Upload
vinicius-zanoli
View
198
Download
7
Embed Size (px)
Citation preview
Vinícius Pedro Correia Zanoli RA: 093219 – Ciências Sociais Integral
1
FICHAMENTO – O ENIGMA DA IGUALDADE – JOAN W. SCOTT
Olympi de Gouge – 1971 – declaração dos Direitos da Mulher e da cidadã.
Ela termina sua própria versão do contrato social dizendo que tudo que ela tinha
para oferecer eram paradoxos.
Scott afirma que não existem soluções simples para as questões da
igualdade e da diferença, dos direitos individuais e das identidades de grupo, de
posicioná-los como conceitos opostos significa perder o ponto de suas
interconexões.
Os debates sobre essas questões citados pela autora tomaram forma
polarizada.
Leis anti-discriminação gay tem sido repelidas porque conferem direitos
especiais a determinados indivíduos, além disso, outras pressões para a
diversificação, como a do quadro docente, por exemplo, tem sofrido resistência.
São questionados também a necessidade de representantes da minoria
lecionarem sobre essa minoria.
A autora segue discutindo sobre a dicotomia grupo x indivíduo. Diz que
dessa questão, surgem questões relacionadas à igualdade. Um grupo diz que todos
os indivíduos são iguais perante a lei, e por isso, grupos dos quais supostamente
esses indivíduos façam parte. Outro grupo acredita que só com a valorização dos
diferentes grupos dos quais os indivíduos fazem parte é que se conquista a
igualdade.
Política de identidade de grupo -> cria-se um padrão de negro e um padrão
de gay, por exemplo.
A autonomia para Appiah de um negro ou gay depende da autonomia
assegurada para o grupo a que pertencem. Ao mesmo tempo que essa autonomia é
limitada aos padrões do grupo. <-(PARADOXO)
Para Scott, indivíduos e grupos, igualdade e diferença, não são opostos, mas
conceitos interdependentes que estão necessariamente em tensão.
Segue-se uma lista de paradoxos com os quais Joan trabalha:
Vinícius Pedro Correia Zanoli RA: 093219 – Ciências Sociais Integral
2
1. A igualdade é um princípio absoluto e uma prática historicamente
contingente.
2. Identidade de grupo definem indivíduos e renegam a expressão ou
percepção plena de sua individualidade.
3. Reivindicações de igualdade envolvem a aceitação e a rejeição da
identidade de grupo atribuída pela discriminação. Ou, em outras
palavras: os termos de exclusão sobre os quais essa discriminação
está amparada são ao mesmo tempo negados e reproduzidos nas
demandas pela inclusão.
A autora usa a definição de igualdade de R. R. Palmer:
“A igualdade requer um ato de escolha, pela qual algumas diferenças são
minimizadas ou ignoradas enquanto que outras são maximizadas.”
Revolução Francesa = Igualdade de Direito.
Mas as mulheres e os escravos não tinham direito de participação
política.
Diferenças de riqueza, de cor e de gênero eram levadas em
consideração.
As relações entre posições sociais e direitos variam de acordo com as
épocas.
Desde as revoluções do século XVIII a igualdade no Ocidente tem-se referido
a direitos. Nesse período criou-se também um conceito pronto de indivíduo, assim,
os que não se adequavam a esses modelos não eram considerados como tal.
Alguns não consideravam a mulher como um indivíduo e, portanto, não a
consideravam cidadãs.
A igualdade pertence a indivíduos e a exclusão a grupos. Essas identidades
de grupo são um aspecto inevitável da vida social.
Sobre grupos minoritários, a Encyclopedia of Social Sciences diz: isso [os
grupos minoritários] compreende um conjunto de atitudes e comportamentos, as
minorias não são necessariamente minorias numéricas.
As minorias são minorias porque se definem ou são definidas como tal.
Surge um senso de identificação quando se reduz um indivíduo a uma
categoria.
Vinícius Pedro Correia Zanoli RA: 093219 – Ciências Sociais Integral
3
Ela segue falando do paradoxo em torno do qual as identidades políticas e
as lutas políticas em torno delas.
Os termos do protesto contra a discriminação tanto aceitam quanto
recusam as identidades de grupo sobre as quais a discriminação está baseada.
As demandas pela igualdade necessariamente evocam e repudiam as
diferenças que num primeiro momento não permitiriam a igualdade. A autora
mostra que o feminismo produz a diferenciação da mulher sobre a qual as
feministas lutam contra. Para a autora a tensão entre identidade de grupo e a
identidade individual não pode ser resolvida.
Scott diz que quer terminar a conferência falando sobre a política de ação
afirmativa.
A ação afirmativa teve início na década de 1960, com ela a discriminação foi
proibida, seu cerne foi possibilitar que indivíduos e, portanto como iguais. Mas
para que todos consigam ser tratados como iguais, é preciso que as pessoas sejam
tratados como membros de grupos.
A autora define a ação afirmativa paradoxal no que diz respeito à questão
indivíduo x grupo. Para acabar com a discriminação, a lei chamou atenção para
diferença.
A identidade de grupo é resultado de distinções categóricas (de raça, de
gênero, de etnicidade, de religião e sexualidade).
O indivíduo padrão não é considerado como possuidor de traços coletivos.
A ação afirmativa tem como premissas o indivíduo abstrato e a ficção de sua
universalidade.
Para acabar com o problema da exclusão, a inclusão teve de ser destinada
aos indivíduos como membros desse grupo – uma posição complicada.
“Para se reverter a discriminação, deve-se praticá-la, mas com uma
finalidade positiva”.
A ação afirmativa entendia que negros nunca poderiam ser considerados
como indivíduos (porque não eram brancos), então a defendiam como grupo.
A ação afirmativa tratava o poder que discriminava como uma questão
estrutural.
A autora vê a boa intensão a ação afirmativa, mas diz também que não é
ingênua e que possíveis interesses diversos podem ser levados em consideração.
Vinícius Pedro Correia Zanoli RA: 093219 – Ciências Sociais Integral
4
A autora termina concluindo que a identidade pode ser vista como efeito de
processos políticos e sociais. E que ela pode ser vista como um processo complexo
suscetível à transformações.
E, enfim, a política é definida pela autora como negociação do impossível.