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PETIÇÃO INICIAL A prestação jurisdicional depende de provocação do interessado. É a emanação do principio da inercia da jurisdição Os arts. 856 e 857 da CLT constituem exceção ao principio da inercia nos sítios do processo do trabalho. o art. 262 do CPC que o processo nasce por iniciativa da parte, por meio da ação, mas se desenvolve por impulso oficiai. A petição inicial e, portanto, a peca inaugurai do processo, sendo também apelidada de “peca exordial, “peca vestibular"', “peca de ingresso” ou simplesmente “inicial”. A CLT (art. 840) não emprega o termo “petição inicial”. Na verdade, confunde petição inicial com “reclamação”, que, como já foi dito, e o nomen iurís atribuído a ação trabalhista. A petição inicial da ação trabalhista pode ser formulada: a) pelos sujeitos da relação de emprego, isto e, pelos empregados e empregadores ou pelos trabalhadores avulsos por equiparação constitucional, pessoalmente (ius postulandi), ou por seus representantes; b) pelos sindicatos, em defesa dos interesses ou direitos coletivos ou individuais da categoria que representam; c) pelo Ministério Publico do Trabalho, nos casos previstos em lei. Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho (CF, art. 114 com nova redação dada pela EC n. 45/2004), a petição inicial no processo do trabalho também poderá ser apresentada: a) por outros titulares da relação de trabalho, como os trabalhadores autônomos, eventuais, voluntários, estagiários e os tomadores dos seus serviços, conforme vimos no Capitulo V, item 2.2.1; b) pela União, na hipótese de ação de cobrança das multas impostas aos empregadores pela DRT; c) pelos sindicatos, nas hipóteses de lides intersindicais ou entre eles e seus representados ou filiados; d) pelos empregadores e tomadores de serviços, quando sujeitos de uma relação de emprego ou de trabalho. Nas localidades em que houver apenas uma Vara do Trabalho (ou Juizado de Direito), a petição será protocolada diretamente na Secretaria da Vara ou no cartório do Juízo (CLT, art. 837). Se na localidade houver mais de uma Vara ou Juízo, a petição inicial será, primeiramente, sujeita a distribuição (CLT, art. 838, c/c. os arts. 783 a 788). A petição inicial da ação trabalhista individual pode ser verbal ou escrita (CLT, art. 840)

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PETIÇÃO INICIAL

A prestação jurisdicional depende de provocação do interessado.É a emanação do principio da inercia da jurisdiçãoOs arts. 856 e 857 da CLT constituem exceção ao principio da inercia nos sítios do processo do trabalho.

o art. 262 do CPC que o processo nasce por iniciativa da parte, por meio da ação, mas se desenvolve por impulso oficiai. A petição inicial e, portanto, a peca inaugurai do processo, sendo também apelidada de “peca exordial, “peca vestibular"', “peca de ingresso” ou simplesmente “inicial”.

A CLT (art. 840) não emprega o termo “petição inicial”. Na verdade, confunde petição inicial com “reclamação”, que, como já foi dito, e o nomen iurís atribuído a ação trabalhista.

A petição inicial da ação trabalhista pode ser formulada: a) pelos sujeitos da relação de emprego, isto e, pelos empregados e empregadores ou pelos trabalhadores avulsos por equiparação constitucional, pessoalmente (ius postulandi), ou por seus representantes; b) pelos sindicatos, em defesa dos interesses ou direitos coletivos ou individuais da categoria que representam; c) pelo Ministério Publico do Trabalho, nos casos previstos em lei.

Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho (CF, art. 114 com nova redação dada pela EC n. 45/2004), a petição inicial no processo do trabalho também poderá ser apresentada:a) por outros titulares da relação de trabalho, como os trabalhadores autônomos, eventuais, voluntários, estagiários e os tomadores dos seus serviços, conforme vimos no Capitulo V, item 2.2.1;b) pela União, na hipótese de ação de cobrança das multas impostas aos empregadores pela DRT;c) pelos sindicatos, nas hipóteses de lides intersindicais ou entre eles e seus representados ou filiados;d) pelos empregadores e tomadores de serviços, quando sujeitos de uma relação de emprego ou de trabalho.

Nas localidades em que houver apenas uma Vara do Trabalho (ou Juizado de Direito), a petição será protocolada diretamente na Secretaria da Vara ou no cartório do Juízo (CLT, art. 837). Se na localidade houver mais de uma Vara ou Juízo, a petição inicial será, primeiramente, sujeita a distribuição (CLT, art. 838, c/c. os arts. 783 a 788).

A petição inicial da ação trabalhista individual pode ser verbal ou escrita (CLT, art. 840)

2. REQUISITOS DA PETICAO INICIALOs requisitos da petição inicial da ação trabalhista individual estão previstos no art. 840 da CLT, razão pela qual não se mostram aplicáveis, em principio, as regras subsidiarias do CPC (art. 282).

De acordo com o § 19 do art. 840 da CLT, a petição iniciai escrita nos dissídios individuais devera conter:“a designação do presidente da Vara, ou do juiz de Direito, a quem for dirigida: a qualificação do reclamante e do reclamado; uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissidio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.”

2.1. Designação da Autoridade Judiciária a quem for DirigidaÉ requisito essencial, cujo objetivo repousa na aferição do órgão judicial competente para processar e julgar a demanda. Aconselha-se não abreviar o pronome de tratamento da autoridade a quem e ela dirigida, tendo em vista a vedação contida no § 12 do art. 169 do CPC.

2.2. Qualificação das PartesA petição inicial deve conter a qualificação e o endereço completo do autor e do réu. Recomenda-se a indicação do numero da CTPS e do CPF, evitando-se, assim, futuros problemas com homônimos que podem gerar nulidades processuais ou prejuízos materiais. Tratando-se de pessoas jurídicas, deve-se

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colocar o nome ou razão social, indicando se e de direito publico ou privado, bem como o CNPJ e o endereço completo.

Havendo litisconsortes passivos, como nos casos de grupo de empresa, empreitada ou de terceirização, e condição necessária a inclusão de cada uma das empresas tomadoras do serviço no polo passivo, a fim de que elas constem do titulo executivo judicial e possam figurar como executadas.

2.3, Breve Exposição dos Fatos de que Resulte o Dissídio(Causa de Pedir)O § 15 do art. 840 da CLT exige que a petição inicial, dentre outros requisitos, contenha “uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissidio”.

E importantíssima a indicação da causa de pedir porque:a) constitui, ao lado das partes e do pedido, um dos elementos da ação;b) permite a observância do principio da inalterabilidade da demanda, consagrado no art. 264 do CPC;c) possibilita a verificação da possibilidade jurídica do pedido, como uma das condições da ação;d) auxilia no exame da ocorrência dos institutos da conexão, continência, litispendência e coisa julgada.

A petição inicial da ação trabalhista individual, portanto, deve conter os fundamentos fáticos e jurídicos. Não ha necessidade de indicação do fundamento legal

2.4. O PedidoE ele que faz com que o autor bata as portas do Poder Judiciário para postular a restauração de seu direito, que alega ter sido violado, agredido ou ameaçado de lesão pelo outro sujeito da relação jurídica de direito material: o réu.

O pedido e, portanto, o “projeto da sentença”. Nesse sentido, o pedido do autor estabelece os limites da tutela jurisdicional em função do principio da congruência entre o pedido e a sentença (CLT, art. 832; CPC, arts. 29, 128, 262 e 460).Na linguagem do direito processual, o termo “pedido” e sinônimo de mérito, objeto litigioso, res in iudicium deducta, lide e bem da vida. Com efeito, dispõe o art. 286 do CPC que o “pedido deve ser certo ou determinado”. O pedido, assim, primeiramente, deve ser certo, isto e, expresso, exteriorizado, inconfundível. Por isso que o autor, na inicial, não deve deixar transparecer pedido tácito.Também e requisito imprescindível do pedido a sua determinação, isto e, ele deve ser definido e delimitado, em sua qualidade e quantidade.A lei permite, no entanto, que o autor formule pedido genérico nas três hipóteses previstas no art. 286 do CPC, a saber:1 — nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;II — quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito;III — quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.O pedido genérico, não obstante seja certo quanto a existência e determinado quanto ao gênero, é quantitativamente indeterminado, porem determinável em posterior liquidação de sentença.Além disso, o pedido deve ter correlação logica com a causa de pedir e os fundamentos jurídicos dos pedido, uma vez que a correta e exata especificação dos pedidos e de fundamental importância para o êxito da demanda.

2.4.1. Classificação dos PedidosOs pedidos comportam a seguinte classificação:2.4.1.1. Pedidos Simples ou CumuladosO pedido simples e aquele que contem uma única postulação na ação proposta. Exemplo: o autor pede apenas o pagamento do salario do ultimo mês em que trabalhou na empresa.Sabe-se, porem, que o direito processual civil admite dois tipos de cumulações de ações. A subjetiva, denominada litisconsórcio, e a que trata da reunião de pessoas no polo ativo, passivo ou em ambos da

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relação jurídica processual. Já a cumulação objetiva ocorre quando o autor deduz mais de um pedido na petição inicial, com o escopo de que todos eles sejam apreciados na sentença.

E de registrar, todavia, que o § 15 do art. 292 do CPC estabelece os seguintes requisitos de admissibilidade da cumulação:I — que os pedidos sejam compatíveis entre si;II — que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;iil — que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento

2.4.1.2. Pedidos Principal, Acessório e ImplícitoAqui se segue a mesma regra das obrigações principal e acessória. O art. 293 do CPC prescreve que os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal, os juros legais.

OBS: Não ha confundir pedido acessório com pedido implícito, na medida em que a regra geral e a de que o autor deve formular expressamente o pedido.

2.4.1.3. Pedidos AlternativosO pedido alternativo e aquele em que a obrigação, por forca do contrato ou da lei, pode ser cumprida de mais de uma forma. Diz o art. 288 do CPC:“O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a obrigação de mais de um modo.”

2.4.1.4. Pedidos SucessivosOs pedidos sucessivos encontram previsão no art. 289 do Código de Processo Civil, segundo o qual: “E licito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o Juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior”.

2.4.1.5. Pedido Sucessivo Eventual ou SubsidiárioEnquanto no pedido sucessivo ha uma cumulação de pedidos, mas o segundo pedido só pode ser apreciado se o primeiro for rejeitado, no pedido sucessivo eventual ou subsidiário, o segundo pedido somente pode ser deferido se o juiz acolher o primeiro.

2.4.1.6. Pedidos Líquidos e llíquidos.O pedido liquido e aquele que já especifica o quantum debeatur, ou seja, o autor já delimita, na petição inicial, de forma qualitativa e quantitativa, os valores que julga ser credor do réu. Exemplo: aviso prévio não pago no valor de R$ 500,00.Já o pedido ilíquido concerne apenas ao an debeatur; isto e, o autor apenas indica que determinada parcela e devida, mas não especifica o quantum debeatur. Exemplo: adicional de insalubridade não pago durante todo o contrato, a ser apurado em liquidação de sentença.Nas ações trabalhistas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o autor devera formular pedido certo e determinado, indicando, desde logo, o valor correspondente (CLT, art. 852-B), isto e, o pedido ha de ser necessariamente certo, determinado e liquido.Caso não indique o valor, o processo será extinto sem resolução do mérito, arcando o autor com o pagamento de custas calculadas sobre o valor da causa, nos termos do § 1s do art. 852-B da CLT. Todavia, ha quem repute mais correto não extinguir o processo, e sim adapta-lo ao procedimento ordinário, como já vimos no Capitulo VII, item 6.1.3 supra.

2.4.1.7. Pedidos CominatóriosO pedido cominatório, previsto no art. 287 do CPC, com nova redação dada pela Lei n. 10.044/02, pode ter ampla aplicação no processo do trabalho, nos seguintes termos:“Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da pratica de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4e,e 461 -A).

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Pedido cominatório diz respeito as obrigações de fazer, ou de não fazer, bem como as obrigações de entregar coisa, sendo incabível nas ações que tenham por objeto obrigação de dar (STF, Sumula n. 500) ou pagar. Quanto a obrigação de dar, parece-nos parcialmente superado o entendimento cristalizado na Sumula n. 500 do Pretório Excelso, pois os arts. 287 e 461-A do CPC “permitem expressamente pedido cominatório para tutela das obrigações de entrega de coisa, exemplo inequívoco de obrigação de dar No processo laborai, e muito comum a acumulação do pedido cominatório com outros pedidos concernentes as obrigações de entregar coisa e de fazer.As ações civis publicas veiculam, via de regra, pedidos cominatórios (Lei n. 7.347/85, art. 3Q).

2.5. A DataE a data da assinatura da petição inicial escrita ou, se for verbal, a data em que a parte comparece pessoalmente a Vara do Trabalho para apresentar sua reclamação.A data na petição inicial, ao que nos parece, não e requisito essencial, pois a data a ser considerada e a do protocolo da Vara ou Juízo de Direito, ou, ainda, da Distribuição ou Atermação, conforme o caso.

2.6. A Assinatura do SubscritorE interessante notar que o CPC não exige a assinatura do subscritor — sempre advogado — da petição inicial. Já o processo do trabalho impõe a assinatura da parte, ou do seu representante, como requisito essencial da petição inicial da ação trabalhista, seja ela escrita ou, depois de reduzida a termo, verbal (CLT, art. 840, §§ 12 e 29). A petição inicial apócrifa, isto e, sem assinatura do seu subscritor, e mais que nula; e inexistente, o que, a rigor, inviabilizaria ate mesmo a aplicação da regra do art. 284 do CPC. Todavia, em homenagem aos princípios da simplicidade e da economia processuais, tão caros ao processo do trabalho, nada impede que o juiz, em audiência, permita a sanação da anomalia, desde que a isso não se oponha o réu, sob pena de extinção do processo, com base no art. 267, IV, do CPC.

2.7. Outros Requisitos de Aplicação Duvidosa no Processodo TrabalhoCom base na literalidade do art. 840 da CLT, pode-se dizer que o processo do trabalho, regido que e pelo principio da simplicidade, não exige alguns requisitos previstos no CPC, tais como o valor da causa, as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados e o requerimento para a citação do réu.Todavia, a interpretação sistemática do § 19 do art. 840 e do art. 787 da CLT autoriza dizer que, além dos requisitos supracitados, a petição inicial escrita “devera ser formulada em 2 (duas) vias e desde logo acompanhada dos documentos em que se fundar”. Na pratica, porem, nem sempre o autor disporá de documentos, como ocorre na hipótese em que postula vinculo empregatício decorrente de contrato de trabalho tácito. Nestes casos, e claro, quem detém documentos a respeito da relação de direito material deduzida em juízo e o réu, e não o autor, mesmo porque, em grande parte das ações trabalhistas, a prova autoral e geralmente oral/testemunhai.

2.7.1. A Especificação das ProvasNo que tange a especificação das provas, entendemos desnecessária a aplicação supletória do CPC, porquanto as provas são geralmente produzidas em audiência, sendo certo que, via de regra, o autor somente apos a defesa saberá precisar o objeto da controvérsia.Tem sido admitido, na inicial, o “protesto por todos os meios de prova em direito admitidos”, embora desnecessário. No procedimento sumaríssimo, prescreve o art. 852-H da CLT que todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente

2.7.2. Requerimento para CitaçãoParece-nos desnecessário, igualmente, o requerimento para citação do réu. Mesmo porque, como ja visto, a notificação citatória no processo do trabalho e ato processual praticado pelo Diretor de Secretaria ou Distribuidor (CLT, art. 841 e parágrafos).

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E, pois, automática a citação do réu no processo do trabalho, independentemente de requerimento do autor ou de despacho do juiz.

2.7.3. Valor da CausaQuanto ao valor da causa, importa referir que ha divergências quanto a sua exigência no processo laborai. Alguns o consideram requisito essencial da petição inicial da ação trabalhista, cujo objetivo e estabelecer o tipo de procedimento a ser adotado (ordinário, sumario ou sumaríssimo) e, consequentemente, possibilitar a interposição de recursos obs: De lege lata, o valor da causa e requisito obrigatório apenas para as causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, por forca dos arts. 852-A e 852-B, inciso I, § 1e, da CLT.Já nas ações individuais submetidas aos procedimentos ordinário e sumario, se o autor não indicar o valor da causa, o juiz, antes de passar a instrução da causa, devera fixa-lo para determinação da alçada (Lei n. 5.584/ 70, art. 2ºVale dizer, se omissa a petição inicial quanto ao valor da causa nos procedimentos ordinário e sumario, cabe ao juiz fixa-lo de oficio, ainda que na própria sentença.Todavia, se o recurso ordinário impugnar tal parte da sentença, poderá o recorrente lograr êxito, pois a fixação do valor da causa pelo juiz deveria ter sido feita antes da instrução, a fim de possibilitar a parte, ao aduzir razoes finais, o direito de impugnar o valor fixado pelo juiz.

3. ADITAMENTO DA PETICAO INICIALAntes do recebimento da notificação citatória pelo réu, ao autor e facultado modificar o pedido, por meio de simples aditamento da petição inicial. E condição para a validade do aditamento que o autor formule-o antes da citação do réu.Com efeito, o art. 294 do CPC, aplicável a espécie por forca do art. 769 da CLT, prescreve que: “Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo a sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa.” Cremos, porem, que não incide no processo do trabalho a parte final do dispositivo em causa, ou seja, o autor não sofrera qualquer sanção processual pelo fato de aditar a petição inicial.Já o aditamento da inicial depois da notificação citatória do réu só será admitido com a concordância deste. E o que dispõe o art. 264 do CPC, também, aplicado subsidiariamente a espécie:“Feita a citação, e defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.”No processo do trabalho, não raro, o autor formula pedido de aditamento da inicial na própria audiência, caso em que o juiz indaga ao réu se concorda ou não com o aditamento. Se a resposta for positiva, o juiz autoriza o aditamento. Se negativa, não ha previsão legal para o juiz impor ao réu a aceitação. Neste caso,restaria ao autor elaborar nova petição inicial, instaurando outro processo.

Ha, contudo, entendimento doutrinário no sentido de que, se o pedido de aditamento e feito na própria audiência, antes da apresentação da resposta do réu, o juiz deve autoriza-lo, designando nova audiência, ficando, desde logo, notificadas as partes.Apresentada a defesa, já não será mais possível aditar a inicial sem consentimento do réu.

4. INDEFERIMENTO DA PETICAO INICIALO art. 295 do CPC prevê as hipóteses em que a petição inicial será indeferida, quais sejam:I — quando for inepta;II — quando a parte for manifestamente ilegítima;III — quando o autor carecer de interesse processual;IV— quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou prescrição (CPC, art. 219, § 5Q);V — quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder a natureza da causa, ou ao valor da ação, caso em que só não será indeferida se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;VI — quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, paragrafo único, primeira parte, e 284 do mesmo Código.”A petição iniciai e considerada inepta (CPC, art. 295, paragrafo único) quando:“I — lhe faltar pedido ou causa de pedir;

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lI — da narração dos fatos nao decorrer logicamente a conclusão;III — o pedido for juridicamente impossível;IV — contiver pedidos incompatíveis entre si.”

O indeferimento, ab initio, da petição inicial e raramente observado no processo do trabalho, uma vez que o juiz geralmente dela só toma conhecimento na própria audiência.No processo labora! o juiz, via de regra, não despacha a petição inicial, determinando a citação do réu. Esse ato processual e feito automaticamente pela Secretaria da Vara, como ja ressaltado alhures.Além disso, ha forte tendência em se aproveitar ao máximo os pedidos contidos na petição inicial, mormente quando a parte postula pessoalmente, isto e, desacompanhada de advogado.

4.1. Emenda à Petição IniciaiO art. 284 do CPC prevê a possibilidade de o juiz, verificando que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinar que o autor a emende, ou a complete, no prazo de dez dias. Se o autor não cumprir a diligencia, o juiz indeferira a petição inicial (CPC, art. 284, paragrafo único).Estas normas são aplicáveis no processo do trabalho, como se infere da Sumula n. 263 do TST, com nova redação dada peia Resolução TST n. 121/2003

5. ANTECIPACAO DA TUTELACom a promulgação da Constituição Federal de 1988, que assegura o amplo acesso ao Judiciario, tanto nas lesões como nas ameaças a direito, o legislador brasileiro reconheceu, definitivamente, a necessidade de buscar novos meios que pudessem tomar o processo mais agil e util a sociedade, evitando, assim, a prestação jurisdicional intempestiva. Entre os diversos institutos processuais que tem por escopo a celeridade e a efetividade da funcao jurisdicional do Estado, destaca-se a chamada tutela antecipada, cuja aplicacao generalizada, na processualística civil brasileira, somente foi possivel a partir das reformas introduzidas pela Lei n. 8.952, de 14.12.1994, e pela Lei n. 10.444, de 7.5.2002, que deram novas redacoes aos arts. 273 e 461 do Codigo de Processo Civil.A leitura atenta dos arts. 273, 461 e 461-A do CPC revela a existência um sistema normativo que visa a efetivacao das quatro especies de antecipação da tutela.Com efeito, a tutela antecipada prevista neste art. 273 do CPC diz respeito as obrigacoes de pagar, enquanto as tutelas antecipadas especificas referentes as obrigacoes de fazer e de nao fazer encontram-se reguladas pelo § 39 do art. 461 e as de entrega de coisa pelo art. 461 -A (§ 3e, c/c. art. 461, § 39) do CPC.

Com o advento da Lei n. 10.444/2002, houve alteracao digna de nota no tocante a antecipacao de tutela que tenha por objeto pagamento, na medida em que o art. 273, § 3S, do CPC passou a prescrever que a “efetivacao da tutela antecipada observara, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588,461, §§ 4R e 5-, e 461-A”, valendo lembrar que o art. 588 do CPC foi revogado expressamente pela Lei n. 11.232/2005.

5.1. Cabimento no Processo do TrabalhoDiz o art. 273 do CPC que o juiz podera, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido iniciai, desde que exista prova inequivoca que o convenca da verossimilhanca da alegacao e: a) haja fundado receio de dano irreparavel ou de dificil reparacao; ou b) fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto proposito protelatorio do reu.A CLT, como se sabe, contempla apenas duas hipoteses especiais que permitem ao juiz, no curso do processo de conhecimento, conceder medida liminar. E o que dispoem os incisos IX e X do art. 659 da CLT, segundo os quais compete ao juiz presidente (atualmente, juiz do trabalho da Vara do Trabalho) conceder medida liminar, ate decisao final do processo, em reclamações trabalhistas que:a) visem a tomar sem efeito transferencia de empregado disciplinada pelos paragrafos do art. 469 da CLT;b) visem a reintegrar no emprego dirigente sindicai afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.Ve-se, portanto, que a CLT nao trata genericamente do instituto da antecipação da tutela, na medida em que nao a preve para as demais hipóteses em que se verifique a necessidade de sua aplicacao.

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Alias, e seguramente no processo do trabalho, dado o seu escopo social de tornar realizável o direito material do trabalho, que o instituto da antecipação da tutela se torna instrumento não apenas útil, mas, sobretudo, indispensável.

5.2. Natureza JurídicaA tutela antecipada, quando concedida, proporciona antes da decisão definitiva e no mesmo processo que e solicitada o proprio bem da vida afirmado pelo autor na peticao inicial. Trata-se, pois, de uma versao da máxima de Chiovenda, para quem “na medida do que for praticamente possivel o processo deve proporcionar a quem tem um direito tudo aquilo e precisamente aquilo que ele tem o direito de receber”065.Nao ha confundir natureza juridica do ato antecipador da tutela com a natureza juridica da propria tutela. Aquela leva em conta os tipos de atos, ou melhor, provimentos que o juiz pode proferir no processo, segundo a dicção do art. 162 do CPC, a saber: sentenca, decisao interiocutoria e despachos.Esta guarda relacao com classificacao da sentenca a luz da providencia jurisdicional solicitada pelo autor na peticao inicial,Nao ha uniformidade entre os autores a respeito da natureza jurídica da tutela antecipada. Para uns seria cautelar(17), e, segundo alguns, do tipo satisfativa. Outros sustentam sua feição executiva. Ha, ainda, os que advogam seu carater mandamental.Pensamos que de cautelar não se trata, uma vez que o objetivo do processo cautelar e assegurar o resultado útil do processo dito principal (de conhecimento ou de execução). Ademais, se e satisfativa nao pode ser concebida como cautelar, o que encerraria uma contradictio in terminis.Também não nos parece que tenha natureza executiva, tout court, pois a execucao pressupoe um provimento judiciai não sujeito a retratação

5.3. O Ato Judicial que Concede a Tutela AntecipadaNa diccao do art. 273 do CPC, o “juiz podera” conceder a antecipação dos efeitos da tutela de merito, dando a falsa impressao de que a hipótese consubstancia mera faculdade do Magistrado.Pensamos que, uma vez atendidos os pressupostos legais arrolados no referido preceptivo, o Juiz nao pode deixar de conceder a antecipacao da tutela, sob pena de tomar letra morta a norma legal sob exame.A antecipacao de tutela pode ser concedida total ou parcialmente, isto e, abrangendo todo o pedido contido na peticao inicial ou parte dele ou, ainda, todos os pedidos ou apenas um ou alguns deles.

5.4. Requisitos para a Concessão da Tuteia AntecipadaA leitura atenta do art. 273 do CPC, com nova redacao dada peia Lei n. 10.444/02, revela a existencia de alguns requisitos para que o juiz possa conceder a antecipacao da tutela.Com efeito, dispoe textualmente o preceptivo em exame:“Art. 273.0 juiz podera, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido iniciai, desde que, existindo prova inequivoca, se convenca da verossimilhanca da alegacao e:I — haja fundado receio de dano irreparavel ou de dificil reparacao; ouII — fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto proposito protelatorio do reu.§ 1 - Na decisao que antecipar a tutela, o juiz indicara, de modo claro e preciso, as razoes do seu convencimento.§ 2- Nao se concedera a antecipacao da tuteia quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.§ 3e A efetivacao da tutela antecipada observara, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4- e 59, e 461-A.§ 4- A tutela antecipada podera ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisao fundamentada.§ 59 Concedida ou nao a antecipacao da tutela, prosseguira o processo ate final julgamento.§ 6- A tutela antecipada tambem podera ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.§ 7- Se o autor, a titulo de antecipacao de tutela, requerer providencia de natureza cautelar, podera o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em carater incidentai do processo ajuizado.”

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De qualquer modo, a antecipacao da tutela de merito, a requerimento ou de oficio, so sera deferida se satisfeitos os seguintes requisitos:a) Prova inequívoca dos Fatos da CausaEmbora omisso o dispositivo, nao ha duvida de que a prova inequívoca refere-se aos fatos da causa. E a aplicacao plena do principio do da mihi factum, ego dabo tibi jus (Da-me os fatos que eu te dou o direito).

b) Verossimilhança da alegaçãoNao basta, contudo, a existencia da prova inequivoca dos fatos alegados.E tambem requisito essencial que haja verossimilhanca da alegacao.E aqui nos parece que a verossimilhanca das alegacoes ha de ser entendida como a verossimilhanca dos fundamentos juridicos do pedido

c) Receio de Dano Irreparável ou de Difícil ReparaçãoA satisfacao dos dois requisitos acima ainda nao e o bastante. E condição necessaria para a concessao da tutela antecipada que haja fundado receio de dano irreparavel ou de dificil reparacao.Aqui, temos um outro instituto conhecido nas medidas cautelares: o pericuium in mora. So que de vestimenta nova. Vale dizer, o juiz deve sopesar se a nao concessao da tutela antecipada podera causar prejuízo irreparavel ou de dificil reparacao ao autor do pedido enquanto aguarda o desfecho da lide.Assim, estando presentes os tres requisitos supra, ao juiz nao e permitido denegar a antecipacao da tutela, salvo se verificar a existencia de perigo de irreversibilidade do provimento

d) Abuso do Direito de Defesa ou Manifesto Propósito ProteiatórioEste requisito, a nosso sentir, e alternativo em relacao ao da alinea “c” supra. Em outras palavras, mesmo se nao existir pericuium in mora, o juiz podera conceder a antecipacao de tutela quando verificar que o reu abusa do direito de defesa ou atua de maneira a protelar injustificadamente o regular andamento do processo.

e) Fundamentação da DecisãoEmbora o § 1 - do art. 273 do CPC so mencione a “decisao que antecipar a tutela”, pensamos que tanto a decisao que a concede como a que a rejeita devem ser fundamentadas. Alias, esse dispositivo e absolutamente inocuo, senao vejamos.Nao se trata propriamente de requisito, na medida em que a exigência da fundamentacao da decisao nao e dirigido a parte que solicita a antecipação da tuteia, e sim ao juiz.Vale dizer, sao invalidas as decisoes que simplesmente concedem a antecipacao da tutela por: “presentes os pressupostos legais...”, “satisfeitos os requisitos de lei...”.

f) Possibilidade de Reversão do Provimento AntecipadoO ultimo requisito repousa na possibilidade de reversao do provimento antecipado, ou seja, o juiz deve avaliar se, na sentenca, o pedido contido na iniciai podera ser julgado improcedente e as consequencias que disso resultara para o reu. Trata-se, evidentemente, de um juizo de valor que o magistrado deve fazer acerca dos efeitos da antecipacao da tutela.

5.5. Tutela Antecipada das Obrigações de Fazer, Não Fazer e Entregar CoisaNa acao que tenha por objeto o cumprimento de obrigacao de fazer ou nao fazer, o § 3O do art. 461 do CPC permite ao juiz conceder a tutela antecipada especifica, nos seguintes termos:Ve-se, assim, que para a concessao da antecipacao da tutela especifica na acao que tenha por objeto o cumprimento de obrigacao de fazer ou não fazer a lei exige menos do que na antecipacao de tutela versando obrigação de pagar (CPC, art. 273).

5.6. Tutelas Antecipadas inibitória e de Remoção de ilícitoJa vimos no Capitulo VI, itens 5.1.1.1 e 5.1.1.2, que o nosso sistema processual passou a admtir tanto a tutela inibitoria quanto a tutela de remocao de ilicito.

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Cumpre-nos agora informar que tais tutelas tambem pode ser concedidas a titulo antecipatorio, quando estiverem presentes os requisitos previstos no art. 461, § 3R, do CPC, podendo o juiz, de oficio, ou a requerimento, fixar multa (astreinte) pelo nao cumprimento da decisao.

5.7. Tutela Antecipada contra o Poder PúblicoTema que gera polemica e o que diz respeito a possibilidade de ser concedida tutela antecipada em face de pessoas juridicas de direito publico, uma vez que estas, como se sabe, desfrutam de algumas prerrogativas previstas em lei ou na propria Constituicao Federal, dentre elas o duplo grau de jurisdição obrigatorio (DL n. 779/1969; CPC, art. 475) das sentencas que lhes forem total ou parcialmente desfavoraveis e o procedimento do precatorio, que impede a execucao imediata das tutelas pecuniarias (CF, art. 100), o que, por si so, ja seria condicao suficiente para obstacuiizar a concessao de tuteia antecipada em seu desfavor.Alem disso, o art. 1S da Lei n. 9.494/1997 veda a concessao de tutela antecipada requerida contra a Fazenda Pubiica nos seguintes casos: a) reclassificacao funcional ou equiparacao de servidores publicos;b) concessao de aumento ou extensao de vantagens pecuniarias;c) outorga ou acrescimo de vencimentos;d) pagamento de vencimentos e vantagens pecuniarias a servidor publico;e) esgotamento, total ou parcial, do objeto da acao, desde que esta diga respeito, exclusivamente, a qualquer das materias acima referidas.