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FISIOLOGIA DO ESTRESSE: A DOENÇA DO SÉCULO XX
PHYSIOLOGY OF STRESS: A DISEASE OF THE TWENTIETH CENTURY
Bruno Pandelo Brugger
Fabiana Ribeiro dos Santos
Fernanda Pyramides do Couto
Rafaella Gevegy Negrão
Resumo: O estresse é uma reação do organismo causado por alterações
psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação difícil. O
estresse pode ser causado por agentes externos e internos, podendo ser positivo: o
eustresse e, negativo: o diestresse, que é o estresse propriamente dito, causador de
doenças. O estresse pode ser sensorial ou físico, psicológico ou infeccioso,
compreendendo as fases de alerta, defesa ou resistência e exaustão, onde ocorre a ação
de vários hormônios, podendo ocasionar várias doenças, tais como a depressão e o
câncer. As exigências impostas às pessoas pelas mudanças da vida moderna e,
conseqüentemente, a necessidade de ajustar-se a tais mudanças, acabaram por expor as
pessoas a uma freqüente situação de conflito, ansiedade, angústia e desestabilização
emocional. O estresse surge como uma conseqüência direta dos persistentes esforços
adaptativos da pessoa à sua situação existencial e nem sempre é um fator de desgaste
emocional e físico, e sim, é um mecanismo natural de defesa do organismo.
Palavras – chave: Estresse; Diestresse; Eustresse; Fisiologia.
Abstract:Stress is a reaction of the organism caused by psychophysiological changes
that occur when a person is faced with a difficult situation. Stress can be caused by
external agents and internal, can be positive: eustress and negative: the estrus, which is
the stress itself, causing disease. Stress can be sensory or physical, psychological or
infection, comprising the stages of alert, defense or resistance, and exhaustion, where
the industrial action of various hormones and can cause various diseases such as
depression and cancer. The requirements imposed on people by the changes of modern
life and, consequently, the need to adjust to such changes, eventually exposing people to
a common situation of conflict, anxiety and emotional instability. The stress arises as a
direct consequence of the persistent efforts of the individual adaptive to their existential
situation and is not always a factor of emotional distress and physical, but it is a natural
defense mechanism of the organism.
Keywords: Stress; Eustress; Distress; Physiology.
1 INTRODUÇÃO
As exigências impostas à população pelas mudanças da vida moderna e,
conseqüentemente, a necessidade de ajustar-se à tais mudanças, acabaram por expor as
pessoas à uma freqüente situação de conflito, ansiedade, angústia e desestabilização
emocional. O estresse surge como uma conseqüência direta dos persistentes esforços
adaptativos do indivíduo à sua situação existencial. O estresse nem sempre é um fator
de desgaste emocional e físico, e sim, é um mecanismo natural de defesa do organismo.
Recebem-se os estímulos internos e externos através do sistema nervoso e dependendo
da forma com que esses estímulos são enfrentados poderão provocar alterações
psicológicas e biológicas negativas, podendo levar ao estresse crônico (FAVASSA;
ARMILIATO; KALININE, 2005).
Em 1992, a Organização Mundial de Saúde, a OMS, chamou o Estresse de "a doença do
século 20" (SOUZA et al., 2002). Atualmente, o estresse afeta mais de 90% da
população mundial e é considerado uma epidemia global que não mostra sua verdadeira
fisionomia. Na verdade, sequer é uma doença em si: é uma forma de adaptação e
proteção do corpo contra agentes externos ou internos (BAUER, 2002).
As doenças que atingem o ser humano agora são aquelas caracterizadas pelo acúmulo
lento e progressivo de danos. Recentemente, uma série de trabalhos médicos
confirmaram a importância do estresse nas doenças do coração, de pele,
gastrointestinais, neurológicas e de desordem emocional, e também relacionado a uma
série de desordens ligadas ao sistema imunológico, de defesa do organismo, que vão
desde o resfriado comum até o câncer (BAUER, 2002)
O objetivo do presente artigo é fazer uma revisão de literatura a cerca da fisiologia do
estresse e seus impactos negativos no organismo.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1O QUE É ESTRESSE
O estresse sempre existiu, desde a antiguidade. As primeiras referências à palavra stress,
com significado de "aflição" e "adversidade", são do século XIV e, no século XVII, o
vocábulo de origem latina passou a ser utilizado em inglês para designar opressão,
desconforto e adversidade (ALMEIDA; BASTOS, 2007)
Durante séculos, a maior parte da humanidade dedicou-se apenas a trabalhos braçais,
que terminavam ao pôr-do-sol e depois vinha o descanso.A partir da Revolução
Industrial, a carga horária de trabalho aumentou e a maioria da população abandonou o
campo para viver no estresse da cidade (FAVASSA; ARMILIATO; KALININE, 2005).
Nas ultimas décadas, a grande exigência imposta as pessoas pelas mudanças da vida
moderna, passou a exigir do ser humano uma grande capacidade de adaptação física,
mental e social, fazendo com que as pessoas ficassem expostas a uma freqüente situação
de conflito, ansiedade, angústia e desestabilização emocional. O estresse surge como
uma conseqüência direta dos persistentes esforços adaptativos Do indivíduo à sua
situação existencial (BALLONE, 2002).
De acordo com Favassa, Armiliato e Kalinine (2005), o termo estresse vem da física,
tendo como sentido o grau de deformidade que uma estrutura sofre quando é submetida
a um esforço. Esta deformidade pode ser de menor ou maior grau, conforme a dureza
deste, e o esforço a que está submetido.
Em 1936 o fisiologista canadense Hans Selye introduziu o termo "stress" no campo da
saúde para designar a resposta geral e inespecífica do organismo a um estressor ou a
uma situação estressante. Posteriormente, o termo passou a ser utilizado tanto para
designar esta resposta do organismo como a situação que desencadeia os efeitos desta
(FAVASSA; ARMILIATO; KALININE, 2005).
Segundo Margis et al. (2003), o termo estresse denota o estado gerado pela percepção
de estímulos que provocam excitação emocional e, ao perturbarem a homeostasia,
disparam um processo de adaptação caracterizado, entre outras alterações, pelo aumento
de secreção de adrenalina produzindo diversas manifestações sistêmicas, com distúrbios
fisiológicos e psicológicos.
Para Souza et al. (2002), o estresse é um mecanismo bioquímico antigo de
sobrevivência do homem, aperfeiçoado ao longo de sua própria evolução biofisiológica,
que envolve o hipotálamo, glândulas (hipófise, tireóide e supra-renal), órgãos (coração,
fígado e estômago), músculos, entre outros.
2.2TIPOS DE ESTRESSE
O ser humano, por natureza, procura manter um equilíbrio de suas forças internas com
todos os órgãos, de maneira que seu organismo possa trabalhar em harmonia.
Entretanto, quando este equilíbrio passa a ser alterado por algum agente estressor, ou
seja, por qualquer situação que desperte uma emoção, boa ou má, isto constituirá numa
fonte de estresse(RONSEIN et al., 2004). Segundo Favassa e colaboradores (2005), o
estímulo estressor pode desencadear diferentes respostas e, dependendo da forma com
que o indivíduo responde a esse estimulo, ele pode se transformar em um estresse
positivo ou negativo.
Quando o indivíduo apresenta uma resposta positiva, o estresse é denominado de
eustresse, onde, o esforço de adaptação gera sensação de realização pessoal, bem-estar e
satisfação das necessidades, mesmo que decorrente de esforços inesperados, é um
esforço na garantia da sobrevivência. No eustresse, predomina a emoção da alegria, há
um aumento da capacidade de concentração, da agilidade mental, as emoções
musculares são harmoniosas e bem coordenadas, há sentimento de vitalização de prazer
e confiança (ALMEIDA; BASTOS, 2007).
Se ocorrer o contrário onde o esforço de adaptação não traz realização pessoal, bem-
estar e nem satisfação ocasionando uma resposta negativa, gera-se um distresse, onde
predominam as emoções de ansiedade destrutiva, do medo, da tristeza, da raiva, a
capacidade de concentração é diminuída e o funcionamento mental se torna confuso,
ações musculares são descoordenadas e desarmônicas, predomina o desprazer e a
insegurança e aumenta a probabilidade de acidentes. O termo distresse caiu quase em
desuso, sendo substituído pelo próprio termo estresse, que passou a ter o sentido (atual)
negativo de desgaste físico e emocional (FAVASSA; ARMILIATO; KALININE,
2005).
Em 1992, o estresse (distresse) foi catalogado como mal do século, sendo enquadrado
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como doença associada a resultados
desastrosos, com várias alterações orgânicas, debilitando o binômio mente-corpo, sendo
um dos principais motivos de consulta médica e queda de produtividade no trabalho
(SOUZA et al., 2002).
2.3 TIPOS DE ESTRESSORES
De acordo com Ballone (2002), os agentes estressores podem ser classificados como
sensoriais ou físicos, psicológicos e infecciosos.
Estressores sensoriais ou físicos envolvem um contato direto com o organismo. Os
estímulos físicos vêm do ambiente e incluem: luz calor, frio, odor, fumaças, drogas em
geral, lesões corporais e esforços físicos (RONSEIN et al., 2004). Estariam incluídos
nesse caso subir escadas, correr uma maratona, sofrer mudanças de temperatura (calor
ou frio em excesso), fazer vôo livre ou bungee jumping (BAUER, 2002).
Já o estresse psicológico acontece quando o sistema nervoso central é ativado através de
mecanismos puramente cognitivos (que envolvem a mente), sem qualquer contato com
o organismo (BAUER, 2002). Incluem todos eventos que podem alterar o curso de
nossas vidas, como a morte de um parente próximo, a separação, o encarceramento, a
aposentadoria, o casamento, os problemas no trabalho, as provas escolares ou mesmo as
mudanças de hábitos em geral (RONSEIN et al., 2004). A importância de agentes
estressores psicossomáticos hoje é amplamente reconhecida, sendo tão potentes quanto
os microorganismos ou a insalubridade, no desencadeamento das doenças. Estima-se
que esses agentes chegariam a 50% nas regiões mais desenvolvidas, afetando
indiferentemente as mais variadas classes sociais (FAVASSA; ARMILIATO;
KALININE, 2005).
Um terceiro tipo de estressor pode ainda ser considerado: as infecções. Vírus, bactérias,
fungos ou parasitas que infectam o ser humano induzem a liberação de citocininas
(proteínas com ação regulatória) pelos macrófagos, os glóbulos brancos (células
sangüíneas) especializados na destruição, por fagocitose, de qualquer invasor do
organismo. As citocinas, por sua vez, ativam um importante mecanismo endócrino
(hormonal) de controle do sistema imunológico (BAUER, 2002). O sistema
imunológico, responsável pelas reações de defesa do organismo contra infecções, é o
mais afetado nas situações de estresse, principalmente quando estas forem prolongadas,
pois levam como conseqüência a diminuição das células linfáticas do timo, dos gânglios
linfáticos e mesmo do sangue em circulação, de maneira que o organismo fica sujeito a
várias infecções (RONSEIN et al., 2004)
2.4O ESTRESSE E O CORPO
O estresse pode causar dois tipos de alterações, biológicas e psicológicas. Nas alterações
biológicas ligadas ao estresse, a reação do organismo aos agentes estressores tem um
propósito evolutivo. É uma resposta ao perigo, que Selye (1965) dividiu em três
estágios:
No primeiro estágio, o corpo reconhece o agente estressor e ativa o sistema
neuroendócrino. As glândulas adrenais, ou supra-renais, passam, então a produzir e
liberar os hormônios do estresse (adrenalina, noradrenalina e cortisol), que aceleram o
batimento cardíaco, dilatam as pupilas (aumentando a eficiência visual), aumentam a
sudorese e os níveis de açúcar no sangue, reduzem a digestão (e ainda o crescimento e o
interesse pelo sexo), contraem o baço (que expulsa mais hemácias, ou glóbulos
vermelhos, para a circulação sangüínea, o que amplia o fornecimento de oxigênio aos
tecidos) e causa imunossupressão (ou seja, redução das defesas do organismo)
(BAUER, 2002).
De acordo com França e Rodrigues (1997), o segundo estágio é a fase de resistência ou
adaptação, que ocorre caso o agente estressor mantenha sua ação. Nesta fase
o organismo repara os danos causados pela reação de alarme, reduzindo os níveis
hormonais. É caracterizada pela reação de hiperatividade do córtex da supra-renal sob
imediação diencéfalo-hipofisiária. A hipófise tem ligação direta com os sinais desta
fase, pois em experimentos realizados com animais, onde a hipófise foi retirada, esta
fase não ocorreu. Neste estágio o sangue encontra-se em rarefação (diluição-
sedimentação) e ocorre o anabolismo. A fase de resistência é caracterizada pelo
aumento do córtex da supra-renal; pela atrofia do timo, baço e todas as estruturas
linfáticas, hemodiluição, aumento do número de glóbulos brancos, diminuição do
número de eosinófilos; ulcerações no aparelho digestivo; aumento da secreção de cloro
na corrente sangüínea; irritabilidade; insônia; mudanças de humor (como depressão);
diminuição do desejo sexual (FRANÇA; RODRIGUES, 1997).
No entanto, se o estresse continua, o terceiro estágio (exaustão) começa e pode provocar
o surgimento de uma doença associada à condição estressante. O estresse agudo
repetido inúmeras vezes pode, por essa razão, trazer conseqüências desagradáveis,
incluindo disfunção das defesas imunológicas. De modo geral, pode-se afirmar que o
organismo humano está muito bem adaptado para lidar com o estresse agudo, se ele não
ocorre com muita freqüência. Mas quando essa condição se torna repetitiva ou crônica,
seus efeitos se multiplicam em cascata, desgastando seriamente o organismo
(SAMULSKI, 1996).
Segundo Fontana (1994), os efeitos psicológicos podem ser divididos em efeitos
cognitivos, ligados ao pensamento e ao conhecimento; efeitos emocionais, ligados aos
sentimentos, emoções e personalidade; efeitos comportamentais gerais, relacionados
igualmente a fatores cognitivos e afetivos.
Os efeitos cognitivos do excesso de estresse são o decréscimo da concentração e da
extensão da atenção: a mente encontra dificuldades para permanecer concentrada,
diminuem os poderes de observação; aumenta a desatenção: a linha do que está sendo
ensinado ou dito é perdida com freqüência, mesmo no meio de frases; deteriora-se a
memória de curto e longo prazo: reduz-se a amplitude da memória; a lembrança e o
reconhecimento diminuem, mesmo a respeito de materiais familiares; a velocidade de
resposta torna-se imprevisível: a velocidade real de resposta reduz-se, as tentativas de
compensação podem levar a decisões apressadas; aumenta o índice de erros: como
conseqüência de todos os itens anteriores, os erros aumentam em tarefas manipulativas
e cognitivas, as decisões tornam-se suspeitas; deterioram-se os poderes de organização e
planejamento a longo prazo: a mente não pode avaliar com exatidão as condições
existentes nem prever as conseqüências futuras; aumentam as ilusões e os distúrbios de
pensamento: o teste da realidade torna-se menos eficiente, a objetividade e os poderes
de crítica são reduzidos, os padrões de pensamento tornam-se confusos e irracionais
(FONTANA, 1994).
Os efeitos emocionais do excesso do estresse citados por Fontana (1994) são o aumento
das tensões físicas e psicológicas: reduz-se a capacidade de relaxamento do tônus
muscular, de se sentir bem e de se desligar das preocupações e ansiedades; aumenta a
hipocondria: queixas imaginárias acrescentam-se aos males reais do estresse,
desaparecem as sensações de saúde e de bem-estar; ocorrem mudanças nos traços de
personalidade: pessoas asseadas e cuidadosas podem se tornar desleixadas e relaxadas,
pessoas carinhosas podem ficar indiferentes, as democráticas transformam-se em
autoritárias; crescem os problemas de personalidade existentes: pioram a ansiedade, a
super sensibilidade, a defensiva e a hospitalidade já existentes; enfraquecem-se as
restrições de ordem moral e emocional: os códigos de comportamento e de impulso
sexual enfraquecem, aumentam as explosões emocionais; aparecem a depressão e a
sensação de desamparo: o entusiasmo cai ainda mais, surge um sentimento de
impotência para influenciar os fatos ou os próprios sentimentos a respeito deles; a auto
estima diminui de forma aguda: desenvolvem-se sentimentos de incompetência e de
inutilidade.
Os efeitos comportamentais gerais do excesso de estresse, segundo Fontana (1994), são
o aumento dos problemas de articulação verbal: aumentam os problemas já existentes de
gagueira e hesitação, podendo surgir em pessoas até então não afetadas; diminuem os
interesses e o entusiasmo: os objetivos de vida podem ser abandonados, passatempos
podem ser esquecidos, objetos de estimação vendidos; aumenta a absenteísmo: atrasos
ou falta no trabalho por doenças reais ou imaginárias ou por desculpas inventadas
tornam-se um problema; cresce o uso de drogas: torna-se mais evidente o abuso de
álcool, cafeína, nicotina e medicamentos ou drogas; abaixam os níveis de energia: os
níveis de energia caem ou podem variar de forma marcante de um dia para outro, sem
razão aparente; rompem-se os padrões de sono: ocorre dificuldade para dormir ou para
permanecer adormecido por mais de quatro horas; aumenta o cinismo a respeito dos
clientes e colegas: desenvolve-se a tendência de jogar a culpa sobre os outros; ignoram-
se novas informações: são rejeitadas até mesmo novas regulamentações ou novos
acontecimentos potencialmente úteis; responsabilidades transferidas para outros: são
adotadas soluções paliativas e de curto prazo, e abandonadas as tentativas de
aprofundamento e de acompanhamento, em algumas áreas, ocorrem "desistências";
surgem padrões bizarros de comportamento: surgem maneirismos estranhos,
imprevisibilidade e comportamentos não característicos, podem ocorrer tentativas de
suicídio: surgem frases como "acabar com tudo" e "é inútil continuar". Fontana (1994)
destaca que e a incidência desses efeitos negativos pode variar de um indivíduo para
outro. Poucas pessoas apresentam todos eles e que o grau de severidade também varia
de pessoa para pessoa.
2.5RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE E DOENÇAS
O sistema gastrointestinal é especialmentesensível ao estresse geral. A perda de apetite
é umdos seus primeiros sintomas, devido a paralisaçãodo trato-gastrointestinal sob ação
simpática, epode ser seguido de vômitos, constipação ediarréia, no caso de bloqueios
emocionais.Estudos demonstraram que indivíduos sob estresse secretamuma quantidade
considerável de hormôniosdigestivos pépticos na sua urina, isso indica queos hormônios
do estresse aumentam a produçãode enzimas pépticas, ou seja, a úlcera parece
serproduzida com o aumento do fluxo dos sucosácidos causado pelas tensões
emocionais, noestômago, que se encontra desprotegido do mucoprotetor secretado em
estado de homeostase, sobação do sistema autônomo parassimpático (FAVASSA;
ARMILIATO; KALININE, 2005).
A depressão é classificada por Braga et al. (1999) como uma doença funcional, sem
causas físicas palpáveis, podendo ser de origem psicológica. Isto tem sido questionado
porque dentro dos limites normais reduziram-na a experiências subjetivas de
desconforto, de sofrimento e de vulnerabilidade. Mas a falha desse mecanismo de
defesa se relaciona principalmente com a elevação da produção de cortisol. A depressão
causada pelo estresse prolongado se dá devido à ativação constante da supra-renal,
levando-a a atingir seu nível máximo de produção de noradrenalina, a partir da qual se
torna incapaz de satisfazer a demanda. Ocorre a liberação de adrenalina, que lhe é
precursora na síntese, e desenvolve sintomas de fuga mais do que de enfrentamento. No
entanto, o indivíduo pode entrar em depressão aguda devido ao estresse de exaustão que
libera logo cortisol. (FAVASSA; ARMILIATO; KALININE, 2005).
No câncer ocorre um colapso da imunidade e resistência do organismo. O fato dos
tumores crescerem ou não está relacionado com a eficiência dos processos de
imunidade. Então, se o sistema imunológico encontra-se "desequilibrado", a
probabilidade do desenvolvimento da doença aumenta. Como o sistema imunológico é
também controlado pelo sistema límbico, pode-se acreditar que o indivíduo com câncer
apresenta todo um conjunto de elementos psicossomáticos. Pesquisas realizadas
constataram que o lado psicológico da doença é tão importante quanto o físico e o
biológico. (FAVASSA; ARMILIATO; KALININE, 2005). Segundo Cabral et al.
(1997), acredita-se que pessoas que reagem a esses estresses com sentimentos de falta
de esperança e/ou desepero levariam estas reações emocionais a um desequilíbrio
profundo mental, hormonal, orgânico e psicológico, disparando um conjunto de reações
fisiológicas que deprimem o sistema imunológico, tornando-o suscetível à produção de
células anormais, e abalando as defesas contra câncer e outras enfermidades.
Braga et al. (1999) diz que em condições normais, o sistema nervoso autônomo
parassimpático, participa da regulação das atividades sexuais em ambos os sexos, no
homem provoca ereção e na mulher entumescimento da genitália. Mas, em situação de
conflito e estresse, o sistema nervoso autônomo simpático sobrepõe-se ao sistema
nervoso parassimpatico e o resultado é, dentre outros, a vasoconstrição sangüínea, o que
impossibilita a atividade sexual em ambos os sexos devido à diminuição da irrigação
dos órgãos genitais. Estudos com animais demonstram que as glândulas sexuais
ingurgitam-se e tornam-se menos ativas em relação à dilatação e aumento das supra-
renais. A pituitária produz grande quantidade do hormônio adrenocorticotrófico
(ACTH) para manter a vida, ativando as suprarenais e, ao mesmo tempo, reduzindo a
produção de outros hormônios que são menos urgentes em condições de emergência,
como os gonadotróficos. Outros estudos confirmam nos seres humanos que estas
reações produzem a impotência sexual (FAVASSA; ARMILIATO; KALININE, 2005).
O estresse está associado à liberação de hormônios que, além de alterar vários aspectos
da fisiologia, têm ainda um efeito modulador das defesas do organismo. Em humanos, o
principal hormônio com essas funções é o cortisol (glicocorticóide). Os níveis de
cortisol no sangue aumentam drasticamente após a ativação do eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal, que ocorre durante o estresse e a depressão clínica (BAUER, 2002).
Esse hormônio então liga-se a receptores presentes no interior dos leucócitos (glóbulos
brancos), ocasionando, na maioria dos casos, uma imunossupressão. Um dos efeitos
bem conhecidos do cortisol, tanto durante o estresse quanto no caso do uso terapêutico
dos glicocorticóides sintéticos, é a regulação da migração dos leucócitos pelos tecidos
do corpo (FAVASSA; ARMILIATO; KALININE, 2005).
Após o estresse, por exemplo, ocorre um aumento expressivo do número sangüíneo de
neutrófilos (leucócitos envolvidos na resposta inflamatória) e uma redução importante
na contagem de linfócitos (leucócitos envolvidos na fase reguladora e disparadora da
resposta imune). Entre os linfócitos, porém, verifica-se um aumento importante na
contagem de células natural killer, que vigiam contra o surgimento de tumores e
combatem infecções virais. Estudos demonstraram que, durante a terapia com
glicocorticóides (ou no estresse crônico), os linfócitos migram para a medula óssea,
talvez como uma proteção contra os efeitos nocivos dos níveis elevados de
glicocorticóides circulantes (BAUER, 2002). Os hormônios do estresse também alteram
várias funções dos linfócitos. Quando uma infecção se instala, essas células de defesa
têm, por exemplo, a capacidade de se multiplicar, o que aumenta as chances de remover
o agente infeccioso. Diversos estudos têm demonstrado que o estresse crônico diminui a
proliferação linfocitária, o que também acontece na depressão clínica. A diminuição na
capacidade de multiplicação, pode estar associada a uma redução na produção de
interleucina-2, uma citocinina liberada por um tipo determinado de glóbulo branco (as
células T) e capaz de ativar e induzir a proliferação celular (BAUER, 2002).
O estresse também altera a resposta humoral do sistema imunológico. Essa resposta é a
produção de anticorpos e proteínas do complemento (grupo de proteínas da circulação
que, ativadas por fatores imunológicos ou certas substâncias invasoras, tornam-se
enzimas e induzem reações de defesa) (FAVASSA; ARMILIATO; KALININE, 2005).
Além disso, o estresse psicológico e a depressão clínica reduzem a destruição de células
tumorais realizada por células natural killer. Pesquisas do psiquiatra gaúcho Gabriel
Gauer, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, demonstraram que
pacientes com maiores níveis de depressão apresentam déficit da atividade natural
killer. A redução da resposta celular pode explicar a maior incidência de câncer e de
doenças virais nesses pacientes. (RONSEIN et al., 2004).
2.6COMO EVITAR O ESTRESSE
Deve-se evitar sobrecarregar o corpo ou a mente com ações exaustivas repetitivas
quando já se está exausto; dormir bem: sendo necessário resguardar-se do estresse à
noite, reduzindo o excesso de luz, barulho, frio ou calor e até o consumo exagerado de
refeições pesadas e ou bebidas; e reservar momentos para diversão e distração, onde se
possa desvencilhar dos problemas estressantes (CABRAL, et al, 1997).
O estresse pode esgotar as reservas de vitamina C e complexo B, portanto, uma boa
nutrição pode ajudar seu controle, devendo ter maior atenção alimentos frescos,
saudáveis e de fontes variadas (carboidratos, proteínas, vegetais, frutas, cereais). E
evitando gordura, ingestão de bebidas alcoólicas e diminuição no consumo de café
(pseudo-estressor). No estresse crônico, a suplementação vitamínico-mineral geralmente
é necessária (CRESPO, 2009).
É importante que se busque desvencilhar dos problemas e questões estressantes em
atividades prazerosas, com diversão e distração (CABRAL, et al, 1997). Segundo
Martins e Jesus (1999) atitudes e pensamentos positivos, conhecimento do estresse,
planejamento e organização do tempo, relaxamento e senso de humor são formas de se
lidar com o estresse. Segundo eles, a atividade física é extremamente importante por
desencadear a liberação de serotonina, que tem efeito calmante, podendo diminuir
alguns efeitos de ansiedade e depressão, além de provocar sensação de bem estar e
euforia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado nas reflexões apresentadas foi verificado que o estresse nem sempre é um fator
de desgaste emocional e físico, e sim, é um mecanismo natural de defesa do organismo.
Recebem-se os estímulos internos e externos através do sistema nervoso e dependendo
da forma com que esses estímulos são enfrentados poderão provocar alterações
psicológicas e biológicas negativas, podendo levar ao estresse crônico. Nesse caso,
ocorrem alterações fisiológicas que poderão desencadear vários tipos de doenças
psicossomáticas.O estresse psicológico é, de modo geral, um fator de risco importante
para o desenvolvimento de inúmeras doenças. Nesse aspecto, um mistério a ser
explicado é por que alguns indivíduos convivem melhor com o estresse do que outros.
Talvez isso esteja relacionado com fatores genéticos ou sociais.
De qualquer forma, essas pessoas são uma dica viva para aprendermos a conviver
melhor com o estresse e a sofrer menos as suas conseqüências. Identificar e conhecer as
causas que levaram ao estresse é fundamental para que o indivíduo possa desenvolver
estratégias de enfrentamento do problema. A ciência já reconhece que os sistemas
nervoso, endócrino e imunológico estão interligados, sendo este um passo importante
para os estudos na área de tratamento do estresse. No entanto, ainda estamos vendo
apenas a ponta do iceberg, e precisaremos ainda de muitas pesquisas para compreender
uma questão intrigante: por que adoecemos?Há que se considerar que as discussões e
análises levantadas pelo presente estudo não se esgotaram, mas ao contrário,
representam apenas uma abertura para que novas pesquisas tragam mais conhecimento e
soluções para melhorias no processo de controle do estresse.
REFERENCIAS
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FISIOLOGIA DO ESTRESSE: A DOENÇA DO SÉCULO XX publicado 17/03/2010
por Rafaella Gevegy Negrão em http://www.webartigos.com
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/34517/1/FISIOLOGIA-DO-ESTRESSE-A-
DOENCA-DO-SECULO-XX/pagina1.html#ixzz1EAOqMupj