentes.

Desta forma, queremos agradecer publicamente o apoio que a ACT tem concedido a estes trabalhadores e a este sector importante da economia nacional.

Estamos absolutamente convictos que esta publicação irá contribuir de forma decisiva para a melhor qualificação dos trabalhadores marítimos de língua portuguesa e que terá frutos na prevenção dos acidentes resultan-tes do trabalho que desenvolvem.

Outubro de 2013A Direção do SMCMM

PREFÁCIO

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 11

IntroduçãoO navio enquanto unidade de transporte (seja de mercadorias ou de pessoas) tem uma especificidade muito própria que resulta natural-mente das suas características intrínsecas.

Ao contrário dos outros modos de transporte, o modo marítimo ope-racionalizado pelo navio, pelo seu raio de ação, não se pode limitar às suas características físicas de transportador, tem que estar equipado e ser capaz de fornecer condições de habitabilidade/hotelaria (alimenta-ção, alojamento e apoio) que permitam assegurar aos trabalhadores as condições de vida adequadas, tendo presente a sua permanência no navio durante 24 horas por dia e por períodos longos.

De acrescer que em alguns tipos de navios a característica de habitabili-dade/hotelaria é ela própria a razão da sua existência, designadamente os navios de passageiros destinados a cruzeiros turísticos.

O exposto nos parágrafos acima leva-nos desde já a diferenciar duas áreas completamente distintas de filosofia de operação dos navios, em função do seu propósito, mas que no âmbito do presente projeto se irão interligar como adiante se esclarece.

Comecemos pelos mais vulgares navios de carga, os quais nos últimos anos sofreram alterações significativas no modo da organização do tra-balho a bordo com a redução das respectivas tripulações por forma a manter a competitividade, reduzindo os designados “running costs” (custos operacionais). Estas alterações tiveram um impacto mais acen-tuado nas figuras que desempenhavam funções ao nível do apoio hote-leiro sendo prática comum nos dias de hoje que a tripulação hoteleira nos navios de carga se resuma a um elemento e em muitos casos a nenhum, cabendo aos elementos da tripulação técnica o assegurar os “serviços mínimos” de suporte e apoio à restante tripulação.

Já nos navios que transportam passageiros o cenário muda de figu-ra sendo que a vertente hoteleira assume aqui uma preponderância

INTRODUÇÃO

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 13

fundamental e um fator de competitividade e diferenciação junto dos mercados onde operam. É neste segmento do trabalho marítimo que as profissões ligadas à hotelaria assumem um papel de relevo e cuja qualidade do serviço prestado é uma condição exigida pelos clientes e consequentemente pelos operadores e empregadores.

Ainda no segmento do transporte marítimo de pessoas, temos situa-ções específicas como é o caso dos “ferries”, os quais se dedicam ex-clusivamente ao transporte de pessoas e veículos, em trajetos de curta duração mas que requerem serviços de hotelaria, os quais estão sujei-tos a elevados índices de rotatividade com as consequentes exigências para os trabalhadores.

Considerando todas estas variantes, estamos perante um universo mui-to vasto de trabalhadores marítimos que fazem a sua vida profissional no mar em funções na área da hotelaria, como sejam:

Θ Os marítimos cujas qualificações profissionais se enquadram nas de-signadas tripulações técnicas;Θ Os profissionais de hotelaria das mais variadas valências que desen-volvem a sua atividade a bordo dos navios de passageiros;Θ Os indivíduos detentores de qualificações marítimas mínimas e que desempenham os mais variados serviços de apoio a bordo na área da hotelaria, designadamente nos navios de transporte de passageiros (cruzeiros e “ferries”).

O considerar estes três conjuntos de trabalhadores e tendo presente a dinâmica do mercado de emprego deste sector, essencialmente para colocação em navios de operadores estrangeiros, chegamos a um uni-verso bastante alargado de trabalhadores marítimos de língua portu-guesa, sublinhando ainda o potencial de empregabilidade deste sector, aos quais cada vez mais é exigido conhecimentos e competências para o exercício adequado das suas funções.

Chegamos assim à conclusão que de uma forma ou de outra, desde as meras tarefas de apoio até ao mais elevado nível de qualidade, uma

parte significativa dos trabalhadores marítimos estão envolvidos em tarefas no âmbito da hotelaria e restauração.

Tendo presente que um conjunto de características do sector da hotela-ria e restauração são susceptíveis de ter um impacto negativo na saúde e segurança no trabalho, nomeadamente:

Θ Elevadas cargas de trabalho;Θ Longos períodos de pé e posturas estáticas;Θ Contacto com clientes (por vezes difíceis);Θ Forte incidência de trabalho noturno e de carácter continuado;Θ Elevados níveis de stress;Θ Trabalho monótono;Θ Assédio e mesmo violência por parte de clientes, colegas e chefias;Θ Discriminação contra mulheres e pessoas oriundas de outros países.

Sublinha-se que todas estas questões e os seus efeitos tendem a au-mentar de forma exponencial no trabalho a bordo, quer pelas carac-terísticas físicas a que os navios estão sujeitos (intempéries), quer pelo ambiente de sociedade fechada onde o trabalho se desenvolve, quer pelos regimes intensos e continuados do exercício do trabalho, quer pelo afastamento dos locais de origem, residência e das famílias.

Este mix de razões faz com que a segurança ocupacional deste tipo de trabalho e dos trabalhadores marítimos que o executa se revele de im-portância extrema na dupla vertente de prevenir e evitar acidentes e também para aumentar o potencial de empregabilidade dos trabalha-dores marítimos nacionais num mercado de emprego cada vez mais competitivo e exigente.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 15

1. Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho

1.1 Porquê?

Mais do que o direito que nos confere a Constituição da República:

… “ Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cida-dania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideoló-gicas, têm direito à prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde”… *

A importância maior da segurança, higiene e saúde no local de traba-lho (independentemente do sector de atividade), é que dela depen-de a vida e a integridade física e psíquica de nós próprios enquanto trabalhadores.

*Artigo 59º da Constituição da República Portuguesa

1.2 A questão social

Desde o início dos tempos que o Homem atribui à segurança e saúde uma parte significativa do seu tempo e tem afetado grande parte da sua ação a tratar da sua saúde e a organizar a sua segurança.

De acordo com Maslow (psicólogo americano, conhecido pela ela-boração da pirâmide de hierarquia de necessidades humanas) a sa-tisfação das necessidades de saúde e de segurança encontra-se, na base da escala de necessidades humanas constituindo um imperativo básico, sendo condição sem a qual a satisfação das restantes neces-sidades (estima pelos outros, pertença, realização), não é possível.

É um facto que o ser humano, quer sozinho quer em grupo, necessita de viver e agir em saúde e segurança, o que origina uma preocupação pela manutenção de um estado são e seguro do indivíduo e da coleti-

SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDENO LOCAL DE TRABALHO

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 17

vidade, o que constitui uma atividade de natureza social.

As atividades que tendem a promover a saúde e segurança são assim inerentes à atividade humana, e serão exercidas em grau mais ou me-nos elevado quanto maior ou menor for o nível de risco associado.

A atividade laboral, consistindo na aplicação das capacidades físicas, psíquicas e sociais do individuo (o homem na sua qualidade de traba-lhador) é o expoente máximo da sua integração social.

O Trabalho, atividade humana que tem em vista a prestação de ser-viços ou a produção de bens, exige uma rede de saúde e segurança, a qual é mais ou menos desenvolvida em função do risco associado e da sua perceção e da consciência das suas consequências para o bem-estar do trabalhador.

1.3 O que é?

O quadro seguinte resume de forma esquemática, os conceitos e os objetivos relacionados com a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho em termos gerais, os quais se aplicam na sua totalidade às atividades da hotelaria a bordo dos navios.

O que é? Para que serve

Segurança

Conjunto de medi-das destinadas ao controlo dos riscos no local de trabalho e ao processo pro-dutivo.

Prevenção de aci-dentes de trabalho.

O que é? Para que serve

Higiene

Conjunto de méto-dos e boas práticas no trabalho desti-nadas a diminuir a exposição a agentes nocivos.

Prevenção de doenças profissio-nais.

Saúde

Controlo do bem-es-tar físico e mental dos trabalhadores.

Prevenção de doenças / acidentesQualidade de vida profissional.

1.4 Atividades

As atividades que se listam de seguida constituem as principais ativi-dades no âmbito da Segurança, Higiene e Saúde, as quais encontram eco quando se trata da componente de hotelaria a bordo dos navios.

Θ Aconselhamento técnico na fase de projeto e execução de instala-ções, equipamentos e processos de trabalho;Θ Identificação e avaliação dos riscos;Θ Planeamento e elaboração do programa de prevenção dos riscos;Θ Informação e formação adequadas;Θ Colocação de sinalização de segurança;Θ Análise dos acidentes e doenças profissionais;Θ Recolha e análise dos elementos estatísticos;Θ Coordenar auditorias/inspeções internas.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 19

2. Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho a Bordo dos Navios

2.1 Responsabilidades

1. Responsabilidades partilhadas

No âmbito da aplicação das melhores práticas de Segurança, Higiene e Saúde no trabalho, no caso dos navios, as responsabilidades são partilhadas quer pelo armador, na sua qualidade de empregador, quer pelo marítimo/tripulante na sua qualidade de trabalhador.

2. Responsabilidades do Armador

O Armador na sua qualidade de empregador da tripulação que opera o navio, é responsável por:

Θ Segurança do navio, da sua tripulação, passageiros e carga, nas suas mais variadas componentes, o que inclui a segurança ocupacional;Θ Assegurar aos tripulantes/trabalhadores, Segurança, Higiene e Saú-de nos respectivos e variados cenários de trabalho a bordo, o que inclui a secção de hotelaria;Θ Assegurar o acompanhamento da saúde em função dos riscos;Θ Estabelecer medidas de primeiros socorros, de combate a incên-dios e de evacuação dos tripulantes/trabalhadores e nomear respon-sáveis pela sua aplicação;Θ Mobilizar os meios necessários á prevenção técnica, à formação e informação dos tripulantes/trabalhadores;Θ Cumprir os princípios gerais de prevenção;Θ Evitar riscos e avaliar os que não podem ser evitados;Θ Combater os riscos na origem;Θ Organizar e adaptar o trabalho ao tripulante/trabalhador;Θ Estabelecer prioridades;Θ Facultar e facilitar a formação adequada dos tripulantes/trabalha-dores.

SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO LOCAL DE TRABALHO A BORDO DOS NAVIOS

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 21

3. Responsabilidades do Tripulante/Trabalhador

Θ Cumprir as prescrições de Segurança, Higiene e Saúde no trabalho em vigor no respectivo local de trabalho (navio);Θ Zelar pela implementação das medidas tanto individual como co lectivamente;Θ Utilizar corretamente as máquinas, aparelhos e equipamentos de proteção individual e coletiva existentes e disponibilizadas pelo ar-mador;Θ Cooperar com os colegas, chefias hierárquicas e responsáveis da companhia;Θ Comunicar as avarias ou deficiências detetadas antes do perigo gra-ve ou eminente;Θ Atuar prontamente segundo as normas de conduta estabelecidas em função do perigo eminente, cumprindo e fazendo cumprir todas as instruções dos responsáveis pela atuação de emergência.

2.2 Competências dos Tripulantes / Trabalha-dores

Nos aspetos relacionados com a temática da Higiene e Segurança no Trabalho a Bordo dos Navios, o exercício pelos tripulantes/trabalha-dores, das suas funções e atividades, pressupõe a existência de um conjunto de capacidades nos domínios do “saber”, do “saber-fazer” e do “saber- ser”, das quais se destacam:

Θ A valorização do tripulante/trabalhador no âmbito da sua parti-cipação nas práticas de prevenção, incutindo a consciencialização e assim potenciando o desenvolvimento de uma cultura de segurança;

Θ O conhecimento dos processos de trabalho associados às suas ati-vidades, por forma a identificar e hierarquizar os riscos profissionais, tendo como objetivo a adoção de medidas de prevenção, que promo-vam uma cultura da superação do risco;

Θ A identificação de diversos tipos de informação, o conhecimento e a utilização de técnicas adequadas no contexto de situações especí-ficas do exercício das funções dos tripulantes/trabalhadores, tendo como objetivo a interiorização das regras de segurança por parte de todos os tripoulantes/trabalhadores.

Competências essenciais

As questões relacionadas com a Higiene e Segurança no Trabalho, fazem parte de um processo de formação contínua do tripulante/trabalhador, o qual vai ao longo da sua vida profissional, desenvol-vendo um conjunto de competências chave, que o irão ajudar a de-sempenhar as suas funções de forma cada vez mais sustentada no que diz respeito às questões de segurança, tornando-se um “exemplo de boas praticas” para os seus colegas contribuindo assim ativamente para a construção de uma cultura de segurança.

1. Saberes

Θ Noções elementares de Higiene e Segurança no Trabalho.

2. Saberes-fazer

Θ Analisar, interpretar e sistematizar informações relativas a Higiene e Segurança no Trabalho no contexto da sua atividade profissional;Θ Criar um ambiente favorável à cooperação e ao desenvolvimento da responsabilidade em Higiene e Segurança no Trabalho;Θ Verificar o estado de higiene e segurança dos equipamentos e utensílios;Θ Tomar conhecimento dos principais riscos inerentes aos profissio-nais da Hotelaria, bem como os métodos de redução e controlo;Θ Conhecer as funcionalidades dos EPC’s (equipamentos de Proteção Coletiva) instalados a bordo e o seu funcionamento no âmbito das suas tarefas nos sistema geral de segurança do navio;Θ Saber selecionar os EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) adequados em função do risco no local de trabalho e da atividade a

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 23

É precisamente esta consciência que contribui para a construção de uma cultura sólida de Segurança, Higiene e Saúde no local de traba-lho, a qual só é possível com uma formação adequada dos tripulan-tes/trabalhadores.

A formação assume uma importância relevante no desenvolvimento das competências necessárias, no entendimento das responsabilida-des e consequentemente na execução das atividades, dos tripulan-tes/trabalhadores

2.4 Um fator de produtividade

Foi necessário muito tempo para que se generalizasse o reconheci-mento da ligação direta entre as condições de trabalho e a produti-vidade.

Numa primeira fase, houve a perceção da incidência económica dos acidentes de trabalho considerando-se unicamente os custos diretos (assistência médica e indemnizações) e só mais tarde se viria a consi-derar o impacto económico e social das doenças profissionais.

Atualmente é reconhecido e compreendido que na maior parte dos casos os custos indiretos dos acidentes de trabalho são bem mais im-portantes que os custos diretos, tendo presente os designados fato-res de perda, nomeadamente:

Θ Perda de horas de trabalho pelo acidentado;Θ Perda de horas de trabalho pelas testemunhas e responsáveis;Θ Perda de horas de trabalho pelas pessoas encarregadas dos inqué-ritos;Θ Interrupções e atrasos da prestação do trabalho;Θ Danos materiais;Θ Custos inerentes às peritagens e ações legais necessárias;Θ Diminuição do rendimento durante a substituição;Θ A retoma de trabalho pelo acidentado;

exercer;Θ Saber identificar os principais tipos de EPI`s (Equipamentos de Pro-teção Individual), assim como a sua adequada utilização e manuten-ção;Θ Identificar as condições de trabalho que afetem o equilíbrio físico e psicológico dos trabalhadores, assim como implementar as respecti-vas medidas de prevenção e controlo;Θ Conhecer os princípios básicos relativos a incêndios e as técnicas de combate e extinção;Θ Saber manusear pesos.

3. Saberes-fazer sociais e relacionais

Θ Trabalhar em equipa, aceitar outras ideias e integrá-las;Θ Identificar-se com os objetivos e cultura da organização do traba-lho;Θ Saber comunicar com as chefias e os colegas;Θ Estabelecer relações interpessoais a nível externo e a nível interno;Θ Agir e fazer agir com rigor no cumprimento das normas de seguran-ça e higiene no trabalho.

2.3 A importância da formação

É fundamental construir uma proteção eficaz aos que exercem ativi-dades laborais, devendo a aplicação da regulamentação sobre a ma-téria ser entendida como o melhor meio de beneficiar simultanea-mente as empresas e os tripulantes/trabalhadores na salvaguarda dos aspetos relacionados com as condições ambientais e de seguran-ça de cada posto de trabalho.

Nos dias de hoje, as medidas relativas à Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho estão cada vez mais generalizadas na sua implementa-ção, sendo que o despertar de consciências tem desempenhado um papel fundamental.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 25

Θ O tempo a prestar assistência;Θ Custos de evacuação quando necessário (custos diretos, os que en-volvem os meios afetos e custos indiretos, os que se relacionam com a arribada a um porto, o desvio da rota e os atrasos subsequentes).

Estas perdas podem ser muito elevadas, podendo mesmo represen-tar quatro vezes os custos diretos do acidente de trabalho (mais, no caso de envolver evacuação em alto mar).

A diminuição de produtividade, a diminuição da qualidade do traba-lho e o aumento dos desperdícios imputáveis à fadiga provocada por horários de trabalho excessivos e por más condições de trabalho, no-meadamente no que se refere à iluminação e à ventilação, demons-traram que o corpo humano, apesar da sua imensa capacidade de adaptação, tem um rendimento muito maior quando o trabalho de-corre em condições adequadas.

Pode-se assim afirmar que na maior parte dos casos a produtividade é afetada, pela conjugação de dois aspetos importantes:

Θ um meio ambiente de trabalho que exponha os trabalhadores a riscos profissionais graves (causa direta de acidentes de trabalho e de doenças profissionais);Θ a insatisfação dos tripulantes/trabalhadores face a condições de trabalho que não se adequem com as suas características físicas e psicológicas.

Em geral as consequências revelam-se numa baixa quantitativa e qualitativa do trabalho executado, numa rotação excessiva dos tripu-lantes/trabalhadores, falta de motivação e num elevado absentismo.

Fica assim explicado que as condições de trabalho e as regras de se-gurança e saúde e higiene, constituem um fator da maior importância para a melhoria de desempenho dos tripulantes/trabalhadores e do trabalho a bordo, através do aumento da sua produtividade.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 27

3. A prevenção de acidentes no sector da hotelaria a bordo dos navios

3.1 Acidente versus Incidente de Trabalho

Acidente de Trabalho – definição

“É acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tem-po de trabalho, produzindo lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho, ou de gan-ho, ou a morte.”

As principais causas de acidentes de trabalho podem resultar de atos inseguros ou de condições inseguras.

1. Acidentes de Trabalho que resultam de Atos Inseguros

Estão aqui incluídas as falhas humanas que decorrem da execução de tarefas de forma contrária às normas de segurança, como por exem-plo:

Θ Agir sem autorização/permissão;Θ Deixar de chamar a atenção;Θ Não usar os EPI’s (Equipamentos de Protecção Individual);Θ Brincadeiras no local de trabalho;Θ Consumo de álcool e drogas;Θ Não utilizar e/ou danificar os dispositivos de segurança;Θ Não cumprir com as normas de segurança.

2. Acidentes de Trabalho que resultam de Condições Inseguras

Estão aqui incluídas as falhas técnicas presentes no ambiente de tra-balho e que comprometem a segurança dos tripulantes/trabalhado-res.

A PREVENÇÃO DE ACIDENTES NO SECTOR DA HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 29

laria a bordo dos navios são comuns aos que ocorrem em unidades hoteleiras em terra, porém o nível de perigosidade e de probabilida-de de ocorrência aumentam tendo naturalmente presente as condi-ções em que o trabalho é executado, o balanço do navio, por mais ténue que seja potencia o desequilíbrio e simultaneamente exige um esforço acrescido do sistema esquelético muscular por forma a con-trariar o balanço e assim manter o corpo em equilíbrio.

A chave da questão reside na manutenção de um ambiente traba-lho seguro e saudável e esta é uma questão da responsabilidade de todos, tripulantes/trabalhadores, responsáveis, gestores e emprega-dores.

O impacto financeiro dos acidentes de trabalho é muito mais elevado do que os custos de prevenção e um acidente de um tripulante/tra-balhador para além dos custos diretos associados à sua recuperação há que somar os custos de rendição, de formação de outra pessoa e os custos não quantificados da indisponibilidade de um bom tripulan-te/trabalhador.

Infelizmente todos nós sabemos que é impossível acabar com os aci-dentes de trabalho. No entanto, uma grande parte pode ser sempre evitada se combinarmos a aplicação de boas práticas de gestão e de supervisão com ações de formação adequadas.

A questão essencial reside na identificação, eliminação (ou pelo me-nos a minimização) dos riscos que possam existir nos mais variados locais de trabalho.

No sector da hotelaria abordo dos navios existe um conjunto de situa-ções potenciadoras de risco para os trabalhadores, os quais poderão ser agrupados da forma que se apresenta de seguida.

É pois da maior importância que, para as situações de risco identifica-das se possam apresentar ao mesmo tempo, as respectivas medidas de prevenção, para que a sua aplicação diminua desde logo a possibi-lidade de acidente e assim aumentar os níveis de segurança.

Θ Falta de dispositivos de proteção/segurança adequados (Ex: siste-mas de extinção de incêndios, sprinklers, detetores de fumos, etc.);Θ Iluminação inadequada ou insuficiente;Θ Arrumação e limpeza deficientes;Θ Ventilação inadequada;Θ Excesso de ruído e/ou vibração.

3. Incidente de Trabalho – O que é ?

Um incidente de trabalho é uma ocorrência anormal que contém um evento perigoso ou não desejado, o qual em circunstâncias diferen-tes, poderia ter resultado em lesões para as pessoas, danos à proprie-dade ou perdas para o processo.

“Um incidente é um acontecimento indesejado que pode dar origem a um acidente”.

A análise dos incidentes ou quase acidentes é importante porque for-nece informações importantes para a prevenção de acidentes futu-ros.

3.2 O Risco

Na essência, os riscos associados ao trabalho nas atividades de hote-

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 31

Situações potenciadoras do risco

Θ Quedas, escorregadelas e tropeções;Θ Facas e equipamentos de corte;Θ Queimaduras e escaldões;Θ Riscos elétricos;Θ Ergonomia e manuseamento manual de pesos e lesões musculo esqueléticas;Θ Ruido;Θ Substâncias perigosas / Produtos químicos;Θ Riscos biológicos;Θ Gás pressurizado utilizado nas máquinas de bebidas;Θ Trabalho em ambientes aquecidos;Θ Riscos de incêndio;Θ Riscos psicossociais.

3.3 Quedas, Escorregadelas e Tropeções

São de longe a causa mais comum de acidentes no sector hoteleiro a bordo dos navios, especialmente nas cozinhas.

As quedas, escorregadelas e tropeções são maioritariamente causa-das por pavimentos escorregadios devido ao derrame de águas, ali-mentos ou óleos alimentares.

A origem do risco

1. Proveniente do meio envolvente ao posto de trabalho

Θ Iluminação;Θ Ventilação;Θ Espaço físico (balanço próprio do navio);Θ Ruído e Vibrações (normais resultantes da propulsão do navio);Θ Riscos térmicos;Θ Incêndio e explosão;Θ Máquinas, equipamentos e utensílios;Θ Movimentação de pesos;Θ Riscos elétricos.

2. Proveniente dos produtos manuseados

Θ Substâncias perigosas / Químicos;Θ Biológicos.

3. Provenientes da ação do tripulante/trabalhador

Θ Inexperiência/ignorância;Θ Desrespeito de regras;Θ Desatenção/distração;Θ Fadiga;Θ Stress.

4. Psicossociais

Θ Organização do trabalho;Θ Turnos;Θ Tipo de Trabalho;Θ Stress.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 33

3.4 Facas e equipamentos de corte

Cortadoras, picadoras, misturadoras e facas são instrumentos essen-ciais e amplamente utilizados em cozinhas profissionais.

A maior parte das lesões sofridas na cozinha são cortes, que ocorrem ao se utilizarem os instrumentos ou quando se procede à sua limpeza.

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos potenciais em cada situação específica e imple-mentar um plano com o objetivo de reduzir/eliminar o respetivo risco e divulgar a informação adequada junto dos tripulantes/trabalhado-res;Θ Preferir utensílios manuais c/ cabos antiderrapantes;Θ Proteger arestas cortantes dos utensílios;Θ Afiar as facas e mantê-las em boas condições;Θ Lavar as facas separadamente;Θ Utilizar uma faca adequada à tarefa que se vai executar;Θ Utilizar uma prancha de corte adequada e não escorregadia;Θ Guardar as facas num bloco para facas apropriado, numa prateleira para facas adequada;Θ Proteger as partes cortantes das máquinas;Θ Certificar que todas as máquinas têm proteções integradas e que todos os trabalhadores as usam aquando da sua utilização. As corta-

Existe um conjunto de fatores que contribuem para o aumento do risco associado a este tipo de situações, designadamente:

- Utilização de calçado não apropriado;- Caminhar apressado ou correr;- Distrações;- Não utilização dos corrimãos das escadas.

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos potenciais em cada situação específica e imple-mentar um plano com o objetivo de reduzir/eliminar o respetivo risco e divulgar a informação adequada junto dos tripulantes/trabalhado-res;Θ Zelar pela boa conservação, realizar e manter a limpeza adequada dos locais de trabalho e das zonas de acesso e desobstruir as vias de circulação mantendo-as livres de obstáculos;Θ Privilegiar a aplicação de pavimentos antiderrapantes;Θ Sinalizar desníveis;Θ Utilizar calçado apropriado;Θ Manter iluminação adequada e os espaços devidamente ilumina-dos;Θ Fechar as portas dos fornos, máquinas de lavar e armários;Θ Andar. Nunca correr;Θ As escadas/escadotes a utilizar deverão ser de dimensão adequa-da à tarefa que se pretende efetuar. As extremidades superiores e inferiores das escadas devem estar equipadas com proteções anti-derrapantes. Nunca utilizar outros objetos como substitutos, nomea-damente cadeira, bancos, caixas, barris, etc.;Θ Os compartimentos das escadas deverão ser devidamente ilumina-dos e equipados com corrimãos resistentes;Θ Utilizar tapetes antiderrapantes;Θ Instalar sinalética de segurança nos locais apropriados chamando a atenção para os perigos;Θ Atenção redobrada nas áreas mais escondidas, nomeadamente, câ-maras frigoríficas, zonas de carga e as traseiras dos bares.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 35

travessas ou utensílios que estejam quentes;Θ Avisar os empregados de mesa e os clientes da presença de pratos quentes;Θ Colocar janelas na porta da cozinha, para permitir a visualização em ambos os sentidos e assim garantir a circulação em segurança dos empregados de mesa;Θ Equipar as máquinas e equipamentos com dispositivos de seguran-ça (sensores e termostatos);Θ Dar formação aos tripulantes/trabalhadores sobre boas práticas no manuseamento de peças quentes, como, por exemplo, a de levantar as tampas dos tachos a alguma distância do corpo;Θ Manter as asas das frigideiras ou dos tachos viradas para o interior do fogão;Θ Destapar de modo correto tachos e panelas;Θ Utilizar proteções para utensílios quentes;Θ Colocar pegas em posição adequada;Θ Agarrar as peças quentes com a ajuda de pegas de material ade-quado;Θ Limpar gorduras acumuladas em pegas.

O óleo quente constitui um risco elevado para os tripulantes/traba-lhadores que utilizam fritadeiras. Os tripulantes/trabalhadores po-dem sofrer queimaduras graves em contacto com os óleos ou as gor-duras quentes, caso não tomem as devidas precauções ou caso não utilizem o equipamento adequado.

Utilização segura das fritadeiras

Θ Utilizar dispositivos de imersão automática dos alimentos;Θ Deixar o óleo e a gordura arrefecerem antes de os escoar;Θ Certificar que os recipientes são suficientemente grandes e resis-tem a temperaturas elevadas;Θ Utilizar equipamento de proteção individual adequado.

doras devem ter protetores de polegares e dispositivos de segurança para o final das peças em corte;Θ Os botões para desligar as máquinas/equipamentos devem ser de fácil acesso;Θ Usar equipamentos individuais de proteção;Θ Eliminar utensílios danificados;Θ Dar formação aos tripulantes/trabalhadores para utilizarem as má-quinas/equipamentos em segurança.

3.5 Queimaduras e escaldões

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos potenciais em cada situação específica e imple-mentar um plano com o objetivo de reduzir/eliminar o respetivo risco e divulgar a informação adequada junto dos tripulantes/trabalhado-res;Θ Preferir equipamentos homologados;Θ Verificar termostatos;Θ Corrigir níveis em frio;Θ Utilizar utensílios adequados;Θ Evitar derrames e transbordos;Θ Utilizar um tabuleiro ou um carrinho para servir líquidos quentes,

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 37

parte dos casos, são consequência de stress e de esforço durante lon-gos períodos.

A elevação e o transporte de objetos pesados são uma das principais causas das dores lombares, enquanto as atividades repetitivas ou que exigem esforço físico e uma postura inadequada estão associadas a lesões dos membros superiores.

As lesões músculo-esqueléticas resultantes da movimentação ma-nual de pesos e do trabalho repetitivo são muito frequentes no sector da hotelaria e restauração.

As lesões músculo-esqueléticas constituem lesões das estruturas or-gânicas, como os músculos, as articulações, os tendões, os ligamen-tos e os nervos.

A maioria das lesões músculo-esqueléticas de origem profissional são perturbações cumulativas resultantes da exposição repetida a esfor-ços mais ou menos intensos ao longo de um período de tempo pro-longado.

No entanto, podem também assumir a forma de traumatismos agu-dos, como fraturas causadas por acidentes.

Estas perturbações afetam principalmente a região dorso lombar, a zona cervical, os ombros e os membros superiores, mas podem afetar também os membros inferiores situação mais frequente quando se trata de trabalho marítimo.

Os tripulantes/trabalhadores do sector da hotelaria e restauração podem incorrer num maior risco de desenvolver lesões músculo-es-queléticas devido ao facto do seu trabalho os obrigar, frequentemen-te, a permanecer de pé durante longos períodos e a trabalhar com posturas incorretas. Uma parte considerável do seu trabalho é fisica-mente exigente e stressante, para além de trabalharem muitas horas seguidas.

3.6 Riscos elétricos

Medidas de prevenção

Θ Manutenção da instalação elétrica em bom estado;Θ Não utilizar material elétrico com aparente defeito;Θ Não utilizar ligações múltiplas com sobrecarga;Θ Não tocar em componentes elétricos com mãos húmidas, nem ver-ter líquidos junto a estes;Θ Não efetuar a sua limpeza/manutenção sem os desligar;Θ Locais húmidos colocar tomadas estanques;Θ Sinalizar/remover equipamentos avariados.

3.7 Ergonomia e movimentação manual de pesos e lesões músculo-esqueléticas

Muitas atividades do sector da hotelaria a bordo dos navios exigem a movimentação manual de pesos.

A movimentação continuada de pesos, as posturas muitas vezes in-corretas, os pesos excessivos, podem originar lesões.

As lesões podem resultar de um único incidente grave, mas, na maior

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 39

A postura correta

Para levantar a carga, manter as costas retas e, aos poucos, esticar as pernas, observando:

- A carga próxima ao corpo;- Os pés separados e o peso do corpo corretamente distribuído;- A carga apoiada nas duas mãos;- Os joelhos dobrados;- O pescoço e as costas alinhados;- As costas retas e as pernas em movimento de esticar.

3.8 Ruido

Esta é uma questão essencial quando se fala de trabalho de hotelaria a bordo dos navios. O balanço do navio, que pode ser acentuado em situações de mau tempo, exigem um esforço suplementar de equilí-brio que potencia todos os riscos referidos anteriormente, alargando o risco de afetação destas perturbações aos membros inferiores os quais estão em permanente ação para corrigir o efeito do balanço e tentar manter a postura vertical.

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos potenciais em cada situação específica e imple-mentar um plano com o objetivo de reduzir/eliminar o respetivo risco e divulgar a informação adequada junto dos tripulantes/trabalhado-res;

Θ Utilizar, sempre que possível, meios au-xiliares e apoios mecânicos, (ex: carri-nhos); Θ Levantar e mover cargas de forma cor-reta. Colocar a carga tão próxima quanto possível do corpo no transporte e eleva-ção de pesos;Θ Transportar pesos mais leves e em

quantidades mais pequenas;Θ Solicitar ajuda para cargas mais pesadas;Θ Adequar a altura dos planos de trabalho à tarefa a executar;Θ Adequar o esforço à carga, executando mais deslocações;Θ Arrumar as prateleiras de forma segura;Θ Prever pausas curtas para maiores esforços ou posições não fisio-lógicas;Θ Adaptar a disposição do local de trabalho de acordo com os traba-lhadores e assegurar que os tripulantes/trabalhadores são instruídos acerca da forma de utilizar os apoios mecânicos.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 41

No sector da hotelaria e restauração, muitas substâncias represen-tam um risco sério para os trabalhadores, incluindo líquidos de lim-peza, detergentes para as máquinas, produtos de limpeza de canos, limpa-fornos, desinfetantes, produtos de limpeza das casas de banho, lixívias, esterilizadores de água e descalcificadores.

As substâncias perigosas podem provocar lesões ou doenças, se os tripulantes/trabalhadores estiverem em contacto com elas ou se não as utilizarem devidamente.

Os riscos mais comuns são o contacto com a pele ou com os olhos, a inspiração ou a ingestão.

Muitos produtos químicos de limpeza são perigosos por serem corro-sivos e poderem provocar queimaduras da pele e dos olhos.

Sem controlo adequado e devido ao uso continuado, alguns podem causar dermatites (pele seca, ulcerada, com escamas) ou outras irri-tações da pele, asma e problemas respiratórios.

Outra das causas da dermatite é o contacto com alguns alimentos, especialmente por tripulantes/trabalhadores que possam sofrer de alergias especificas, (ex: sumos de frutos e legumes, proteínas do pei-xe, marisco, carne e farinha).

Outras fontes de substâncias irritantes ou prejudiciais são a emissão de vapores da cozinha e a exposição continuada a ambientes de fumo.

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos potenciais em cada situação específica e imple-mentar um plano com o objetivo de reduzir/eliminar o respetivo risco e divulgar a informação adequada junto dos tripulantes/trabalhado-res;Θ Os agentes de limpeza devem ser mantidos, exclusivamente, em recipientes cuja forma ou designação não permita qualquer confusão com alimentos. Os recipientes que contêm agentes de limpeza de-

Ruídos próprios da cozinha, sinais sonoros repetitivos, máquinas de lavar louça, máquinas de ventilação, moinhos de café, aspiradores, equipamentos das lavandarias, música nos bares e, naturalmente, as conversas dos colegas ou dos clientes, tudo isto faz parte integrante do trabalho no sector da hotelaria e restauração a bordo dos navios.

Se tiver de levantar a voz para se fazer ouvir por alguém que esteja próximo de si, é possível que haja um problema de excesso de ruído no seu local de trabalho.

A exposição repetida durante períodos longos pode afetar a audição.

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos potenciais em cada situação específica e imple-mentar um plano com o objetivo de reduzir/eliminar o respetivo risco e divulgar a informação adequada junto dos tripulantes/trabalhado-res;Θ Minimizar os ruídos perigosos no local de trabalho;Θ Utilizar equipamento de proteção auricular adequado quando apropriado.

3.9 Substâncias perigosas / Produtos Quí-micos

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 43

Medidas de prevenção

Θ Utilizar sempre luvas de proteção na manipulação de resíduos;Θ Utilizar material descartável e produto desinfetante para limpeza de sangue e líquidos orgânicos;Θ Colocar em sacos separados e identificados roupa que apresente sangue e/ou líquidos corporais;Θ Efetuar higienização de pratos, copos, talheres e utensílios de co-zinha;Θ Manutenção periódica das condutas de ar condicionado;Θ Desinfestações periódicas;Θ Não permitir a entrada de animais.

3.11 Gás pressurizado utilizado em bebidas

No sector da hotelaria e restauração, o gás pressurizado é muito utili-zado na preparação de bebidas. A sua instalação inclui garrafas de gás comprimido com tubos de saída, bem como o respetivo equipamento de controlo e de mistura.

Em muitos restaurantes e bares, as instalações de gás e as garrafas de gás comprimido estão colocadas em locais mal ventilados.

Na preparação de bebidas, são utilizados o azoto, o dióxido de carbo-

vem ser marcados para que o risco possa ser reconhecido por todos os utilizadores;Θ Manter rótulos em bom estado;Θ Quando são utilizados agentes de limpeza perigosos, deve ser usa-do equipamento de proteção. O equipamento de proteção pessoal deve incluir máscaras de proteção ou óculos de segurança, eventual-mente uma proteção contra a inalação, luvas de proteção, avental de borracha e botas de segurança;Θ Devem ser fornecidas instruções de utilização que definam os ris-cos desses agentes de limpeza perigosos para as pessoas e para o am-biente, bem como as medidas de prevenção e as normas de conduta necessárias;Θ Dispor de fichas toxicológicas;Θ Ventilação adequada no local de manuseamento;Θ Armazenamento adequado;Θ Não utilizar embalagens para outros fins;Θ A forma mais eficaz de proteger os trabalhadores do fumo passivo é a criação de zonas para não fumadores. Se tal não for possível, de-vem ser instalados bons sistemas de ventilação.

3.10 Riscos biológicos

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 45

número e a dimensão das garrafas de gás pressurizado;Θ Inspecionar regularmente a manutenção das canalizações, tuba-gens e acessórios, e conservar o sistema de acordo com as instruções dos fabricantes. Anualmente, deverá ser efetuada uma inspeção por um profissionais credenciados.

3.12 Trabalho em ambientes aquecidos

Os tripulantes/trabalhadores do sector da hotelaria e restauração a bordo dos navios, correm riscos de stresse provocado pelo calor, ao descarregarem mercadorias, trabalhar em cozinhas e servirem os clientes.

Nas cozinhas, a confeção de alimentos torna o ambiente quente e húmido o que tende a agravar-se em climas quentes ou em determi-nados períodos do ano.

A exposição excessiva a um ambiente de trabalho muito aquecido pode provocar uma série de perturbações.

Erupções cutâneas e desmaios são os primeiros sintomas de tensão provocada pelo calor. Se não for tratado nas primeiras fases, o stresse provocado pelo calor pode ter efeitos graves sobre o organismo, po-dendo originar colapso, exaustão e cãibras induzidos pelo calor.

no e, em determinadas circunstâncias, ar comprimido.

O dióxido de carbono, um gás inodoro e incolor que desloca o oxigé-nio, é de longe o gás mais utilizado.

Consoante a concentração do gás e a duração da exposição, os tripu-lantes/trabalhadores podem sofrer dores de cabeça, suores, respi-ração acelerada, aceleração do ritmo cardíaco, falta de ar, tonturas, depressão, perturbação da visão e tremores.Concentrações elevadas do gás provocam carência de oxigénio, o que causa, dificuldades de raciocínio, inconsciência e, mesmo, a morte.

Medidas de prevenção

Θ Conhecer os riscos e proceder a uma avaliação dos riscos que abranja todas as pessoas que entram ou trabalham em locais de ar-mazenamento;Θ O armador/empregador deve sensibilizar o pessoal para os riscos inerentes à utilização de gás;Θ Instalar os recipientes de dióxido de carbono, em espaços abertos e ventilados;Θ Sempre que haja a possibilidade de ocorrer uma fuga significativa de gás, prever ventilação adequada, de modo a manter a atmosfera segura, e instalar um sistema de monitorização do gás com alarme. Este sistema deve funcionarpermanentemente e ser concebido de modo a alertar as pessoas com um alarme audível ou visível, antes de entrarem na zona de perigo;Θ Colocar sinalização de alarme adequada no exterior das zonas sus-cetíveis de acumular elevadas concentrações de gás;Θ Instalar iluminação adequada;Θ O acesso a espaços fechados deve ser limitado a pessoal autoriza-do. Os tripulantes/trabalhadores que operam a instalação de distri-buição de gás devem ter formação adequada e seguir corretamente as instruções dos fornecedores;Θ Definir medidas de emergência e dar formação aos tripulantes/tra-balhadores para observarem os procedimentos em vigor;Θ O fluxo logístico deve processar-se de forma a reduzir ao mínimo o

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 47

3.13 Riscos de incêndio

É significativo o risco de incêndio no sector da hotelaria e restauração a bordo dos navios, especialmente em cozinhas, onde existem cha-mas, óleos aquecidos e outras substâncias inflamáveis;

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos potenciais em cada situação específica e imple-mentar um plano com o objetivo de reduzir/eliminar o respetivo risco e divulgar a informação adequada junto dos tripulantes/trabalhado-res;Θ Retirar todo o material inflamável não estritamente necessário ao período de laboração e fora de fontes de calor;Θ Manter o equipamento elétrico em boas condições e proceder re-gularmente à sua verificação;Θ Equipar as fritadeiras com termóstatos, a fim de prevenir o sobrea-quecimento;Θ Limpar as torneiras de óleo, exaustores e filtros;Θ Assinalar as saídas de emergência e mantenha-as desobstruídas;Θ Colocar nos locais adequados os extintores de incêndio e proceder à sua verificação periódica;Θ Instalar sistemas automáticos de deteção de incêndios e de asper-são;Θ Verificar periodicamente o equipamento de combate a incêndios;Θ Sinalizar equipamento de combate, saídas de emergência. Estas

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos potenciais em cada situação específica e imple-mentar um plano com o objetivo de reduzir/eliminar o respetivo risco e divulgar a informação adequada junto dos tripulantes/trabalhado-res;Θ Instalar ventilação adequada em função do espaço de trabalho. Em cozinhas industriais, a ventilação com circulação do ar afigura-se a forma mais eficaz de reduzir a temperatura e os vapores de cozinha que contêm substâncias perigosas;Θ Cozinhar por indução, com ‘calor frio’ propagado através de cam-pos magnéticos quando aplicável;Θ Reduzir a humidade com recurso a ar condicionado e a desumidifi-cadores, e através da diminuição das fontes de humidade; por exem-plo, banheiras, esgotos e válvulas de vapor com fugas;Θ A climatização pode reduzir a tensão provocada pelo calor;Θ Prever períodos de repouso em zonas mais frescas para aliviar o stresse provocado pelo calor;Θ Reduzir as exigências de esforço físico em ambientes de trabalho aquecidos, evitando movimentações manuais de carga desnecessá-rias;Θ Manter uma reserva de água fresca próximo da zona de trabalho, de modo a que os tripulantes/trabalhadores possam repor os fluidos;Θ Utilizar equipamento de proteção individual. Deverá ser usada rou-pa fresca, confortável e transpirável, nomeadamente de algodão, que permita a circulação do ar e a evaporação do suor;Θ Instruir os tripulantes/trabalhadores acerca dos perigos de traba-lhar com calor e dos benefícios de aplicar os controlos e os métodos de trabalho adequados.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 49

3.15 EPC’s - Equipamentos de Proteção Co-letiva - EPI’s - Equipamentos de Proteção Indi-vidual

Por forma a melhor entender o conceito e a necessidade de utilização dos EPI’s é importante entender o conceito de Proteção Coletiva.

1. Proteção Coletiva

As medidas de proteção coletiva são medidas que protegem simulta-neamente a tripulação, os passageiros, os visitantes, etc. consoante a situação do navio.

2. Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC´s

São todos os dispositivos instalados ou decisões tomadas com o obje-tivo de proteger a integridade física e a saúde dos tripulantes/traba-lhadores, através da eliminação, do isolamento ou da diminuição dos efeitos de um agente de risco agressivo.

As medidas ou equipamentos de proteção coletiva devem ser sem-pre prioritários em relação à adoção de equipamentos de proteção individual e devem possuir caráter técnico, administrativo e/ou for-mativo. Ao contrário dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que visam proteger a integridade física do tripulante/trabalhador que

deverão estar devidamente desobstruídas;Θ Assegurar que os tripulantes/trabalhadores têm formação de segu-rança contra incêndios.

3.14 Riscos psicossociais

Os fatores de risco psicossociais estão associados à organização e às exigências do trabalho.

Solicitações contraditórias, falta de controlo sobre o trabalho e falta de apoio por parte dos colegas ou supervisores constituem outros fatores de risco.

Longos períodos de trabalho, frequentemente à noite, são uma fonte de tensão para os tripulantes/trabalhadores do sector da hotelaria e restauração.

Também o contacto com clientes difíceis pode originar stress e até mesmo assédio ou violência.

Medidas de prevenção

Θ Avaliar os riscos para a saúde e a segurança no local de trabalho e, em seguida, se for caso disso, melhorar os níveis de segurança;Θ Reduzir horários de trabalho longos e irregulares;Θ Reduzir as cargas de trabalho elevadas e reformular tarefas;Θ Envolver os tripulantes/trabalhadores nos processos de decisão da organização do trabalho;Θ Melhorar a segurança dos tripulantes/trabalhadores em contacto com o público e promover formação sobre a forma de lidar com clien-tes difíceis e agressivos.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 51

Alguns dos EPI’s mais utilizados na hotelaria a bordo são:

Θ Calcado;Θ Luvas;Θ Proteção auditiva.

Proteção dos pés

Os membros inferiores, por estarem fora do alcance do campo de visão, são suscetíveis a acidentes causados, fundamentalmente, por riscos de origem mecânica, química, térmica, elétrica e de queda por escorregamento. Destes riscos podem surgir diferentes danos, des-de esmagamento, a fraturas, bem como queimaduras, perfurações e eletrocussão. Para garantir a proteção dos membros inferiores, deve-se garantir a utilização de calçado confortável, eficaz e resistente, tendo em consi-deração as condições específicas de utilização.

Proteção das mãos

Os ferimentos nas mãos são os mais frequentes por serem as partes mais vulneráveis do corpo, pois são elas que manipulam os objetos, utilizam equipamentos e contactam com produtos agressivos.

A proteção das mãos é efetuada através do uso de luvas, existindo no mercado diversos tipos em função do fim a que se destinam. Podem ser constituídas de diferentes materiais nomeadamente, de couro, de tecido, de borracha natural ou sintética e ainda de malhas metálicas.

Existem assim luvas para diferentes tipos de agressões, nomeada-mente os devidos a riscos mecânicos, elétricos, térmicos, químicos e de origem biológica.

As agressões às mãos podem ser lentas (provocando dermatoses) ou rápidas (provocando cortes, arranhões, picadelas, queimaduras, etc.). A proteção individual das mãos é preferencialmente realizada por luvas escolhidas em função dos riscos a que os tripulantes/tra-

os utiliza, as medidas ou equipamentos de proteção coletiva têm por objetivo proteger a tripulação, passageiros, visitantes, etc.

São exemplos de EPC’s:

Θ Adequação das instalações para a atividade;Θ Distribuição física dos equipamentos;Θ Proteção dos equipamentos;Θ Iluminação eficiente;Θ Sinalização;Θ Proteção contra incêndio;Θ Manutenção, limpeza e conservação do ambiente e dos equipa-mentos;Θ Formação de segurança;Θ Programas de prevenção (exercícios, etc).

3. Equipamentos de Proteção Individual – EPI´s

Considera-se EPI todo o equipamento e qualquer complemento ou acessório destinado a ser utilizado pelo tripulante/trabalhador para se proteger dos riscos profissionais.

Atenção : Roupa de trabalho e fardas de utilização regular não são EPI’s.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 53

balhadores estão submetidos e tendo em conta o respetivo desem-penho.

Uma luva é definida como um EPI que protege a mão ou parte dela contra riscos, de corte por impacto, eletricidade estática, químicos, bacteriológicos, por frio, por calor e fogo, podendo em alguns casos cobrir também parte do antebraço e o braço.

Proteção auditiva

A ação do ruído sobre os tripulantes/trabalhadores pode ter reflexos nocivos sobre o aparelho auditivo e a nível psicológico pode provocar acréscimos de tensões que podem gerar situações favoráveis à ocor-rência de acidentes. Estes riscos devem ser reduzidos a um nível tão baixo quanto possível através da utilização protetores auriculares e tampões protetores.

Os protetores referidos devem ser escolhidos de uma forma adequa-da para os valores limite de exposição ao ruído.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 55

4. Fatores de Qualidade no Trabalho em Hotelaria a Bordo dos Navios

Risco Ambiente físico do trabalho a bordo

Consequências para a saúde

Níveisde

Ruido

Cozinhas (existência dos mais variados utensílios, tachos, panelas, etc.);Discotecas, bares, casinos, salas de espetáculos (equipamento de som);Restaurantes (o nível de ruido pode ser elevado, os clientes falam, os tripulantes/tra-balhadores dão instruções em voz alta, louça a partir-se, fun-cionamento dos equipamentos, da ventilação e dos elevadores.

Perda de audição; fadiga mental e falta de concentração, podem conduzir ao acidente.

Iluminação insuficiente

Um ambiente acolhedor com pouca iluminação pode ser agradável para os passageiros (nos restaurantes, bares, salas de espetáculo e casinos) mas pose ser um foco causador de acidentes, quedas, queimadu-ras e fadiga visual.

Aumenta o risco de acidente.

FATORES DE QUALIDADE NO TRABALHO EM HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 57

Risco Ambiente físico do trabalho a bordo

Consequências para a saúde

Equipamento e tecnologia

A introdução de inovações tecnológicas e de novos eq-uipamentos é normalmente benéfica, porem não deixa também de poder introduzir novos problemas, devido ao uso incorreto ou desajeitado do equipamento, à simplificação de tarefas e aos movimentos repetitivos que podem originar.

Stress.

Quedas, Escorre-

gadelas e Tropeções

Derrames de comida nas passa-gens e corredores, objetos, pi-sos e tapetes escorregadios, ilu-minação insuficiente, desníveis dos pavimentos e degraus, falta de sinalização adequada;O balanço do navio, a idade do tripulante/trabalhador e a inex-periência aumentam o risco.

Os acidentes podem causar entorses, fratura de membros, lesões no pe-scoço e costas, cortes e feridas resultantes de quedas ou quedas contra as máquinas ou fritadeiras.

Risco Ambiente físico do trabalho a bordo

Consequências para a saúde

Problemas respiratórios e térmicos

Temperaturas elevadas (va-pores da confeção da comida);Correntes de ar (portas abertas e ar condicionado);Ambientes quentes e húmidos;Espaços contíguos alternando entre quentes e frios;Problemas de ambiente dos interiores, fraca qualidade do ar e cheiros;Substâncias perigosas, tóxicas e irritantes no ar (sujidade, gorduras, óleos, vapores, fumos e gases);Frio artificial nos paióis de man-timentos pode ser prejudicial.

Desconforto, stress do calor, incapacidade de concentração, cãibras muscu-lares, exaustão térmica, dores de cabeça, ataques cardía-cos.

Contato com substancias perigosas

Os tripulantes/trabalhadores estão expostos a substâncias químicas potencialmente peri-gosas (produtos de limpeza dos pavimentos e dos fornos, desin-fetantes, sabões e detergentes, pesticidas;Dermatites resultantes de tra-balho continuado com águas;Alergias cutâneas resultantes de contactos com comida, água em excesso, agentes e materi-ais de limpeza;Empregados de câmaras estão sujeitos a alergias e infeções biológicas.

Eczemas, in-feções cutâneas, irritações de ol-hos e nariz, aler-gias, doenças respiratórias.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 59

Risco Organização do trabalho a bordo

Consequências para a saúde

Violência, assédio e

descriminação

A violência, a ameaça e o as-sédio proveniente dos passage-iros, colegas e superiores é um risco significativo no ambi-ente fechado de bordo o que pode ser agravado no caso de consumo excessivo de bebidas alcoólicas pelo agressor.

A violência física inclui:Pontapés, empurrões, queimaduras intencionais e o atirar de objetos.

Elevadas cargas de tra-balho e níveis

de stress

Contato continuo com os tripu-lantes e/ou passageiros;Complexidade de algumas tare-fas que exigem elevados níveis de concentração;As cargas de trabalho nas horas de “picos” e o comportamento dos tripulantes e/ou passage-iros;Falta de substituição de cole-gas doentes o que aumenta as cargas de trabalho para os restantes.

Dores de cabeça, stress, medos, receios;Prejuízo na vida pessoal e profissional;Depressão;Tendência para o absentismo funcional.

Risco Ambiente físico do trabalho a bordo

Consequências para a saúde

Condições de Segurança

Utilização e circulação de objetos cortantes e produtos quentes entre o pessoal da cozinha;Os riscos para o pessoal de coz-inha, empregados de mesa e de bar estão diretamente relacio-nados com os ambientes físicos do trabalho (escadas, desníveis, tipo de pavimento, etc.);Os empregados de câmaras es-tão sujeitos a lesões ao limpar-em vidros partidos, etc.

Cortes, mem-bros presos em partes móveis, choques elétri-cos, feridas e outros.

Fumo e consumo de

álcool

Estas substâncias fazem parte do ambiente de hotelaria;As pessoas têm fácil acesso a estes produtos;O fumo passivo é um prob-lema para os tripulantes/tra-balhadores que desempenham as suas funções em locais onde é permitido fumar.

Sintomas de irritação respiratória. Esperança de vida menor.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 61

Risco Organização do trabalho a bordo

Consequências para a saúde

Formação, aprendizagem

e oportuni-dades de carreira.

Uma grande parte tende a ser trabalho indiferenciado pouco qualificado, apesar da exigência de formação ao nível da segu-rança marítima (ex.: segurança básica), etc.;Estrutura de desenvolvimento de carreira profissional limita-da.

Risco Horário e condições de tra-balho

Consequências para a saúde

Contratos longos, baixa

taxa de fidelização,

condições de vida a bordo

Longos períodos de embarque afastado do ambiente familiar;Trabalho por épocas (alguma sazonalidade);Alojamento partilhado e ex-íguo;Falta de privacidade.

Falta de equilíbrio da vida pessoal;Diminuição dos níveis de bem-estar psi-cológico e social.

Risco Organização do trabalho a bordo

Consequências para a saúde

Organização, gestão e

ambiente de trabalho

Os tripulantes têm que de-sempenhar mais do que uma função com diferentes tarefas dependendo do período do dia;O desempenho de mais do que uma função pode expor os tripulantes/trabalhadores a esforços de trabalho elevados e uma maior probabilidade de acidente face à falta de formação específica para cada uma delas;Por vezes os tripulantes/tra-balhadores sentem-se pressio-nados pelos colegas ou pelos passageiros;Este tipo de trabalho a bordo é característico da existência de picos o que faz aumentar a pressão sobre os tripulantes/trabalhadores.

Autonomia e controlo

Problemas relacionados com o controlo e verificações dos su-periores sobre o desempenho do trabalho, não haver tempo para intervalos e comunicação deficientes;Pouca autonomia e baixa pre-visibilidade no trabalho;Trabalho monótono sem cria-tividade e iniciativa.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 63

5. Doenças ProfissionaisA atividade profissional pode ser responsável por alterações da saúde se não for executada em condições adequadas.

O que são doenças profissionais?

Doença profissional é aquela que resulta diretamente das condições de trabalho e causa incapacidade para o exercício da profissão ou morte.

Em que é que as doenças profissionais diferem das outras doenças?As doenças profissionais em nada se distinguem das outras doenças, salvo pelo facto de terem a sua origem em fatores de risco existentes no local de trabalho.

Doenças profissionais mais comuns:

Θ Doenças provocadas por agentes químicos;Θ Doenças do aparelho respiratório;Θ Doenças cutâneas;Θ Doenças provocadas por agentes físicos;Θ Doenças infecciosas e parasitárias;Θ Tumores;Θ Manifestações alérgicas.

Causas mais comuns de doenças profissionais no sector da hotelaria a bordo dos navios:

Θ Esforços repetitivos;Θ Produtos tóxicos;Θ Poeiras;Θ Ruído;Θ Horário laboral.

DOENÇAS PROFISSIONAIS

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 65

6. Sinalização de Segurança

6.1 O que é?

De acordo com o Decreto-lei nº 141/95 de 14 de Junho, designa-se por sinalização de segurança e saúde:

“a sinalização relacionada com um objeto, uma atividade ou uma si-tuação determinada, que fornece uma indicação ou uma prescrição relativa a segurança ou a saúde no trabalho, ou a ambas, por inter-médio de uma placa, uma cor, um sinal luminoso ou acústico, uma comunicação verbal ou um sinal gestual”.

Constituem obrigações do armador/empregador a existência/instala-ção/aplicação nos diversos locais de trabalho a bordo, de sinalização de segurança e saúde bem como a sua boa visibilidade e bom estado de conservação, e ainda a indicação de quais as sinalizações que de-verão ter carácter permanente e acidental.

Sinalização de carácter permanente são as placas destinadas a loca-lizar e a identificar os meios de salvamento e socorro e o material e equipamento de combate a incêndios, bem como as placas e cores de segurança destinadas a indicar o risco de queda das pessoas.

Os sinais luminosos ou acústicos, os sinais gestuais e as comunicações verbais são, na sua maioria, sinalização acidental.

As placas de sinalização devem ser de materiais que ofereçam a maior resistência possível a choques, intempéries e agressões do meio am-biente devendo usar-se cores fosforescentes, materiais refletores ou iluminação artificial na sinalização de segurança.

No caso de dispositivos que funcionem mediante uma fonte de ener-gia deve ser assegurada uma alimentação alternativa de emergência.

SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 67

6.3 Sinais de Incêndio

Características dos sinais de incêndio Os sinais relativos ao material de combate a incêndios devem possuir as seguintes características:

Θ Forma retangular ou quadrada; Θ Pictograma branco sobre fundo vermelho, (a cor vermelha deve cobrir pelo menos 50% da superfície da placa.

Carretel

Indica o local onde se encontra as bocas de incêndio armadas tipo carretel.

Extintor

Este sinal permite identificar a localização dos extintores.

6.4 Sinais de Proibição

Características dos Sinais de Proibição

Os sinais de proibição devem possuir as seguintes características: Θ Forma circular;

6.2 Tipo e características dos sinais

Tipo de Sinais

Cor Significado ou Finalidade Indicações

Forma Ge-ométrica Exemplo

Vermelho

Proibição Atitudes perigosas

Incêndio Identificação Localização

Amarelo PerigoAtenção Precaução Verificação

Azul ObrigaçãoComportamentos Ações Específicas Utilização EPI´s

Verde Emergência

Indicação e localização de equipamento de emergência

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 69

Água não potável

Este sinal deve ser colocado em todos os locais onde exista água imprópria para consumo.

Proibida a entrada a pessoas não autori-zadas

Este sinal deve ser colocado em locais cujo acesso só pode ser facultado a deter-minadas pessoas.

Não Tocar

Deve ser colocado junto de materiais ou equipamentos sensíveis ao toque poden-do alterar a sua qualidade e/ou consti-tuam perigo.

Θ Pictograma negro sobre fundo branco, margem e faixa (diagonal descendente da esquerda para a direita, ao longo do pictograma, a 45º em relação à horizontal) vermelhas (a cor vermelha deve cobrir pelo menos 35% da superfície da placa.

Proibição de Fumar

Este sinal deve ser colocado em locais onde se pretenda impedir de fumar, de-vido a diversos fatores: Proteger a saúde das pessoas nos locais de trabalho; Pre-sença de atmosferas explosivas; Manu-seamento e/ou armazenamento de subs-tâncias inflamáveis; Locais com carga de incêndio elevada e facilmente inflamável.

Proibição de Fazer Lume e de Fumar

Este sinal deve ser colocado em locais onde se pretenda evitar a presença de chamas nuas, tais como: Presença de atmosferas explosivas; Manuseamento e/ou armazenamento de substâncias in-flamáveis; Locais com carga de incêndio elevada e facilmente inflamável; Na pro-ximidade de reservatórios de substâncias facilmente inflamáveis e/ou explosivas.

Proibição de Apagar com Água

Deve ser utilizado sempre que seja inter-dita a utilização de água como agente ex-tintor. Nas imediações deste local devem ser colocados agentes extintores alterna-tivos.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 71

Θ Perigoso quando molhado - Substâncias ou preparações que em contacto com a água ou ar húmido libertam gases extremamente in-flamáveis. em quantidades perigosas

Perigo – Substâncias Tóxicas

Este sinal adverte para a existência de substâncias perigosas para a saúde, num determinado local. Sempre que num local sejam armazenadas ou manuseadas subs-tâncias tóxicas que possam colocar em risco a saúde dos ocupantes desse local ou que exista na atmosfera concentrações

consideráveis destes produtos, este sinal deve estar presente. Este sinal pode estar associado às seguintes características:

1. Muito Tóxicas Quando as substâncias e preparações manuseadas podem, mesmo em pequena quantidade e quando em contacto com a pele, causar a morte ou risco de afeções agudas ou crónicas.

2. Cancerígenas Quando as substâncias e preparações manuseadas podem provocar cancro ou aumentar a sua incidência.

3. Mutagénicas Quando as substâncias e preparações manuseadas podem produzir defeitos genéticos hereditários ou aumentar a sua frequência.

4. Tóxicas para a reprodução Quando as substâncias e preparações manuseadas podem aumentar a frequência de efeitos prejudiciais não hereditários na progenitura ou atentar às funções ou capacidades reprodutoras masculinas ou fe-mininas.

6.5 Sinais de Perigo

Características dos sinais de perigo:

Os sinais de Perigo devem possuir as seguintes características:

Θ Forma triangular; Θ Pictograma negro sobre fundo amarelo, margem negra (a cor ama-rela deve cobrir pelo menos 50% da superfície da placa).

Alguns destes sinais podem estar presentes em rótulos de substân-cias e/ou produtos, alertando para caraterísticas destes produtos que possam constituir perigo.

Perigo - Substâncias Inflamáveis

Este sinal alerta para existência de subs-tâncias inflamáveis, devem ser colocados em armazéns, armários e/ou reservató-rios onde sejam armazenadas substâncias inflamáveis; Estes sinais podem conter na sua base as seguintes inscrições:

1. Extremamente Inflamáveis Substâncias cujo ponto de inflamação é extremamente baixo e cujo ponto de ebulição é baixo e substâncias e preparações gasosas que, à temperatura e pressão normais, são inflamáveis ao ar.

2. Facilmente inflamáveis: Θ Sólido muito inflamável - Substâncias e preparações no estado só-lido, que se podem inflamar facilmente por breve contacto com uma fonte de inflamação e que continuam a arder ou a consumir-se após retirada da fonte de inflamação; Θ Líquido muito inflamável - Substâncias no estado líquido, cujo pon-to de inflamação é muito baixo;

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 73

Perigo de EletrocussãoEste sinal adverte para o perigo de elec-trocução, devendo ser afixado nos locais onde existam fatores de risco para os tra-balhadores, por contacto direto ou indire-to com a energia elétrica.

Perigo - TropeçamentoEste sinal deve ser colocado em locais que devido às características do piso (sa-liências, sulcos desníveis, etc.) possam originar situações de tropeçamento e/ou queda, permitindo alertar os diversos ocupantes do local para o perigo a que es-tão expostos

Perigo – Queda com Desnível

Alerta para a probabilidade de ocorrência de acidentes, por queda, devido à existên-cia de desníveis. Esta sinalização deve es-tar presente em locais que devido ao seu funcionamento não podem comportar guarda-corpos ou outro tipo de barreiras.

Perigo – Baixas Temperaturas

Sempre que os locais onde se exerçam funções se encontrem a baixas tempe-raturas deve ser afixado este sinal. São exemplos de locais onde este sinal deve estar colocado, os seguintes: Câmaras Frigorificas; Locais específicos para conservação de alimentos.

Substâncias Corrosivas

Este sinal adverte para a presença de substâncias corrosivas, tais como ácido e bases, deve figurar nos armários ou na embalagem do produto e também nas portas de acesso aos locais de trabalho onde estas substâncias são utilizadas.

Perigo - Substâncias Nocivas ou Irritantes

Este sinal adverte para a presença de substâncias nocivas, que quando inala-das, ingeridas ou absorvidas através da pele podem causar a morte ou risco de afeções agudas ou crónicas. Deve figurar nos armários ou na embalagem do produ-

to e também nas portas de acesso aos locais de trabalho onde estas substâncias são utilizadas.

Este sinal pode conter associado as seguintes inscrições:

1. Irritantes Substâncias e preparações não corrosivas que, em contacto direto, prolongado ou repetido com a pele ou com as mucosas podem pro-vocar uma reação inflamatória;

2. Sensibilizantes Substâncias e preparações que, por inalação ou penetração cutânea podem causar uma reação de híper sensibilização tal que uma expo-sição.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 75

Proteção Obrigatória dos Pés

Este sinal deve ser utilizado sempre que seja obrigatório a utilização de calçado de proteção, tendo em consideração as condicionantes do local. Esta sinalização deve estar colocada nos acessos aos locais onde a proteção é exigida. Este sinal deve estar colocado, entre outros, nos seguin-tes locais:

Θ Locais escorregadios; Θ Locais onde exista probabilidade de queda de materiais e objetos; Locais onde se realizem operações de transporte e ar-mazenagem; Θ Industria alimentar.

Proteção Obrigatória das Mãos

Sempre que as tarefas a levar a efeito num determinado local obriguem a utilização de equipamentos de proteção individual das mãos (luvas) é necessário proceder à colocação deste sinal.

Entendem-se tarefas que obriguem a utili-zação de equipamento de proteção individual das mãos, todas aque-las que possam causar lesões nestes membros e as proteções coleti-vas existentes não permitem um grau de segurança adequado. São exemplos destas tarefas todas aquelas em que existe manipulação de objetos cortantes, bicudos, quentes e rugosos, agentes químicos, agentes biológicos ou quando em contacto com a corrente elétrica.

Perigo – Risco Biológico

Sempre que exista contacto com orga-nismos vivos, nomeadamente animais, ou detritos de organismos vivos deve ser colocado este sinal. São exemplos destes locais: Industrias alimentares, etc.

Perigos Vários

Quando não existe sinalização mais ade-quada ao perigo existente deve ser utiliza-do este tipo de sinal. Deve estar associado a uma placa identificativa e descritiva do perigo, para tornar mais fácil a perceção do perigo em causa.

6.6 Sinais de Obrigação

Características dos sinais de obrigação

Os sinais de obrigação devem possuir as seguintes características:

Θ Forma circular; Θ Pictograma branco sobre fundo azul, (a cor azul deve cobrir pelo menos 50% da superfície da placa).

Proteção Obrigatória do Corpo

Esta sinalização impõe a utilização de ves-tuário de proteção do corpo e deve ser uti-lizada sempre que seja necessário utilizar vestuário de proteção, por existir a possi-bilidade de ocorrerem agressões mecâni-cas, químicas, térmicas, radioativas, etc.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 77

Indicação da direção a seguirEstes sinais encontram-se normalmente associados a sinais de emergência, indi-cando a direção e sentido em que se en-contram os equipamentos sinalizados.

Indicação da Direção de uma saída de EmergênciaEstes sinais encontram-se colocados ao longo dos caminhos de evacuação e nas saídas de emergência, permitindo indicar a direção das vias/saídas de emergência, de modo a garantir a evacuação rápida e segura de um determinado local.

6.8 Sinalização de Obstáculos e Locais Peri-gosos

Todos os obstáculos ou locais perigosos que tenham potencial para causar acidente devem estar convenientemente sinalizados por dis-positivos adequados.

A sinalização de obstáculos e locais perigosos (vãos, buracos; desní-veis, etc…) deve ser efetuada por intermédio de faixas de cor verme-lho e branco ou amarelo e negro, alternadas com superfícies sensi-velmente iguais e uma inclinação de cerca de 45º. Estas faixas devem circundar, a totalidade do obstáculo ou local perigoso.

Obrigações Várias

Deve ser utilizado sempre que se preten-da impor um determinado comportamen-to para o qual não existe sinal específico. Assim sendo este sinal deve ser sempre acompanhado de placa adicional infor-mando quais as obrigações que devem ser cumpridas.

6.7 Sinalização de Emergência

Características dos sinais de emergência

Os sinais de salvamento ou de emergência devem possuir as seguin-tes características: Θ Forma retangular ou quadrada; Θ Pictograma branco sobre fundo verde (a cor verde deve cobrir pelo menos 50% da superfície da placa).

Primeiros SocorrosEste dispositivo deve estar a sinalizar os lo-cais onde se encontram as pessoas ou equi-pamentos para prestação de primeiros so-corros.

Telefone para SalvamentoEste dispositivo sinaliza o local onde se en-contra o telefone que deve ser utilizado para salvamento de ocupantes.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 79

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DA PICADORA E DA MISTURADORA

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DO MICRO ONDAS

SEGURANÇA DA FRITADEIRA

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DA MAQUINA

DE CORTAR/FATIAR

Θ Desligar a máquina da corrente elétrica para limpezasΘ Manter as mãos afastadas das máquinas quando em operaçãoΘ Utilizar o pilão para empurrar os alimentos. Evitar o uso de colheres, garfos, facas ou outros talheres.Θ Usar luvas ao utilizar a máquina por questões de higiene

Θ Não olhar de perto para o forno quando estiver ligadoΘ Este forno não poder ser utiliza-do por pessoas com pacemakersΘ Não podem ser colocados neste forno alimentos em embalagens metálicas ou embalados em papel de alumínio

Θ Desligar a fritadeira da corrente elétrica para limpezasΘ Ao encher a fritadeira, o nível de óleo deve ficar abaixo do indi-cador máximoΘ Secar os alimentos antes de introduzir no óleo quente para evi-tar os salpicos e o transbordarΘ Colocar o termostato a zero após a utilizaçãoΘ Limpar os salpicos imediata-menteΘ Nunca deixar a fritadeira a funcionar sem assistência

Θ Só os produtos fornecidos congelados é que podem ser colo-cados nas câmaras congeladorasΘ Embalar os alimentos de forma adequada para não ficarem quei-mados pelo frioΘ Organizar as câmaras conge-ladoras para assegurar a rotação adequada dos alimentosΘ Nunca voltar a congelar os alimentosΘ Nunca colocar os alimentos no chãoΘ Verificar a temperatura das câmaras regularmente

6.9 Sinalização Informativa Diversa

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DA

MAQUINA DE LAVAR LOUÇA

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE FACAS

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DA

TRITURADORA DE RESÍDUOS

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DA MAQUINA DE

CORTAR/FATIAR

Θ Desligar a máquina da corrente elétrica para limpezasΘ Evitar a sobrecarga da máquinaΘ Caso a máquina pare desli-gar imediatamente da corrente elétrica e da tomada de água e examinar o motivo da paragemΘ Deixar a máquina arrefecer antes de intervir para evitar escaldões e queimaduras

Θ Selecionar a faca adequada à tarefa a executarΘ Manter as lâminas afiadas e as pegas em boas condiçõesΘ Utilizar sempre tábuas de corteΘ Limpar a faca imediatamente após a sua utilizaçãoΘ Guardar as facas de forma apropriadaΘ Nunca tentar agarrar uma faca em queda

Θ Desligar a máquina da corrente elétrica para limpezasΘ Os restos de comida não devem conter ossos, talheres ou outros detritosΘ Caso a máquina pare desligar imediatamente da corrente elétri-ca e utilizar luvas para examinar o motivo da paragem

Θ Desligar a máquina da corrente elétrica para limpezasΘ Colocar as proteções antes de utilizar a máquinaΘ O indicador de espessura deve ser colocado no zero apos a uti-lização para prevenir ferimentos acidentais nos dedos e mãosΘ Usar luvas ao utilizar a máquina por questões de higiene

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 81

7. As Profissões de Hotelaria a Bordo dos Navios

7.1 A situação atual

Como se poderá facilmente considerar, as profissões de hotelaria (ca-tegorias marítimas do pessoal de câmaras identificadas que se iden-tificam no capitulo seguinte) poderão dar resposta às necessidades dos navios de carga e eventualmente aos navios “ferry” de passa-geiros (estes afetos a viagens de curta duração) mas estão longe de corresponder à realidade no que diz respeito aos navios de passagei-ros, nomeadamente aos navios de cruzeiros turísticos e à variedade de funções necessárias neste tipo de navios, os quais exigem a gama completa de funções que se encontram em qualquer unidade hote-leira/ “resort” turístico em terra.

Estamos perante uma lacuna no enquadramento jurídico nacional, o qual, para além daquelas três categorias, não prevê qualquer ou-tra via de acesso, à inscrição marítima (cédula marítima, documento cada vez mais fundamental para o emprego marítimo) aos mais va-riados profissionais com competências/qualificações na área da ho-telaria.

Hotel managers, barmen, chefes de sala, padeiros, pasteleiros, pes-soal da lavandaria, etc. são alguns exemplos de funções e profissões comuns e obrigatórias nos navios de cruzeiros turísticos, as quais não têm correspondência na regulamentação das profissões marítimas no nosso país, o que significa que as pessoas com este tipo de qualifi-cação, não conseguem aceder à já referida cédula marítima.

É importante que esta situação seja revista pelas entidades compe-tentes, o que propiciará o emprego de profissionais altamente quali-ficados no sector da hotelaria, abrindo-lhes novos horizontes e outras oportunidades de emprego.

AS PROFISSÕES DE HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 83

Compilação da legislação atualmente em vigor:

(Decreto-Lei 280/2001; Decreto-Lei nº 206/2005; Decreto-lei nº 226/2007)

ANEXO IIISECÇÃO IV

Pessoal de câmarasSUBSECÇÃO I

Mestrança de câmarasArtigo 47ºCozinheiro

1 — O cozinheiro exerce as funções inerentes ao serviço de cozinha.2 — Tem acesso à categoria de cozinheiro, o ajudante de cozinheiro que tenha seis meses de embarque.

SUBSECÇÃO IIMarinhagem de câmaras

Artigo 48ºEmpregado de câmaras

1 — O empregado de câmaras exerce as funções inerentes ao serviço de câmaras.2—Tem acesso à categoria de empregado de câmaras o indivíduo que satisfaça um dos seguintes requisitos:a) Seja profissional de hotelaria titular de carteira profissional de em-pregado de mesa de qualquer categoria;b) Possua experiência profissional no exercício de funções de empre-gado de câmaras a bordo de navios de bandeira estrangeira durante um período não inferior a 180 dias, comprovado por declaração da empresa armadora ou de seu representante.3—Em ambos os casos referidos no número anterior, deverá o inte-ressado ser titular de certificado de segurança básica ou de prova documental de ter frequentado curso de formação que inclua as ma-térias indicadas nas tabelas A-VI/1-1, A-VI/1-2, A-VI/1-3 e A-VI/1-4 do Código STCW.

Naturalmente que qualquer solução deverá assentar em requisitos de formação sólida em matéria de segurança, higiene e saúde no tra-balho e de segurança marítima.

7.2 Enquadramento regulamentar nacional

As profissões relacionadas com a hotelaria a bordo dos navios en-contram no ordenamento jurídico nacional a sua correspondência no comummente designado RIM (Regulamento de Inscrição Marítima), publicado pelo Decreto-lei nº 280/2001 de 23 de Outubro e poste-riormente alterado pelo Decreto-lei nº 206/2005 de 28 de Novembro de 2005 e pelo Decreto-Lei nº 226/2007 de 31 de Maio.

Existem atualmente três categorias profissionais marítimas para dar resposta às funções de hotelaria a bordo dos navios (legalmente de-signadas como “PESSOAL DE CÂMARAS”), o cozinheiro, o empregado de câmaras e o ajudante de cozinheiro, o primeiro enquadra-se no escalão da mestrança e os dois seguintes no escalão da marinhagem.

É o cumprimento dos requisitos específicos de acesso a cada uma daquelas categorias, que permite a inscrição marítima e por essa via o acesso à cédula marítima, documento nacional que atesta a quali-dade de marítimo e que faculta o embarque e o exercício das respec-tivas funções.

Indica-se de seguida, por transcrição, com a introdução das respecti-vas alterações, o conteúdo e requisitos de acesso às categorias men-cionadas, nos termos da legislação em vigor e a obrigação do tripu-lante/trabalhador marítimo ser titular de certificado de aptidão física para o exercício de funções a bordo dos navios.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 85

7.3 A regulamentação internacional

As profissões de hotelaria a bordo dos navios, como qualquer outra profissão marítima exercida a bordo de navios mercantes nos dias de hoje, regem-se por dois grandes instrumentos convencionais interna-cionais de duas organizações das Nações Unidas, a Convenção STCW (Standards of Training, Certification and Watchkeeping) da OMI, Or-ganização Marítima Internacional e da MLC (Maritime Labour Con-vention) da OIT, Organização Internacional do Trabalho.

De acrescentar que as disposições de direito comunitário sobre esta matéria refletem e replicam os instrumentos internacionais referidos no parágrafo acima e são transpostos em direito interno pelo que não merecem no âmbito desta publicação uma referência especifica.

7.4 A Convenção do Trabalho Marítimo (MLC 2006) : Disposições relativas à segurança e saúde dos marítimos

Em 2006 foi aprovada pela OIT – Organização Internacional do Traba-lho a designada Convenção do Trabalho Marítimo, internacionalmen-te conhecida como a MLC 2006 (Maritime Labour Convention), a qual no âmbito do seu Título 4 – Proteção da Saúde, Cuidados Médicos, Bem-estar e Proteção em Matéria de Segurança Social, inclui a Regra 4.3 a que corresponde a que corresponde a respetiva Norma 4.3 e os subsequentes Princípios Orientadores, todos com enfoque nas ques-tões da proteção da saúde e segurança a bordo dos navios.

Esta Convenção entrou em vigor no passado dia 20 de Agosto e será com certeza um documento de referência na defesa dos direitos dos trabalhadores marítimos.

Pela sua importância e relevância, tendo presente o tema/objetivo desta publicação e a certeza que a divulgação desta informação cons-

Artigo 49ºAjudante de cozinheiro

1 — O ajudante de cozinheiro exerce as funções inerentes aos servi-ços de cozinha, em colaboração com o cozinheiro.2 — Têm acesso à categoria de ajudante de cozinheiro, os profissio-nais de hotelaria titulares de carteira profissional de cozinheiro de qualquer categoria.

O Certificado de aptidão física e psíquica dos marítimosArtigo 17.º (DL 280/2001)

Comprovação da aptidão física e psíquica1 - A inscrição marítima e o trabalho a bordo dependem da compro-vada aptidão física e psíquica dos marítimos.2 — A aptidão física e psíquica é comprovada por certificado emitido por médicos com a especialidade de medicina do trabalho reconheci-da pela Ordem dos Médicos, ou, nasua falta, por médicos em serviço nos centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde.3 — Os exames médicos e a emissão de certificados de aptidão física e psíquica dos marítimos devem respeitar as normas internacionais sobre a matéria em vigor no ordenamento jurídico nacional para cada um dos sectores abrangidos por este diploma.4 — Os médicos que recusarem a emissão de um certificado de ap-tidão física e psíquica, sem prejuízo da necessária confidencialidade, são obrigados a fundamentar a sua decisão.5 — O IMP deve elaborar e manter atualizada uma lista dos médicos e dos serviços de saúde a que os marítimos possam recorrer, que lhes deve ser disponibilizada para efeitos de consulta.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 87

lesões e doenças profissionais a bordo dos navios, incluindo medidas para a redução e prevenção dos riscos de exposição a níveis nocivos de fatores ambientais e de produtos químicos, bem como os riscos de lesão ou de doença que possam resultar da utilização do equipamen-to e das máquinas a bordo dos navios;c) Programas a bordo para a prevenção dos acidentes de trabalho, das lesões e doenças profissionais, bem como uma melhoria contínua da proteção da segurança e da saúde no trabalho, com a participação dos representantes dos marítimos e de quaisquer outras pessoas in-teressadas na sua aplicação, tendo em conta medidas de prevenção, incluindo o controlo de engenharia e de projeto, a substituição de processos e procedimentos para tarefas coletivas e individuais, e a utilização de equipamento de proteção pessoal; ed) Prescrições relativas à inspeção, à notificação e à correção de si-tuações perigosas, bem como à investigação e ao inquérito sobre os acidentes de trabalho ocorridos a bordo e à sua notificação.2. As disposições previstas no parágrafo 1 da presente Norma devem:a) Ter em conta instrumentos internacionais aplicáveis relativos à proteção da segurança e da saúde no trabalho em geral, bem como aos riscos específicos, e tratar de todos os aspetos da prevenção dos acidentes de trabalho, lesões e doenças profissionais suscetíveis de aplicação ao trabalho dos marítimos, em especial daqueles específi-cos à profissão de marítimo;b) Especificar claramente a obrigação de os armadores, os marítimos e outras pessoas interessadas cumprirem as normas aplicáveis bem como as políticas e programas aplicáveis ao navio em matéria de se-gurança e saúde no trabalho, devendo ser concedida uma atenção especial à saúde e à segurança dos marítimos menores de 18 anos;c) Especificar as funções do comandante ou da pessoa por ele desig-nada, ou de ambos, para assumir a responsabilidade específica da aplicação e do cumprimento da política e do programa do navio em matéria de segurança e saúde no trabalho;d) Especificar a autoridade de que são investidos os marítimos do na-vio que tenham sido nomeados ou eleitos enquanto delegados para a segurança, para participarem nas reuniões da comissão de segurança do navio. Tal comissão deve ser criada a bordo de embarcações onde se encontrem cinco ou mais marítimos.

titui um fator dinamizador da sua aplicação, decidiu-se replicar nestas páginas o texto relevante da versão portuguesa constante no sítio da internet da Organização Internacional do Trabalho.

“Regra 4.3 - Proteção da saúde e da segurança e prevenção de Aci-dentes

Objetivo: garantir que o ambiente de trabalho dos marítimos a bordo dos navios contribui para a sua saúde e segurança no trabalho

1. Todos os Membros devem assegurar que os marítimos que traba-lham a bordo de navios que arvoram a sua bandeira beneficiem de um sistema de proteção da saúde no trabalho e que vivam, traba-lhem e se formem a bordo dos navios num ambiente seguro e são.2. Todos os Membros devem, após consulta às organizações repre-sentativas de armadores e de marítimos, e tendo em conta os có-digos, diretivas e normas aplicáveis recomendadas pelas organiza-ções internacionais, as administrações nacionais e os organismos do sector marítimo, elaborar e promulgar diretivas nacionais relativas à gestão da segurança e da saúde no trabalho a bordo dos navios que arvoram a sua bandeira.3. Todos os Membros devem adotar legislação e outras medidas rela-tivas às questões especificadas no Código, tendo em conta os instru-mentos internacionais aplicáveis, e estabelecer as normas relativas à proteção da segurança e da saúde no trabalho e à prevenção dos acidentes a bordo dos navios que arvoram a sua bandeira.

Norma A4.3 - Proteção da saúde e da segurança e prevenção de aci-dentes

1. A legislação e as outras medidas a adotar, de acordo com o pará-grafo 3 da Regra 4.3, devem incluir os seguintes aspetos:a) A adoção e a aplicação efetivas, bem como a promoção de políticas e programas de segurança e saúde no trabalho a bordo dos navios que arvoram a bandeira do Membro, incluindo a avaliação dos riscos, a formação e a instrução dos marítimos;b) As precauções razoáveis para prevenir os acidentes de trabalho, as

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 89

Princípio orientador B4.3 - Proteção da saúde e da segurança e pre-venção dos acidentes

Princípio orientador B4.3.1 - Disposições relativas aos acidentes de trabalho, às lesões e doenças profissionais

1. As disposições referidas na Norma A4.3 deveriam ter em conta a Recolha de diretivas práticas do BIT intitulada Prevenção dos Aciden-tes de Trabalho a bordo dos Navios no Mar e nos Portos, 1996, e versões posteriores, bem como outras normas e diretivas conexas da Organização Internacional do Trabalho, e ainda outras normas, direti-vas e recolhas de diretivas práticas internacionais relativas à proteção da segurança e da saúde no trabalho, incluindo os níveis de exposição neles identificados.2. A autoridade competente deveria assegurar que os princípios orientadores nacionais relativos à gestão da segurança e da saúde no trabalho incidam especialmente sobre os seguintes pontos:a) Disposições gerais e disposições de base;b) Características estruturais do navio, incluindo os meios de acesso e os riscos associados ao amianto;c) Máquinas;d) Efeitos das temperaturas extremamente baixas ou extremamente elevadas de quaisquer superfícies com as quais os marítimos possam estar em contacto;e) Efeitos do ruído no local de trabalho e nos alojamentos a bordo;f) Efeitos das vibrações no local de trabalho e nos alojamentos a bor-do;g) Efeitos de outros fatores ambientais, além dos mencionados nas alíneas e) e f) no local de trabalho e nos alojamentos a bordo, incluin-do o fumo do tabaco;h) Medidas especiais de segurança no convés e por baixo deste;i) Equipamento de carga e descarga;j) Prevenção e extinção de incêndios;k) Âncoras, correntes e cabos;l) Cargas perigosas e lastro;m) Equipamento de proteção pessoal dos marítimos;n) Trabalho em espaços confinados;

3. A legislação e as outras medidas referidas no parágrafo 3 da Regra 4.3 devem ser regularmente examinadas em consulta com os represen-tantes das organizações de armadores e de marítimos e, se necessário, revistas tendo em conta a evolução da tecnologia e da investigação, a fim de facilitar uma melhoria contínua das políticas e programas em matéria de segurança e saúde no trabalho e de assegurar um ambiente de trabalho isento de perigo aos marítimos empregados a bordo dos navios que arvoram a bandeira do Membro.4. O cumprimento das prescrições dos instrumentos internacionais aplicáveis relativos aos níveis aceitáveis de exposição a riscos profis-sionais a bordo dos navios e à elaboração e aplicação de políticas e programas dos navios em matéria de segurança e saúde no trabalho é considerado equivalente ao cumprimento das prescrições da presente Convenção.5. A autoridade competente deve assegurar que:a) Os acidentes de trabalho e as lesões e doenças profissionais são de-vidamente notificados, tendo em conta as orientações fornecidas pela Organização Internacional do Trabalho a respeito da notificação e do registo dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais;b) São coligidas estatísticas completas sobre estes acidentes e doenças, analisadas e publicadas e, se necessário, seguidas de investigação so-bre as tendências gerais e os riscos identificados; ec) Os acidentes de trabalho são objeto de inquérito.6. As notificações e inquéritos relativos às questões de segurança e saú-de no trabalho devem ser efetuados de forma a garantir a proteção dos dados pessoais dos marítimos e devem ter em conta as orientações fornecidas pela Organização Internacional do Trabalho a esse respeito.7. A autoridade competente deve cooperar com as organizações de ar-madores e de marítimos no sentido de tomar medidas para informar todos os marítimos sobre os riscos específicos identificados a bordo dos navios nos quais trabalham através de, por exemplo, afixação de notas oficiais com instruções a esse respeito.8. A autoridade competente deve exigir aos armadores, quando estes efetuem avaliação de risco no quadro da gestão da segurança e da saú-de no trabalho, que se refiram às informações estatísticas adequadas provenientes dos seus navios e às estatísticas gerais fornecidas pela autoridade competente.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 91

a) Informar os marítimos sobre os perigos para a audição e para a saúde de uma exposição prolongada a níveis de ruído elevados, e en-siná-los a utilizar o material de proteção contra o ruído;b) Fornecer aos marítimos, sempre que necessário, um equipamento de proteção auditiva aprovado; ec) Avaliar os riscos e reduzir a exposição ao ruído em todos os aloja-mentos e instalações de lazer e serviço de mesa, bem como na casa das máquinas e outros locais de máquinas.

Princípio orientador B4.3.3 - Exposição às vibrações

1. A autoridade competente, juntamente com organismos interna-cionais competentes e os representantes das organizações de arma-dores e de marítimos interessados, e tendo em conta, quando ne-cessário, as normas internacionais pertinentes, deveriam examinar continuamente a questão das vibrações a bordo dos navios, no sen-tido de melhorar a proteção dos marítimos, na medida do possível, contra os efeitos nocivos das vibrações.2. O exame mencionado no parágrafo 1 do presente Princípio orien-tador deveria incluir os efeitos da exposição ao excesso de vibrações para a saúde e o conforto dos marítimos, bem como as medidas a estabelecer ou a recomendar para reduzir as vibrações a bordo dos navios, com vista a proteger os marítimos. As medidas a considerar deveriam incluir as seguintes:a) Informar os marítimos dos perigos para a saúde de uma exposição prolongada às vibrações;b) Fornecer aos marítimos, sempre que necessário, um equipamento de proteção pessoal aprovado; ec) Avaliar os riscos e reduzir a exposição às vibrações em todas as instalações de alojamento, lazer e serviço de mesa, adotando me-didas em conformidade com as orientações fornecidas pela Recolha de diretivas práticas da BIT intitulada Fatores ambientais no local de trabalho, 2001, e posteriores revisões, tendo em conta as diferenças existentes entre a exposição nestas instalações e nos locais de traba-lho.

o) Efeitos físicos e mentais da fadiga;p) Efeitos da dependência de drogas e do álcool;q) Proteção e prevenção relativas ao VIH/SIDA; er) Resposta a emergências e a acidentes.3. A avaliação dos riscos e a redução da exposição a que se refere o parágrafo 2 do presente princípio orientador deveriam ter em conta os efeitos físicos, incluindo os resultantes das operações de carga, do ruído e das vibrações, os efeitos químicos e biológicos e os efeitos mentais sobre a saúde no trabalho, os efeitos da fadiga sobre a saúde física e mental e os acidentes de trabalho. As medidas necessárias deveriam ter em devida conta o princípio de prevenção segundo o qual, entre outros, a prevenção antecipada dos riscos, a adaptação das tarefas ao indivíduo, especialmente no que respeita à conceção dos locais de trabalho, e a substituição do que é perigoso por ele-mentos não perigosos ou menos perigosos, devem prevalecer sobre a utilização de equipamento de proteção pessoal para os marítimos.4. Além disso, a autoridade competente deveria assegurar que sejam tidas em conta as consequências para a saúde e a segurança, nomea-damente:a) Na resposta a emergências e acidentes;b) Nos efeitos da dependência de drogas e do álcool; ec) Na proteção e prevenção relativas ao VIH/SIDA.

Princípio orientador B4.3.2 - Exposição ao ruído

1. A autoridade competente, juntamente com os órgãos internacio-nais competentes e os representantes das organizações de armado-res e de marítimos interessadas, deveria examinar de forma contínua a questão do ruído a bordo dos navios, no sentido de melhorar a pro-teção dos marítimos, na medida do possível, contra os efeitos nocivos da exposição ao ruído.2. O exame referido no parágrafo 1 do presente princípio orientador deveria ter em conta os efeitos nocivos da exposição ao excesso de ruído na audição, na saúde e no conforto dos marítimos, bem como as medidas a prescrever ou a recomendar para reduzir o ruído a bor-do dos navios, de modo a proteger os marítimos. As medidas a consi-derar deveriam incluir as seguintes:

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 93

Princípio orientador B4.3.6 – Inquéritos

1. A autoridade competente deveria abrir um inquérito sobre as causas e as circunstâncias de todos os acidentes de trabalho e de todas as lesões e doenças profissionais que envolvam a perda de vidas huma-nas ou graves danos corporais, bem como sobre todos os outros casos especificados pela legislação nacional.2. Deveria considerar-se a inclusão dos seguintes pontos como objeto de inquérito:a) O ambiente de trabalho, por exemplo as superfícies de trabalho, a disposição das máquinas, os meios de acesso, a iluminação e os méto-dos de trabalho;b) A incidência, por grupo etário, dos acidentes de trabalho, lesões e doenças profissionais;c) Os problemas fisiológicos ou psicológicos especiais decorrentes da permanência a bordo;d) Os problemas resultantes do stress físico a bordo dos navios, em especial quando consequência do aumento do volume de trabalho;e) Os problemas e efeitos resultantes da evolução técnica e a sua in-fluência na composição da tripulação; ef) Problemas resultantes de falha humana.

Princípio orientador B4.3.7 - Programas nacionais de proteção e de prevenção

1. Para dispor de uma base fiável para a adoção de medidas com vista a promover a proteção da segurança e da saúde no trabalho e a preven-ção dos acidentes de trabalho, lesões e doenças profissionais resultan-tes dos riscos inerentes ao trabalho marítimo, deveriam ser efetuados estudos sobre as tendências gerais e sobre os riscos revelados pelas estatísticas.2. A aplicação dos programas de proteção e de prevenção para a pro-moção da segurança e da saúde no trabalho deveria ser organizada de forma a que a autoridade competente, os armadores e os marítimos ou os seus representantes e os outros organismos interessados possam desempenhar um papel ativo, inclusive através da organização de ses-sões de informação e da adoção de diretivas sobre os níveis máximos

Princípio orientador B4.3.4 - Obrigações dos armadores

1. Toda a obrigação do armador de fornecer equipamento de proteção ou outros dispositivos de prevenção de acidentes deveria, em geral, ser acompanhada dedisposições segundo as quais os marítimos ficam obrigados a utilizar e a cumprir as medidas pertinentes em matéria de prevenção de aciden-tes e de proteção da saúde.2. Deveriam também ser tidos em consideração os artigos 7 e 11 da Convenção (n.º 119) relativa à Proteção das Máquinas, 1963, e as dis-posições correspondentes da Recomendação (n.º 118) relativa à Prote-ção das Máquinas, 1963, nos termos dos quais, por um lado, incumbe ao empregador providenciar para que as máquinas estejam munidas de dispositivos de proteção adequados e para que nenhuma máquina seja utilizada sem estes dispositivos, e incumbe, por outro lado, ao tra-balhador não utilizar uma máquina se os dispositivos de proteção de que esta dispõe não estiverem colocados no seu lugar e não danificar os referidos dispositivos.

Princípio orientador B4.3.5 – Notificação dos acidentes de trabalho e compilação de estatísticas

1. Todos os acidentes de trabalho e doenças profissionais deveriam ser notificados para ser objeto de inquéritos e para que estatísticas de-talhadas sejam efetuadas, analisadas e publicadas, tendo em conta a proteção dos dados pessoais dos marítimos em causa. Os relatórios não deveriam limitar-se aos casos de acidentes e de doenças mortais, nem aos acidentes que envolvam o navio.2. As estatísticas mencionadas no parágrafo 1 do presente Princípio orientador deveriam incidir sobre o número, a natureza, as causas e as consequências dos acidentes, das lesões e das doenças profissionais e especificar, se for o caso, em que serviço do navio ocorreu o acidente, o tipo de acidente e se este ocorreu no mar ou num porto.3. Todos os Membros deveriam ter em devida consideração todo o sis-tema ou modelo internacional de registo de acidentes de marítimos eventualmente estabelecido pela Organização Internacional do Traba-lho.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 95

práticas relativas à segurança e saúde dos marítimos eventualmente publicadas pela Organização Internacional do Trabalho.

Princípio orientador B4.3.9 - Formação relativa à proteção em maté-ria de segurança e saúde no trabalho e à prevenção dos acidentes de trabalho

1. Os programas de formação a que se refere o parágrafo 1, alínea a) da Norma A4.3 deveriam ser periodicamente revistos e atualizados para acompanhar a evolução dos tipos de navio e das suas dimensões, bem como alterações no equipamento utilizado, na organização das tripu-lações, nas nacionalidades, idiomas e métodos de trabalho a bordo.2. A publicidade relativa à proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho e à prevenção de acidentes deveria ser permanente. Tal publicidade poderia revestir as seguintes formas:a) Material educativo audiovisual, tal como filmes, para utilizar nos centros de formação profissional de marítimos e, se possível, apresen-tado a bordo dos navios;b) Cartazes afixados a bordo dos navios;c) Inclusão, em publicações periódicas lidas pelos marítimos, de artigos sobre os riscos do trabalho marítimo e sobre as medidas de proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho e de prevenção dos aci-dentes; ed) Campanhas especiais utilizando diversos meios de informação para instruir os marítimos, incluindo campanhas sobre métodos seguros de trabalho.3. A publicidade mencionada no parágrafo 2 do presente princípio orientador deveria ter em consideração as diferentes nacionalidades, idiomas e culturas dos marítimos a bordo.

Princípio orientador B4.3.10 - Educação dos jovens marítimos em ma-téria de segurança e saúde

1. Os regulamentos sobre a segurança e a saúde deveriam referir-se às disposições gerais relativas aos exames médicos, antes e durante a prestação de trabalho, bem como à prevenção dos acidentes e à prote-ção da saúde no trabalho, aplicáveis às atividades dos marítimos. Estes

de exposição a fatores ambientais potencialmente nocivos e a outros riscos ou resultados de uma avaliação sistemática dos riscos. Deveriam ser criadas, especialmente, comissões mistas, nacionais ou locais, res-ponsáveis pela prevenção e proteção da segurança e da saúde no tra-balho ou grupos de trabalho “ad hoc” e comissões a bordo, nas quais estariam representadas as organizações de armadores e de marítimos interessadas.3. Quando estas atividades tiverem lugar ao nível da companhia, deve-ria ser considerada a representação dos marítimos em todas as comis-sões de segurança a bordo dos navios do armador em questão.

Princípio orientador B4.3.8 - Conteúdo dos programas de proteção e prevenção

1. Deveria considerar-se a inclusão das seguintes funções entre as fun-ções atribuídas às comissões e outros organismos mencionados no pa-rágrafo 2 do princípio orientador B4.3.7:a) A elaboração de diretivas e de políticas nacionais relativas aos siste-mas de gestão da segurança e da saúde no trabalho e de disposições, regras e manuais relativos à prevenção dos acidentes;b) A organização de formação e programas relativos à proteção em ma-téria de segurança e saúde no trabalho e à prevenção dos acidentes;c) A organização de publicidade em matéria de proteção da seguran-ça e saúde no trabalho e de prevenção dos acidentes, nomeadamente através de filmes, cartazes, avisos e brochuras; ed) A distribuição de documentação e a difusão de informações relativas à proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho e à prevenção dos acidentes, de forma a que cheguem aos marítimos a bordo dos navios.2. As disposições ou recomendações relevantes adotadas pelas auto-ridades, organismos nacionais ou organizações internacionais interes-sadas deveriam ser consideradas na preparação dos textos relativos às medidas de proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho e de prevenção dos acidentes ou das práticas recomendadas.3. Na elaboração dos programas de proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho e de prevenção dos acidentes, todos os Membros deveriam ter em devida consideração todas as Recolhas de diretivas

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 97

cialmente nocivas, bem como sobre os riscos e problemas associados ao VIH/SIDA e sobre as outras atividades perigosas para a saúde.

Princípio orientador B4.3.11- Cooperação internacional

1. Os Membros, com a assistência de organizações intergovernamen-tais e outras organizações internacionais, se necessário, deveriam es-forçar-se conjuntamente para conseguir a maior uniformidade possível das ações para a proteção da segurança e da saúde no trabalho e a prevenção dos acidentes.2. Ao elaborar programas de promoção da proteção em matéria de se-gurança e saúde no trabalho e da prevenção dos acidentes de trabalho, nos termos da Norma A4.3, todos os Membros deveriam ter em devida consideração as Recolhas de diretivas práticas publicadas pela Organi-zação Internacional do Trabalho, bem como as normas adequadas das organizações internacionais.3. Os Membros deveriam ter em consideração a necessidade de uma cooperação internacional para a promoção contínua de atividades rela-cionadas com a proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho e a prevenção dos acidentes de trabalho.Esta cooperação poderá assumir as seguintes formas:a) Acordos bilaterais ou multilaterais para a uniformização das normas e disposições e proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho e de prevenção dos acidentes;b) Troca de informação sobre os riscos especiais a que estão sujeitos os marítimos e sobre os meios de promoção da segurança e saúde no trabalho e de prevenção dos acidentes;c) Assistência em matéria de ensaios de equipamento e inspeção, em conformidade com as disposições nacionais do Estado de bandeira;d) Colaboração na preparação e divulgação das disposições, regras ou manuais relativos à proteção em matéria de segurança e saúde no tra-balho e à prevenção dos acidentes;e) Colaboração na produção e utilização do material de formação; ef) Instalações conjuntas ou assistência mútua, para a formação dos marítimos no domínio da proteção em matéria de segurança e saúde no trabalho, da prevenção dos acidentes e métodos de segurança no trabalho.”

regulamentos deveriam ainda especificar as medidas adequadas para reduzir ao mínimo os riscos profissionais a que estão expostos os jo-vens marítimos no exercício das suas funções.2. Os regulamentos deveriam estabelecer restrições que impeçam que os jovens marítimos cujas aptidões não são plenamente reconhecidas pela autoridade competente, executem, sem supervisão nem instru-ção adequadas, determinados tipos de trabalhos que impliquem um risco especial de acidente ou consequências prejudiciais para a saúde ou desenvolvimento físico, ou que exijam um grau particular de matu-ridade, experiência ou aptidão. Para determinar os tipos de trabalho a restringir pelos regulamentos, a autoridade competente poderia ter em consideração, em especial, tarefas que incluam:a) Elevação, deslocação ou transporte de cargas ou objetos pesados;b) Trabalho em caldeiras, tanques e coferdames;c) Exposição a ruídos ou vibrações que atinjam níveis nocivos;d) Condução de máquinas de elevação e de outras máquinas ou fer-ramentas mecânicas, ou comunicação por sinais com os operadores desse equipamento;e) Manobras de amarração, de reboque ou de fundear;f) Aparelho de carga;g) Trabalhos no topo dos mastros ou no convés, com mau tempo;h) Quartos noturnos;i) Manutenção de equipamento elétrico;j) Exposição a materiais potencialmente perigosos ou a agentes físicos nocivos, tais como substâncias perigosas ou tóxicas, e a radiações ioni-zantes;k) Limpeza de aparelhos de cozinha; el) Manobra ou responsabilidade pelas lanchas.3. A autoridade competente, ou outro organismo adequado, deveria adotar medidas para chamar a atenção dos jovens marítimos para a informação relativa à prevenção de acidentes e à proteção da saúde a bordo dos navios. Tais medidas poderiam incluir cursos e campanhas de informação oficiais de prevenção dos acidentes dirigidos aos jovens, bem como instrução e supervisão profissionais dos jovens marítimos.4. O ensino e a formação dos jovens marítimos, tanto em terra como a bordo, deveriam prever orientações sobre os perigos, para a saúde e o bem-estar, do abuso do álcool, de drogas e outras substâncias poten-

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 99

3 — O exame referido no nº 1 deve incidir sobre as matérias indicadas nas tabelas A-VI/1-1, A-VI/1-2, A-VI/1-3 e A-VI/1-4 do Código STCW, segundo os métodos e critérios nelas previstos.4 — Aos marítimos com formação que, pela frequência de cursos, in-clua os conhecimentos respeitantes às matérias indicadas no número anterior, assiste o direitoa requerer o respetivo certificado, com dispensa do referido exame.5 — O certificado referido no nº 1 pode igualmente ser emitido, com dispensa do exame respetivo, ao marítimo que tenha obtido, nos últi-mos cinco anos, as qualificações nas matérias respeitantes às tabelas previstas no nº 3.6 — Não há lugar à emissão do certificado a que se refere o nº 1 se a atribuição de um certificado nos termos e para efeitos da Convenção STCW incluir, na qualificação que atesta, os conhecimentos previstos neste artigo.

O curso de Segurança Básica tem como objetivo proporcionar a aqui-sição das capacidades e das competências inerentes à respetiva certi-ficação e compreende os seguintes 4 módulos independentes:- Técnicas de Sobrevivência Pessoal;- Prevenção e Combate a Incêndios;- Técnicas Elementares de Primeiros Socorros;- Segurança Pessoal e Responsabilidades Sociais.

Certificado de familiarização em navios ro-ro de passageirosArtigo 55º (DL 280/2001)

1 — O certificado de familiarização em navios ro-ro de passageiros é conferido ao marítimo que obtenha aprovação num curso apropria-do.2 — Para admissão ao curso referido no número anterior, o candidato deve comprovar um dos seguintes requisitos:a) Possui um dos certificados de competência;b) Possui o certificado de segurança básica ou obteve, nos últimos cinco anos, as qualificações exigidas para a sua atribuição.3 — O curso referido no nº 1 deve incluir as matérias indicadas no parágrafo 2 da secção A-V/2 do Código STCW.

7.5 As Profissões de Hotelaria a Bordo dos Navios: A Certificação STCW

A Convenção STCW teve a sua primeira versão em 1978, seguindo-se duas revisões globais uma 1995 e a ultima em 2010.

Quer a primeira e a segunda estão completamente vertidas e con-sideradas no enquadramento jurídico nacional, porém as emendas de 2010 (amplamente conhecidas como as Emendas de Manila) não estão ainda transpostas para o direito nacional. Esta situação não im-pede que as novas alterações sejam desde já exigidas aos marítimos nacionais (incluindo os tripulantes da área de hotelaria a bordo), que pretendam embarcar em navios com bandeiras (registados) em paí-ses que já tenham transposto as referidas alterações.

No âmbito desta convenção existe um conjunto diversificado de cer-tificação reconhecida internacionalmente e que é exigível/recomen-dável aos tripulantes de hotelaria a bordo dos navios.

O acesso a esta certificação é precedido de formação apropriada, ministrada por entidades reconhecidas pelas respectivas administra-ções marítimas dos mais variados países.

Naturalmente que a formação referida baseia-se essencialmente nas questões de segurança operacional e ocupacional, tendo como obje-tivo dotar os marítimos das competências e qualificações necessárias para assegurarem a segurança a bordo, a sua, a dos outros tripulan-tes, a dos passageiros e do navio no seu todo.

Certificado de segurança básicaArtigo 54º (DL 280/2001)

1 — O certificado de segurança básica é conferido ao marítimo que obtenha aprovação no exame respetivo.2 — Para admissão ao exame referido no número anterior, o candida-to deve comprovar a condição de marítimo.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 101

deve comprovar um dos seguintes requisitos:a) Possui um dos certificados de competência;b) Possui o certificado de segurança básica ou obteve, nos últimos cinco anos, as qualificações exigidas para a sua atribuição.3 — O curso referido no nº 1 inclui as matérias indicadas no parágrafo 4 da secção A-V/2 do Código STCW.4 — O certificado referido no nº 1 pode ser emitido ao marítimo que, satisfazendo as condições previstas no nº 2, tenha obtido, nos últimos cinco anos, as qualificações nas matérias respeitantes à secção do Código STCW, indicadas no número anterior.5 — Não há lugar à emissão do certificado referido no nº 1 se o mes-mo for incluído, por referência, num outro certificado emitido nos termos e para os efeitos da Convenção STCW.6 — Os certificados referidos no nº 1 são válidos por um período de cinco anos.7 — Para a renovação dos certificados, os titulares devem comprovar um dos seguintes requisitos:a) Efetuaram, pelo menos, três meses de serviço de mar, no período de validade do certificado, exercendo funções a que o mesmo habi-lita;b) Obtiveram aprovação num curso de atualização apropriado.

Certificado de segurança dos passageirosArtigo 56º - A (DL 206/2007)

1— O certificado de segurança dos passageiros em navios de passa-geiros é conferido ao marítimo que obtenha aprovação num curso apropriado.2— Para admissão ao curso referido no número anterior o candidato deve comprovar um dos seguintes requisitos:a) Possui um dos certificados de competência;b) Possui o certificado de segurança básica ou obteve, nos últimos cinco anos, as qualificações exigidas para a sua atribuição.3— O curso referido no nº 1 inclui as matérias indicadas no parágrafo 4 da secção A-V/3 do Código STCW.4— O certificado referido no nº 1 pode ser emitido ao marítimo que, satisfazendo as condições previstas no nº 2, tenha obtido, nos últimos

4 — O certificado referido no nº 1 pode ser emitido ao marítimo que, satisfazendo as condições previstas no nº 2, tenha obtido, nos últimos cinco anos, as qualificaçõesQualificações nas matérias respeitantes à secção do Código STCW, a que se refere o número anterior.5 — Não há lugar à emissão do certificado referido no nº 1 se o mes-mo for incluído, por referência, num outro certificado emitido nos termos e para os efeitos da Convenção STCW.

Certificado de familiarização em navios de passageirosArtigo 55º - A (DL 226/2007)

1— O certificado de familiarização em navios de passageiros é con-ferido ao marítimo que obtenha aprovação num curso apropriado.2— Para admissão ao curso referido no número anterior o candidato deve comprovar um dos seguintes requisitos:a) Possui um dos certificados de competência;b) Possui o certificado de segurança básica ou obteve, nos últimos cinco anos, as qualificações exigidas para a sua atribuição.3— O curso referido no nº 1 deve incluir as matérias indicadas no parágrafo 2 da secção A-V/3 do Código STCW.4— O certificado referido no nº 1 pode ser emitido ao marítimo que, satisfazendo as condições previstas no nº 2, tenha obtido, nos últi-mos cinco anos, as qualificações nas matérias respeitantes à Secção do Código STCW, a que se refere o número anterior. Não há lugar à emissão do certificado referido no nº 1 se o mesmo for incluído, por referência, num outro certificado emitido nos termos e para os efei-tos da Convenção STCW.

O Certificado de segurança de passageiros, carga e integridade do casco em navios ro-ro de passageirosArtigo 56º (DL 280/2001)

1 — O certificado de segurança de passageiros, carga e integridade do casco em navios ro-ro de passageiros é conferido ao marítimo que obtenha aprovação num curso apropriado.2 — Para admissão ao curso referido no número anterior, o candidato

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 103

cinco anos, as qualificações nas matérias respeitantes à secção do Código STCW, indicadas no número anterior.5— Não há lugar à emissão do certificado referido no nº 1 se o mes-mo for incluído, por referência, num outro certificado emitido nos termos e para os efeitos da Convenção STCW.6— Os certificados referidos no nº 1 são válidos por um período de cinco anos.7— Para a renovação dos certificados os titulares devem comprovar um dos seguintes requisitos:a) Efetuaram, pelo menos, três meses de serviços de mar, no período de validade do certificado, exercendo funções a que o mesmo habi-lita;b) Obtiveram aprovação num curso de atualização apropriado.

O Certificado de Gestão de Crises e Comportamento HumanoArtigo 57º (DL 280/2001)

1 — O certificado de gestão de crises e comportamento humano é conferido ao marítimo que obtenha aprovação num curso apropria-do.2 — Para admissão ao curso referido no número anterior, o candidato deve comprovar um dos seguintes requisitos:a) Possui um dos certificados de competência;b) Possui o certificado de segurança básica ou obteve, nos últimos cinco anos, as qualificações exigidas para a sua atribuição.3 — O curso referido no nº 1 deve abranger as matérias indicadas no parágrafo 5 da secção A-V/2 do Código STCW.4 — O certificado referido no nº 1 pode ser emitido ao marítimo que, satisfazendo as condições previstas no nº 2, tenha obtido, nos últimos cinco anos, as qualificações nas matérias respeitantes à secção do Código STCW, indicadas no número anterior.5 — Não há lugar à emissão do certificado referido no nº 1 se o mes-mo for incluído, por referência, num outro certificado emitido nos termos e para os efeitos da Convenção STCW.6 — Os marítimos que pretendam renovar os certificados previstos neste artigo devem fazer prova de um dos seguintes requisitos:a) Efetuaram, pelo menos, três meses de serviços de mar, no perío-

do de validade do certificado, exercendo as funções a que o mesmo habilita;b) Obtiveram aprovação num curso de atualização apropriado.7 — Os certificados referidos no nº 1 são válidos por um período de cinco anos.

O Certificado de Controlo de MultidõesArtigo 57º - A (DL 206/2005)

1— O certificado de controlo de multidões é conferido ao marítimo que obtenha aprovação num curso apropriado.2— Para admissão ao curso referido no número anterior o candidato deve comprovar um dos seguintes requisitos:a) Possuir um dos certificados de competência;b) Possuir o certificado de segurança básica ou obter, nos últimos cin-co anos, as qualificações exigidas para a sua atribuição.3— O curso referido no nº 1 deve incluir as matérias indicadas nos parágrafos 1 das secções A-V/2 e A-V/3 do Código STCW.4— O certificado referido no nº 1 pode ser emitido ao marítimo que, satisfazendo as condições previstas no nº 2, tenha obtido, nos últimos cinco anos, as qualificações nas matérias respeitantes à secção do Código STCW indicadas no número anterior.5— Não há lugar à emissão do certificado referido no nº 1, se o mes-mo for incluído, por referência, num outro certificado emitido nos termos e para os efeitos da Convenção STCW.6— O certificado a que se refere o nº 1 é válido por um período de cinco anos.7— Para a renovação dos certificados, os titulares devem comprovar um dos seguintes requisitos:a) Efetuarem, pelo menos, três meses de serviços de mar, no período de validade do certificado, exercendo funções a que o mesmo habi-lita;b) Obtiverem aprovação num curso de atualização apropriado.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 105

O Certificado de Segurança para Tripulantes que Prestem Assistên-cia Direta aos PassageirosArtigo 57º - B (DL 206/2005)

1— O certificado de segurança para tripulantes que prestem assis-tência direta aos passageiros é conferido ao marítimo que obtenha aprovação num curso apropriado.2— Para admissão ao curso referido no número anterior, o candidato deve comprovar um dos seguintes requisitos:a) Possuir um dos certificados de competência;b) Possuir o certificado de segurança básica ou obter, nos últimos cin-co anos, as qualificações exigidas para a sua atribuição.3— O curso referido no nº 1 deve incluir as matérias indicadas nos parágrafos 3 das secções A-V/2 e A-V/3 do Código STCW.4— O certificado referido no nº 1 pode ser conferido ao marítimo que, satisfazendo as condições previstas no nº 2, tenha obtido nos úl-timos cinco anos as qualificações nas matérias respeitantes à secção do Código STCW indicadas no número anterior.5— Não há lugar à emissão do certificado referido no nº 1, se o mes-mo for incluído, por referência, num outro certificado emitido nos termos e para os efeitos da Convenção STCW.

8. Fichas Técnicas de Segurança Ocupacional

8.1 Cozinheiro de Bordo

Quais são os perigos desta profissão?

Os cozinheiros dos navios trabalham a bordo e por isso partilham a maior parte dos riscos comuns a todos os marítimos:

- Queda ao mar e afogamento;- Escorregadelas;- Tropeções e quedas no convés, nas escadas e escadas de portaló;- Falta de estabilidade constante;- Longos períodos de separação das famílias e amigos;

Ao trabalhar na cozinha, normalmente espaços estreitos e limitados sujeitos ao balanço próprio do navio, os Cozinheiros podem sofrer queimaduras e escaldões, cortes nos dedos e mãos provocados por facas e outros objetos cortantes incluindo máquinas e equipamentos de cozinha.

O trabalho do Cozinheiro de bordo é um trabalho fisicamente exi-gente: envolve movimentos vigorosos e repetitivos, longos períodos de pé, movimentação de pesos, enquanto ao mesmo tempo tenta

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 107

manter o equilíbrio num pavimento de cozinha que balança com o navio. Este conjunto de fatores pode originar dores/esforços e outros problemas, nas mãos, braços, pernas, zona lombar e noutras partes do corpo.

O cozinheiro de bordo manuseia comidas e água que se podem estra-gar podendo pôr em perigo a saúde, a capacidade de trabalho e até da própria vida quer sua quer dos restantes tripulantes/trabalhado-res.

Descrição da profissão

Cozinha e serve refeições a tripulantes/passageiros a bordo dos na-vios mercantes : Limpa, corta e cozinha carne, peixe, aves; etc.;Serve a comida aos tripulantes (quando aplicável);Lava pratos e limpa a cozinha e o equipamento (quando aplicável);Elabora as requisições de mantimentos (quando aplicável);Reúne os registos dos custos com a alimentação (quando aplicável).

RISCOS RELACIONADOS COM ESTA PROFISSÃO

RISCOSDE

ACIDENTE

Quedas, tropeções e escorregadelas em pavimentos molhados e escorregadios ao movimentar-se na cozinha (especial-mente transportando bandejas, panelas, etc.) agravado pelos movimentos bruscos e pelos balanços do navio e pela instabili-dade das superfícies de trabalho.

1

Queda ao mar do convés ou de outra par-te do navio quando estiver de folga. 1Queda de escadas ou de escadas de por-taló, ao subir para bordo especialmente se for de uma lancha.

RISCOSDE

ACIDENTE

Atingido por objetos que caiam das prateleiras da cozinha e dos fornos e que não se encontrem devidamente seguros, durante manobras súbitas do navio.

2Cortes e ferimentos causadas por facas e outros utensílios cortantes. 3Ferimentos nas mãos e dedos, incluindo amputações, causados pelas máquinas de cozinha: cortadores, fatiadoras, serras, picadoras, etc.

4Ferimentos nos olhos causados por partículas de osso projetadas, etc.Queimaduras e escaldões causados pelo contacto com superfícies e utensílios quentes (incluindo o contacto aciden-tal ao tentar manter o equilíbrio), por salpicos de óleo, gorduras, sopa, água ou outras substâncias quentes, por vapores quentes, agravados pelos movimentos súbitos do navio.Choques elétricos causados por defei-tos no equipamento elétrico ou na sua instalação.

5Risco de incêndio devido às fontes de calor: fornos, grelhadores, etc.Risco de explosão e incêndio devido à presença de combustíveis e outros mate-riais inflamáveis na cozinha.Risco de ficar fechado dentro das câmaras frigoríficas e congeladoras.Mordidelas e picadas por pragas (ex.: roedores).

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 109

Envolvimento em acidentes de trabalho, como consequência de mal entendidos verbais ou escritos e falta de comuni-cação entre tripulantes/trabalhadores que não falam a mesma língua.

RISCOSFÍSICOS

Exposição a radiação devido a fugas em fornos de micro-ondas com defeito ou avaria.

6Exposição a radiações térmicas de fornos e outras fontes de calor.Vibração de todo o corpo (contínua, alta frequência, pequena amplitude) causada pelas máquinas do navio e transmitida pelos pavimentos e estrutura do navio.Movimentos oscilatórios do corpo (baixa frequência, grande amplitude) causados pelo balanço transversal e longitudinal do navio, podendo causar distúrbios do sis-tema vestibular (as disfunções do sistema vestibular resultam em sintomas como a tontura, a vertigem e o desequilíbrio corporal) e / ou enjoo.Exposição contínua e excessiva de ruído causado pelas máquinas do navio.Exposição a ruídos incómodos da cozinha, máquinas de cozinhar, utensílios e equi-pamentos, etc.Exposição a altas temperaturas, níveis demasiado elevados de humidade e correntes de ar, típicos de um ambiente de cozinha.

7Exposição a temperaturas frias extremas e a mudanças bruscas do calor para o frio e vice-versa ao entrar e sair nas camaras frigoríficas e de congelação.

RISCOSQUÍMICOS

Exposição a fumos dos cozinhados con-tendo componentes perigosos, durante o ato de grelhar.Exposição a especiarias e outros ingre-dientes das comidas, os quais podem causar reações alérgicas a pessoas mais sensíveis.Exposição a monóxido de carbono, pro-dutos de combustão, fumos e vapores de combustíveis nas cozinhas equipadas com fornos que utilizam combustíveis fosseis.

8Exposição a detergentes e produtos de limpeza utilizados nas máquinas de lavar louça e nas limpezas da cozinha, podendo causar erupções cutâneas e dermatoses.Exposição a substâncias tóxicas que por vezes se libertam quando se misturam diferentes produtos químicos.Exposição a pesticidas utilizados para controlar insetos, roedores, etc. 9

RISCOSBIOLÓGICOS

Riscos de envenenamento ao provar os ingredientes e a comida nas suas difer-entes fases de confeção.Exposição a vegetais e produtos de origem animal crus, os quais podem causar reações alérgicas.Risco de doenças transmissíveis por pra-gas, vermes, roedores, insetos e outros animais que possam contaminar o navio, especialmente a cozinha e os espaços adjacentes.Doenças zoonóticas (ex.: brucelose, tularemia, etc.) causadas pelo manusea-mento de carne contaminada.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 111

FACTORESERGONOMICOSPSICOSSOCIAIS

EORGANIZACIO-

NAIS

Doenças fúngicas, particularmente can-didíase causadas por infeções subcutâneas.Risco de doenças transmissíveis por outros tripulantes ou contraídas em terra: tuberculose, doenças sexualmente trans-missíveis (incluindo SIDA, sífilis, etc), hepa-tites A e B, infeções respiratórias, etc.Distúrbios traumáticos cumulativos das extremidades superiores, causados pelos movimentos contínuos e repetitivos (frequentemente enérgicos) dos braços, mãos ou pulsos, enquanto preparam os ingredientes da comida (particularmente cortar, picar, etc.).Dores e fadiga crónica da zona lombar e pernas, causados por longos períodos de pé, especialmente com os balanços súbitos e o andamento do navio.Problemas nas costas causados pelo manuseamento de pesos pesados (movi-mentação de grandes panelas, etc).

10Exposição a determinadas especiarias pode causar sensibilidade, positiva ou negativa aos respetivos odores, podendo provocar vicio ou aversão.Diversos fatores de desconforto, físico e psicológico causados por um ambiente in-stável e de muita gente, a bordo, incluin-do a falta de privacidade, espaços reduzi-dos, condições de bem estar inadequadas (face aos padrões de terra), etc.Stress psicológico e problemas pessoais causados por aspetos específicos do trabalho a bordo, tais como: exposição constante aos perigos da vida no mar, separação prolongada da família e de um ambiente social e cultural estável.

FACTORESERGONOMICOSPSICOSSOCIAIS

EORGANIZACIO-

NAIS

Problemas de relações interpessoais com outros tripulantes (algumas vezes re-sultando em violência), especialmente os que não estão satisfeitos com a qualidade da comida, agravados por fatores espe-cíficos, tais como: disciplina rigorosa a bordo, inabilidade para evitar contactos não desejáveis, língua e cultura diferentes entre as tripulações multinacionais.

1 Usar sapatos de segurança com sola antiderrapante.

2 Usar capacete de segurança.

3 Usar luvas de proteção de malha de aço.

4 Instalar grades de proteção nas máquinas para preve-nir amputações.

5Verificar o equipamento elétrico por razões de segu-rança antes de iniciar o trabalho. Chamar eletricista para examinar qualquer equipamento suspeito.

6 Verificar as fugas de radiação do forno micro ondas e reparar se necessário.

7Instalar ventilação e ar condicionado para prevenir contaminação do ar e stress do calor, usar neutraliza-dores de odores se apropriado.

8Ajustar os bicos queimadores para queima limpa, re-duzindo a formação de monóxido de carbono; instalar sistemas de alarme para atuar quando os níveis de monóxido de carbono ultrapassarem o limite.

9Providenciar vistas periódicas de profissionais de exter-mínio e controlo de pragas e visitas específicas no caso de infestação grave.

10Aprender e usar técnicas adequadas de levamento e movimentação de pesos pesados ou irregulares, uti-lizar ajudas mecânicas.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 113

8.2 Pessoal da Lavandaria

O que faz o pessoal da lavandaria

São tripulantes/trabalhadores que removem sujidades, manchas de roupas e outros tecidos e passam a ferro de seguida engomam, utilizando máquinas de lavar roupa com água e a seco, ferros , calandras, etc.

Quais são os perigos desta profissão?

O pessoal que desenvolve a sua atividade profissional nas lavandarias utiliza abundantemente produtos químicos os quais podem causar diversos problemas de saúde. Alguns produtos são potenciais causadores de incêndios.

O pessoal pode sofrer lesões ou queimaduras ao limpar as máquinas, ferros de engomar, passadeiras rolantes e outro equipamento presente nas lavandarias de bordo.

O ambiente de trabalho é geralmente quente, húmido e barulhento, o que poderá causar fadiga e sensação de doença.

O pessoal poderá ter de manusear pesos pesados e volumosos, praticar movimentos contínuos repetitivos e trabalhar com posturas

desconfortáveis, o que poderá causar situações traumáticas as quais com o tempo pode levar dores nas costas , braços e mãos.

RISCOS RELACIONADOS COM ESTA PROFISSÃO

RISCOSDE

ACIDENTE

Quedas e escorregadelas devido aos produtos químicos derramados nos pavi-mentos, às pilhas de roupa pousadas nos pavimentos ou devido à obstrução visual causada pelas pilhas de roupa.

1

Risco de incêndio devido aos produtos utilizados. 2Lesões mecânicas causadas por prensas e por passadeiras rolantes.Queimaduras por vapor ou ferros de engomar.Lesões da região lombar devido a pesos pesados e a posturas incorretas.Choques elétricos por deficiente ligação dos equipamentos à terra. 3Envenenamento.

RISCOSFÍSICOS

Fadiga e exaustão térmica devido à ele-vada temperatura e humidade. 4

RISCOSQUÍMICOS Depressão do sistema nervoso central

(tonturas, embriaguez, confusão, falta de coordenação, vertigens, náuseas, sonolência, dor de cabeça) devido á inal-ação de percloroetileno.

4

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 115

RISCOSQUÍMICOS

Irritação cutânea, eritemas, bolhas e queimaduras por exposição aos produtos químicos;Pele seca e quebradiça devido a exposição prolongada;Dermatites por contato com sabões, detergentes e abrilhantadores.

5

Irritações dos olhos, nariz e garganta. 4Edema pulmonar por exposição a concen-trações elevadas de percloroetileno. 4

RISCOSBIOLÓGICOS Risco de contrair doenças contagiosas

pelo contacto com roupa suja utilizada por pessoas doentes.

FACTORESERGONOMICOSPSICOSSOCIAIS

EORGANIZACIO-

NAIS

A dimensão das máquinas comparativa-mente com os operadores (máquinas, mesas, prensas são normalmente do mesmo tamanho e peso o que pode criar dificuldades aos tripulantes mais baixos ou mais altos).Distúrbios traumáticos cumulativos resultantes de movimentos repetitivos, posturas incómodas e o manuseamento de pesos pesados e volumosos.Stress psicológico devido à poluição sonora, tédio, monotonia, baixos salários, relacionamento interpessoal não satis-fatório com colegas e superiores.

1 Usar sapatos de segurança com sola antiderrapante.

2 Não permitir fumar ou foguear nas instalações.

3 Verificar periodicamente a segurança do equipamento elétrico e pedir assistência técnica se necessário.

4 Instalar ventilação e ar condicionado adequados para controlo da temperatura e humidade excessivas.

5 Proteger as mãos com luvas resistentes a produtos químicos e utilizar cremes de proteção.

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 117

Bibliografia/Legislação/Webgrafia

Bibliografia

Θ AEP, Manual de Formação: Higiene e Segurança no Trabalho - Pro-grama Formação PMEΘ Almeida, José Manuel (2013), Manual de Segurança no Trabalho a Bordo dos Navios, Sincomar,Θ Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, Ambien-tes aquecidos no sector HORECA, Facts 27Θ Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (2007), Perigos e riscos associados à movimentação manual de cargas no lo-cal de trabalho, Facts 73Θ Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (2008), Proteger os trabalhadores da hotelaria e restauração, Facts 79Θ Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho(2009), Prevenção de acidentes e doenças profissionais dos trabalhadores do sector da limpeza, Facts 86Θ Ana Luísa Rodrigues de Sousa (2011),Avaliação de Riscos na Res-tauração, Tese apresentada para obtenção do grau de Mestre Enge-nharia de Segurança e Higiene Ocupacionais Faculdade de Engenha-ria da Universidade do PortoΘ APHORT (2011), Hotelaria e Restauração, Manual de Prevenção, ACTΘ Assimar (2009), Convenção do Trabalho Marítimo 2006-Um Guia para os MarítimosΘ Bailey, N., Ellis, N., Sampson H. (2012) ‘Exploring differences in per-ceptions of risk, and its management, amongst personnel directly as-sociated with the operation of ships’, SIRC PublicationΘ Bhattacharya, S. (2009) ‘The Impact of the ISM Code on the Mana-gement of Occupational Health and Safety in the Maritime Industry’, PhD Thesis, Cardiff UniversityΘ Baulk, S., Reyner, L. (1998) ‘Fatigue in Ferry Crews: A Pilot Study’, November, ISBN 1-900174-04-9.Θ European Agency for Safety and Health at Work (2008), Protecting

BIBLIOGRAFIA/LEGISLAÇÃO/WEBGRAFIA

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL 119

Workers in Hotels, Restaurants and CateringΘ Federacao Espanhola de Hotelaria (2003), “Manual para a preven-ção dos riscos laborais na hotelaria”Θ João Rolo, Sociologia da Saúde e da Segurança no Trabalho, IV Con-gresso Português de SociologiaΘ Sampson, H. (2009) ‘The modern day challenges to seafarers’ heal-th’, The Sea, issue 197, Jan/Feb, p4.Θ Sincomar (2012),STCW 10 Emendas de Manila – Versão ComentadaΘ Walters, D. (2005) ‘Occupational health and safety at sea’, SIRC Symposium, Cardiff University, July, ISBN 1-900174-26-X.

Legislação

Θ Constituição da República PortuguesaΘ Decreto-Lei nº 141/95 de 14 de JunhoΘ Decreto-Lei nº 280/2001 de 23 de OutubroΘ Decreto-Lei nº 206/2005 de 28 de NovembroΘ Decreto –Lei nº 226/2007 de 31 de Maio

Webgrafia

Θ International Hazard Datasheets on Occupations (HDO), http://www.ilo.org/safework/info/WCMS_113135/lang--en/index.htmΘ MLC - Maritime Labour Convention, 2006 – Versão oficial em língua portuguesaΘ https://s3.amazonaws.com/normlex/normlexexotic/PT/PT_C186.pdf

HOTELARIA A BORDO DOS NAVIOS - MANUAL DE SEGURANÇA OCUPACIONAL