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CARDOSO, Ciro Flamarion, S. O Egito Antigo. O Egito faraônico é o 1º reino unificado e a mais longa experiência de continuidade política e cultural da história humana. pg. 8-13 QUADRO II: CRONOLOGIA DA CIVILIZAÇÃO DO EGITO ANTIGO ATÉ A CONQUISTA MACEDÔNICA Periodo Dinastia de Manethon Datas antes de Cristo Paleolítico e Mesolítico Neolítico e Eneolítico (pré dinástico) Período da Unificação (protodinástico) Dinástico Primitivo Reino Antigo Primeiro Período Intermediário Reino Médio Segundo Período Intermediário Reino Novo Terceiro Período Intermediário Época Tardia - - - I a III IV a VIII IX, X, parte da XI Parte da XI, XII a XIV XV a XVII XVIII a XX XXI a XXIV; parte da XXV parte da XXV; XVI a XXX Antes de 4.500 (ou 5.500 segundo outros). De 4500 (ou 5.500) a 3.000 (ou 3.100) De 3.000 (ou 3.100) a 2920 2920 - 2575 2575 – 2134 2134 – 2040 2040 – 1640 1640 – 1550 1550 – 1070 1070 – 7712 712 – 332 A falência da hipótese causal hidráulica. A Unificação do Egito 3.300 – 3.000 a.C.: queda na pluviosidade, impedindo a agricultura no vale dos tributários. 3.100 – 2.700 a.C.: diminuição no nível médio das cheias do Nilo. Geografia atual do Egito é configurada: - Delta: maior extensão de terras aráveis - Vale: estreita faixa de terra arável entre desertos. - Deserto estéril. Agriculta torna-se dependente da irrigação. - Sistema de tanques inundados por canais provenientes do rio a Montante. - No início parecem ter sido organizados pelos nomos, de maneira que não justificam a unificação. pg. 14-25 Economia e sociedade. Principais inovações tecnológicas estão entre 3.200 e 2.700 a.C. Nível técnico mais baixo no Egito, em relação à Mesopotâmia. Economia baseada principalmente na agricultura. Inundação: julho a outubro; Trabalho nas obras estatais. “Saída”: semeadura de novembro a fevereiro. Colheira: março a junho.

Fichamento - CARDOSO, Ciro Flamarion S - O Egito Antigo

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  • CARDOSO, Ciro Flamarion, S. O Egito Antigo.

    O Egito faranico o 1 reino unificado e a mais longa experincia de continuidade poltica ecultural da histria humana. pg. 8-13

    QUADRO II: CRONOLOGIA DA CIVILIZAO DO EGITO ANTIGO AT A CONQUISTAMACEDNICA

    Periodo Dinastia de Manethon Datas antes de CristoPaleoltico e Mesoltico

    Neoltico e Eneoltico (pr dinstico)

    Perodo da Unificao (protodinstico)

    Dinstico PrimitivoReino AntigoPrimeiro Perodo IntermedirioReino Mdio

    Segundo Perodo IntermedirioReino NovoTerceiro Perodo Intermedirio

    poca Tardia

    -

    -

    -

    I a IIIIV a VIII

    IX, X, parte da XIParte da XI, XII a

    XIVXV a XVIIXVIII a XX

    XXI a XXIV; parte daXXV

    parte da XXV; XVI aXXX

    Antes de 4.500 (ou 5.500 segundooutros).

    De 4500 (ou 5.500) a 3.000 (ou 3.100)

    De 3.000 (ou 3.100) a 2920

    2920 - 25752575 21342134 20402040 1640

    1640 15501550 10701070 7712

    712 332

    A falncia da hiptese causal hidrulica.

    A Unificao do Egito 3.300 3.000 a.C.: queda na pluviosidade, impedindo a agricultura no vale dos tributrios. 3.100 2.700 a.C.: diminuio no nvel mdio das cheias do Nilo.

    Geografia atual do Egito configurada:- Delta: maior extenso de terras arveis- Vale: estreita faixa de terra arvel entre desertos.- Deserto estril.

    Agriculta torna-se dependente da irrigao.- Sistema de tanques inundados por canais provenientes do rio a Montante.- No incio parecem ter sido organizados pelos nomos, de maneira que no justificam a

    unificao. pg. 14-25

    Economia e sociedade. Principais inovaes tecnolgicas esto entre 3.200 e 2.700 a.C. Nvel tcnico mais baixo no Egito, em relao Mesopotmia. Economia baseada principalmente na agricultura. Inundao: julho a outubro; Trabalho nas obras estatais. Sada: semeadura de novembro a fevereiro. Colheira: maro a junho.

  • Gros pisados pelo gado. Instrumentos agrcolas de madeira. A difuso do gado maior se deu durante o Reino Novo, sendo os rebanhos importados da

    sia e Nbia. A agricultura era complementada pela pesca no Nilo, caa no deserto e nospntanos e pela coleta de papiro. Coletava-se tambm madeira de baixa qualidade.

    Artesanato: tijolos, linho, couro, papiro, madeira para embarcaes e mveis. Uso de pedrasduras para vasos, esttuas, construes religiosas. O comrcio e pagamento de servios erain natura. Uso da referncia de pesos de metal (shat, deban). A circulao interna demercadorias era dada pela administrao real.

    A administrao real e os templos detinham grande parte das terras, usando os excedentes eos tributos para sustentar funcionrios e artesos. Existia, no entanto, propriedade privada dealtos funcionrios, dispersos territorialmente.

    A massa da populao era composta de camponeses. Vivendo em aldeias, pagavam tributose se submetiam a trabalhos compulsrios. Eram organizados em equipes de cinco, decrias,e centrias, sob superviso de capatazes. Existia tambm uma vida em comunidade eassembleias aldes (zazat).

    A escravido era importante nas minas e pedreiras. Foi utilizada tambm em mbitodomstico e no exrcito, mas nunca constituiu um sistema escravista.

    Rei: vrtice da hierarquia social e considerado deus, intermedirio entre a populao e osdemais deuses.

    Famlia real: sacerdotes e funcionrios formavam uma alta hierarquia. Aristocracia local extinta no Reino Novo.

    Hierarquia mdia formada por funcionrios inferiores, escribas, artistas e artesos da corte.pg. 26-43

    O poder: sinopse da histria faranica.

    Fase Nagada II: registros arqueolgicos de cidades como Hierakmpolis, Koptos, Nagada eAbydos (3.600- 3.100 a.C).

    Formao das comunidades aldes e das primeiras obras hidrulicas data de Nagada II, coma formao dos nomos.

    Atravs de um processo militar, unificao dos nomos e dos reinos: Alto Egito: no Vale do Nilo, cultuando Seth. Baixo Egito: no Delta, cultuando Hrus.

    A unificao teria partido do Sul para o Norte, comeando com um rei Escorpio, que notomou todo o Delta. O processo termina com o rei Men, ou Narmer. Aparece com a coroabranca do vale e vermelha do delta, submetendo militarmente um inimigo.

    Dinstico Primitivo (2920 2575 a.C.) Desenvolvimento da escrita hieroglfica, estruturao do sistema de tributao e

    administrao, melhoria do artesanato e construo com pedras. A capital pode ter sido em tinis ou Mnfis, permanecendo tenses entre o vale o Delta. Aparecem os ltimos resqucios de sacrifcio humano ritual e a primeira pirmide (Sakkara).

    O Reino Antigo (2575 2134 a.C.) Perodo pouco conhecido. Construo das pirmides de Guiza, valorizao da cidade de Mnfis em favor de

    Helipoles e valorizao ao culto de R. Grandes doaes de terras aos templos efortalecimento dos nomos.

  • Primeiro Perodo Intermedirio (2134 a.C. - 2040 a.C). Inundaes fracas e fortalecimento dos nomos que governavam como reis locais. Invaso do Delta por nmades asiticos. Nova unificao sob a liderana dos nomos mais fortes, formando dois reinos com capital

    em Meraklopolis e Tebas. Expulso dos nmades e unificao sob Tebas, em 2040. Enfraquecimento e posterior fortalecimento da irrigao.

    Durante o Reino Antigo, as funes adminsitrativas so orgazniadas: O Rei tem poderes absolutos e deus encarnado. Ao seu lado figura o tjati, espcie de

    primeiro-ministro que organiza a administrao. Nomarcas so nomeados pelo rei paracolher tributos e governar localmente.

    Ao longo do terceiro milnio, o Egito no mantm muitas relaes externas, porm colonizaa Nbia, enviando expedies peridicas para extrao de pedras. Combate tambminvasores nmades do Sinai e da Lbia. Comea tambm a comprar madeira atravs dosportos fencios.

    Reino Mdio (2040 1640) Fortalecimento dos nomos sob o reino de Mentuhetep III. A partir de 1929, supresso dos

    nomos e reforma administrativa. Construo das pirmides de Fayum. O rei torna-se mais acessvel: o deus-bom, que faz respeitar a Justia-Verdade, filha de Ra.

    Segundo Perodo Intermedirio (1640 1550). O perodo se inicia com a invaso dos povos hicsos, que dominaram o Delta,

    egipcionizando-se e escolhendo Seth como deus patrono. Essa invaso abre espao para umaampla comunicao com o Oriente Prximo, permitindo inovaes tecnolgicas: melhoriana produo do bronze, elaborao do torno rpido, tear vertical, introduo do gado zebu,novas frutas e legumes, introduo do carro de guerra e do cavalo.

    O Delta passa a ser protegido pelo muro do prncipe. O comrcio com a Nbia se desenvolve com trocas de ouro, marfim, plumas, granitos e

    mercenrios O Reino novo (1550 1070)

    O Reino novo marca o fim do isolamento egpcio, com a ascenso do clero de Tebas e doculto a Amon Ra. O Egito se expande promovendo a invaso da Nbia e da Sria-Palestina.Para sustentar as novas fronteiras, ocorre um avano do militarismo com a construo de umexrcito permanente.

    O perodo marca tambm a ascenso do clero de Amon-Ra, que submete a legitimidade realao seu crivo. O rei considerado filho de Amon-Ra, sendo sua descendncia confirmadapelo clero.

    As invases complexificam tambm a administrao, que passa a contar com dois tjatis e aperda do poder dos nomos. A Nbia ganha um vice-rei e a Sria-Palestina torna-se umprotetorado.

    Amehontep IV, futuramente renomeado como Akhenaton, promove uma reforma religiosapassando a cultuar o disco solar (Aton). Tentar, assim, impor uma religio monotesta noEgito. Marca tambm o incio da decadncia egpcia, com a perda do territrio da Palestina.

    Ramss II consegue posteriormente fortalecer os domnios asiticos, promovendo o primeirotratado internacional com os povos hititas contra os assrios.

    O Egito passa por uma lenta decadncia, com a progressiva perda dos territrios na sia eNbia, progressivo fortalecimento dos nomos, alm da sucesso de ms colheitas, secas,fomes e greves.

  • O 1 milnio (at 332): terceiro perodo intermedirio e poca tardia.

    O terceiro perodo intermedirio foi marcado pela presena de vrios faras simultneos noterritrio egpcio. Dinastias de nbios e lbios tomaram o poder.No plano econmico, a perda de controle sobre a Nbia fez com que o Egito perdesse acesso sminas de ouro, empobrecendo as relaes econmicas internacionais.O perodo intermedirio deu durou at 712 a.C., quando o Egito foi reunificado sobre o rei nbioShakabaka. Inicia-se a poca tardia (712 332 a.C). Durante essa poca, os potentados locaistenderam a manter o poder. Apesar disso, uma sequncia de boas cheias garantiu um perodo deprosperidade.O auxlio prestado ao reino de Jud serviu de pretexto para trs ondas de invases assrias, em 674,671, 663 e 657. Os invasores foram expulsos por Psamatik I, em 653 a.C.No sculo VI o Egito tentou retomar sua poltica expansionista, mas foi barrado pelo ImprioBabilnico. Em 525 a.C foi tomado por Cambises da Prsia. Entre 404 e 343 a.C., o Egitorecuperou temporariamente sua independncia, mas logo voltou ao domnio persa, sendo tomadopor fim em 332 a.C por Alexandre da Macednia. pg. 25-82

    CAPTULO 3- ASPECTOS DA VIDA INTELECTUAL

    O pensamento egpcio considerado pr-filosfico e mtico. Tenta estabelecer um princpio em queas coisas foram feitas pela primeira vez, justificando um repetio cclica estabilizadora dasociedade. De maneira geral, escribas e sacerdotes existiam em conformidade com o Estadofaranico. Este era legitimado pela reproduo de uma ordem sagrada primitiva em que o prpriodeus vivia e governava, sendo o fara o herdeiro desse reino.A diversidade de aproximaes era outra caracterstica, marcando uma mesma divindade, palavraou objeto com diversos aspectos distintos. Nesse sentido, o cu poderia ser descrito como uma vacaou um mar e um deus poderia ser representado por diversos smbolos diferentes. Da mesmamaneira, concepes teolgicas contraditrias advindas de um sincretismo cultural estavampresente na religio egpcia, sem causar incmodo.Acreditavam no poder criador da palavra, de tal modo que muitos objetos do mundo teriam sidocriados originalmente por deuses que pronunciaram os nomes das coisas. Nesse sentido, os egpciosusavam a magia com ritos, smbolos e imagens para coagir os deuses e o cosmos.- Tal caracterstica explica tambm os smbolos deixados nas tumbas dos fars: o desenho deservos, alimentos e riquezas eram to valiosos quanto os prprios objetos, sendo levados para oalm tmulo.

    Religio.A religiosidade egpcia parece ter sido construda a partir das diversas religiosidades dos nomos.Nesse espao, as divindades so evolues do culto a ancestrais e animais, sofrendo progressivasntese e antropomorfizao.Os sacerdotes do Estado se preocupavam em relacionar as divindades locais, oferecendo umaexplicao e uma sntese na religio oficial. Apesar disso, a religiosidade popular no acompanhavaesses complexos vnculos estabelecidos.O culto a animais, como o touro e o hipoptamo eram tambm importantes. A religio oficialexplicava que esses animais encarnavam parte da fora dos deuses.Os templos foram erguidos principalmente a partir do III milnio, e eram o palcio e a residncia dadivindade. Com acesso restrito aos sacerdotes, protegiam uma imagem do deus que era cultuadodiariamente. s vezes essa imagem era levada em procisses conforme o calendrio religioso.Ao longo do tempo, houve um esforo no sentido de unificar as divindades, principalmente emtorno do culto ao Sol. Essa tendncia alcanou o seu pice com Akhenaton, mas fracassou em semanter.Havia a crena no uso da magia como forma de espantar o caos, que ameaava constantemente a

  • destruio da ordem constituda com a criao. Prevalecia ainda uma crena em vida aps a morte,com dois destinos possveis para o morto, que variaram de acordo com o momento histrico e aregio:

    1) ressuscitao dentro do templo, de onde o morto saia em forma de pssaro.2) A submisso ao tribunal de Osris, que permitia a vida em uma outra terra, em muito

    semelhante ao prprio Egito.

    Construam-se tambm orculos, consultados diante de catstrofes ou decises polticasimportantes. A medicina e o cotidiano eram tambm marcados pelo misticismo, com uso de magiase amuletos de proteo.

    Lngua escrita e literatura.

    A lngua egpcia comporta aspectos de dialetos africanos e semitas, tendo sofrido alteraesdiversas durante a antiguidade.A escrita mais antiga desenvolvida na regio foram os hierglifos, usados como pictogramas,fonogramas (smbolos e consoantes) e determinativos (smbolos que distinguiam entre palavrascom as mesmas consoantes). Foram inventados no pr-dinstico. De maneira geral, eram poucoeficientes para o uso cotidiano, tendo sido mais utilizados pelas classes sacerdotais. Para a escritacotidiana, como o uso em ditados, foi desenvolvida uma simplificao cursiva, chamadahiertico. Posteriormente este tambm se simplificou formando a escrita demtica.No princpio, a escrita era mais utilizada para fins rituais, estando presente em tmulos, templos eno Livro dos Mortos. A partir do Reino Antigo, aparece tambm uma literatura profana, comromances, stiras e tratados tcnicos.A cincia egpcia parece ter se vinculado principalmente matemtica, com o desenvolvimento detcnicas de agrimensura, sistema decimal (sem o zero), geometria e trigonometria. As tcnicas demumificao ofereceram aprofundado conhecimento sobre anatomia humana.De maneira geral, a cultura desenvolvida ficava bastante restrita aos sacerdotes e escritores da corte.

    Artes plsticas.

    A arte no Egito Antigo estava bastante vinculada religio, atendendo principalmente s demandasdos templos e do fara. A pintura no desenvolveu a perspectiva. Na arquitetura, desenvolveu-se aconstruo de salas sustentadas por pilares. frente dos templos, mantinham-se grandes esculturasde faras e representaes de deuses. Durante o reinado de Amenhotep IV, houve um breve perodode vigncia de tendncias naturalistas. pg. 82-100

    CONCLUSO - MODO DE PRODUO ASITICO?

    Pressupostos do conceito de modo de produo asitico:1) Nvel de foras produtivas mais avanado do que as sociedades tribais primitivas: fora detrabalho abundante, conhecimento do metal, agricultura com irrigao e obras hidrulicas.2) Existncia de comunidade de aldeia: inexistncia de propriedade privada, autarquia, associaode agricultura e artesanato, sem especializao.3) Existncia de um Estado desptico, com fundamentao religiosa, com funes gerenciais,defensivas, religiosas.4) Relao entre comunidade aldes e o Estado de escravido generalizada.5) Escravido sem escravismo.6) Inexistncia de comrcio e artesanato como atividades suficientemente autnomos para alterar aordem social.7) Tendncia estagnao: as comunidades aldes e a falta de comrcio tornam a sociedadeextremamente estvel, a despeito de guerras, revoltas palacianas ou mudanas de dinastia.

  • Ciro Flamarion considera que o conceito falha em alguns pontos, e observa que foi, originalmente,construdo para comparar sociedades capitalizadas com sociedades primitivas nacontemporaneidade. Rejeita a crtica de Perry Anderson, considerando que o conceito til paracompreender as passagens de comunidades tribais para sociedades de classe.Rejeita a hiptese causal hidrulica e a estagnao: aceita, no entanto, as demais disposies parao Egito Antigo, considerando o conceito como importante para a construo de conhecimento sobreo Egito Antigo. pg. 100-8