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FICHAMENTO – POLÍTICAS PÚBLICAS: SEUS CICLOS E SUBSISTEMAS: MICHAEL HOWLETT, M. RAMESH E ANTHONY PERL Rafael de Almeida Guimarães POLÍTICA PÚBLICA - Definição de política pública - Conceito de Thomas Dye vs. Conceito de Jenkins (p. 5-9) “Compatibilizar objetivos políticos (policy goals) com meios políticos (policy means), num processo que pode ser caracterizado como “resolução aplicada de problemas”. Identificar os problemas e aplicar (por mais imperfeitas que sejam) as soluções encontradas” “Jenkins (1778) define a política pública como “um conjunto de decisões inter-relacionadas, tomadas por um ator ou grupo de atores políticos, e que dizem respeito à seleção de objetivos e dos meios necessários para alcança-los dentro de uma situação específica em que o alvo dessas decisões estaria, em princípio, ao alcance desses atores” - Análise política vs. Estudos políticos (p.10-11) Essa diferença em métodos e abordagens a policy-making está por trás da distinçãoo muitas vezes traçada ou observada entre análise política (policy analysis) e estudos políticos (policy studies). A análise política tende a se concentrar na avaliaçãoo formal ou na apuração dos efeitos ou “impactos políticos”, por meio do uso frequente de técnicas quantitativas como a análise de custo/benefício ou a avaliação de gestão de risco. - Análise dos process de “policy making” de Lasswell (formulação mais extensa, conta com sete etapas) e o ciclo administrativo de Gary Brewer (formulação mais simples, cinco etapas). (p.12- 16)

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FICHAMENTO – POLÍTICAS PÚBLICAS: SEUS CICLOS E SUBSISTEMAS: MICHAEL HOWLETT, M. RAMESH E ANTHONY PERL

Rafael de Almeida Guimarães

POLÍTICA PÚBLICA

- Definição de política pública

- Conceito de Thomas Dye vs. Conceito de Jenkins (p. 5-9)

“Compatibilizar objetivos políticos (policy goals) com meios políticos (policy means), num processo que pode ser caracterizado como “resolução aplicada de problemas”. Identificar os problemas e aplicar (por mais imperfeitas que sejam) as soluções encontradas”

“Jenkins (1778) define a política pública como “um conjunto de decisões inter-relacionadas, tomadas por um ator ou grupo de atores políticos, e que dizem respeito à seleção de objetivos e dos meios necessários para alcança-los dentro de uma situação específica em que o alvo dessas decisões estaria, em princípio, ao alcance desses atores”

- Análise política vs. Estudos políticos (p.10-11)

Essa diferença em métodos e abordagens a policy-making está por trás da distinçãoo muitas vezes traçada ou observada entre análise política (policy analysis) e estudos políticos (policy studies). A análise política tende a se concentrar na avaliaçãoo formal ou na apuração dos efeitos ou “impactos políticos”, por meio do uso frequente de técnicas quantitativas como a análise de custo/benefício ou a avaliação de gestão de risco.

- Análise dos process de “policy making” de Lasswell (formulação mais extensa, conta com sete etapas) e o ciclo administrativo de Gary Brewer (formulação mais simples, cinco etapas). (p.12-16)

“POLICY ANALISTS”

- Positivistas (Inclinações ciêntifícas)

Esses estudos mostraram como a política pública é, acima de tudo, uma disciplina cuja prática cujo propósito explícito é aconselhar os policy-makers sobre a melhor maneira de lidar com problemas públicos. Enquanto várias abordagens analisam esse tipo de problema e divisam soluções que possam acabar com ele, a maioria das análises formais depende ou confia em ideais e técnicas derivadas da ciência econômica.

- Falhas de mercado:

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- Bens privados puros, bens públicos puros; bens tarifados; bens de fundo comum; monopólio natural; informação imperfeita; externalidades; condomínio; competição destrutiva (p. 27).

- Falhas de governo: - Desvio organizacional; externalidades derivadas e o problema do

agente e do principal; elevação de custos (p.29-30).

- O “Pós-positivismo” : Análise empírica conjuntamente com análise normativa (p.31-36)

“Entretanto, os pospositivistas em geral argumentam, com efeito, que os analistas políticos convencionais, formados na tradição da economia do bem-estar ou em outras abordagens semelhantes, estão desnorteados em sua obsessão com a análise quantitativa, a separação objetiva entre fatos e valores e as conclusões generalizáveis e independentes de contextos sociais particulares, que são todas marcas distintas do pensamento “positivista”. (...) Pelo contrário, acreditam que a análise empírica (positivista) precisa ser combinada com a análise normativa (pos-positivista), porque as duas são inseparáveis, uma posição que foi de fato, explicitamente defendida por fundadores das policy scienses, como Harold Lasswell.”

- Teoria do “ Public Choice ” – p.37

“Em certo sentido, toda public choice, ou teoria econômica da política, pode ser reduzida a “descoberta” ou “redescoberta” de que as pessoas devem ser tratadas como maximizadoras racionais de utilidade, em todas suas capacidades comportamentais”.

- Análise de classe – p.41

“A variante dedutiva dessa perspectiva intermediária é a teoria de classe, que atribui afiliação grupal de acordo com certas características observáveis dos indivíduos, independentemente de eles se verem ou não nesses termos. Os teóricos esperam que dessa orientação atribuída decorra um comportamento que maximize os interesses do grupo”.

- Pluralismo – p.43

“O pluralismo baseia-se no pressuposto de que os grupos de interesse são os atores políticos mais relevantes na modelação de política pública. No livro the proccess of government, Bentley argumentou que os interesses na sociedade encontraram sua manifestação concreta em diferentes grupos que consistem de indivíduos com anseios semelhantes e, em última análise, que “a própria sociedade nada mais é do que o complexo dos grupos que a compõem”.

- Corporativismo – p.47

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“A teoria corporativista sustenta que esses estratos intermediários tinham vida própria, acima e além dos indivíduos que os constituíam, e que sua existência se inseria na “ordem orgânica ou natural” da sociedade. (...) Enquanto teoria de grupo, o corporativismo pode ser melhor entendido, segundo observou Schmitter, como contrates ao pluralismo. Como vismo, o último propõe que existem grupos múltiplos para representar os interesses de seus respectivos membros, sendo que a afiliação é voluntária e os grupos se associam livremente entre si, sem a interferência do Estado em suas atividades. Por contraste, o corporativismo é:“Um sistema de intermediação de interesses, em que as unidades constitutivas estão organizadas em um número limitados de categorias singulares, compulsórias, não competitivas, hierarquicamente ordenadas e funcionalmente diferenciadas, reconhecidas ou licenciadas (se não criadas) pelo Estado e providas de monopólio representacional deliberado dentro de suas respectivas categorias, em troca da observância de certos controles em relação à sua seleção de líderes e à articulação de demandas e apoios”

- Neo-institucionalismo – p.49

“O neoinstitucionalismo evita as limitações da maior parte das teorias anteriores que informam os policy studies, ao explicar porque, afinal, existem as instituições políticas, econômicas e sociais, como os governos as empresas e as igrejas, e qual o impacto que essas estruturas de nível macro exercem na modelação de restrições e na criação de oportunidades para os policy makers”.

- Estatismo – p.52

“A perspectiva estatista sobre a policy-making reconhece explicitamente que as preferencias e as capacidades políticas são melhor entendidas no contexto da sociedade em que o Estado está inserido. À semelhança do neoinstitucionalismo de caráter econômico, Peter Hall descreveu a abordagem estatista à análise “institucionalista” como uma abordagem que enfoca o impacto das estruturas de grande escala sobre os indivíduos e vice-versa”.

CONTEXTO POLÍTICO ECONÔMICO

- Capitalismo (p.60)

“O capitalismo se refere tanto a uma economia política ou sistema de produção e troca orientado pelo mercado quanto a uma sociedade em que o controle sobre a propriedade requerida para a produção (capital) esteja concentrado nas mãos de uma pequena parcela da população, enquanto a maior parte do restante vende seu tempo de trabalho num sistema de salários”

- Liberalismo: Estado suplementar ou residual. P.62.

“A primeira é a ideia do Estado suplementar ou residual: a noção contida na economia política liberal neoclássica e neoconservadora de que o Estado somente

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deveria empreender aquelas atividades, como a provisão de bens públicos puros, que os mercados não conseguem realizar”

- Democracia p.64

“Para nossos fins, basta considerar a democracia como um plano de organização política, um sistema de tomada de decisão política, que envolve a estruturação do controle do Estado no dia-a-dia por meio de instituições representativas, cujos titulares são eleitos periodicamente”.

- Atores políticos domésticos- Políticos eleitos – p.69 – Membros do Executivo e os legisladores.- Público – p.72

“Papel importante desempenhado pelos membros do público, no Estado democrático, é o de eleitores. Por um lado, a eleição oferece os meios mais básicos e fundamentais de participação na política democrática e, por implicação, nos processos da política pública.

- Burocracia – p.74“O poder e a influência da burocracia se baseiam em seu comando sobre uma ampla gama de recursos políticos importantes. Em primeiro lugar, a própria lei provê que certas funções cruciais sejam desempenhadas pela burocracia e pode conferir ampla discrição a burocratas individuais para que tomem decisões em nome do Estado. Em segundo lugar, as burocracias têm acesso incomparável a recursos matérias para perseguir seus próprios objetivos organizacionais, e até pessoais, se assim lhes aprouver”

- Partidos Políticos – p.76“Os partidos políticos podem conectar as pessoas e seus governos de forma a afetar a política. Eles operam na fronteira entre os atores estatais e societários, às vezes atuando como mediadores, por cujo intermédio os atores ganharão acesso ao poder político. Tendem a influenciar a política pública de forma indireta, principalmente por seu papel enquanto provedores de pessoal para o executivo e, em menor escala, para o legislativo.”

- Grupos de pressão – p.78“Outro ator político que tem recebido grande atenção, em parte graças ao papel significativo que lhe foi atribuído pelos teóricos políticos do pluralismo, é o grupo de interesse. Enquanto as decisões políticas são tomadas pelo governo e são implementadas pelo executivo e sua burocracia, grupos organizados que advogam os interesses econômicos ou valores sociais de seus membros podem exercer influência considerável na política”.

- Organizações de pesquisa – p.81“Outro conjunto significativo de atores societários que influenciam o processo político é composto pelos pesquisadores que trabalham em universidades, institutos e think thanks, dedicando-se a questões políticas e áreas de temáticas específicas.

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- Comunicação de massa – p.83“Não há como negar que a comunicação de massa constitui uma conexão crucial entre o Estado e a sociedade, uma posição que permite influência significativa sobre as preferencias públicas e privadas relativas à identificação dos problemas públicos e suas soluções”

- Experts – p.84“Os analistas que trabalham em universidades ou no governo estão propensos a pesquisar problemas políticos determinados pelo interesse do público ou do governo por sua própria curiosidade pessoal sobre um assunto particular”.

- O sistema internacional e política pública: Atores e regimes internacionais (p.85).

“A policy-making é, antes de tudo, um assunto doméstico que envolve governos nacionais e seus cidadãos, em países democráticos-liberais, com uma economia capitalista organizada de acordo com as diretivas estabelecidas anteriormente. No entanto, o sistema internacional é também cada vez mais vital na modelação das escolhas domésticas de política pública e dos desenvolvimentos políticos. Seus efeitos são manifestados por meio de indivíduos que trabalham como conselheiros ou consultores para governos nacionais ou como membros de organismos internacionais com autoridade baseada em acordos internacionais para regular o comportamento de seus membros”.

“Em primeiro lugar, a internacionalização da economia mundial acelerou a velocidade com que os efeitos em outros lugares se difundem pelos canais de comunicação de massa. (...) Em segundo lugar, a internacionalização também cria oportunidades para se aprender das experiências políticas dos outros”

- Subsistemas políticos-administrativos : Sub governos vs. Rede de problemas – p.92

“O universo da política pública, em geral, pode ser definido como uma agregação que abarca todos os possíveis atores e instituições internacionais, estatais e sociais que direta ou indiretamente, afetam uma área da política pública. Pode-se dizer que os atores e instituições que se encontram em cada um dos setores ou nas áreas de problema constituem um subsistema político-administrativo dentro de um sistema político e econômico mais amplo”.

“logo se desenvolveu uma noção mais flexível e menos rígida de subsistema político, que Hugh Heclo chamou de “rede de problemas”. Ele argumentou que enquanto algumas áreas da vida política norte-americana estavam organizadas num sistema institucionalizado de representação de interesses, outras não seguiam esse mesmo padrão”.

- Regimes políticos-administrativos – p.97

“Como tal, o “regime político” é um termo útil para identificar o que está subjacente aos velhos padrões encontrados tanto na substância quanto nos processos da

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policy-making pública em setores específicos e áreas de problemas. O pensamento geral é que a policy-making setorial se desenvolverá de tal maneira que os mesmos atores, instituições e ideias dominantes tentem a prescrever o político-administrativo com um conteúdo consistente como também com um conjunto de procedimentos por meio dos quais se desenvolvem as políticas. Portanto, compreender como se formam os subsistemas, paradigmas e regimes, como eles são mantidos e como mudam é um aspecto crucial da pesquisa em política pública.

CINCO ESTÁGIOS DO CICLO POLÍTICO-ADMINISTRATIVO

1) Montagem de agenda“A montagem de agenda, o primeiro, e talvez o mais crítico, dos estágios do ciclo de uma política pública, se refere à maneira como os problemas surgem ou não enquanto alvo de atenção por parte do governo. O que acontece nesse estágio inicial tem um impacto decisivo em todo o processo político e seus outcomes”.

- Construção objetiva e subjetiva – p.103

“Nessa visão, a montagem da agenda é um processo virtualmente automático que ocorre como resultado das pressões e tensões que os governos sofrem em função da industrialização e da modernização econômica”.

- Fusão de ideias, atores e estruturas

- Funil de causalidade – p.110“Antes de considerar que as variáveis relacionadas a estruturas, ideias e atores são contraditórias ou de soma zero, a concepção do funil de causalidade sugeria que a substância da agenda do governo é moldada pelos ambientes físicos e socioeconômico, pela distribuição de poder na sociedade, pelas ideias e ideologias dominantes, pelas estruturas institucionais do governo e pelo processo de tomada de decisão nos governos”

- Ciclos de visibilidade dos problemas – p.111“Esse pesquisador propunha que a montagem da agenda seguia um padrão muito parecido com o “ciclo de notícias” da mídia de massa, ao qual ele deu o nome “ciclo de visibilidade dos problemas”. Num artigo em que tratava do surgimento da política ambiental nos Estados Unidos no início da década de 1960, Downs argumentava que a policy making do público com frequência focava questões que captavam momentaneamente a atenção pública e desencadeavam demandas por ação governamental.

- Modos de montagem de agenda – p.113

“Esse é essencialmente uma agenda da sociedade para a discussão de problemas constantes na agenda sistêmica ou informal é levada a sério pelo governo como problemas públicos. Somente no momento em que o governo aceitou que precisa fazer algo a respeito de um problema é que se pode dizer que essa questão passou a integrar a agenda institucional. Essas são questões às quais o governo concordou

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em dar atenção séria. Em outras palavras, a agenda pública é voltada a discussão, enquanto a institucional, à ação.

- Janelas e monopólios políticos – p.115“Seu modelo sugeria que as janelas se abrem e fecham com base na interação dinâmica entre as instituições políticas, dos atores políticos e a articulação das ideias na forma de soluções políticas propostas. Essas forças podem abrir ou fechar as janelas políticas, criando assim chances para que os empreendedores políticos construam ou aproveitem essas oportunidades para dar forma à agenda política.”

FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICA

“A formulação da política pública refere-se ao processo de criação de opções sobre o que fazer a respeito de um problema público. Nesse segundo estágio do processo político-administrativo faz-se a identificação, o refinamento e a formalização das opções política que poderão ajudar a resolver questões e os problemas reconhecidos no estágio da montagem da agenda.”

As fases da formulação da política pública

Apreciação: Quando se identifica e se consideram os dados e as evidências.Diálogo: Procura facilitar a comunicação entre os atores políticos com diferentes perspectivas sobre a questão e solução potenciaisConsolidação: Quando os atores políticos têm oportunidade de providenciar feedback mais ou menos formal sobre a opção ou opções recomendadas.

O conteúdo geral da formulação da política

“A formulação de políticas públicas inclui a identificação de restrições técnicas e políticas à ação do Estado. Ela envolve o reconhecimento de limitações, o que revela o que é inviável e, por implicação, o que é viável.

A substância da formulação da política: instrumentos políticos

“Essas ferramentas políticas, também conhecidas como instrumentos políticos e instrumentos de governo, são os meios e os expedientes reais a que os governos recorrem para implementar políticas”.

Taxonomias de instrumentos políticos: quadro página 130.

Ferramentas políticas comuns por categoria

Nodalidade ou instrumentos baseados na informação

“Campanhas pública de informação: “O governo divulga muitos informes sobre as atividades da sociedade por meio de relatórios rotineiros e de estudos especiais. Não é incomum, portanto, que o governo dissemine informações, com a expectativa de que os indivíduos e as empresas em resposta mudem seu comportamento. As

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informações são, com frequência, de natureza geral e visam a tornar a população mais esclarecida, de modo que ela possa fazer escolhas sólidas, seguras.

Exortação: Envolve apenas um pouco mais de atividade do governo do que a pura disseminação de informações. Aqui, o esforço público destina-se a influenciar preferências e ações dos membros da sociedade, em vez de apenas informar o público sobre uma situação. Na esperança de que ele mude seu comportamento em um sentido desejado.

Benchmarking e indicadores de desempenho: É cada vez mais usado no setor público como uma técnica de coleta de informações orientadas para processo. Teoricamente, ele permite uma comparação estruturada e, quando bem sucedida aumenta a oportunidade para a aprendizagem política, apresentando informações relevantes de forma que pode gerar insight político.

Comissões e inquéritos: Estes órgãos existem sob muitas formas e são estabelecidos, muitas vezes, para lidar com problemas políticos novos ou particularmente inquietantes. Eles tentam prover um fórum que combine pesquisa acadêmica especializada e contribuição pública mais geral para definição e solução potencial de problemas políticos, gerando informações que se tornam disponíveis a todos os participantes no processo político e alterando, por consequência, sua base de conhecimento.”

Instrumentos políticos baseados na autoridade

“Regulação de comando e controle: As regulações assumem várias formas e incluem regras, padrões, licenças, proibições, leis e ordens executivas. Algumas regulações, tais como a proscrição do comportamento criminoso, tomam a forma de leis e são fiscalizadas pela polícia e pelo sistema judiciário.

Comitês consultivos: As duas modalidade implicam que os governos selecionam representantes para participar desses comitês e que se concede a estes representantes alguns direitos especiais no processo político,.”

Instrumentos baseados no tesouro

“Subsídios: verbas, incentivos fiscais e empréstimos: As verbas são dispêndios feitos em apoio a algum fim que vale por si mesmo, quase como uma forma de reconhecimento, recompensa ou estímulo, mas não estreitamente calibrados ao custos de alcança-lo” Os Incentivos fiscais são uma remissão de impostos em alguma forma que finam na dependência de alguma lei (ou omissão de lei).

Desincentivos financeiros: impostos e taxas de uso: A finalidade principal de um imposto, normalmente, é levantar receitas para os gastos ou dispêndios do governo. Entretanto, também pode ser usado como instrumento de política para induzir um comportamento desejado ou desestimular um comportamento indesejável.

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Financiamento de advocacia, grupos de interesse e think tanks: Ferramental procedimental proeminente nessa categoria é o financiamento de advocacia. Como mostraram os teóricos do public choice, os grupos de interesse não surgem automaticamente com o fim de pressionar por certas soluções políticas para os problemas em curso, mas antes requerem pessoal ativo, com força política. Enquanto diferentes países têm padrões e fontes diversas para o financiamento de advocacia, os governos exercem um grande papel nesta atividade em todos os Estados democráticos.”

Instrumentos baseados na organização

Provisão direta

“A provisão direta oferece três vantagens principais. Primeiramente, é fácil instituí-la, por causa dos baixos requisitos de informação, não há necessidade de determinar as preferencias dos atores não governamentais. Em segundo lugar, o tamanho grande dos órgãos em geral envolvidos na provisão direta lhes permite reunir recursos, habilidades e informações disponíveis para produzir projetos a custo econômico. Muitas vezes pode-se acrescentar uma nova tarefa à burocracia que já detém um know-how, por muito menos do que subcontratando uma provisão externa. Em terceiro lugar, a provisão direta evita muitos problemas associados à provisão indireta, discussão, negociações e incômodos regulatórios por não cumprimento, o que pode levar os governos às darem mais atenção à fiscalização dos termos relativos às verbas e aos contratos do que resultados.

Empresas Públicas : “Também conhecidas como empresas de propriedade estatal, empresas da Coroa, ou organizações paraestatais, as empresas públicas são entidades de propriedade total ou parcial do Estado, mas que gozam ainda de certa autonomia em relação ao governo.

Quangos : São apenas semi-independentes, porém, porque muitas vezes gozam de monopólio concedido por um governo, por exemplo, sobre um aeroporto ou programa de bolsas, e sua licença para operar assim pode ser revogada pelo governo a qualquer momento.

Parcerias: Como uma forma híbrida de reorganização de mercado e governamental, ganhou impulso recentemente a parceria público-privada, apesar de, em alguns casos, estimulada por conflitos políticos sobre privatização e terceirização de serviços públicos.

Família, comunidade e organizações voluntárias: Em todas as sociedades, os parentes, os amigos e os vizinhos, ou as organizações familiares e comunitárias, tais como as igrejas e as instituições de caridade, proveem inúmeros bens e serviços, e o governo pode tomar medidas para expandir o papel desses atores de maneira que sirvam aos seus objetivos políticos.

Criação de mercado: O tipo mais importante e controvertido de instrumento político é, de longe, a organização de mercado. Em geral pode-se esperar que a interação

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voluntária entre os consumidores e os produtores produza resultados que satisfaçam ambos. Pelo menos em teoria, na medida em que o motivo principal dos dois lados é o autointeresse, toda a sociedade ganha com sua intervenção, porque tudo o que ela deseja lhe é provido pelo preço mais baixo

Reorganizações governamentais: As reorganizações podem envolver a criação de repartições novas ou a reconfiguração de antigas. Uma técnica popular para esses propósitos é a reorganização ministerial. Alguma dessas alterações podem acontecer de forma acidental e outras, como subproduto de mudanças organizacionais na máquina governamental causadas, por exemplo, por razões eleitorais ou partidárias. Visto que “não existe uma base normativa acordada para organizar o governo”, as prioridades e pressões políticas e político-administrativas do dia proporcionam pontos de partida diferentes para os primeiros ministros e presidentes pensarem se cabe fazer alguma coisa e, caso a conclusão seja afirmativa, o que fazer ou não em relação à organização de seu governo”

A natureza das alternativas políticas

“Esses podem ser descritos como mudanças relacionadas a objetivos políticos abstratos ou a especificações programáticas mais concretas que se referiam aos fins da policy-making; e as relacionadas a gênero ou tipo de instrumento político básico, em oposição a alterações nos componentes dos instrumentos existentes, quando se discute mudanças nos meios ou recursos políticos.”

TOMADA DE DECISÃO POLÍTICA

“O estágio da tomada de decisão no processo político é aquele em que uma ou mais, ou nenhuma, das opções que foram debatidas e examinadas durante os dois estágios anteriores é aprovada como curso oficial de ação. As decisões políticas em geral produzem algum tipo de declaração formal ou informal de intenção por parte dos atores públicos autorizados, no sentido de se empreender ou não alguma ação como uma lei ou regulamentação. As ações decorrentes dessa decisão também são objeto do próximo estágio do ciclo político-administrativo, a implementação da política, discutida no capítulo a seguir.”

Atores no processo de tomada de decisão

“Em outras palavras, o estágio de tomada de decisão da política pública em geral se concentra em torno daqueles que ocupam cargos formais no governo estão excluídos virtualmente todos os atores não estatais, incluindo os de outros níveis governamentais, seja do âmbito doméstico ou internacional. Podem participar com “voz” e “voto” nesse estágio do ciclo político apenas os políticos, os juízes e os funcionários do governo que estão investidos de autoridade para tomar decisões oficiais na área em questão.”

Escolhas: Negativas, positivas e não-decisões

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“As decisões “positivas” tradicionais, que alteram o status quo, recebem considerável atenção na literatura sobre tomada de decisão e ganham o maior destaque nesse capítulo. No entanto, é importante observar que outros tipos de decisões mantêm o status quo. Aqui podemos fazer uma distinção entre decisões “negativas”, aquelas em que se faz uma escolha deliberada de preservar o status quo, e aquelas que são chamadas às vezes de não-decisões, em que não se leva em consideração as opções destinadas a alterar o status quo nos estágios da formulação e da montagem da agenda política.”

Primeiros modelos de tomada de decisão: Racionalismo e incrementalismo

O modelo Racional

“Desenvolvida inicialmente, para auxiliar a análise econômica e, em especial, a análise das escolhas do produtor e do consumidor, a teoria “racional” da tomada de decisão postulava que, ao desenvolver e expressar preferencia por um curso de ação em relação a outro, o tomador de decisão estaria na prática tentando perseguir uma estratégia que, em teoria, maximizaria os resultados esperados das escolhas que ele poderia fazer. Via-se a tomada de decisão na arena da política pública como se ela se assemelhasse ao comportamento de mercado dos compradores e vendedores que procuram tirar o máximo de “utilidade” de seus recursos limitados pela minimização dos custos e maximização dos benefícios.”

O modelo incremental

“As dúvidas sobre a utilidade do modelo racional levaram ao desenvolvimento de uma segunda escola fundamental de teoria de tomada de decisão política que procurasse aproximar mais a teoria ao comportamento real dos tomadores de decisão em situações de tomada de decisão na vida real.”

Tentativas de superar o racionalismo e o incrementalismo

O Modelo do mixed scanning

“Etzioni sugeriu que a combinação dos dois modelos permitia a superação das duas críticas enquanto propriciava um guia prático para tomada de decisão “ótima”.

O modelo da cesta de lixo: admissão do irracionalismo

“No final da década de 1970, um modelo bem diferente afirmava e, na verdade, endossava a inerente falta de racionalidade no processo de tomada de decisão, (...), assim chamado modelo da cesta de lixo de tomada de decisão negava ao processo de tomada de decisão até mesmo a racionalidade limitada a que lhe atribuía o incrementalismo.”

O modelo da “decisão por acreção”

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“Na década de 1980, a maior parte dos estudos deu ênfase à importância de se compreender as estruturas e os contextos da tomada de decisão para a análise de como as decisões são de fato tomadas nas organizações complexas.”

IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS

“O esforço, os conhecimentos e os recursos empregados para traduzir as decisões políticas em ação compreendem o estágio de implementação do ciclo político. Enquanto a maioria das decisões políticas identifica os meios para perseguir seus objetivos, as escolhas subsequentes têm de alcançar resultados. Para que uma política funcione, há que se alocar fundos, designar pessoas e desenvolver regras de como proceder.”

Atores e atividades na implementação política

“Em geral, porém, um pequeno segmento de atores subsistemicos se envolve no processo de implementação. Os burocratas são os atores mais significativos na maior parte da implementação política, trazendo os conflitos endêmicos intra e interorganizacionais para o plano de frente desse estágio no ciclo político.”

Teoria da implementação

“Seu estudo sobre os programas federais do governo dos EUA para moradores desempregados da cidade de Oakland, California, mostrou que os programas de criação de empregos, na verdade, não estavam sendo executados segundo os termos previstos pelos policy-makers. Outros estudos confirmaram que os programas da Great Society (...) não atingiram os objetivos almejados e argumentaram que a raiz do problema estava na maneira em que eles foram implementados.”

Modelos de implementação de primeira e segunda gerações

“As falhas mais sérias da primeira geração, conforme vimos até o momento, foram seus focos virtualmente exclusivos nos políticos e administradores seniores que muitas vezes exercem, como observaram os analistas de bottom-up da segunda geração, apenas um papel marginal na implementação do dia a dia, comparativamente aos gestores do escalão inferior e aos membros do público.”

Teoria da implementação de terceira geração

Teoria dos jogos

“Em outras palavras, a proporção da mudança comportamental que se busca no grupo-alvo e a homogeneidade e o tamanho relativos do grupo são determinantes-chave do npivel de dificuldade enfrentado na implementação política.”

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Teoria do agente principal

“Os teóricos do agente principal argumentam que muitos esforços bem intencionados conduzidos por governos e cidadãos no sentido de se criar um mundo melhor e mais seguro sucumbiram a essas “realidades” da implementação, em que as ações dos agentes divergem das intenções de seus principais e assim distorcem os outcomes políticos.”

Implementação como policy design: escolha de instrumentos e composições políticas

“A abordagem da “escolha de instrumentos” ou da “policy design” para compreender a implementação da política começou com a observação de que, em grande parte, a implementação de uma política envolve a aplicação de uma ou mais das técnicas governamentais discutidas noc capítulo 5, conhecidas de várias maneiras como ferramentas políticas, instrumentos políticos ou de governo. (...) Essa abordagem da implementação começa com a premissa de que, independetemente de estudarmos o processo de implementação de forma top-down ou bottom-up, o processo de dar substância a uma decisão governamental sempre envolve a escolha de diversas ferramentas disponíveis que puderem individualmente dar alguma contribuição para a promoção da política.”

AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS: POLICY-MAKING COMO APRENDIZAGEM

“Assim, o conceito de avaliação de políticas se refere, em termos amplos, ao estágio do processo em que se determina se uma política de fato está funcionando na prática. Ela envolve a avaliação dos meios que são empregados e dos objetivos que são atendidos.”

Avaliação positivista e pospositivista da Política Pública

Avaliação de políticas como Policy Learning

“Isto é, talvez os maiores benefícios da avaliação de políticas não sejam os resultados diretos que ela venha a produzir em termos das apurações cabais de sucesso ou insucesso de certas políticas em si, mas, antes, a dinâmica educacional que ela pode estimular entre os policy makers e entre outros atores menos diretamente envolvidos nas questões políticas.”

Determinação do sucesso ou insucesso de uma política

“A avaliação de políticas se torna desafiadora pelas dificuldades que surgem na determinação do sucesso ou insucesso das iniciativas políticas. Como argumentaram Bovens e t’Hart, “a ausência de critérios estabelecidos sobre sucesso e insucesso, que se apliquem independentemente de tempo e espaço, é um problema sério” para quem deseja compreender a avaliaçãoo das políticas.”

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Atores no processo de avaliação de políticas

Avaliação administrativa

“Em geral, ela é empreendida no âmbito de um governo e ocasionalmente por órgãos especialistas cuja única tarefa é avaliar políticas, mas, com mais frequência é levada a termo por supervisores financeiros, jurídicos e políticos ligados a departamentos reais de governo, órgãos executivos especializados, legislativos e judiciários.

Avaliação de processo; Avaliação do esforço; Avaliação do desempenho; Avaliação da eficiência; Avaliação da eficácia. (pg. 208)”

Avaliação Judicial

“Um segundo tipo de avaliação de políticas que não se interessa por orçamentos, prioridades, eficiências e dispêndios per se, mas por temáticas legais que se referem à maneira como são implementados os programas de governo. Essas avaliações são levadas a efeito pelo judiciário e tratam de possíveis conflitos entre as ações do governo e os princípios constitucionais ou padrões estabelecidos de conduta administrativa e direitos individuais.”

Avaliação Política

“Essa categoria de avaliação de uma política de governo é empreendida por qualquer ator que tenha algum interesse na vida política. Diferentemente das avaliações administrativa e judicial, as avaliações políticas em geral não são sistemáticas nem tecnicamente sofisticadas. Na verdade, muitas delas são inerentemente partidárias, muitas vezes, simplesmente tentam colar rótulos de sucesso ou insucesso em uma política, para em seguida demandar sua continuidade ou mudança.”

Outcomes da Avaliação: Feedback e descontinuidade de uma política

“Existem três possíveis outcomes que podem decorrer do estágio de avaliação do ciclo político. Em primeiro lugar, pode-se julgar que uma política é bem-sucedida e terá continuidade em sua forma atual. Em segundo lugar e de maneira mais usual, pode-se julgar que uma política deixa a desejar em alguns pontos e recomendam-se esforços no sentido de que haja mudanças. Finalmente, pode-se julgar que uma política é um insucesso (ou sucesso) total, levando em consideração que seja descontinuada ou não.”

PADRÕES DE MUDANÇA POLÍTICA

“Argumenta-se que a policy-making, em última análise, pode ser pensada tanto como processo em que os interesses e ideais entram em choque, enquanto os atores disputam e deliberam sobre o que fazer, quanto também como processo em

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que todos os atores aprendem dos sucessos e erros do passado, na medida em que o ciclo se repete através de sucessivas rodadas e iterações.”

Outcomes da sucessão política: Feedback e descontinuação

Feedback de políticas

“Isto é, os outcomes do processo político tendem a “realimentar” ou “se reinjetar” no ambiente político, alterando, assim, aspectos importantes do contexto em que a política foi criada, inclusive as regras e as operações institucionais, a distribuição de riqueza e o poder na sociedade, a natureza das ideaise os interesses relevantes às políticas e até a seleção do pessoal designado para lidar com os problemas políticos.”

Estilos e regimes políticos

“Regime político é uma expressão útil para descrever padrões de longo prazo encontrados tanto na substância como no processo da public policy making em determinada jurisdição ou setor. A ideia geral é que essa policy-making tem a tendência de se desenvolver de modo tal que os mesmos atores, instituições, instrumentos e ideiais de governo possam predominar por períodos longos de tempo, impregnando o setor político com um conteúdo consistente e um conjunto de processos ou procedimentos políticos típicos.”

Descontinuação de políticas

“Isto é, enquanto existem muitas permutações de processos de feedback de políticas, uma opção fundamental para a reforma política é simplesmente terminar ou dar fim à determinada política ou programa.”

Tipos de mudança política: normal e atípica

Mudança política normal

“Há um grau surpreendente de continuidade na política pública, porquanto em sua maioria as políticas produzidas pelos governos, quase sempre e na maior parte do tempo, de alguma maneira, são uma continuação das políticas e práticas do passado.”

Mudança política atípica

“As forças que promovem a estabilidade política e a mudança limitada são poderosas; no entanto, por vezes, nos deparamos efetivamente com uma profunda mudança nas substâncias e processos normais do policy making. Essa espécie de mudança política atípica envolve transformação substancial nos componentes dos regimes políticos inclusive dos paradigmas e estilos políticos.”

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Equilíbrio pontuado: ligação entre mudança política normal e atípica

“Nos modelos de Equilíbrio pontuado, inicialmente desenvolvidos nas áreas de ciência natural e paleobiologia, a mudança ocorre como função irregular, não linear, ou por etapas, em que os períodos relativamente longos de estabilidade política são intercalados por raros períodos de mudança substancial.”