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FIT-BH: A HISTÓRIA BIA MORAIS FIT-BH: The history

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FIT-BH: A HISTÓRIABIA MORAIS

FIT-BH: The history

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O FIT teve sua primeiraedição em 1994. Suas raízes, contu-

do, devem ser buscadas anos antes, em uma série

de transformações na vida cultural de Belo

Horizonte entre o fim dos anos 1980 e o início da

década de 1990. Até fins dos anos 80, cultura e tu-

rismo integravam uma só pasta na esfera pública

municipal. Em 1989, nasceu a Secretaria Municipal

de Cultura (SMC), atual Fundação Municipal de

Cultura. Ancorada no conceito proposto pela

Constituição de 1988 - o reconhecimento do direito

de acesso da população à produção e ao consumo

de cultura - o órgão já surgiu com a diretriz de

reorientar as atividades culturais do município.

Nesse contexto novo e fértil, começou a ser idea-

lizado, em 1993, o Festival Internacional de Teatro

Palco & Rua de Belo Horizonte - FIT-BH.

Desde 1990, o Grupo Galpão promovia,

com apoio da SMC, o Festin - Festival Internacional

de Teatro de Rua. A nova direção do Teatro

Francisco Nunes, que assumiu em 1993, tinha a

proposta de promover um festival de teatro de

palco. Buscando concentrar força de trabalho, ver-

bas, tempo e energia, a então secretária Municipal

de Cultura, Maria Antonieta Cunha, propôs a fusão

das duas propostas criando um único e grande

evento. Nascia aí o FIT-BH. Sua primeira edição,

de 2 a 12 de junho de 1994, teve promoção da

Prefeitura de Belo Horizonte e realização conjunta

do Teatro Francisco Nunes e do Grupo Galpão.

Com espetáculos no palco e na rua, pro-

gramação descentralizada e atividades de forma-

ção e reflexão, o FIT-BH marcou presença a partir

daí. A receptividade do público foi automática: ape-

sar de interferirem no cotidiano da cidade, fazendo

muito barulho e alterando a ordem aparente, os

grupos foram acolhidos, aplaudidos e festejados,

causando agradável impressão - especialmente

nos artistas de fora.

O impacto na cidade

Logo na abertura, a versão moderna de

uma horda primitiva, precedida por um cachorro

metálico incandescente e um trio elétrico, rolava

tambores em pleno centro de Belo Horizonte,

anunciando que nem a cidade, nem as artes cêni-

cas locais seriam mais as mesmas. Era o grupo

francês Générik Vapeur, que com Bivouac arrastou

pelas ruas um público assombrado, enlouquecido

e maravilhado.

Duas prioridades nortearam a concepção

do evento: democratização do acesso e descentra-

lização da programação. Na primeira edição, além

de teatros e espaços abertos da região Centro-Sul,

bairros como Santa Tereza e Santa Efigênia, ôni-

bus e metrô foram palco de espetáculos e inter-

venções.

Foram instituídos, também, os eventos

especiais, com programação totalmente gratuita,

visando formação e atualização dos profissionais

das artes cênicas. Na primeira edição, destaque

para o seminário de reflexão sobre estética teatral,

exposições, mostras de vídeo, oficinas, entre as

quais uma de interpretação, com base no método

do Centro de Pesquisa Teatral, com o diretor

Antunes Filho. Dois temas abordados na primeira

edição iriam se tornar presentes em edições sub-

seqüentes: o teatro de rua e a relação entre políti-

ca e estética na América Latina.

Depois de cada dia de muito trabalho, a

diversão e a descontração têm sido a tônica do

FIT-BH desde seu início: após as apresentações de

espetáculos, artistas, equipe e público curtem a

noite em eventos programados pelo festival. Em

1994, a equipe programou o Lulu em Off (com

apresentações artísticas no antigo Bar do Lulu,

que na época era um dos locais mais agitados da

noite belo-horizontina), a FIT Festa Belas Artes e o

Fiesta Show Baile. Inicialmente freqüentadas ape-

nas por integrantes do campo das artes cênicas,

as noites do FIT-BH foram aos poucos conquistan-

do outros segmentos. Prova disso é que, na última

edição, realizada em 2006, nos 11 dias do festival,

em torno de 3.000 pessoas de todas as classes

sociais, tribos, idades e regiões da cidade compa-

receram, a cada noite, ao ponto de encontro no

Parque Municipal.

É proposta do FIT-BH, desde seu lançamento, pro-

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Divinas PalavrasDa Rin Produções Artísticas/Bahia/ 1998 (Foto: Guto Muniz)

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gramar atividades também nos anos em que o

evento não se realiza, o que aconteceu por duas

ocasiões: a primeira em junho de 1995, numa pré-

via da segunda edição: o grupo francês Les

Cousins fez, no Teatro Marília, duas apresentações

gratuitas do espetáculo Ça n'a pas Été Facile!. Em

agosto, foi a vez do grupo espanhol La Puppa apre-

sentar, no mesmo teatro, No Comment. Ainda

naquele ano, o ator e diretor Cacá Carvalho minis-

trou uma oficina e apresentou, no Centro Cultural

UFMG, o espetáculo O Homem com a Flor na

Boca.

Expansão

Na segunda edição do evento, em 1996,

teve início a longa parceria com a Associação

Movimento Teatro de Grupo de Minas Gerais, inte-

grada por importantes grupos profissionais minei-

ros. Essa parceria com o MTG se repetiu nas edi-

ções de 1997, 1998, 2000 e 2002.

Em 1996, o FIT se expandiu no tempo, no

espaço, em número de espetáculos, de apresenta-

ções e em equipe. Ampliado para 15 dias, alcançou

também Betim, Contagem e Mariana, cidades pró-

ximas a Belo Horizonte. Pesquisa feita junto ao

público, durante o evento, revelou 88% de avalia-

ção positiva, 7% de avaliação regular, 5% de des-

conhecimento e 0% de avaliação negativa.

O grupo Comediants, da Espanha, fez o

espetáculo de abertura: Dimonis, uma espécie de

ritual demoníaco, na Praça da Estação, às escuras,

proclamava o triunfo do instinto, levando o público

ao delírio. Cada uma das nove regiões adminis-

trativas da capital recebeu uma apresentação de

rua, num exercício de ampliação da descentraliza-

ção do festival.

Novos temas entraram em debate nos

eventos especiais: a possibilidade de cooperação

entre festivais internacionais de teatro (com a rea-

lização do segundo encontro dos diretores dos

eventos brasileiros do gênero), política editorial,

pressões do mercado, perspectivas e tendências,

temas abordados no Encontro de Editores de

Cadernos de Cultura. 13

Hibrid - Sémola Teatre/Espanha/1996)(Foto: Guto Muniz)

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Edição especial

Nas origens do FIT, ficou estabelecido que

sua periodicidade seria bienal. Apesar disso, na

condição de evento cultural de maior aceitação

popular em Belo Horizonte, ele não poderia ficar

de fora da programação do centenário da cidade,

em 1997. Uma edição especial e compacta foi rea-

lizada, contando com a participação de sete gru-

pos internacionais, seis nacionais e uma co-produ-

ção Brasil/Índia.

Além de valorizar a diversidade estética e a

qualidade, a edição procurou homenagear grupos

com passagem marcante pela história do FIT: o

Générik Vapeur, da França, por exemplo, reapre-

sentou Bivouac, dessa vez com participação do

Bloco Afro Porto de Minas, e trouxe o novo espetá-

culo Coche Porque? Porque Coche?; o também

francês Flash Marionnettes, muito festejado desde

1996, pelo gesto simpático de transpor para o por-

tuguês o texto de A Corte dos Vagabundos, tornan-

do-o acessível, foi novamente convidado, assim

como a dupla espanhola Boni & Caroli, que rea-

presentou Side Car.

Duas presenças marcantes: o Teatro

Circular de Montevideo, criado em 1954, além do

espetáculo Aeroplanos, de Carlos Gorostiza, pro-

moveu um encontro com o tema Circular: 43 Anos

de Jornada e uma exposição retrospectiva, com

fotos da história do grupo; a outra foi o grupo

Teatro Mínimo (Brasil/Índia), que apresentou ao

público, além do espetáculo Kathakali - Teatro

Sagrado do Malabar (inspirado no Mahabharata),

uma demonstração da técnica do Kathakali, reela-

boração de uma das formas cênicas mais antigas

do mundo.

Em 1997, o MTG-MG, afirmando a condição

de artistas de seus integrantes, produziu uma

grande intervenção urbana, propondo a retomada

da cidade para a conquista da cidadania cultural. A

Expedição Zum Zum Zum Lá No Meio do Mar

reuniu 18 grupos de Belo Horizonte e 700 atores.

O resultado foi uma grande celebração em plena

Praça Sete, no Centro da cidade.

Formato ideal

A quarta edição, em 1998, traz como novi-

dades produções da Ásia, África e América

Central. O ano marca, também, a busca de um for-

mato ideal para o festival, livre de carências e

excessos. Tanto cuidado era para evitar o risco do

gigantismo e, conseqüentemente, a perda do con-

trole operacional e da qualidade. A agenda foi

reduzida para 11 dias.

Na abertura, o grupo francês Plasticiens

Volants mobilizou grande público, que, extasiado,

conduziu Ézili, deusa egípcia da fertilidade, enor-

me criatura inflável, por vários quarteirões da

cidade, até a Praça da Estação. O grupo voltou a

encantar o público com o espetáculo Dom Quixote,

sempre num verdadeiro desafio às leis da

gravidade.

Na programação dos Eventos Especiais,

sete oficinas foram ministradas, algumas abor-

dando temas inéditos no festival, como crítica tea-

tral, comédia, voz, antiteatro. Duas exposições,

demonstrações de métodos e encontros completa-

ram a programação.

Na busca por espaços alternativos, o FIT-

BH tem desempenhado, também, a função de rea-

tivador de espaços. Depois de recolocar para fun-

cionar a Serraria Souza Pinto, em 1994, o festival

programou, para o complexo de galpão, quadras e

auditório da Rede Ferroviária Federal, que se

encontrava desativado, o primeiro Estação em

Movimento, que substituiu o Bar do FIT como

ponto de encontro. Todas as noites, depois dos

espetáculos, participantes, equipe e público se

reuniam para conversar, dançar, ouvir música e

assistir a intervenções.

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Não Desperdice sua Única Vida - Cia Luna Lunera/BH/2006)(Foto: Kika Antunes)

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Primeiro balanço

A quinta edição do festival, em 2000, foi

também a oportunidade para um primeiro ba-

lanço: em sete anos de realização, o FIT-BH havia

recebido 87 grupos, quase 50 espetáculos interna-

cionais e um total de 459 apresentações (250 de

palco, 209 de rua), que atingiram em torno de 450

mil pessoas nas nove regiões administrativas de

Belo Horizonte. Somam-se aos espetáculos os

eventos especiais, com a realização de 29 oficinas

inteiramente gratuitas, além de mostras de vídeo e

debates, conferências, entre outras atividades.

A abertura foi marcada por um lance de

ousadia: a direção do FIT-BH programou um espe-

táculo inesperado, O Bracelete de Jade e Outras

Árias de Ópera Chinesa, com o grupo Chinese

Theatre Circle, de Singapura. O enorme público

que compareceu à Praça da Estação, acostumado

a montagens com grandes efeitos visuais, itine-

rantes, com muito barulho e movimento, assistiu,

reverente, aos 90 minutos da apresentação, reve-

lando maturidade para conviver com a diversidade

cultural.

A edição foi uma oportunidade para home-

nagear o Circo Irmãos Simões, integrado pela

quarta geração de uma família de artistas do pica-

deiro, que luta para manter viva a chama da arte

circense. O grupo apresentou o espetáculo

Debaixo da Lona.

O Estação em Movimento passou a funcio-

nar, a partir dessa edição, no Parque Municipal,

onde permaneceu desde então. A Mostra Off, uma

seleção de intervenções cênicas e musicais de

jovens artistas mineiros, foi programada para o

local.

Pela segunda vez, atividades foram pro-

gramadas para o ano entre duas edições. Em maio

de 2001, entre a quinta e a sexta edições, foi lança-

do, no Teatro Francisco Nunes, o livro de Guto

Muniz e Kika Antunes, Rever o FIT, com fotos dos

festivais anteriores.

O Asno - Grupo Fora do Sério/São Paulo/1994(Foto: Eugênio Sávio)

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Público recorde

Em 2002, o FIT-BH atingiu um público

recorde de 165.585 pessoas, superando a expecta-

tiva inicial de 150 mil. A abertura ficou a cargo do

grupo Close-Act, da Holanda, com Malaya, em que

acrobatas se balançavam em cordas suspensas

por cima do público e atores em pernas-de-pau

invadiam a platéia, tendo ao fundo fogos de artifício.

Dois brasileiros, André Curti e Arthur

Ribeiro, que têm uma companhia de teatro na

França, a Dos à Deux, foram responsáveis por um

dos momentos mais marcantes dessa edição, com

Aux Pieds de la Lettre, um espetáculo de teatro

gestual, de rara beleza.

Textos de Nelson Rodrigues estiveram pre-

sentes, mais uma vez, com Perdoa-me por me

Traíres, da Cia. Luna Lunera (BH), e Meu Destino é

Pecar, da Cia. dos Atores (RJ), e o mais popular

texto de Dias Gomes, O Pagador de Promessas, foi

apresentado pelo Depósito de Teatro (RS).

Novo avanço na meta de descentralizar:

cada uma das nove administrações regionais rece-

beu em seus bairros entre duas e quatro apresen-

tações gratuitas de espetáculos.

A percepção da sensível queda na produ-

ção de teatro de rua em Belo Horizonte levou a

produção do Festival a programar o FIT-BH Rua,

uma série de atividades para discutir as possíveis

razões do fato. Diretores e atores foram convida-

dos a apresentar roteiros que, depois de aprova-

dos, receberam uma verba para montagem de

micropeças de rua que integraram a grade princi-

pal. Outra novidade foi a promoção, no Ponto de

Encontro, no Parque Municipal, da 1ª Mostra

Movimentos Urbanos, um painel das manifes-

tações populares tradicionais e contemporâneas

que ocorrem na cidade.

Grandes projetos

Na sétima edição, em 2004, o evento com-

pletou dez anos de existência. Seu parceiro de rea-

lização foi a Soama - Sociedade dos Amigos do

Teatro Marília, em substituição ao MTG.

O grupo Strange Fruit, da Austrália, abriu a

programação com The Spheres, um espetáculo

noturno, na Praça da Estação, no Centro da cida-

de, onde atores performáticos se apresentaram

sobre grandes esferas brilhantes, com elementos

de grande força visual.

A programação foi organizada em projetos,

entre os quais o do CICT - Centro Internacional de

Criação Teatral - o Théâtre des Bouffes du Nord

Peter Brook (França), que constou de apresenta-

ção do espetáculo Tierno Bokar, com direção de

um dos mais importantes encenadores contempo-

râneos do mundo, Peter Brook, aulas práticas,

mostra de vídeos, bate-papos com o elenco e con-

ferência com o diretor; Homenagem a Álvaro

Apocalypse e Terezinha Veloso, criadores do

Giramundo Teatro de Bonecos (BH), com apresen-

tação de Cobra Norato e o I Seminário do Boneco;

o Teatro da Vertigem, com apresentação da Trilogia

Bíblica (O Paraíso Perdido, O Livro de Jó e

Apocalipse 1, 11) e oficinas de aperfeiçoamento

técnico, com acompanhamento de montagem e

preparação dos espetáculos, sob a coordenação do

Teatro da Vertigem e do Galpão Cine Horto.

Houve, nessa edição, a continuidade da

proposta de incentivo à produção do teatro de rua,

com a criação do Prêmio Fomento à Montagem de

Espetáculos de Rua. O Grupo Galpão, que nunca se

apresentara no FIT-BH, trouxe dois espetáculos,

O Inspetor Geral e Um Molière Imaginário. Foi lan-

çado, também, o projeto FIT Escola, com apresen-

tações teatrais e debates a cargo da Graduação em

Teatro da UFMG, do Teatro Universitário da UFMG

e do Centro de Formação Artística da Fundação

Clóvis Salgado.

Um milhão de pessoas

A 8ª edição do FIT-BH, em 2006, atingiu

um público direto de mais de 120 mil pessoas.

Com os números das sete edições anteriores, foi

alcançada a marca de um milhão de espectadores

desde que o evento foi criado.

Durante 11 dias, o festival movimentou,

além de Belo Horizonte, cinco cidades do interior

de Minas Gerais (Lagoa Santa, Betim, Contagem,

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Itaúna e Ouro Branco), marcando presença em

teatros, espaços alternativos, praças, ruas e parques.

A abertura do FIT-BH 2006 se deu em duas

etapas. No Palácio das Artes, foi apresentado, para

convidados, o espetáculo As Folhas que Resistem

ao Vento, da Companhia Koffi Kôkô, do Benin. Em

seguida, o grupo Ósmego Dnia, da Polônia, na

Praça da Estação, mostrou Arka, em que grandes

portais em chamas passavam entre as pessoas.

A programação produziu, mais uma vez,

reflexão ética e estética e, ainda que não inten-cio-

nalmente, refletiu a realidade universal con-tem-

porânea, falando de temas como guerras, migra-

ções impostas, exílio e violência, mas tam-bém

trazendo lirismo, poesia e muitas gargalhadas.

Nessa edição, o FIT-BH deu seqüência ao

projeto de incentivo à produção de teatro de rua,

iniciado em 2002. A novidade foi a criação do Ateliê

de Produção, que deu suporte às montagens ven-

cedoras na confecção de cenários, figurino e obje-

tos de cena, estilo, maquiagem. Foram incluídas,

também, atividades reflexivas sobre teatro de rua.

Alguns números

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Edições Apresentações Público geral

(8) (palco, rua e (espetáculos

espaços e atividades)

alternativos)

FIT-BH/1994 92 53.700

FIT-BH/1996 117 133.000

FIT-BH/1997 64 105.176

FIT-BH/1998 88 152.054

FIT-BH/2000 102 124.029

FIT-BH/2002 89 165.250

FIT-BH/2004 118 151.000

FIT-BH/2006 120 122.823

TOTAL 790 1.007.032

O Bracelete de Jade e outras árias de ópera chinesaChinese Theatre Circle/Singapura/2000 (Foto: Kika Antunes)

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Assim é o FIT-BH

Realização: Prefeitura de Belo Horizonte, por

meio da Fundação Municipal de Cultura, em par-

ceria com o setor privado, através de captação de

recursos via leis de incentivo à cultura, ou por

outros meios. Desde 2006, o festival tem como

parceira de realização a Associação de Amigos da

Fundação de Educação Artística - Flama.

Periodicidade: bienal, em anos pares: 1994,

1996, 1997 (edição especial Centenário de Belo

Horizonte), 1998, 2000, 2002, 2004, 2006, 2008.

Duração: 11 dias.

Conceito: festival não temático. Sua progra-

mação busca unir diversidade de linguagens à

qualidade artística. Há o cuidado de evitar o

gigantismo e a superficialidade de eventos espe-

taculosos.

Grade: mínimo de 22 e máximo de 30 espetácu-

los.• Média de 100 a 120 apresentações.• Média de 60% de espetáculos internacionais,

20% nacionais e 20% locais.• Grade cuidadosamente elaborada, sem super-

posição de horários, para permitir ao público

assistir a todos os espetáculos; e, aos integrantes

de grupos participantes, a possibilidade de assis-

tir a espetáculos de outros grupos.

Democratização: para oferecer amplo e demo-

crático acesso da população aos espetáculos, é

programada uma média de 50% de apresenta-

ções em espaços abertos (ruas, praças, parques),

totalmente gratuitas; o restante da programação

ocorre em teatros e espaços alternativos, com

acesso por meio de ingressos que podem ser

adquiridos, antecipadamente, em pacotes, por

preços extremamente acessíveis à maioria da

população ou, mais próximo ao evento, por pre-

ços normalmente praticados nos teatros da cida-

de.

Descentralização: programação de um mínimo

de cinco apresentações em cada um dos bairros

das nove Administrações Regionais de Belo

Horizonte. Programação também em cidades da

Região Metropolitana da capital.

Eventos Especiais: programação totalmente

gratuita de oficinas especializadas e livres, expo-

sições, debates, lançamentos de livros, palestras,

mesas-redondas, mostras de vídeos e exposições

de método de trabalho dos grupos, entre outras

atividades.

Ponto de Encontro: espaço de confraternização

entre público, artistas e equipe. Funciona todas

as noites, durante o FIT-BH, no Parque

Municipal, no Centro da cidade. Pontos-de-venda

de comidas e bebidas. A mostra MovimentosUrbanos funciona no Ponto de Encontro, com

programação diversificada que busca estimular e

difundir o trabalho de artistas e grupos represen-

tantes da cultura popular tradicional e contem-

porânea da cidade.

O FIT-BH integra o Núcleo dos Festivais

Internacionais, ao lado do Festival Internacional

de Londrina - Filo (Paraná), Porto Alegre em

Cena (Rio Grande do Sul), Riocenacontempo-

rânea (Rio de Janeiro), Festival Internacional de

Teatro de São José do Rio Preto (São Paulo) e

Cena Contemporânea (Distrito Federal). Esses

eventos têm em comum a parceria público-privada.

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Aux Pieds de La LettreCie Dos à deux/

Brasil-França/2002(Foto: Guto Muniz)

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A trajetória do Festival Internacional de TeatroPalco e Rua de Belo Horizonte é exemplar damaneira como produtores culturais e público seinfluenciam mutuamente e são influenciados peloambiente. É como se os dois lados participassemde um jogo de estímulos, respostas e interações,em que cada jogador propõe suas idéias e desejossobre o que é arte, mas, ao mesmo tempo, modi-fica essas idéias e desejos a partir do que percebena jogada do outro.

Vamos examinar alguns exemplos. Podemosaceitar que a primeira versão do FIT-BH tenhasurgido por inteiro da cabeça de seus idea-lizadores, Carlos Rocha, Eid Ribeiro e o pessoal doGalpão; que tenha surgido do que eles conside-ravam necessário mostrar ao público de BeloHorizonte, do que eles apreciavam em suasandanças pelo mundo e queriam nos mostrar, doque eles julgavam importante fazer parte de nossocotidiano. Esse juízo, contudo, era construído apartir de impressões mais ou menos difusas, nãohavia sido experimentado no confronto com a rea-lidade do público.

Essa experiência foi surpreendente. Ninguém -organizadores do festival, artistas, espectadores -imaginava o choque que Bivouac, do grupo francêsGénérik Vapeur, produziria naquele fim de tardede 2 de junho de 1994. Ninguém estava preparadopara uma intervenção que praticamente paralisoua cidade, ninguém estava preparado para a inte-ração que o público estabeleceu com a perfor-mance, ninguém imaginava que um festival deartes pudesse se integrar tão subitamente à vidabelo-horizontina.

Houve um preço a pagar. O Générik Vapeur e ou-tros grupos que viriam depois se sentiriamfrustrados ao não encontrar, em outros lugares,platéias tão interativas como as de Belo Horizonte,como se a própria idéia da intervenção houvesse,aqui, ganhado uma concretude final. Boa parte dopúblico ficaria viciada em processos interativos,tentando produzi-los em outros espetáculos,

mesmo quando não eram adequados à propostadeles, decepcionando-se nas manifestações maiscontemplativas quando rea-lizadas em espaçopúblico. E as versões posteriores do FIT-BH dari-am particular trabalho a seus organizadores,numa busca constante de grandes espetáculosque pudessem saciar aquele vício.

Bendito preço. Belo Horizonte tem, hoje, umpúblico surpreendentemente bem treinado para adiversidade cultural. Seus artistas, expostos aessa diversidade, passariam a considerá-la, cadavez mais, um valor estético em si mesmo. Numprocesso nitidamente evolucionista, precisaramse adaptar àqueles gostos que se transformavamem função do evento. E até o próprio FIT-BH, emsua ânsia de responder à demanda, tomaria seupróprio destino nas mãos, decidindo interferir noambiente, em vez de ser conduzido por ele - emmomentos de recessão no mercado de espetácu-los de rua, por exemplo, o festival passaria de con-sumidor a fomentador da produção, garantindo asi mesmo a capacidade de responder às deman-das de seu público.

COMENTÁRIOMarcelo Castilho Avellar

O que seria de nós sem as coisas quenão existem SP/Brasil/Itália/2006(Foto: Guto Muniz)

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FIT had its first edition in 1994.Its origins, however, should be found some years before, in

a series of transformations in the cultural life of Belo

Horizonte between the late 1980s and the early 1990s. Up

until the end of the 80s, culture and tourism integrated the

same branch in the city public sphere. In 1989 the

Secretaria Municipal de Cultura - SMC (Municipal

Secretariat of Culture) was founded, and is now known as

Fundação Municipal de Cultura (Municipal Foundation of

Culture). Anchored on the concept proposed by the

Constitution of 1988 - the recognition of the population's

right to have access to the production and consumption of

culture - the organism was created with the intention of re-

orienting the cultural activities of the city. In this new and

fertile context the Festival Internacional de Teatro Palco &

Rua de Belo Horizonte - FIT-BH begun to be conceived in

1993.

Since 1990 Grupo Galpão, supported by the SMC, had pro-

moted the Festin - Festival Internacional de Teatro de Rua.

The new direction of Francisco Nunes Theater, which had

taken over in 1993, had the purpose of promoting a festival

of stage theater. Seeking to concentrate work force, contin-

gency, time and energy, the Municipal Secretary of Culture

at the time, Maria Antonieta Cunha, proposed to join both

proposals by creating a unique and big event. FIT-BH was

born then. Its first edition, from June 2 to 12, 1994, was pro-

moted by the City Administration of Belo Horizonte and was

a joint event by the Francisco Nunes Theater and Grupo

Galpão.

With spectacles on stage and on the streets, decentralized

programming and formation and reflection activities, FIT-

BH has been a highlight since then. Receptivity from the

audience was automatic: although they interfere in the

city's everyday life, making a lot of noise and modifying the

apparent order, the groups were welcomed, applauded and

acclaimed, causing a very agreeable impression - especially

among the foreign artists.

Impact on the city

Right from the start the modern version of a primitive

horde, preceded by an incandescent metallic dog and a

sound truck, rolled drums in the city center, announcing

that neither Belo Horizonte nor the local performing arts

would be the same anymore. It was the French group

Générik Vapeur, which with Bivouac dragged down an

astonished, crazed and amazed crowd over the streets.

Two priorities were the guides for the conception of the

event: democratization of access and decentralized pro-

gramming. In the first edition, besides theaters and open

spaces of the Center-South region, neighborhoods such as

Santa Tereza and Santa Efigênia, buses and the metropoli-

tan train became stages for spectacles and interventions.

Special Events were also created with totally free-of-charge

shows, aiming at the formation and update of performing

arts professionals. In the first edition, the reflection semi-

nar about theater aesthetics, exhibitions, video displays,

workshops, one of them over interpretation based on the

method from Centro de Pesquisa Teatral, with director

Antunes Filho, were the highlights. Two themes touched in

the first edition would be present in the following editions:

the street theater and the relationship between politics and

aesthetics in Latin America.

After each hard work day, fun and good times have been the

motto of FIT-BH since its beginning: after spectacles,

artists, staff and the audience enjoy the night in events pro-

grammed by the Festival. In 1994 the production pro-

grammed Lulu em Off (with artistic performances at Bar do

Lulu - which was at that time one of the most crowded bars

in Belo Horizonte), the FIT Festa Belas Artes and the Fiesta

Show Baile (two party events). Initially attended only by

members of the performing arts, little by little the FIT-BH

nights conquered other fields. An evidence of this is that, in

the last edition, occured in 1996, in 11 days of Festival,

around 3.000 people from all social classes, tribes, ages

and city regions showed up every night at the meeting point,

the Parque Municipal (Municipal Park).

Programming activities in the years in which the event does

not happen is also a proposal of FIT-BH, and this has

occurred twice: the first in June 1995, in a previous for the

second edition: the French group Les Cousins gave at the

Marília Theater two free shows of the spectacle Ça n'a pas

Été Facile!. In August, Spanish group La Puppa presented

No Comment, also at the same theater. Still in that year,

actor and director Cacá Carvalho gave a workshop and pre-

sented the spectacle O Homem com a Flor na Boca at

Centro Cultural UFMG (Cultural Center of the Minas Gerais

Federal University).

20

Aeroplanos - Teatro Circular de

Montevidéu/Uruguai/1997(Foto: Fred erico Antoniazzi)

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Expansion

In the second edition of the event, in 1996, was initiated the

long partnership with Associação Movimento Teatro de

Grupo de Minas Gerais (Minas Gerais Group Theater

Movement Association), integrated by important profes-

sional groups from the state of Minas Gerais. This partner-

ship was repeated in the 1997, 1998, 2000 and 2002 edi-

tions.

In 1996 FIT expanded itself in time, in space, in number of

spectacles, shows and staff. Extended to 15 days, it also

reached Betim, Contagem and Mariana, cities close to Belo

Horizonte. A research done with the audience during the

event showed 88% of positive evaluation, 7% of regular, 5%

of ignorance and 0% of negative opinion.

The Comediants group from Spain made the opening spec-

tacle: Dimonis, a kind of demoniac ritual, at Praça da

Estação (Station Square), in the darkness, proclaiming the

triumph of instinct and taking the public to a state of delir-

ium. Every one of the nine administrative regions of the

capital received one street show, in an exercise of expand-

ing the Festival decentralization.

New themes came into question in the Special Events: the

possibility of cooperation between international theater

festivals (with the second meeting of directors of Brazilian

events of the genre), editorial policies, market pressure ,

perspectives and tendencies, all discussed at Encontro de

Editores de Cadernos de Cultura (Newspaper Culture

Section Editors' Meeting).

Special edition

In the origins of FIT it was established that its periodicity

would be biennial. In spite of this, in the condition of the

cultural event with the most popular acceptance in Belo

Horizonte, it could not be left out of the program of the city

centennial in 1997. One special and compact edition was

promoted, counting on the presence of seven international

groups, six national ones and a Brazil/India co-production.

In addition to valuing aesthetic diversity and quality, the edi-

tion paid homage to groups with remarkable passages in

FIT history: Générik Vapeur, from France, for instance,

showed Bivouac again, this time with the participation of

Bloco Afro Porto de Minas, and brought the new spectacle

Coche Porque? Porque Coche?; the also French group

Flash Marionnettes, acclaimed since 1996 for the nice ges-

ture of translating into Portuguese the text of A Corte dos

Vagabundos and thus making it accessible, was invited

again, and so was the Spanish duo Boni & Caroli, who pre-

sented Side Car once more.

Two remarkable presences: in addition to the spectacle

Aeroplanos by Carlos Gorostiza the Teatro Circular de

Montevideo, created in 1954, promoted a meeting with the

theme Circular: 43 Anos de Jornada and a retrospective

exhibition that presented to the audience, besides the spec-

tacle Kathakali - Teatro Sagrado do Malabar (inspired in

Mahabharata), a demonstration of the Kathakali technique,

a re-elaboration of one of the world oldest performing fea-

tures.

In 1997 MTG-MG affirmed the artist condition of its mem-

bers and produced a great urban intervention proposing the

recapture of the city for the conquest of cultural citizenship.

The Expedição Zum Zum Zum Lá no Meio do Mar reunited

18 groups from Belo Horizonte and 700 actors. The result

was a great celebration at Praça Sete (Sete Square) in the

city center.

Ideal format

The fourth edition in 1998 brought new productions from

Asia, Africa and Central America. That year also marks the

pursue of an ideal format for the Festival, with no lacks or

excesses. Such care had the intention of avoiding the risk of

becoming a giant Festival and consequently losing opera-

tional control and quality. The programming was reduced to

11 days.

At the opening French group Plasticiens Volants attracted a

great audience, who, astonished, drove Ézili, the Egyptian

goddess of fertility, a huge inflatable creature, down over

several blocks of the city until the Praça da Estação. The

group again pleased the public with the spectacle Dom

Quixote, always in a true challenge to gravity laws.

In the Special Events program seven workshops were

offered, some of them dealing with fresh themes in the

Festival such as theater critique, comedy, voice, anti-the-

ater. Two exhibitions, demonstration of methods and meet-

ings completed the program.

Searching for alternative spaces, FIT-BH has also played

the role of reactivating spaces. After reinstating Serraria

21

A Lenda de um Povo que Perdeu o Mar (Teatro de Los Andes – Bolívia - 1994)(Foto: Eugênio Savio)

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Souza Pinto (a Municipal space for events), in 1994, the

Festival programmed, for the area formed by a hangar,

squares and the auditorium of the Rede Ferroviária Federal

(Federal Train Network), which was out of operation, the

first Estação em Movimento, which replaced the Bar do FIT

as meeting point. Every night, after spectacles, performers,

staff and the public got together to talk, dance, listen to

music and watch interventions.

First balance

The fifth edition of the Festival, in 2000, was also the oppor-

tunity for a first balance: in seven years of existence, FIT-

BH had received 87 groups, almost 50 international specta-

cles and a total of 459 shows (250 on stages, 209 on the

streets), which had reached about 450 thousand people in

the nine administrative regions of Belo Horizonte. In addi-

tion to the spectacles there were the Special Events that

had offered 29 free workshops, video shows, debates and

conferences, among other activities.

The opening was marked by a courage act: FIT-BH direc-

tion booked an unexpected spectacle, O Bracelete de Jade

e Outras Árias de Ópera Chinesa, with the group Chinese

Theater Circle, from Singapore. The huge audience who

came to Praça da Estação and was used to itinerant pro-

ductions with great lighting effects, lots of noise and move-

ment, reverently watched the 90 minutes of the show,

revealing a maturity to live together with cultural diversity.

The edition was an opportunity to homage the Circo Irmãos

Simões, formed by the fourth generation of a family of cir-

cus ring artists, working hard to keep alive the fire of circus

art. The group presented the spectacle Debaixo da Lona.

Since this edition the meeting point Estação em Movimento

started functioning at the Parque Municipal, where it has

remained. Mostra Off, a selection of scenic and musical

interventions by young artists from the state of Minas

Gerais, was booked for the place.

For the second time, activities were programmed for the

year between the two editions. In May 2001, between the

fifth and sixth editions, the book Rever o FIT, by Guto Muniz

and Kika Antunes with pictures of the previous Festivals,

was released at Francisco Nunes Theater.

Record audience

In 2002, FIT-BH reached a record public of 165.585 people,

overcoming the initial prediction of 150 thousand people.

The opening was given to group Close-Act, from Holland,

with the show Malaya, in which acrobats would balance

themselves in suspended ropes above the public, and

actors on stilts invaded the audience space, with fireworks

in the background.

Two Brazilian artists, André Curti and Arthur Ribeiro, who

have a theater company in France, Dos à Deux, were

responsible for one of the most remarkable moments of

this edition, with Aux Pieds de la Lettre, a spectacle of ges-

ture theater of rare beauty.

Texts by playwright Nelson Rodrigues were present once

again, with Perdoa-me por me Traíres, by Cia. Luna Lunera

(BH), and Meu Destino é Pecar, by Cia. Dos Atores (RJ); and

the most popular text by Dias Gomes, O Pagador de

Promessas, was staged by Depósito de Teatro (RS).

A step forward in the decentralization goal: each of the nine

regional administrations received from two to four free per-

formances in its neighborhoods.

The sensible perception of decrease in the production of

street theater in Belo Horizonte led the Festival producers

to book FIT-BH Rua, a series of activities aiming at dis-

cussing the possible reasons for that fact. Directors and

actors were invited to present screenplays that, after

approved, would get funds to set micro street plays which

would make part of the main schedule. Another new thing

was the promotion at the meeting point in Parque

Municipal of the 1ª Mostra Movimentos Urbanos (1st Urban

Movement Show), a panel of traditional and contemporary

popular manifestations which take place in the city.

Great projects

In its seven edition in 2004 the event celebrated ten years.

Soama - Sociedade dos Amigos do Teatro Marília (Marília

Theater Friends Society) replaced MTG as its production

partner.

Group Strange Fruit from Australia opened the program

with The Spheres, a night show at Praça da Estação, in the

city center, where performing actors presented themselves

on shining spheres with elements of great visual force.

The program was organized in projects, among which the

CICTs (Centro Internacional de Criação Teatral) - the

22

Retrato da Avareza, da Luxúria e da MorteTeatro de La Abadia/Espanha/1997 (Foto: Kika Antunes)

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Théâtre des Bouffes du Nord Peter Brook (France), featur-

ing the performance Tierno Bokar, directed by one of the

world most important contemporary theater directors,

Peter Brook, as well as practical classes, a video show,

talks with the cast and a conference with the director;

Homenagem a Álvaro Apocalypse e Terezinha Veloso

(a homage to the creators of Giramundo Puppet Theater

from Belo Horizonte), featuring Cobra Norato and the

I Seminário do Boneco; the Teatro da Vertigem, presenting

the Biblical Trilogy (O Paraíso Perdido, O Livro de Jó and

Apocalipse 1, 11) and workshops on technical improvement

with stage setting and performance preparation, under the

coordination of Teatro da Vertigem and Galpão Cine Horto.

In this edition there was the continuity of the proposal of

fostering the production of street theater with the creation

of Prêmio Fomento à Montagem de Espetáculos de Rua

(Street Theater Fostering Award, an incentive to the stage

setting of street shows). Grupo Galpão, who had never pre-

sented at FIT-BH, brought two performances, O Inspetor

Geral and Um Molière Imaginário. Project FIT Escola was

also released, with theater shows and debates coordinated

by the theater professors at the Minas Gerais Federal

University, Teatro Universitário and the Centro de Formação

Artística da Fundação Clóvis Salgado (Clóvis Salgado

Foundation Artistic Formation Center).

One million people

The 8th FIT-BH edition in 2006 reached a direct public of

over 120 thousand people. Adding the seven previous edi-

tions, it marked a total of one million spectators since the

event was created.

For eleven days the Festival shook Belo Horizonte as well

as five cities in the interior of the state of Minas Gerais

(Lagoa Santa, Betim, Contagem, Itaúna and Ouro Branco),

with activities in theaters, alternative spaces, squares,

streets and parks.

The opening of FIT-BH 2006 occurred in two moments. At

Palácio das Artes the performance As Folhas que Resistem

ao Vento, by the Koffi Kôkô Company from Benin, was

showed for guests only. After that, the group Ósmego Dnia,

from Poland, presented at Praça da Estação the perform-

ance Arka in which great burning portals moved around the

attending audience.

The program once again produced an ethic and aesthetic

reflection and, even if not intentionally, mirrored the con-

temporary universal reality, discussing themes such as

wars, imposed migrations, exile and violence, but also rais-

ing lyricism, poetry and laughter.

In that edition, FIT-BH continued with the project of incen-

tive to the production of street theater started in 2002. The

news was the creation of Ateliê de Produção (Production

Atelier), which supported the winning productions by build-

ing the sets, making costumes and scene objects, style and

make-up. Reflection activities on street theater were also

included.

Some numbers

23

Editions Shows General audience

(8) (stage, street (performances

and alternative and activities)

spaces)

FIT-BH/1994 92 53.700

FIT-BH/1996 117 133.000

FIT-BH/1997 64 105.176

FIT-BH/1998 88 152.054

FIT-BH/2000 102 124.029

FIT-BH/2002 89 165.250

FIT-BH/2004 118 151.000

FIT-BH/2006 120 122.823

TOTAL 790 1.007.032

Paraíso PerdidoTeatro da Vertigem/SP/2004(Foto: Guto Muniz)

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This is FIT-BH

Promotion: Belo Horizonte City Hall, represented by the

Fundação Municipal de Cultura, in partnership with the pri-

vate sector by means of culture incentive laws or other

ways. Since 2006, the Festival has the Associação de

Amigos da Fundação de Educação Artística - Flama

(Association of Friends of the Artistic Education

Foundation) as its production partner.

Periodicity: biennial, in even years: 1994, 1996, 1997 (Belo

Horizonte Centenanial special edition), 1998, 2000, 2002,

2004, 2006, 2008.

Duration: 11 days.

Concept: non-thematic festival. The program tries to bring

together diversity of languages and artistic quality, being

careful to avoid overgrowing and the superficiality of flashy

events.

Program: minimum 22 and maximum 30 spectacles.

. Average 100 to 120 performances.

. Average 60% international performances, 20% national,

20% local.

. Carefully elaborated timetable with no superposition of

show times, allowing the audience to watch all perform-

ances and enable the members of participating groups the

possibility of watching the other groups' performances.

Democratization: in order to offer the population wide

and democratic access to the performances, an average

50% of the shows are programmed free of charge in open

spaces (streets, squares and parks); the remaining attrac-

tions occur in theaters and alternative spaces, with access

by means of tickets which can be bought in advance in

packs at prices very accessible to most of the population or,

in the days near the event, with prices usually practiced by

the theaters in the city.

Decentralization: a minimum of five shows are pro-

grammed in every neighborhood of the nine Belo Horizonte

Regional Administrations. There is also a programming in

the cities around the capital.

Special Events: a totally free program with specialized,

free workshops, exhibits, debates, book releases, lectures,

round tables, video shows and demonstrations of the

groups' work methods, among other activities.

Meeting Point: a space for the public, artists and staff to

get together every night, during FIT-BH, at Parque

Municipal in the city center. Food and drinks are sold there.

The display Movimentos Urbanos happens at the Meeting

Point, with a diverse program aiming at stimulating and

disseminating the work of artists and groups who represent

the traditional and contemporary popular culture of the city.

FIT-BH is a member of the Núcleo dos Festivais

Internacionais (International Festivals Association), along

with Festival Internacional de Londrina - Filo (state of

Paraná), Porto Alegre em Cena (Rio Grande do Sul),

Riocenacontemporânea (Rio de Janeiro), Festival

Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (São

Paulo) and Cena Contemporânea (Brasília). These events

share the public-private partnership system.

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A Máquina - produção independente/BA/2000(Foto: Guto Muniz)

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COMMENTThe trajectory of the Festival Internacional de Teatro Palcoe Rua de Belo Horizonte is exemplary in the way that cul-tural producers and the audience influence each other andare influenced by the environment. It is as if both sides takepart in a game of stimulus, response and interaction, inwhich each player proposes their ideas and wishes aboutwhat art is, but at the same time modifies these ideas andwishes from what they notice in the other participant'smoves.

Let us take a look at some examples. We can accept thefact that the first version of FIT came totally from its cre-ators' minds, Carlos Rocha, Eid Ribeiro and the peoplefrom Galpão; that it appeared from what they considerednecessary to show to the public of Belo Horizonte, fromwhat they appreciated in their travels around the world andwanted to show us, from what they judged important to bepart of our daily life. This judgment, however, was con-strued from more or less diffuse impressions, and had notyet been experimented on the confrontation with the reali-ty of the public.

This was a surprising experience. Nobody - the Festivalorganizers, artists, spectators - could imagine the shockthat Bivouac, by French group Générik Vapeur, would pro-duce in that late afternoon on June 2, 1994. Nobody wasprepared for an intervention that practically paralyzed thecity, nobody was prepared for the interaction the public hadwith the performance, nobody imagined that an arts festi-val could be so suddenly integrated in the life of BeloHorizonte.There was a price to pay. Générik Vapeur and other groupswhich came later would be frustrated for not finding inother places such interactive audiences as in BeloHorizonte, as if the idea of the intervention itself had gainedhere a final concreteness. The better part of the publicwould be addicted to interactive processes, trying to pro-duce them in other performances even when they were notadequate to their proposals, becoming disappointed withthe more contemplative manifestations carried out in pub-lic spaces. And the later versions of FIT-BH would make itsorganizers work particularly hard, in a constant search forgreat performances which could satisfy that addiction.

A blessed price that was. Belo Horizonte has today a sur-prisingly well-trained audience for cultural diversity. Itsartists, exposed to this diversity, started to consider it,more and more, as an aesthetic value in itself. In a clearlyevolutionary process, they needed to adapt themselves tothose tastes which transformed themselves according tothe event. And even FIT-BH itself, in its desire to respond tothe demand, would take its own destiny in its hands, decid-ing to interfere in the environment instead of being con-ducted by it - in moments of recession in the market ofstreet spectacles, for example, the Festival would shiftfrom being a consumer to becoming a promoter of produc-tions, guaranteeing the capacity of answering the demandsof its public.Na Solidão dos Campos de Algodão - Art in Obra/RJ/1997)

(Foto: Guto Muniz)

Marcelo Castilho Avellar

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Quando a Vida Eterna se Acabar - La Zaranda - Teatro Inestable de

Andalucía la Baja/Espanha/2000(Foto: Kika Antunes)