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1 FILOSOFIA Cássio 01. (UFU-2016) Leia o enunciado abaixo: [...] esforçar-me-ei por mostrar de que maneira os homens podem vir a ter uma propriedade em diversas partes daquilo que Deus deu em comum à humanidade, e isso sem nenhum pacto expresso por parte de todos os membros da comunidade. LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo. Tradução de Julio Fisher. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 406.– grifo do autor. Assinale a alternativa que apresenta o fundamento natural da propriedade privada segundo Locke. A) A propriedade privada surgiu com o pacto de consentimen- to em que alguns abdicam da posse do que é comum, dando-o como bem de um indivíduo pelo seu mérito. B) A propriedade privada é antes de tudo uma dadiva divina que alguns obtêm e outros não, por isso não resulta do trabalho do indivíduo e sim da bondade de Deus. C) O fundamento da propriedade privada é o poder estatal que, em última instância, é o verdadeiro proprietário, e que no uso de seu poder redistribui o bem público. D) O fundamento da propriedade privada consiste essencial- mente na propriedade de si mesmo; cada pessoa tem como direito inalienável a propriedade de si mesma. 02. (UFU-2016) [...] e noto aqui que o pensamento é um atributo que me per- tence. Só ele não pode ser desprendido de mim. Eu sou, eu existo. Isto é certo; mas por quanto tempo? A saber, durante o tempo em que penso; pois talvez pudesse ocorrer, se eu ces- sasse de pensar, que cessasse ao mesmo tempo de existir. DESCARTES, R. Meditações metafísicas. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 46 – grifos do autor. Assinale a alternativa que justifica o pensamento como a ver - dade primeira da filosofia de Descartes. A) O pensamento depende do corpo e dos sentidos do cor- po, pois, sem a materialidade corporal, o pensamento é impotente e inexpressivo. B) O pensamento é a certeza indubitável, pois a dúvida e o engano não são situações capazes de negar a condição inata do pensamento. C) O pensamento não pode ser intuído, por isso a sua veracidade depende da subordinação do ser às verda- des da fé. D) O pensamento é algo misterioso e só pode ser admitido como algo desconhecido, e mesmo assim é o fundamen- to da verdade. 03. (UFU-2016) O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada. HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Alex. In: BERKELY, G.; HUME, D. Berkeley, Hume. São Paulo: Nova Cultural, 1989. p. 55-145. p. 69. Coleção Os Pensadores. A frase de Hume sintetiza uma tese da sua teoria do conhecimento. A posição sustentada pelo filósofo A) somente reafirma o realismo de John Locke, que conside- ra unicamente a experiência como fundamento da auto- nomia do entendimento. B) adere ao cartesianismo, para dizer que as represen- tações da razão sempre são anteriores à experiência sensível e critério de verdade desta. C) afirma a precedência da impressão sensível para a produ- ção de ideias, com as quais o entendimento humano alcança a sua autonomia. D) defende a noção de causalidade como o fundamento ab- soluto para o conhecimento humano nos limites da reta razão. 04. (UFU-2016) [...] na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. MARX, K. Para a crítica da economia política. Tradução de José Arthur Giannotti e Edgar Malagodi. In:. Marx, volume 1. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 1-157. p. 29. Coleção Os Pensadores. Considerando a afirmação apresentada, assinale a alter - nativa correta acerca da interpretação do pensamento de Marx. A) As relações sociais decorrem das relações de produção material estabelecidas entre os indivíduos; elas são as ba- ses da sociedade civil e equivalem à sua estrutura econô- mica, que determina a superestrutura jurídica e política. B) As relações materiais são subordinadas à cultura de um determinado povo, que, graças à sua consciência histó-

FILOSOFIA...ao mito. D) A filosofia é busca pela verdade segundo impostação te-orética, livre de qualquer submissão de natureza pragmática ou de vantagem prática, exercício

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FILOSOFIACássio

01. (UFU-2016) Leia o enunciado abaixo:

[...] esforçar-me-ei por mostrar de que maneira os homens podem vir a ter uma propriedade em diversas partes daquilo que Deus deu em comum à humanidade, e isso sem nenhum pacto expresso por parte de todos os membros da comunidade.LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo. Tradução de Julio Fisher. São Paulo: Martins

Fontes, 2005. p. 406.– grifo do autor.

Assinale a alternativa que apresenta o fundamento natural da propriedade privada segundo Locke.

A) A propriedade privada surgiu com o pacto de consentimen-to em que alguns abdicam da posse do que é comum, dando-o como bem de um indivíduo pelo seu mérito.

B) A propriedade privada é antes de tudo uma dadiva divina que alguns obtêm e outros não, por isso não resulta do trabalho do indivíduo e sim da bondade de Deus.

C) O fundamento da propriedade privada é o poder estatal que, em última instância, é o

verdadeiro proprietário, e que no uso de seu poder redistribui o bem público.

D) O fundamento da propriedade privada consiste essencial-mente na propriedade de si mesmo; cada pessoa tem como direito inalienável a propriedade de si mesma.

02. (UFU-2016)

[...] e noto aqui que o pensamento é um atributo que me per-tence. Só ele não pode ser desprendido de mim. Eu sou, eu existo. Isto é certo; mas por quanto tempo? A saber, durante o tempo em que penso; pois talvez pudesse ocorrer, se eu ces-sasse de pensar, que cessasse ao mesmo tempo de existir.DESCARTES, R. Meditações metafísicas. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo:

Martins Fontes, 2005. p. 46 – grifos do autor.

Assinale a alternativa que justifica o pensamento como a ver-dade primeira da filosofia de Descartes.

A) O pensamento depende do corpo e dos sentidos do cor-po, pois, sem a materialidade corporal, o pensamento é impotente e inexpressivo.

B) O pensamento é a certeza indubitável, pois a dúvida e o engano não são situações capazes de negar a condição inata do pensamento.

C) O pensamento não pode ser intuído, por isso a sua veracidade depende da subordinação do ser às verda-des da fé.

D) O pensamento é algo misterioso e só pode ser admitido como algo desconhecido, e mesmo assim é o fundamen-to da verdade.

03. (UFU-2016)

O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada.HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Alex. In: BERKELY, G.; HUME, D. Berkeley, Hume. São Paulo: Nova Cultural, 1989. p. 55-145. p.

69. Coleção Os Pensadores.

A frase de Hume sintetiza uma tese da sua teoria do conhecimento. A posição sustentada pelo filósofo

A) somente reafirma o realismo de John Locke, que conside-ra unicamente a experiência como fundamento da auto-nomia do entendimento.

B) adere ao cartesianismo, para dizer que as represen-tações da razão sempre são anteriores à experiência sensível e critério de verdade desta.

C) afirma a precedência da impressão sensível para a produ-ção de ideias, com as quais o

entendimento humano alcança a sua autonomia.

D) defende a noção de causalidade como o fundamento ab-soluto para o conhecimento humano nos limites da reta razão.

04. (UFU-2016)

[...] na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção estas que correspondem a uma etapa determinada de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais.MARX, K. Para a crítica da economia política. Tradução de José Arthur Giannotti e Edgar Malagodi. In:. Marx, volume 1. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 1-157. p. 29. Coleção

Os Pensadores.

Considerando a afirmação apresentada, assinale a alter-nativa correta acerca da interpretação do pensamento de Marx.

A) As relações sociais decorrem das relações de produção material estabelecidas entre os indivíduos; elas são as ba-ses da sociedade civil e equivalem à sua estrutura econô-mica, que determina a superestrutura jurídica e política.

B) As relações materiais são subordinadas à cultura de um determinado povo, que, graças à sua consciência histó-

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rica, é capaz de estabelecer os modos de produção em conformidade com os valores espirituais ditados pela ra-zão absoluta.

C) A sociedade civil é a expressão jurídica de um povo, cuja realidade é determinada pelo grau de desenvolvimento espiritual que orienta as ações humanas e subordina as forças produtivas aos valores culturais contidos na reli-gião, na arte e na política.

D) O modo de vida espiritual de um povo condiciona o pro-cesso geral da vida, inclusive as relações materiais de produção, por isso a consciência dos homens determina o ser social, e toda mudança depende exclusivamente da consciência.

05. (UFU-2016) Quero ensinar aos homens o sentido do seu ser: o qual é o super-homem [Übermensch], o raio vindo da negra nuvem homem.NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Tradução de Paulo César de Sousa. São Paulo:

Companhia das Letras, 2011. p. 21.

No fragmento, o filósofo propõe algo que possa fazer com que as pessoas ultrapassem as convenções sociais que tornam os homens submissos à moral do escravo e ao espírito de rebanho.

Assinale a alternativa que expressa a tarefa a ser realizada para a superação da submissão humana.

A) Ensinar o sentido do ser significa admitir que há uma ver-dade secreta e superior ao homem que o torna pequeno e submisso à moral vigente, mas que lhe promete recom-pensas em uma vida além deste mundo.

B) Ensinar o sentido do ser equivale ao estabelecimento do critério para a transvaloração de todos os valores sociais, o que dará ao homem a prerrogativa para formar os seus próprios valores.

C) Ensinar o sentido do ser significa descobrir o Deus da tra-dição como o fundamento que faz de cada indivíduo um escravo que deve se sentir feliz com a sua situação, pois só assim obterá uma felicidade eterna.

D) Ensinar o sentido do ser significa promover o espírito de rebanho que acolhe o super- homem e o faz entender que a virtude está na subordinação da vida aos ditames da moral do escravo que faz da fraqueza a maior virtude.

06. (UFU-2016) No período clássico, nenhum dos gregos – sejam eles historiadores ou filósofos – registra uma suposta derivação oriental da Filosofia. De fato, a partir do momento em que nasce, ela representa uma nova forma de expressão espiritual, com elementos e inflexão únicos.

Sobre o nascimento da filosofia na Grécia e sua relação com o mito, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Já em seu início, a filosofia pretende explicar a totalida-de das coisas, sem exclusão de partes ou momentos, tal como registrado na investigação de Tales, que buscou o princípio de tudo o que existe.

B) A filosofia pretende ser, já em seu início, explicação pu-ramente racional do(s) objeto(s) de sua investigação. Vale aqui o argumento lógico, a motivação razoável, o logos.

C) Os deuses das narrativas antropomórficas são repre-sentações, em plano religioso, dos princípios da filosofia natu-ralística, dispostos, segundo metodologia comum, à razão e ao mito.

D) A filosofia é busca pela verdade segundo impostação te-orética, livre de qualquer submissão de natureza pragmática ou de vantagem prática, exercício de pura contemplação.

07. (UFU-2016) Em seu poema, Parmênides argumenta em fa-vor do que parecem ser três vias ou caminhos de investiga-ção. Deles, considerou apenas um absolutamente verdadeiro; outro, totalmente falso, e um terceiro, verossímil.

Sobre a filosofia de Parmênides, assinale a alternativa INCOR-RETA.

A) O ser é a única coisa pensável e exprimível. Pensar é ser e o não-ser é absolutamente impensável.

B) O ser de Parmênides possui sentido unívoco, isto é, assu-me, em sua formulação, o princípio da não contradição.

C) O ser é ingênito, incorruptível, não tem passado nem futu-ro, é agora, imutável e imóvel.

D) O ser pode ser e não ser ao mesmo tempo em situações específicas, como no caso de manifestar-se fisicamente, em dimensão humana.

08. (UFU-2016) Segundo Giovanni Reale, a metafísica aristoté-lica é inteiramente constituída por termos e conceitos pluri-dimensionais e polivalentes, e isso vale a começar pelo pró-prio conceito que define metafísica‘ ou filosofia primeira‘, que constantemente, ao longo dos catorze livros, é determinado de quatro modos diferentes.REALE, G. Aristóteles: Metafísica. Ensaio Introdutório, Vol 1. Trad. Marcelo Perine. São

Paulo: Ed. Loyola, 2001, p. 37.

Sobre os quatro modos diferentes, assinale a alternativa IN-CORRETA.

A) Trata-se de ciência do ser enquanto ser e do que compe-te ao ser enquanto ser, isto é, ciência das causas e dos princípios supremos.

B) Trata-se de ciência da percepção sensível e, então, ancorada em constatações empíricas que buscam no o quê as coisas que são a sua razão de ser.

C) O ser tem múltiplos significados, então, a metafísica é ci-ência das causas e dos princípios da substância, funda-mento de todos os outros significados.

D) A metafísica é ciência teológica ou relativa às coisas divi-nas, pois se dedica a uma substância primeira, transfísica ou suprafísica.

09. (UFU-2016) Sobre a compatibilidade ou incompatibilidade entre fé cristã e filosofia grega, assinale a alternativa INCOR-RETA.

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A) A filosofia grega conhece o princípio de unidade do divi-no, mas numa esfera que acolhia grande multiplicidade de entes, forças e níveis hierárquicos. Portanto, permaneceu sempre aquém de uma concepção propriamente mono-teísta.

B) A propósito do problema da origem dos seres, a mensa-gem cristã rompe com a filosofia grega na medida em que fala de criação. Deus, segundo tal mensagem, não usou nada preexistente, como o Demiurgo de Platão, nem se valeu de sub-motores, como a divindade aristotélica.

C) Na filosofia grega, o homem está sempre inscrito em um horizonte cosmocêntrico. Ali, o homem não é a realidade mais elevada, mas tão-somente parte de algo que lhe é superior. No âmbito da fé cristã, o homem é visto como criatura privilegiada no processo de criação divina.

D) Platão fala de unicidade do Demiurgo (divino ordenador do cosmos) e Aristóteles trata de um primeiro motor imóvel único, pensamento de si mesmo: com a Bíblia, tem-se apenas a ratificação de um monoteísmo já defendido pela Filosofia Antiga.

10. (UFU-2016) A relação entre voces e res, entre linguagem e realidade, constitui elemento central da assim denominada questão dos Universais, importante por causa de suas reper-cussões linguísticas, epistemológicas e teológicas.

Sobre a controvérsia dos Universais, assinale a alternativa IN-CORRETA.

A) O nominalismo sustenta a tese segundo a qual os termos universais são res, entidades linguísticas com existência metafísica objetiva.

B) Um célebre defensor do realismo foi Guilherme de Cham-peaux (1070-1121), para o qual há perfeita correspon-dência entre os conceitos universais e a realidade.

C) Para Roscelino, os Universais (ou conceitos universais) são desprovidos de valor, pois

não se referem a nenhuma res. Segundo ele, todas as coi-sas existentes são singulares ou separadas.

D) Abelardo propõe uma forma reelaborada de aristotelis-mo: embora não seja um arquétipo ideal, o universal é conceito obtido por meio de abstração.

11. (UFU-2015) Em Platão, as questões metafísicas mais im-portantes – e a possibilidade de serem solucionadas – estão vinculadas aos grandes problemas da geração, da corrup-ção e do ser das coisas. Para Platão,

A) o dualismo ontológico é uma impossibilidade, enquanto o mundo sensível traz em si a causa da sua própria existência.

B) a Ideia é um ente puro de razão, uma representação men-tal: não um ser dotado de realidade ontológica ou de po-tência causal.

C) há inteligibilidade e, então, possibilidade de se produzir ci-ência (episteme) no mundo da sensibilidade, do corpóreo, do múltiplo.

D) as coisas sensíveis não se explicam com elementos físi-cos (cor, figura, extensão), mas em função de uma causa--em-si, verdadeira e não física.

12. (UFU-2015) Para Immanuel Kant,

A) transcendental é o conhecimento enquanto tal, na medida em que é possível a posteriori, ou seja, como objeto de apreensão sensível/material.

B) transcendental é uma forma de conhecimento não dos próprios objetos, mas dos modos pelos quais podem ser conhecidos, ou seja, as condições da experiência possível

C) transcendente é o conhecimento que trata dos princípios que não ultrapassam os limites da experiência, como os teológicos e os cosmológicos.

D) a distinção transcendental e empírico envolve elementos da metafísica clássica, de origem platônica.

13. (UFU-2015)

Dentre os filósofos do chamado século das luzes, que preco-nizavam a difusão do saber como o meio mais eficaz para se pôr fim à superstição, à ignorância, ao império da opinião e do preconceito, e que acreditavam estar dando uma contribuição enorme para o progresso do espírito humano, Rous-seau, certamente, ocupa um lugar não muito cômodo.NASCIMENTO, Milton Meira. Rousseau: da servidão à liberdade. In. WEFFORT, Francisco

C. Os Clássicos da Política, Vol. 1. São Paulo: Ática, 1991, p. 189.

Sobre a filosofia política de Rousseau, é correto afirmar que

A) uma vez instaurado governo como corpo submisso à autoridade soberana, ulterior esforço de manutenção deste estado torna-se desnecessário.

B) as formas clássicas de governo aristocrático são incom-patíveis com a ideia de um povo soberano.

C) apenas por um pacto legítimo os homens, após terem perdido a sua liberdade natural, podem receber, em troca, a liberdade civil.

D) a ação política/governamental é boa em si quando leva em consideração a natureza própria do ser humano, da sua índole natural.

14. (UFU-2015) De acordo com a filosofia de Hegel, é INCOR-RETO afirmar que

A) a dialética envolve um diálogo entre dois pensadores ou entre um pensador e o seu objeto de estudo.

B) a dialética envolve três etapas: na primeira delas, um ou mais conceitos ou categorias são considerados fixos, de-finidos e distintos.

C) a terceira etapa da dialética envolve uma nova categoria, superior, que abarca as anteriores e dissolve as contradi-ções nelas envolvidas.

D) a dialética não é apenas uma característica de conceitos, mas se aplica também a coisas e processos reais.

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15. (UFU-2015) De fato, os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa da admiração, na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificulda-des mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre maiores [...].

ARISTÓTELES. Metafísica, v. I. São Paulo: Edições Loyola, 2002. p. 11 [982b].

Admiração ou espanto, essa é a atitude que Aristóteles consi-derava como o princípio do filosofar. Assinale a alternativa que justifica o raciocínio do filósofo grego.

A) O espanto é a atitude de êxtase em face da revelação da verdade eterna assinalada por um saber divino que abar-ca toda a realidade, pois dispensa qualquer uso do pensamento ou da experiência guiada pelo pensamento.

B) O espanto causa perplexidade em quem se depara com algo desconhecido e assim se sente impelido a querer saber; essa atitude é própria do filosofar, por isso, agora como na origem, o que motiva os homens é a libertação da ignorância.

C) O espanto reforça a ignorância humana, pois tudo que existe possui uma ordem imutável e eterna, e quem se submeter cegamente aos designíos do desconhecido, apesar de abdicar de sua liberdade, terá na ignorância o seu maior bem.

D) O espantoso, para Aristóteles, era constatar, na cultura grega, que os homens diante da menor dificuldade eram incapazes de pensar que este mundo é uma ilusão; o mundo verdadeiro está além do sensível e só pode ser contemplado.

16. (UFU-2015) A respeito da filosofia existencialista de Jean--Paul Sartre, é correto afirmar que:

A) O homem é o puro agir, e essa liberdade não conhece nenhuma responsabilidade.

B) O homem é dotado de uma natureza humana imutável que determina o seu ser.

C) O homem de início não é nada, ele será aquilo que fizer de si mesmo.

D) A vida segue um designo superior que submete o homem ao destino.

17. (UFU-2015) Em nós, manifesta-se sempre uma e a mesma coisa, vida e morte, vigília e sono, juventude e velhice. Pois a mudança de um dá o outro e reciprocamente.Heráclito, fragmento 88. In: BORNHEIM, G. A. (Org.). Os filósofos pré-socráticos. São Pau-

lo: Editora Cultrix, 1998. p. 41.

Assinale a alternativa que explica o fragmento de Heráclito.

A) A oposição é a afirmação da força irracional que sustenta o mundo e explica a constante mudança de tudo que existe.

B) A oposição dos contrários nada mais é que o equilíbrio das forças, pois no mundo tudo é uno e constante, tudo mais é apenas ilusão.

C) A mudança permite afirmar que a constância do mundo das ideias é a única realidade, na qual as essências de-terminam tudo.

D) A oposição é a confirmação de que a realidade é o eter-no fluxo de mudanças, e da tensão dos contrários nasce a harmonia e a unidade do mundo.

18. (UFU-2015) Somente uns poucos indivíduos, se aproxi-mando das imagens através dos órgãos dos sentidos, com dificuldade nelas entreveem a natureza daquilo que imitam.PLATÃO. Fedro. In: . Diálogos socráticos. v. 3. Tradução de Edson Bini. Bauru/SP: Edipro,

2008, p. 64 [250b].

Assinale a alternativa que explicita a teoria de Platão apresen-tada no trecho acima.

A) A teoria materialista que fixa a imagem como o reflexo de corpos físicos que constituem a única realidade existente.

B) A teoria das ideias que estabelece a distinção entre o mundo sensível e o mundo inteligível, sendo que as ima-gens captadas pelos sentidos humanos despertam a alma para as ideias que habitam o mundo inteligível.

C) A teoria existencialista que delimita o espaço vital do homem e lhe impede de transcender para além do mundo sensível.

D) A teoria niilista que admite dois mundos, mas que nega qualquer possibilidade de conhecimento das coisas e das ideias.

19. (UFU-2015) A maior parte daqueles que escreveram algu-ma coisa a propósito das repúblicas ou supõe, ou nos pede, ou requer que acreditemos que o homem é uma criatura que nasce apta para a sociedade.HOBBES, T. Do cidadão. Tradução de Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Martins Fontes,

2002 . p. 25.

Hobbes refutava a pretensa sociabilidade natural do homem. Assinale a alternativa que, segundo Hobbes, justifica a asso-ciação dos homens em uma comunidade política.

A) O sentimento de igualdade garante o convívio humano, portanto, essa certeza atesta a inexistência do medo no estado de natureza e revela que a camaradagem é o ali-cerce da sociedade civil.

B) O pacto social confirma a ideia inatista da sociabilidade humana, os afetos que estão em cada indivíduo e os impelem à vida em comunidade, independentemente das vantagens que esse modo de vida acarreta.

C) O amor é o sentimento que une os homens, pois nisso consiste a verdadeira igualdade entre os homens, e a co-munidade política se origina desse laço afetivo capaz de materializar o pacto social.

D) O homem não é naturalmente levado a viver em socieda-de, a ordem civil é acidental, a união não é movida pela busca de companhia, mas pelo proveito que essa união poderá proporcionar.

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20. (UFU-2015) O modo de produção da vida material condi-ciona o processo em geral de vida social, político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência.MARX, K. Para a crítica da economia política. Tradução de José Arthur Giannotti e Edgar

Malagodi. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção Os Pensadores. p. 30.

Assinale a alternativa que apresenta a definição correta do que é a produção da vida material.

A) É o desenvolvimento das forças produtivas materiais, isto é, a estrutura econômica da sociedade.

B) É a geração da sociedade civil a partir dos valores espiri-tuais que determinam a ordem jurídica da sociedade.

C) É a superestrutura jurídica e política que, sob a forma de Estado nacional, alimenta o tecido social.

D) São os agentes da ordem absoluta e imutável da razão universal que criam a sociedade civil.

21. (UFU-2014) Dentre as teorias que explicam o nascimento da filosofia na Grécia Antiga, há uma que enfatiza o seu sur-gimento político. Qual característica da polis grega teria con-tribuído para o nascimento da filosofia?

A) A proeminência, no espaço público, do pensamento e da reflexão sobre a palavra.

B) Com a polis advém uma revolução social na Grécia: o surgimento da nova classe dirigente dos sábios ou Reis filósofos.

C) A existência de um discurso público e dialogado, baseado na troca de opiniões e no desenvolvimento de argumen-tos persuasivos.

D) A fundação de um cosmo social laico, expulsando, dos domínios da polis, a religião, o sagrado e os sacerdotes.

22. (UFU-2014 )Segundo Chauí (2000),

[...] na Idade Média o pensamento estava subordinado ao princípio da autoridade, isto é, uma ideia é considerada verdadeira se for baseada nos argumentos de uma autoridade reconhecida [...]

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. 45.

Sobre a filosofia da Idade Média é INCORRETO afirmar que

A) O tema principal de que se ocupou a filosofia na Idade Média foi o das relações entre a razão e a fé.

B) A filosofia se tornou serva do cristianismo e, com isso, rejeitou a filosofia pagã, Platão e Aristóteles.

C) Para essa filosofia, a fé na revelação proporciona o conhecimento mais elevado, superior àquele da razão.

D) A doutrina da iluminação divina explica como a filosofia pagã provém das mesmas fontes das verdades cristãs.

23. (UFU-2014) Considere as questões que Immanuel Kant lança ao seu leitor nas primeiras páginas da Estética Trans-cendental.

Que são então o espaço e o tempo? São entes reais? Serão apenas determinações ou mesmo relações de coisas, em-bora relações de espécie tal que não deixariam de subsistir entre as coisas, mesmo que não fossem intuídas? Ou serão unicamente dependentes da forma da intuição e, por conseguinte, da constituição subjetiva do nosso espírito, sem a qual esses predicados não poderiam ser atribuídos a coisa alguma?

KANT. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994, p. 64.

Sobre as noções kantianas de tempo e espaço é correto afir-mar que essas noções são as formas

A) da experiência possível, que só podem ser conhecidos a posteriori. B) da razão, resultantes da participação do homem no Ser de Deus.

C) a priori da razão, a partir das quais os objetos nos são dados na experiência.

D) de conceber a experiência, aprendidas culturalmente des-de a infância e ao longo da nossa história.

24. (UFU-2014) Assinale a alternativa que indica a “moral do senhor”, de acordo com Nietzsche.

A) Os princípios metafísicos e morais dos diálogos de Platão.

B) A força, a criatividade, a saúde e o amor à vida.

C) Os princípios éticos e morais, que se encontram na Bíblia.

D) O ódio e o ressentimento dos fracos contra os mais fortes.

25. (UFU-2014) Mas se verdadeiramente a existência pre-cede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. [...] Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade.SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Trad. Vergílio Ferreira. Lisboa: Presença, 1970. Apud ARANHA, M. L. de Arruda e MARTINS, M. H. Pires. Filosofando:

introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009.

Conforme o texto, é correto afirmar que, para o existencialismo,

A) o homem não é responsável por todos os seus atos, pois a sociedade o limita.

B) a humanidade é responsável pelo fato de os homens não terem plena liberdade.

C) a sociedade limita as pessoas, logo não somos responsá-veis por nossas ações.

D) a responsabilidade não é restrita ao indivíduo, estende-se a toda humanidade.

26. (UFU-2014) Em relação ao silogismo categórico de Aristóte-les é INCORRETO afirmar que

A) o termo médio aparece na conclusão do silogismo e nun-ca nas premissas.

B) a primeira proposição é chamada premissa maior; a se-gunda, premissa menor, e a terceira conclusão.

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C) o termo médio é aquele que produz a ligação entre os termos das premissas, produz a conclusão e, assim, ele se faz presente nas premissas maior e menor.

D) sendo as premissas verdadeiras, a conclusão tam-bém será, necessariamente, verdadeira.

27. (UFU-2014) Ao contrário das teorias contratualistas, a con-cepção hegeliana nega a anterioridade dos indivíduos, pois é o Estado que fundamenta a sociedade. Não é o indivíduo que escolhe o Estado, mas sim é por ele constituído. Ou seja, não existe o homem em estado de natureza, pois o homem é sempre um indivíduo social. O Estado sintetiza, numa reali-dade coletiva, a totalidade dos interesses contraditórios entre os indivíduos.ARANHA, M. L. A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo:

Ed.Moderna, 1993, p. 234.

De acordo com o texto, é correto afirmar que, para Hegel,

A) a liberdade, em estado de natureza, é a mais perfeita para as pessoas.

B) o Estado fundamenta a liberdade do soberano e não a dos indivíduos.

C) a liberdade dos indivíduos está condicionada à existência do Estado.

D) o Estado é resultado de um pacto estabelecido no estado de natureza.

28. (UFU-2014) Segundo David Hume, é correto afirmar que o princípio de causalidade é

A) o resultado da nossa forma habitual de perceber os fenô-menos, uns em conjunção com os outros.

B) o nexo, fixado por Deus na criação, entre os objetos da experiência.

C) o conhecimento a priori da natureza e dos seus fenôme-nos.

D) o ato de conectar os objetos da experiência a partir dos valores e interesses utilitários de uma classe social.

29. (UFU-2014) Jean-Jacques Rousseau analisou a concep-ção de “estado de natureza humana” e chegou a conclusão bem diferente de seus antecessores, conforme se observa no trecho abaixo.

Outros poderão, desembaraçadamente, ir mais longe na mesma direção, sem que para ninguém seja fácil chegar ao término, pois não constitui empreendimento trivial separar o que há de original e de artificial na natureza atual do homem, e conhecer com exatidão um estado que não mais existe, que talvez nunca tenha existido, que prova-velmente jamais existirá, e sobre o qual se tem, contudo, a necessidade de alcançar noções exatas para bem julgar de nosso estado presente”.

ROUSSEAU, J.J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Coleção Os Pensadores. Trad. Lourdes Santos Machado. São Paulo: Abril Cul-

tural, 1973, p. 234.

Com base no trecho acima e em seus conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar que, para Rousseau,

A) a natureza humana é inexistente, tudo o que somos deriva da educação.

B) refletir sobre o estado de natureza permite compreender a vida política.

C) é impossível distinguir o que há de original e artificial no ser humano.

D) raciocinar a respeito do estado de natureza humana é uma tarefa inútil.

30. (UFU-2014)

Os princípios práticos se dividem em dois grandes grupos, que Kant chama, respectivamente, de ‘máximas’ e ‘imperati-vos’. [...] Os imperativos são os princípios práticos objetivos, isto é, válidos para todos. Os imperativos são “mandamentos” ou “deveres”, ou seja, regras que expressam uma necessida-de objetiva da ação, o que significa que, “se a razão determi-nasse completamente a vontade, a ação ocorreria segundo tal regra” ao passo que a intervenção de fatores emocionais e empíricos podem desviar esta vontade.REALE,G., DARIO, A. História da Filosofia, vol. II. São Paulo: Paulus, 1990, p. 903 (adap-

tado)

Para Kant, é correto afirmar que os imperativos

A) são subjetivos e, dessa forma, não podem ser princípios universais.

B) devem determinar a razão, pois são princípios válidos para todos.

C) determinam a vontade, sem que as emoções interfiram.

D) sendo “máximas”, não expressam a necessidade objetiva da ação.

31. (Ufu 2013) De um modo geral, o conceito de physisno mun-do pré-socrático expressa um princípio de movimento por meio do qual tudo o que existe é gerado e se corrompe. A doutrina de Parmênides, no entanto, tal como relatada pela tradição, aboliu esse princípio e provocou, consequente-mente, um sério conflito no debate filosófico posterior, em relação ao modo como conceber o ser.

Para Parmênides e seus discípulos:

a) A imobilidade é o princípio do não-ser, na medida em que o movimento está em tudo o que existe.

b) O movimento é princípio de mudança e a pressuposição de um não-ser.

c) Um Ser que jamais muda não existe e, portanto, é fruto de imaginação especulativa.

d) O Ser existe como gerador do mundo físico, por isso a realidade empírica é puro ser, ainda que em movimento.

32. (Ufu 2013) O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e respostas. Sócrates considerava o diálogo como a forma por excelência do exercício filosófico e o único caminho para chegarmos a alguma verdade legítima.

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De acordo com a doutrina socrática,

a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia.

b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filo-sófica.

c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do auto-conhecimento e é, portanto, de natureza sofística.

d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas huma-nos é sanada pelo homem, medida de todas as coisas.

33. (Ufu 2013)[...] após ter distinguido em quantos sentidos se diz cada um [destes objetos], deve-se mostrar, em relação ao primeiro, como em cada predicação [o objeto] se diz em relação àquele.

Aristóteles, Metafísica. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002.

De acordo com a ontologia aristotélica,

a) a metafísica é “filosofia primeira” porque é ciência do parti-cular, do que não é nem princípio, nem causa de nada.

b) o primeiro entre os modos de ser, ontologicamente, é o “por acidente”, isto é, diz respeito ao que não é essencial.

c) a substância é princípio e causa de todas as categorias, ou seja, do ser enquanto ser.

d) a substância é princípio metafísico, tal como exposto por Platão em sua doutrina.

34. (Ufu 2013) A atividade intelectual que se instalou na Gré-cia a partir do séc. VI a.C. está substancialmente ancorada num exercício especulativo-racional. De fato, “[...] não é mais uma atividade mítica (porquanto o mito ainda lhe serve), mas filosófica; e isso quer dizer uma atividade regrada a partir de um comportamento epistêmico de tipo próprio: empírico e racional”.

SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-socráticos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998, p. 32.

Sobre a passagem da atividade mítica para a filosófica, na Grécia, assinale a alternativa correta.

a) A mentalidade pré-filosófica grega é expressão típica de um intelecto primitivo, próprio de sociedades selvagens.

b) A filosofia racionalizou o mito, mantendo-o como base da sua especulação teórica e adotando a sua metodologia.

c) A narrativa mítico-religiosa representa um meio importante de difusão e manutenção de um saber prático fundamen-tal para a vida cotidiana.

d) A Ilíada e a Odisseia de Homero são expressões culturais típicas de uma mentalidade filosófica elaborada, crítica e radical, baseada no logos.

35. (Ufu 2013)Com efeito, existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão huma-na. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela ra-zão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus etc. AQUINO, Tomás de. Súmula contra os Gentios. Capítulo Terceiro: A possibilidade de desco-brir a verdade divina. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 61.

Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se prova

a) por meios metafísicos, resultantes de investigação intelec-tual.

b) por meio do movimento que existe no Universo, na medi-da em que todo movimento deve ter causa exterior ao ser que está em movimento.

c) apenas pela fé, a razão é mero instrumento acessório e dispensável.

d) apenas como exercício retórico.

36. (Ufu 2013) Porque as leis de natureza (como a justiça, a equidade, a modéstia, a piedade, ou, em resumo, fazer aos outros o que queremos que nos façam) por si mesmas, na ausência do temor de algum poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos fazem tender para a parcialidade, o orgulho, a vin-gança e coisas semelhantes. HOBBES, Thomas. Leviatã. Cap. XVII. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz

Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 103.

Em relação ao papel do Estado, Hobbes considera que:

a) O seu poder deve ser parcial. O soberano que nasce com o advento do contrato social deve assiná-lo, para subme-ter-se aos compromissos ali firmados.

b) A condição natural do homem é de guerra de todos contra todos. Resolver tal condição é possível apenas com um poder estatal pleno.

c) Os homens são, por natureza, desiguais. Por isso, a cria-ção do Estado deve servir como instrumento de realiza-ção da isonomia entre tais homens.

d) A guerra de todos contra todos surge com o Estado re-pressor. O homem não deve se submeter de bom grado à violência estatal.

37. (Ufu 2013) Autonomia da vontade é aquela sua propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei (independente-mente da natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia é, portanto: não escolher senão de modo a que as máximas da escolha estejam incluídas simultaneamente, no querer mesmo, como lei universal. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quin-

tela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85.

De acordo com a doutrina ética de Kant:

a) O Imperativo Categórico não se relaciona com a matéria da ação e com o que deve resultar dela, mas com a forma e o princípio de que ela mesma deriva.

b) O Imperativo Categórico é um cânone que nos leva a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo a satisfação de paixões subjetivas.

c) Inclinação é a independência da faculdade de apetição das sensações, que representa aspectos objetivos base-ados em um julgamento universal.

d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os dese-jos pessoais do homem. Trata-se de fundamento determi-nante do agir, para a satisfação das inclinações.

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38. (Ufu 2013) A dialética de Hegel

a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, frio-calor).

b) é incapaz de explicar o movimento e a mudança verifica-dos tanto no mundo quanto no pensamento.

c) é interna nas coisas objetivas, que só podem crescer e perecer em virtude de contradições presentes nelas.

d) é um método (procedimento) a ser aplicado ao objeto de estudo do pesquisador.

39. (Ufu 2013)Para J.P. Sartre, o conceito de “para-si” diz res-peito

a) a uma criação divina, cujo agir depende de princípio me-tafísico regulador.

b) apenas à pura manutenção do ser pleno, completo, da totalidade no seio do que é.

c) ao nada, na medida em que ele se especifica pelo poder nadificador que o constitui.

d) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se pode realizar, não se pode afirmar, porque está cheio, completo.

40. (Ufu 2013) Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel busca decifrar o que diz ser uma veritàeffettuale, a “verdade efetiva” das coisas que permeiam os movimentos da multi-facetada história humana/política através dos tempos. Se-gundo ele, há certos traços humanos comuns e imutáveis no decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que os homens são “ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro”. (O Príncipe, cap. XVII)

Para Maquiavel:

a) A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em plano es-peculativo e, portanto, no “dever-ser”.

b) Fazer política só é possível por meio de um moralismo piedoso, que redime o homem em âmbito estatal.

c) Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer influ-ência, que distribui bens de forma indiscriminada.

d) A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que possui Virtù.

41. (Ufu 2012) Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apo-logia de Sócrates de Platão e traz algumas das concepções filosóficas defendidas pelo seu mestre.

Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que se supor sábio quem não o é, porque é supor que sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, porventura, será para o homem o maior dos bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o que não se sabe?Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a Filosofia Antiga?São Paulo:

Ed. Loyola, 1999, p. 61.

Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a verdade, para além da mera aparência do saber.

b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, fazendo-o tomar consciência das contradições que traz consigo.

c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos outros que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância a todo cus-to, ainda que defendendo uma opinião não devidamente examinada.

d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, coloca-do diante da própria ignorância, admite que nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, define o sábio, segundo a concepção socrática.

42. (Ufu 2012) Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóte-les, de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-po-tência é não-ser-em-ato.REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio de Lima Vaz

e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.

A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a alternativa correta.

a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência).

b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de as-sumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma).

c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser--em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e imóvel.

d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra tão-so-mente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto.

43. (Ufu 2012)A teologia natural, segundo Tomás de Aquino (1225-1274), é uma parte da filosofia, é a parte que ele ela-borou mais profundamente em sua obra e na qual ele se manifesta como um gênio verdadeiramente original. Se se trata de física, de fisiologia ou dos meteoros, Tomás é sim-plesmente aluno de Aristóteles, mas se se trata de Deus, da origem das coisas e de seu retorno ao Criador, Tomás é ele mesmo. Ele sabe, pela fé, para que limite se dirige, contudo, só progride graças aos recursos da razão.

GILSON, Etienne. A Filosofia na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 657.

De acordo com o texto acima, é correto afirmar que

a) a obra de Tomás de Aquino é uma mera repetição da obra de Aristóteles.

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b) Tomás parte da revelação divina (Bíblia) para entender a natureza das coisas.

c) as verdades reveladas não podem de forma alguma ser compreendidas pela razão humana.

d) é necessário procurar a concordância entre razão e fé, apesar da distinção entre ambas.

44. (Ufu 2012) Na medida em que o Cristianismo se consoli-dava, a partir do século II, vários pensadores, convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos da filosofia greco--romana que eles conheciam bem, começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação cristãs, tentando uma síntese com elementos da filosofia grega ou utilizando-se de téc-nicas e conceitos da filosofia grega para melhor expor as verdades reveladas do Cristianismo. Esses pensadores fica-ram conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o mais importante a escrever na língua latina foi santo Agostinho.COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: Ser, Saber e Fazer. São Paulo: Saraiva, 1996,

p. 128. (Adaptado)

Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou do sé-culo II ao século X, ficou conhecido como

a) Escolástica.

b) Neoplatonismo.

c) Antiguidade tardia.

d) Patrística.

45. (Ufu 2012) Para bem compreender o poder político e derivá--lo de sua origem, devemos considerar em que estado todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e as pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou depen-der da vontade de qualquer outro homem.

LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

A partir da leitura do texto acima e de acordo com o pensa-mento político do autor, assinale a alternativa correta.

a) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde com o estado de servidão.

b) Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas inde-pende da conveniência de cada um.

c) Segundo Locke, a origem do poder político depende do estado de natureza.

d) Segundo Locke, a existência de permissão para agir é compatível com o estado de natureza.

46. (Ufu 2012)O texto abaixo comenta a correlação entre ideias e impressões em David Hume.

Em contrapartida, vemos que qualquer impressão, da mente ou do corpo, é constantemente seguida por uma ideia que a ela se assemelha, e da qual difere apenas nos graus de força e vividez. A conjunção constante de nossas percepções semelhantes é uma prova convincente de que umas são as causas das outras; [...].HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo: Editora da Unesp/Imprensa Oficial do

Estado, 2001. p. 29.

Assinale a alternativa que, de acordo com Hume, indica cor-retamente o modo como a mente adquire as percepções de-nominadas ideias.

a) Todas as nossas ideias são formas a priori da mente e, mediante essas ideias, organizamos as respectivas im-pressões na experiência.

b) Todas as nossas ideias advêm das nossas experiências e são cópias das nossas impressões, as quais sempre antecedem nossas ideias.

c) Todas as nossas ideias são cópias de percepções inteligí-veis, que adquirimos através de uma experiência metafísi-ca, que transcende toda a realidade empírica.

d) Todas as nossas ideias já existem de forma inata, e são apenas preenchidas pelas impressões, no momento em que temos algum contato com a experiência.

47. (Ufu 2012)[...] a condição dos homens fora da sociedade civil (condição esta que podemos adequadamente chamar de estado de natureza) nada mais é do que uma simples guerra de todos contra todos na qual todos os homens têm igual direito a todas as coisas; [...].

HOBBES, Thomas. Do Cidadão. Campinas: Martins Fontes, 1992.

De acordo com o trecho acima e com o pensamento de Hobbes, assinale a alternativa correta.

a) Segundo Hobbes, o estado de natureza se confunde com o estado de guerra, pois ambos são uma condição origi-nal da existência humana.

b) Para Hobbes, o direito dos homens a todas as coisas está desvinculado da guerra de todos contra todos.

c) Segundo Hobbes, é necessário que a condição humana seja analisada sempre como se os homens vivessem em sociedade.

d) Segundo Hobbes, não há vínculo entre o estado de natu-reza e a sociedade civil.

48. (Ufu 2012)O texto abaixo comenta alguns aspectos da refle-xão de Immanuel Kant sobre a ética.

E por que realizamos atos contrários ao dever e, portanto, contrários à razão? Kant dirá que é porque nossa vontade é também afetada pelas inclinações, que são os desejos, as paixões, os medos, e não apenas pela razão. Por isso afirma que devemos educar a vontade para alcançar a boa vontade, que seria aquela guiada unicamente pela razão.COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010. p.

301.

Sobre a reflexão ética de Kant, assinale a alternativa INCOR-RETA.

a) A ação por dever é aquela que exclui todas as determi-nações advindas da sensibilidade, como os desejos, as paixões e os medos.

b) A ação por dever está fundada na autonomia, ou seja, na capacidade que todo homem tem de escolher as regras que sua própria razão construiu.

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c) A ação por dever é uma expressão da boa vontade, na medida em que exige que a mesma regra, escolhida para um certo caso, possa ser utilizada por todos os agentes racionais.

d) A ação por dever é aquela que reflete um meio termo ou um equilíbrio entre as determinações das inclinações e as determinações da razão.

49. (Ufu 2012)O botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do mesmo modo que o fruto faz a flor parecer um falso ser-aí da planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor: essas formas não só se distinguem, mas também se repelem como incompatíveis entre si [...].

HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis: Vozes, 1988.

Com base em seus conhecimentos e na leitura do texto aci-ma, assinale a alternativa correta segundo a filosofia de Hegel.

a) A essência do real é a contradição sem interrupção ou o choque permanente dos contrários.

b) As contradições são momentos da unidade orgânica, na qual, longe de se contradizerem, todos são igualmente necessários.

c) O universo social é o dos conflitos e das guerras sem fim, não havendo, por isso, a possibilidade de uma vida ética.

d) Hegel combateu a concepção cristã da história ao desti-tuí-la de qualquer finalidade benevolente.

50. (Ufu 2012)Leia o excerto abaixo e assinale a alternativa que relaciona corretamente duas das principais máximas do exis-tencialismo de Jean-Paul Sartre, a saber:

i. “a existência precede a essência”

ii. “estamos condenados a ser livres”

Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. [...] Estamos condenados a ser livres. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso ex-pressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é respon-sável por tudo o que faz.SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 3ª. ed. S. Paulo: Nova Cultural,

1987.

a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade, então jamais o homem pode ser, em sua existência, condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma contradição.

b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da natureza humana que, concebida por Deus, precede necessaria-mente a sua existência.

c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicional, à qual o homem, como existência já lançada no mundo, está con-denado, e pela qual projeta o seu ser ou a sua essência.

d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo, porque a existência do homem depende da essência de sua na-tureza humana, que a precede e que é a liberdade.

51. (Ufu 2010) Em um importante trecho da sua obra Metafísica, Aristóteles se refere a Sócrates nos seguintes termos:

Sócrates ocupava-se de questões éticas e não da natureza em sua totalidade, mas buscava o universal no âmbito da-quelas questões, tendo sido o primeiro a fixar a atenção nas definições.Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Loyola,

2002.

Com base na filosofia de Sócrates e no trecho supracitado, assinale a alternativa correta.

a) O método utilizado por Sócrates consistia em um exercício dialético, cujo objetivo era livrar o seu interlocutor do erro e do preconceito − com o prévio reconhecimento da própria ignorância −, e levá-lo a formular conceitos de validade universal (definições).

b) Sócrates era, na verdade, um filósofo da natureza. Para ele, a investigação filosófica é a busca pela “Arché”, pelo princípio supremo do Cosmos. Por isso, o método socrá-tico era idêntico aos utilizados pelos filósofos que o ante-cederam (Pré-socráticos).

c) O método socrático era empregado simplesmente para ridicularizar os homens, colocando-os diante da própria ignorância. Para Sócrates, conceitos universais são ina-tingíveis para o homem; por isso, para ele, as definições são sempre relativas e subjetivas, algo que ele confirmou com a máxima “o Homem é a medida de todas as coisas”.

d) Sócrates desejava melhorar os seus concidadãos por meio da investigação filosófica. Para ele, isso implica não buscar “o que é”, mas aperfeiçoar “o que parece ser”. Por isso, diz o filósofo, o fundamento da vida moral é, em última instância, o egoísmo, ou seja, o que é o bem para o indivíduo num dado momento de sua existência.

52. (Ufu 2010) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreita-mente devedora do platonismo cristão milanês: foi nas tra-duções de Mário Vitorino que leu os textos de Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas resistências (de tornar--se cristão).PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In: CHÂTELET, François (org.) A

Filosofia medieval.Rio de Janeiro Zahar Editores: 1983, p. 77.

Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado ao pensamento de Platão.

Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma des-sas diferenças.

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a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o conhe-cimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser humano.

b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não existe nenhuma realidade além do mundo natural em que vivemos.

c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma do corpo.

d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, reminiscên-cia, a alma reconhece as Ideias que ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o conhecimento é resultado da Iluminação divina, a centelha de Deus que existe em cada um.

53. (Ufu 2010) A relação entre mito e filosofia é objeto de polê-mica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, a filo-sofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico (teoria do “milagre grego”); para outros, houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma forma os mitos continua-ram presentes – seja como forma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico.

A partir destas informações, assinale a alternativa que NÃO-contenha um exemplo de pensamento mítico no pensamento filosófico.

a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a divinda-de do nascimento ou do amor) entre todos os deuses, a Eros...”

b) Platão propõe algumas teses como a teoria da reminis-cência e a transmigração das almas.

c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”.

d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teorético, o prático e o poético.

54. (Ufu 2010) Para responder a questão, leia o seguinte texto.

O universal é o conceito, a ideia, a essência comum a todas as coisas (por exemplo, o conceito de ser humano). Em outras palavras, pergunta-se se os gêneros e as espécies têm existên-cia separada dos objetos sensíveis: as espécies (por exemplo, o cão) ou os gêneros (por exemplo, o animal) teriam existência real? Ou seriam apenas ideias na mente ou apenas palavras?(ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. Filosofando. 3ª edição. São Paulo: Moderna, 2003,

p. 126.)

A resposta correta à pergunta formulada no texto acima, sobre os universais, é:

a) Segundo os nominalistas, as espécies e gêneros univer-sais são meras palavras que expressam um conteúdo mental, sem existência real.

b) Segundo os nominalistas, os universais são conceitos, mas têm fundamento na realidade das coisas.

c) Segundo os nominalistas, os universais (gêneros e espé-cies) são entidades realmente existentes no mundo das Ideias, sendo as coisas deste mundo meras cópias des-tas Ideias.

d) Segundo os nominalistas, os gêneros e as espécies universais existem realmente, mas apenas na mente de Deus.

55. (Ufu 2010) Em O Discurso sobre o método, Descartes afirma:

Não se deve acatar nunca como verdadeiro aquilo que não se reconhece ser tal pela evidência, ou seja, evitar acuradamente a precipitação e a prevenção, assim como nunca se deve abranger entre nossos juízos aquilo que não se apresente tão clara e distintamente à nossa inteligência a ponto de excluir qualquer possibilidade de dúvida.

(REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: Do humanismo a Descartes.

Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2004. p. 289.)

Após a leitura do texto acima, assinale a alternativa correta.

a) A evidência, apesar de apreciada por Descartes, perma-nece uma noção indefinível.

b) A evidência é a primeira regra do método cartesiano, mas não é o princípio metódico fundamental.

c) Ideias claras e distintas são o mesmo que ideias evidentes.

d) A evidência não é um princípio do método cartesiano.

56. (Ufu 2010) Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) opõe à moral tradicional, herdeira do pensamento socrático-platônico e da religião judaica-cristã, a transvaloração de todos os valores. Conforme Aranha e Arruda (2000): “Ao fazer a crítica da moral tradicional, Nietzsche preconiza a ‘transvaloração de todos os valores’. Denuncia a falsa moral, ‘decadente’, ‘de rebanho’, ‘de escravos’, cujos valores seriam a bondade, a humildade, a piedade e o amor ao próximo”. Desta forma, opõe a moral do escravo à moral do senhor, a nova moral. (ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo:

Moderna, 2000, p. 286.)

Assinale a alternativa que contenha a descrição da “moral do senhor” para Nietzsche.

a) É caracterizada pelo ódio aos instintos; negação da alegria.

b) É negativa, baseada na negação dos instintos vitais.

c) É transcendental; seus valores estão no além-mundo.

d) É positiva, baseada no sim à vida.

57. (Ufu 2010) Para Marx, o materialismo histórico é a aplicação do materialismo dialético ao campo da história. Conforme Aranha e Arruda (2000) “Marx inverte o processo do senso comum que pretende explicar a história pela ação dos ‘gran-des homens’ ou, às vezes, até pela intervenção divina. Para o marxismo, no lugar das ideias, estão os fatos materiais; no lugar dos heróis, a luta de classes”.

Assim, para compreender o homem é necessário analisar as formas pelas quais ele reproduz suas condições de existên-cia, pois são estas que determinam a linguagem, a religião e a consciência.(ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo:

Moderna, 2000, p. 241.)

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A partir da explicação acima e dos seus conhecimentos sobre o pensamento de Karl Marx, assinale a alternativa que indi-ca, corretamente, os dois níveis de “condições de existência” para Marx.

a) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas relações dos homens entre si e com a natureza; e superestrutura, caracte-rizada pelas estruturas jurídico-políticas e ideológicas.

b) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas relações dos homens entre si e com a natureza; e materialismo dialético, que é na verdade a forma pela qual o homem produz os meios de sobrevivência.

c) Modos de produção, caracterizados pelo pensamento fi-losófico dos socialistas utópicos; e o imperialismo, carac-terística máxima do capitalismo industrial.

d) Imperialismo, característica do capitalismo industrial; e infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas relações dos homens entre si e com a natureza.

58. (Ufu 2010) Segundo Thomas Hobbes, o estado de natureza é caracterizado pela “guerra de todos contra todos”, porque, não havendo nenhuma regra ou limite, todos têm direito a tudo o que significa que ninguém terá segurança de seus bens e de sua vida. A saída desta situação é o pacto ou contrato social, “uma transferência mútua de direitos”.HOBBES, T. Leviatã. Coleção Os Pensadores. Trad. João P. Monteiro e Maria B. N. da Silva.

São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 78-80.

Com base nestas informações e nos seus conhecimentos sobre a obra de Hobbes, assinale a alternativa que caracteriza o pacto social.

a) Pelo pacto social, cria-se o Estado, que continua sendo uma mera reunião de indivíduos somente com laços de sangue.

b) Pelo pacto social, a multidão de indivíduos passa a cons-tituir um corpo político, uma pessoa artificial: o Estado.

c) Pelo pacto social, cria-se o Estado, mas os indivíduos que o compõem continuam senhores de sua liberdade e de suas propriedades.

d) O pacto social pressupõe que o Estado deverá garantir a segurança dos cidadãos, mas em nenhum momento fará uso da força pública para isso.

59. (Ufu 2010)Leia com atenção o texto a seguir.

A finalidade da política não é, como diziam os pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, mas, como sempre souberam os políticos, a tomada e manutenção do poder. O verdadeiro príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder [...].

(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. 396.)

A respeito das qualidades necessárias ao príncipe maquiave-liano, é correto afirmar:

a) O príncipe precisa ter fé, ser solidário e caridoso, almejan-do a realização da virtude cristã.

b) O príncipe deve ser flexível às circunstâncias, mudando com elas para dominar a sorte ou fortuna.

c) O príncipe precisa unificar, em todas as suas ações, as virtudes clássicas, como a moderação, a temperança e a justiça.

d) O príncipe deve ser bondoso e gentil, angariando exclusi-vamente o amor e, jamais, o temor do seu povo.

60. (Ufu 2010) Conforme o Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano, Platão emprega a palavra silogismo para definir o raciocínio em geral. Aristóteles, por sua vez, o define como o tipo perfeito de raciocínio dedutivo, “um discurso em que, postas algumas coisas, outras se seguem necessariamen-te.” Considere que a premissa “Todo atleta treina”, sentença universal e afirmativa, é a premissa maior de um silogismo, cuja conclusão é: “Logo, Maria treina”.(ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone C. Benedetti. São

Paulo: Martins Fontes, 2003.)

De acordo com tal definição, assinale a alternativa que indica, corretamente, a premissa menor:

a) Maria não é atleta.

b) Maria não treina.

c) Maria é atleta.

d) Maria é atleta, mas não treina.

61. (Ufu 2009) Marque a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Sócrates.

a) Sócrates estabelece uma ligação muito estreita entre o conhecimento da virtude e a ação humana, a ponto de sustentar que aquele que conhece o que é o correto não pode agir erroneamente, visto que o erro de conduta é fruto da ignorância sobre a verdade.

b) O fim último do método dialético socrático era a refutação do seu interlocutor. Assim sendo, é legítimo afirmar que o reconhecimento da própria ignorância equivale à consta-tação de que a verdade é relativa a cada indivíduo.

c) Sócrates é considerado um divisor de águas na Filosofia graças a sua teoria ética sobre a imobilidade do Ser. Por isso, sua missão sempre foi a investigação de um funda-mento absoluto da moral.

d) Sócrates fazia uso de um método refutativo de investiga-ção, o que significa que seu principal intento era levar o interlocutor à contradição, independentemente se o último estivesse ou não com a razão.

62. (Ufu 2009) Analise as seguintes afirmativas a respeito da lógica de Aristóteles.

I - A forma mediata do pensamento ou raciocínio é chamada, por Aristóteles, de silogismo.

II - Em grego, syllogismóssignifica raciocinar, vem do verbo syl-logizo, que significa reunir, juntar pelo pensamento, conjeturar.

III - O silogismo é um raciocínio indutivo.

IV - O exemplo clássico de silogismo é aquele que contém duas premissas e uma conclusão.

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Marque a alternativa correta.

a) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras.

b) Somente a afirmativa III é falsa.

c) Todas as afirmativas são falsas.

d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.

63. (Ufu 2009)Leia atentamente o texto a seguir.

“Logo, o que é primeiramente, isto é, não em sentido determi-nado, mas sem determinações, deve ser a substância.

Ora, em vários sentidos se diz que uma coisa é primeira, e em todos eles o é a substância: na definição, na ordem de conhecimento, no tempo.”ARISTÓTELES. Metafísica. (1028a 30-35). Tradução de Leonel Vallandro. Porto Alegre:

Globo, 1969. p.147-148.

De acordo com o pensamento de Aristóteles, marque a alter-nativa incorreta.

a) Para Aristóteles, o conhecimento somente é possível ten-do por objeto as substâncias, pois dos acidentes não é possível se fazer ciência.

b) A substância, ao contrário do acidente, é a categoria por meio da qual sabemos o que uma coisa é, pois é a partir da substância que definimos uma coisa.

c) Pode-se dizer que, para a metafísica aristotélica, a subs-tância é a característica necessária de uma coisa, uma vez que nos indica em que sentido uma coisa é.

d) Segundo a metafísica aristotélica, a definição de cada ser é apreendida pela ordenação e classificação de suas ca-racterísticas acidentais.

64. (Ufu 2009) Santo Tomás de Aquino, nascido em 1224 e fa-lecido em 1274, propôs as cinco vias para o conhecimento de Deus. Estas vias estão fundamentadas nas evidências sensíveis e racionais. A primeira via afirma que os corpos inanimados podem ter movimento por si mesmos. Assim, para que estes corpos tenham movimento é necessário que algo os mova. Esta concepção leva à necessidade de um primeiro motor imóvel, isto é, algo que mesmo não sendo movido por nada pode mover todas as coisas.

Sobre a primeira via, que é a do movimento, marque a alter-nativa correta.

a) Para que os objetos tenham movimento é necessário que algo os mova; dessa forma, entende-se que é necessário um primeiro motor. Logo, podemos entender que Deus não é necessário no sistema.

b) Para Santo Tomás, os objetos inanimados movem-se por si mesmos e esse fenômeno demonstra a existência de Deus.

c) A demonstração do primeiro motor não recorre à sensibili-dade, dispensando toda e qualquer observação da nature-za, uma vez que sua fundamentação é somente racional.

d) Conforme o argumento da primeira via podemos concluir que Deus é o motor imóvel, o qual move todas as coisas, mas não é movido.

65. (Ufu 2009)Leia o texto a seguir sobre o problema dos uni-versais.

“Ockham adota o nominalismo, posição inaugurada em uma versão mais radical por Roscelino (séc. XII), [que] afirma serem os universais apenas palavras, flatusvocis, sons emitidos, não havendo nenhuma entidade real correspondentes a eles.”MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de

Janeiro: J. Zahar, 2005. p. 132.

Marque a alternativa correta.

a) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, indica um modo de ser das realidades extramentais.

b) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, é apenas um conceito pelo qual nos referimos a esse conjunto.

c) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, determina entidades metafísicas subsistentes.

d) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, determina formas de substância individual existentes.

66. (Ufu 2009) Leia o texto a seguir.

“No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não consultamos a voz de quem fala, a qual soa de fora, mas a verdade que dentro de nós preside à própria mente, incita-dos talvez pela palavra a consultá-la.”De Magistro, Cap. XI, 38, In Os Pensadores, SANTO AGOSTINHO.São Paulo: Nova Cul-

tural, 1987. p. 319.

Marque a afirmativa incorreta.

a) Segundo Agostinho, a verdade não se descobre pela con-sulta das palavras que vêm de fora. O processo da des-coberta da verdade dá-se através da interioridade.

b) Segundo Agostinho, a linguagem humana não tem um poder causal, mas apenas uma função instrumental de utilidade.

c) Segundo Agostinho, a linguagem humana é a condição para conhecer a verdade que dentro de nós preside à própria mente.

d) Segundo Agostinho, a verdade que dentro de nós preside à própria mente pressupõe a iluminação divina e não o recurso à memória.

67. (Ufu 2009) No texto que se segue, Marilena Chauí comenta a estrutura da sensibilidade em Kant.

“A forma da sensibilidade é o que nos permite ter percepções, isto é, a forma é aquilo sem o que não pode haver percepção, sem o que a percepção seria impossível.”

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995. p. 78.

Marque a alternativa que explicita corretamente a forma da sensibilidade para Kant.

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a) A forma da sensibilidade é constituída por impressões e sensações, a partir das quais captamos todos os conteú-dos da experiência possível.

b) A forma da sensibilidade é retirada da experiência, com a qual aprendemos as noções fundamentais de número e extensão.

c) A forma da sensibilidade é constituída pelos cinco sen-tidos, que produzem todas as imagens possíveis da ex-periência.

d) A forma da sensibilidade não é dada pela experiência, mas possibilita a experiência, sendo constituída pelo es-paço e pelo tempo.

68. (Ufu 2009) Em Marx, o conceito de ideologia designa uma forma de consciência invertida, que distorce e encobre as formas de dominação existentes nas relações sociais.

Tomando isso em consideração, marque a alternativa que apresenta corretamente a relação entre os conceitos de es-trutura e superestrutura no pensamento de Marx.

a) Marx afirma que a superestrutura projeta falsamente as relações sociais de produção como justas, e que uma so-ciedade igualitária somente poderá surgir com a revolução da estrutura econômica da sociedade.

b) Marx afirma que a superestrutura jurídica é o fundamento da divisão social do trabalho, e que toda revolução deve principiar com a alteração da legislação que regulamenta a atividade econômica.

c) Marx afirma que os homens retêm em sua consciência uma imagem transparente das relações sociais de produ-ção, e que somente a alteração da consciência de cada indivíduo pode conduzir à revolução dessas relações so-ciais de produção.

d) Marx afirma que a democracia burguesa e os partidos po-líticos são o motor da história. Logo, toda revolução social principia no domínio político, que é a esfera em que podem se manifestar legitimamente os conflitos de interesses.

69. (Ufu 2009)Na Filosofia Política de Jean-Jacques Rousseau, para que o Contrato Social se concretize, uma das condi-ções necessárias é a de que cada um aceite ceder todos os seus direitos em favor do Soberano.

A partir da afirmação acima, marque a alternativa incorreta.

a) Isso significa que o Soberano, que é necessariamente o Rei, terá direito a qualquer ação, pois não é limitado por nenhum contrato.

b) Apesar de cederem todos os seus direitos, os homens não são prejudicados, pois todos devem ceder seus di-reitos igualmente.

c) Os homens, apesar de se submeterem ao Soberano, são livres, pois são partícipes da autoridade Soberana.

d) Os homens, ao obedecerem as leis, são livres, porque obedecem a si mesmos.

70. (Ufu 2009)Leia o texto a seguir.

“Locke vai estabelecer a distinção entre a sociedade política e a sociedade civil, entre o público e o privado, que devem ser regidos por leis diferentes. Assim o poder político não deve, em tese, ser determinado pelas condições de nascimento, bem como o Estado não deve intervir, mas sim garantir e tu-telar o livre exercício da propriedade, da palavra e da iniciativa econômica.”ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1986. p.

248.

Marque a alternativa que interpreta esse texto corretamente.

a) As leis que regem a sociedade civil e a sociedade política devem ser, rigorosamente, as mesmas.

b) A distinção entre a sociedade política e a sociedade civil fundamenta o direito à liberdade dos indivíduos, pois mes-mo que pertençam a um corpo político permanecem livres.

c) O poder político deve ser determinado pelo nascimento dos cidadãos.

d) Quando adentra a sociedade, o indivíduo abre mão de sua liberdade, de seus bens e de suas propriedades que passam a ser controlados somente pelo Estado.

71. (Ufu 2008) Sobre o pensamento de Heráclito de Éfeso, mar-que a alternativa INCORRETA.

a) Segundo Heráclito, a realidade do Ser é a imobilidade, uma vez que a luta entre os opostos neutraliza qualquer possibilidade de movimento.

b) Heráclito concebe o mundo como um eterno devir, isto é, em estado de perene movimento. Nesse sentido, a imo-bilidade apresenta-se como uma ilusão.

c) Para Heráclito, a guerra (pólemos) é o princípio regulador da harmonia do mundo.

d) Segundo Heráclito, o um é múltiplo e o múltiplo é um.

72. (Ufu 2008)Leia atentamente o texto a seguir.

Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema da ontologia. A experiência não lhe apresentava em nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas, do fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele precisava existir: uma conclusão que repou-sa sobre o pressuposto de que nós temos um órgão de co-nhecimento que vai à essência das coisas e é independente da experiência. Segundo Parmênides, o elemento de nosso pensamento não está presente na intuição mas é trazido de outra parte, de um mundo extrassensível ao qual nós temos um acesso direto através do pensamento.NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos gregos. Trad. Carlos A. R. de Moura.

In Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 151. Coleção Os Pensadores

Marque a alternativa INCORRETA.

a) Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem, porque é impossível a Verdade residir naquilo que Não-é: somente o Ser pode ser pensado e dito.

b) Pode-se afirmar com segurança que Parmênides rejeita a experiência como fonte da verdade, pois, para ele, o Ser não pode ser percebido pelos sentidos.

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c) Parmênides é nitidamente um pensador empirista, pois afirma que a verdade só pode ser acessada por meio dos sentidos.

d) O pensamento, para Parmênides, é o meio adequado para se chegar à essência das coisas, ao Ser, porque os dados dos sentidos não são suficientes para apreender a essência.

73. (Ufu 2008) Leia o trecho a seguir.

E que existe o belo em si, e o bom em si, e, do mesmo modo, relativamente a todas as coisas que então postulamos como múltiplas, e, inversamente, postulamos que a cada uma cor-responde uma ideia, que é única, e chamamos-lhe a sua es-sência (507b-c).PLATÃO. República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 8ª ed. Lisboa: Fundação

CalousteGulbenkian. 1996.

Marque a alternativa que expressa corretamente o pensamen-to de Platão.

a) Somente por meio dos sentidos, em especial da visão, pode o filósofo obter o conhecimento das ideias.

b) No pensamento platônico, o conhecimento das ideias permite ao filósofo discernir a unidade inteligível em face da multiplicidade sensível.

c) Para que a alma humana alcance o conhecimento das ideias, ela deve elevar-se às alturas do inteligível, o que somente é possível após a morte ou por meio do contato com os deuses gregos.

d) Tanto a dialética quanto a matemática elevam o conheci-mento ao inteligível; mas, somente a matemática, por seu caráter abstrato, conduz a alma ao princípio supremo: a ideia de Bem.

74. (Ufu 2008)O texto que segue refere-se às vias da prova da existência de Deus.

As cinco vias consistem em cinco grandes linhas de argu-mentação por meio das quais se pode provar a existência de Deus. Sua importância reside sobretudo em que supõe a pos-sibilidade de se chegar no entendimento de Deus, ainda que de forma parcial e indireta, a partir da consideração do mundo natural, do cosmo, entendido como criação divina.MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio deJa-

neiro: Jorge Zahar, 1999. p. 67.

A partir do texto, marque a alternativa correta.

a) As cinco vias são argumentos diretos e evidentes da exis-tência de Deus.

b) Tomás de Aquino formula as cinco vias da prova da exis-tência de Deus, utilizando, sistematicamente, as passa-gens bíblicas para fundamentar seus argumentos.

c) As cinco vias partem de afirmações gerais e racionais sobre a existência de Deus, para chegar a conclusões sobre as coisas sensíveis, particulares e verificáveis sobre o mundo natural.

d) Tomás de Aquino formula as argumentações que provam a existência de Deus sob a influência do pensamento de Aristóteles, recorrendo não à Bíblia, mas, sobretudo, à Metafísica do filósofo grego.

75. (Ufu 2008)Leia o trecho extraído da obra Confissões.

Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa resposta: Está gravada dentro de nós a luz do vosso rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a todo homem, mas somos ilumi-nados por Vós. Para que sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas.SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova Cultural,1987. 4, l0. p.154. Coleção

Os Pensadores

Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho, marque a alternativa correta.

a) A irradiação da luz divina faz com que conheçamos ime-diatamente as verdades eternas em Deus. Essas verda-des, necessárias e eternas, não estão no interior do ho-mem, porque seu intelecto é contingente e mutável.

b) A irradiação da luz divina atua imediatamente sobre o inte-lecto humano, deixando-o ativo para o conhecimento das verdades eternas. Essas verdades, necessárias e imutá-veis, estão no interior do homem.

c) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz re-cordar as verdades eternas que a alma possuía antes de se unir ao corpo.

d) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz recor-dar as verdades eternas que a alma possuía e que nela permanecem mediante os ciclos da reencarnação.

76. (Ufu 2008) Leia atentamente o texto a seguir.

A partir dessa intuição primeira (a existência do ser que pen-sa), que é indubitável, Descartes distingue os diversos tipos de ideias, percebendo que algumas são duvidosas e confu-sas e outras são claras e distintas.ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. Introdução à Filosofia. São Paulo:

Moderna, 1993. p. 104.

A primeira ideia clara e distinta encontrada por Descartes no trajeto das meditações é

a) a ideia do cogito (coisa pensante), pois na medida em que duvida, aquele que medita percebe que existe.

b) a ideia de coisa extensa, porque tudo aquilo que possui extensão é imediatamente claro e distinto.

c) a ideia de Deus, porque Deus é a primeira realidade a interromper o procedimento da dúvida, no qual se lança aquele que se propõe meditar.

d) a ideia do gênio maligno, porque somente através dele Descartes consegue suprimir o processo da dúvida radical.

77. (Ufu 2008) Leia atentamente o texto a seguir sobre a teoria do hábito em David Hume.

E é certo que estamos aventando aqui uma proposição que, se não é verdadeira, é pelo menos muito inteligível, ao afirmar-mos que, após a conjunção constante de dois objetos – calor e chama, por exemplo, ou peso e solidez –, é exclusivamente o hábito que nos faz esperar um deles a partir do aparecimen-to do outro.HUME, D. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. São

Paulo: Editora UNESP, 2004. p. 75.

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Com base na Teoria de Hume e no texto acima, marque a alternativa INCORRETA, ou seja, aquela que de modo algum pode ser uma interpretação adequada desse texto.

a) A conjunção constante entre dois objetos explica a força do hábito e, consequentemente, o procedimento da in-ferência.

b) A hipótese do hábito é consequente com a teoria de Hume, de que todo o nosso conhecimento é construído por experiência e observação.

c) Se a causalidade fosse construída a priori e de modo necessário, não seria preciso recorrer à experiência e à repetição para que de uma causa fosse extraído o res-pectivo efeito.

d) O hábito jamais pode ser a base da inferência. Em virtude disso, os conceitos de causa e efeito jamais podem se aplicar a qualquer objeto da experiência.

78. (Ufu 2008) Com base na teoria de Hobbes e no texto a seguir, marque a alternativa correta.

O que Hobbes quer dizer falando de “guerra de todos contra todos”, é que, sempre onde existirem as condições que ca-racterizam o estado de natureza, este é um estado de guerra de todos os que nele se encontram.

BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 36.

a) O estado de natureza e o estado de guerra estão relacio-nados apenas a alguns homens.

b) Hobbes caracteriza a “guerra de todos contra todos” como algo que pode sempre existir.

c) A “guerra de todos contra todos” independe de condições para existir.

d) O estado de natureza caracteriza-se pela ausência de guerra.

79. (Ufu 2008)Considere o texto a seguir.

Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existisse, tudo seria per-mitido”. Eis o ponto de partida do existencialismo. De fato, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não en-contra desculpas.SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo. Trad. De Rita Correia Guedes.

São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 9.

Tomando o texto acima como referência, marque a alternativa correta.

a) Nesse texto, Sartre quer mostrar que sua teoria da liberda-de pressupõe que o homem é sempre responsável pelas escolhas que faz e que nenhuma desculpa deve ser usa-da para justificar qualquer ato.

b) O existencialismo é uma doutrina que propõe a adoção de certos valores como liberdade e angústia. Para o exis-tencialismo, a liberdade significa a total recusa da respon-sabilidade.

c) Defender que “tudo é permitido” significa que o homem não deve assumir o que faz, pois todos os homens são essencialmente determinados por forças sociais.

d) Para Sartre, a expressão “tudo é permitido” significa que o homem livre nunca deve considerar os outros e pode fazer tudo o que quiser, sem assumir qualquer respon-sabilidade.

80. (Ufu 2008) Leia o texto a seguir.

Deixando de lado as discussões sobre governos e gover-nantes ideais, Maquiavel se preocuparia em saber como os homens governam de fato, quais os limites do uso da violên-cia para conquistar e conservar o poder, como instaurar um governo estável, etc.

CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006. p. 200.

Marque a alternativa que descreve corretamente o objetivo de Maquiavel.

a) De acordo com Chalita, Maquiavel examina a política de forma a dar continuidade às análises da tradição filosófica.

b) Conforme Chalita, o pensador florentino tem por objetivo demonstrar como um Príncipe deve conquistar e manter o poder, tratando-o como uma realidade concreta.

c) Como observamos no texto, a obra de Maquiavel é ino-vadora por definir o que é o governo e quem são os go-vernantes ideais.

d) De acordo com o texto, pode-se observar que Maquiavel não admite o uso da violência para conquistar e conservar o poder.

81. (Ufu 2007) Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e V a. C. e sua doutrina, apesar de criticada pela filosofia clássi-ca, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a Dialética. Os dois fragmentos a seguir nos apresentam este pensamento.

- “Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e ne-nhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eterna-mente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medi-da.” (fragmento 30).

- “Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, for-ma-se a água, e da água a alma.” (fragmento 36).

De acordo com o pensamento de Heráclito, marque a alter-nativa incorreta.

a) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em per-feito acordo sobre a imutabilidade do ser.

b) Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa que nada permanece fixo e imóvel.

c) Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos contrários, isto é, a permanente conciliação dos opostos.

d) A expressão “devir” é adequada para compreendermos a doutrina de Heráclito.

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82. (Ufu 2007) O trecho seguinte, do diálogo platônico Górgias, refere-se ao modo de filosofar de Sócrates.

“Assim, Cálicles, desmanchas o nosso convênio e te desqua-lificas para investigar comigo a verdade, se externares algo contra tua maneira de pensar.”

PLATÃO. Górgias. Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2002, p. 198, 495a.

Marque a alternativa que expressa corretamente o procedi-mento filosófico empregado por Sócrates.

a) A base da filosofia socrática é a educação mediante os discursos políticos e jurídicos encenados nos tribunais atenienses. Sócrates parte das proposições dos adver-sários para encontrar um discurso oposto que seja retori-camente persuasivo.

b) A base da filosofia socrática é a procura da verdade acer-ca do conhecimento da Natureza e da maneira de pensar sobre os princípios racionais que governam o cosmos a partir do conhecimento acumulado pelos filósofos ante-riores.

c) A base da filosofia socrática é a refutação, a partir de um convênio em busca da verdade, de todas as proposições de seus interlocutores com o intuito de demonstrar que o conhecimento das questões morais é impossível.

d) A base da filosofia socrática é a procura da perfeição da alma, mediante o exame de si mesmo e dos concida-dãos, que é a condição da excelência moral. A refutação socrática é, sobretudo, um modo de testar a verdade da excelência da vida.

83. (Ufu 2007)O trecho a seguir, do diálogo platônico Fédon, concerne ao modo de aquisição do conhecimento.

“É preciso, portanto, que tenhamos conhecido a igualdade antes do tempo em que, vendo pela primeira vez objetos iguais, observamos que todos eles se esforçavam por alcan-çá-la, porém lhe eram inferiores.”

PLATÃO. Fédon. Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2002, p. 275, 75a.

A partir do fragmento apresentado, marque a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Platão sobre o co-nhecimento.

a) Platão não distingue a realidade inteligível de outra sensí-vel. O conhecimento é o produto das sensações. O co-nhecimento nada mais é do que a reminiscência dessas sensações.

b) Platão distingue uma realidade inteligível de outra sensível. O conhecimento de todas as coisas só é possível porque as percepções advindas dos sentidos desencadeiam a reminiscência das Formas inteligíveis, apreendidas pela razão antes do nascimento.

c) Platão distingue duas ordens de realidade: o mundo sen-sível e a alma. O conhecimento de todas as coisas só é possível porque as sensações informam a alma sobre o mundo sensível e, a partir disso, formam a reminiscência.

d) Platão distingue duas ordens de realidade: o mundo sen-sível e o mundo dos deuses. O conhecimento só é pos-sível porque a alma recebe uma informação divina antes que tenha percebido os objetos sensíveis, pois todo co-nhecimento vem dos deuses.

84. (Ufu 2007)Sobre Tomás de Aquino, considere o seguinte trecho, extraído de uma conhecida História da Filosofia.

“O sistema tomista baseia-se na determinação rigorosa das relações entre a razão e a revelação. Ao homem, cujo fim úl-timo é Deus, o qual excede toda a compreensão da razão, não basta a investigação filosófica baseada na razão. Mesmo aquelas verdades que a razão pode alcançar sozinha, não é dado a todos alcançá-las, e não está livre de erros o caminho que a elas conduz. Foi, portanto, necessário que o homem fosse instruído convenientemente e com mais certeza pela re-velação divina. Mas a revelação não anula nem torna inútil a razão: ‘a graça não elimina a natureza, antes a aperfeiçoa’. A razão natural subordina-se à fé tal como no campo prático as inclinações naturais se subordinam à caridade.”

ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia . Lisboa: Presença, 1978, p. 29-30, Vol. IV.

Com base no texto, é correto afirmar que Tomás de Aquino

a) rejeitava as verdades da fé cristã que não pudessem ser explicadas plenamente pela razão humana.

b) desprezava, por serem inúteis, as tentativas racionais em compreender as verdades da fé cristã.

c) buscava conciliar as verdades da fé cristã com as exigên-cias da razão humana.

d) subordinava a fé à razão natural, só sendo digno de cren-ça o que pudesse ser cientificamente comprovado.

85. (Ufu 2007) Sobre a questão dos universais na Idade Média, considere o texto a seguir e marque a alternativa correta.

“Resume-se, frequentemente, a contribuição histórica de Guilherme de Ockham ao ‘nominalismo’. Sem ser falsa, esta visão é insuficiente. É incontestável que, para Guilherme de Ockham, existem apenas seres singulares e substâncias indi-viduais ou qualidades particulares. Mas seu impacto repousa mais fundamentalmente num tipo de análise da linguagem da qual ele é ao mesmo tempo o teórico e um de seus pratican-tes mais finos.”BIARD, Jöel. “Guilherme de Ockham”.In: LABRUNE, Monique & JAFFRO, Laurent (coord.). A construçãoda filosofia ocidental (GradusPhilosophicus). São Paulo: Mandarim, 1996, p. 166.

a) Entre os filósofos da Idade Média, são considerados nomi-nalistas, além de Guilherme de Ockham, Tomás de Aqui-no e Duns Scot.

b) Segundo o texto citado, é falso classificar Guilherme de Ockham entre os adeptos do nominalismo.

c) No âmbito da chamada “questão dos universais”, a po-sição oposta à de Guilherme de Ockham é conhecida como “conceptualismo”.

d) O nominalismo de que fala o texto é a tese segundo a qual os conceitos universais não têm existência fora da mente.

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86. (Ufu 2007) “Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria neces-sariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, no-tando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filo-sofia que procurava.”DESCARTES. R. Discurso do método. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural,

1987, p. 46.

Considerando a citação acima, é correto afirmar que

a) pautando-se pelo exemplo dos céticos, Descartes não pretende encontrar nenhum conhecimento, pois quer apenas pensar que tudo é falso.

b) na tentativa de pôr tudo em dúvida, Descartes não conse-gue duvidar da existência do cogito (eu penso).

c) o pensamento de Descartes se restringe à constatação de que toda informação sensível e corpórea é falsa.

d) na busca do primeiro princípio da Filosofia, Descartes põe o próprio cogito (eu penso) em dúvida.

87. (Ufu 2007) O pensamento político de John Locke contém uma teoria da cidadania que anuncia certos aspectos da fi-losofia do século XVIII. Pela anuência à vida civil e pela con-fiança que deposita no poder público, o indivíduo se faz cida-dão. Incorporando-se livremente ao corpo político, cada um participa de sua gestão: alcança assim a dignidade política.

Acerca do pensamento de Locke, considere o texto acima e marque a alternativa correta.

a) Um governante que usa, à margem da lei, a força contra os interesses de seus súditos destrói sua própria autorida-de. O súdito tem o direito a resistir-lhe.

b) O contrato tem a finalidade de instituir a vida ética no seio do Estado.

c) Locke afirma que o contrato emerge da base material da so-ciedade, independentemente das decisões dos indivíduos.

d) A transferência de poder torna-se irrevogável após o con-trato, porque a soberania é ilimitada e absoluta.

88. (Ufu 2007) Qual é a diferença entre o conceito de movimen-to histórico, em Hegel, e o de processo histórico, em Marx?

a) Para Hegel, através do trabalho, os homens vão construin-do o movimento da produção da vida material e, assim, o movimento histórico. Para Marx, a consciência determina cada época histórica, desenvolvendo o processo histórico.

b) Para Hegel, a História pode sofrer rupturas e ter retroces-sos, por isso utiliza-se do conceito de movimento da base econômica da sociedade. Marx acredita que o modo de produção encaminhe para um objetivo final, que é a con-cretização da Razão.

c) Para Hegel, a História tem uma circularidade que não per-mite a continuidade. Para Marx, a História é construída pelo progresso da consciência dos homens que formam o processo histórico.

d) Para Hegel, a História é teleológica, a Razão caminha para o conceito de si mesma, em si mesma. Marx não tem uma visão linear e progressiva da História, sendo que, para ele, ela é processo, depende da organização dos homens para a superação das contradições geradas na produção da vida material, para transformar ou retroceder historicamente.

89. (Ufu 2007) Em relação ao conceito de História e de luta de classes em Marx, marque a alternativa correta.

a) A luta de classes movimenta a História na medida em que expressa, no interior da sociedade, o conflito entre forças produtivas e meios de produção.

b) A burguesia constitui o principal motor da História desde a antiguidade, marcando todas as fases do desenvolvimen-to econômico do mundo ocidental.

c) Destituído dos meios de produção, o proletariado tem papel irrelevante na passagem do capitalismo para o so-cialismo.

d) O socialismo caracteriza-se pela inversão das relações sociais de produção, de tal modo que o proletariado as-sumirá o papel histórico da burguesia, e esta o do papel histórico do proletariado.

90. (Ufu 2007)Antonio Gramsci, filósofo político do século pas-sado, proferiu o seguinte comentário a respeito de Maquiavel:

“Maquiavel não é um mero cientista; ele é um homem de par-ticipação, de paixões poderosas, um político prático, que pre-tende criar novas relações de força e que por isso mesmo não pode deixar de se ocupar com o ‘deve ser’, que não deve ser entendido em sentido moralista. Assim, a questão não deve ser colocada nestes termos, é mais complexa: trata-se de considerar se o ‘dever ser’ é um ato arbitrário ou necessário, é vontade concreta, ou veleidade, desejo, sonho. O político em ação é um criador, um suscitador; mas não cria do nada, nem se move no vazio túrbido dos seus desejos e sonhos. Baseia-se na realidade factual.”GRAMSCI, A. Maquiavel. A política e o Estado moderno. 5. ed. Trad. de Luiz Mário Gazza-

neo. Riode Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. p. 42/43.

Considerando o texto de Gramsci, marque a alternativa correta.

a) O poder da paixão do político prático é visto por Maquiavel como o único caminho para o poder, isto significa que o príncipe deve agir guiado pelas suas veleidades e desejos que alimentam o seu sonho de poder.

b) Maquiavel não trata o “deve ser” na perspectiva ontológica da filosofia clássica. O juízo moral se submete às condi-ções concretas que se apresentam para a conquista e a conservação do poder do Estado pelo príncipe moderno.

c) A realidade factual não deve ser vista como o conjunto das forças históricas. Elas podem ser desprezadas porque o príncipe é dotado de sabedoria suficiente para prescindir delas e agir motivado apenas pelos seus desejos.

d) O príncipe é um homem de criação, que dá forma ao “dever ser” e rompe a distância que separa o sonho da realidade, porque tudo aquilo que ele quer, ele faz inde-pendente da realidade factual em que se insere a ação política.

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91. (Ufu 2006)“— Supõe então uma linha cortada em duas par-tes desiguais; corta novamente cada um desses segmentos segundo a mesma proporção, o da espécie visível e o da inteligível...”

PLATÃO. A República, (509e). Lisboa: CalousteGulbenkian, 1996.

O seguinte diagrama, conhecido como “símile da linha”, repre-senta a descrição que é feita na citação acima da República, na qual Platão distingue o mundo inteligível do mundo visível.

Escolha a alternativa que melhor explica o esquema da “Linha” dividida.

a) O segmento representa a realidade inteligível e se divide em opiniões filosóficas e Ideias. O segmento representa o mundo visível e se divide em percepções e sensações.

b) O segmento representa a realidade e as imagens míticas. O segmento representa a realidade filosófica e as mate-máticas, que usam as percepções sensíveis e asFormas.

c) O segmento refere-se às imagens e às coisas visíveis, que geram a suposição e a opinião. O segmento corres-ponde ao inteligível e às Formas, apreendidas pelo pen-samento e intelecção.

d) O segmento corresponde à proporção entre coisas visí-veis e coisas invisíveis que compõem o mundo. O seg-mento representa as Ideias, que são imitações e imagens do mundo visível e compõem o mundo inteligível.

92. (Ufu 2006)Considere as seguintes afirmações de Aristóteles e assinale a alternativa correta.

I. “... é a ciência dos primeiros princípios e das primeiras cau-sas.”

II. “... é a ciência do ser enquanto ser.”

Que ciência é essa ou quais ciências são essas?

a) A Ética ou a Política.

b) A Física e a Metafísica.

c) A História e a Metafísica.

d) A Filosofia Primeira ou a Metafísica.

93. (Ufu 2006) A respeito do papel da proposição na lógica de Aristóteles (384 − 322 a.C), assinale a alternativa incorreta.

a) Verdade e falsidade são atributos necessários de uma proposição.

b) Somente são aceitas nos argumentos as proposições uni-versais afirmativas.

c) Qualidade (afirmativas/negativas) e quantidade (universais/particulares) são modos de classificar as proposições.

d) Os termos de uma proposição são o Sujeito e o Predi-cado.

94. (Ufu 2006) “Em sua teoria do conhecimento, Tomás de Aquino substitui a doutrina da iluminação divina pela da abs-tração, de raízes aristotélicas: a única fonte de conhecimento humano seria a realidade sensível, pois os objetos naturais encerrariam uma forma inteligível em potência, que se revela, porém, não aos sentidos que só podem captá-la individual-mente - mas ao intelecto.”INÁCIO, Inês C. e LUCA, Tânia Regina de. O pensamento medieval. São Paulo: Ática,

1988, p. 74.

Considerando o trecho citado, assinale a alternativa verdadeira.

a) O texto faz referência à influência de Aristóteles no pensa-mento de Tomás de Aquino, que se opõe, em muitos pon-tos, à tradição agostiniana, que tinha influência de Platão.

b) O texto expõe a doutrina da iluminação, formulada por Tomás de Aquino para explicar a origem de nosso co-nhecimento.

c) Para Tomás de Aquino, a realidade sensível é apenas uma cópia enganosa da verdadeira realidade que se encontra na mente divina.

d) Tomás de Aquino substitui a doutrina da iluminação pela teoria da abstração aristotélica, a fim de mostrar que a fé em Deus é incompatível com as verdades científicas.

95. (Ufu 2006) Considere as seguintes afirmativas a respeito da questão dos universais na Idade Média.

I. A questão dos universais é a maneira como os pensadores medievais, especialmente durante o período da Escolástica, trataram relação entre as palavras e as coisas.

II. Os filósofos realistas eram aqueles pensadores que consi-deravam os universais como entidades realmente existentes, separadas das coisas que eles designavam.

III. O realismo é uma posição filosófica que, de certo modo, deriva da filosofia de Platão.

Assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas são verdadeiras. b) Somente as alternativas I e II são verdadeiras. c) Somente as alternativas I e III são verdadeiras.

d) Somente a alternativa I é verdadeira.

96. (Ufu 2006) Leia com atenção o texto abaixo e assinale a alternativa correta.

“De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de ter exami-nado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.”

DESCARTES. Meditações Metafísicas. Nova Cultural: São Paulo, 1988, p. 47.

Segundo Descartes, podemos dizer que a ideia da existência do eu ou do cogito (eu penso)

a) é fictícia ou inventada e composta.

b) é inata ou congênita e composta.

c) é adventícia ou empírica e simples.

d) é inata ou congênita e simples.

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97. (Ufu 2006)Leia com atenção o texto de Locke abaixo.

“Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que estado todos os ho-mens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-lhe as ações e regular-lhes as posses e as pessoas conforme acharam conveniente, dentro dos limites da lei da natureza, sem permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem.”

LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 35.

Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento de Locke.

a) A condição natural do homem é estar sob a dependência da vontade de outro homem.

b) Locke separa a origem do Estado da condição natural do homem.

c) Locke concilia a liberdade dos homens com os limites da lei de natureza, que não dependem da vontade dos homens.

d) A origem do poder político está desvinculada do que é conveniente aos homens.

98. (Ufu 2006) Leia o texto de Hobbes transcrito abaixo:

“O fim último, causa final e desígnio dos homens (que amam a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Es-tados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita.”

HOBBES, T. Leviathan, São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 103.

Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento de Hobbes.

a) Viver fora de um Estado é o desígnio final de muitos ho-mens.

b) A vida mais satisfeita é alcançada pelo exercício sem limi-tes da liberdade.

c) A restrição que os homens impõem a sua própria liberda-de é compatível com sua vivência sob um Estado.

d) Os homens não se preocupam com sua conservação, mas em construir um Estado para ter uma vida melhor.

99. (Ufu 2006) “(...) não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos nem atrás de nós, nem na nossa frente, no reino luminoso dos valores, nenhuma justificativa e nenhuma des-culpa. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso ex-pressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é res-ponsável por tudo o que faz”.SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 3ª ed. São Paulo: Nova Cultural,

1987, p. 9.

Tomando o texto acima como referência, assinale a alternativa correta.

a) Sartre afirma que o homem está condenado a ser livre e que, por esta razão, deve ser responsável por tudo o que acontece ao seu redor.

b) Sartre considera que o homem não é responsável por seus atos, “porque não se criou a si mesmo”, sendo, por esta razão, totalmente livre.

c) Ao dizer que “(...) não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta”, Sartre defende que o existencialismo não admite qualquer valor, nem a liberdade.

d) O existencialismo de Sartre defende a tese da absolu-ta responsabilidade do homem em relação aos atos que pratica, porque sua moral parte do princípio de uma liber-dade coerente e comprometida com o bem comum.

100. (Ufu 2006)Analise a seguinte afirmação de Maquiavel.

“Eu sei que cada qual reconhecerá que seria muito de louvar que um príncipe possuísse, entre todas as qualidades referi-das, as que são tidas como boas; mas a condição humana é tal, que não consente a posse completa de todas elas, nem ao menos a sua prática consistente; é necessário que o prín-cipe seja tão prudente que saiba evitar os defeitos que lhe arrebatariam o governo e praticar qualidades próprias para lhe assegurar a posse deste, se lhe é possível; mas, não poden-do, com menor preocupação, pode-se deixar que as coisas sigam seu curso natural.”

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Trad. de Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 64.

Assinale a alternativa correta.

a) O príncipe é um homem de virtú, que deve voltar o seu ânimo para a direção que a fortuna o impelir, pois a con-quista e a conservação do Estado podem implicar ações más.

b) O príncipe é um estadista sem princípios, cujas ações são destituídas de qualquer valor de conduta, dando vazão às suas paixões sem levar em conta o bem-estar do povo.

c) O príncipe pode fazer aquilo que bem entender, pois a maior virtude do governante é a capacidade de provocar o ódio dos súditos, que são violentamente reprimidos pela força das armas.

d) O príncipe não precisa praticar a piedade, a fidelidade, a humanidade, pode até desprezar a devoção religiosa, não precisando nem mesmo aparentá-las em suas ações.

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01 [D]

Locke deixa muito claro em sua teoria contratualistas que a proprie-dade consiste em um direito natural, assim como a vida e a liberdade. Assim sendo, ela não decorre de nenhum pacto realizado entre os homens, que será realizado posteriormente no intuito de proteger os direitos já existentes na natureza. Para o autor o que legitima a pro-priedade é o trabalho que o homem emprega para produzi-la, e isso só é possível porque a primeira propriedade concernente a cada um é a do seu próprio corpo.

02 [B]

Descartes se utiliza, nas suas meditações metafísicas, da dúvida me-tódica. Começa pelos sentidos, passa pelo corpo, e chega a duvidar das ideias matemáticas. No entanto, enquanto se esforça por negar a tudo, termina por não poder recusar a verdade de que, enquanto duvida, pensa, enquanto pensa, existe. O pensamento, ainda que esteja sendo submetido ao engano, não pode ser recusado enquanto procedimento, e é a primeira certeza clara e distinta atingida pelo filó-sofo francês, a pedra angular do alicerce da sua filosofia racionalista.

03 [C]

David Hume é um filósofo empirista, corrente para a qual os seres humanos nascem com a mente vazia, tábula rasa, folha em branco. Assim sendo, sua filosofia é uma negação da percepção cartesiana, a qual afirma a precedência das ideias inatas com relação à experiência. De acordo com Hume existem duas formas de percepção do mundo, as imediatas, denominadas de impressões, mais fortes e mais vivas, e as mediadas pelo cérebro, denominadas de ideias, menos fortes e menos vivas. O ser humano alcança a sua autonomia trabalhando com as ideias, que são, direta ou indiretamente, derivadas das im-pressões sensíveis.

04 [A]

Marx usa a metáfora do edifício para negar a separação, defendida por diversos filósofos, entre sociedade civil e Estado, este último exis-tindo como algo autônomo com relação à primeira. Nesse sentido, a estrutura econômica, base sobre a qual se ergue o restante da so-ciedade, determina as estruturas político-jurídica e ideológica que se erguem sobre ela, ao mesmo tempo em que é determinada por elas. A relação é de determinação mútua, e a melhor palavra seria condi-cionamento. O que precisa ficar claro é que a forma como os homens produzem e reproduzem sua existência condiciona os demais cam-pos da vida humana, sejam jurídicos, políticos ou ideológicos, que é o que era essencial para a resolução da questão.

05 [B]

Nietzsche é um dos mais ferrenhos críticos da moral ocidental, afir-mando que o conjunto de valores que começa a aparecer com Só-crates e Platão e que se consolida com o cristianismo, que ele deno-mina de moral do escravo, conduz a um enfraquecimento do homem, já que o leva a negar o aqui e agora do corpo para projetar a felicidade em um campo transcendente de realidade, em promessas metafísi-cas realizadas historicamente pela religião ou pela filosofia. Para supe-rar essa moral enfraquecedora, o filósofo propõe a transvaloração, a negação dos valores decadentes, que só pode ser realizada por um homem que vá além dos padrões morais do seu tempo, para que se estabeleçam novos valores que fortaleçam a vida e o bem estar no mundo.

GABARITOSe Comentários

06 [C]

Apesar de não haver ruptura entre mito e filosofia, lembremo-nos, por exemplo, da continuidade com relação ao objeto de estudo, que é o Cosmos, não se pode considerar o antropomorfismo, ou seja, o fato de as divindades gregas terem aspecto humano, como elemento para afirmar que no mito existiam aspectos filosóficos. O mito ocu-pava a função pragmática de explicar o mundo para que os homens pudessem atuar na realidade concreta, ao passo que a filosofia não visa, como campo de conhecimento, satisfazer qualquer utilidade, mas surge, como bem nos lembram Platão e Aristóteles, do nosso espanto ou admiração diante da realidade.

07 [D]

Parmênides é o fundador do princípio de identidade no ocidente, que afirma que aquilo que é deve ser sempre idêntico a si mesmo. Na verdade a reflexão realizada pelo autor versa sobre o que é assimilado pelos sentidos e o que é conhecido pela razão, diferenciando doxa (opinião) de aletheia (verdade). Em função disso, quando interpreta-mos literalmente o poema, chegamos características como eterno, imóvel, imutável. Ainda que interpretemos de forma mais flexível, o ser não pode ser e não ser idêntico a si mesmo.

08 [B]

O radical meta significa, no contexto, além, o que ultrapassa. Enquan-to a física é a ciência do mais concreto e mais empírico, a metafísica é a ciência do ser no seu sentido mais abstrato, que estuda os seres buscando suas essências últimas, que são exatamente aquilo que não é acessível ao aparato sensorial. Nessa medida tal campo de conhecimento é ciência do ser, das suas causas, e da causa geral de todo movimento, do ser divino ou Primeiro Motor Imóvel. Nesse sentido a metafísica é também teologia.

09 [D]

Apesar da presença do Demiurgo, espécie de artesão do Cosmos a partir das ideias, na teoria de Platão, ou do Primeiro Motor Imóvel em Aristóteles como causa do movimento do Cosmos, não se pode afir-mar que os gregos tivessem uma concepção monoteísta propriamen-te dita. As sociedades antigas eram preponderantemente politeístas. Só com a consolidação do cristianismo no século IV d.C. o ocidente fez realmente a experiência da crença em um único Deus e da ideia de que o homem tem uma dignidade superior aos demais seres.

10 [A]

A questão dos universais foi debatida na Idade Média e contou com três posições distintas: realismo, defendida por Guilherme de Cham-peaux e Anselmo de Cantuária, afirmava que os universais possuem existência própria, à maneira das ideias de Platão, presentes na men-te de Deus; o nominalismo, defendido por Roscelino de Compiègne e Guilherme de Ockham, defendia a hipótese de que só os seres singulares existem, e os termos universais nada mais são do que pa-lavras vazias, rótulos que utilizamos no processo comunicativo; con-ceptualismo ou posição de Pedro Abelardo, que negava a realidade ontológica dos universais mas afirmava sua existência independente enquanto conceitos mentais, elaborados a partir da abstração mental.

11 [D]

Platão divide a realidade em dois planos, o sensível, no qual vivemos, e o inteligível, no qual se encontram as ideias ou formas originais que deram origem a tudo quanto existe no plano concreto no qual nos en-contramos. As coisas sensíveis existem porque participam das ideias

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originais. O conhecimento, desse modo, só é possível acessando as formas, o que se dá em função de nossa alma já ter habitado o plano inteligível antes de se encontrar no corpo. Esse processo de lembrança das ideias a partir do contato com as cópias sensíveis é o que denominamos de reminiscência.

12 [B]

Kant distingue os conceitos de transcendental e transcendente. Este se refere àquilo que se encontra além das possibilidades da experi-ência, tal como Deus ou o infinito. Aquele diz respeito ao estudo das condições necessárias para a realização da própria experiência como tal e, portanto, se refere àquilo que existe em nós a priori, que em Kant são as formas da sensibilidade, tempo e espaço, e as categorias do intelecto ou entendimento. Como Kant realiza a chamada Revolução Copernicana, ele se ocupa de estudar o chamado Sujeito Transcen-dental, ou seja, as condições a priori para a produção da experiência.

13 [C]

Rousseau faz parte da tradição contratualista da filosofia, que trabalha com a ideia da existência anterior de uma condição natural, que foi interrompida por algum motivo e que conduziu à confecção do pacto e à formação da sociedade civil e do Estado. Para Rousseau os ho-mens teriam uma natureza piedosa ou compassiva, e seriam capazes de se preocupar com a situação uns dos outros, sendo a condição natural de harmonia. Para o autor, a fundação da propriedade en-cerrou o estado de natureza e inaugurou uma situação de conflito. Somente um pacto legítimo, com cada um abrindo mão livremente da sua liberdade natural, poderia conduzir os homens a uma liberdade civil adequada. É preciso distinguir nesse autor o tipo de Estado, de-mocrático, garantido pela soberania popular, das formas de governo, monarquia, aristocracia e assembleia. Em qualquer uma das três a democracia pode se consolidar.

14 [A]

Para Hegel, tudo que existe é o resultado do desdobramento do Es-pírito na sua busca por voltar para si mais consciente de si mesmo. Tal processo ocorre de forma dialética, seguindo as etapas da tese, da antítese e da síntese, sendo que esta última é um momento de superação temporária da contradição, reunindo o que há de melhor nos anteriores. Dialética é, desse modo, o próprio funcionamento da realidade, a própria natureza das coisas, e não um método de assi-milação filosófica como ela era concebida em Sócrates ou em Platão.

15 [B]

Tanto para Aristóteles quanto para Platão a filosofia é o resultado da do espanto ou da admiração diante da realidade, posturas entendidas como geradoras de curiosidade, de desejo pelo conhecer desinte-ressado de finalidades pragmáticas. Desse modo, não se trata de um espanto passivo como o daquele que se dobra a uma verdade revelada por uma entidade transcendente, mas sim da admiração do ser humano diante de um cosmos grandioso no qual ele está inserido e o qual ele deseja entender da melhor maneira possível. O espanto foi, desse modo, a condição psicológica para a origem da filosofia.

16 [C]

O existencialismo é definido por Sartre como uma corrente que de-fende a hipótese de que no homem ao contrário dos objetos e dos animais irracionais, a existência precede a essência. Assim sendo, ao nascer o homem não tem nada que lhe determine, e constrói a sua essência a partir do momento em que é socializado e que faz as suas escolhas. Não existe, portanto, uma natureza humana definido-ra, como aparece em Aristóteles, e o que nos define na nossa huma-nidade é o compartilhamento de certa condição, que é a condenação à liberdade. Em função da consciência da liberdade e da responsa-bilidade a condição humana, de acordo com a filosofia existencialista, é fundamentalmente de angústia, o que pode conduzir o indivíduo à má-fé, que é a tentativa de fugir das escolhas, se escondendo em determinismos sociais ou religiosos. O homem, portanto, é o que ele faz de si mesmo, a partir de certas condições.

17 [D]

Heráclito é o grande filósofo do mobilismo, autor que afirma que a realidade está em constante devir, termo que significa vir-a-ser. Desse modo, há um fluxo constante, representado pela imagem do homem que já não é o mesmo ao entrar pela segunda vez em um rio cujas águas já mudaram. Tal fluxo, para o autor, é causado pela luta en-tre polos opostos ou contrários, como a vida e a morte, a noite e o dia, o seco e o úmido. Tais forças não tendem a se equilibrar, o que resultaria no fim do conflito e do movimento, mas se alternam de forma harmoniosa formando a unidade do Cosmos. Isso é possível porque tudo é regulado pelo Logos, que é uma inteligência suprema responsável pelo fluxo da realidade. Como essa mesma inteligência é acessível à nossa mente atenta, desde que fujamos dos enganos dos sentidos, é possível conhecer a realidade tal como é.

18 [B]

Platão divide o homem em corpo e alma, e acredita que a alma, antes de habitar o corpo no mundo sensível, se encontrava no plano inteli-gível, e contemplou todas as ideias, que são os originais de tudo que existe como cópia no nosso plano. Quando a alma entra em contato com o corpo ocorre um processo de esquecimento de tudo que ela vivenciou antes desse evento. No entanto, a partir do momento em que ela entra em contato com as cópias sensíveis, ela pode fazer a reminiscência, ou seja, recordar aquilo que ela já tem no seu interior.

19 [D]

Thomas Hobbes nega a posição aristotélica de que seríamos natural-mente sociáveis. A igualdade presente entre nós, somada à disputa pelos meios necessários para a sobrevivência, produz uma condição conflituosa entre os homens, que termina por se configurar em uma guerra de todos contra todos. É por isso que o autor apresenta a na-tureza humana como violenta, agressiva, egoísta. Diante dessa con-dição, em função do medo constante de morte violenta, os homens estabeleceram um acordo ou pacto ente si, para inaugurarem uma situação de paz artificial que, se implicou a limitação da liberdade, também garantiu a proteção e a segurança. Desse modo, os homens não vivem juntos porque isso lhes é natural, e sim em função de uma convenção que em algum momento lhes foi útil.

20 [A]

A resolução da questão implica a compreensão da diferença entre as concepções hegeliana e marxiana da realidade. Para Hegel o real é resultado do desdobramento do Espírito ou Razão na sua constante busca pelo conhecimento de si. O mundo material, portanto, é fruto da realização do espiritual. Para Marx, com seu materialismo históri-co dialético, as formas por meio das quais os homens interpretam a realidade são condicionadas pelas maneiras por meio das quais eles produzem e reproduzem a sua existência material. Na metáfora do edifício, elaborada por Marx para representar a sociedade, a produção material ou estrutura econômica é a base sobre a qual se erguem as estruturas político-jurídica e ideológica. Desse modo, é a produção da vida material que condiciona a consciência dos homens.

21 [C]

A democracia que se estabeleceu em algumas cidades-estados gregas é um dos fatores mais importantes para a compreensão do surgimento da filosofia. Na explicação mítica, anterior à filosofia, a pa-lavra se consolidava de cima para baixo, ou seja, da divindade para um ser humano especial, escolhido, o poeta ou o sacerdote, e deste para o restante dos humanos. Era, desse modo, uma fala com valor de verdade inquestionável. A democracia enquanto forma de decisão política produz um espaço público na cidade, denominado de ágora, no qual a palavra se estabelecia entre iguais, os cidadãos, o que es-tabeleceu um ambiente propício para o debate, a crítica, a reflexão e o questionamento, posturas fundamentais para o surgimento e con-solidação da filosofia.

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23

22 [B]

A filosofia cristã que se estabeleceu, sobretudo, nos períodos da Pa-trística e da Escolástica, que duram aproximadamente do século IV ao XV d.C., buscou de forma consistente a conciliação entre a razão na-tural e a fé cristã. Para tanto, os filósofos da época buscaram referên-cia nos filósofos gregos da antiguidade, não cristãos e, assim sendo, pagãos. Os dois melhores exemplos disso são a Teoria da Iluminação Divina, de Santo Agostinho, que representa uma adequação de Pla-tão aos moldes do cristianismo, e a teoria da abstração assimilada por Tomás de Aquino do aristotelismo, que lhe permite inclusive ela-borar as vias de prova da existência de Deus. Apesar de darem certo crédito à racionalidade, todos esses filósofos medievais afirmavam a revelação como elemento superior para o acesso à verdade.

23 [C]

Kant elabora uma teoria que mistura racionalismo com empirismo, no sentido de afirmar toda e qualquer experiência como um composto, que é formado por uma parte que é dada pelos dados de impressão, ou seja, pelo objeto, e por outra que a nossa própria faculdade de conhecimento, isto é, a nossa mente ou razão, fornece de si mesma. O que é denominado de Revolução Copernicana é exatamente o es-forço do filósofo de compreender o que existe em nossa mente antes de qualquer experiência e é condição para que ela aconteça, ou seja, o que existe no nosso cérebro a priori. Depois de um estudo de anos Kant conclui que existem duas faculdades no que se refere ao conhe-cimento, a sensibilidade e o intelecto, e na primeira estão inseridas as formas puras do tempo e do espaço, que inserimos em todos os objetos de experiência quando buscamos conhecer as coisas.

24 [B]

Nietzsche, na genealogia que realiza dos valores ocidentais, conse-gue reconhecer dois conjuntos de valores que se alternaram ao longo do tempo. O primeiro, característico do período homérico ou do auge de Roma, por exemplo, é denominado de moral do senhor, e é mar-cado pela positividade, pela afirmação do indivíduo da sua vontade de potência, é resultante de um sim que o sujeito dá a si mesmo, e representa o equilíbrio entre os espíritos apolíneo, que representa a razão, e dionisíaco, que simboliza o desejo, o instinto, a vontade. A moral do escravo, que surge no período clássico e se consolida com o cristianismo, é negativa, reativa, resulta de um não do indivíduo a um outro e do ressentimento. Nela o apolíneo se sobrepõe ao dionisíaco.

25 [D]

Ao afirmar que o homem é livre e, assim sendo, é aquilo que faz de si mesmo, Sartre poderia nos transmitir a impressão de que defende certo egoísmo nas ações humanas, um cada um por si no qual cada sujeito pensa em si mesmo para se dar bem. Nada mais equivocado, já que a noção de responsabilidade do filósofo é exatamente o oposto disso, e afirma que cada ser humano, ao escolher a si mesmo, esco-lhe a conduta que todos os seres humanos deveriam realizar no seu tempo, naquele momento. Há, nesse sentido, um compromisso entre a ação individual e a humanidade em geral, que insere uma aborda-gem ética ao existencialismo sartreano.

26 [A]

O silogismo categórico, aquele que é elaborado com premissas cien-tíficas, é a forma de raciocínio mais segura de acordo com a lógica aristotélica, exatamente porque da verdade das premissas decorre a verdade da conclusão. Tal raciocínio é composto de três proposições, sendo que as duas primeiras são denominadas de premissas, maior e menor respectivamente, e a terceira é a conclusão. Existem três termos que são conectados ao longo do raciocínio, e isso é realizado por um deles, denominado de termo médio. Exatamente por isso ele aparece nas duas premissas, fazendo as conexões, mas não apare-ce na conclusão, que é o resultado final do raciocínio.

27 [C]

Hegel é um dos grandes teóricos idealistas da história da filosofia. Para o autor a história universal é o resultado do desdobramento de uma entidade racional, que é o Espírito ou Absoluto, na busca por conhecer a si mesmo ao longo do tempo. Desse modo, totalidade e unidade estão completamente imbricadas, se consolidando mutu-amente uma à outra. Tal é a relação entre indivíduo e Estado, pois o sujeito existe em função da necessidade da existência do corpo político, que representa uma síntese entre todas as vontades indi-viduais a princípio conflitantes. Como Hegel não trabalha com uma condição natural anterior à formação da sociedade civil, sua posição é de que os indivíduos só atingem a liberdade no interior da vida ética no Estado.

28 [A]

Causalidade é a percepção que temos de que sempre, da causa “x”, decorrerá o efeito “y”. O problema é que David Hume é um filósofo de percepção radicalmente empirista, que afirma que nascemos com a mente vazia, preenchendo-a ao longo do tempo a partir de dados de impressão. Segundo o autor, por maior que seja o número de im-pressões ao qual já tenhamos sido submetidos no passado, isso não permite que afirmemos com certeza que tais eventos acontecerão necessariamente da mesma forma no futuro. Existe grande probabi-lidade, mas não certeza. O autor acaba por entender que é o hábito, a partir da frequência de ocorrência dos eventos, que nos conduz a tomar como certas relações que são apenas prováveis, tais como o princípio de causalidade.

29 [B]

Todos os teóricos contratualistas precisam travar um confronto com o chamado estado de natureza, e isso por dois motivos distintos. Como eles propõem a ideia de pacto, seria essa condição natural que nos explicaria o motivo pelo qual o realizamos em algum momento. Além disso, é a partir da concepção de natureza de cada autor que ele irá propor um tipo de Estado que ele entende adequado para gerir os homens. Desse modo, Hobbes, que nos via como seres egoístas e violentos, propõe o Leviatã, um Estado que se impõe pelo medo. Já Rousseau, que acredita numa natureza humana compassiva, é um defensor da democracia. Entender a condição natural permite que avaliemos melhor a política.

30 [B]

Kant tem uma ética deontológica, ou seja, vinculada ao dever. Para ele devemos fazer o que é certo simplesmente em função da corre-ção, sem buscar nenhum resultado ou reconhecimento com isso, o que reduziria a eticidade do nosso comportamento. No entanto, uma questão fundamental a ser respondida é como saber o que é a coisa certa a fazer. É para isso que Kant lança mão dos imperativos ou máxi-mas da razão, leis que a razão impõe a si mesma e que, se seguidas, conduzem o homem ao máximo de objetividade e de eficiência moral no que se refere às questões éticas. A beleza dos imperativos é a sua objetividade, isto é, a sua validade para todo ser humano.

31 [B]

O conceito de physis entre os pré-socráticos expressa basicamente o princípio gerador, constituinte e ordenador de todas as coisas. Se-gundo Parmênides, este princípio é aquilo que racionalmente compre-endemos ser sempre e nunca mutante, sendo o seu contrário justa-mente o não-ser. É uma tese difícil de apreendermos, como se pode observar no seguinte trecho do seu poema:

“eu te direi, e tu, recebe a palavra que ouviste,

os únicos caminhos de inquérito que são a pensar:

o primeiro, que é; e, portanto, que não é não ser,

de Persuasão, é caminho, pois à verdade acompanha.

O outro, que não é; e, portanto, que é preciso não-ser.

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Eu te digo que este último é atalho de todo não crível,

Pois nem conhecerias o que não é, nem o dirias...”

(tradução de José Cavalcante de Souza, “Parmênides de Eléia”, in Os pré-socráticos, co-leção Os Pensadores)

32 [A]

É um tanto complicado dizer que Sócrates ministrava aulas com a finalidade de transmissão dos seus conhecimentos, pois como é sa-bido o filósofo se gabava de ser um parteiro de ideias (cf. Teeteto). Isso nos leva necessariamente à consideração de que o conheci-mento era do interlocutor e o seu trabalho consistia em fazer isto ser concebido.

Esta afirmação: “a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia”, necessita de referência precisa, pois há uma mistura de termos antigos e modernos que cria um ana-cronismo inaceitável. Todavia, até onde conseguimos percebemos, a intenção da alternativa é ressaltar que os pré-socráticos mantinham pesquisas preocupadas com o conhecimento da natureza, enquan-to Sócrates possuía como grande tema o conhecimento de si. Essa noção é parcialmente verdadeira, pois nem os pré-socráticos eram simplesmente preocupados com o “mundo objetivo”, nem Sócrates era simplesmente preocupado com o “mundo subjetivo”. A natureza, o cosmos, possui enorme importância para a filosofia desenvolvida por Platão; podemos observar isso na leitura da República (Livro VI, por exemplo).

33 [C]

Em Categorias, Aristóteles concebe a substância apenas como indi-víduos e define distinções lógicas importantes entre tipos de atribu-tos que se referem a estas substâncias, já em Metafísica, o filósofo engendra uma análise fundante sobre a substância mesma e a po-siciona diferentemente como um complexo de matéria e forma. De maneira geral podemos tomar a substância como o ser dito de várias maneiras: 1) ela é o princípio da realidade e do conhecimento, 2) é a causa por excelência sendo em todos os sentidos causa formal, ma-terial, eficiente e final, 3) é o suporte de propriedades essenciais e 4) é a essência, ou seja, aquilo sem o qual a coisa deixa de ser o que é.

34 [C]

A Filosofia difere fundamentalmente do mito, pois este é um discurso baseado na autoridade religiosa e aquela é um discurso baseado na racionalidade de todo e qualquer cidadão. O desenvolvimento da Fi-losofia está muitíssimo próximo do desenvolvimento das cidades-es-tados gregas que deixavam de tomar decisões concordantes com os aconselhamentos dos oráculos e passavam a tomar suas decisões através do diálogo entre homens igualmente racionais. De todo modo, a narrativa mítico-religiosa possuía sua importância por garantir a so-brevivência de tradições, que definiam a cultura dos povos e manti-nham os cidadãos convivendo de modo relativamente harmonioso.

35 [B]

A filosofia medieval é movida por querelas intelectuais nas quais de um lado encontramos os teólogos e de outro os filósofos, ou de um lado os defensores do conhecimento pela fé e de outro os defensores do conhecimento pela razão, ou de um lado a revelação bíblica e de ou-tro a investigação dos filósofos gregos. A partir do século XII, com as traduções feitas pela escola de Toledo das obras de Aristóteles, essas disputas se acirraram. À primeira vista, o aristotelismo era incompatível com a doutrina cristã. No aristotelismo, por exemplo, não havia nenhu-ma noção de deus criador, de providência divina, de alma imortal, de queda e redenção do homem – todas estas noções caras à doutrina cristã. Essa incompatibilidade levou à censura da obra de Aristóteles. Porém, a capacidade intelectual de Tomás de Aquino aliada a sua inabalável fé cristã resolveram tais incompatibilidades com uma cristia-nização efetiva da filosofia aristotélica. Um exemplo da capacidade de Tomás está na sua apropriação da tese de Aristóteles sobre o Primeiro Motor (para haver um móvel é necessário que exista um imóvel, para que exista a passagem da potência para o ato é necessário haver

algo que seja ato puro), e transformação desta em prova da existência do Deus cristão; essa é uma das cinco provas da existência de Deus aceitas por Santo Tomás.

Porém, a questão do vestibular possui um problema grave, pois a alternativa: “por meios metafísicos, resultantes de investigação inte-lectual”, é correta segundo esta afirmação do texto citado: “existem verdades que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe”.

36 [B]

O Estado de natureza é “natural” em apenas um sentido específico. Para Hobbes a autoridade política é artificial e em contrapartida o Esta-do anterior à instituição do Governante é natural. Nesta sua condição “natural” o ser humano mantém apenas a relação de autoridade da mãe sobre o filho, pois ela tem a vida do filho. Entre adultos, inevitavel-mente, o caso se complica e surge a necessidade do artifício. Natural-mente, todo homem tem direito igual a todas as coisas. Porém, cada homem difere um do outro em força e em inteligência. Apesar dessa diferença, cada homem tem poder suficiente para ameaçar a vida de qualquer outro, de modo que invariavelmente o Estado de natureza termina em uma disputa de todos contra todos por tudo que é direito de todos. Para o racionalismo hobbesiano, o Estado de natureza é forçosamente uma guerra de todos contra todos. O homem, como a máxima de Hobbes manifesta, é lupino.

37 [A]

Em terminologia kantiana, a boa vontade é aquela cujo voluntarismo é totalmente determinado por demandas morais ou, como o filósofo normalmente se refere a isso, pela Lei Moral. Kant distingue dois tipos de lei produzidos pela razão. Dado certo fim que nós gostaríamos de alcançar, a razão pode proporcionar um imperativo hipotético – uma regra contingente e circunstancial como fundamento da ação – ou um imperativo categórico – uma regra necessária e universal como funda-mento da ação. Como uma Lei Moral não pode ser meramente hipo-tética, pois uma ação moral não pode ser fundada sobre um propósito circunstancial, a moralidade exige uma afirmação incondicional do de-ver de um indivíduo, ou seja, a moralidade exige uma regra para ação que seja necessária e universal, ela exige um imperativo categórico.

38 [C]

A dialética hegeliana, basicamente, expõe a natureza do real como processo, isto é, que tal natureza seja em si infinita e desenvolvida através de contradições – não por outro motivo, Heráclito é conside-rado o primeiro filósofo. Utilizando uma forma triádica, inspirada na filo-sofia de Kant e Fichte, Hegel pretendeu demonstrar uma nova noção de ciência que superasse seus antecessores.

Para uma ótima apresentação do pensamento hegeliano: http://www.youtube.com/wat-ch?v=tEg1jiXh_lc

39 [C]

O homem é uma entidade que combina características mutuamente exclusivas, a saber, o ser para-si e o ser em-si. O ser em-si se diz pela identidade, pela inércia, já o ser para-si se diz pela diferença, pela dinâmica, isto é, o ser para-si depende da negação do ser em-si. Dessa maneira, a essência, ou seja, aquilo que define a identidade não garante a exposição daquilo que é livre. Isso que é livre apenas é não sendo aquilo que lhe define circunstancialmente. O homem sendo livre é um projeto, um vir a ser dependente da sua escolha a qual está condenado a realizar devido a sua condição fundamental.

Para uma noção geral do existencialismo sartreano:

http://vimeo.com/62380957 (vídeo retirado do canal oficial da CPFL/Cultura)

40 [D]

O pensamento de Maquiavel define de acordo com a sorte as nossas ações de todo tipo, sendo em um momento a própria sorte um árbitro

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e noutro uma preocupação com a qual nos conformamos. Agir bem é agir efetivamente perante as circunstâncias. Não por outro motivo a história é muito importante para Maquiavel, pois é através dela que encontramos exemplos de homens que agiram efetivamente perante as adversidades e obtiveram resultados que contornaram o poder de-vastador da sorte. Neste contexto, virtù não pode ser a virtude de um homem bom como a filosofia antiga especulou, mas sim aquelas qua-lidades que o homem possui capazes de fazê-lo superar os eventuais percalços e se impor perante qualquer sorte. No caso do Príncipe, a virtù constitui aquele conjunto de qualidades pessoais necessárias para a manutenção do estado e a realização de grandes feitos, mes-mo que estas qualidades sejam eventualmente cruéis

41 [C]

O lema da filosofia socrática é: conheça-te a ti mesmo; e como o próprio Sócrates diz na sua Apologia: “a vida sem inspeção não vale a pena ser vivida pelo homem”. Seguindo esse lema e essas palavras, podemos dizer que o pensamento de Sócrates se desenvolve como uma investigação metódica cuja única finalidade é esclarecer através deste exame minucioso a ignorância daquele que diz saber sem, to-davia, saber realmente. O segredo dessa investigação metódica (a dialética)de Sócrates está no conceito de ironia que garante para cada interlocutor um discurso particular a respeito das suas suposições so-bre seu próprio conhecimento. Por esse discurso, o filósofo esclarece seu interlocutor sobre sua ignorância e o faz assumir, ou pelo menos considerar a possibilidade de uma postura distinta da inicial, mais ele-vada, mais sábia e, portanto, capaz de se reconhecer a si mesmo.

42 [B]

Primeiramente, é um tanto incorreto chamar a articulação entre os conceitos de ato e de potência de teoria, pois a teoria aristotélica é a metafísica, é a física, etc. A articulação entre os conceitos é uma parte daquilo que é a teoria de fato e, sendo assim, esta articulação é apenas uma parte do argumento geral proposto por Aristóteles. De todo modo, o desenvolvimento da potencialidade em atualidade é um dos aspectos mais importantes da filosofia aristotélica. A intenção dessa articulação conceitual era resolver alguns problemas existentes na relação entre a unidade e a multiplicidade. Em geral, tal articulação se dá em termos de causalidade, isto é, algo passa de potência ao ato como efeito de uma causa material, formal, eficiente e final. Por exemplo, uma estátua de bronze: 1) sua causa material é o próprio bronze; 2) sua causa formal é a ideia que se tem da escultura; 3) a causa eficiente é o escultor capaz de dar forma à matéria informe; 4) a causa final é consolidação da forma na matéria informe e a realização da ideia que motivou a feitura da escultura.

43 [D]

Santo Tomás de Aquino separa a fé e a razão, garantindo que cada uma tenha o seu mérito. A fé é meritosa quando trata das questões relacionadas com o divino; já a razão é meritosa quando trata das questões relacionadas com a natureza. A fé não possui mérito para tratar das questões que a razão é capaz de indicar provas suficientes, do mesmo modo a razão não possui mérito para tratar daquilo que é questão de fé.

Porém, Tomás de Aquino também afirma que as verdades doutrinais – aquelas que dependem da fé – são geralmente confirmadas pela razão, de tal maneira que a razão pode ser útil para o fortalecimento da fé. O uso da razão persuasiva pode, então, servir à fé, fortalecendo a crença ou convencendo o descrente da verdade revelada cristã.

44 [D]

A Patrística é o estudo dos chamados “Patronos da Igreja”, ou seja, é o estudo dos escritos daqueles primeiros escritores dos primórdios do cristianismo. Esse período é geralmente delimitado entre o fim do Novo Testamento ou o final da Era Apostólica até a data do Concílio da Calcedónia (451 d.C.) ou até o século VIII d.C. no segundo Concílio de Niceia. Basicamente, esses escritos pretendem justificar, defender e propagar as verdades da fé cristã.

45 [C]

O objetivo de um governo legítimo é: 1) preservar, o quanto possível, o direito à vida, à liberdade, à saúde e à propriedade de seus cidadãos; 2) processar e punir aqueles cidadãos que violarem os direitos dos outros; 3) perseguir o bem público até nos momentos em que isto entrar em conflito com os direitos individuais. Assim, o governo provê algo não disponível no estado de natureza, a preservação dos direitos naturais através da intervenção de uma autoridade racional, isto é, um juiz imparcial para determinar a severidade do crime e definir uma punição proporcional. Esses são os motivos fundamentais por que a sociedade civil é um avanço sobre o estado de natureza.

46 [B]

Hume começa sua teoria dividindo todas as percepções mentais en-tre ideias (pensamentos) e impressões (sensações e sentimentos) e, então, faz duas alegações fundamentais sobre a relação entre elas. Primeiramente, ele alega que todas as ideias são, no final das contas, cópias das impressões, ou seja, para qualquer ideia que nós tomar-mos, encontraremos seus componentes nas sensações externas ou nos sentimentos internos. Segundamente, ele alega que a única dife-rença entre uma ideia e uma impressão está na vivacidade de uma e de outra, isto é, a única diferença entre a impressão da árvore e a ideia da árvore está na força da sua presença no intelecto. Desse modo, ideias são cópias das impressões e as ideias e impressões diferem na vivacidade da sua presença intelectual.

47 [A]

O estado de natureza é “natural” em apenas um sentido específico. Para Hobbes, a autoridade política é artificial e em contrapartida o estado anterior à instituição do governo é natural. Na sua condição “natural”, o ser humano carece de governo, que é uma autoridade artificial, pois a única autoridade natural é aquela da mãe sobre o filho – dado que a mãe tem a vida do filho. Entre adultos, inevitavelmente o caso difere e surge a necessidade do artifício.

Naturalmente, todo homem tem direito igual a todas as coisas, porém, de fato, cada homem difere um do outro em força e, talvez, até em inteligência. Todavia, cada homem tem poder suficiente para ameaçar a vida de qualquer outro, de modo que invariavelmente o estado de natureza é uma disputa de todos contra todos por tudo que é direito de todos. O estado de natureza é forçosamente uma guerra de todos contra todos. Entre outras inúmeras funções, Hobbes, com essa teo-ria, se opõe à teoria monarquista do direito divino ao trono.

48 [D]

Em terminologia kantiana, a boa vontade é uma vontade cujas deci-sões são totalmente determinadas por demandas morais ou, como ele normalmente se refere a isso, pela Lei Moral. Os seres humanos veem essa Lei como restrição dos seus desejos e, por conseguinte, uma vontade decidida por seguir a Lei Moral só pode ser motivada pela ideia de Dever. Hipoteticamente, se houvesse uma vontade di-vina, ela seria, embora boa, não seria boa porque é motivada pela ideia de Dever, pois uma vontade divina seria livre de qualquer desejo imoral. Apenas a presença dos desejos imorais, ou de ação que ope-ra independentemente da moralidade, exige a bondade da vontade e faz da Lei Moral coerciva, faz dela parte essencial da ideia de dever.

49 [B]

A estrutura da lógica hegeliana é triádica, que reflete a organização de um sistema filosófico mais amplo e da lógica sobre sua variedade de motivos internos e externos. A divisão da lógica é esta: 1) a doutrina do ser, 2) a doutrina da essência e 3) a doutrina da noção (ou do conceito). Na doutrina do ser, por exemplo, Hegel explica o conceito de “ser-por-si” como uma autorrelação que resolve a oposição entre o próprio e o outro na “idealidade do finito”. Na doutrina da essência, Hegel explica as categorias de ato e liberdade. Ele diz que ato é a uni-dade de “essência e existência” e argumenta que isso não descarta a atualidade de ideias que se tornam atualizadas, realizando-se na existência externa. Também define a liberdade como a “verdade da

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necessidade”, ou seja, a liberdade pressupõe a necessidade no sen-tido de que a própria ação e a reação providenciam uma estrutura da ação livre. Na doutrina do conceito trabalha-se o conceito em função da subjetividade, da objetividade e da articulação entre subjetivida-de e objetividade. O conceito subjetivo contém três funcionalidades: universalidade, particularidade e individualidade. Essas três funções operam de acordo com um movimento “dialético” progressivo do pri-meiro para o terceiro e na totalidade expressam o conceito de indivi-dualidade. As funções relacionam logicamente os juízos, porém não dizem respeito apenas às operações mentais, mas também explicam as próprias relações reais.

50 [C]

O homem é uma entidade que combina características mutuamente exclusivas, a saber, o ser para-si e o ser em-si. O ser em-si se diz pela identidade, pela inércia, já o ser para-si se diz pela diferença, pela dinâmica, isto é, o ser para-si depende da negação do ser em-si. Dessa maneira, a essência, ou seja, aquilo que define a identidade não garante a exposição daquilo que é livre. Isso que é livre apenas é não sendo aquilo que lhe define circunstancialmente. O homem sendo livre é um projeto, um vir a ser dependente da sua escolha a qual está condenado a realizar devido a sua condição fundamental.

51 [A]

O método dialético de Sócrates levava, em linhas gerais, seus interlo-cutores a darem conta de si mesmos a ponto de muitas vezes Sócra-tes fingir acolher como próprios os métodos do interlocutor, especial-mente quando eram homens de cultura para assim, derrubá-los com a mesma lógica que lhes oferecia a fim de agarrá-los em contradição. Reconhecendo-se sempre ignorante – “só sei que nada sei” – fazia-se uma espécie de parteiro das almas trazendo sempre à luz aquilo que seus interlocutores não sabiam.

52 [D]

Agostinho faz das Ideias os pensamentos de Deus e rejeita a doutrina da reminiscência que supõe a preexistência da alma que exclui a pos-sibilidade do criacionismo, típico da teoria agostiniana que segundo alguns autores é a doutrina platônica transformada no criacionismo com aquela luz de que falam nas Sagradas Escrituras que orientam a inteligência humana que é dom de Deus e em Platão, é uma lem-brança da alma enquanto contempladora do mundo das essências.

53 [D]

Aristóteles retoma a problemática do conhecimento e se preocupa em definir ciência como conhecimento verdadeiro, pelas causas, ca-paz de superar os enganos do mito e da opinião, por isto, rejeita, por exemplo, o mundo das ideias de Platão.

54 [A]

Para os nominalistas, o universal é apenas um conteúdo expresso da nossa mente, expresso em um nome, ou seja, os universais são apenas palavras, sem nenhuma realidade específica correspondente.

55 [C]

A evidência é juntamente com a regra da divisão, da ordem e da enumeração uma das grandes regras do método cartesiano, assim, entende-se por evidência a admissão apenas do que é verdadeiro como um conhecimento evidente, ou seja, no qual e sobre o qual não caiba a menor dúvida a parir de ideias claras e distintas.

56 [D]

A moral dos senhores, baseada no sim à vida é positiva e se configura sob o signo da plenitude, do acréscimo, por isso se funda na capaci-dade criação, de invenção, cujo resultado é alegria, consequência da afirmação da potência.

57 [A]

As manifestações da superestrutura são determinadas pelas altera-ções da infraestrutura decorrentes da passagem econômica do siste-ma feudal para o capitalista, portanto, para estudar Marx a sociedade não se deve partir do os homens dizem, imaginam ou pensam, e sim da forma como produzem os bens materiais necessários à sua vida porque a partir do contato com a natureza transformam-na por meio do trabalho e as relações entre si se descobre como eles produzem sua vida e suas ideias.

58 [B]

Hobbes parte da concepção de que os homens isolados no estado de natureza se uniriam mediante contrato social para constituir a so-ciedade civil, tornando pelo pacto a legitimidade do poder do Estado.

59 [B]

Quando o príncipe não deve deixar de escapar a fortuna, significa que não deve deixar a ocasião porque de nada adiantaria um príncipe virtuoso, se não soubesse ser precavido ou ousado, aguardando a ocasião propícia da sorte ou do acaso das circunstâncias, para isso, ele tem de ser um observador da história.

60 [C]

“Maria é atleta” indica uma premissa menor porque o sujeito da pro-posição – Maria – é tomado apenas como uma parte indeterminada, neste caso, apenas singular porque o sujeito refere-se a um indivíduo.

61 [A]

O objetivo do pensamento socrático é conduzir o interlocutor à ver-dade, e não somente refutá-lo ou fazê-lo chegar à consciência da própria ignorância. A ideia de imobilidade do Ser é de Parmênides, e não de Sócrates. Sendo assim, somente a alternativa [A] é correta.

62 [B]

Somente a afirmativa III é falsa. Todo silogismo possui três característi-cas básicas: deve ser mediato, necessário e dedutivo. Os raciocínios indutivos não são trabalhados pela lógica aristotélica.

63 [D]

Das alternativas, somente a opção [D] é falsa. Segundo Aristóteles, a definição de cada ser é dada pela sua substância e essência (que corresponde às características gerais do ser) e não pelas suas carac-terísticas acidentais.

64 [D]

Somente a alternativa [D] é correta. A argumentação de Tomás de Aquino pode ser resumida da seguinte forma: tudo o que se move tem uma origem. É impossível uma cadeia infinita de motores. Logo, deve existir um primeiro motor e este motor é Deus.

65 [B]

Pelo próprio enunciado, o aluno pode ser capaz de responder à ques-tão de forma acertada. Se os universais correspondem somente a pa-lavras e sons emitidos, significa que são somente conceitos a serem referidos ao conjunto. Sendo assim, “humanidade” corresponderia somente a um conceito para designar a multiplicidade de indivíduos.

66 [C]

Ainda que se assemelhe muito a Platão em diversos pontos, Agostinho fazia uma pequena diferenciação deste com relação a sua teoria sobre a verdade. Ambos pensavam a existência de uma verdade inata, mas, para Platão, essa verdade seria encontrada pela memória, enquanto que, para Agostinho, seria encontrada pela iluminação divina.

67 [D]

Para Kant, a razão possui três estruturas (ou formas) a priori: forma da sensibilidade, do entendimento e da razão propriamente dita. A forma da sensibilidade é o que permite a percepção sensorial. É constituída

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por duas condições: do espaço e do tempo. Para Kant é impossível que se conheça os objetos fora dessas duas dimensões. Portanto, somente a alternativa [D] é correta.

68 [A]

Segundo Marx, a superestrutura corresponde a um mecanismo ide-ológico, composto pelo Direito e pelo Estado, que é resultado da es-trutura econômica da sociedade, ou seja, do modo de produção da vida material. A revolução começa com a tomada de consciência das contradições desse sistema e com a consequente transformação da estrutura econômica da sociedade.

69 [A]

Das alternativas acima, somente [A] corresponde a uma afirmação falsa. Conforme afirma Marilena Chaui:

“Para Rousseau, o soberano é o povo, entendido como vontade ge-ral, pessoa moral, coletiva, livre e corpo político de cidadãos. (...) As-sim sendo, o governante não é o soberano, mas o representante da soberania popular.Os indivíduos aceitam perder a liberdade civil: acei-tam perder a posse natural para ganhar a individualidade civil, isto é, a cidadania. Enquanto criam a soberania e nela se fazem representar, são cidadãos. Enquanto se submetem às leis e à autoridade do go-vernante que os representa chamam-se súditos. São, pois, cidadãos do Estado e súditos das leis.”

(Fonte: Chaui, Marilena. Convite à Filosofia.9. ed. São Paulo: Editora Ática, 1997, p. 401.)

70 [B]

John Locke, um dos principais pensadores do liberalismo, faz a dis-tinção entre público e privado e sociedade política e sociedade civil como uma forma de determinar a importância da propriedade privada e da liberdade individual, como bem explicita a alternativa [B].

71 [A]

As famosas frases de que “não podemos nos banhar duas vezes no mesmo rio” e de que “tudo flui” são expressões do pensamento de Heráclito a respeito da natureza como um eterno devir, como um fluxo perpétuo. Além disso, Heráclito considerava que a realidade corres-ponderia a uma harmonia de contrários que estariam em constante transformação. Ao analisarmos as alternativas, percebemos que a alternativa [A] está em contradição com este argumento, sendo, por isso, a única incorreta.

72 [C]

“Nós temos um órgão de conhecimento que vai à essência das coi-sas e é independente da experiência”. Tal argumento é justamente o oposto de um pressuposto empirista. Sendo assim, se deduz facil-mente que a alternativa [C] é a única incorreta.

73 [B]

Em suas obras, Platão concebe que as pessoas podem chegar ao conhecimento. Nesse sentido é que ele cria uma clara distinção entre o conhecimento sensível e o conhecimento intelectual, sendo este último o único capaz de alcançar a verdade e essência das coisas. As alternativas [A] e [C] contradizem tal argumento e, por isso, estão in-corretas. A alternativa [D] pode causar confusão no candidato, entre-tanto Platão não desconsiderava a dialética como instrumento eficaz para se chegar à verdade, à ideia. O “bem” corresponderia a apenas uma dessas ideias perfeitas, tal como o belo e o justo, por exemplo.

74 [D]

Tomás de Aquino corresponde ao pensador da Escolástica que pro-curou conciliar o pensamento aristotélico com a teologia cristã. Em seus escritos, Tomás de Aquino estabelece cinco vias para provar a existência de Deus. Segundo ele, Deus corresponde ao início e ao fim de todas as coisas, sendo, portanto, possível provar a sua existência a partir de demonstrações da natureza das coisas, não havendo ne-cessidade de recorrer a textos bíblicos.

75 [B]

A doutrina da iluminação agostiniana corresponde a uma reinterpre-tação da teoria da reminiscência platônica, então adaptada à con-cepção cristã. O resultado é uma teoria segundo a qual as ideias verdadeiras e eternas já existiriam em nós, sendo que só teríamos acesso a elas por meio da iluminação divina.

76 [A]

Em busca de uma verdade indubitável, Descartes chega à conclusão que existe, dado que duvida e que pensa. Sendo assim, ele pode afir-mar seguramente que é uma coisa pensante (res congitans), tal como o afirmado na alternativa [A]. As ideias de “Deus”, “gênio maligno” e de “coisa extensa” são posteriores no percurso intelectual do meditador e, além disso, não estão apresentadas nas suas justas acepções nas alternativas [B], [C] e [D].

77 [D]

A alternativa [D] é evidentemente incorreta. O texto afirma a importân-cia do hábito para a construção de inferências a respeito do processo de causa e efeito entre dois objetos, exatamente o inverso do que está expresso na alternativa [D].

78 [B]

A caracterização do estado de natureza hobbesiano corresponde à ausência da sociedade civil sob um poder soberano legitimado pelo contrato social. Em tal estado de natureza, todos os homens estão em guerra entre si e submetidos à lei do mais forte. A passagem do estado de natureza para a sociedade civil não necessariamen-te corresponde a uma evolução linearmente histórica, podendo, em qualquer período histórico, existir tal estado de guerra. Sendo assim, somente a alternativa [B] é correta.

79 [A]

A famosa frase de Sartre de que “o homem está condenado a ser livre” expressa a íntima correlação entre a ideia de liberdade e respon-sabilidade do homem. Ao mesmo tempo em que existe, o homem deve encontrar, por si mesmo, o sentido de sua existência, não po-dendo outorgar a outra entidade (a Deus, por exemplo) a responsabi-lidade por suas escolhas. Assim sendo, podemos dizer que somente a alternativa [A] expressa tal pensamento.

80 [B]

Maquiavel não se importava com a determinação de governos ideais a partir de fundamentos exteriores à política. A alternativa [B] está em clara consonância com o que é afirmado no enunciado, de que “Ma-quiavel se preocuparia em saber como os homens governam de fato, quais os limites para conquistar e conservar o poder, como instaurar um governo estável, etc”.

81 [A]

Somente a alternativa [A] está incorreta. A filosofia de Heráclito se opu-nha à de Parmênides. Enquanto Heráclito pensava a vida como um devir, em constante transformação, Parmênides defendia a imutabili-dade do ser.

82 [D]

Sócrates nunca buscou um discurso retoricamente persuasivo. Pelo contrário, ele criticava a ação dos sofistas que assim agiam. Sua in-tenção era a busca da verdade, que ocorria mediante um método de refutação que passa pela ironia e pela maiêutica. De fato, pode-se dizer que ele testava a verdade da excelência da vida, examinando a si mesmo e os concidadãos, a fim de chegar à perfeição da alma.

83 [B]

Platão faz uma clara distinção entre a realidade sensível e a realida-de inteligível. Segundo ele, o conhecimento advém por um processo de reminiscência ou lembrança: mediante as sensações, o sujeito se lembra das formas que apreendeu antes de passar a viver no mundo

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sensível. A única alternativa que está de acordo com essa concepção de conhecimento é a [B].

84 [C]

A filosofia tomista corresponde a uma iniciativa de conciliação da fé com a razão, como afirma a primeira frase do texto do enunciado. Isso acontece de uma maneira que a razão se subordina a fé. Nesse sentido, somente a alternativa [C] está correta.

85 [D]

A “questão dos universais” corresponde ao problema filosófico da Idade Média em se descobrir se este conceito metafísico de universa-lidade, que caracteriza as ideias gerais, é apenas uma abstração ou se possui existência real. Segundo o nominalismo, os universais são abstrações, existindo somente na mente humana. Como afirma o tex-to do enunciado, essa posição é também defendida por Guilherme de Ockham, para quem “existem apenas seres singulares e substâncias individuais ou qualidades particulares”. Entretanto, deve-se conside-rar que a atribuição de nominalista não resuma todo o pensamento desse filósofo.

86 [B]

No texto, Descartes argumenta sobre o porquê da verdade “eu pen-so, logo existo” não poder ser abalada. A única alternativa que tam-bém considera o mesmo argumento é a alternativa [B]. De fato, para Descartes, essa verdade corresponde à primeira verdade, tão clara e distinta que nada poderia refutá-la.

87 [A]

Segundo a teoria liberal de John Locke, o governante deve zelar pelos direitos naturais de seus súditos, como o direito à propriedade e o di-reito à vida. Na medida em que contrariar esses direitos, a autoridade do governante sobre seus súditos é perdida e, portanto, a resistência a essa forma de governo se torna legítima.

88 [D]

Em linhas gerais, pode-se dizer que o materialismo marxista opõe-se ao idealismo hegeliano. Isso se percebe na forma como cada um concebe o processo histórico. Na dialética hegeliana, a ideia caminha para sua síntese, em um processo que, em certa medida, pode ser chamado de teleológico. Para Marx, a História é determinada pela produção da vida material dos homens, em um processo de luta de classes. A única alternativa que contempla de forma correta essas duas perspectivas é a [D].

89 [A]

Somente a alternativa [A] está correta. É famosa a frase de Marx que “a história da humanidade é a história da luta de classes”. Na socie-dade capitalista, essa luta ocorre entre a burguesia e o proletariado. A primeira possui os meios de produção, enquanto que o segundo ven-de sua força de trabalho como forma de garantir a sua sobrevivência. Segundo o autor alemão, a modificação dessa relação é um processo histórico que exige do proletariado uma ação transformadora.

90 [B]

Somente a alternativa [B] está correta. O político, segundo Maquiavel, baseia suas ações na realidade factual. Seu dever deve ser conside-rado como um “ato arbitrário ou necessário, como vontade concreta, ou veleidade, desejo, sonho”. Isso está muito distante da perspectiva clássica, uma vez que visa à conservação do poder do Estado.

91 [C]

Platão, em A República apresenta algumas alegorias com vistas a ex-plicar o seu pensamento. Quando trata da diferença entre mundos e a forma de apreendê-los, ele utiliza a “símile da linha”. Nesta, o mundo inteligível corresponde à divisão menor, entre A e C, que é subdividi-da entre imagens (AD) e coisas visíveis (DC). O mundo inteligível, em contrapartida, corresponde ao segmento CB e é dividido entre entes matemáticos (CE) e formas (EB).

92 [D]

A ciência à qual se referem as duas frases é chamada por Aristóteles, em sua obra Metafísica, de Filosofia Primeira, responsável por estudar as essências das coisas. Atualmente, utiliza-se simplesmente o nome de Metafísica (ou, em alguns casos, ontologia) para se referir a esse campo de investigação filosófico.

93 [B]

A alternativa [B] é incorreta. Os argumentos aceitam todos os tipos de proposições. Entretanto, a validade dos argumentos é dada mediante o tipo de relação entre essas proposições. Isso se verificar, por exem-plo, nas regras do silogismo criadas por Aristóteles.

94 [A]

Ao contrário de Agostinho, que tinha Platão como principal referên-cia filosófica, Tomás de Aquino tomou Aristóteles como referência e desenvolveu uma teoria sobre o conhecimento baseada na realidade sensível, muito diferente da doutrina agostiniana da iluminação.

95 [A]

Em relação à questão dos universais, os realistas se opunham aos nominalistas. Estes, em linhas gerais, consideravam que as palavras não correspondiam a uma entidade real, mas somente a uma abstra-ção, um nome sem correspondência real. Essa visão é o oposto do que defendia a corrente realista, que, tendo Platão como referência, considerava os universais como entidades reais.

96 [D]

As ideias verdadeiras são inatas, segundo René Descartes. O mesmo vale para a ideia do eu e do cogito, uma vez que podem ser pensadas sem qualquer referência ao mundo exterior sensível.

97 [C]

O Estado, na acepção de John Locke, tem a função de assegurar os direitos naturais do homem, tais como o direito à propriedade e à vida. Esses direitos já estavam presentes no Estado de Natureza ao qual se refere o texto do enunciado e é em função destes que o homem possui a liberdade de poder agir e regular as suas posses.

98 [C]

Ainda que tenham o desejo pela liberdade e pelo domínio sobre os outros, os homens abdicam a esses interesses para poderem viver sob um Estado. Assim estarão garantindo a sua própria sobrevivência, o que é do interesse de todos. Nesse sentido, somente a alternativa [C] é correta.

99 [D]

A liberdade humana está ligada à responsabilidade por seus atos e escolhas. Ainda que o homem crie a sua própria moral, esta está sempre relacionada com a sua intenção de agir bem, seja de que forma for.

100 [A]

Somente a alternativa [A] é correta. O objetivo do príncipe é a con-quista e conservação do Estado. Para atingi-lo, deve agir conforme a fortuna, utilizando-se tanto de ações boas ou de más, dependendo da necessidade. É sabendo agir dessa maneira que o príncipe de-monstra a sua virtú.