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Estudo do processo erosivo em área de banhado na bacia hidrográfica do rio Gravataí 1. Apresentação O presente estudo foi realizado por solicitação da gerência da APA do Banhado Grande para responder à demanda do Ministério Público Estadual. Em conjunto com a gestora da APA, bióloga Luisa Xavier Lokschin, foi definida uma área de análise junto às propriedades Granja Quatro Irmãos e de Maurício Barcelos. Os trabalhos de campo foram desenvolvidos nos meses de outubro e novembro de 2010 e as análises de escritório e de laboratório no mês de novembro de 2010. Os custos do trabalho de campo foram cobertos por depósito determinado pelo Ministério Público Estadual junto à Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2. Introdução A análise do processo erosivo identificado na bacia do rio Gravataí deve ser realizada a partir da compreensão das condições naturais da região, das intervenções antrópicas realizadas e das possibilidades de evolução e remediação. O estudo divide-se em um diagnóstico da situação, apoiado em revisão bibliográfica e levantamentos específicos a campo, um prognóstico da situação encontrada e na indicação de medidas corretivas ou mitigadoras. 3. Diagnóstico a. Localização da área de estudo O ponto focal da área de estudo apresenta coordenadas 22J 525.187 L e 6.683.939 S, que determina o final da voçoroca de maior expressão. O início da área de estudo é a ponte de concreto ao final da propriedade de Maurício Barcelos.

Figura 1 - Localização da área de estudo - UFRGS · Os custos do trabalho de campo foram cobertos por ... A descrição do rio Gravataí no site da FEPAM destaca a ... Esta camada

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Estudo do processo erosivo em área de banhado na bacia hidrográfica do rio Gravataí

1. Apresentação

O presente estudo foi realizado por solicitação da gerência da APA do Banhado

Grande para responder à demanda do Ministério Público Estadual. Em conjunto com a

gestora da APA, bióloga Luisa Xavier Lokschin, foi definida uma área de análise junto

às propriedades Granja Quatro Irmãos e de Maurício Barcelos. Os trabalhos de campo

foram desenvolvidos nos meses de outubro e novembro de 2010 e as análises de

escritório e de laboratório no mês de novembro de 2010.

Os custos do trabalho de campo foram cobertos por depósito determinado pelo

Ministério Público Estadual junto à Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio

Grande do Sul.

2. Introdução

A análise do processo erosivo identificado na bacia do rio Gravataí deve ser

realizada a partir da compreensão das condições naturais da região, das intervenções

antrópicas realizadas e das possibilidades de evolução e remediação.

O estudo divide-se em um diagnóstico da situação, apoiado em revisão

bibliográfica e levantamentos específicos a campo, um prognóstico da situação

encontrada e na indicação de medidas corretivas ou mitigadoras.

3. Diagnóstico

a. Localização da área de estudo

O ponto focal da área de estudo apresenta coordenadas 22J 525.187 L e

6.683.939 S, que determina o final da voçoroca de maior expressão. O início da área

de estudo é a ponte de concreto ao final da propriedade de Maurício Barcelos.

Figura 1 - Localização da área de estudo

Figura 2 - Detalhe da área de estudo

A área apresenta como elementos notáveis um canal principal de drenagem

que é concordante com o eixo do canal de macrodrenagem do DNOS e dois canais

secundários de drenagem que se desenvolvem a montante do canal principal. Estes

canais formam um “Y” invertido. Nesta configuração destacam-se três curvas, sendo

uma aberta, uma muito fechada e uma de 90º.

O acesso à área dá-se de duas formas. A primeira, utilizada para os trabalhos

de campo de topografia e hidrometria, compreende o deslocamento por via terrestre

até a ponte de concreto sobre o canal principal pela propriedade de Maurício Barcelos

ou até a curva muito fechada, pela Granja Quatro Irmãos, seguindo de barco contra

corrente até a área. A segunda, utilizada para os estudos de infiltração e

permeabilidade, segue por via terrestre até a curva muito fechada e, atravessando o

canal menor a vau, atinge-se a área de estudo na margem direita. Esta alternativa só é

possível em águas baixas.

b. Antecedentes da região

A ocupação da região é dividida em dois períodos: antes e depois da abertura

do canal de macrodrenagem do DNOS. Esta obra, da década de 60, tinha como

objetivo a redução das enchentes nas cidades ribeirinhas ao rio Gravataí,

especialmente Cachoeirinha.

A descrição do rio Gravataí no site da FEPAM destaca a divisão do rio em três

trechos: nascentes, Banhado Grande e trecho final.

O Banhado Grande, que atua como regulador de vazão, originalmente ocupava

uma área de 450 km² , sendo reduzido para apenas 50 km² , em função do uso da

água para irrigação das culturas de arroz.

O rio Gravataí possui um trecho em canal artificial, construído pelo DNOS na

década de 60, iniciando ao final do Banhado Grande até próximo da Olaria Velha,

percorrendo cerca de 20 km.

O rio Gravataí é um rio de planície, de baixa velocidade, sinuoso e com muitos

meandros. Ao longo do seu curso, de 34 km desde o Passo dos Negros até o delta do

Jacuí, a profundidade, a largura e a velocidade da corrente são variáveis, mesmo

considerando curtas distâncias. No seu trecho inferior ocorre o fenômeno de inversão

de correntes, em função da influência do delta do Jacuí.

A abertura dos canais do DNOS foi interrompida. Um estudo de uma

consultoria alemã (Agrar und Hydrotechnik, 1972) indicava os impactos negativos que

a drenagem da área de banhados traria ao rio. Textualmente, com trechos de maior

interesse destacados em negrito, o documento traz no seu capítulo E:

Como já foi mencionado, a descarga de cerca de dois terços da bacia

hidrográfica (F = 1.365 km²) termina numa área pantanosa. Em sua parte norte, este

pantanal é denominado “Banhado Grande”. Em sua totalidade ele às vezes é

denominado de “Banhado Chico Lumã”. O pântano tem uma área de 138 km² e se

estende 30 km em direção leste-oeste. Sua extensão norte-sul alcança cerca de 18

km. O desnível de leste a oeste é de 9 m A área pantanosa está completamente

coberta de vegetação.

Atualmente este banhado representa uma grande bacia de retenção, havendo

flutuações anuais de até 2 m. Em 1958 o DNOS planejou um sistema de drenagem,

que consiste em um canal de 35 km de comprimento em direção leste-oeste e que

deságua no rio Gravataí. Além disso foram planejados mais dois canais laterais para a

drenagem da parte sul do banhado e para o deságüe do arroio Vigário. (...)

Conforme dados do DNOS já estão concluídos o canal principal, com 18 km a

partir do rio Gravataí está completamente concluído um canal lateral na parte sul, e do

segundo canal já existem 5 km.(...)

O canal foi calculado para permitir uma descarga que corresponde ao duplo da

descarga média do rio Gravataí em sua desembocadura (Q=76 m³/s).

Os canais já concluídos não são suficientes para a drenagem do banhado com

fins de aproveitamento agrícola. A conclusão e ampliação do sistema de canais por

outro lado aumentará consideravelmente os danos das cheias, pela rápida

evacuação das águas do banhado.

Com gastos relativamente baixos, poderia utilizar-se o banhado como

bacia de retenção das precipitações. Seria considerável a diminuição dos níveis

das cheias no rio Gravataí.

Portanto, para a futura utilização agrícola da bacia do Gravataí não serão

levados em conta estas áreas pantanosas.

Seria interessante conservar o banhado como reserva biológica.

A figura a seguir, retirada dessa publicação, apresenta o canal do DNOS como

construído até aquele momento em linha cheia e o projetado em linha pontilhada.

Figura 3 – Mapa geológico da região com traçado do canal do DNOS

construído (linha cheia) e projetado (tracejado), mostrando a região de estudo

A imagem de satélite a seguir foi obtida em março de 1975. Por ela, observa-se

a dimensão do banhado, a cobertura vegetal e a extensão do dreno do DNOS.

Figura 4 – Imagem Landsat março de 1975

A interrupção dos trabalhos do DNOS, no entanto, não foi complementada pela

necessária regulamentação da manutenção do ambiente dos banhados por parte dos

produtores rurais. Estes, a partir de investimentos próprios, ampliaram a rede de

drenagem em direção a montante, ou seja, em direção ao Banhado Grande e a

banhados menores, como dos Porcos e dos Pachecos, onde situa-se o Refúgio da

Vida Silvestre. Se considerado como correto o final do trecho já construído, houve a

expansão de 5,8 km de canal por parte dos produtores. A abertura indiscriminada

destes drenos alterou ainda mais o regime hídrico da bacia, pois geraram caminhos

desimpedidos para o escoamento das águas. A imagem de satélite a seguir, da junho

de 1986, mostra a evolução do sistema de drenagem.

Figura 5 – Imagem Landsat de junho de 1986

Estudos realizados na bacia do Gravataí indicam que o escoamento da água

subterrânea se dá preferencialmente do aqüífero para o banhado, mas, no caso de

abaixamento do nível do aqüífero, este fluxo se inverte, favorecendo a água

subterrânea. Com a drenagem do banhado, esta possibilidade é reduzida, ao mesmo

tempo em que se favorece o rebaixamento do aqüífero.

c. Solos e erosão

A área em questão apresenta-se sobre solos da classe dos Planossolos. Esses

solos são derivados de sedimentos do Holoceno. Apresentam mudança textural

abrupta o que os torna imperfeitamente drenados e susceptíveis à erosão. São solos

típicos de áreas baixas, onde o relevo permite excesso de água permanente ou

temporário, ocasionando fenômenos de redução que resultam no desenvolvimento de

perfis com cores cinzentas indicativas de gleização. Uma característica marcante

destes solos é a presença de horizonte superficial aluvial de textura arenosa ou média,

que contrasta abruptamente com o horizonte subjacente B, de elevada concentração

de argila.

Em geral, são solos mal ou imperfeitamente drenados, com seqüência de

horizonte A, Bt e C. O horizonte A é do tipo moderado, quase sempre apresentando

A2. O horizonte B usualmente tem argila de atividade alta. São derivados de

sedimentos aluvionares referentes ao período Quaternário, principalmente

provenientes de arenitos e siltitos e situam-se na Unidade de Relevo Planície dos Rios

Jacuí-Ibicuí. A principal limitação ao uso agrícola destes solos diz respeito a sua má

drenagem, dificultando o manejo pelo excesso de unidade.

As condições de análise do perfil eram muito dificultadas pelo fluxo de água

que vertia do banhado para o canal, de forma difusa. Assim, características como cor

e estrutura foram descartadas, sendo os horizontes diferenciados pela textura. O

horizonte superficial aparentou ter um maior teor de areia fina, característica que foi

diminuindo com o aumento da profundidade. Amostras foram coletadas para

confirmação do teste de campo. O perfil analisado pode ser descrito sumariamente da

seguinte forma:

Perfil com 1,6 m de espessura

Horizonte A de 0 a 40 cm

Horizonte B1 de 40 a 80 cm

Horizonte B2t de 80 a 110 cm

Horizonte C de 110 a 160 cm

Os dados da análise da densidade de solo mostram a variação do

comportamento destes horizontes. Destaca-se, claramente, a variação de densidade

entre o horizonte A e o B1.

Em outra voçoroca foi examinado o perfil e identificada uma camada argilosa

mais compacta, situada a 3,3 metros de profundidade. Esta camada consistia o atual

leito da voçoroca, sendo observada a erosão dos horizontes superficiais a ela nas

bordas e a montante do canal. Esta camada é denominada de base na tabela de

densidade.

Tabela – Valores de densidade e umidade as amostras de solo

No Rio Grande do Sul, incluídas as áreas com Gleissolos associados, os

Planossolos ocupam 56,0% da área de solos de várzea e representam cerca de 11%

da área total do Estado. Regionalmente, são conhecidos por unidades de

mapeamento de nomes locais:

Planossolos Hidromórficos Eutróficos típico (Vacacaí) e solódico

(Pelotas e Mangueira);

Planossolos Háplicos Eutróficos típico (São Gabriel) e vértico (Bagé).

Amostra

Densidade do

solo (g/cm³) Umidade

Gravimétrica (%)

Umidade

Volumétrica

(cm³/cm³)

Base 1,646976 24,87502 0,409686

Base 1,440443 30,59919 0,440764

Hor A 1,245254 36,88829 0,459353

Hor A 0,982617 54,86363 0,539099

Hor B1 1,728962 19,82504 0,342767

Hor B1 1,962695 16,12417 0,316468

Hor BT2 1,583050 24,01677 0,380197

Hor BT2 1,476944 29,61449 0,437389

Hor BT2 1,592239 23,55451 0,375044

Hor C 1,453093 26,09368 0,379166

Hor C 1,465995 30,86541 0,452485

No caso específico, a unidade de mapeamento referencial é a Vacacaí. Esta

unidade apresenta uma subdivisão para fins de características físicas: Litoral,

Depressão Central e Campanha.

Os Planossolos são propensos à erosão, mas esta não é observada em

situações usuais de manejo e conservação.

A erosão é o processo de desprendimento e arraste das partículas do solo,

causados pela água e pelo vento (Bertoni e Lombardo Neto, 1990). Processos

erosivos são parte da formação dos solos, sendo observados em todos os solos, se

considerado um intervalo de tempo coerente. Quando estes processos superam uma

velocidade básica, definida por diversos fatores naturais, há uma perda de solo

superior à quantidade de solo aportada pela gênese, causando a redução da

espessura do perfil. A formação de solo, para solos profundos e bem drenados, é da

ordem de 25 mm a cada 30 anos.

A erodibilidade do solo, representada pela letra K, indica sua suscetibilidade

aos processos erosivos. A determinação do valor de K pode ser feita de muitas

maneiras, o que explica também a variabilidade dos valores referenciais apresentados

na bibliografia. Em alguns estudos, como o de Mannigel et al, os Planossolos, devido à

mudança textural acentuada entre os horizontes A e B, têm uma erodibilidade do

horizonte A sete vezes maior (0,0317 t.ha.h/ha.MJ.mm) do que a de um Gleissolo

(0,0044) e três vezes maior no horizonte B (0,0088 e 0,0266, respectivamente).

Os valores de erodibilidade podem classificar um solo em três tipos básicos:

0,01 t.ha.h/ha.MJ.mm – baixa erodibilidade

0,03 t.ha.h/ha.MJ.mm – média erodibilidade

0,06 t.ha.h/ha.MJ.mm – alta erodibilidade

Mannigel et al propõem uma outra divisão, mais discretizada:

Muito baixa – abaixo de 0,009 t.ha.h/ha.MJ.mm

Baixa – entre 0,009 e 0,015 t.ha.h/ha.MJ.mm

Média – entre 0,015 e 0,03 t.ha.h/ha.MJ.mm

Alta – entre 0,03 e 0,045 t.ha.h/ha.MJ.mm

Muito alta – entre 0,045 e 0,06 t.ha.h/ha.MJ.mm

Extremamente alta – acima de 0,06 t.ha.h/ha.MJ.mm

Assim, os planossolos podem ter uma erodibilidade alta em relação ao

horizonte superficial (A) e muito baixa do horizonte B.

A perda do solo pela erosão pode ser estimada pela Equação Universal da

Perda de Solo, também denominada de U.S.L.E., que é expressa por:

A = R. K .L. S .C. P

Em que:

A – perda de solo em t/ha.ano

R - fator chuva

K - fator erodibilidade do solo

L, S - fator topográfico

C - fator uso e manejo

P - fator práticas conservacionistas

O objetivo da U.S.L.E. é estimar as perdas de solo de uma área em função das

condições de clima, solo, relevo, vegetação e práticas conservacionistas. Além disto,

indica a resistência do solo, na condição atual, a processos erosivos.

Destes fatores, os de maior interesse neste estudo são os fatores erodibilidade

do solo (K) e o topográfico (LS), principalmente o valor de S, que indica a declividade

do solo. Em condições naturais, o fator S tem valor próximo de zero, o que leva a um

valor de erosão também próximo de zero ou pouco significativo.

A tolerância de perda do solo indica a intensidade máxima de perdas de solo

por erosão que um solo pode sofrer sem afetar a sua produtividade. É o parâmetro de

avaliação utilizado para verificar quais as combinações de uso e manejo que permitem

controlar a erosão em uma área agrícola. Para a velocidade de formação citada acima,

isso representa um valor de 12,5 t/ha.ano. Porém, para solos com elevada relação

textural entre os horizontes superficiais e solos pouco profundos, esta perda é

reduzida para valores entre 2,0 e 4,0 t/ha.ano (Mannigel et al, 2002).

A tolerância de perda de solo pode ser definida para diferentes unidades de

classificação. A tabela abaixo apresenta valores calculados para o estado de São

Paulo.

Os processos erosivos classificam-se em laminar, por sulcos e em voçorocas,

sendo o grau de redução do perfil crescente do primeiro para o último. Da mesma

forma, a dificuldade de recuperação dos solos cresce na mesma direção.

As voçorocas são formas erosivas na qual a profundidade supera os 50

centímetros, ou nas quais a relação entre largura e profundidade menor que a

unidade.

Solo Tolerância de perda de solo (t/ha.ano)

Latossolo Vermelho-Amarelo 12,3

Podzólico (Argissolo) Vermelho-Amarelo 7,3

Cambissolo 9,8

(Neossolos) Solos litólicos 4,2

Planossolo hidromórfico¹ 5,74

Gleissolo háplico¹ 5,82

¹ - Mannigel et al., 2002.

Uma voçoroca pode ser descrita como um canal formado a partir de uma

incisão fluvial em materiais terrestres inconsolidados, sendo caracterizada por uma

transmissão efêmera do fluxo d’água, vertentes íngremes e verticalização da

cabeceira Ebisemiju, 1989, apud Vitte e Melo, 2007). Uma voçoroca é profunda

quando tem mais de 5 metros de profundidade; média, com profundidade entre 1 e 5

metros; e rasa, com menos de um metro.

Voçorocas em solos com variação textural significativa, como os Planossolos,

tendem a ter a seção em forma de “V”. O avanço da voçoroca dá-se por ação da água

na base e nas laterais de sulcos, causando desmoronamento e colapso em direção às

cabeceiras, ou por escoamento sub-superficial significativo ou, por fim, por

escoamento concentrado em vertentes íngremes desmoronadas.

A velocidade de avanço das voçorocas é elevada no início, tendendo a

estabilizar com o passar do tempo.

d. Dimensionamento da voçoroca analisada

A voçoroca analisada foi levantada topograficamente, com o uso de uma

estação total. Foram definidas seções transversais ao longo da mesma e realizada a

demarcação de seu contorno.

A voçoroca analisada tem 4.613,78 m² de área e 1.479,6 m de perímetro,

possuindo a forma indicada a seguir. Desenvolve-se em dois eixos principais, com

ramificações. O sentido preferencial de evolução é o oeste-leste, sendo observado um

ramo secundário sul-norte.

Figura 6 - Limites da voçoroca analisada

Figura 7 – seções transversais da voçoroca, jusante (esquerda) e montante

(direita)

Observa-se que a voçoroca apresenta uma seção em V profundo, como

esperado.

A vazão medida na voçoroca no dia 11 de outubro foi de 0,468 m³/s, com

velocidade média do escoamento de 0,806 m/s.

e. Dimensionamento do canal de drenagem

A voçoroca está vinculada, visceralmente, à rede de drenagem aberta pelos

produtores rurais. O testemunho de um pescador, morador da região há mais de 60

anos, indica que o canal de drenagem original em frente à voçoroca foi aberto com

uma retroescavadeira, isto é, era um canal de pequenas dimensões. A área erodida

era um banhado com “palhal” vigoroso e ficava inundado a maior parte do ano. A

abertura do dreno fez com que a vegetação secasse e fosse destruída por queimadas

para a formação de pastagens. Segundo o pescador, foi a proibição de ampliação dos

drenos que impediu um avanço maior da lavoura de arroz.

O atual canal de drenagem é profundo, com valores medidos superiores a 1,5

m em situação de águas baixas, mas com marcas de água que indicam uma

profundidade superior a 5 metros em alguns pontos.

Figura 8 – Seções transversais do canal na ponte, na curva junto à Granja

Quatro Irmãos (sec. 08) e a montante da voçoroca (sec. 12), com o respectivo nível da

água (10 de outubro de 2010)

Figura 9 – Perfil do canal de drenagem, com fundo, linha da água e indicação

da seção de curva (seção 8)

Observa-se que o canal tem um nível de água relativamente menor nas seções

mais a jusante, indicando a evolução do processo de escavação pela erosão do fundo.

Também se observa o fundo irregular da seção 12, mais a montante, enquanto que a

seções ponte tem um fundo mais largo e plano, provavelmente resultado da

0

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8

0 1000 2000 3000 4000 5000

Co

tas

(m)

Distância da ponte (m)

Pefil do canal de drenagem

Fundo do canal

Linha d'água

Curva

dragagem. A seção 08 tem o fundo parabólico, concordante com um canal de terra

sem manutenção e com erosão dos taludes laterais.

O fundo do canal situa-se sobre uma camada compacta de argila. Sobre esta

camada, o perfil apresenta outras camadas argilosas, sendo que onde há uma maior

resistência à erosão, estas camadas resistem na forma de degraus que, por sua vez,

originam pequenas quedas d’água.

Figura 10 – Vista do canal e da curva junto à seção 8

A velocidade da água no canal é discordante da situação natural. A descrição

do rio Gravataí indica baixas declividades e um rio meandrado. No canal, a situação é

oposta, com um trecho retilíneo e alta velocidade.

Considerando-se, para exemplo, uma velocidade de 1,0 m/s e as dimensões

médias obtidas no local (largura 4,2 m e profundidade 1,6 m) e considerando-se uma

seção aproximadamente retangular, a declividade estimada para este trecho seria

igual a 0,58 m/km. Para valores de velocidade de 0,8 m/s e seção de escoamento de 9

m², a declividade deveria ser de 0,48 m/km.

Não há dúvidas em relação aos valores das velocidades, pois a mesma foi

medida com equipamentos aferidos e há sinais evidentes de um regime próximo do

torrencial junto à ponte de concreto. Além disto, as evidências da erosão junto às

curvas mostram a inadequação da declividade dos canais de drenagem inicialmente

escavados pelos proprietários. Porém, tal declividade, conforme o observado a campo,

dos valores de velocidade medidos e do depoimento do pescador, é resultado do

próprio processo erosivo.

As velocidades de escoamento em canais escavados em terra e não revestidos

devem respeitar limites máximos, dentre os quais não há arraste das partículas de

solo. Considerando-se que os solos locais têm uma variação textural importante, deve-

se analisar o comportamento do horizonte superficial e do subsuperficial.

O horizonte superficial apresenta silte, areia fina e areia média na sua

composição. Estes materiais, quando não compactados, resistem a velocidades

máximas entre 0,15 e 0,6 m/s, valores bem inferiores ao medido. Para solos com

grandes quantidades de argila, os valores de velocidade variam entre 0,8 e 1,2 m/s; no

caso das curvas, estes valores têm uma redução de 20% (0,64 e 0,96 m/s).

A inclinação média do canal no trecho analisado é de 0,48 m/km, em um trecho

de 4,2 km, valor obtido com a estação total. A profundidade média neste trecho é de

1,70 m, com valor mínimo de 0,92 m e máximo de 3,44 m. Para a voçoroca, a

declividade média em um dos trechos analisados é de 4,92 m/km e de 12,4 m/km em

outro, indicando a tendência de continuidade do processo erosivo.

f. Ensaios hidropedológicos

Os solos apresentam características hídricas fundamentais, que são a

velocidade básica de infiltração, a condutividade hidráulica, a porosidade drenável e a

retenção de água no perfil. Estas características devem ser levantadas a campo,

embora existam valores referenciais de acordo com as características físicas básicas.

A condutividade hidráulica referencial, por exemplo, tem os seguintes valores,

segundo Vitte e Mello, 2007:

Solos argilosos = 0,06 cm/hora

Solos arenosos = 23,5 cm/hora

Solos siltosos = 1,32 cm/hora

O trabalho de Beltrame e Louzada (1996) indica os seguintes valores

característicos para a unidade de mapeamento Vacacaí, nas suas fases Depressão

Central, Litoral e Campanha:

Com base nestes valores, foram definidas a velocidade básica de infiltração e a

porosidade drenável. A Velocidade de Infiltração básica é baixa, indicando uma grande

dificuldade de circulação vertical da água no solo. Do mesmo modo, a porosidade

drenável não é elevada, em média 35% da umidade na capacidade de campo.

Tabela – Valores médios e medianas das características do solo Vacacaí

Região Depressão Central Litoral Campanha

Valores Média Mediana Média Mediana Média Mediana

K (m/dia) 0,133 0,096 0,168 0,111 0,108 0,087

a 4,14 1,77 6,09 2,56 4,25 2,54

b 0,53 0,54 0,58 0,58 0,56 0,56

Camada Impermeável (cm) 94 90 89 90 91 90

Porosidade Superficial 40,00 40,00 40,30 39,00 41,00 41,00

(%) subsuperf. 39,00 39,00 38,70 37,50 40,00 40,00 Umidade na capacidade de campo Superficial 0,27 0,27 0,25 0,25 0,27 0,27

(cm³/cm³) subsuperf. 0,26 0,26 0,23 0,22 0,27 0,27 Velocidade de infiltração básica (cm/hora) 0,133 0,096 0,168 0,111 0,108 0,087

Porosidade drenável 32% 33% 40% 39% 33% 34%

onde K é a condutividade hidráulica, em m/dia, a e b são coeficientes da

equação de Kostiakov.

Estes valores médios foram confrontados com os três ensaios de infiltração

realizados no local e mostraram concordância entre eles. A média de dois dos testes

indica uma velocidade de infiltração básica de 0,1 cm por hora, sendo o maior valor

obtido no primeiro minuto e rapidamente estabilizando em um patamar muito baixo. O

teste de permeabilidade resultou em um valor de 0,34 m/dia, sendo realizado na

mesma posição dos testes de permeabilidade. Este valor é compatível com uma

classificação “medianamente lenta”. Como o teste foi realizado sobre a camada

impermeável, indica a capacidade dos horizontes superficiais e não do solo como um

todo. O valor é muito superior à média dos planossolos examinados, e isso pode ser

efeito da proximidade da voçoroca e do canal de drenagem. Desta forma, o teste

reforça a hipótese de drenagem interna com uma velocidade superior à do solo em

seu estado natural.

Figura 11 – Realização de ensaio de infiltração com anéis concêntricos

Figura 12 – Resultados dos testes de infiltração realizados no local

A análise de granulometria dos solos Vacacaí também mostrou concordância

com os valores de campo, conforme a tabela a seguir.

-2

0

2

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6

8

10

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14

0 50 100 150 200 250 300 350

Ve

loci

dad

e d

e in

filt

raçã

o in

stan

tân

ea

(cm

/h)

Tempo (minutos)

Velocidade de infiltração

Teste 1

Teste 2

Teste 3

Tabela – Distribuição granulométrica do solo Vacacaí (%)

Parâmetro Horizonte Depressão Central Litoral Campanha Campo Média Mediana Média Mediana Média Mediana

Areia fina Superfície 29 28 50 50 25 23 Subsuperfície 29 28 51 49 26 23 Areia grossa Superfície 23 22 27 24 26 23 Subsuperfície 24 22 25 24 25 23 Silte Superfície 30 32 15 11 31 33 Subsuperfície 30 31 14 8 30 29 Argila Superfície 18 14 8 7 18 15 Subsuperfície 17 15 10 7 19 16

Observa-se que os dados de Beltrame e Louzada referem-se apenas aos

horizontes acima da camada impermeável, uma vez que foram coletados a

profundidades entre 0 e 20 e 21 e 40 cm, respectivamente. Como a camada

impermeável argilosa encontra-se a 90 cm, o aumento do teor de argila não foi

diagnosticado. Os ensaios de laboratório mostram a diferenciação textural do

horizonte B, que apresentou 36% de argila, 11% de silte e 48% de areia fina, enquanto

que o horizonte A apresenta 18% de argila, 14% de silte e 64% de areia fina,

demonstrando claramente a descontinuidade textural do prefil. Os teores de areia fina

e argila levam a uma melhor aproximação do perfil do solo com os Planossolos do

Litoral.

Destaca-se fortemente o teor de argila do horizonte base, com 65% de argila.

Tabela – Distribuição granulométrica do perfil de solo da voçoroca

Parâmetro Base C B2T B1 A Superfície

Areia grossa 1,87% 3,45% 4,92% 4,07% 7,17% 3,54%

Areia fina 23,15% 45,77% 48,11% 53,80% 71,09% 64,26%

Silte 9,81% 8,44% 10,74% 10,04% 11,35% 14,27%

Argila 65,17% 42,34% 36,23% 32,09% 10,39% 17,92%

Em uma voçoroca menor, encontrou-se um perfil mais claro quanto às

características do horizonte B textural. A análise deste horizonte mostra um teor maior

de argila (55%) do que o do perfil analisado

Tabela – Distribuição granulométrica do horizonte Btextural do planossolo

Areia grossa 0,80%

Areia fina 27,01%

Silte 17,38%

Argila 54,81%

g. Processo de formação das voçorocas

Conforme afirmado anteriormente, as voçorocas são formadas e ampliadas

pela ação da água ou do vento. No presente caso, a água é o fator causador do

processo e tem duas origens distintas. A primeira e aparentemente a mais importante,

pela visualização do processo em diversos pontos, é o escoamento superficial da água

acumulada na superfície da área de banhado. Esta água, que encontra-se em cota

mais elevada que a margem da voçoroca, escoa sobre suas bordas. Como o talude da

voçoroca é verticalizado, a velocidade de escoamento é elevada, arrastando as

partículas do solo e gerando pontos preferenciais de escoamento. Estes, por sua vez,

recebendo mais vazão, sofrem um processo mais intenso de rebaixamento, criando,

inicialmente uma ravina e depois uma voçoroca.

Ou seja, neste caso, há uma alteração no valor do fator S da U.S.L.E.,

ampliando o processo erosivo em um solo com fator de erodibilidade K alto.

Este processo é interrompido, temporariamente, quando atinge o horizonte

argiloso, que resiste a uma maior velocidade de escoamento e tem um menor valor de

K. Neste caso, inicia um alargamento gradual da base da ravina, o que determina o

colapso de blocos inteiros das camadas superiores, com um valor de K maior. Com

este colapso, a voçoroca amplia a sua largura superior, drenando de modo mais

rápido uma maior área, o que significa uma maior vazão e, consequentemente, uma

maior velocidade. O processo vai erodindo a camada argilosa mais lentamente, o que

gera a formação de um degrau quando a voçoroca encontra o canal, já que este tem

uma cota de fundo mais baixa. A água drenada pela voçoroca, saltando deste degrau,

aumenta a erosão no canal neste ponto, favorecendo a queda de blocos do horizonte

argílico e, assim, nova ampliação da voçoroca.

Outro processo observado é a erosão pelo escoamento subsuperficial. Sendo

que o teor de areia aumenta com a profundidade, há, em alguns casos, um acréscimo

da porosidade drenável. Quando a voçoroca atinge uma profundidade igual ou

superior à da camada impermeável (90 cm), favorece o fluxo da água horizontal em

direção aos taludes. Este fluxo também desloca e carrega partículas de solo, gerando

cada vez mais condições para o processo de drenagem interna do perfil, formando

caminhos preferenciais para a água, que surge de forma notável na lateral da

voçoroca e do canal. Este processo, denominado de pipping, causa a erosão interna

do solo, favorecendo o colapso de blocos e o conseqüente avanço da voçoroca em

direção ao banhado.

h. Fatores antrópicos

Entre os fatores antrópicos significativos para a geração do processo erosivo,

além da abertura dos drenos, está a pecuária. São observados deslizamentos das

margens da voçoroca por pisoteio do gado. A passagem do gado pela voçoroca deve

se observar em duas situações corriqueiras: a busca pela água em melhores

condições de captura e o acesso às áreas de pastagens na outra margem. Buscando

contornar a dificuldade gerada pelas vertentes íngremes, o gado busca reconformar o

terreno deslocando-se paralelamente à voçoroca e forçando o deslocamento de blocos

de solo, que formam degraus de melhor acesso.

O gado também favorece a criação de canais superficiais quando demarca

uma trilha até a voçoroca, desviando de áreas alagadas e dos pés de maricá. Estes

caminhos também favorecem o escoamento da água e o agravamento do processo.

Figura 13 – Canais preferenciais de escoamento abertos pelo pisoteio do gado

i. Alteração da vegetação

Em condições naturais, os planossolos encontrados têm baixíssima

permeabilidade. Assim, dadas as condições climáticas, tenderiam a permanecer

saturados na maior parte do tempo, limitando a fixação e o desenvolvimento de

plantas. Corroborando com esta afirmativa, foram encontradas plantas aquáticas em

pequenas poças no meio do campo, assim como áreas de pastoreio nas quais só

foram observadas espécies higrófilas. No entanto, na margem esquerda do dreno,

onde houve a deposição do solo retirado pela retroescavadeira, e na margem da

voçoroca são observados pés de maricá, indicando a proliferação destes sobre solos

drenados ou em uma cota superior à da vegetação autóctone.

4. Prognóstico

Diante dos dados levantados, é possível realizar um prognóstico considerando-

se a manutenção da atual situação. Para facilitar o entendimento, o mesmo foi dividido

em tópicos.

a. Sobre as voçorocas – as voçorocas encontradas encontram-se em pleno

processo de evolução. As vazões drenadas pela voçoroca, medida em um dia e

estimada em outro, são superiores a 300 l/s em um período sem precipitações

significativas. Embora seja esperada uma velocidade menor de evolução de cada

voçoroca já existente, espera-se também o surgimento de novas voçorocas em outros

pontos ao longo do canal;

Figura 14 – Avanço da voçoroca, com derrubada de árvores das margens e

formação de bancos de areia com material erodido dos horizontes superficiais. A

cor escura da água indica a sua origem.

b. Sobre o canal – o processo erosivo do canal deve ser ampliado nos próximos

anos, especialmente nas curvas de 90º e na curva fechada localizada ao final do

acesso da Granja Quatro Irmãos. Esta ampliação é a continuação do processo já

relatado e que culminou com a derrubada da ponte de madeira que havia junto à

curva. Isso é totalmente compatível com as velocidades medidas e com as condições

de escoamento observadas. Com a redução dos raios das curvas, deve ser observado

um aumento pontual de velocidade e o favorecimento de colapsos das margens. A

profundidade do canal deve sofrer ampliação no trecho de montante, favorecendo a

formação de novas voçorocas sempre que atingir e superar a profundidade da camada

impermeável. O aprofundamento do canal significará uma elevação no fator S da

U.S.L.E.;

c. Sobre a vegetação: a perda ou a redução significativa do encharcamento

superficial do solo promoverá uma alteração da fitossociologia, com o favorecimento

de espécies higrófilas. Com isso, haverá um favorecimento à ocupação dos campos

com gado e até com lavoura e a expansão do número de maricás;

Figura 15 – Imagem de satélite de abril de 2010, onde observa-se a reflectância

dos solos expostos, a alteração da rede de drenagem e da vegetação

d. Sobre a fertilidade do solo: o solo Vacacaí é classificado como pobre

quimicamente. Na área de estudo, pela condição recente de banhado, observa-se a

presença de um horizonte O, composto por material vegetal decomposto, mas não

totalmente mineralizado. A drenagem do solo favorecerá a oxidação desta matéria

orgânica, atualmente protegida pelo ambiente reduzido. Esta oxidação elevará

momentaneamente a fertilidade natural do solo, mas o processo se esgotará em

pouco tempo, por não haver uma reposição de material orgânico com a mesma

velocidade. A tendência então é de redução da fertilidade natural do solo com o passar

do tempo, com redução da cobertura vegetal e favorecimento da erosão eólica;

e. Sobre as vazões do rio Gravataí – com a erosão do fundo canal, espera-se que

as velocidades de escoamento sejam elevadas no trecho estudado e,

consequentemente, uma elevação da vazão de saída de água do banhado.

5. Indicação de medidas corretivas ou mitigadoras

As medidas corretivas são divididas nas que devem ser adotadas junto às

voçorocas existentes e que podem ser implantadas nos canais de drenagem.

a. Voçorocas – as voçorocas podem ser controladas com a implantação de

barreiras transversais ao escoamento da água. Estes barreiras podem ser feitas com

sacos de areia, manta geotêxtil, com estacas de eucalipto ou varas de bambu

cravadas no solo ou com a mescla de mais de uma destas soluções. Estas barreiras

criarão uma série de pequenos reservatórios, que reduzirão o fluxo horizontal de água

no solo e a redução dos colapsos gerados pelo pipping. O escoamento das águas por

sobre as barreiras deve ser controlado, de forma a evitar a formação de quedas de

água. Nos locais onde for necessário, um anteparo para reduzir a velocidade da água

deve ser instalado. Para isso, podem ser adotados gabiões ou bolsas plásticas

preenchidas com concreto. A seleção dos materiais a serem adotados depende de

estudos específicos e análise de viabilidade. A redução do transporte de solo pode

chegar próximo a 100% em relação à situação atual.

Figura 16 – Estratégias físicas para controle da erosão (Embrapa)

Figura 17 – Opção com gotêxtil

Figura 18 – Disposição das estruturas ao longo das voçorocas

b. Canais de drenagem – os canais de drenagem também podem ser

barrados por estruturas transversais galgáveis, ou seja, que permitam a passagem das

cheias. Para isso, não podem ser construídas com material terroso. As possibilidades

existentes são as bolsas de concreto, gabiões ou estruturas de concreto. Neste caso,

as dificuldades são referentes às condições da fundação. Soluções técnicas existem,

mas podem dificultar sua implantação por causa do custo. Outro fator a ser

considerado neste caso é a inviabilização de áreas de lavoura e pastagens, pois o

barramento do canal provocará uma redução da drenagem de uma área extensa. Esta

situação deve ser avaliada junto ao Conselho da APA e ao Comitê Gravataí.

A vazão de dimensionamento destas estruturas pode considerar,

preliminarmente, a vazão utilizada pelo DNOS para cálculo dos canais, que é de 76

m³/s. Com este valor e uma altura de carga de 1 m sobre o vertedor, seriam

necessários 42 m de extensão, o que é muito superior ao medido transversalmente.

Neste caso, propõe-se um vertedor do tipo bico de pato que poderia ser facilmente

acomodado no trecho analisado. O uso destas estruturas impediria a navegação neste

trecho do rio.

O uso do valor indicado pela Agrar und Hydrotechnik, que é de 284 m³/s no

escoadouro do Banhado do Chico Lumã, exigiria um comprimento de 156 m. Ou, para

a largura de 42 m, a altura da água necessária seria de 2,4 m. O valor da vazão de

projeto deve ser redefinido após a definição da área de banhado a ser recuperada pela

elevação do nível da água.

Figura 19 – Exemplo de barragem galgável de elevação de nível

Figura 20 – Exemplo de barragem galgável de elevação de nível

Figura 21 – Exemplo de barragem galgável de elevação de nível

Figura 22 – Estrutura de contenção de taludes em gabiões

Figura 23 – Vertedor tipo bico de pato, que possibilita maior extensão de lâmina

vertente

c. Ao longo dos canais e das voçorocas – deve haver a restrição do

acesso do gado ao canal e às voçorocas, pelo agravamento que o trânsito do gado

traz ao processo erosivo. Isso implica na implantação de cercas e definição de

bebedouros para o gado. Considerando a extensão dos canais e das voçorocas, este

custo deve ser dimensionado e discutido com os proprietários e com o Conselho da

APA e com o Comitê Gravataí. Um elemento dificultador desta solução é a

necessidade de fiscalização e conservação permanente, o que implicará em custos

permanentes.

d. Monitoramento – seja qual for a decisão tomada pelos colegiados

citados, entende-se como fundamental estabelecer-se um processo de monitoramento

dos processos erosivos. Este monitoramento deve contemplar a medição da vazão

sólida e da vazão líquida em pontos representativos da entrada da água na área de

banhado e de sua saída no canal do DNOS. A freqüência de amostragem deve ser, no

mínimo, trimestral. A evolução das voçorocas também deve ser controlada, por

levantamentos topográficos de mesma freqüência das medições de descarga.Havendo

a implantação das medidas indicadas, o sucesso destas deverá ser documentado,

possibilitando a correção de falhas e o desenvolvimento de técnicas e processos para

aplicação em outros pontos da bacia.

Bibliografia citada

Vitte, Antonio Carlos e Mello, Juliano Pereira. Consideração sobre a erodibilidade dos solos e a erosividade das chuvas e suas conseqüências na morfogênese das vertentes: um balanço bibliográfico. Climatologia e estudos da paisagem. Vol. 2, n.2, p.107. 2007, Rio Claro.

Mannigel et al. Fator erodibilidade e tolerância de perda de solos do estado de São Paulo. Acta Scientarium. V. 24, n.5, p 1335-1340, 2002.

Beltrame, Lawson F. S. e Louzada, José Antônio S. Caracterização físico-hídrica dos solos formadores as várzea arrozeira do Rio Grande do Sul. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Instituto de Pesquisas Hidráulicas. Porto Alegre, 1996. Série Recursos Hídricos, n. 32.

EMBRAPA – Recuperação de voçorocas em áreas rurais. Site

http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/sistemasdeproducao/vocoroca/eficiencia.htm

, acessado em 29 de novembro de 2010.

Agrar und Hydrotechnik. Rio Gravataí. Porto Alegre, 1972.

LAUDO DE GRANULOMETRIA

AMOSTRA: BASE DATA DA ANÁLISE: 02/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

Diâmetro

(mm)

Peso

(g)

Somatório

do peso (g)

Porcentagem por fração (%)

Porcentagem acumulada (%)

1,0000 0,0200 0,0200 0,0224 0,0224

0,7100 0,0600 0,0800 0,0673 0,0897

0,5000 0,1500 0,2300 0,1682 0,2579

0,3500 0,2400 0,4700 0,2692 0,5271

0,2500 1,2000 1,6700 1,3458 1,8729

0,1770 3,0400 4,7100 3,4094 5,2823

0,1250 3,5800 8,2900 4,0150 9,2974

0,0900 4,8700 13,1600 5,4618 14,7592

0,0630 6,1800 19,3400 6,9310 21,6901

0,0442 0,9350 20,2750 1,0486 22,7387

0,0312 1,1700 21,4450 1,3122 24,0509

0,0221 0,8700 22,3150 0,9757 25,0266

0,0156 2,4950 24,8100 2,7982 27,8248

0,0078 3,3500 28,1600 3,7571 31,5819

0,0039 2,9000 31,0600 3,2524 34,8343

0,0020 58,1050 89,1650 65,1657 100,0000

LAUDO DE GRANULOMETRIA

NOME DA AMOSTRA: BASE DATA DA ANÁLISE: 02/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

______________________ Nilza Maria dos Reis Castro

CREA RS 067929

Curva Granulométrica - Base

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,00 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Abertura das Peneiras (mm)P

orc

en

tag

em

de M

ate

rial

Reti

do

(%

)

LAUDO DE GRANULOMETRIA

AMOSTRA: C DATA DA ANÁLISE: 01/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

Diâmetro

(mm)

Peso

(g)

Somatório

do peso (g)

Porcentagem por fração (%)

Porcentagem acumulada (%)

1,4000 0,0200 0,0200 0,0210 0,0210

1,0000 0,0200 0,0400 0,0210 0,0419

0,7100 0,0700 0,1100 0,0733 0,1152

0,5000 0,2600 0,3700 0,2724 0,3877

0,3500 0,4100 0,7800 0,4296 0,8172

0,2500 2,5100 3,2900 2,6298 3,4470

0,1770 6,4400 9,7300 6,7473 10,1944

0,1250 8,1400 17,8700 8,5285 18,7228

0,0900 12,2000 30,0700 12,7822 31,5051

0,0630 14,8350 44,9050 15,5430 47,0480

0,0442 0,4800 45,3850 0,5029 47,5509

0,0312 0,7000 46,0850 0,7334 48,2844

0,0221 0,8900 46,9750 0,9325 49,2168

0,0156 3,1050 50,0800 3,2532 52,4700

0,0078 1,4350 51,5150 1,5035 53,9735

0,0039 3,5150 55,0300 3,6827 57,6562

0,0020 40,4150 95,4450 42,3438 100,0000

LAUDO DE GRANULOMETRIA

NOME DA AMOSTRA: C DATA DA ANÁLISE: 01/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

______________________ Nilza Maria dos Reis Castro

CREA RS 067929

Curva Granulométrica - C

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,00 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Abertura das Peneiras (mm)P

orc

en

tag

em

de M

ate

rial

Reti

do

(%

)

LAUDO DE GRANULOMETRIA

AMOSTRA: BT DATA DA ANÁLISE: 02/10/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

Diâmetro

(mm)

Peso

(g)

Somatório

do peso (g)

Porcentagem por fração (%)

Porcentagem acumulada (%)

0,5000 0,0700 0,0700 0,1053 0,1053

0,3550 0,0800 0,1500 0,1204 0,2257

0,2500 0,3800 0,5300 0,5719 0,7976

0,1800 1,0100 1,5400 1,5199 2,3175

0,1250 1,8400 3,3800 2,7690 5,0865

0,0900 4,1100 7,4900 6,1851 11,2716

0,0630 5,8950 13,3850 8,8713 20,1430

0,0442 1,4800 14,8650 2,2272 22,3702

0,0312 1,9350 16,8000 2,9120 25,2822

0,0221 1,6800 18,4800 2,5282 27,8104

0,0156 3,1500 21,6300 4,7404 32,5508

0,0078 1,8050 23,4350 2,7163 35,2671

0,0039 6,5950 30,0300 9,9248 45,1919

0,0020 36,4200 66,4500 54,8081 100,0000

LAUDO DE GRANULOMETRIA

NOME DA AMOSTRA: BT DATA DA ANÁLISE: 02/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

______________________ Nilza Maria dos Reis Castro

CREA RS 067929

Curva Granulométrica - BT

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,00 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Abertura das Peneiras (mm)

Po

rcen

tag

em

de M

ate

rial

Reti

do

(%)

LAUDO DE GRANULOMETRIA

AMOSTRA: B2T DATA DA ANÁLISE: 02/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

Diâmetro

(mm)

Peso

(g)

Somatório

do peso (g)

Porcentagem por fração (%)

Porcentagem acumulada (%)

1,0000 0,0200 0,0200 0,0204 0,0204

0,7100 0,2900 0,3100 0,2963 0,3167

0,5000 0,5800 0,8900 0,5925 0,9092

0,3500 0,5500 1,4400 0,5619 1,4710

0,2500 3,3800 4,8200 3,4529 4,9239

0,1770 7,6500 12,4700 7,8149 12,7388

0,1250 8,6800 21,1500 8,8671 21,6059

0,0900 12,9200 34,0700 13,1985 34,8044

0,0630 12,4900 46,5600 12,7592 47,5636

0,0442 1,5900 48,1500 1,6243 49,1879

0,0312 2,3650 50,5150 2,4160 51,6038

0,0221 1,3950 51,9100 1,4251 53,0289

0,0156 3,4950 55,4050 3,5703 56,5992

0,0078 2,5850 57,9900 2,6407 59,2400

0,0039 4,4300 62,4200 4,5255 63,7655

0,0020 35,4700 97,8900 36,2345 100,0000

LAUDO DE GRANULOMETRIA

NOME DA AMOSTRA: B2T DATA DA ANÁLISE: 02/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

______________________ Nilza Maria dos Reis Castro

CREA RS 067929

Curva Granulométrica - B2T

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,00 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Abertura das Peneiras (mm)

Po

rcen

tag

em

de M

ate

rial

Reti

do

(%

)

LAUDO DE GRANULOMETRIA

AMOSTRA: B2T DATA DA ANÁLISE: 02/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

Diâmetro

(mm)

Peso

(g)

Somatório

do peso (g)

Porcentagem por fração (%)

Porcentagem acumulada (%)

1,0000 0,0200 0,0200 0,0204 0,0204

0,7100 0,2900 0,3100 0,2963 0,3167

0,5000 0,5800 0,8900 0,5925 0,9092

0,3500 0,5500 1,4400 0,5619 1,4710

0,2500 3,3800 4,8200 3,4529 4,9239

0,1770 7,6500 12,4700 7,8149 12,7388

0,1250 8,6800 21,1500 8,8671 21,6059

0,0900 12,9200 34,0700 13,1985 34,8044

0,0630 12,4900 46,5600 12,7592 47,5636

0,0442 1,5900 48,1500 1,6243 49,1879

0,0312 2,3650 50,5150 2,4160 51,6038

0,0221 1,3950 51,9100 1,4251 53,0289

0,0156 3,4950 55,4050 3,5703 56,5992

0,0078 2,5850 57,9900 2,6407 59,2400

0,0039 4,4300 62,4200 4,5255 63,7655

0,0020 35,4700 97,8900 36,2345 100,0000

LAUDO DE GRANULOMETRIA

NOME DA AMOSTRA: B2T DATA DA ANÁLISE: 02/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

______________________ Nilza Maria dos Reis Castro

CREA RS 067929

Curva Granulométrica - B2T

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,00 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Abertura das Peneiras (mm)

Po

rcen

tag

em

de M

ate

rial

Reti

do

(%

)

LAUDO DE GRANULOMETRIA

AMOSTRA: A DATA DA ANÁLISE: 01/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

Diâmetro

(mm)

Peso

(g)

Somatório

do peso (g)

Porcentagem por fração (%)

Porcentagem acumulada (%)

1,000 0,0500 0,0500 0,0371 0,0371

0,7100 0,0570 0,1070 0,0423 0,0794

0,5000 1,0100 1,1170 0,7497 0,8292

0,3500 1,7600 2,8770 1,3065 2,1357

0,2500 6,7800 9,6570 5,0330 7,1686

0,1770 16,0500 25,7070 11,9143 19,0829

0,1250 17,7300 43,4370 13,1614 32,2443

0,0900 27,6400 71,0770 20,5178 52,7622

0,0630 26,4450 97,5220 19,6308 72,3930

0,0442 1,7150 99,2370 1,2731 73,6660

0,0312 3,0650 102,3020 2,2752 75,9413

0,0221 3,1200 105,4220 2,3161 78,2573

0,0156 5,9700 111,3920 4,4317 82,6890

0,0078 5,2700 116,6620 3,9120 86,6010

0,0039 4,0550 120,7170 3,0101 89,6112

0,0020 13,9950 134,7120 10,3888 100,0000

LAUDO DE GRANULOMETRIA

NOME DA AMOSTRA: A DATA DA ANÁLISE: 01/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

______________________ Nilza Maria dos Reis Castro

CREA RS 067929

Curva Granulométrica - A

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,00 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Abertura das Peneiras (mm)P

orc

en

tag

em

de M

ate

rial

Reti

do

(%)

LAUDO DE GRANULOMETRIA

AMOSTRA: HA DATA DA ANÁLISE: 02/12/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

Diâmetro

(mm)

Peso

(g)

Somatório

do peso (g)

Porcentagem por fração (%)

Porcentagem acumulada (%)

0,7100 0,0800 0,0800 0,0895 0,0895

0,5000 0,5500 0,6300 0,6150 0,7045

0,3550 0,5100 1,1400 0,5703 1,2747

0,2500 2,0300 3,1700 2,2699 3,5447

0,1800 6,1800 9,3500 6,9104 10,4551

0,1250 9,3500 18,7000 10,4551 20,9102

0,0900 16,5000 35,2000 18,4502 39,3604

0,0630 19,3250 54,5250 21,6091 60,9695

0,0442 2,2750 56,8000 2,5439 63,5134

0,0312 1,6750 58,4750 1,8730 65,3863

0,0221 2,1650 60,6400 2,4209 67,8072

0,0156 4,1750 64,8150 4,6685 72,4757

0,0078 4,3200 69,1350 4,8306 77,3063

0,0039 4,2650 73,4000 4,7691 82,0754

0,0020 16,0300 89,4300 17,9246 100,0000

LAUDO DE GRANULOMETRIA

NOME DA AMOSTRA: HA DATA DA ANÁLISE: 082/10/2010

MÉTODO DE ANÁLISE GRANULOMÉTRICA: Peneiragem e Pipetagem

______________________ Nilza Maria dos Reis Castro

CREA RS 067929

Curva Granulométrica - HA

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,00 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00

Abertura das Peneiras (mm)

Po

rcen

tag

em

de M

ate

rial

Reti

do

(%

)