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RECURSOS CRE fichas temáticas MIGUEL ÂNGELO ARTISTA “ FOI ESCULTOR, PINTOR E ARQUITETO. CRIOU UMA VISÃO INIGUALÁVEL DO CÉU NA TERRA” Com a presente citação evocamos a figura artística de Miguel Ângelo, cidadão do século XVI e um dos proeminentes homens de cultura desse século. Na verdade, o visionamento e a genialidade de Miguel Ângelo inspiraram a realização de obras- primas sem igual, mas é na Capela Sistina que alcança a imortalidade. Terá sido a sua relação tempestuosa com o Papa Júlio II (O papa Guerreiro) que marcou a obra aí realizada, especialmente depois do abandono da construção de uma grandioso Mausoléu e do retorno a Roma, após uma fuga para Florença, a sua cidade natal. Encarregado de pintar o teto da Capela Sistina, vimos a saber da sua quezília com outra figura do Renascimento, Bramante, que sugere Miguel Ângelo como pintor da Capela, esperando deste um trabalho imperfeito, de tal modo que cairia no desagrado do Papa e promoveria o seu protegido, Rafael. Curiosamente, Miguel Ângelo não se achava um bom pintor, 1 mas sim escultor. Depois, a técnica de pintar frescos era exigente e difícil, não estando habituado a tal trabalho. No entanto, realizou um trabalho perfeito, monumental, arrasador, em condições difíceis de laborar (um teto a 20 metros de altura, sem a necessária correspondência tecnológica dos andaimes atuais, criando problemas difíceis de superar). Pelo grau de dificuldade em pintar, aliado à escolha e mistura das tintas e dos desenhos face ao tempo disponível para efectuar a obra de que fora incumbido, dois artistas atuais (Leo Stevenson e Fleur Kerry) seguiram os passos dados por Miguel Ângelo, 500 anos antes, provando a veracidade das dificuldades do artista florentino, mas comprovando a grandiosidade da sua obra. Assim atestaram a ideia de M. Ângelo em ajustar o andaime às paredes 2 ; um problema de ‘engenharia’, que resolveu de modo prático. Mas era necessário revestir de material apropriado o teto da capela de modo a receber a tinta respetiva. Depois, como desenharia em grande escala os desenhos que imaginou a partir do Antigo Testamento Bíblico? Sem dúvida que teria de recorrer a assistentes que o auxiliassem nessa função, especialmente ao copiar para o material colocado no teto o esboço dos desenhos em papel, pontilhando-os nesse teto, num trabalho rápido antes que o gesso secasse. Pior do que tudo isso era a posição em que pintava e os problemas na sua estrutura cervical. Outras questões fazem sempre atrasar o avanço das pinturas, desde o dinheiro que lhe é devido, até esperar o fim das missas na capela onde trabalha 3 . Concluída a obra (após 4 anos) o Papa reclama das pinturas, achando que deveriam ter mais a cor azul e o dourado nos cenários pintados. Miguel Ângelo não mudará nada e também não receberá nenhum dinheiro adicional, como esperava. No final, temos um dos maiores tesouros artísticos da humanidade! Com 37 anos criou uma visão do céu na terra. No entanto, após o desaparecimento do seu Mecenas Júlio II, os herdeiros do Papa queriam que cumprisse o acordo anteriormente celebrado para a decoração do Mausoléu do papa, algo que ficou muito aquém do que tinha sido acordado e para o qual receberia um pagamento de 12 mil ducados 4 . 1 Dizia que “a pintura é para mulheres e mediocridades como Rafael…” 2 A sugestão de Bramante consistia em fazer dois furos no teto e suspender aí o andaime, resultando numa crítica mordaz de M. Ângelo, 3 Fica célebre a irritação do papa Júlio II quando após 3 anos de obra pergunta a M. Ângelo quando é que a obra fica terminada, ao que este responde: Ficará terminada quando eu puder. 4 Um lucro de meio milhão de Libras.

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RSOS  CR

E  fichas  temáticas    MIGUEL  ÂNGELO  -­‐  ARTISTA  

 

 “ FOI ESCULTOR, PINTOR E ARQUITETO. CRIOU UMA VISÃO INIGUALÁVEL DO CÉU NA TERRA”

Com a presente citação evocamos a figura artística de Miguel Ângelo, cidadão do século XVI e um

dos proeminentes homens de cultura desse século. Na verdade, o visionamento e a genialidade de Miguel Ângelo inspiraram a realização de obras-

primas sem igual, mas é na Capela Sistina que alcança a imortalidade. Terá sido a sua relação tempestuosa com o Papa Júlio II (O papa Guerreiro) que marcou a obra aí

realizada, especialmente depois do abandono da construção de uma grandioso Mausoléu e do retorno a Roma, após uma fuga para Florença, a sua cidade natal.

Encarregado de pintar o teto da Capela Sistina, vimos a saber da sua quezília com outra figura do

Renascimento, Bramante, que sugere Miguel Ângelo como pintor da Capela, esperando deste um trabalho imperfeito, de tal modo que cairia no desagrado do Papa e promoveria o seu protegido, Rafael. Curiosamente, Miguel Ângelo não se achava um bom pintor,1mas sim escultor. Depois, a técnica de pintar frescos era exigente e difícil, não estando habituado a tal trabalho. No entanto, realizou um trabalho perfeito, monumental, arrasador, em condições difíceis de laborar (um teto a 20 metros de altura, sem a necessária correspondência tecnológica dos andaimes atuais, criando problemas difíceis de superar).

Pelo grau de dificuldade em pintar, aliado à escolha e mistura das tintas e dos desenhos face ao

tempo disponível para efectuar a obra de que fora incumbido, dois artistas atuais (Leo Stevenson e Fleur Kerry) seguiram os passos dados por Miguel Ângelo, 500 anos antes, provando a veracidade das dificuldades do artista florentino, mas comprovando a grandiosidade da sua obra.

Assim atestaram a ideia de M. Ângelo em ajustar o andaime às paredes 2; um problema de ‘engenharia’, que resolveu de modo prático. Mas era necessário revestir de material apropriado o teto da capela de modo a receber a tinta respetiva. Depois, como desenharia em grande escala os desenhos que imaginou a partir do Antigo Testamento Bíblico? Sem dúvida que teria de recorrer a assistentes que o auxiliassem nessa função, especialmente ao copiar para o material colocado no teto o esboço dos desenhos em papel, pontilhando-os nesse teto, num trabalho rápido antes que o gesso secasse. Pior do que tudo isso era a posição em que pintava e os problemas na sua estrutura cervical. Outras questões fazem sempre atrasar o avanço das pinturas, desde o dinheiro que lhe é devido, até esperar o fim das missas na capela onde trabalha3.

Concluída a obra (após 4 anos) o Papa reclama das pinturas, achando que deveriam ter mais a cor azul e o dourado nos cenários pintados. Miguel Ângelo não mudará nada e também não receberá nenhum dinheiro adicional, como esperava. No final, temos um dos maiores tesouros artísticos da humanidade! Com 37 anos criou uma visão do céu na terra.

No entanto, após o desaparecimento do seu Mecenas Júlio II, os herdeiros do Papa queriam que cumprisse o acordo anteriormente celebrado para a decoração do Mausoléu do papa, algo que ficou muito aquém do que tinha sido acordado e para o qual receberia um pagamento de 12 mil ducados4.

                                                                                                               1  Dizia  que  “a  pintura  é  para  mulheres  e  mediocridades  como  Rafael…”  2  A  sugestão  de  Bramante  consistia  em  fazer  dois  furos  no  teto  e  suspender  aí  o  andaime,  resultando  numa  crítica  mordaz  de  M.  Ângelo,  3  Fica  célebre  a  irritação  do  papa  Júlio  II  quando  após  3  anos  de  obra  pergunta  a  M.  Ângelo  quando  é  que  a  obra  fica  terminada,  ao  que    este  responde:  Ficará  terminada  quando  eu  puder.  4  Um  lucro  de  meio  milhão  de  Libras.      

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Trabalhando agora para os Médicis da sua amada Florença concebe a fachada para a Basílica de S.

Lourenço após a encomenda de Leão X, um Médici. Um projeto caro e arrojado feito em mármore branco, mas que nunca realizou devido ao cancelamento da obra.

É-lhe destinado outra pela qual reinventa a arquitetura clássica com a biblioteca Laurenciana, projetando cada detalhe, desde o chão às cadeiras.

Após a revolução que depôs os Médicis em Florença, a vida de Miguel Ângelo ficou ameaçada ao

aderir à causa republicana. Escondido, sobreviveu, mas foi com o papa Clemente VII que atinge outra plenitude ao criar as esculturas e a arquitetura de mausoléus.

Regressando a Roma, encontra no jovem Cavalieri o devaneio final da sua vida, embora a nobreza, educação e aristocracia de Cavalieri sejam aquilo que sempre desejou na sua vida.

Finalmente, em 1537 é convidado para pintar o juízo final e apesar das críticas ao evidente aspeto das personagens, a Capela Sistina foi finalmente concluída, da Criação ao Apocalipse, retratando assim a história bíblica da humanidade.

Um novo e último desafio é lançado quando, aos 70 anos, o Papa Paulo III lhe pede a ‘construção’

de uma nova Roma. Desafio interessante para um arquiteto e também para Miguel Ângelo que concebe os planos da cidade, praças, palácios, fontes, portais fantásticos percursores da NeoRenascença.

Melhor do que tudo isso, foi o facto de ter sido convidado para desenhar o projeto da Basílica de S. Pedro, especialmente a sua Cúpula, um problema sério de arquitetura no seu tempo, mas habilmente superada pela sua mestria.

Assim viveu o Homem que projetou, desenhou e realizou projetos fantásticos. O seu legado vai

desde a cúpula da Basílica de S. Pedro, ao Davi, da Pietá à capela Sistina, e possibilitou uma visão inigualável do céu na terra.

Capela Sistina, Vaticano, Roma Pietá, Basílica de S. Pedro, Roma ___________________________________________________________ B.E. 2016 ___________