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6 , O CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE PÁGINA 1
Electromagnetismo e Física Moderna
Física Experimental III
Versão 1.1
Un
ive
rsid
ad
e N
ova
de
Lis
bo
a,
Fa
cu
lda
de
de
Ciê
ncia
s e
Te
cn
olo
gia
De
pa
rta
me
nto
de
Fís
ica
6O campo magnético terrestre
— Determinação da suaintensidade e orientação
• Demonstrar uma aplicação da indução electromagnética
• Verificar os parâmetros que afectam a indução num enrolamento que roda num campo uniforme
• Determinar as componentes do campo geomagnético
Introdução
Uma das aplicações simples da lei de Faraday é a
determinação do campo magnético terrestre (ou
campo geomagnético).
O campo magnético da Terra é semelhante ao
campo gerado por um dipolo magnético (ou seja
uma barra magnética com um pólo Norte e um pólo
Sul) localizado no centro da Terra. O eixo do dipolo
está desviado do eixo de rotação da Terra por um
ângulo aproximadamente de 11°.
Em qualquer ponto da Terra, o campo magnético é
caracterizado por uma direcção e intensidade que
podem ser medidas. Em geral é descrito pelos
seguintes parâmetros (vidé Fig. 1) :
• H, a componente horizontal do campo magnéticode intensidade total F.
• Z, a componente vertical.
• I, inclinação ou ângulo entre a direcção docampo e o plano horizontal.
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Física Experimental III
Versão 1.1
6 , O CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE PÁGINA 2
• D, declinação ou ângulo entre a componentehorizontal e pólo Norte geográfico.
Figura 1. Definição dos parâmetros do campo geo-magnético.
O campo geomagnético é diferente em locais dife-
rentes. É tão irregular que para se obter a sua
distribuição sobre a superfície da Terra, existem
cerca de 200 observatórios que continuamente
medem os seus parâmetros. Na Fig. está ilustrada
a variação da sua intensidade.
Em Portugal o campo geomagnético tem uma inten-
sidade média aproximadamente de 44000 nT e
uma inclinação média de 54°. Em Lisboa os mode-
los internacionais de extrapolação de campo mag-
nético indicam um campo com as seguintes
componentes:
H = 26188 nT (N)
Z = 34863 nT (para baixo)
I = 53,1°
O campo geomagnético é produzido pelo conjunto
de várias contribuições. A sobreposição das
várias contribuições produzem interacções por
processos inductivos. As principais contribuições
são as seguintes:
1 . O fluido condutor da parte exterior do núcleo da
Terra.
2 . Rochas magnetizadas da crosta terrestre.
3 . Campos gerados no exterior da Terra por cor-
rentes eléctricas que fluem na ionosfera e na
magnetosfera.
4 . Correntes eléctricas que fluem na crosta ter-
restre (em geral induzidas pela variação cam-
pos magnéticos externos).
5 . Efeitos das correntes oceânicas.
Estas contribuições têm todas variações com o
tempo que variam entre os milisegundos e os
milhões de anos. Mais de 90% do campo magnético
é produzido pela parte exterior do núcleo da
Terra.
Determinação do campo geomagnético
Para efeitos deste trabalho, pode-se considerar
que a Terra tem um campo magnético permanente,
e uniforme.
Considere-se, agora, um enrolamento com N espi-
ras, com uma área S e que roda com uma frequên-
cia angular ω sob a acção do campo magnético
terrestre de intensidade F. Se as espiras estive-
rem a rodar a aplicação da Lei de Faraday diz-nos
que surge uma tensão induzida nas extremidades
do enrolamento,
( E q . 1 )
onde Vind é a tensão induzida, o campo geomag-
nético e é um elemento infinitesimal da super-
fície S definida pelo perímetro das espiras. O
sentido de é perpendicular à superfície S. A
rotação produz uma variação do ângulo entre e
pelo que a derivada com o tempo do fluxo (o
valor do integral) não é nula.
Se rotação do enrolamento for em torno de um
eixo vertical (vidé Fig. 2) e tendo em conta que o
campo geomagnético tem um ângulo I com o plano
horizontal, a Eq. 1 pode ser escrita na forma
( E q . 2 )
Como a componente horizontal do campo é
nadir
zéniteS
NE
W
D
H
Z
F
I
V indtd
d N F ds⋅( )s∫–=
F
ds
ds
F
ds
V indtd
d N F I ωt coscos s ds∫–=
Electromagnetismo e Física Moderna
Física Experimental III
Versão 1.1
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( E q . 3 )
A variação com o tempo produzida pela rotação
não afecta o integral de superfície, pelo que se
obtém:
( E q . 4 )
Como a função seno varia entre +1 e -1, a tensão
H F Icos=
V indtd
d N H ωt cos s ds∫–=
V indtd
d NH ωt cos – N– HSω ωtsin= =
Figura 1. No mapa superior está representado a variação da intensidade total do campo geomagnético (F). Nomapa inferior representa-se a inclinação (I) do campo
F(nT)
I(graus)
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induzida tem o valor máximo (ou de pico):.
( E q . 5 )
Figura 2. Orientação dos eixos dos enrolamentoscom N espiras e secção S para determinação do campogeomagnético.
Pode-se demonstrar de forma semelhante que se o
enrolamento rodar sobre um eixo horizontal para-
lelo à direcção Norte-Sul, a tensão induzida tem o
seu valor máximo
( E q . 6 )
onde Z é a componente vertical do campo geomag-
nético .
As componentes podem, então, ser obtidas das
Eq. 5 e 6:
( E q . 7 )
( E q . 8 )
Os índices V e H na frequência angular ω, indicam
se o enrolamento roda com o eixo vertical ou horizontal.
A inclinação I pode ser obtida a partir das duas
componentes de F
( E q . 9 )
Para medir o campo geomagnético, usaremos um
enrolamento com um número de espiras conhecido
que é colocado a rodar em torno de um eixo verti-
cal e depois, em torno de um eixo vertical. Para
registar a tensão induzida necessitamos de um
registador com uma sensibilidade típica de ordem
de 1 mV. Este aparelho, registará num papel a ten-
são induzida (que é sinusoidal) em função do
tempo.
Com esta experiência é também possível verificar
a dependência da tensão induzida Vind, com a fre-
quência ω e com a superfície S.
Equipamento
É necessário o seguinte equipamento para a reali-
zação da montagem experimental:
• 1 motor com eixo de rotação orientável
• 1tripé e 1 varão para suporte do motor.
• 1 fonte de alimentação para o motor (0 a 30V,1,5A).
• 1 interruptor/comutador de polaridade paraligação ao motor.
• 1 bobine com 10 espiras e diâmetro de 40 cm.
• 1 registador com sensibilidade até 1 mV (ou 1osciloscópio digital).
Vind
NHSω=
N, SF
ω ω
N, S
Sul
Norte
Vind
N– ZSω=
H V ind
NSωV---------------=
Z V ind
NSωH---------------=
I Z
H----
atan=
Tabe la 1 . Grandezas e unidades
Grandeza Unidades (SI, outras)
Campo magnético (da Terra), tesla (T), nanotesla(1nT=10-9 T)
Tensão induzida máxima, volts (V), mV (1mV=10-3V)
Tabe la 2 . Algumas relações importantes
Tensão induzida por numenrolamento com N espiras que rodanum campo uniforme de intensidade
H com uma frequência angular ω
Componente horizontal do campogeomagnético
Componente vertical do campogeomagnético
Inclinação do campo geomagnético
F
Vind
V indtd
d N H ωt cos s ds∫–=
H V ind
NSωV---------------=
Z V ind
NSωH---------------=
I Z
H----
atan=
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Versão 1.1
6 , O CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE PÁGINA 5
• 4 cabos banana/banana.
• 1 bússola.
• 1 nível (opcional).
A montagem está ilustrada na Fig. 3. Alguns dos
equipamentos indicados podem ser substituídos
por outros com especificações equivalentes.
Figura 3. Montagem experimental.
Montagem exper imental
1 . Identifique as unidades, o equipamento neces-sário e os pontos de ligação dos cabos.
2 . Confirme as medidas e o número de espiras da
bobine.
3 . Monte a bobine que possui mais espiras no
motor.
4 . Estabeleça as ligações conforme indicadas na
Fig. 3. Os cabos de ligação da bobine ao regista-
dor ficarão enrolados quando o motor iniciar a
rotação. As medidas devem ser efectuadas com
a rotação num sentido seguido da rotação no
sentido oposto.
Medidas a obter
Medição da componente H:
1 . Monte a bobine de modo a rodar com o seu eixona vertical. Use o nível para pequenos ajustes,se necessários.
2 . No registador, seleccione uma sensibilidade de
1 mV (1mV=100 traços do papel), e uma velo-
cidade do papel de 60 cm/min. Ajuste o zero do
registador para o centro do papel.
3 . Ajuste a tensão da fonte de alimentação do
motor para 10V.
4 . Baixe a caneta do registador. Inicie o movi-
mento do papel. Ligue o motor e mantenha-o
ligado até que a espira dê algumas voltas (4 a
6).
5 . Meça e registe a tensão máxima induzida,
e o período. Para obter menor incerteza na
medição do período, meça a distância entre 2
picos afastados (máximos ou mínimos) e divida
pelo número de ciclos (vidé Fig. 4).
6 . Repita os pontos 4 e 5 com velocidades de
rotação diferentes. Use as tensões de alimen-
tação de 14V, 18V, 22V e 26V. Inverta alter-
nadamente o sentido de rotação de modo a
enrolar e desenrolar o cabo de ligação.
Medição da componente Z:
7 . Rode o eixo de rotação de modo a ficar horizon-
tal. Se necessário, use um nível para se certi-
ficar. Com a bússola, rode o conjunto espira e
motor de modo a que o eixo de rotação seja
também paralelo à direcção NS do campo geo-
magnético.
8 . Repita o procedimento descrito nos pontos 3 a
6 usados para a medição da componente H.
fonte de alimentação
bobine
motor
interruptor/inversor de rotação
registadorV
ind
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Física Experimental III
Versão 1.1
6 , O CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE PÁGINA 6
Estes valores estão razoavelmente em conformi-
dade com os valores esperados. É no valor da
inclinação que se nota uma maior diferença. No
entanto, deve-se ter em conta que o campo mag-
nético pode ser localmente afectado pela presença
de materiais ferromagnéticos na proximidade do
local da medição.
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6 , O CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE PÁGINA 7
Exemplo de medida
Na Fig. 4 está representado o resultado obtido no
registador para 2 velocidades de rotação diferen-
tes.
A representação da tensão induzida em função da
frequência permite obter um valor médio das
componentes do campo com base no declive da
melhor recta.
Figura 4. Registo da tensão induzida para duas velo-
cidades de rotação diferentes.
Por exemplo, no caso da componente H, esta pode
ser calculada a partir da equação:
( E q . 1 0 )
onde d é declive da recta que melhor satisfaz os
pontos experimentais, registados num gráfico de
em função de f. Este procedimento está ilus-
trado na Fig. 5.
Figura 5. Valores das tensões induzidas registadasem função de frequência de rotação. As rectas traça-das permitem obter as componentes H e Z a partir doseu declive.
Os dados representados na Fig. 5 permitem obter
os seguintes valores:
H = 24 000 nT
Z = 38 000 nT
F = 44 944 nT
I = 57,7 °
0,07 mV
0,4 mV
5,8 s
5,6 s
T = 5,8 s / 3 = 1,92 s
T = 5,6 s / 7 = 0,8 s
mVVind
0 4,2
---------=
mVVind
0 07,2
------------=
H d
2πNS--------------=
Vind
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
F r e q u ê n c i a , f ( H z )
Te
ns
ão
in
du
zid
a (
mV
)T
en
sã
o i
nd
uz
ida
(m
V)
F r e q u ê n c i a , f ( H z )
H = 24 000 nT
Z = 38 000 nT
6 , O campo magnético terrestre— Relatório PÁGINA 8
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nto
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Fís
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6 O campo magnéticoterrestre— Relatório
Nomes:
1 -
2 -
3 -
Data Licenciatura Grupo
(Não use este relatório como rascunho)
Registo dos dados
Registe o que achar necessário para a correcta identificação da sua experiência (poderão,
eventualmente, ser usadas condições diferentes das indicados). Indique as dimensões e o
número de espiras da bobine usada.
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Dados obtidos
Tabe la 1 . Valores obt idos do reg is to em papel com e ixo de ro tação ver t ica l .
Tensão do motor V= 10 V V= 14 V V= 18 V V= 22 V V= 26 V
V ind ( m V )
T ( s )
f ( H z )
Tabe la 2 . V alores obt idos do reg is to em papel com eixo de rotação hor izonta l .
Tensão do motor V= 10 V V= 14 V V= 18 V V= 22 V V= 26 V
V ind ( m V )
T ( s )
f ( H z )
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6 , O campo magnético terrestre— Relatório PÁGINA 1 0
Representação gráf ica
Trace os gráficos semelhantes aos da Fig. 5. Identifique correctamente os eixos.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
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Versão 1.1
6 , O campo magnético terrestre— Relatório PÁGINA 1 1
Cálculo das componentes
Calcule as componentes H, Z, F e I do campo geomagnético
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6 , O campo magnético terrestre— Relatório PÁGINA 1 2
Discussão
Comente os resultados que obteve. Como se compararam com os resultados esperados.
Tente identificar algumas fontes de incerteza na determinação do campo por este método
Sugira algumas causas que possam alterar o campo na zona da medição.
Conclusão
Faça uma avaliação objectiva do trabalho. Refira quais dos objectivos propostos foram alcançados. Pro-
ponha eventuais alterações.