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Duas décadas de assombrosa inovação tecnológica mudaram completamente o modo de trabalhoda indústria gráfica. Nos últimos anos, o grande desafio tem sido integrar novas tecnologias emum fluxo de trabalho simples, eficiente, seguro e totalmente digital. Hoje, todos os grandes fabricantes do setor oferecem soluções completas de “digital workflow”, mas é cada vez mais difícil entender as diferenças e particularidades de cada uma das soluções existentes.
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www.professionalpublish.com.br | Novembro/Dezembro 200238
INDÚSTRIA GRÁFICAmercado
urante séculos, o conceito de “fluxo de trabalho” em artes
gráficas foi baseado nos processos mecânicos de produção
de originais, matrizes, matérias-primas e impressos – e no
seu deslocamento físico entre as diversas etapas e processos de
produção. As raras soluções “eletrônicas” que foram pouco a pouco
introduzidas em etapas do trabalho (fotocomposição, separações
de cores “a laser” etc.) surgiam para facilitar procedimentos isola-
dos e não tinham nenhuma integração entre si.
Esse quadro muda rapidamente a partir da década de 1980,
quando algumas inovações-chave – a interface gráfica dos micros
Macintosh, a linguagem PostScript de descrição de páginas, as
impressoras e imagesetters baseadas em laser e o aplicativo
PageMaker – colocam em cena o novo conceito de “editoração
eletrônica” (desktop publishing), transferindo para computado-
res “de mesa” compactos e relativamente baratos as tarefas de
diagramação, construção de páginas e geração de fotolitos. Numa
só tacada, diversas etapas do fluxo de trabalho convencional pas-
saram a ser realizadas dentro dos computadores, com uso de
arquivos digitais.
Os anos 90 foram dedicados a incorporar ao processo digital as
tarefas remanescentes. Rapidamente, os trabalhos de retoque e
tratamento de imagens, separação de cores, produção de fotolitos
em policromia e geração de provas de cor passaram a ser realizados
digitalmente, sem necessidade de materiais intermediários. Na
segunda metade dessa década, o surgimento das primeiras impres-
soras digitais de alta capacidade e dos sistemas de gravação direta de
chapa CTP (Computer-to-Plate) empurrou a digitalização dos pro-
cessos até o chão de fábrica das indústrias gráficas, dando origem
ao conceito de “fluxo de trabalho inteiramente digital”.
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Fluxo de Trabalho DigitalDuas décadas de assombrosa inovação tecnológica mudaram completamente o modo de trabalhoda indústria gráfica. Nos últimos anos, o grande desafio tem sido integrar novas tecnologias emum fluxo de trabalho simples, eficiente, seguro e totalmente digital. Hoje, todos os grandes fabricantesdo setor oferecem soluções completas de “digital workflow”, mas é cada vez mais difícil entenderas diferenças e particularidades de cada uma das soluções existentes.
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A partir de então, a atenção dos desenvolvedores de equipamentos
e softwares se concentrou na busca de soluções para integrar todas as
etapas de trabalho em sistemas consistentes, seguros e fáceis de
gerenciar. Tarefas adicionais – como a montagem eletrônica de cader-
nos (“imposição”) e as rotinas de verificação de arquivos (“preflight”)
– tiveram de ser rapidamente incorporadas a esses novos sistemas de
“digital workflow”, na maior parte dos casos por meio da integração
de soluções desenvolvidas por pequenas empresas especializadas em
software para uso gráfico.
Na virada do século XXI, quando as coisas finalmente pareciam
bem encaminhadas, o setor gráfico foi obrigado a redirecionar seus
esforços. Duas promissoras novidades – surgidas em áreas não direta-
mente relacionadas ao setor gráfico – lançaram novos desafios aos
desenvolvedores dos sistemas de workflow: a tecnologia de “formato
documento portátil” PDF (Portable Document Format) da Adobe e a
revolução nos sistemas de comunicação global, liderada pela Internet.
Documentos Portáteis PDFPode parecer estranho, mas a invenção do formato PDF não teve nada
a ver com as necessidades do fluxo de trabalho gráfico. A idéia que deu
origem ao desenvolvimento dos arquivos portáteis pela Adobe estava
relacionada aos processos de automação corporativa e ao conceito de
“escritórios sem papel”. Nesse sentido, o PDF era um modo de permitir
que qualquer arquivo – criado em um aplicativo especializado em uma
determinada plataforma – pudesse ser distribuído para diversos setores
e visualizado corretamente por funcionários que não dispõem do mes-
mo software em seus computadores. Com isso, elimina-se a necessida-
de de imprimir e distribuir os documentos em papel.
Por exemplo: um anúncio criado em micros Macintosh com
aplicativos Illustrator, FreeHand ou QuarkXPress pode ser transforma-
do em PDF e distribuído para revisão e aprovação para diversas pessoas
que usam micros PC – e não possuem nem os aplicativos nem as fontes
tipográficas usadas na criação da página. O mesmo vale para planilhas
de Excel, plantas em sistemas CAD, ilustrações, fotos etc. Virtualmen-
te, tudo o que pode ser impresso é passível de ser transformado em
arquivos PDF: os conversores “Distiller” da Adobe transformam os
dados PostScript que seriam enviados à impressora em um arquivo
portátil no novo formato PDF, que pode ser facilmente visualizado por
meio do Acrobat Reader, um software de distribuição gratuita.
Não demorou muito para que os técnicos da área gráfica enxer-
gassem potencialidades adicionais nos documentos PDF. O concei-
to de reunir num único arquivo – compacto, estável e independente
de plataforma – todas as informações das páginas de editoração
eletrônica caía como uma luva nos requisitos dos desenvolvedores
de sistemas de fluxo de trabalho digital. Era preciso, no entanto, que
fossem realizados diversos aperfeiçoamentos no formato PDF origi-
nal para que ele se adequasse aos exigentes requisitos de qualidade da
produção gráfica profissional.
A Agfa foi a primeira grande empresa a acreditar e investir no novo
formato, em parceria com a Adobe. No início de 2000, a parceria
apresentou os primeiros resultados convincentes: a versão 1.3 do for-
mato PDF (apresentada junto com o Adobe Acrobat 4.0) passou a
incorporar as principais exigências do mercado e todos os grandes fa-
bricantes do mercado viram-se obrigados a integrar em algum nível solu-
ções baseadas em PDF aos seus sistemas de fluxo de trabalho. Como
conseqüência, o formato PDF transformou-se na principal “plataforma
comum” a permitir intercâmbios de dados entre diferentes ferramentas
e sistemas de workflow.
No entanto, o uso de arquivos PDF no fluxo de trabalho gráfico está
longe de ser um mar de rosas. É preciso muito cuidado e um grau elevado
de conhecimento técnico para gerar e manusear corretamente esses ar-
quivos, já que alguns problemas específicos ainda não foram devidamente
solucionados. Hoje, o mercado tenta contornar essas limitações por meio
da criação de “padrões restritos” do formato para uso gráfico: os “subsets”
PDF/X (veja mais informações sobre esses padrões na Publish nº 61).
Facilidades da Rede MundialAo mesmo tempo em que o PDF se consolidava como formato padrão,
outra grande revolução tecnológica mundial iria alterar definitivamen-
te o perfil dos sistemas de workflow gráfico. A disseminação do uso da
Internet – considerada até meados dos anos 90 apenas como uma
curiosidade do mundo acadêmico – mudou em poucos anos a maneira
como as empresas se relacionam com clientes e fornecedores. A recen-
te popularização dos meios de acesso “banda larga” ampliou ainda mais
as possibilidades de intercâmbio digital de informações e arquivos, e os
sistemas de fluxo digital tiveram de se adaptar a essa nova realidade.
Os arquivos PDF, compactos e estáveis, revelaram-se particular-
mente adequados à troca de arquivos via rede mundial e a Adobe
novamente atendeu às demandas do mercado incorporando no pacote
Acrobat 5 diversas funções que facilitam seu uso em sistemas de fluxo
de trabalho colaborativos (collaborative workflows), nos quais podem
interagir dezenas de pessoas, em rede local ou remota. Por outro lado,
a evolução dos sistemas de prova digital de baixo custo (impressoras
laser ou jato de tinta associadas a aplicativos de gerenciamento de
cores) tornaram possível a geração remota de provas de cor de contrato
(contract proofs), removendo as últimas barreiras ao atendimento de
clientes à distância.
Hoje, a grande maioria das soluções de workflow prevê o recebi-
mento e/ou envio de arquivos via redes remotas, o acompanhamento e
controle à distância do andamento dos trabalhos e a geração de algum
tipo de provas remotas. Em muitos casos, esses serviços podem ser
gerenciados a partir de “browsers” comuns (Internet Explorer, Netscape,
etc.) sem necessidade da instalação de aplicativos especiais nas máqui-
nas dos clientes. Com isso, o número potencial de clientes que podem
ser atendidos por qualquer empresa da área gráfica (com custos razoá-
veis) foi enormemente ampliada.
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Por outro lado, a expansão do papel da Internet no mercado de
publicação editorial (publishing) está forçando as empresas do setor
a desenvolver sistemas de trabalho que permitam a utilização de um
mesmo conteúdo (textos, imagens, gráficos, etc.) em diversas mídias.
Daí a crescente atenção que as tecnologias voltadas à automatização
do reaproveitamento de conteúdo – normalmente baseadas em lin-
guagem XML (eXtensible Markup Language) – ganham nos siste-
mas de fluxo de trabalho da área gráfica.
Soluções ModularesSeguindo os padrões e as tendências mais atuais do mercado, não é
difícil definir as características que um moderno sistema de workflow
gráfico deve possuir. Na prática, a grande maioria das soluções ofere-
cidas hoje pelos grandes fabricantes do setor repousa na integração
de uma série de aplicativos modulares, que cumprem tarefas especí-
ficas no processo. São eles:
ConversãoA maioria dos sistemas modernos de workflow dá preferência ao
trabalho com arquivos PDF. Por isso, os arquivos “abertos” preci-
sam ser transformados em PostScript e os arquivos PostScript de-
vem ser convertidos em PDF. A ferramenta básica dessa conversão
é o Acrobat Distiller da Adobe (um interpretador de PostScript
nível 3) ou sua variante – o Normalizer da Agfa. Os grandes fabri-
cantes costumam oferecer soluções baseadas nesses aplicativos,
freqüentemente incrementadas com plug-ins e funções adicionais
exclusivas. No entanto, há no mercado bons conversores alternati-
vos – como o Jaws PDF Creator da Global Graphics – e até mesmo
soluções shareware, mas a confiabilidade do PDF gerado pode
ser discutível.
OPIO aumento da capacidade de armazenamento dos computadores, a
crescente velocidade das redes e a maior eficiência dos formatos
compactados de imagens permitem nos dias de hoje um trabalho
relativamente tranqüilo com imagens de alta resolução. No entan-
to, algumas empresas que lidam com grandes quantidades de ima-
gens (como as editoras de livros e revistas) não abrem mão da agili-
dade conferida por um bom sistema de OPI (Open Prepress
Interface), com o qual todo o trabalho de paginação pode ser feito
usando imagens de baixa resolução (low-res) que são automatica-
mente substituídas pelas equivalentes “de alta” (hi-res) apenas no
final do processo. Por isso, boa parte dos melhores sistemas de
workflow digital oferecem integração com módulos de OPI.
VerificaçãoIndependente da empresa receber dos clientes trabalhos “abertos”
(arquivos dos aplicativos de editoração eletrônica), “fechados” no
formato PostScript ou já em PDF, é preciso haver um sistema de
verificação da integridade e da adequação desses arquivos. Isso pode
ser feito por um aplicativo especialmente desenvolvido ou, o que é
mais comum, com o uso de alguma ferramenta “de mercado”. So-
luções como o Markzware FlightCheck e o Extensis PreFlight Propodem verificar qualquer tipo de arquivo. Já o Callas PDF-Inspector
e o Enfocus PitStop (esse último também oferecido em uma pode-
rosa versão para servidor) estão restritos à verificação de arquivos
em formato PDF. A própria Adobe chegou a disponibilizar uma
solução própria, o Acrobat InProduction, que foi descontinuado
na versão 1.0.
Ajustes e correçãoCaso o arquivo PDF apresente algum problema ou incorreção, há
duas possibilidades: o processo é reiniciado com a geração de um
novo arquivo corrigido no aplicativo original, ou as modificações
necessárias podem ser executadas no próprio PDF com uso de algu-
ma ferramenta de correção. O Adobe Acrobat completo – ao con-
trário da versão gratuita “Reader” – pode ser usado para fazer peque-
nas alterações nos textos e imagens dos arquivos PDF, mas seus
recursos (embora ampliados na versão 5), são muito restritos. Com
o fim do InProduction, as opções recaem sobre o já citado PitStopProfessional, o QaboT (Quite a box of Tricks) da Quite Software e
o PDF Toolbox da Callas, com os quais é possível fazer alterações
nas cores, substituição de fontes, modificações nos formatos das
páginas, entre outras mudanças.
Montagem.Uma das tendências mais fortes na área de pré-impressão nos últi-
mos anos foi a substituição da montagem de cadernos (imposição)
manual por sistemas digitais. Com isso, é possível produzir fotolitos
de grande formato com as páginas já posicionadas para a impressão
(em sistemas Computer-to-Film) ou até mesmo as próprias matrizes
de impressão já gravadas (em sistemas Computer-to-Plate). Ferra-
mentas para executar esse tipo de trabalho em arquivos PostScript
ou “rasterizados” (veja o quadro Vector X Raster) já existem há anos,
e algumas delas são bem conhecidas, como o Preps, da Scenic Soft.
A consolidação do formato PDF como base do fluxo de trabalho
gráfico alterou significativamente esse mercado. As ferramentas tra-
dicionais passaram a aceitar o novo formato, mas diversos fabrican-
tes desenvolveram soluções de imposição PDF-PDF (os arquivos
de páginas PDF são montados e geram um novo PDF no formato
final imposicionado) a custos bem mais baixos, como é o caso
do Dynastrip da Dynagram ou o Imposing Plus, da Quite, dentre
vários outros.
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Cláudio FahrAndré Borges Lopes
www.professionalpublish.com.br | Novembro/Dezembro 200242
Provas de corSistemas de fluxo de trabalho “inteiramente digitais” não se rela-
cionam bem com provas de cores convencionais como prelos,
Cromalins, MatchPrints etc. Mesmo em sistemas baseados em
fotolito (CTF), é complicado gerar provas de cor a partir de filmes
em grande formato. No caso dos sistemas CTP, esses fotolitos
sequer existem. Assim, os sistemas de workflow digital pressu-
põem o uso de provas de cor geradas diretamente dos arquivos
digitais, por meio de impressoras coloridas. Há diversas tecnologias
de provas de cor digitais confiáveis e as mais sofisticadas – e caras
– chegam a reproduzir com perfeição os pontos das retículas que
serão impressas no produto final. Opções mais simples e baratas
costumam ser baseadas em impressoras jato de tinta gerenciadas
por um aplicativo que reúne capacidade de RIP e gerenciamento
de cores – que permite às impressoras, simular com precisão os
resultados que serão conseguidos em cada tipo de processo de
impressão e papel empregados. Há soluções independentes bas-
tante conhecidas no mercado – como o Best Color e o Oris ColorTuner que podem usar impressoras como Epson e HP – e outras
tantas vinculadas a fabricantes tradicionais de sistemas gráficos,
como a Kodak Polychrome, Scitex, DuPont, Agfa etc.
Saída e RIPTodos os sistemas de workflow digital permitem diversas opções
de saída final dos arquivos, seja em fotolito (CTF), em matriz
gravada (CTP) ou mesmo em impressão digital direta. Para isso,
esses sistemas contam com módulos de impressão (saída) e uma
ou mais opções de software de interpretação RIP (Raster Image
Processor) dos arquivos PDF (veja o quadro Raster X Vector).
Como a interface de saída do Adobe Acrobat é bastante precária,
ou os sistemas disponibilizam ferramentas proprietárias para essa
tarefa ou lançam mão de soluções de mercado, tais como as ex-
tensões (plug-ins) do Acrobat Crackerjack, da Lantana, ou OutputPro, da Callas. Quanto à solução de RIP, é fundamental que tenha
plena compatibilidade com o equipamento de saída final
(imagesetter, platesetter ou impressora digital).
TrappingO fluxo de trabalho precisa ter capacidade de aplicar efeitos de
encaixe de tintas (trapping) nos arquivos, já que a maioria dos
arquivos PDF atuais não possui o trapping pré-aplicado. Nos RIPs
compatíveis com PostScript nível 3 isso pode ser obtido com o uso
do recurso InRIP trapping da Adobe ou o EasyTrap da Harlequin
para aplicação de trapping simultaneamente à interpretação dos
arquivos – o que é uma boa solução, embora pouco flexível. Recur-
sos mais poderosos são disponibilizados em plug-ins de Acrobat
como o Supertrap da Heidelberg e o Supertrap Plus da Creo, que
permitem ajustes personalizados.
Metadados e automaçãoUma das grandes vantagens dos sistemas integrados de fluxo de
trabalho é a capacidade de inserir nos arquivos diversas informações
pertinentes ao serviço em andamento. Usando o recurso job ticket
do formato PDF, é extremamente fácil inserir metadados nos arqui-
vos, com opções de acabamento, especificações de matéria prima e
até mesmo instruções para faturamento e entrega do produto final.
Nos sistemas mais modernos isso é feito em linguagem XML, num
padrão da indústria gráfica conhecido como JDF (Job Definition
Format). Numa etapa mais avançada do fluxo de trabalho, pode ser
importante transferir eletronicamente para as máquinas de impres-
são e acabamento informações como carga de ajuste de tinteiro,
posição das dobras e refiles, o que é conseguido com uso de sistemas
e equipamentos que dão suporte aos padrões de transferência CIP3
ou CIP4.
Acompanhamento e controlePor fim, um sistema moderno de workflow digital deve permitir um
fácil acompanhamento dos trabalhos em andamento, além de
gerenciar o tráfego e o armazenamento de um grande volume de
dados e arquivos digitais. Algumas soluções disponíveis no mercado
possibilitam que esse acompanhamento seja feito via rede local ou
remota (Internet) com uso de browsers padrão, normalmente com
uso de pastas automatizadas (hot folders) e ícones que mudam de
aparência (esses recursos estão disponíveis nas soluções Delano e
Apogee da Agfa, Prinergy da Creo e Prinect da Heidelberg, entre
outras). Em alguns casos, os sistemas permitem até mesmo que pes-
soas autorizadas façam à distância correções de última hora e/ou
insiram comentários e instruções de produção. Já o gerenciamento
dos dados digitais (data asset management) garante a segurança e a
integridade das informações que estão sendo manuseadas, bem como
seu correto arquivamento de forma racional e ordenada.
Um Tipo de “Commodity”?Como se vê não há grandes segredos na construção de um sistema de
controle de fluxo de trabalho digital para a área gráfica. Além disso, boa
parte das ferramentas necessárias está à venda no mercado, e um
profissional com bom conhecimento técnico pode reuni-las em “pa-
cotes integrados” que atendam aos requisitos da sua empresa ou dos
seus clientes. Até mesmo os grandes fabricantes lançam mão desse
recurso na montagem das suas soluções: uma parte dos sofisticados
sistemas integrados de workflow Prinergy e Apogee são baseados no
licenciamento de ferramentas de terceiros, que também podem ser
compradas isoladamente no mercado.
Uma comparação direta de números pode levar a crer que a monta-
gem “por conta própria” de um sistema de workflow é mais vantajosa
financeiramente que a aquisição da solução pré-integrada de um só
fabricante. No entanto, essa opção pode esconder algumas armadilhas,
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como a necessidade de licenças adicionais de software para uso simultâ-
neo das ferramentas, em especial no caso de empresas grandes. Já nas
pequenas e médias empresas, é preciso considerar que a integração de
soluções de mercado é um processo lento e complicado, que irá exigir
mão-de-obra de elevado nível técnico e paciência para lidar com os
inevitáveis problemas de compatibilidade.
O principal problema das soluções pré-integradas, no entanto, re-
pousa na crescente dificuldade encontrada pelos fabricantes em dife-
renciar os seus produtos aos olhos dos potenciais compradores. Afinal,
todas as soluções se propõem a fazer exatamente a mesma coisa e
muitas delas compartilham exatamente as mesmas ferramentas. Um
artigo de George Alexander, publicado recentemente no conceituado
boletim norte-americano The Seybold Report, constata uma tendência:
“o software de fluxo de trabalho está se transformando em commodity”.
Para os menos acostumados ao jargão do mercado financeiro, o termo
commodity é utilizado para denominar produtos que têm preço desig-
nado por uma cotação genérica, independente de quem o produz, tais
como café, soja, minérios, aço e cimento.
Busca de Nichos de MercadoDiante desse quadro, resta aos fabricantes diferenciar seus produtos de
acordo com o tipo de cliente que desejam atender. Afinal, o mercado
gráfico é bastante diferenciado, seja no porte das empresas, seja no tipo
de trabalho em que elas se especializam. Como sua estrutura é baseada
em ferramentas modulares, a maior parte dos sistemas integrados de
workflow costuma ser comercializada na forma de “pacotes de funções”
independentes: ou seja, o cliente pode adquirir apenas aquelas ferramen-
tas que lhe interessam. Apesar disso, dificilmente uma única solução de
workflow consegue ser perfeitamente adequada tanto para uma grande
editora de revistas quanto para uma pequena indústria de embalagens.
Os fabricantes internacionais de equipamentos gráficos e de pré-
impressão, por exemplo, oferecem ao mercado sistemas de fluxo de
trabalho voltados às indústrias gráficas de grande porte, que lidam com
enormes volumes de trabalho. Essas soluções foram desenvolvidas para
alimentar com um fluxo contínuo de cadernos montados uma ou mais
das grandes platesetters ou imagesetters de alta capacidade oferecidas por
esses fabricantes. São exemplos dessas soluções os já citados Apogee,
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Prinergy e Prinect, além do TrueFlow (Dainippon Screen) e do FastLane(Esko Graphics).
As indústrias gráficas que preferem equipamentos e soluções alter-
nativas às dos grandes fabricantes, também encontram boas soluções
de workflow, tais como o Dalim Twist e o SpeedFlow, produzidos pelas
empresas alemãs Dalim Software (representada no Brasil pela Eletronic
Imaging Integration) e OneVision (representada pela SRS Equipa-
mentos Gráficos).
Há ainda produtos direcionados a nichos mais específicos do merca-
do, como o Nexus da Artwork Systems, especialmente adequado ao
mercado de embalagens (a Artwork promete para 2003 o Odyssey, um
novo sistema direcionado às gráficas comerciais). Já outros fabricantes
desenvolvem sistemas de workflow especialmente voltados para edito-
ras e empresas de pré-impressão: é o caso do Oris Works, da CGS
Publishing Technologies e do Prinergy Publish da Creo. É possível
encontrar até mesmo sistemas especificamente direcionados às gráficas
digitais de conveniência, como o Velocity One Flow da EFI.
ConclusãoA aquisição ou montagem de um sistema adequado de gerenciamento
do fluxo de trabalho é um dos maiores desafios dessa década para as
empresas gráficas e de pré-impressão. Se, por um lado, não faltam boas
soluções no mercado, por outro é cada vez mais difícil perceber as sutis
diferenças entre sistemas muito semelhantes que, freqüentemente, até
mesmo compartilham algumas das suas ferramentas.
Para a empresa gráfica que está adquirindo um novo sistema de CTP
de grande porte, ao custo de centenas de milhares de dólares, é normal que
faça sentido a compra em conjunto de uma solução integrada de workflow
do mesmo fabricante dos equipamentos. O mesmo não se aplica, no
entanto, àqueles que estão comprando imagesetters ou platesetters de
fabricantes menores (que não costumam oferecer sistemas de workflow
próprios) ou mesmo às empresas que já possuem essas máquinas e querem
apenas modernizar seu controle do fluxo de trabalho.
Nesses casos, é importante realizar uma extensa e cuidadosa pesqui-
sa, a fim de encontrar as soluções que – além de serem compatíveis com
os equipamentos – sejam adequadas à realidade de trabalho e ao orça-
mento de cada empresa. A tendência de especialização dos fabricantes,
que hoje buscam conquistar fatias de mercado com necessidades especí-
ficas, pode facilitar muito essa tarefa.
É sempre bom lembrar que aos mais corajosos resta a alternativa de
montar “peça-a-peça” um sistema próprio de workflow, lançando mão
das inúmeras ferramentas isoladas disponíveis no mercado. Essa opção
requer tempo, paciência e um elevado grau de conhecimento técnico
dos envolvidos na montagem, mas pode – em alguns casos – resultar
numa significativa economia de recursos e em uma solução especial-
mente adequada às necessidades específicas da sua empresa.
Raster X VectorO processo de transformação de uma “página virtual” – construída em um aplicativode editoração eletrônica (PageMaker, QuarkXPress, CorelDRAW, etc.) – em uma “pá-gina real” impressa em papel passa por diversas etapas intermediárias. Normalmen-te, o primeiro passo é o chamado “fechamento do arquivo”: a transformação de todosos elementos da página (textos, fontes tipográficas, fotos, desenhos, layout etc.) numconjunto de instruções cuidadosamente codificadas numa sofisticada linguagem decomputador conhecida como PostScript (para entender melhor o que é um arquivoPostScript, experimente “ler” um pequeno PS fechado em um editor de texto como o MSWord. Você ficará surpreso com o que vai ver!).
Nos arquivos PS costumam estar codificados diversos tipos de imagens á base demapas de pixels (desenhos a traço, fotos PB e fotos coloridas), informações em formatotexto e também elementos vetoriais (tais como os desenhos de Illustrator, FreeHand,CorelDRAW e também as fontes tipográficas). Por isso, dizemos que os arquivos PS sãohíbridos vetor/bitmap. O dispositivo de saída que recebe o arquivo (impressora,imagesetter ou platesetter) deve ser capaz de interpretar corretamente cada uma dessasinstruções e transformar todos esses elementos em uma imagem da página em altaresolução, que será usada para pintar o papel ou sensibilizar os fotolitos ou chapas.
Quem executa esse trabalho é um software especializado conhecido como RIP(Raster Image Processor), que executa duas tarefas básicas. A primeira é conhecidacomo “rasterização” (derivado do termo inglês raster) e consiste na decodificação dascomplexas instruções PostScript e transforma cada página em um ou mais arquivosinterpretados, constituídos unicamente por imagens a base de pixels (a traço ou commeios-tons). É nessa etapa que, eventualmente, podem surgir os erros de interpreta-ção de PostScript, as substituições de fontes tipográficas, o desaparecimento de ob-jetos, dentre outros problemas.
A segunda etapa, conhecida como “renderização” (do termo inglês render) con-siste em transformar todos esses elementos em arquivos de imagem a traço (preto oubranco) de altíssima resolução (entre 1200 a 3800 dpi nas saídas profissionais emfotolito ou chapa) conhecidos como “TIFF de 1 bit” que servem de base para a gravaçãodas matrizes de impressão. Nessa etapa, os meios-tons são transformados nas retículasde impressão – seguindo as instruções de lineatura, formato de ponto e inclinaçãofornecidas pelo operador – de acordo com as características e capacidades dos RIPs.
Todo fluxo de trabalho, em algum momento, precisa converter os arquivos codifi-cados híbridos (raster/vector) em arquivos apenas de imagem (raster). As soluções dedigital workflow oferecidas no mercado variam muito em relação ao momento em queisso é feito, e certas soluções executam algumas etapas do processo com arquivosintermediários (já rasterizados, mas não renderizados). Os arquivos “raster/vector”são menores, mais fáceis de lidar e tem maior flexibilidade para ajustes e correções. Poroutro lado, quanto antes se converte os arquivos em raster puros, mais cedo se detec-tam eventuais incorreções e erros de interpretação do RIP.
Os arquivos PDF convencionais também são híbridos (raster/vector), mas temuma vantagem sobre o PostScript. Como a conversão do PS para PDF é feita com ajudade um tipo de RIP (o Distiller ou equivalente), as instruções PostScript já foram pré-interpretadas e boa parte dos erros pode ser detectada já no arquivo PDF. Esse arquivo,no entanto, terá de ser interpretado novamente pelo RIP principal do fluxo de trabalhopara dar origem a arquivos “raster” puros que geram as matrizes de impressão.
INDÚSTRIA GRÁFICAmercado
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André Borges Lopes([email protected]) é produ-tor gráfico, consultor em artes gráficas pelaBytes & Types e instrutor na Graph Work.
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