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Centro Universitário de Brasília - UniCEUB Letícia Alves Martins de Souza Introdução à Arquitetura: Capítulo II

Fichamento do Capítulo 2 - Introdução à arquitetura

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Fichamento do livro de Gabriel D.

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Centro Universitrio de Braslia - UniCEUB

Letcia Alves Martins de Souza

Introduo Arquitetura: Captulo II

Braslia, 21 de maio de 2015

Captulo II Os objetos da arquitetura

A arquitetura pode ser definida como algo correlacionado, exclusivamente ou essencialmente, com edificaes. As edificaes tm como funo abrigar espaos fsicos destinados aos diferentes tipos de uso e de formas de serem apropriadas. As cidades, jardins, parques, ambientes internos, so formas de organizar o espao fsico pelo conhecimento do homem, onde a arquitetura no e s mais uma habilidade, e sim um campo de conhecimento.

1. As Cidades

1.1 Origens e definies

Ao comear a falar de Arquitetura e Urbanismo, complexo achar uma definio que limite os dois termos, uma vez que a Arquitetura em todo o seu mbito abriga tambm o Urbanismo.A ligao entre a construo de edifcios e a de ambientes urbanos presente desde a Idade Mdia. Para se levantar um edifcio, necessrio que este esteja dentro de costumes e normas que se adequem ao ambiente urbano.O ambiente preferencial de trabalho dos arquitetos a cidade porm no o nico. As obras mais apreciadas da arquitetura e paisagismo ocidental foram feitas em contextos no urbanos. Porm, a intensa urbanizao, que teve seu incio em aproximadamente dois sculos e meio atrs, fez com que a grande maioria das oportunidades de trabalho para os arquitetos se concentrasse, com mais frequncia, nos ambientes urbanos.A definio e significado da palavra cidade no tem resposta definitiva. H uma teoria que o surgimento das cidades tenha datado de por volta de 3.500 a.C., na denominada Revoluo Urbana, que s foi possvel pela sedentarizao dos seres humanos, pelo sistema de estratificao social, por um sistema poltico e de produo, onde a rea rural era vinculada cidade, razovel quantidade de excedentes de alimentos e fibras de origem animal e vegetal que conseguiriam garantir a sobrevivncia dos moradores da aglomerao urbana. O que realmente define se a aglomerao urbana ou no a caracterizao econmica, a produo de excedentes no s alimentares mas de vestimentas como exemplo, uma populao dedicada exclusivamente a atividades que no so agrrias e pastoris, como administrao, religio e defesa, fazem com que possa destinguir as primeiras cidades de aldeias pr-histricas.

1.2 Cidade e sociedade

Como a populao de uma cidade no esto ocupadas com atividades que esto ligadas ao campo rural, sua sobrevivncia fsica est diretamente ligada as pessoas que produzem esse tipo de matria prima, logo, essa foi a primeira diferenciao social entre os moradores da cidade e os moradores dos campos que circundavam o territrio urbano.Com essa diferenciao social, houve alguma forma de Diviso do Trabalho, que uma estrutura de poder hierarquizada onde so atribudas diferentes tarefas e trabalhos a diferentes grupos. Com o passar do tempo as cidades se tornaram mais complexas e essa diviso tambm.As cidades so conhecidas como o lugar da variedade, logo, das diferenas sociais e culturais. Pessoas diferentes contribuem com seu trabalho para o enriquecimento de um territrio em comum e ao mesmo tempo disputando para ter o que a cidade tm de melhor, como oportunidades de sobrevivncia e de condies de vida.Existeam fatores que determinam a diferenciao dos grupos que constituem uma cidade, como a origem, hbitos, profisso e poder, bem como o poder econmico. As diferenciaes culturais e econmicas geram disputas por melhores localizaes dentro da cidade, o que formam os bairros.Os bairros so unidades do territrio delimitadas com o objetivo de abrigar indivduos e famlias pertencentes a grupos que tm de ter afinidade suficiente para conviverem pacificamente com a proximidade fsica, uma vez que se h uma riqueza cultural, tambm h tenses e hostilidades que podem ser mais agudas ou no, mais explcitas ou no. Nos dias de hoje possvel notar que em cidades grandes h uma impessoalidade, como exemplo, os vizinhos de uma mesma rua no se conhecem mais; j em cidades menores, mais distantes das metrpoles, comum ver que todas as pessoas se conhecem ou as famlias se conhecem.Para evitar que tenses ocorram, as pessoas buscam proximidade com seus semelhantes e distanciamento dos que lhe so diferentes. Isso explica as mais diversar identidades scio-culturais dos bairros. Hoje em dia, em uma mesma cidade, pode-se encontrar o Bairro da Liberdade em So Paulo um bairro de cultura asitica e a cidade de Quebec no Canad parte francesa do pas canadense - e bem como bairros ditos bairros de ricos, de pobres, de tcnicos em informtica, de comrcio de vestimentas.A coero e coeso so mecanismos para manterem a pacificidade e a qualidade de vida desses aglomeramentos, mantendo a vidade ntegra e em funcionamento mas mantendo tambm a diversidade natural do ambiente urbano.O elevado grau de violncia nas cidades brasileiras resultado da falta de coeso e do mal uso do poder de coero e pode ser visto como retrocesso civilizatrio que se instalou no pas desde as ltimas trs dcadas.Quanto mais poder um indivduo possui, mais capacidade ele ter de conseguir os melhores lugares para habitar. Pode-se ver esse fenmeno ao avaliar os valores de imveis em locais prximos de atraes tursticas, comrcios, centro de grandes cidades, que crescem cada vez mais pela demanda de uma populao que enriquece e buscam essas regalias.Nos dias de hoje a mobilidade um problema social. Quanto mais rpido e simples o deslocamento entre as moradias e diversos outros locais, melhores condies de acessibilidade destes, logo, os conceitos de mobilidade e acessibilidade nas cidades grandes esto interligados.

1.3 Cidade como instrumento econmico

As cidades como foco de atividades econmicas explodiu durante o incio da Revoluo Industrial na Europa. Esse foi o contexto histrico, no incio do sculo XVIII, onde a cidade ganhou tamanha preponderncia o quanto conhecida nos dias atuais. As cidades passaram a ser vistas como instrumentos econmicos que produziam mercadorias em larga escala. A Revoluo Industrial foi o comeo para conhecermos a cidade como ela hoje, o aumento da populao na vida urbana decorrente disso.Com a grande produo, houve a construo do sistema virio e de edificaes, logo, o surgimento de novos bairros capazes de abrigar a massa de novos trabalhadores industriais da poca. Com isso, o mercado consumidor tambm cresceu e proporcionou um novo dinamismo a economia.1.4 Densidades urbanas, impostos e especulao imobiliria

Para a construo de uma cidade, precisa-se de tempo e de altos custos at ser considerada ideal para a sobrevivncia da populao. Os principais confortos de uma cidade so designadas por sua infraestrutura, isso inclui o fornecimento de gua potvel, saneamento bsico, de energia, de telecomunicales e de transporte. Essa infraestrutura deve atingir o mximo possvel de toda uma populao, sendo acessvel em seu custo e de qualidade.O acesso s melhores vantagens de uma cidade limitam-se a uma parcela da populao que se concentra o mais prximo possvel de locais que lhes oferecem esses benefcios, logo, h o conceito de densidade urbana. Onde h maior densidade de pessoas, se vale o investimento social de mais benefcios que atendam essas pessoas, como hospitais, escolas, grandes comrcios. Onde h uma taxa menor de pessoas morando, o investimento precrio e no atende as qualidades de servios que so prestados em locais de grande densidade.A partir desses locais com grande quantidade de pessoas e servios (benefcios), as terras e imveis ali situados ou em reas imediatamente circundantes tm seu valor patrimonial aumentado, e esse o mecanismo da especulao imobiliria.As taxas de utilizao de equipamentos e servios urbanos e os impostos cobrados, so o que definem o arrecadamento de recursos para que estes servioes atinjam a populao em sua totalidade, que o ponto ideal, como um direito de todos os moradores de uma cidade.

1.5 Planejamento urbano e regional; planos diretores

Para evitar a situao de deseconomias, o planejamento urbano foi a soluo encontrada primeiramente em pases europeus, na metade do sculo XIX. O objetivo do planejamento urbano reduzir a desigualdade socio-econmica de uma regio, fazendo com que diretrizes sejam definidas para a evoluo e desenvolvimento igualitrio de uma cidade.Analisar a atual situao do territrio urbano e definir a qual futuro pretende-se dirigir esta cidade pode garantir maior eficincia para conquistar esse objetivo. Ao fazer este diagnstico, possvel detectar os pontos negativos da cidade e os pontos de potencial exploramento, assim, beneficiando o desenvolvimento. Esse mtodo no se aplica somente a cidades, mas a regies inteiras, denominadas regies metropolitanas.Com o encarecimento das terras nos ncleos dessas regies, ocorre o fenmeno da urbanizao dispersa, que consiste na busca de locais ao redor que tenham um custo de vida menor e mais aceitvel, o que gera a queda da qualidade de vida nesses locais, como a criminalidade.Em Braslia, possvel notar que o planejamento urbano, hoje, no supre as necessidades da populao da cidade e do entorno. Problemas como mobilidade, acessibilidade e infraestrutura so provas de que o inchao populacional e a ocupao dos arredores de uma cidade afetam o territrio urbano e causam o efeito de rede urbana, onde todas as cidades acabam por ser interdependentes e nenhuma delas pode existir isoladamente, no sobreviveria.

1.6 Crticas viso funcionalista das cidades e do planejamento urbanoO acelerado e ininterrupto processo de urbanizao faz com que as cidades sejam incapazes de atender satisfatoriamente as exigncias da populao. O incio da prtica do planejamento urbano trouxe insatisfao e descontentamento da populao na dcada de 60, do sculo XX, uma vez que as necessidades populacionais no estavam sendo atendidas.O marco da crtica ao planejamento urbano, considerado funcionalista, foi na segunda metade do sculo XX com o livro The Death and Life of Great American Cities, do norte-americano Jane Jacobs, em 1961. Ele afirmava que a populao estaria sendo privada de algumas das mais importantes qualidades da vida urbana: a diversidade, a acumulao de significados ao longo da histria, a ligao afetiva e a identificao dos morados com seus bairros, vizinhanas e ruas. Ele dizia que os planejadores urbanos faziam de forma impositora seus projetos, tirando a liberdade da populao de se sentir caracterizado pelo local onde mora, tornando a cidade mero instrumento econmico. Alm de criticar, Jane Jacobs tentava apresentar solues alternativas para as falhas do planejamento urbano.

1.7 Cidade como objeto da percepo

As cidades no so somente bases neutras, abstratas que tm como utilidade a produo econmica e circulao de riquezas. As cidades so lugares onde pessoas circulam, usando seus aparelhos sensitivos, tornando a cidade um objeto da percepo humana.Ao ver a cidade assim, ela passa a ser analisada e exploradas alm do apecto fsico, visto o papel dela na vida das pessoas, em sua formao e seu desenvolvimento. As cidades so fontes de inspirao para muitas pessoas, vrios compositores, autores e poetas escreveram sobre a cidade em que viviam ou almejavam viver. As cidades no so meramente objetos para a produo econmica, mas tambm cultural, onde as pessoas que ali vivem se sentem de alguma forma influenciadas pelo ar urbano.

1.8 Cidade como lugar existencialDesde o incio da filosofia existencialista, no sculo XX, autores alemes fazem a reflexo sobre o comportamento do ser humano nas cidades, como o ser humano se apropria do espao urbano, como eles vivem e se relacionam com as cidades.Cada indivduo constri sua prpria cidade em torno de dois plos principais, moradia e local de trabalho, e soma-se os locais de lazer. Esses trs plos so considerados domnio do indivduo, conceito este explicado pela filosofia.1.9 Cidade como textoAs cidades como objetos da percepo humana, fizeram do ambiente urbano como tema para a lingustica. O estudo das cidades e de seus espaos focadas na anlise de suas estruturas mais estveis e recorrentes, so anlogas s estruturas dos textos escritos.A analogia das formas da cidade com as formas do texto escrito trouxe o estruturalismo como sua base conceitual e metodolgica. As diferentes estruturas resultavam em diferentes significados que causavam analogia a frases de textos escritos.1.10 Estrutura urbana, monumentos e no-monumentos

No livro Larchitettura della citt (1960) de Aldo Rossi, foram citadas dois apectos importantes: a permanncia da estrutura fsica das cidades e o fato de uma hierarquia no espao urbano.As estruturas fsicas resistem a eventos cataclismos naturais ou guerras, que geralmente causando mudanas culturais e scio-econmicas fazem co que essas estruturas sejam consideradas parte da identidade de uma cidade.A paisagem do ambiente urbano composta por edifcios de uso corriqueiro e de um apelo visual forte, que o torna simblico.

1.11 Cidade como arquiteturaAs cidades so vistas de diferentes formas dentre os diversos campos do conhecimento. Apesar do carter funcionalista das cidades, os arquitetos tem a capacidade de enxergar como um objeto artstico, a cidade como uma obra de arte, onde a arquitetura tem o objetivo de fazer com que as manifestaes artsticas sejam sensveis todos os dias a quem vive naquele contexto.2 Os edifciosOs edifcios so produzidos para terem uma utilidade, e para isso precisam atender a requisitos que permitam sua capacidade de existir, como sua estabilidade, resistncia.Qualquer edifcio criado para atender uma necessidade da populao, os aspectos funcionais so essenciais mas a arquitetura torna disso elemento secundrio ao trazer a vista os aspectos visuais e culturais de uma cidade.