FLORES, Fidel. a Venezuela Depois Do Referendo. Avanços e Recuos Do Projeto Socialista de Hugo Chávez

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FLORES, Fidel. a Venezuela Depois Do Referendo. Avanços e Recuos Do Projeto Socialista de Hugo Chávez

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  • Observador On-line

    | v.3, n.7, jul. 2008 |

  • Observatrio Poltico Sul-Americano Instituto Universitrio de Pesquisas do Rio de Janeiro IUPERJ/UCAM

    http://observatorio.iuperj.br

    A Venezuela depois do referendo: avanos e recuos do projeto socialista de Hugo Chvez

    Observador On-Line (v.3, n.7, jul. 2008) ISSN 1809-7588

    Fidel Prez Flores Pesquisador do OPSA

    O governo de Hugo Chvez enfrenta, em 2008, o desafio de recompor sua estratgia

    para atingir o principal objetivo do seu atual mandato: alavancar com sucesso uma

    srie de reformas estruturais para fundar na Venezuela um Estado socialista. Em

    dezembro de 2007, o resultado adverso no referendo pela reforma constitucional, toda

    ela orientada por esse objetivo, no tirou da pauta do governo a inteno de

    concretizar, de alguma forma, o conjunto de transformaes propostas. No entanto,

    apagou-se a perspectiva de realiz-las no curto prazo e com a amplitude inicialmente

    projetada. Neste trabalho, apresentam-se as vias pelas quais o projeto socialista de

    Hugo Chvez consegue abrir seu caminho, apesar da derrota no referendo, e se

    analisa como esse resultado reorganizou o cenrio poltico do pas, com uma oposio

    fortalecida e confiante quanto a suas possibilidades de recuperao eleitoral.

    O texto est dividido em trs sees. Na primeira, destacam-se as linhas gerais do

    projeto socialista que est em andamento na Venezuela e coloca-se em perspectiva

    sua relativamente recente apario em relao aos nove anos de Chvez na

    presidncia desse pas. A segunda parte dedica-se ao percurso desse programa de

    construo do socialismo depois que sua aprovao pela via constitucional foi rejeitada

    por uma maioria de eleitores. Na terceira, constata-se que esse roteiro rumo ao

    socialismo tambm hesita e recua na medida em que o governo percebe a proximidade

    de novos desafios eleitorais, a comear pela eleio de prefeitos e governadores de

    2008. Em conjunto, o presente nmero do Observador Online se prope a mostrar os

    contornos do panorama poltico que envolve a atual fase do governo Chvez e os

    desafios internos com os quais se defronta sua poltica de altas apostas.

  • 2

    I. O socialismo em 69 artigos constitucionais

    Quando Hugo Chvez se reelegeu, em dezembro de 2006, para um novo mandato

    presidencial de seis anos, j era bem conhecido seu persistente apelo ao socialismo do

    sculo XXI como horizonte programtico e ideolgico de seu governo. O que nem ele

    mesmo conseguia explicar com clareza era o contedo mais especfico dessa

    modalidade de socialismo que se propunha instaurar no seu pas. Ao longo do primeiro

    ano que se seguiu aps a reeleio, foram delimitando-se os contornos desse

    programa de reconfigurao scio-estatal at sua cristalizao mais acabada no

    Projeto de Reforma Constitucional promulgado pela Assemblia Nacional, em

    novembro de 2007, e apresentado ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para sua

    aprovao mediante referendo, a realizar-se em 2 de dezembro desse mesmo ano.

    Ao todo, propunham-se reformas substanciais a 69 dos 350 artigos da constituio de

    1999, elaborada por iniciativa do prprio Chvez em seu primeiro ano de governo. Por

    que Chvez se props transformar com essa amplitude o marco constitucional que ele

    mesmo criou oito anos antes? Quando a idia de implantar o socialismo comea a

    orientar as polticas pblicas do governo Chvez at se tornar a principal bandeira e

    objetivo final de todas suas aes? Na poca da redao do texto constitucional de

    1999, no se falava em socialismo. O discurso presidencial era enftico no tom anti-

    oligrquico e a favor das classes subalternas. Inclusive, pode-se dizer que as boas

    relaes com o governo de Cuba j eram ento cultivadas com afinco pelos

    mandatrios das duas naes, mas na sua retrica o presidente da Venezuela no

    havia incorporado o lxico socialista. Muitas das leis e iniciativas de governo

    promovidas afetaram os interesses de capitais privados nacionais e estrangeiros, mas

    ningum no governo identificava aquilo como parte de alguma orientao ou programa

    socialista.

    Foi em janeiro de 2005, durante um evento de massas no Frum Mundial de Porto

    Alegre, no Brasil, que Chvez afirmou pela primeira vez que o caminho a seguir devia

    ser o socialismo. Meses depois, durante uma emisso do programa Al Presidente,

    declarou-se um socialista da nova era (Barrera e Marcano, 2007, p. 313 - 314). E em

    entrevista ao jornal chileno Punto Final, em julho desse mesmo ano, reconheceu que

    seu pensamento havia evoludo e que, depois de apostar primeiro no capitalismo

    humano inspirado nas idias defendidas pelo ex-primeiro ministro britnico Tony Blair,

    chegou concluso de que o nico caminho para resolver o problema da pobreza era o

    socialismo (Cabieses, 2005). Assim, em agosto de 2005, um ano depois de sua vitria

  • 3

    sobre a oposio que tentou destitu-lo mediante um referendo revogatrio, afirmou

    que o pas se encontrava numa etapa de transio pr-socialista (Barrera e Marcano,

    2007, p. 314).

    No contexto dessas declaraes, a correlao de foras no cenrio poltico interno

    estava evoluindo a favor do presidente. O conturbado processo de instabilidade entre o

    golpe que afastou Chvez da presidncia por alguns dias, em abril 2002, at a

    campanha do referendo revogatrio de agosto de 2004, cedeu lugar a uma srie de

    vitrias contundentes do governo em sucessivos processos eleitorais. Em outubro de

    2004, os aliados de Chvez venceram 20 de 22 governos estaduais em disputa; em

    dezembro de 2005, a base governista levou todas as cadeiras da Assemblia Nacional

    depois que as foras opositoras se retiraram do pleito alegando falta de garantias para

    o voto secreto e, finalmente, em dezembro de 2006, o presidente foi reeleito com

    62,82% dos votos vlidos. Ao tomar posse para o novo mandato, Chvez anunciou um

    programa com primeiras aes para encaminhar o projeto socialista e, em poucos dias,

    a Assemblia Nacional lhe concedeu poderes para legislar por decreto (Lei Habilitante)

    durante 18 meses em mbitos especficos da economia e das instituies polticas.

    A estratgia que ento se desenhou era composta de duas etapas: primeiro, seriam

    decretadas leis que pudessem adiantar, com base no ordenamento constitucional

    vigente, alguns elementos do programa de transio ao socialismo. Assim, por

    exemplo, decretaram-se nacionalizaes de empresas consideradas estratgicas no

    setor das telecomunicaes e no setor eltrico. Tambm se legislou para ampliar o

    controle sobre os hidrocarbonetos mediante a criao de empresas mistas nos campos

    petrolferos da faixa do rio Orinoco. Paralelamente, estimulou-se a criao de

    Conselhos Comunais por todo o pas como forma de organizao do que seria a base

    da futura arquitetura poltico-institucional do Estado. Aos conselhos j existentes, o

    Estado comeou a repassar recursos atravs de um fundo criado para o fortalecimento

    dessas estruturas de organizao comunitria.

    A segunda etapa da estratgia previa outra onda de leis e decretos presidenciais que,

    no entanto, s poderiam ser feitos se fosse modificada a constituio em alguns

    aspectos. Com esse objetivo, o Executivo preparou um pacote de reformas que

    apresentou Assemblia Nacional em agosto de 2007. Dois meses depois, o Poder

    Legislativo havia aprovado projeto de reformas do Executivo. Entretanto, a reforma

    no passou no teste da aprovao popular mediante referendo. Era a primeira vez,

    desde sua primeira eleio presidencial em dezembro de 1998, que Hugo Chvez era

  • 4

    derrotado em um processo eleitoral. Isto desconfigurou o cronograma estratgico do

    governo, comprometeu a criao do Estado socialista venezuelano e abalou a confiana

    de Chvez na firmeza de suas bases de apoio eleitoral.

    O que foi rejeitado no referendo?

    A proposta de reforma de 69 artigos constitucionais, rejeitada no referendo de 02 de

    dezembro de 2007, coerente com o programa de governo apresentado Assemblia

    Nacional pelo Executivo em setembro desse mesmo ano. No documento intitulado

    Linhas Gerais do Programa de Desenvolvimento Econmico e Social da Nao 2007-

    2013 identificam-se sete linhas estratgicas que desenham os mbitos de interveno

    prioritrios para a conformao de um novo ordenamento social e estatal.

    Prope-se, como primeira das sete linhas, a conformao de uma nova moral coletiva

    pautada pela substituio dos valores capitalistas de exaltao do indivduo e de busca

    desmedida do lucro, por valores que destaquem a primazia do interesse coletivo e os

    princpios de solidariedade humana.

    Na segunda linha estratgica, se desenham objetivos e programas de poltica social.

    Afirma-se que a suprema felicidade social seria alcanada mediante polticas de

    incluso cujo principal objetivo seria a eliminao da misria e a diminuio acelerada

    da pobreza.

    A terceira linha estratgica tende a modificar as bases do desenho poltico-institucional

    do Estado. Prope-se a construo de uma democracia protagnica revolucionria que

    conte com a participao direta dos cidados na gesto pblica e no processo de

    tomada de decises polticas. Comunas e Conselhos Comunais so projetados aqui

    como mecanismos de participao poltica e como elementos essenciais da formao

    de um Poder Popular.

    O redimensionamento da estrutura econmica descrito na quarta linha estratgica,

    que expe as bases do modelo produtivo socialista. De forma prioritria, so

    promovidas as chamadas Empresas de Produo Social, que funcionariam a

    semelhana das cooperativas, coexistindo com empresas estatais, empresas mistas e

    empresas capitalistas privadas. Quanto s atividades produtivas consideradas

    estratgicas, o Estado quem deveria conservar o controle total.

  • 5

    Na quinta linha estratgica, se propem novos critrios de organizao poltico-

    territorial do pas. Esta nova geopoltica nacional, tambm chamada de nova geometria

    do poder, estabelece uma dinmica urbano-regional articulada com as comunas, seus

    respectivos conselhos comunais e as unidades produtivas por eles controladas. Alm

    disso, se desenham eixos e regies geoestratgicas em nvel do territrio nacional de

    acordo com planos de desenvolvimento especficos.

    Na sexta linha estratgica, so descritas as bases de uma poltica energtica tendente

    a fazer da Venezuela uma potncia energtica mundial que tenha por objetivos

    principais a integrao energtica latino-americana e a gerao de energia trmica

    com base no gs e em fontes de energia alternativas.

    Por ltimo, a poltica externa delimitada em seus principais objetivos

    geoestratgicos, segundo os interesses especficos que ligam a Venezuela com as

    distintas regies do globo. O objetivo seria a conformao de uma nova geopoltica

    internacional multipolar e antiimperialista.

    As disposies especficas para cada uma das linhas gerais desse plano teriam se

    materializado no corpus constitucional da Repblica Bolivariana de Venezuela de uma

    vez s, caso a reforma constitucional tivesse sido aprovada no referendo. As

    modificaes incluam a reforma do artigo 230, que ampliava o mandato presidencial

    de seis para sete anos e autorizava a reeleio indefinida.1 Esta foi talvez uma das

    reformas mais emblemticas de todo o processo e certamente tambm uma das que

    mais preocupam o presidente, uma vez que ele mesmo considera essencial sua

    permanncia no cargo para a continuidade do processo revolucionrio. Mas essa, por

    ser indissocivel de mudanas constitucionais, est por enquanto descartada. Outras,

    como se ver a seguir, tm encontrado vias alternativas para se materializar no

    cenrio ps-referendo.

    1 Para uma anlise crtica dos principias artigos da reforma quanto ao desenho poltico-institucional, os poderes presidenciais, as liberdades civis, os direitos humanos e a economia, ver ALVAREZ, Angel E. Los dilemas de la revolucin a la Chvez. Papis Legislativos, ano 2, n. 2, mai. 2008. Disponvel em: http://observatorio.iuperj.br/pdfs/14_papeislegislativos_PL_n_2_maio_2008.pdf (Acesso em 15 de junho de 2008). O texto da proposta de reforma na ntegra, includo o texto original de cada um dos 69 artigos em questo pode ser consultado em: http://www.cne.gov.ve/elecciones/referendo_constitucional2007/documentos/Proyecto_Reforma_final.pdf (Acesso em 09 de julho de 2008)

  • 6

    II. O plano B: socialismo de contrabando?

    A reforma proposta para 69 artigos constitucionais, divididos em blocos A e B pela

    Assemblia Nacional, foram rejeitados por 50,65% e 51,01% dos eleitores,

    respectivamente. O presidente reconheceu sua derrota, porm no desistiu de

    continuar de alguma forma esse processo reformador/revolucionrio. Dado que a

    constituio de 1999 probe apresentar duas vezes, durante um mesmo perodo

    constitucional, uma mesma proposta de reforma, as opes do presidente se

    reduziram significativamente.2 Chvez levantou a possibilidade de uma nova tentativa

    ser apresentada via iniciativa popular, por meio de emenda, ou, inclusive, via nova

    Assemblia Constituinte. Isto deveria acontecer antes de 2012, ano em que devem

    realizar-se eleies para um novo mandato presidencial.

    Em qualquer caso, ao longo do primeiro semestre de 2008, uma srie de medidas e

    decretos que avana em aspectos anlogos ao texto constitucional rejeitado foi

    promulgada pelo governo. Por sua vez, a oposio, com foras renovadas aps a bem-

    sucedida campanha contra a reforma, acusa ao governo de querer introduzir o

    socialismo de contrabando. Em que aspectos o governo est avanando no seu

    programa socialista? Por que vias? Isto seria ilegal depois do resultado adverso no

    referendo pela reforma constitucional?

    Cancelada a possibilidade de concretizar a segunda etapa prevista na estratgia de

    outorgar ao presidente atribuies para legislar por decreto (Lei Habilitante), ao

    Executivo s resta promulgar leis e propor polticas pblicas no mesmo teor do que foi

    feito at novembro de 2007. Isto : dentro das margens permitidas pela constituio

    de 1999. A princpio, os decretos e iniciativas promovidos pelo presidente durante o

    primeiro semestre de 2008 obedecem a essa lgica. Se alguma dessas disposies, ou

    parte delas, contrria ao texto constitucional vigente, isso dever ser objeto de

    discusso pblica e submetido ao critrio do Tribunal Supremo de Justia. Enquanto

    no for assim, o governo dificilmente pode ser acusado de implantar o socialismo de

    contrabando. A seguir, enumera-se alguns mbitos especficos nos quais o governo

    vem tentando avanos parciais no seu programa rumo ao socialismo.

    No mbito econmico, deu-se continuidade poltica de nacionalizaes de setores

    considerados estratgicos. Em abril, foi a vez da indstria do cimento e da maior

    2 Art. 345: La iniciativa de reforma constitucional que no sea aprobada no podr presentarse de nuevo en un mismo periodo constitucional a la Asamblea Nacional (VENEZUELA, 1999).

  • 7

    siderrgica do pas, controlada por investidores argentinos. Estas empresas, agora sob

    controle estatal, devem adotar esquemas internos de organizao que ampliem a

    participao dos trabalhadores na tomada de decises. Adicionalmente, decretou-se

    uma lei de pesca e as regras para a criao de um Fundo para o Desenvolvimento

    Agrrio Socialista. Em ambos os textos, se incluem mecanismos de controle estatal

    sobre a distribuio e preos de venda de parte da produo. Isso ocorre em um

    contexto de uma crise de desabastecimento de alguns itens alimentares que afeta o

    mercado venezuelano com maior fora desde 2007. Quanto tributao da renda

    derivada da explorao de hidrocarbonetos, tambm houve mudanas. Mediante a Lei

    de Contribuio Especial sobre Preos Extraordinrios do Mercado Internacional de

    Hidrocarbonetos, as empresas que operam no pas so obrigadas a pagar uma alquota

    adicional sobre o lucro toda vez que a cotao internacional do barril de petrleo

    supere o valor de US$ 70,00.

    Parte da arrecadao excedente derivada deste novo tributo seria destinada ao

    financiamento de novos programas de poltica social atravs do Fundo para o

    Desenvolvimento Nacional (Fonden). o caso da Misso 13 de abril, criada na data

    que leva seu nome com o objetivo de apoiar projetos de comunidades carentes

    organizadas segundo os moldes das comunas socialistas. Estas deveriam contar com

    bancos prprios para receber os recursos destinados a projetos de criao de

    empresas comunais, de segurana alimentar, de melhoramento ou criao de uma

    infra-estrutura de servios bsicos, entre outros temas. Em junho, o Executivo

    promulgou a Lei do Instituto Nacional de Capacitao e Educao Socialista (Inces),

    desenhada para oferecer cursos de formao profissional com ateno especial a

    jovens carentes. Assim, o governo prope a integrao social desses jovens pelo

    trabalho no contexto de formas associativas e unidades de propriedade coletiva

    articuladas, com o objetivo de construo de uma economia socialista.

    No que tange ao mbito militar e estratgias de defesa, o presidente anunciou a

    criao, em abril, de um Comando Geral da Reserva Nacional, que teria funes

    anlogas ao que se previa na reforma constitucional para a Milcia Popular Bolivariana.

    No entanto, este comando dependeria diretamente da Presidncia da Repblica e no

    estaria organicamente vinculado s Foras Armadas. Os integrantes dessa reserva

    seriam principalmente civis, com certo preparo e treinamento militar, que poderiam

    ser chamados em caso de alguma ameaa militar soberania nacional.

  • 8

    Comparado com a extensa e abrangente lista dos 69 artigos da fracassada reforma

    constitucional, o conjunto de decretos e disposies que acabam de ser apresentados

    restrito. Todos eles sem dvida so realizaes parciais das diretrizes esboadas no

    Plano de Desenvolvimento Econmico e Social da Nao 2007-2013, que explicita as

    bases do projeto socialista deste governo. Em conseqncia, esses decretos so

    tambm formas alternativas para concretizar parte dos objetivos da reforma rejeitada

    pelo referendo. Entretanto, nenhuma delas poderia ter o mesmo peso caso estivessem

    imbricadas na lei fundamental que a Constituio.

    Qual o significado exato da rejeio popular da reforma constitucional proposta em

    2007? Trata-se de um no ao projeto socialista em conjunto ou apenas um no a

    algumas de suas implicaes? Pela amplitude e diversidade dos temas submetidos ao

    referendo, muito difcil saber por que razes especficas uma parte dos eleitores,

    tradicionalmente fiel ao presidente em outras eleies, retirou-lhe seu voto nesta

    ocasio. Mas uma coisa certa: a partir do referendo, o governo v-se obrigado a

    percorrer com maior cautela os caminhos que levariam a construo do socialismo do

    sculo XXI.

    III. A dinmica dos recuos tticos

    Apesar das margens disponveis dentro do quadro constitucional vigente e da firme

    vontade do governo em avanar na agenda da construo do socialismo, notam-se os

    primeiros sinais de um freio calculado sobre os motores da revoluo. A trajetria

    poltica de Chvez rica em exemplos, tanto de empreendimentos ousados e

    retoricamente irreversveis, quanto de recuos tticos diante as situaes de risco

    maior.3 O que Chvez enfrentar nos prximos meses um novo desafio eleitoral pela

    renovao dos governos estaduais e municipais. Depois de perder mais de 12 pontos

    percentuais de apoio eleitoral entre a reeleio presidencial de 2006 e o referendo de

    3 O primeiro deles seria sua primeira apario pblica em fevereiro 1992, pedindo por televiso a seus colegas golpistas a deposio das armas diante do iminente fracasso da conspirao que pretendia derrocar o ento presidente Carlos Andrs Prez. Na ocasio, Chvez admitia que por enquanto os objetivos da revolta no haviam sido atingidos. Em aluso a esse episdio, ele voltou a dizer, ao admitir a derrota no referendo de 2007, que por enquanto no havia sido possvel ganhar.

  • 9

    20074, o governo tem elementos slidos para desconfiar de que o pleito de novembro

    de 2008 dificilmente repetir o resultado de outubro de 2004, quando conquistou 20

    de 22 governos estaduais em disputa.

    Chvez entrou numa fase em que reconhece como erros alguns de seus atos de

    governo, comeando pela prpria proposta de reformar a constituio: Me equivoqu,

    no se pueden saltar etapas en un proceso. La propuesta (de reforma socialista) fue

    prematura y el error es mo. Debimos esperar dos o tres aos... (Declarao

    publicada no jornal El Universal, em 25 de maio de 2008). E neste mesmo tom, o

    presidente vem assumindo vrios outros erros, seja dele diretamente ou de sua equipe

    de governo.

    O primeiro deles seria a suspenso da aplicao do novo desenho educativo

    venezuelano baseado no Currculo Nacional Bolivariano. Durante os primeiros meses

    de 2008, o governo iniciou uma campanha de divulgao do novo currculo entre o

    corpo docente do pas como fase preparatria para sua implementao em 2009.

    Foras de oposio e organizaes civis ligadas ao tema educativo se mobilizaram em

    diversos espaos para denunciar o que para eles era uma inadmissvel reconverso

    ideolgica dos contedos pedaggicos. Frente escalada de protestos e inconformados

    com as novas diretrizes para a educao pblica, Chvez comeou o ms de abril

    afirmando que no havia pressa para aplic-las e convocou a um debate nacional para

    discutir com opositores os contedos questionados. Afinal, o presidente acabou

    reconhecendo como um erro a pretenso de usar o currculo como instrumento de

    disseminao do pensamento socialista quando a constituio vigente garante uma

    educao respeitosa de todas as correntes de pensamento. Depois disso, o currculo

    bolivariano foi arquivado.

    Outro foi o caso do decreto da Lei do Sistema Nacional de Inteligncia e Contra-

    inteligncia. Publicado em 28 de maio na Gazeta Oficial, o decreto ordenava a

    recomposio dos rgos de inteligncia e descrevia suas atribuies. Imediatamente,

    organizaes de defesa dos direitos humanos, acadmicos, foras polticas de oposio

    e uma magistrada da Sala Penal do Tribunal Supremo de Justia denunciaram

    possveis violaes s garantias constitucionais contidas na nova legislao.

    Inicialmente, Chvez desautorizou essas crticas e afirmou que essa lei,

    4 Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral, Chvez foi reeleito em 2006 com 62,87% dos votos; j no referendo de 2007 os votos a das reformas totalizaram 49,29% no caso do Bloco A e 48,94% no caso do Bloco B.

  • 10

    antiimperialista e anti-golpista, era necessria para uma poltica de segurana integral

    do Estado. No entanto, 13 dias depois de promulgada, a lei foi revogada pelo prprio

    Chvez, que reconheceu que alguns de seus artigos exageravam os poderes dos

    rgos de inteligncia a ponto de instaurar um regime de perseguio e delaes

    foradas. Mais uma vez, reconheceu que houve erros na elaborao da lei e pediu para

    que uma nova legislao na matria fosse realizada no mbito da Assemblia Nacional.

    Em matria econmica tambm houve recuos. Em junho, Chvez convocou, em

    Caracas, membros da cpula empresarial5 para apresentar um pacote de medidas, no

    intuito de reverter tendncias de alta da inflao e queda do ritmo do crescimento que

    vinham acentuando-se na economia nacional. Dessa forma, se eliminou o Imposto

    sobre as Transaes Financeiras (ITF), criado em novembro de 2007 para durar pelo

    menos um ano. O ITF obrigava as empresas privadas a pagar uma taxa de 1,5% sobre

    o valor de suas operaes financeiras. Tambm se eliminaram temporariamente as

    exigncias para permitir transaes em moeda estrangeira no caso da importao de

    bens de capital, maquinas e insumos produtivos. No mbito industrial, criou-se um

    fundo para apoiar investimentos de empresas privadas em setores considerados

    estratgicos. E, finalmente, anunciou subsdios produo agrcola e o perdo da

    dvida para pequenos produtores de milho, arroz e caf. Em suma, Chvez deixou de

    lado, por um momento, o tom beligerante contra o setor privado e reverteu alguns dos

    mecanismos com os quais vinha estreitando o controle sobre suas atividades.

    Em poltica externa, Chvez abandonou o tom rspido que mantivera apenas meses

    atrs com os governos da Colmbia e dos Estados Unidos. E em relao s Foras

    Armadas Revolucionrias da Colmbia (Farc), para as quais havia pedido

    reconhecimento internacional como foras beligerantes, tambm modificou o

    tratamento. Em declaraes feitas em junho, Chvez pediu s Farc que entregassem

    todos os refns em seu poder de forma incondicional e afirmou que seus mtodos de

    luta armada eram anacrnicos. Em julho, o governo fez questo de divulgar, atravs

    do site do Ministrio de Comunicao e Informao (Minci), o contedo de uma

    conversa entre Chvez e o embaixador dos Estados Unidos em Caracas, na qual o

    venezuelano afirmava querer retomar a agenda de cooperao e o dilogo com o

    5 O jornal El Nacional, relatou em 12 de junho de 2008 que entre os presentes se encontrava Lorenzo Mendoza, da processadora de alimentos e bebidas Polar; Gustavo Moreno, da Confederao Nacional de Associaes de Produtores Agropequrios (Fedeagro); Oswaldo Cisneros, do grupo de comunicao e entretenimento Orgranizacin Cisneros; Omar Carnero, de Televen; Pablo Baraybar, da Cmara Venezuelana de Indstria de Alimentos (Cavidea), Juan Carlos Escotet, do banco Banesco e Michel Goguikian, do Banco da Venezuela.

  • 11

    governo de Washington. Quanto ao presidente da Colmbia, lvaro Uribe, Chvez

    havia declarado, em dezembro, no querer nunca mais falar com ele por ser um

    traidor e, em maro, por motivo da incurso do Exrcito colombiano em territrio do

    Equador para bombardear acampamento das Farc, a embaixada da Venezuela em

    Bogot foi fechada. Entretanto, em 11 de julho, Chvez e Uribe se encontraram na

    Venezuela e retomaram o dilogo bilateral.

    Dificuldades na base governista

    No mbito especificamente eleitoral, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV),

    que far sua estria formal como fora eleitoral em novembro de 2008, no atingiu seu

    objetivo de unir em uma s legenda a todos os partidos e movimentos da base

    governista. Dentre os quatro principais partidos que coletaram votos a favor da

    reeleio de Chvez em 2006, apenas um, o Movimento Quinta Repblica (MVR),

    fundado pelo prprio Chvez, aceitou fusionar-se ao PSUV. Dos outros trs, um deixou

    de apoiar o governo durante a discusso parlamentar pela iniciativa de reforma

    constitucional: o Partido pela Democracia Social (Podemos). Quanto ao Partido Ptria

    para Todos (PPT) e o Partido Comunista da Venezuela (PCV), houve grupos de

    militantes que a ttulo pessoal migraram para o PSUV. J as diretorias resolveram

    manter as legendas como organizaes polticas autnomas, sem por isso deixar de

    oferecer seu apoio ao governo.

    Mesmo assim, PSUV, PPT, PCV e outras foras polticas menores declararam-se

    dispostas a apresentar candidatos nicos para os governos estaduais e municipais a

    serem disputados no pleito de 23 de novembro de 2008. Mas este objetivo tambm

    no foi atingido. Depois de realizadas eleies primrias em junho, pr-candidatos

    derrotados do prprio PSUV e dos aliados em diversos estados mostraram desacordo

    com o resultado e com a forma como foi conduzido o processo. Como conseqncia,

    tanto PPT quanto PCV6 anunciaram que apresentariam candidatos prprios em alguns

    estados e em outros apoiariam os nomeados do PSUV. Apesar das reaes negativas

    da cpula do PSUV, que ameaaram com no concorrer junto a esses partidos em

    nenhuma regio, Chvez aceitou o esquema de alianas parciais regionalizadas. O que

    se observa no processo de formao do PSUV que o presidente acaba por no

    resolver o problema das divises entre os prprios aliados: eles so enfticos ao

    6 Segundo dados do CNE, em 2006 o PPT obteve 461.247 votos, equivalente a 6,31% dos votos a favor da reeleio de Chvez; j o PCV obteve 340.499 votos, equivalente a 4,68% dos votos a favor de Chvez.

  • 12

    manifestar sua fidelidade vertical, perante o lder, mas persiste a fragmentao em

    nvel horizontal.

    Oposio unida?

    As foras de oposio, tambm significativamente fragmentadas, iniciaram 2008

    assinando um pacto em que assumiram o compromisso de competir com candidatos

    nicos nas eleies de novembro. Mas, conforme se aproxima a data de registro dos

    candidatos, torna-se mais evidente a dificuldade de concretizar a unio de todos os

    partidos para todas as candidaturas. Um elemento que veio a dificultar ainda mais o

    processo de seleo de candidatos opositores foi a resoluo da Controladoria Geral da

    Repblica que inabilitou para o exerccio de cargos pblicos 260 cidados, que devem

    responder por supostas irregularidades no uso de recursos pblicos. A oposio afirma

    que 80% desses inabilitados pertencem a suas fileiras e alguns deles, inclusive,

    aparecem com boas chances de concorrer com sucesso em suas respectivas regies.

    A oposio est motivada por perspectivas reais de comear a recuperar os espaos de

    poder perdidos. Segundo vozes do PSUV, ouvidas pelo jornal El Universal

    (11/05/2008), os governistas tm preocupaes srias em pelo menos nove estados.7

    Se contrastados com os resultados por estado do referendo de 2007, em seis desses

    nove estados, a iniciativa de reforma constitucional foi derrotada.8 E em alguns casos,

    a margem da derrota foi superior a dez pontos percentuais.9 No entanto, nada indica

    que os votos de rejeio reforma se traduzam necessariamente em votos a favor de

    candidatos opositores a prefeitos e governadores. O governo, por seu lado, no vai

    poupar esforos, nem recursos, para recuperar o saldo perdido em matria eleitoral

    como resultado da ofensiva socialista.

    Consideraes finais

    O cenrio poltico da Venezuela ps-referendo constitucional caracteriza-se, primeiro,

    por um governo que no renuncia a seu programa de construo do socialismo e

    explora, para isso, as margens de manobra permitidas pelo texto inalterado da

    7 Estes estados so Zlia, Miranda, Carabobo, Aragua, Bolvar, Tchcira, Sucre, Mrida e Nova Esparta. 8 Estes estados so Zlia, Miranda, Carabobo, Tchira, Mrida e Nova Esparta. 9 Para uma anlise contrastada estado por estado dos votos a favor de Chvez na eleio de 2006 e os seus resultados no referendo de 2007, ver LVAREZ, op. cit.

  • 13

    constituio de 1999. Em segundo lugar, aproxima-se um novo confronto eleitoral

    altamente polarizado entre governo e oposio, que desta vez encara o pleito com

    maiores perspectivas de crescimento. E, por ltimo, identifica-se uma dinmica de

    recuos e hesitaes da parte do presidente Chvez, que calcula as possibilidades de

    manter sua hegemonia intocada nos governos municipais e estaduais como pr-

    condio para a futura concretizao do Estado socialista venezuelano.

    Os processos eleitorais a partir da chegada de Chvez presidncia da Venezuela

    caracterizam-se por altos nveis de polarizao e por representar, na retrica do

    governo, uma oportunidade sempre nica, transcendente e dramtica de avanar no

    futuro promissor do pas. O dia 23 de novembro de 2008 no exceo nesse sentido.

    A cada apario pblica, Chvez no deixa de lembrar que do resultado desse pleito

    depende o destino da ptria, da revoluo, do projeto socialista de nao. A novidade

    agora que, pela primeira vez, Chvez vem de uma derrota. As incertezas para sua

    causa, em conseqncia, so maiores. Principalmente se ele considera que qualquer

    perda, por mnima que seja, pode ser catastrfica. a lgica das apostas sempre mais

    e mais altas caracterstica do presidente venezuelano. Qualquer vitria nunca ser

    suficientemente valiosa se no forem atingidos os objetivos supremos, hoje

    identificados com o socialismo do sculo XXI. Esta viso exige que, a cada passo,

    dispunham-se as armas como se o todo estivesse em jogo.

    Porm, as tendncias indicam que a oposio deve recuperar em alguma medida os

    espaos de poder regional perdidos em 2004. Nessa hiptese, quanto ao controle dos

    governos estaduais e municipais, essas tendncias apontam para um maior pluralismo

    sem que por isso as bases de apoio do governo deixem de ser majoritrias. Depois, em

    2009, haver eleies para vereadores e, em 2010, eleies para renovar a

    Assemblia Nacional. Nestas ltimas, dado que a oposio se retirou do pleito de 2005,

    cedendo todas as cadeiras ao governo, a perspectiva tambm de, se os opositores

    participarem, aumento de sua presena no Poder Legislativo. Nesse cenrio, 2008

    poderia ser o ano em que o ciclo de predomnio quase total das foras governistas nos

    cargos de eleio popular chega a seu fim.

    Distinto seria o panorama se o governo conseguir voltar aos nveis de apio eleitoral

    pr-referendo e vencer com clareza na maioria de estados e municpios. Nesse caso,

    um novo ciclo de altas apostas se apoderaria da ao governamental e poderia se

    esperar uma nova ofensiva para avanar no socialismo e, claro, propiciar a reeleio

  • 14

    indefinida do presidente. Porque, para Chvez, a revoluo socialista na Venezuela

    sem sua liderana inconcebvel.

    Referncias bibliogrficas

    ALVAREZ, Angel E. Los dilemas de la revolucin a la Chvez. Papis Legislativos, ano

    2, n. 2, mai. 2008. Disponvel em:

    http://observatorio.iuperj.br/pdfs/14_papeislegislativos_PL_n_2_maio_2008.pdf

    (Acesso em 15 de junho de 2008).

    BARRERA TYSZKA, Alberto e MARCANO, Cristina. Hugo Chvez sin uniforme. Cidade do

    Mxico: Debate, 2. ed., 2007.

    CASIEBES, Manuel. Hacia dnde va usted, presidente Chvez? in Punto Final,

    Disponvel em: http://www.voltairenet.org/article132654.html [Acesso em 09 de julio

    de 2008].

    OBSERVATORIO POLTICO SUL-AMERICANO. Banco de Eventos. Disponvel em:

    VENEZUELA. Lneas Generales del Plan de Desarrollo Econmico y Social de la Nacin

    2007 2013. Disponvel em: http://www.gobiernoenlinea.ve/noticias-

    view/shareFile/lineas_generales_de_la_nacion.pdf [Acesso em 08 de julho de 2008].

    VENEZUELA. Consejo Nacional Electoral. Proyecto de Reforma Constitucional, 2007.

    Disponvel em:

    http://www.cne.gov.ve/elecciones/referendo_constitucional2007/documentos/Proyecto

    _Reforma_final.pdf (Acesso em 09 de julho de 2008).

    Outras fontes:

    Jornal El Nacional, Caracas, Venezuela. Disponvel em http://www.eluniversal.com

    Jornal El Universal, Caracas, Venezuela. Disponvel em http://www.eluniversal.com

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    Publicaes Anteriores Observador On-Line (v.3, n.6, jun. 2008) Programa de Acelerao do Crescimento: marco na construo da agenda ps-reformas liberalizantes? Daniela M. De Franco Ribeiro Observador On-Line (v.3, n.5, mai. 2008) Balano da poltica exterior dos dois primeiros anos do segundo mandato de Alan Garca (2006-2008) Natalia Maciel Observador On-Line (v.3, n.4, abr. 2008) Migraes sul-sul: o caso dos bolivianos no Brasil e na Argentina Olivia Hirsch Observador On-Line (v.3, n.3, mar. 2008) Transio, Estabilidade e Alternncia: Fernando Lugo e a possibilidade de insero tardia do Paraguai no processo latino-americano de consolidao da democracia Mayra Goulart da Silva Observador On-Line (v.3, n.2, fev. 2008) A estratgia de liberalizao competitiva do governo Bush e os Tratados de Livre Comrcio de Peru e Colmbia com os Estados Unidos Juan Claudio Epsteyn e Luiz Antnio Gusmo Observador On-Line (v.3, n.1, jan. 2008) Entre preconceitos e tomos: a participao feminina nas Cmaras de Deputados da Argentina, do Brasil e do Uruguai Patrcia Rangel Observador On-Line (v.2, n.12, dez. 2007) A poltica externa e a poltica de defesa dos governos FHC e Lula Ana Claudia J. Pereira Observador On-Line (v.2, n.12, dez. 2007) Parlamento do Mercosul: perspectivas participao social e s polticas pblicas Elisa de Sousa Ribeiro, Helena Martins e Maurcio Santoro Observador On-Line (v.2, n.11, nov. 2007) Instabilidade presidencial e a polarizao entre atores no Equador Andr Luiz Coelho Observador On-Line (v.2, n.10, out. 2007) Estado, mercado e as eleies argentinas Slvia Lemgruber Observador On-Line (v.2, n.9, set. 2007) Entre o Mercosul e os EUA: as relaes externas do Paraguai Regina Kfuri e Brbara Lamas Observador On-Line (v.2, n.8, ago. 2007) Erradicao forada, desenvolvimento alternativo e movimentos cocaleiros: uma comparao das polticas de combate s drogas no Peru e na Bolvia Ana Carolina Delgado e Luiz Antnio Gusmo Observador On-Line (v.2, n.7, jul. 2007) Crise Humanitria na Colmbia: um balano dos ltimos dez anos (ou da Lei 387) Mariana Carpes Observador On-Line (v.2, n.6, jun. 2007)

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    Esquerda uruguaia no poder: a trajetria da Frente Ampla e seus dois primeiros anos de governo Fabricio Pereira da Silva Observador On-Line (v.2, n.5, mai. 2007) China: anjo e demnio para a Amrica do Sul Brbara Lamas Observador On-Line (v.2, n.4, abr. 2007) Algo de novo no front? O Retorno do Estado e Seus Impactos sobre a Integrao Sul-Americana Carlos Henrique Santana e Yuri Kasahara Observador On-Line (v.2, n.3, mar. 2007) O primeiro governo Lula e o Mercosul: iniciativas intra e extra-regionais Cristina Alexandre e Iara Leite Terrorismo islmico e Amrica Latina: a necessidade de um olhar contextualizado Marcial Suarez Observador On-Line (v.2, n.2, fev. 2007) Governos de esquerda e o gasto social na Amrica do Sul Julia SantAnna Observador On-Line (v.2, n.1, jan. 2007) El nuevo Congreso norteamericano y el futuro de la estrategia de liberalizacin competitiva Juan Claudio Epsteyn Um plano para a economia real: alternativas econmicas do segundo Governo Lula Vitor Acselrad Observador On-Line (v.1, n.10, dez. 2006) La reeleccin del factor Chvez Fidel Prez Flores Observador On-Line (v.1, n.9, nov. 2006) Dilemas da Integrao: o Paraguai e as assimetrias no Mercosul Brbara Lamas Democracia e Parlamentos Regionais: Parlacen, Parlandino e Parlasul Juliana Erthal Observador On-Line (v.1, n.8, out. 2006) As eleies equatorianas de 2006 e os desafios governabilidade do pas Andr Luiz Coelho Observador On-Line (v.1, n.7, set. 2006) O que falta de social na socialista Bachelet? Julia SantAnna Participao Social e Direitos Humanos no Mercosul Maurcio Santoro Observador On-Line (v.1, n.6, ago. 2006) O papel do Mercosul: a crise das papeleras e o processo de integrao regional sul-americano Bruno Magalhes Observador On-Line (v.1, n.5, jul. 2006) Os Limites da Integrao Financeira e Polticas de Crdito na Amrica do Sul: um novo modelo de desenvolvimento regional? Carlos Henrique V. Santana e Yuri Kasahara Observador On-Line (v.1, n.4, jun. 2006) Os movimentos indgenas e suas implicaes para o processo poltico na Bolvia e no Peru

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    Ana Carolina Delgado e Silvia Lemgruber Observador On-Line (v.1, n.3, mai. 2006) A percepo do Governo Lula sobre o conflito colombiano e os desafios para a construo de um projeto regional de segurana Mariana Montez Carpes e Iara Costa Leite A poltica boliviana de nacionalizao do petrleo e gs Cristina Vieira Machado Alexandre Observador On-Line (v.1, n.2, abr. 2006) Eleies e Violncia Poltica no Peru Marcela Vecchione Observador On-Line (v.1, n.1, mar. 2006) As polticas do gs natural dos governos de Morales e Bachelet Cristina Alexandre, Flvio Pinheiro e Vitor Acselrad