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Fidelidade a Jesus e a Kardec E stes são dias semelhantes àque- les, quando esteve na Terra, desenvolvendo o seu ministério, o afável mestre Galileu. Roma assenhoreava- se do mundo e a águia dominadora so- brevoava o cadáver das nações ven- cidas, nutrindo-se das suas vísceras em decomposição. Vem Jesus e instaura o poder do amor, superando as contingên- cias transitórias do poder da força. A sua mensagem penetra o senti- mento humano e arrebanha mi- lhões de vidas, que se oferecem em holocausto, desde Nero a Dioclecia- no, durante as dez mais perversas perseguições, demonstrando que o amor supera todas as outras expres- sões de governança do mundo. A partir de Constantino, com a oficialização do pensamento cris- tão junto ao poder temporal que, mais tarde, seria transformada em doutrina do Estado, a mensagem de Jesus empalidece, perdendo o seu brilho e significado para entor- pecer-se numa trágica organização político-econômica, que distenderá o caos e o infortúnio sobre a Terra por vários séculos. A partir do concílio de Cler- mont, em 1095, o papa Urbano II, intoxicado pela volúpia do poder, pretende a governança do Oriente e proclama a Cruzada Popular, lo- go depois esmagada em um rio de sangue. De imediato, tocados no seu orgulho e espicaçados pelo ódio, os turcos conquistam Jerusalém em 1096, provocando na Europa a rea- ção que se alargará por 177 anos, através das oito Cruzadas que dis- DI 360 seminarão o ódio, o horror, deixan- do seqüelas que chegaram aos nos- sos dias, em vitórias e prejuízos pa- ra a defesa da sepultura vazia de Jesus. Deverão essas Cruzadas en- cerrar-se com a conquista de Antio- quia em 1270, provocando a reação da Europa que manda a sua última Expedição sob o comando de São Luís, rei de França, que logo depois desencarna no campo de batalha, fazendo com que os exércitos fran- ceses retornem esgotados, abrindo espaço para que o príncipe Eduar- do, da Inglaterra, em 1272, firme o término da intolerância de ambos os lados, estabelecendo um armistício. A noite medieval abre novos fronts de lutas cruéis e injustificáveis em nome do Pastor da docilidade, da energia e do amor, através dos seus tribunais que matam mais do que as guerras anteriormente trava- das entre persas e gregos. Até que veio o momento da abnegação com Jan Huss, Jerônimo de Praga, Martinho Lutero, e uma nova era se instaura na Terra, em tentativas continuadas de trazer Jesus defini- tivamente ao coração humano ... E o protestantismo, logo depois, ex- perimenta lutas intestinas, a partir de João Calvino, desintegrando-se e deixando a criatura humana sem segurança para rumar ao reino dos céus. A ciência empírica ensaia os seus passos, as leis da natureza co- meçam a ser penetradas e, logo de- pois, o pensamento filosófico ir- rompe triunfante, deixando-se perturbar pela sede de sangue dos abomináveis dias do Terror na Fran- ça, amante dos ideais da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade, sen- do coagidos por esses tormentosos dias com a chegada do Corso que propõe uma nova era e traz Deus de volta à cultura francesa, median- te uma concordata firmada com o Vaticano em 1802. Fascinado pelo poder temporal, Napoleão Bona- parte começa a conquistar a Euro- pa no desequilibrio de erguer novos Estados, quando se reencarna AI- lan Kardec, com a missão de res- taurar, na sua plenitude, o Evange- lho de Jesus e trazer a mensagem pulera conforme pregada em vida pelo incomparável Rabi e pelos Seus primeiros apóstolos. Paris é cidade luz, intelectual, e será aí que o sol do Espiritismo irá brilhar, restaurando a ética moral do Evangelho e suportando os ca- martelos da Ciência auto denomina- da materialista, da Filosofia cínica e pessimista, conseguindo superá-los e abrindo espaço para que o amor pudesse vicejar no coração das cria- turas humanas. O século vinte, po- rém, pertencerá à Ciência e à Tec- nologia. Nele, o Espiritismo pode- rá oferecer os instrumentos hábeis para confirmar a sobrevivência do Espírito à disjunção molecular da carne, para oferecer uma filosofia otimista capaz de tornar feliz a cria- tura humana, centrada na lei de cau- sa e efeito e, ao mesmo tempo, abrir o Evangelho para cantar a sinfonia incomum das bem-aventuranças, ensejando, aos excluídos, a luz mi- rífica do amor e a oportunidade da dignificação. Mas o planeta terrestre é de provas e de expiações porque aqueles que à sua volta se encontram ou REFORMADOR

Fidelidade aJesus e a Kardec · 1096, provocando na Europa a rea-ção que se alargará por 177 anos, através das oito Cruzadas que dis- ... Jesus. Deverão essas Cruzadas en-cerrar-se

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Fidelidade a Jesus e a KardecEstes são dias semelhantes àque-

les, quando esteve na Terra,desenvolvendo o seu ministério, oafável mestre Galileu.

Roma assenhoreava- se domundo e a águia dominadora so-brevoava o cadáver das nações ven-cidas, nutrindo-se das suas víscerasem decomposição.

Vem Jesus e instaura o poderdo amor, superando as contingên-cias transitórias do poder da força.A sua mensagem penetra o senti-mento humano e arrebanha mi-lhões de vidas, que se oferecem emholocausto, desde Nero a Dioclecia-no, durante as dez mais perversasperseguições, demonstrando que oamor supera todas as outras expres-sões de governança do mundo.

A partir de Constantino, coma oficialização do pensamento cris-tão junto ao poder temporal que,mais tarde, seria transformada emdoutrina do Estado, a mensagemde Jesus empalidece, perdendo oseu brilho e significado para entor-pecer-se numa trágica organizaçãopolítico-econômica, que distenderáo caos e o infortúnio sobre a Terrapor vários séculos.

A partir do concílio de Cler-mont, em 1095, o papa Urbano II,intoxicado pela volúpia do poder,pretende a governança do Orientee proclama a Cruzada Popular, lo-go depois esmagada em um rio desangue.

De imediato, tocados no seuorgulho e espicaçados pelo ódio, osturcos conquistam Jerusalém em1096, provocando na Europa a rea-ção que se alargará por 177 anos,através das oito Cruzadas que dis-

DI 360

seminarão o ódio, o horror, deixan-do seqüelas que chegaram aos nos-sos dias, em vitórias e prejuízos pa-ra a defesa da sepultura vazia deJesus. Deverão essas Cruzadas en-cerrar-se com a conquista de Antio-quia em 1270, provocando a reaçãoda Europa que manda a sua últimaExpedição sob o comando de SãoLuís, rei de França, que logo depoisdesencarna no campo de batalha,fazendo com que os exércitos fran-ceses retornem esgotados, abrindoespaço para que o príncipe Eduar-do, da Inglaterra, em 1272, firme otérmino da intolerância de ambos oslados, estabelecendo um armistício.

A noite medieval abre novosfronts de lutas cruéis e injustificáveisem nome do Pastor da docilidade,da energia e do amor, através dosseus tribunais que matam mais doque as guerras anteriormente trava-das entre persas e gregos. Até queveio o momento da abnegaçãocom Jan Huss, Jerônimo de Praga,Martinho Lutero, e uma nova era seinstaura na Terra, em tentativascontinuadas de trazer Jesus defini-tivamente ao coração humano ... Eo protestantismo, logo depois, ex-perimenta lutas intestinas, a partirde João Calvino, desintegrando-see deixando a criatura humana semsegurança para rumar ao reino doscéus.

A ciência empírica ensaia osseus passos, as leis da natureza co-meçam a ser penetradas e, logo de-pois, o pensamento filosófico ir-rompe triunfante, deixando-seperturbar pela sede de sangue dosabomináveis dias do Terror na Fran-ça, amante dos ideais da Liberdade,

da Igualdade, da Fraternidade, sen-do coagidos por esses tormentososdias com a chegada do Corso quepropõe uma nova era e traz Deusde volta à cultura francesa, median-te uma concordata firmada com oVaticano em 1802. Fascinado pelopoder temporal, Napoleão Bona-parte começa a conquistar a Euro-pa no desequilibrio de erguer novosEstados, quando se reencarna AI-lan Kardec, com a missão de res-taurar, na sua plenitude, o Evange-lho de Jesus e trazer a mensagempulera conforme pregada em vidapelo incomparável Rabi e pelosSeus primeiros apóstolos.

Paris é cidade luz, intelectual, eserá aí que o sol do Espiritismo irábrilhar, restaurando a ética moraldo Evangelho e suportando os ca-martelos da Ciência auto denomina-da materialista, da Filosofia cínica epessimista, conseguindo superá-lose abrindo espaço para que o amorpudesse vicejar no coração das cria-turas humanas. O século vinte, po-rém, pertencerá à Ciência e à Tec-nologia. Nele, o Espiritismo pode-rá oferecer os instrumentos hábeispara confirmar a sobrevivência doEspírito à disjunção molecular dacarne, para oferecer uma filosofiaotimista capaz de tornar feliz a cria-tura humana, centrada na lei de cau-sa e efeito e, ao mesmo tempo, abriro Evangelho para cantar a sinfoniaincomum das bem-aventuranças,ensejando, aos excluídos, a luz mi-rífica do amor e a oportunidade dadignificação.

Mas o planeta terrestre é deprovas e de expiações porque aquelesque à sua volta se encontram ou

REFORMADOR

que nele estão reencarnados, aindasomos Espíritos inferiores inevita-velmente conduzidos pela lei doprogresso e rumamos na direçãoda plenitude, erguendo a nossa Ter-ra-Mãe à condição de mundo de re-generação. E quando as expectativasse apresentam próprias para que seopere a grande transformaçãoocorre a chegada de um novo caos,o que não nos constitui surpresa,fazendo desmoronar alguns pilaresdo materialismo e mostrando a fra-gilidade das construções temporaissem o selo da Divindade.

A grande crise que se abate so-bre a Terra de hoje é a mesma cri-se que dominava a mentalidade da-queles dias quando Jesus cantou aBoa-Nova. E crise de valores mo-rais que somente podem ser modi-ficados quando o Evangelho aque-cer os sentimentos e orientar opensamento das criaturas humanas.Graças ao Espiritismo que é o re-torno de Jesus, desenha-se uma EraNova que se levantará dos escom-bros dessa geração cúpida e ambi-ciosa, para fazer reinar na Terra averdadeira Fraternidade.

Nestes dias discutistes em tor-no dos mecanismos que podem seraplicados em favor da coletividadesofrida; elaborastes projetos de pro-gramas de ação que possam sensi-bilizar as autoridades que governamo nosso país, estivestes preocupa-dos com a marcha do MovimentoEspírita nas terras do cruzeiro dosul; delineastes técnicas e atividadespara a ação correta em favor dosdias porvindouros.

Não nos esqueçamos, porém,desse trabalho extraordinário juntoà criatura humana em si mesma.Pensemos no ser coletivo que é asociedade, mas não olvidemos os

DEZEMBRO, 2001

pequenos gestos de amor, de bene-ficiência, de perdão, de caridade pa-ra com aqueles que vivem conoscona intimidade do nosso lar, aquelescom quem nos relacionamos notrabalho que dá dignidade, no gru-po social, onde todos cá e aí esteja-mos situados para evoluir.

Que nos vossos trabalhos res-peitáveis e laborados com empe-nho e abnegação o ser humano emsi tenha regime de urgência; quenos voltemos todos para a criaturahumana, insegura, aturdida, que se-gue sem qualquer segurança e serr:o norte para onde encaminhar-se.

Meus filhos, ncessitamos vol-tar a Jesus, não nos esqueçamos,em momento algum, de que a ade-são à proposta espírita é compro-misso de auto-iluminação.

Não estranhemos as provas,não relacionemos as dificuldades,não reclamemos a chuva de calhausou os espículos do solo que nos fe-rem os pés. Sem qualquer maso-quismo, aquele que elege Jesuscompreende que é no sacrifício, fi-lho dileto do amor, que encontraráa sua plenitude. Não temos outroroteiro a seguir senão aquele quefoi percorrido pelo incomparávelBenfeitor de todos nós. Uni-vos ca-da vez mais. Que as vossas discus-sões permaneçam no campo ideo-lógico, respeitando-vos uns aosoutros mesmo quando litigantes, eaceitando o resultado da opiniãomajoritária.

Fidelidade a Jesus e a AllanKardec é a proposta de semprenestes 144 anos de divulgação daabençoada Doutrina Espírita. Fiéisaos postulados da Codificação, de-mos direito aos outros de se movi-mentarem nos níveis de consciên-cia em que se encontram sem nosperturbarmos com qualquer ex-pressão aguerrida de combate ou

de destruição.O Senhor não deseja a morte

do pecador mas o desaparecimen-to do pecado. Vós - como nós ou-tros - que amais a Jesus, esculpi-Oem vosso Espírito, avançando comsegurança para os dias de amanhãe apreendendo com as experiênciasdo cotidiano e não repetir equívo-cos e, quando esses ocorram, a voslevantardes seguindo confiantesporque se o hoje é o nosso dia,amanhã é o momento da nossapaz.

Na grande crise moral que seapresenta com as terríveis conse-qüências da hecatombe momentâ-nea e de outras que por certo virão,sede vós aqueles que permanece-reis em paz, amando a todos, a to-dos ajudando e tornando-vos, hojemelhor do que ontem) amanhã melhordo que hoje, em luta contínua contraas más inclinações.

Os companheiros Espíritos--Espíritas que mourejaram nestaCasa e outros que vos acompanha-ram de vossas cidades aqui estãoconosco repetindo como nos diasgloriosos do martirológio:

- Ave Cristo! Aqueles que aquidesejamos servir-Te oferecemos asnossas vidas e o nosso amor.

Muita Paz meus filhos, que oSenhor nos prodigalize bênçãos,são os votos do servidor humílimoe paternal, de sempre,

Bezerra

Muita Paz!

(Mensagem psicofônica recebida pelomédium Divaldo P. Franco, no encerra-mento da Reunião Ordinária do ConselhoFederativo Nacional, na Sede da FederaçãoEspírita Brasileira, no dia 11de novembrode 2001,em Brasilia, DF.)

Nota: Texto revisto e título dado pelo Au-tor espiritual. •

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