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FILOSOFIA MODERNA - DESCARTES E A FILOSOFIA DO COGITO Questões referentes ao livro Iniciação da história da filosofia,resolvidas com a finalidade de auxiliar no estudo da matéria.As questões podem conter erros,porém procurei resolve- las da forma de mais fácil entendimento. Espero que seja de bom proveito. Por Rafhael Casali. 1DICN, Unibrasil. 1.Qual o objetivo principal da filosofia de Descartes? Defender a possibilidade do conhecimento cientifico refutando o ceticismo. "Defesa do novo modelo de ciência inaugurado na época, contra a concepção escolástica de inspiração aristotélica em vigor no final da Idade Média.Defende que a nova ciencia se encontra no caminho certo,ao passo que a antiga havia adotado concepções falsa e errôneas como exemplo do sistema geocentrico. 2.Porque Descartes considera importante o fundamentação do conhecimento científico ? Considera que o conhecimento é possivel,para isso é preciso organizar o fundamento em bases confiaveis para alcança-lo.

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FILOSOFIA MODERNA - DESCARTES E A FILOSOFIA DO COGITO

Questões referentes ao livro Iniciação da história da filosofia,resolvidas com a finalidade de auxiliar no estudo da matéria.As questões podem conter erros,porém procurei resolve-las da forma de mais fácil entendimento. Espero que seja de bom proveito.

Por Rafhael Casali. 1DICN, Unibrasil.

1.Qual o objetivo principal da filosofia de Descartes?

Defender a possibilidade do conhecimento cientifico refutando o ceticismo.

"Defesa do novo modelo de ciência inaugurado na época, contra a concepção escolástica de inspiração aristotélica em vigor no final da Idade Média.Defende que a nova ciencia se encontra no caminho certo,ao passo que a antiga havia adotado concepções falsa e errôneas como exemplo do sistema geocentrico.

2.Porque Descartes considera importante o fundamentação do conhecimento científico ?

Considera que o conhecimento é possivel,para isso é preciso organizar o fundamento em bases confiaveis para alcança-lo.

3.Qual o papel do Método de Descartes?

O método visa por uma ordem , um caminho para garantir o sucesso de uma tentativa de conhecimento e da elaboração de uma teoria científica.

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4.Por que Descartes julga necessario refutar os céticos?

Descartes porpoem encontrar uma certeza básica,imune as duvidas do céticos que possa servir de base e fundamento para a construção de uma nova teoria científica.É preciso assim encontrar um ponto de apoio,que possa servir de partida seguro para o processo do conhecimento.Descartes não exclui a duvida cética , mas utiliza como parte do processo.

5.Formule com suas próprias palavras o argumento do cogito.

Em busca de uma base , " a primeira verdade " .Descartes passa a duvidar de tudo mas de maneira metódica,que o difere dos céticos.Então se duvida,é porque se pensa,se duvida porque pensa é porque de fato se existe.

6.Você considera este argumento bem-sucedido?

Aqui,cabe a cada um julgar a teoria de Descartes, as criticas ajudarão na resposta.

7.Qual o papel do sujeito pensante para Descartes ?

O sujeito pensante deve duvidar , não tomar nada como verdade por aparência e sim usar de caminhos para se chegar a verdade comprovando algo ou fato.(questão sujeita a correção)

8.Oque significa " solipsismo"?

É o isolamento do "eu" em relação a tudo mais,ao mundo exterior e ao próprio corpo,que também é um elemento externo.Consequencia do Cogito de Descartes que exige tais critérios que não são aplicados a nada mais a não ser o próprio pensamento.

9.Como se pode interpretar o individualismo no pensamento de Descartes?

O simples fato de sermos dotados de idéias inatas,colocadas por Deus em nós onde a capacidade racional dentro de nós mesmos leva o apontamento de Descartes como um dos idealistas do individualismo.

10.Como entender a oposição mundo interior x mundo exterior na filosofia de Descartes?

O mundo interior; o mundo do Cogito do pensamento que difero do mundo exterior onde Deus garante sua existencia,sendo ele mesmo o unico capaz de garantir o conhecimento sobre o mundo.Deus esta entre o interior(pensamento , Cogito ) e o exterior.

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11.Porque Descartes Precisa recorrer a uma prova sobre a existência de Deus ?

Para superar as exigencias radicais do idealismo e conceber algo exterior ao pensamento.Então ocorre uma transferência do idealismo para o Realismo,com o argumento ontológico , provando a existência de Deus.

Fundador da filosofia moderna, dá importância á teoria do conhecimento ou gnosiologia.

→ Procura construir um sistema científico de bases ou princípios firmes e indubitáveis.

→ Filósofo tipicamente racionalista, inspirou-se no modelo matemático.

→ Defendia que a ciência se devia basear em princípios metafísicos a partir dos quais todos os restantes conhecimentos seriam deduzidos com rigor e ordem.

→ O objetivo fundamental do pensamento de Descartes é a reforma profunda do conhecimento humano, uma vez que, na sua época, havia falta de confiança na razão e dependência desta em relação à experiência.

→ Descartes pretende aplicar o modelo matemático a domínios como a metafísica e a física.

→ Atitude de Descartes em relação ao saber tradicional: O conjunto dos conhecimentos, que constituem o sistema do saber ou o edifício científico tradicional, está assente em bases frágeis.

→ Esse edifício científico é constituído por conhecimentos que não estão devidamente ordenados.

→ O saber tradicional padece de dois defeitos: a falta de organização ou sistematização e a falta de solidez das bases em que assenta.

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→ Descartes, considera que os fundamentos do sistema dito científico não são verdadeiros e que, embora haja conhecimentos verdadeiros nesse sistema, eles não estão colocados por ordem, não foram descobertos de uma forma ordenada ou racional. A fundamentação do saber e a sua ordenação são as duas exigências essenciais da crítica cartesiana ao saber do seu tempo.

→ Para constituir a ciência em bases firmes é necessário partir de um princípio que cumprirá duas exigências, sem as quais será eu pseudo-princípio: Deve ser de tal modo evidente (claro e distinto) que o pensamento não possa dele duvidar. Dele dependerá o conhecimento do resto, de modo que nada pode ser conhecido sem ele, mas não reciprocamente.

DÚVIDA COMO INSTRUMENTO DA PROCURA DA VERDADE

→ Descartes elaborou um conjunto de regras que o orientassem na procura da verdade, constituindo essas 4 regras o seu método.

→ A 1ª regra é a regra da evidência, que nos diz para não aceitarmos como verdadeiro aquilo que não for absolutamente indubitável: é verdadeiro o que resiste a toda e qualquer dúvida.

→ A dúvida é catártica ou purificadora, porque quer libertar a razão dos falsos princípios, quer evitar que se considerem princípios do saber conhecimentos que não merecem esse nome.

→ Um edifício com um fundamento absolutamente verdadeiro tem de passar pela prova rigorosa da dúvida. A prova da dúvida é tão rigorosa que esta assume um aspecto hiperbólico, excessivo.

→ O carácter hiperbólico da dúvida significa que vamos duvidar: o Considerando como absolutamente falso o que for minimamente duvidoso; o Considerando como sempre enganador aquilo que alguma vez nos enganar.

OS NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA DÚVIDA

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→ 1º Nível – Dúvida em relação aos sentidos. A dúvida vai aplicar-se em primeiro lugar às informações dos sentidos e como estes nos enganam algumas vezes, ao aplicar o princípio hiperbólico da dúvida concluímos que: se devemos considerar como sempre enganador aquilo que nos engana algumas vezes, então os sentidos não merecem qualquer confiança. Assim, Descartes, rejeita um dos fundamentos principais do saber tradicional: a crença em que o conhecimento começa com a experiência, com as informações dos sentidos.

→ 2º Nível – Dúvida dos objetos. Descartes vai pôr em causa outro dos fundamentos essenciais do saber tradicional: a convicção ou crença imediata na existência das realidades física ou sensíveis. Descartes considera que se não existe uma maneira clara de diferenciar o sonho da realidade, então podemos desconfiar de que os acontecimentos e as coisas que julgamos reais não são mais do que figurantes de um sonho.

→ 3º Nível – Dúvida do conhecimento matemático. O fato de Deus ser onipotente e de nos ter criado leva-nos a suspeitar de que Deus, ao criar o nosso entendimento, ao “depositar” nele as “verdades” matemáticas, pode tê-lo criado “virado do avesso” sem

disso nos informar. Ou seja, o nosso entendimento pode estar radicalmente pervertido, tomando como verdadeiro o que é falso e vice-versa.

RESULTADO DA APLICAÇÃO DA DÚVIDA: ACABA POR NOS CONDUZIR À PRIMEIRA E ABSOLUTA VERDADE, AO PRIMEIRO PRINCÍPIO DO SISTEMA DO SABER

→ Como resultado da aplicação da dúvida, pôs-se em causa toda a dimensão dos objetos, quer sensíveis quer inteligíveis. Foi tudo posto em causa, ou seja, reina o cepticismo: tudo é falso, nada é verdadeiro, isto é, nada resiste à dúvida. Contudo, quando a dúvida atinge o seu ponto máximo, uma verdade indubitável vai impor-se.

→ A dúvida é um ato do pensamento que só é possível se existir um sujeito que o realize. A condição de possibilidade do ato de duvidar é a existência do sujeito que pensa, ou seja, duvidar é um ato que tem de ser exercido por alguém. Logo, a existência do sujeito que duvida é uma verdade indubitável: “Penso, logo existo.”, ou seja, eu duvido de tudo, mas não posso duvidar da minha existência como sujeito que, neste momento, duvida de tudo. “Duvido, logo existo.”

→ Esta verdade, “Eu penso, logo existo”, vai ser o critério ou o modelo de toda e qualquer verdade ou evidência posterior.

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→ O “cogito” é a primeira verdade. O sujeito sabe que existe como condição de possibilidade radical do ato de duvidar e isso é verdade porque vê muito clara e distintamente que é impossível falar do ato de duvidar sem supor como sua possibilidade a existência de um sujeito que duvida.

→ O “cogito” vai funcionar como modelo de verdade: serão verdadeiros todos os conhecimentos que forem tão claros e distintos (evidentes) como este primeiro conhecimento.

→ Este princípio indubitável é racional, porque no momento em que o descobrimos, nenhuma realidade sensível merece crédito, ou seja, trata-se da “raiz da árvore do saber”, não sendo um conhecimento sensível ou matemático, mas sim uma realidade metafísica: o sujeito puramente racional.

→ A generalização e radicalização da dúvida foi motivada pelo desejo de pôr em evidência o caráter único e privilegiado do conhecimento que nenhuma dúvida pode abalar.

PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS COMO SER PREFEITO (NÃO ENGANADOR)

→ Sei que sou imperfeito, porque duvido e só considero que duvidar é uma imperfeição, porque tenho a noção de perfeição.

→ Só comparando as qualidades que eu possuo com o que penso ser a perfeição é que posso dizer que eu que duvido e não conheço tudo, sou imperfeito. A ideia de um ser perfeito corresponde à ideia de um ser que não duvida, que tudo sabe (onisciente).

→ Como só o que é perfeito pode ser a causa da ideia de perfeito, Descartes conclui que Deus existe.

TIPOS DE IDEIAS

→ A ideia de alma e de Deus são ideias inatas – estão na mente desde o nascimento e serão desenvolvidas pela razão sem o apoio da experiência. Só as ideias inatas são claras e distintas.

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→ As ideias adventícias (ideia de Sol ou maçã) são ideias que procedem da experiência.

→ As ideias factícias são ideias forjadas pelo sujeito como é o caso da ideia de sereia ou unicórnio.

FUNDAMENTAÇÃO METAFÍSICA DO SABER: DEUS COMO GARANTIA DAS VERDADES MATEMÁTICAS E DAS VERDADES RACIONAIS EM GERAL

→ No terceiro nível de dúvida, Descartes apresenta a suspeita de que um Deus onipotente podia fazer tudo, inclusive enganar. Contudo, Descartes vai chegar à conclusão de que essa suspeita não faz sentido, pois se Deus é onipotente e perfeito e enganar é sinônimo de fraqueza, porque só a fraqueza e a imperfeição podem levar-nos a utilizar a arma da mentira, então Deus não nos engana, não perverte o nosso entendimento.

→ O papel da veracidade divina (não enganar e ser fonte de todo o saber) é duplo: É garantia da validade das evidências atuais, isto é, das que estão atualmente presentes na minha consciência. Com efeito, não há razão para duvidar das ideias que estão presentes, na minha consciência, como claras e distintas, uma vez provado que Deus não engana e não perverte o meu entendimento. Provado que Deus não é enganador, uma determinada evidência.

→ Percepções Impressões (atos originários do nosso conhecimento, correspondendo aos dados da experiência presente ou atual. Imagens ou sentimentos que derivam imediatamente da realidade. São percepções vivas e fortes.). Ideias (são representações ou imagens debilitadas, enfraquecidas, das impressões no pensamento. Marcas deixadas pelas impressões no pensamento, uma vez desaparecidas.) Simples (a percepção de uma caneta azul) Complexas (a visão global de um povoado a partir de um ponto alto) Complexas (a recordação do povoado) Simples (a recordação da caneta azul) Conhecimentos de fato – física Relações de ideias – matemática, lógica não pode ser posta em causa enquanto está presente no meu espírito e atentamente a considero.

→ É garantia das minhas evidências passadas, isto é, não atualmente presentes na minha consciência. É Deus quem vai garantir que aquilo que é válido para mim num certo momento

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seja válido objetivamente, isto é, independentemente de mim e sempre. O saber firme, seguro e constante que Descartes ambiciona só pode ser assegurado pela veracidade e imutabilidade divinas. As evidências às quais dei o meu assentimento continuam a ser evidências, mesmo quando já nelas não penso.

→ Deus acaba por ser a verdadeira “raiz da árvore do saber” porque só a sua veracidade garante a verdade dos conhecimentos que o sujeito pensante (a primeira realidade a ser conhecida, mas não a realidade verdadeiramente fundamental) vai constituindo. DAVID HUME → Encarregou-se de uma profunda investigação sobre a origem, possibilidade e os limites do conhecimento.

IMPRESSÕES E IDEIAS SÃO O CONTEÚDO DO CONHECIMENTO

→ Para David Hume todo o conhecimento começa com a experiência, sendo os dados ou impressões sensíveis as suas unidades básicas.

→ Divide o conteúdo do conhecimento em 2 espécies de estados de consciência ou percepções:

→ A diferença entre impressões e ideias é simplesmente de grau e não de natureza.

→ Não existem ideias inatas, pois, segundo Hume, elas só aparecem após a impressão que lhes deu origem e não ao contrário: “as impressões simples precedem sempre as ideias correspondentes e nunca aparecem na ordem contrária”. “As impressões são as causas das nossas ideias e não as nossas ideias das nossas impressões.”

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TIPOS DE CONHECIMENTO

→ A distinção entre impressões e ideias diz respeito aos elementos do conhecimento.

→ A distinção entre os modos ou tipos do conhecimento: o Conhecimento de ideias ou Relação entre ideias – proposições cuja verdade pode ser conhecida por simples análise lógica do significado das ideias que as compõem. A verdade das proposições que consistem em relações entre ideias é independente da experiência: são verdadeiras ou falsas a priori, embora todas as ideias tenham o seu fundamento nas impressões, podemos conhecer sem necessidade de recorrer às impressões, isto é, ao confronto com a experiência. As definições e proposições lógico-matemáticas são exemplos. (Ex.: o triângulo tem 3 lados.) Tais conhecimentos são tautológicos, ou seja, as proposições lógicas e matemáticas não dão novas informações porque o predicado diz, implicitamente, o mesmo que o sujeito. → Conhecimento de fatos – proposições cuja verdade só pode ser conhecida mediante a experiência, isto é, temos de observar o mundo dos fatos para verificar se elas são verdadeiras ou falsas. Ex.: “Este martelo é pesado.” É um juízo cujo valor de verdade não pode ser decidido pela simples inspeção a priori, ou seja, temos de a confrontar com uma verificação experimental elementar, isto é, a sua verdade ou falsidade só pode ser determinada a posteriori.

→ Além da forma de determinar a sua verdade (a priori num caso; a posteriori noutro), há uma diferença importante entre a relação entre ideias e os conhecimentos de fato: ao contrário das relações de ideias, não há qualquer contradição na negação de um conhecimento de fato. As proposições de fato podem ser verdadeiras mas é possível que venham a revelar-se falsas.

PROBLEMA DA CAUSALIDADE

→ Todas as nossas ideias derivam de uma impressão sensível. A toda e qualquer ideia tem de corresponder uma impressão porque as ideias são imagens das impressões. Do que não há impressão sensível não há conhecimento. – Conhecimento de fatos. 1. Observação de um fato: duas bolas de bilhar chocam. (conjunção constante entre (A) e (B), que (B) sucede a (A). 2. Análise do Fenômeno:

→ Como consequência da conjunção constante ou sucessão regular de (A) e (B) nasce na nossa mente a ideia de relação causal ou conexão necessária. Dizemos então: Sempre que se dá (A) acontece (B). Assim, pensamos que acontecendo (A) não poderá deixar de acontecer (B). Quando dizemos isto estamos a falar de um fato futuro. É aqui que Hume diz que ultrapassamos o que a experiência – a única fonte de validade dos conhecimentos de fato –

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nos permite. Para Hume o conhecimento dos fatos reduz-se às impressões atuais e passadas. Não podemos ter conhecimento de fatos futuros porque não podemos ter qualquer impressão sensível ou experiência do que ainda não aconteceu.

→ A ideia de relação causal, de uma conexão necessária entre dois fenômenos (“sempre foi assim, sempre será assim”), é uma ideia da qual não temos qualquer impressão sensível. Como o critério de verdade de um conhecimento factual é que a uma ideia corresponda uma impressão sensível, não temos legitimidade para falar de uma relação causal entre dados da nossa experiência. 3. Conclusões: → Nós inferimos uma relação necessária entre causa e efeito pelo fato de nos termos habituado a constatar uma relação constante entre fatos semelhantes ou sucessivos. É apenas o hábito ou costume que nos permite sair daquilo que está imediatamente presente na experiência em direção ao futuro.

→ A constante relação de contiguidade espacial e de prioridade temporal entre os fenómenos A e B levam a razão a inventar uma conexão que ela julga necessária, mas da qual nunca teve experiência.

→ A crença na ideia de causalidade tem um fundamento não racional. Tal ideia não deriva da razão, mas de fatores psicológicos – a vontade de que o futuro seja previsível e, logo, controlável.

→ O principio de causalidade, considerado um princípio racional e objetivo, nada mais é do que uma crença subjetiva, o produto de um hábito, o desejo de transformação de uma expectativa em realidade.

→ Ideia de causa – a ideia de que há uma conexão necessária entre dois ou mais eventos. → Não há nenhuma impressão sensível da qual derive a ideia de causa. → Contudo, observamos: 1. a contiguidade espacial; 2. a sucessão temporal e; 3. a conjunção constante entre dois fenômenos e chamamos causa ao que precede e efeito ao que sucede. → Ao observar que algum evento (A) tem até agora sido sempre sucedido pelo evento (B), acreditamos que da próxima vez que ocorrer (A) sucederá (B). Acreditamos que o futuro será igual ao passado. → Da observação desta constante conjunção como formamos a ideia de causa? 1. Há um poder secreto na causa que faz com que o efeito lhe suceda? Talvez, mas não o podemos observar. 2. A memória só nos dá informações sobre os acontecimentos particulares que recordamos. Não nos diz que podemos esperar que a mesma coisa aconteça outra vez. 3. Utilizando o raciocínio dedutivo? Não, porque não é contraditório que (B) não suceda a (A). 4. O raciocínio indutivo? Não podemos afirmar que o futuro será como o passado utilizando o raciocínio indutivo

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porque este assume que o futuro será como o passado. Seria dizer que sabemos que o futuro será como passado porque no passado o futuro era como o passado.

→ A ideia de causa não deriva da observação de algo nos fenômenos, mas do desenvolvimento de um costume ou de um hábito mental (desenvolvemos o hábito de esperar que (B) aconteça mal vemos acontecer (A)).

→ O ceticismo de Hume não é total, absoluto. Temos a faculdade (razão) de conhecer verdades a priori – matemáticas e lógicas – e as faculdades (memória e percepção sensível) que nos permite conhecer fatos presentes e passados. Mas, não temos nenhuma faculdade que nos permita conhecer fatos futuros. A razão não é capaz de formular leis da Natureza. Segundo Hume, um cientista nunca pode prever que uma hipótese seja verdadeira.

Fonte: http://www.aeflup.com/

DICURSO DO MÉTODO

Publicado originalmente em 1637 o Discurso do Método de René Descartes é uma das mas famosas obras da literatura filosófica, sendo por muitos considerado o texto fundamente da ruptura cultural que da origem a Filosofia Moderna.O texto é composto de seis partes onde o autor, partindo de um relato de sua biografia intelectual, expõe de maneira clara e sucinta os grandes traços de seu novo sistema filosófico.Descartes começa seu texto apresentando os grandes parâmetros de sua formação cultural. Aluno de uma das mais prestigiadas escolas européias, a Escola dos Jesuítas em La Flèche, pode receber o que de melhor tinha a ofertar a cultura de seu tempo. Estudou Lógica que considerava um interessante instrumento uma vez que estejamos de posse da verdade, mas que em nada auxiliava a obter a verdade; estudou Teologia, sabe importante sem dúvida, todavia dispensável, pois desde que tenhamos fé em Deus, nossa salvação estará assegurada; estudou Filosofia e, sobre essa, chegou a uma triste conclusão: a história da filosofia nos mostrava de que não existia nada de tão absurdo que já não tivesse sido afirmado alguma vez por algum filósofo. Em todas as disciplinas que estuda, a exceção da matemática, cuja aplicabilidade a problemas concretos somente se dará a partir e por causa de Descartes, constata ele que a cultura em geral não oferece nenhum saber que seja isento de dúvidas e útil para vida. Cabe portanto, concluir Descartes reformar o conhecimento e fundamentá-lo a partir de novas e sólidas bases. Tal é a tarefa que será delineada no Discurso do Método e buscada por toda a vida de Descartes.Para obter esse resultado, Descartes elabora um método que consta de quatro regras: 1) Não aceitar nada que não seja evidente e evitar a prevenção e a precipitação; 2) Dividir um problema em tantas partes quantas forem possíveis e necessárias, a chamada regra da análise; 3) Conduzir o pensamento por ordem, partindo dos objetos mais simples para os mais complexos, a chamada regra da síntese; 4) Efetuar enumerações tão completas de modo a ter certeza de

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nenhum elemento ter sido esquecido.Aplicando esse método aos objetos culturais, quais deles podem ser ditos tão evidentes que não possam ser colocados em dúvida? Todos os dados dos sentidos podem nos enganar; da mesma forma todos os objetos da razão igualmente o podem.... nada existe que seja dado ao homem que não posso ser posto em dúvida; todavia, se de tudo podemos duvidar, não podemos duvidar do fato de estarmos duvidando. Ou seja, em toda a dúvida está presente a certeza do sujeito que duvida; ora constata Descartes, se duvido pelo e, se penso logo existo. O conhecimento não deverá pois ser construído a partir de certezas externas, sempre falíveis, mas sim da única certeza indubitável, a certeza do Cogito.Certo, poderemos argumentar contra Descartes, mas e daí? Como sair da certeza do solipsismo para a certeza dos objetos do mundo? Analisando o que nos dá essa certeza inicial Podemos constatar que somos uma substância cuja essência consiste no pensamento, o que significa que que não existe uma união necessária entre o corpo e o espírito, já que é possível duvidar de que tenhamos um corpo, mas não uma razão pensante. Essa razão pensante, na medida em que duvida se descobre como imperfeita. Ora, nos diz Descartes, de onde vem essa idéia de perfeição? Não pode vir dos objetos do mundo na medida em que aí não a encontramos; não pode ter sido criada por nós, pois somos imperfeitos e, no entanto, a temos. Como se pergunta Descartes? Só pode ser uma idéia inata, impressa em nós por aquele que nos criou – Deus. Da existência de Deus, ser criador dotado de todas as perfeições, não é possível que nos enganemos sempre, pois aío ser perfeito teria criado algo absolutamente imperfeito. Logo, a única coisa que nos impede de conhecer a verdade é não procedermos de forma metódica.No Discurso do Método, Descartes parte da certeza inicial do sujeito pensante, nela descobre Deus como idéia inata, dai conclui a impossibilidade do erro absoluto e propõe como forma de superação a adoção das regras metodológicas Temos assim o saber fundado agora na subjetividade humana e não mais no ser. Quando for possível a essa subjetividade, e esse é o processo da evolução da ciência moderna, apenas com base em regras metodológicas constituir a verdade, deus se tornará desnecessário ao saber, sendo recolhida aos recônditos da subjetividade humana.Descartes abre assim o caminho para o desencantamento do mundo.

O filósofo alemão Immanue Kant responde à questão de como é possível o conhecimento afirmando o papel constitutivo de mundo pelo sujeito transcendental, isto é, o sujeito que possui as condições de possibilidade da experiência. O que equivale a responder: "o conhecimento é possível porque o homem possui faculdades que o tornam possível". Com isso, o filósofo passa a investigar a razão e seus limites, ao invés de investigar como deve ser o mundo para que se possa conhecê-lo, como a filosofia havia feito até então.

Mas quais são exatamente, segundo Kant, estas faculdades ou formas a priori no homem que o permitem conhecer a realidade ou, em outros termos, o que são essas tais condições de possibilidade da experiência?

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Em Kant, há duas principais fontes de conhecimento no sujeito:

A sensibilidade, por meio da qual os objetos são dados na intuição.

O entendimento, por meio do qual os objetos são pensados nos conceitos.

Vejamos o que ele quer dizer com isso, começando pela intuição. Na primeira divisão da Crítica da Razão Pura, a "Doutrina Transcendental dos Elementos", a primeira parte é intitulada "Estética Transcendental" (estética, aqui, não diz respeito a uma teoria do gosto ou do belo, mas a uma teoria da sensibilidade). Nela, Kant define sensibilidade como o modo receptivo - passivo - pelo qual somos afetados pelos objetos, e intuição, a maneira direta de nos referirmos aos objetos.

Funciona assim: tenho uma multiplicidade de sensações dos objetos do mundo, como cor, cheiro, calor, textura, etc. Estas sensações são o que podemos chamar de matéria do fenômeno, ou seja, o conteúdo da experiência. Mas para que todas estas impressões tenham algum sentido e entrem no campo do cognoscível (daquilo que se pode conhecer), elas precisam, em primeiro lugar, serem colocadas em formas a priori da intuição, que são o espaço e o tempo.

Estas formas puras da intuição surgem antes de qualquer representação mental do objeto; antes que se possa pensar a palavra "cadeira", a cadeira deve ser apresentada, recebida, na forma a priori do espaço e do tempo. Este é o primeiro passo para que se possa conhecer algo.

Assim, apreendemos daqui duas coisas: primeiro, o conhecimento só é possível se os objetos da experiência forem dados no espaço e no tempo; e, segundo, espaço e tempo são propriedades subjetivas, isto é, atributos do sujeito e não do mundo (da coisa-em-si).

Espaço e tempo Espaço é a forma do sentido externo; e tempo, do sentido interno. Isto é, os objetos externos se apresentam em uma forma espacial; e os internos, em uma forma temporal.

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Como Kant prova isso? Pense em uma cadeira em um espaço qualquer, por exemplo, em uma sala de aula vazia. Agora, mentalmente, retire esta cadeira da sala de aula. O que sobra? O espaço vazio. Agora tente fazer contrário, retirar o espaço vazio e deixar só a cadeira. Não dá, a menos que sua cadeira fique flutuando em uma dimensão extraterrena.

E o tempo? Ele é minha percepção interna. Só posso conceber a existência de um "eu" estando em relação a um passado e a um futuro. Só concebemos as coisas no tempo, em um antes, um agora e um depois. Voltemos ao exercício mental anterior: podemos eliminar a cadeira do tempo - ela foi destruída, não existe mais. Porém, não posso eliminar o tempo da cadeira - eu sempre a penso em uma duração, antes ou depois.

A conclusão é de que é impossível conhecer os objetos externos sem ordená-los em uma forma espacial - e de que nossa percepção interna destes mesmos objetos fica impossível sem uma forma temporal.

Além disso, espaço e tempo preexistem como faculdades do sujeito - e, portanto, são a priori e universais - quando eliminamos os objetos da experiência. Por isso, segundo Kant, espaço e tempo são atributos do sujeito e condições de possibilidade de qualquer experiência.

As categorias Na segunda parte da "Doutrina Transcendental dos Elementos", a "Analítica Transcendental", Kant analisa os conceitos puros a priori do entendimento, pelos quais representamos o objeto.

Vamos rever o esquema do conhecimento, antes de avançar. Temos objetos no mundo, que só podemos conhecer como fenômenos, isto é, na medida em que aparecem para o sujeito. Fora do sujeito, como coisa-em-si, estão fora do alcance da razão.

Mas, para serem fenômenos, estas coisas precisam, antes de tudo, aparecer no espaço e tempo, que são faculdades do sujeito. Vejo uma árvore. Esta árvore eu vejo em suas cores e formas, que são as sensações deste objeto. Estas sensações são recebidas e organizadas pela intuição no espaço e no tempo. Esta é a primeira condição para o conhecimento.

O segundo momento, depois de o sujeito receber o objeto na intuição, na sensibilidade, pela faculdade do entendimento ele reunirá estas intuições em conceitos, como, por exemplo, "Árvore" ou "A árvore é verde". Esta é a segunda condição para o conhecimento.

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Os conceitos básicos são chamados de categorias, que são representações que reúnem o múltiplo das intuições sensíveis. As categorias, em Kant, são 12:

1. Quantidade: Unidade, Pluralidade e Totalidade.

2. Qualidade: Realidade, Negação e Limitação.

3. Relação: Substância, Causalidade e Comunidade.

4. Modalidade: Possibilidade, Existência e Necessidade.

São formas vazias, a serem preenchidas pelos fenômenos. Os fenômenos, por outro lado, só podem ser pensados dentro das categorias.

Em Hume, a causalidade - relação de causa e efeito - era um hábito, uma ilusão. Já para Kant, Hume estava errado em procurar a causalidade na Natureza. Só podemos pensar as coisas em uma relação de causa e efeito porque a causalidade está no sujeito, não no mundo. Uma criança vê uma bola sendo arremessada (causa) e olha na direção de quem atirou a bola (efeito). Como a criança liga um fato com o outro? Porque ela possui, a priori, a categoria de causalidade, que a permite conhecer.

Chegamos, portanto, a uma síntese que Kant faz entre racionalismo e empirismo. Sem o conteúdo da experiência, dados na intuição, os pensamentos são vazios de mundo (racionalismo); por outro lado, sem os conceitos, eles não têm nenhum sentido para nós (empirismo). Ou, nas palavras de Kant: "Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem entendimento nenhum seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas."

Considerações finais É um lugar-comum dizer que Kant é um divisor de águas na filosofia, mas é verdade. O sistema kantiano foi contestado pelos filósofos posteriores. No entanto, suas teorias estão na raiz das principais correntes da filosofia moderna, da fenomenologia e existencialismo à filosofia analítica e pragmatismo. Por esta razão, sua leitura é obrigatória para quem se interessa pela história do pensamento moderno.

Sugestões de leitura A Crítica da Razão Pura foi traduzida para o português e publicada pela Editora Abril, na coleção "Os Pensadores", e pela editora portuguesa Calouste Gulbenkian. Ambas são recomendadas. É de grande ajuda, para o domínio do vocabulário kantiano, o

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Dicionário Kant (Jorge Zahar Editor), de Howard Caygill. Também da Jorge Zahar, o livro Kant & A Crítica da Razão Pura, de Vinicius Figueiredo, propõe introduzir o leitor nessa obra densa e de difícil leitura.

Questão 01

"(...) a própria experiência é um modo de conhecimento que requer entendimento, cuja regra tenho que pressupor a priori em mim ainda antes de me serem dados objetos e que é expressa em conceitos a priori, pelos quais portanto todos os objetos da experiência têm necessariamente que se regular e com eles concordar." (KANT, Immanuel.

Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 13).

Com base na filosofia de Kant, assinale o que for correto.

01) O método de Kant é chamado criticismo, pois consiste na crítica ou na análise reflexiva da razão, a qual, antes de partir ao conhecimento das coisas, deve conhecer a si mesma, fixando as condições de possibilidade do conhecimento, aquilo que pode legitimamente ser conhecido e o que não.

02) Para Kant, uma vez que os limites do conhecimento científico são os limites da experiência, as coisas que não são dadas à intuição sensível (a coisa em si, as entidades metafísicas como Deus, alma e liberdade) não podem ser conhecidas.

04) Kant mantém-se na posição dogmática herdada de Hume. Para os dois filósofos, o conhecimento é um fato que não põe problema. O resultado da crítica da razão é a constatação do poder ilimitado da razão para conhecer.

08) O sentido da revolução copernicana operada por Kant na filosofia é que são os objetos que se regulam pelo nosso conhecimento, não o inverso. Ou seja, o conhecimento não reflete o objeto exterior, mas o sujeito cognoscente constrói o objeto do seu saber.

16) Com a sua explicação da natureza do conhecimento, Kant supera a dicotomia racionalismo-empirismo. O conhecimento, que tem por objeto o fenômeno, é o resultado da síntese entre os dados da experiência e as intuições e os conceitos a priori da razão.

Questão 02

"Todas as idéias derivam da sensação ou reflexão. Suponhamos que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer idéias; como ela será suprida? (...) De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento." (LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 165).

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Assinale o que for correto.

01) Para John Locke, embora nosso conhecimento se origine na experiência, nem todo ele deriva da experiência. No entendimento, existem idéias inatas abstraídas das coisas pela reflexão.

02) Como seguidor de Descartes, John Locke assume a diferença entre conhecimento verdadeiro, que é puramente intelectual e infalível, e conhecimento sensível, que, por depender da sensação, é suscetível de erro.

04) John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento em sentido estrito, pois se propôs, no Ensaio acerca do entendimento humano, a investigar explicitamente a natureza, a origem e o alcance do conhecimento humano.

08) Para John Locke, todo nosso conhecimento provém e se fundamenta na experiência. As impressões formam as idéias simples; a reflexão sobre as idéias simples, ao combiná-las, formam idéias complexas, como substância, Deus, alma etc.

16) John Locke distingue as qualidades do objeto em qualidades primárias (solidez, extensão, movimento etc.) e qualidades secundárias (cor, odor, sabor etc.); as primeiras existem realmente nas coisas, as segundas são relativas e subjetivas.

03. UEL 2003 - “Mas logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que poderia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.” (DESCARTES, René. Discurso do método. Trad. de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 92. Coleção Os Pensadores.)

De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa correta.

a) Para Descartes, não podemos conhecer nada com certeza, pois tudo quanto pensamos está sujeito à falsidade.

b) O “eu penso, logo existo” expressa uma verdade instável e incerta, o que fez Descartes ser vencido pelos céticos.

c) A expressão “eu penso, logo existo” representa a verdade firme e certa com a qual Descartes fundamenta o conhecimento e a ciência.

d) As “extravagantes suposições dos céticos” impediram Descartes de encontrar uma verdade que servisse como princípio para a filosofia.

e) Descartes, ao acreditar que tudo era falso, colocava em dúvida sua própria existência.

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04 (UEL-2011)

O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade agora que eu existo [...]”

Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é correto afirmar:

a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são falhos e limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis.

b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias coisas que são percebidas de acordo com as circunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados.

c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do conhecimento, uma vez que somente as coisas percebidas por meio da experiência sensível possuem existência real.

d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se pode observar no debate perpétuo e universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única certeza que se pode alcançar.

e) A condição necessária para alcançar o conhecimento seguro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida mais obstinada.

5. (UFU – 2000/1) Kant (séc. XVIII) distinguiu duas modalidades de conhecimentos: os empíricos

e os apriorísticos. Segundo ele, esse dois tipos de conhecimentos se exprimem como juízos

sintéticos e juízos analíticos. Assim,

I – juízo analítico é aquele em que o predicado é a explicitação do conteúdo do sujeito.

II – juízo sintético é aquele no qual o predicado não acrescenta novos dados sobre o sujeito.

III – um juízo, para ter valor científico ou filosófico, deve ser universal e necessário e verdadeiro.

IV – juízo sintético, a priori, é o conhecimento universal, necessário e verdadeiro.

Estão corretas as afirmativas.

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a) I, II e III

b) I, III e IV

c) I, II e IV

d) I e II

06 (UEL-2005) “E quando considero que duvido, isto é, que sou uma coisa incompleta e dependente, a idéia de um ser completo e independente, ou seja, de Deus, apresenta-se a meu espírito com igual distinção e clareza; e do simples fato de que essa idéia se encontra em mim, ou que sou ou existo, eu que possuo esta idéia, concluo tão evidentemente a existência de Deus e que a minha depende inteiramente dele em todos os momentos da minha vida, que não penso que o espírito humano possa conhecer algo com maior evidência e certeza”. (DESCARTES, René. Meditações. Trad. de Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 297-298.)

Com base no texto, é correto afirmar:

a) O espírito possui uma idéia obscura e confusa de Deus, o que impede que esta idéia possa ser

conhecida com evidência.

b) A idéia da existência de Deus, como um ser completo e independente, é uma conseqüência dos limites do espírito humano.

c) O conhecimento que o espírito humano possui de si mesmo é superior ao conhecimento de Deus.

d) A única certeza que o espírito humano é capaz de provar é a existência de si mesmo, enquanto um ser

que pensa.

e) A existência de Deus, como uma idéia clara e distinta, é impossível de ser provada.

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