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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS CARLOS ANTÔNIO ARAÚJO DE FREITAS GUILHERME C. DE MENDONÇA KALLIL CHAVES CASTRO MÉTODOS GERAIS DO PENSAMENTO CIENTÍFICO: INDUTIVO, DEDUTIVO E HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

CARLOS ANTÔNIO ARAÚJO DE FREITAS

GUILHERME C. DE MENDONÇA

KALLIL CHAVES CASTRO

MÉTODOS GERAIS DO PENSAMENTO CIENTÍFICO:

INDUTIVO, DEDUTIVO E HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

JERÔNIMO MONTEIRO – ES

JUNHO – 2012

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CARLOS ANTONIO ARAUJO DE FREITAS

GUILHERME C. DE MENDONÇA

KALLIL CHAVES CASTRO

MÉTODOS GERAIS DO PENSAMENTO CIENTÍFICO:

INDUTIVO, DEDUTIVO E HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

Trabalho avaliativo da disciplina de

Metodologia da Pesquisa Científica do

Programa de Pós-graduação em

Ciências Florestais do Centro de

Ciências Agrárias da Universidade

Federal do Espírito Santo.

Professor: Wendel Sandro de Paula Andrade

JERÔNIMO MONTEIRO – ES

JUNHO – 2012

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4

2. DESENVOLVIMENTO 6

2.1. MÉTODO: CONCEITO E IMPORTÂNCIA 6

2.2. MÉTODO E TÉCNICA 7

2.3. O MÉTODO INDUTIVO 8

2.3.1 As Formas da Indução 11

2.3.2 Legitimidade da indução científica 14

2.4 O MÉTODO DEDUTIVO 14

2.5 MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO 18

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 22

4. REFERÊNCIAS 23

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RESUMO

O ser humano desde sua existência, sempre teve a preocupação em descobrir e explicar a natureza e os fatos ao seu redor. O conhecimento empírico, também chamado de senso-comum, se alia aos conhecimentos religioso e filosófico, orientando-se a uma preocupação do homem com o universo. Mais tarde, inicia-se uma linha de conhecimento embasado em maiores garantias, quanto ao real, compreendendo as relações, os acontecimentos através da chamada, observação científica. A esta investigação (observação) científica, é agora uma atividade cognoscitiva, dotada de processos metodológicos, onde devem ser seguidos para se chegar a um resultado, podendo ser este de cunho científico. Desta forma, alguns autores identificam a ciência como, um método sistemático de explicar um grande número de ocorrências semelhantes, chamando-se assim de “método científico”. Dentro deste caráter do método (científico ou não), surgem os chamados “métodos indutivo, dedutivo e o hipotético-dedutivo”, no entanto, tais métodos podem ser aplicados como uma forma de roteiro não só para uma pesquisa científica, mas podem ser adotados, mesmo que inconsciente, em grande parte do nosso dia-a-dia, de forma de trilharmos o caminho do conhecimento mais tranquilo e seguro, apontando-nos de como chegarmos lá.

Palavras-chave: Método Científico; métodos Indutivo; Dedutivo e Hipotético-dedutivo

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1. INTRODUÇÃO

O processo do saber está intrinsecamente relacionado à curiosidade humana

e sua própria criatividade, razão pela qual buscamos encontrar respostas as nossas

dúvidas e mesmos a busca por melhorias as atividades realizadas.

A morte e as forças da natureza foram inicialmente os primeiros

questionamentos da humanidade, e intriga cientistas até hoje. Sobre esses dois

pilares que a curiosidade humana foi iniciada. As crendices religiosas buscaram

encontrar respostas para ambos, utilizando de explicações teologias que fugiam do

domínio humano. E por muito a verdade, e as indagações do que é e não é certo, e

tudo que não podia ser explicar se escondeu sobre o mando divino (LAKATOS;

MARCONI, 2010).

O pensamento filosófico, através da investigação racional, busca através do

estudo e compreensão dos fatos encontrar a verdade, ou o que realmente é real

dentro das leis da natureza (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Através do senso comum o pensamento filosófico foi formado, da observação

dos fatos, da tentativa e erro (CERVO; BERVIAN, 2002). No século XVI buscou se a

compreensão das razões que envolvem os fenômenos naturais, como elas

coexistem entre si, e a forma com que contribuem para a ocorrência dos fenômenos

naturais, isso tornou-se possível com a utilização do raciocínio lógico e a observação

científica (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Em suas investigações sobre os fenômenos quem envolvem a vida humana,

o homem passa a utilizar-se de ferramentas, ou instrumentos que propiciem e

facilitem seu trabalho. Estes instrumentos são forjados com diversos conceitos e

conhecimentos, e de processos metodológicos que devem ser aprendidos e

seguidos, para a obtenção dos resultados desejados (CERVO; BERVIAN, 2002).

Assim para a formação desse instrumento o pesquisador e a sociedade necessitou

desenvolver a natureza do próprio espírito científico.

Cervo e Bervian (2002) discorrem sobre as naturezas do espírito científico

com ele sendo uma união de uma mente critica, objetiva e racional que por

excelência busca através da pesquisa, a solução dos problemas enfrentados.

Assim o método científico se foca na redução dos problemas advindos da

interação do homem com seus objetos de pesquisa, que gerariam resultados

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tendenciosos. Assim além da economia gerada pela utilização do método científico,

há também a segurança que ele trás aos resultados encontrados (CERVO;

BERVIAN, 2002).

Evidentemente que, o método não substitui o talento ou inteligência do

cientista, e nem possui virtudes milagrosas, mas o método é apenas um conjunto

ordenado de procedimentos que se mostraram eficientes ao longo da história, na

busca do saber. O método científico é, pois, um instrumento de trabalho, onde o

resultado depende do seu usuário.

Existem autores que identificam a ciência com o método, entendido este com

um método sistemático de explicar um grande número de ocorrências semelhantes

(CERVO; BERVIAN, 2002, p. 23-24) podendo-se assim chamar de “método

científico”.

O método científico apresenta um conjunto de etapas, tais como, a

observação e coleta de dados, a hipótese que procura explicar provisoriamente as

observações, a experimentação (método experimental), a indução da lei que fornece

a explicação, e a teoria que insere o assunto tratado num contexto mais amplo.

O método científico aproveita ainda a análise, a comparação e a síntese, os

processos mentais da dedução e indução, nos quais esses, são comuns a todo tipo

de investigação, quer experimental, quer racional.

Todo método dependo do objetivo de investigação, por isso o método racional

é a observação da própria realidade, e a aceitação de certas proposições evidentes,

princípios ou axiomas, para em seguida prosseguir por processos de dedução ou

indução, em virtudes das exigências unicamente lógicas e racionais.

Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 31) “A indução e a dedução, são antes de

mais nada, formas de raciocínio ou de argumentação e, como tais, são formas de

reflexão, e não de simples pensamento.”

Mediante o exposto, esta pesquisa tem como objetivo geral, descrever o

método indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo, como uma das formas de trabalho a

ser adotado pelo cientista em sua pesquisa científica; e dentre os objetivos

específicos, conceituar e caracterizar o método científico como forma de trabalho e

sua importância para a ciência; diferenciar método de técnica, seja científica ou não;

e demonstrar a importância do método indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo de

ser aplicado em um trabalho científico.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 MÉTODO: CONCEITO E IMPORTÂNCIA

A sistematização do método se deu muito depois do homem passar a realizar

suas atividades de forma metodológica. Viver, se relacionar, raciocinar, e as outras

atividades humanas foram inicialmente realizadas, para só então ser estudado e

caminho realização para tal atividade. Sendo assim o homem primeiro ágil

cientificamente, obteve resultados bons e ruins, e só então analisou o caminho que o

levou ao sucesso (RUIZ, 2010).

Método, do grego: metá, “através de”, e hodós, “caminho”, ou o “caminho a

seguir”. Definido na ciência como um conjunto sistêmico de procedimento racional

que busca na regularidade e repetição de fatos, o encontro com a verdade, seu

objeto de estudo. O método científico ordena o pensamento, propicia a economia de

tempo e inibe a dispersão, demonstra os erros e auxilia na decisão dos cientistas

(RODRIGUES, 2006; LAKATOS; MARCONI, 2010).

Por sua vez o método científico não é utilizado exclusivamente pela ciência e

para a ciência, podendo ser encontrados em diversas áreas do conhecimento

humano, e das atividades desempenhadas, entretanto não existe ciência sem o

método científico (LAKATOS; MARCONI, 2010).

O método deve ser encarado com uma ferramenta de trabalho, ajudando o

cientista a encontrar suas respostas, mas não deve ser visto como a única forma de

avanço científico, pois desta maneira descartaríamos o talento natural do

pesquisador e as descobertas ao acaso. Sendo assim necessária a curiosidade

científica aliada a um bom método (RUIZ, 2010).

Pode se então afirmar que através do método a pesquisa pode ser

considerada adequada gerando conclusões respaldadas (NAGEL, 1978, apud RUIZ,

2010).

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2.2 MÉTODO E TÉCNICA

É natural que aja confusão quando se fala sobre método e técnica durante a

elaboração dos trabalhos científicos, entretanto são duas coisas bem distintas, mas

que apresentam se juntas.

Em sentido amplo, pode-se dizer que todas as atividades podem ser executadas de alguma forma mais segura, mais econômica, mais perfeita. O roteiro desta ação mais perfeita é sua técnica [...] Reserva-se a palavra “método” para significar o traçado das etapas fundamentais da pesquisa, enquanto a palavra “técnica” significa os diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método (RUIZ, 2010, P. 139).

A técnica é a instrumentação específica da ação, e que o método é mais

geral. Por isso, dentro das linhas gerais e estáveis do método, as técnicas variam

muito e se alteram e progridem de acordo com o progresso tecnológico (RUIZ,

2010).

“Método entende-se o dispositivo ordenado, o procedimento sistemático, em

plano geral” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 25).

Os procedimentos metodológicos específicos da cada área da ciência,

utilizados para a realização da experimentação, coleta de dados, análises dos

dados, são considerados técnicas. Essas técnicas devem ser realizadas de forma

correta, tendo o pesquisador deve ter domínio das mesmas (CERVO; BERVIAN,

2002).

O conjunto dessas técnicas gerais constitui o método. Portanto,

métodos são técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos

comuns a uma área das ciências ou todas as ciências.

Existe, pois, um método idêntico para todas as ciências, que

compreende um certo número de procedimentos científicos, levados a efeito em

qualquer tipo de pesquisa. Estes procedimentos foram descritos por Cervo e Bervian

(2002, p. 27) podem ser descritos da seguinte maneira:

a) formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;b) efetuar observações e medidas;

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c) registrar cuidadosamente quanto possível os dados observados com o intuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;d) elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações ou com as respostas resultantes;e) generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvam condições similares; a generalizações é tarefa de processo chamado indução;f) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certa condições, é de se esperar que surjam certas relações.

Entretanto, o método pode e deve ser adaptado às diversas ciências, à

medida que a investigação de seu objeto impõe ao pesquisador, lançar mão de

técnicas especializadas (CERVO; BERVIAN, 2002).

2.3 O MÉTODO INDUTIVO

Para cada ciência existe o seu método, porém, de modo geral a ciência se

divide pela direções chamada “ascendente” e “descendente” do pensamento. A

primeira, própria do método racional, é chamado de método dedutivo, e a segunda é

própria do método experimental, o chamado método indutivo.

Segundo Ruiz (2010, p.139), a indução é um processo inverso da dedução,

ou seja, a dedução parte de enunciados mais gerais para chegar a conclusão menos

geral, já a indução caminha do registro de fatos menos gerais para chegar a

conclusão desdobrada ou ampliada em enunciado mais geral, como nestes

exemplos abaixo, demonstrado pelo autor:

Este pedaço de fio de cobre conduz energia.Este segundo e este terceiro pedaços de fio de cobre conduzem energia.

Fio de cobre (todo) conduz energia.Cobre conduz energia.Ouro conduz energiaFerro conduz energia

Todo metal conduz energia

Segundo Ruiz (2010, p.139-140), é muito comum o uso do raciocínio indutivo;

a partir da observação de alguns fatos, a mente humana tende a tirar conclusões

gerais. No caso, dos dois exemplos acima, podemos observar que, a extensão da

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conclusão é generalizada pelo universalizante “todo”, enquanto o antecedente

enumera “alguns” casos verificados.

A indução é um processo mental intermediário do qual, partindo de dados

particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal,

não contidas nas partes examinadas. Portanto, o objetivo, dos argumentos indutivos

é levar a conclusões cujo o conteúdo é muito mais amplo do que as premissas nas

quais se basearam(LAKATOS; MARCONI, 2010, p.68).

Uma característica que não pode deixar de ser assinalada, é que segundo

Cervo e Bervian (1978, apud LAKATOS; MARCONI, 2010, p.68) afirmam que:

“as premissas de um argumento indutivo correto sustentam ou atribuem certa verossimilhança à sua conclusão. Assim, quando as premissas são verdadeiras, o melhor que se pode dizer é que a sua conclusão é, provavelmente, verdadeira”.

Lakatos e Marconi (2010, p. 68), cita os exemplos em seguida para se

entender melhor:

O corvo 1 é negro.O corvo 2 é negro.O corvo 3 é negro.O corvo n é negro.(todo) corvo é negro.

Cobre conduz energia.Zinco conduz energia.Cobalto conduz energiaOra, cobre, zinco e cobalto são metais.

Logo, (todo) metal conduz energia.

Conforme estes exemplos acima, Lakatos e Marconi (2010, p.68-69) afirma

que:

[...] podemos tirar uma série de conclusões quanto ao método indutivo:a) de premissas que encerram informações acerca de casos ou acontecimentos observados, passa-se para uma conclusão que contém informações sobre casos ou acontecimentos não observados;b) passa-se pelo raciocínio, dos indícios percebidos, a uma realidade desconhecida por eles revelada;c) o caminho de passagem vai do especial ao mais geral;d) a extensão dos antecedentes é menor do que a da conclusão, que é generalizada pelo universalizante “todo”, ao passo que os antecedentes enumerados apenas “alguns” casos verificados;e) quando descoberta uma relação constante entre duas propriedades ou dois fenômenos, passa-se dessa descoberta à afirmação de uma relação

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essencial e, em consequência, universal e necessária, entre essas propriedades ou fenômenos.

Segundo Lakatos e Marconi (2010, p.69), a indução, realiza-se em três

etapas:

a) “observação dos fenômenos;

b) descoberta da relação entre eles;

c) generalização da relação.”

Como exemplo, Lakatos e Marconi (2010, p.69) cita:

Pedro, João....são mortais.Ora, Pedro, José, João....são homensLogo, (todos) os homens são mortais.ou,O homem Pedro é mortal.O homem José é mortal.O homem João é mortal.

.......(Todo) homem é mortal.

Lakatos e Marconi (2010, p.70), afirma que, três etapas são impostas para

que se orientem o trabalho da indução, de forma assim, não se cometer equívocos:

a) certificar de que é verdadeiramente essencial a relação que se pretende generalizar;b) assegurar-se de sejam idênticos os fenômenos ou fatos dos quais se pretende generalizar uma relação;c) não perder de vista o aspecto quantitativo dos fatos ou fenômenos (tratamento matemático e estatístico).

Segundo Nérici (1978, apud LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 70), estas fases

e as regras do método indutivo repousam em “leis” (determinismo) observadas na

natureza, segundo as quais:

a) “nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos”;b) “o que é verdade de muitas partes suficientemente enumeradas de um sujeito, é verdade para todo esse sujeito universal”

2.3.1 As Formas da Indução

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Segundo Lakatos e Marconi (2010), o método da indução apresenta duas

formas:

a) Indução formal ou completa: estabelecida por Aristóteles, onde nesse

tipo de indução, não há propriamente uma inferência, mas uma simples substituição

de uma coleção de termos particulares por um termo equivalente. Esse processo é

indutivo apenas na forma, visto que realmente passa dele para ele mesmo por ser a

soma das partes igual ao todo. Esse é o motivo por que a indução formal é pouco

usada (CERVO; BERVIAN, 2002). Essa espécie de indução não leva a novos

conhecimentos, é estéril, não passando de um processo de colecionar coisas já

conhecidas e, portanto, não tem influência para o progresso da ciência.

b) Incompleta ou científica, criada por Galileu e aperfeiçoada por Francis

Bacon. Esta forma, não deriva de seus elementos inferiores, enumerados ou

provados pela experiência, mas permite induzir, apenas de alguns casos

adequadamente observados, e às vezes de uma só observação, aquilo que se pode

dizer (afirmar ou negar) dos restantes da mesma categoria. Portanto, a indução

científica fundamenta-se na causa ou na lei que rege o fenômeno ou fato,

constatada em um número significativo de casos (um ou mais) mas não em todos.

Temos como exemplo, segundo Lakatos e Marconi (2010, p.71):

Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão não tem brilho próprio.

Ora, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão são planetas.

Logo, todos os planetas não tem brilho.

Coren e Nagel (1971, apud LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 71), registram

uma indagação de Stuart Mill:

“Por que alguns casos é suficiente um só exemplo para realizar uma indução perfeita, enquanto em outros, milhares de exemplos coincidentes, acerca dos quais não se conhece ou se presume uma só exceção, contribuem muito pouco para estabelecer uma proposição universal?

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No entanto, estes mesmos autores respondem a esta indagação assinalando

que,“se bem que nunca podemos estar completamente seguros de que um caso verificado seja uma amostra imparcial de todos os casos possíveis, em algumas circunstâncias a probabilidade de que isto seja verdade é muito alta. Tal acontece quando o objeto de investigação é homogêneo em certos aspectos importantes. Porém, em ocasiões, torna-se desnecessário repetir um grande número de vezes o experimento confirmatório de generalização, pois, se o caso verificado é representativo de todos os casos possíveis, todos eles são igualmente bons. Dois casos que não diferem em sua natureza representativa contam simplesmente como um só caso” (COREN; NAGEL, 1971, apud LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 71).

Segundo Lakatos e Marconi (2010, p.72), a indução incompleta apresenta as

seguintes regras:a) os casos particulares devem ser provados e experimentados na quantidade suficiente (e necessária) para que possamos dizer (ou negar) tudo o que será legitimamente afirmado sobre a espécie, gênero, etc;b) com a finalidade de poder afirmar, com certeza, que a própria natureza da coisa (fato ou fenômeno) é que provoca a sua propriedade (ou ação), além de grande quantidade de observações e experiências, é também necessário analisar as variações provocadas por outras circunstâncias. Se diante disso, a propriedade, a ação, o fato ou fenômeno continuarem a se manifestar da mesma forma, é muito provável que a sua causa seja a própria natureza da coisa (fato ou fenômeno).

Segundo Souza et al. (1976, apud LAKATOS; MARCONI, 2010, p.72), a força

indutiva tem como justificativa os seguintes princípios:

a) “quanto maior a amostra, maior a força indutiva do argumento;

b) Quanto mais representativa a amostra, maior a força indutiva do

argumento.”

Desta forma, Lakatos e Marconi (2010, p. 72-73) afirma que, a amostra é um

fator importante para a força indutiva, porém devemos examinar alguns casos em

que problemas de amostra interferem na inferência:

a) Amostra insuficiente: ocorre quando a generalização indutiva é feita à

partir de dados insuficientes para sustentar a generalização.

b) Amostra tendenciosa: ocorre quando uma estatística tendenciosa a

uma generalização indutiva se baseia na amostra não representativa da população.

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Segundo Ruiz (2010, p.140), além das induções Formal e Científica, ele

afirma que:tem o que se chama de “indução Vulgar”, onde a tendência do homem é generalizar propriedades, características ou qualidades comuns, a partir de alguns casos observados superficialmente. Entretanto, como não há critérios científicos para o controle dos casos observados, a indução vulgar induz facilmente ao erro.

Francis Bacon foi quem popularizou o conceito de indução científica, ela é o

raciocínio pelo qual se chega à conclusão de alguns casos observados a partir da

espécie que os compreende e a lei geral que os rege. Essa indução é a alma das

ciências experimentais. Sem ela a ciência não seria outra coisa senão um repositório

de observação sem alcance.

2.3.2 Legitimidade da indução científica

Na indução, todas as proposições do antecedente podem ser verdadeiras,

sem que a conclusão o seja. No caso da indução científica, a extensão da conclusão

ultrapassa a extensão dos casos enumerados no antecedente.

Pergunta-se, como justificar a generalização de um enunciado aplicável a

todos os casos quando se observaram apenas alguns? Deve haver algum princípio

racional que justifique a validade da indução, e este princípio não pode ser subjetivo,

mas objeto, embora de estrita exigência lógica.

Entendemos a relação da causalidade entre dois fenômenos, ou a relação de

coexistência de duas ou mais formas no mesmo composto, fundamenta-se na

uniformidade, constância e determinismo da natureza e de seus processos de

atuação. Se a natureza não fosse suficientemente uniforme,

2.4 O MÉTODO DEDUTIVO

O método dedutivo é o símbolo do racionalismo moderno e desde a época de

Aristóteles, é considerado o procedimento ideal da ciência, na medida em que a

dedução lógica é aceita como a forma de explicação cientifica (JUNG, 2003;

FERRARI, 1982).

Segundo Santos (2008, apud RODRIGUES; FERRONATO, 2010, n.p.):

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o método dedutivo, tem bases nos pensadores racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, tendo como pressuposto que apenas a razão pode conduzir ao conhecimento verdadeiro. Ele parte de princípios tidos como verdadeiros e inquestionáveis (premissa maior), para assim o pesquisador estabelecer relações com uma proposição particular (premissa menor) e, a partir do raciocínio lógico, chegar à verdade daquilo que propõe (conclusão).

Para Ferrari (1982) e Jung (2003), René Descartes, em Discurso do Método,

estabeleceu quatro regras fundamentais para a edificação do conhecimento, sendo:

1) Da evidência, em que nunca se deve aceitar como verdadeiro, nada

que não se conheça como evidente. Para tanto se deve evitar todas as prevenções,

conjuntos de preconceitos e precipitações, analisando o problema ou fato

simplesmente como se apresenta;

2) Da análise, dividir cada uma das etapas que serão examinadas em

tantas parcelas quantas for possível e necessária para melhor compreendê-las, ou

seja, é necessário que seja feito o fracionamento do problema;

3) Da ordem (ou síntese), conduzir de forma ordenada o pensamento, a

começar pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos para subir

então, ao conhecimento dos mais complexos, supondo certa ordem mesmo entre os

que não se precedem naturalmente uns aos outros. Deve-se distinguir os problemas

mais simples (independentes e absolutos) dos problemas mais complexos

(condicionados ou relativos). É importante comparar os problemas de mesma ordem

e grandeza, e por último;

4) Da enumeração, selecionar exclusivamente o que for necessário e

suficiente para a solução do problema. Descobrir, medir, analisar, aperfeiçoar,

decidir, observar os resultados, utilizando apenas os dados ou parâmetro

necessários a resolução do problema.

Segundo Ferrari (1982) uma crítica ao método cartesiano é realizada por

Leibniz, quando esse afirma que as regras enunciadas não indicam quais os meios

de observar, de forma que o método deve, não somente permitir evitar o erro, como

também fornecer o meio de descobrir a verdade.

Ainda para este autor, o ponto de partida é a premissa inicial que possui valor

universal (pelo menos assim se espera) chegando à firmação particular contido na

premissa. Uma definição simplista e aceita para este método é: “método dedutivo é

aquele que vai do conhecimento geral para o particular” (FERRARI, 1982, p. 31).

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Ferrari (1982), explicando o método dedutivo observa que a dedução se

baseia nas relações lógicas, as quais se estabelecem para deduzir um

conhecimento que não é imediato (conhecimento mediato). Este conhecimento

mediato é obtido por uma dedução de uma proposição antecedente de caráter

universal. No processo de concluir é importante observar: os enunciados admitidos

como corretos e uma regra que permita reconhecer outro como tal, á luz do primeiro.

Os enunciados supostos constituem as “premissas” e o enunciado deduzido

denomina-se “conclusão”. O procedimento em que se formulam as premissas e as

regras de conclusão denomina-se “demonstração”.

O mesmo autor conclui então que deduzir é, portanto, um procedimento

orientado que significa passar de uma proposição de determinado valor a uma outra,

cujo valor é também determinado e que depende do valor da anterior. Pelo método

dedutivo, quando se conclui, nota-se que o enunciado suposto é um produto lógico

de pelo menos dois enunciados antecedentes. Para se chegar às conclusões é

necessário utilizar regras e leis. A regra diz o que se pode fazer para concluir e a lei,

o que é. Configurando-se assim o sistema axiomático moderno (FERRARI, 1982).

Geisler e Feinberg (1996) citam um conjunto de seis regras que além de

ajudar na formulação de argumentos válidos, evitam que as conclusões possam ser

invalidadas ou que o raciocínio incorra em falácias. São elas:

1. Em um silogismo categórico válido deve haver somente três termos, sendo

que todos os três devem ser coerentes. Qualquer silogismo com mais de três termos

é inválido, e diz-se que incorreu na “Falácia dos Quatro Termos”.

2. O termo central deve estar presente nas premissas. Qualquer silogismo

que viola esta regra comete a chamada “Falácia do Meio Não Distribuído”.

3. Nenhum termo pode estar presente na conclusão se não estiver também

presente nas premissas. Esta falácia pode ser de dois tipos. Quando o termo estiver

presente somente na premissa universal, a falácia é chamada de “Falácia da

Premissa Principal Ilícita”, porém quando estiver somente na segunda premissa, ou

a menor, é chamada de a “Falácia da Premissa Menor Ilícita.”

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4. Nenhum silogismo categórico é válido quando tem duas premissas

negativas. O raciocínio lógico que quebrar esta regra incorre na Falácia das

Premissas Exclusivas.

5. Se uma premissa de um raciocínio dedutivo é negativa, a conclusão deve

ser então negativa. Embora existam, são muito raros os argumentos que possam

quebrar esta premissa. Diz-se nestes casos que um silogismo nesta situação

comete a “Falácia de Tirar uma Conclusão Afirmativa de uma Premissa Negativa”.

6. Nenhum raciocínio dedutivo ou categórico válido que chegue a uma

conclusão particular pode ter saído de duas premissas universais. A violação desta

regra é chamada de “Falácia Existencial”.

O método dedutivo propõe resolver problemas justificando o contexto da

descoberta através da própria razão. Ao ser identificado o problema, o pesquisador

começa a conjecturar sobre possíveis soluções que poderiam explicá-lo. Inicia a

dedução sobre o problema maior para chegar a conclusões particulares (JUNG,

2003).

Dessa forma, o método dedutivo é comumente definido como um conjunto de

proposições particulares contidas em verdades universais. (FERRARI, 1982).

As premissas é que definem a conclusão. Assim, a conclusão de um

argumento dedutivo será válido ou não válido a depender das premissas que podem

ser verdadeiras ou falsas. Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão será

válida. Se as premissas forem falsas a conclusão será não válida. Argumentos que

dedutivamente são válidos sustentam-se firmemente, simplesmente em função de

sua veracidade. (GEISLER; FEINBERG, 1996)

Como exemplo de um raciocínio que utiliza o método dedutivo na área

florestal poderíamos citar:

1. Todas as árvores produzem frutos premissa universal

2. Peroba é uma árvore premissa menor

3. Logo, Peroba produz frutos conclusão

Apesar da aparente simplicidade do raciocínio dedutivo ou lógico acima, ele

pode ter muitas fontes de erros. Na premissa universal é necessário que se conheça

com clareza o que define o conjunto “árvore” e o conjunto “frutos” e a partir destes

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conhecimentos ter a confiança de que a premissa é verdadeira. O conhecimento das

características que definem uma árvore e das características do elemento analisado

(Peroba) permitiriam chegar a premissa menor. Assim como na premissa maior,

estes conhecimentos, necessários para o estabelecimento da premissa menor

devem ser isentos de dúvidas.

Assim, percebe-se que por mais simples que seja o raciocínio dedutivo em

questão, a certeza da veracidade das premissas pode ser um problema a ser

enfrentado pelo pesquisador.

Rodrigues e Ferronato (2010, n.p) afirmam que o método indutivo e o método

dedutivo possuem diferentes finalidades, uma vez que:[...] o dedutivo busca explicar o conteúdo das premissas, enquanto o indutivo procura ampliar os alcances do conhecimento. Os argumentos indutivos aumentam o conteúdo das premissas, com sacrifício da precisão, ao passo que os argumentos dedutivos sacrificam a ampliação do conteúdo para atingir a “certeza”.

O método dedutivo demonstra ser para a ciência, uma certeza dos

fatos (diversos) que se conhecem, de forma a validar a sua conclusão, não

permitindo que as premissas sejam falsas, porque se assim forem, não se pode

validar sua conclusão.

Torna-se claro que, a ciência apresenta uma linha de raciocínio dotado

de premissas com argumentos dedutivos e indutivos, e que assim permitem, a

ciência avançar. No entanto, o método indutivo, torna-se o prevalente no

pensamento científico, desta forma, surge o método hipotético-dedutivo, onde este

aponta uma criticidade a esta prevalência.

2.5 MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

Segundo Köche (2011), a partir da ciência contemporânea, o processo de

conhecer passou a ser através do questionamento sobre o conhecimento já

existente. Devendo-se identificar das dúvidas sobre as teorias já existentes.

O método hipotético-dedutivo teve suas raízes no pensamento de Réne

Descartes (1596-1650), que estabeleceu um método baseado na matemática e na

razão. Afirmou que “a ideia que existe em mim” permite deduzir que, mesmo sendo

concebida como inata, a ideia permite a elaboração de novas idéias pelo exercício

do método.

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Justifica que em primeiro lugar, a inexistência de autoridade sobre a razão e

sua plena independência, então se justifica o método como racionalista, pois o

mesmo independe dos sentidos que o turvam, somente da razão advêm a clareza

do pensamento pela percepção da intuição. A dedução por sua vez se utiliza da

razão simplista, através de fenômenos de natureza simples (VERGEZ; HUSISMAN,

1984, apud RODRIGUES; FERRONATO, 2010).

Inicia-se então, algumas explanações que argumentam os dados citados

acima. O que seria o método hipotético-dedutivo, em primeira ordem tem-se Karl

Popper (1975), a partir de uma crítica profunda ao indutismo (apud, RODRIGUES;

FERRONATO, 2010).

O método hipotético-dedutivo segundo Rodrigues (2006) foi definido por Karl

Popper (1902-1994) em publicação feita 1935, “A lógica da pesquisa cientifica”, que

só ficou mundialmente conhecida em 1959. Nessa publicação teria sido formulada

da noção de falseabilidade (ou refutabilidade).

Popper observando a dificuldade de confirmação afirmativa das teorias,

propondo sua troca pela verificação negativa. A falseabilidade permite através do

teste das teorias cientificas, uma maior veracidade dos fatos, e assim uma possível

aproximação da verdade (195_, apud RODRIGUES, 2006; MAGALHÃES, 2006).

Seu uso permite identificar os erros das da hipótese para posterior correção. Ela não imuniza a hipótese contra a rejeição, mas ao contrário, oferece todas as condições para, se não for correta, que seja refutada. E é esse critério que segundo Popper, o da falseabilidade, que deve demarcar a ciência da não-ciência e que oferece maior segurança para os resultados alcançados. Se uma hipótese for falseável, será considerada científica. Para que haja a falseabilidade deve-se oferecer condições de falseabilidade, intersubjetivas, explicando-se os falseadores potenciais, isto é, quais os possíveis resultados que podem ser incompatíveis com a hipótese formulada (KÖCHE, 2011, p.74)

O método gerado por Popper, não satisfaz totalmente o meio científico, pois

ele age de forma contrária aos métodos comumente usados. Nenhum cientista quer

negar suas hipóteses, ou falsear seu próprio trabalho, normalmente isso ocorre por

atitudes de terceiros (MAGALHÃES, 2006).

Ao aceitar-se uma teoria, ela não pode ser considerada verdadeira, mas sim

ainda não falseada, ou confirmada provisoriamente. Assim, o método hipotético-

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dedutivo é um método lógico por excelência, relacionado com a experimentação e

usado na área de ciências naturais das ciências naturais (RODRIGUES, 2006)

Para Popper, uma teoria para ser científica, deve permitir que sua hipótese

seja provada. Quanto mais risco uma hipótese sofre durante o seu teste, maior seria

sua credibilidade. Logo uma hipótese que não pode ser falseada (testada

negativamente) não seria cientifica, por outro lado mesmo uma hipótese sendo

testada, e outrora refutada continua sendo científica, pois se mostrou testável

(MAGALHÃES, 2006).

A ciência jamais atinge a verdade absoluta. E assim ela mesma evolui,

substituindo antigas teorias por novas com mais corretas, sem os erros das que as

precedem (POPPER, 1975, apud MAGALHÃES, 2006).

No entanto, não é isso que ocorre na prática. Existem teorias e hipóteses que

mesmo refutadas continuam sendo aceitas pelo meio científico. São assim

chamadas de “Recalcitrantes”. Há então a necessidade do confronto não somente

com um único teste, para avaliar sua base empírica, mas também o confronto com

outras hipóteses, a fim de descobrir o qual abrangente em suas proposições

(KÖCHE, 2011).

Para Popper (1934) citado por Costa (2011), não há interesse em te se testa

veracidade de hipóteses, pois não se busca na ciência a verdade absoluta. Assim a

ciência pode evoluir, seguindo uma concepção indutivista:

1) observação;

2) generalização indutiva para atingir leis e teorias;

3) confirmação das generalizações;

mas seguindo a seguinte ordem:

1 )a co locação  de  um prob lema;

2)a apresentação de propostas como soluções para o problema em

pauta;

3)a tentativa de refutar as teorias propostas.

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Esta terceira etapa do progresso científico segundo Popper, remete ao

aspecto mais marcante de sua epistemologia: o princípio de falsificabilidade.

Segundo Popper, quando uma teoria é refutada, a nova teoria deve ser

obrigatoriamente capaz de explicar todos os fatos que corroboravam a teoria

refutada, além dos novos fatos que refutaram a antiga teoria. Esta antiga teoria pode

então sobreviver como um caso particular da nova teoria. No entanto, é importante

saber que, uma teoria refutada pela experiência não necessariamente se mostra

falsa por completo.

Ele afirma que o método empírico, que é o que caracteriza a ciência, expõe, o

máximo possível, à falsificação qualquer sistema teórico a ser testado, isto é, a

finalidade do método é a de selecionar os melhores sistemas, ou seja, aqueles

sistemas que mais e melhor resistem aos testes. Disso advém que um sistema

teórico tanto mais carrega em si informações positivas quanto mais proíbem, ou

seja, quanto mais ele determina condições nas quais ele se mostra inválido, criando,

dessa forma, mais falsificadores potenciais e expondo-se tanto mais abertamente a

falsificação (COSTA, 2011).

O falsificacionismo popperiano exerceu tal influência sobre a concepção

contemporânea de ciência, que muitos dos grandes divulgadores da ciência o

utilizaram para melhor definir a ciência.

Dentre eles, Carl Sagan.(1996, apud COSTA, 2011, p. 5-6) afirma que

“A ciência prospera com seus erros, eliminando-os um a um. Conclusões falsas são tiradas todo o tempo, mas elas constituem tentativas. As hipóteses são formuladas de modo a poderem ser refutadas. Uma sequência de hipóteses alternativas é confrontada com o experimento e a observação. A ciência tateia e cambaleia em busca de melhor compreensão” (SAGAN, 1996).

Japiassu e Marcondes (1990, apud RODRIGUES e FERRONATO, 2010,

n.p.), afirmam que:“é aquela do qual se constrói uma teoria que formula hipóteses a partir das quais os resultados obtidos podem ser deduzidos com base nas quais se podem fazer previsões que, por sua vez, podem ser confirmadas ou refutadas”

Porém, de acordo com Kaplan (1972), citado por Rodrigues e Ferronato,

(2010, n.p.):

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[...] o cientista, através de uma combinação de observações cuidadosa, hábeis antecipação e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as conseqüências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessários por outros e assim prossegue.

Assim, Kaplan organiza etapas que podem ajudar na interpretação do

método:

Problema→Conjecturas(hipóteses)→Dedução

Consequências e Observação

→Tentativa de falseamento→Corroboração.

 

Explicando esses indicadores, argumenta-se que, para tentar explicar a

dificuldade expressa no problema, são formulados conjecturas e hipóteses. Das

hipóteses formuladas, deduzem-se consequências, que deverão ser testadas ou

falseadas. Falsear significa tentar tonar falsas consequências deduzidas das

hipóteses. Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo confirmar a

hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram se evidências

empíricas para derrubá-las. Quando não se consegue demonstrar qualquer caso

capaz de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que não excede o nível do

provisório. De acordo com Popper, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos

os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá

surgir um fato que a invalide.

Diante disto, o método hipotético-dedutivo passa por fases certas e não

discutíveis, com a ideia de um problema, onde se parte para a observação

cuidadosa, elaboram-se então hábeis antecipações a partir de uma intuição

científica (hipóteses), e em seguida, se fazem a dedução das consequências na

forma de proposições passíveis de testes, de forma que, quando não se consegue

mostrar o que pode falsear a hipótese, tem-se uma corroboração ao fato, de forma a

ocorrer um salto no conhecimento científico (RODRIGUES; FERRONATO, 2010).

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, podemos concluir que, o ser humano desde sua

existência, sempre teve a preocupação em buscar o conhecimento das coisas ao

seu redor, como uma forma de entender e explicar os fatos à qual ele convive.

Dentro dessa conjectura, se percebeu que, para uma melhor compreensão desses

fatos, se faz necessário adotar uma metodologia, de forma sistemática, aplicada a

situação em que este se encontra, encarando de forma real, determinando assim o

que chamamos de “método científico”.

Dessa forma, podemos dizer que o homem agora produz ciência, ou seja, seu

conhecimento está embasado através de uma atividade cognoscitiva, e dotada de

processos metodológicos. Nesse contexto metodológico, surgem os métodos

indutivos, onde este se estabelece de premissas menores formando uma maior

(também chamado de método ascendente), os métodos dedutivos, que atuam de

forma inversa ao anterior, ou seja, premissas maiores são confirmadas por menores

(também chamado de método descendente) e o hipotético-dedutivo, onde as

premissas (hipóteses), são constantemente refutadas (princípio da falsificabilidade),

permanecendo apenas aquelas que não podem ser falseadas.

No entanto, há de convir que, não há uma maneira única de raciocínio diante

da complexidade em que a ciência se depara. É muito importante se valer de

empregar mais de um método, ampliando assim a possibilidade de uma melhor

análise e solução dos problemas a serem estudados e resolvidos. De qualquer

forma, é necessário se ter em mente que, um método só vai se justificar, na medida

em que ele vai nos permitindo melhor conhecer o assunto (tema) que nos

propusemos resolver (estudar).

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4. REFERÊNCIAS

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COSTA, R. V. G. Karl Popper : epistemologia e principais obras. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/55769217/Karl-Popper> Acesso em: 25 maio 2012

FERRARI, A. T. Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982. 318 p.

GEISLER, N. L.; FEINBERG, P. D. Introdução à Filosofia: uma Perspectiva Cristã. São Paulo: Vida Nova, 1996. 352 p. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/filosofia/filosofia_geisler_feinberg.pdf>. Acesso em 24 maio 2012.

JUNG, C. F. Metodologia Científica: Ênfase em Pesquisa Tecnológica. 2003. 357 slides. Disponível em: <http://www.mecanica.ufrgs.br/promec/alunos/download/metodolo.pdf>. Acesso em: 20 maio 2012. Apresentação em Power-Point.

KÖCHE, J. C. Fundamentos da metodologia científica. 29 ed. Petrópolis: Vozes, 2011. 182 p.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 6 ed. São Paulo : Atlas, 2010. 315 p.

MAGALHÃES, G. Introdução à metodologia da pesquisa: caminhos da ciência e tecnologia. São Paulo: Ática, 2006. 263 p.

RODRIGUES, A. C.; FERRONATO, M.Z. Breve discussão sobre os métodos científico, dedutivo, indutivo e hipotético-dedutivo.. Disponível em: <http://www.partes.com.br/reflexao/sobremetodos.asp> Acesso em:25/05/2012.

RODRIGUES, A. de J. Metodologia Científica: completo e essencial para a vida universitária. São Paulo: Avercamp, 2006. 222 p.

RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2010.180 p.