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www.professionalpublish.com.br | Novembro/Dezembro 2002 38 INDÚSTRIA GRÁFICA mercado urante séculos, o conceito de “fluxo de trabalho” em artes gráficas foi baseado nos processos mecânicos de produção de originais, matrizes, matérias-primas e impressos – e no seu deslocamento físico entre as diversas etapas e processos de produção. As raras soluções “eletrônicas” que foram pouco a pouco introduzidas em etapas do trabalho (fotocomposição, separações de cores “a laser” etc.) surgiam para facilitar procedimentos isola- dos e não tinham nenhuma integração entre si. Esse quadro muda rapidamente a partir da década de 1980, quando algumas inovações-chave – a interface gráfica dos micros Macintosh, a linguagem PostScript de descrição de páginas, as impressoras e imagesetters baseadas em laser e o aplicativo PageMaker – colocam em cena o novo conceito de “editoração eletrônica” (desktop publishing), transferindo para computado- res “de mesa” compactos e relativamente baratos as tarefas de diagramação, construção de páginas e geração de fotolitos. Numa só tacada, diversas etapas do fluxo de trabalho convencional pas- saram a ser realizadas dentro dos computadores, com uso de arquivos digitais. Os anos 90 foram dedicados a incorporar ao processo digital as tarefas remanescentes. Rapidamente, os trabalhos de retoque e tratamento de imagens, separação de cores, produção de fotolitos em policromia e geração de provas de cor passaram a ser realizados digitalmente, sem necessidade de materiais intermediários. Na segunda metade dessa década, o surgimento das primeiras impres- soras digitais de alta capacidade e dos sistemas de gravação direta de chapa CTP (Computer-to-Plate) empurrou a digitalização dos pro- cessos até o chão de fábrica das indústrias gráficas, dando origem ao conceito de “fluxo de trabalho inteiramente digital”. D Fluxo de Trabalho Digital Duas décadas de assombrosa inovação tecnológica mudaram completamente o modo de trabalho da indústria gráfica. Nos últimos anos, o grande desafio tem sido integrar novas tecnologias em um fluxo de trabalho simples, eficiente, seguro e totalmente digital. Hoje, todos os grandes fabricantes do setor oferecem soluções completas de “digital workflow”, mas é cada vez mais difícil entender as diferenças e particularidades de cada uma das soluções existentes.

Fluxo de Trabalho Digital

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Duas décadas de assombrosa inovação tecnológica mudaram completamente o modo de trabalhoda indústria gráfica. Nos últimos anos, o grande desafio tem sido integrar novas tecnologias emum fluxo de trabalho simples, eficiente, seguro e totalmente digital. Hoje, todos os grandes fabricantes do setor oferecem soluções completas de “digital workflow”, mas é cada vez mais difícil entender as diferenças e particularidades de cada uma das soluções existentes.

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www.professionalpublish.com.br | Novembro/Dezembro 200238

INDÚSTRIA GRÁFICAmercado

urante séculos, o conceito de “fluxo de trabalho” em artes

gráficas foi baseado nos processos mecânicos de produção

de originais, matrizes, matérias-primas e impressos – e no

seu deslocamento físico entre as diversas etapas e processos de

produção. As raras soluções “eletrônicas” que foram pouco a pouco

introduzidas em etapas do trabalho (fotocomposição, separações

de cores “a laser” etc.) surgiam para facilitar procedimentos isola-

dos e não tinham nenhuma integração entre si.

Esse quadro muda rapidamente a partir da década de 1980,

quando algumas inovações-chave – a interface gráfica dos micros

Macintosh, a linguagem PostScript de descrição de páginas, as

impressoras e imagesetters baseadas em laser e o aplicativo

PageMaker – colocam em cena o novo conceito de “editoração

eletrônica” (desktop publishing), transferindo para computado-

res “de mesa” compactos e relativamente baratos as tarefas de

diagramação, construção de páginas e geração de fotolitos. Numa

só tacada, diversas etapas do fluxo de trabalho convencional pas-

saram a ser realizadas dentro dos computadores, com uso de

arquivos digitais.

Os anos 90 foram dedicados a incorporar ao processo digital as

tarefas remanescentes. Rapidamente, os trabalhos de retoque e

tratamento de imagens, separação de cores, produção de fotolitos

em policromia e geração de provas de cor passaram a ser realizados

digitalmente, sem necessidade de materiais intermediários. Na

segunda metade dessa década, o surgimento das primeiras impres-

soras digitais de alta capacidade e dos sistemas de gravação direta de

chapa CTP (Computer-to-Plate) empurrou a digitalização dos pro-

cessos até o chão de fábrica das indústrias gráficas, dando origem

ao conceito de “fluxo de trabalho inteiramente digital”.

D

Fluxo de Trabalho DigitalDuas décadas de assombrosa inovação tecnológica mudaram completamente o modo de trabalhoda indústria gráfica. Nos últimos anos, o grande desafio tem sido integrar novas tecnologias emum fluxo de trabalho simples, eficiente, seguro e totalmente digital. Hoje, todos os grandes fabricantesdo setor oferecem soluções completas de “digital workflow”, mas é cada vez mais difícil entenderas diferenças e particularidades de cada uma das soluções existentes.

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A partir de então, a atenção dos desenvolvedores de equipamentos

e softwares se concentrou na busca de soluções para integrar todas as

etapas de trabalho em sistemas consistentes, seguros e fáceis de

gerenciar. Tarefas adicionais – como a montagem eletrônica de cader-

nos (“imposição”) e as rotinas de verificação de arquivos (“preflight”)

– tiveram de ser rapidamente incorporadas a esses novos sistemas de

“digital workflow”, na maior parte dos casos por meio da integração

de soluções desenvolvidas por pequenas empresas especializadas em

software para uso gráfico.

Na virada do século XXI, quando as coisas finalmente pareciam

bem encaminhadas, o setor gráfico foi obrigado a redirecionar seus

esforços. Duas promissoras novidades – surgidas em áreas não direta-

mente relacionadas ao setor gráfico – lançaram novos desafios aos

desenvolvedores dos sistemas de workflow: a tecnologia de “formato

documento portátil” PDF (Portable Document Format) da Adobe e a

revolução nos sistemas de comunicação global, liderada pela Internet.

Documentos Portáteis PDFPode parecer estranho, mas a invenção do formato PDF não teve nada

a ver com as necessidades do fluxo de trabalho gráfico. A idéia que deu

origem ao desenvolvimento dos arquivos portáteis pela Adobe estava

relacionada aos processos de automação corporativa e ao conceito de

“escritórios sem papel”. Nesse sentido, o PDF era um modo de permitir

que qualquer arquivo – criado em um aplicativo especializado em uma

determinada plataforma – pudesse ser distribuído para diversos setores

e visualizado corretamente por funcionários que não dispõem do mes-

mo software em seus computadores. Com isso, elimina-se a necessida-

de de imprimir e distribuir os documentos em papel.

Por exemplo: um anúncio criado em micros Macintosh com

aplicativos Illustrator, FreeHand ou QuarkXPress pode ser transforma-

do em PDF e distribuído para revisão e aprovação para diversas pessoas

que usam micros PC – e não possuem nem os aplicativos nem as fontes

tipográficas usadas na criação da página. O mesmo vale para planilhas

de Excel, plantas em sistemas CAD, ilustrações, fotos etc. Virtualmen-

te, tudo o que pode ser impresso é passível de ser transformado em

arquivos PDF: os conversores “Distiller” da Adobe transformam os

dados PostScript que seriam enviados à impressora em um arquivo

portátil no novo formato PDF, que pode ser facilmente visualizado por

meio do Acrobat Reader, um software de distribuição gratuita.

Não demorou muito para que os técnicos da área gráfica enxer-

gassem potencialidades adicionais nos documentos PDF. O concei-

to de reunir num único arquivo – compacto, estável e independente

de plataforma – todas as informações das páginas de editoração

eletrônica caía como uma luva nos requisitos dos desenvolvedores

de sistemas de fluxo de trabalho digital. Era preciso, no entanto, que

fossem realizados diversos aperfeiçoamentos no formato PDF origi-

nal para que ele se adequasse aos exigentes requisitos de qualidade da

produção gráfica profissional.

A Agfa foi a primeira grande empresa a acreditar e investir no novo

formato, em parceria com a Adobe. No início de 2000, a parceria

apresentou os primeiros resultados convincentes: a versão 1.3 do for-

mato PDF (apresentada junto com o Adobe Acrobat 4.0) passou a

incorporar as principais exigências do mercado e todos os grandes fa-

bricantes do mercado viram-se obrigados a integrar em algum nível solu-

ções baseadas em PDF aos seus sistemas de fluxo de trabalho. Como

conseqüência, o formato PDF transformou-se na principal “plataforma

comum” a permitir intercâmbios de dados entre diferentes ferramentas

e sistemas de workflow.

No entanto, o uso de arquivos PDF no fluxo de trabalho gráfico está

longe de ser um mar de rosas. É preciso muito cuidado e um grau elevado

de conhecimento técnico para gerar e manusear corretamente esses ar-

quivos, já que alguns problemas específicos ainda não foram devidamente

solucionados. Hoje, o mercado tenta contornar essas limitações por meio

da criação de “padrões restritos” do formato para uso gráfico: os “subsets”

PDF/X (veja mais informações sobre esses padrões na Publish nº 61).

Facilidades da Rede MundialAo mesmo tempo em que o PDF se consolidava como formato padrão,

outra grande revolução tecnológica mundial iria alterar definitivamen-

te o perfil dos sistemas de workflow gráfico. A disseminação do uso da

Internet – considerada até meados dos anos 90 apenas como uma

curiosidade do mundo acadêmico – mudou em poucos anos a maneira

como as empresas se relacionam com clientes e fornecedores. A recen-

te popularização dos meios de acesso “banda larga” ampliou ainda mais

as possibilidades de intercâmbio digital de informações e arquivos, e os

sistemas de fluxo digital tiveram de se adaptar a essa nova realidade.

Os arquivos PDF, compactos e estáveis, revelaram-se particular-

mente adequados à troca de arquivos via rede mundial e a Adobe

novamente atendeu às demandas do mercado incorporando no pacote

Acrobat 5 diversas funções que facilitam seu uso em sistemas de fluxo

de trabalho colaborativos (collaborative workflows), nos quais podem

interagir dezenas de pessoas, em rede local ou remota. Por outro lado,

a evolução dos sistemas de prova digital de baixo custo (impressoras

laser ou jato de tinta associadas a aplicativos de gerenciamento de

cores) tornaram possível a geração remota de provas de cor de contrato

(contract proofs), removendo as últimas barreiras ao atendimento de

clientes à distância.

Hoje, a grande maioria das soluções de workflow prevê o recebi-

mento e/ou envio de arquivos via redes remotas, o acompanhamento e

controle à distância do andamento dos trabalhos e a geração de algum

tipo de provas remotas. Em muitos casos, esses serviços podem ser

gerenciados a partir de “browsers” comuns (Internet Explorer, Netscape,

etc.) sem necessidade da instalação de aplicativos especiais nas máqui-

nas dos clientes. Com isso, o número potencial de clientes que podem

ser atendidos por qualquer empresa da área gráfica (com custos razoá-

veis) foi enormemente ampliada.

INDÚSTRIA GRÁFICAmercado

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Por outro lado, a expansão do papel da Internet no mercado de

publicação editorial (publishing) está forçando as empresas do setor

a desenvolver sistemas de trabalho que permitam a utilização de um

mesmo conteúdo (textos, imagens, gráficos, etc.) em diversas mídias.

Daí a crescente atenção que as tecnologias voltadas à automatização

do reaproveitamento de conteúdo – normalmente baseadas em lin-

guagem XML (eXtensible Markup Language) – ganham nos siste-

mas de fluxo de trabalho da área gráfica.

Soluções ModularesSeguindo os padrões e as tendências mais atuais do mercado, não é

difícil definir as características que um moderno sistema de workflow

gráfico deve possuir. Na prática, a grande maioria das soluções ofere-

cidas hoje pelos grandes fabricantes do setor repousa na integração

de uma série de aplicativos modulares, que cumprem tarefas especí-

ficas no processo. São eles:

ConversãoA maioria dos sistemas modernos de workflow dá preferência ao

trabalho com arquivos PDF. Por isso, os arquivos “abertos” preci-

sam ser transformados em PostScript e os arquivos PostScript de-

vem ser convertidos em PDF. A ferramenta básica dessa conversão

é o Acrobat Distiller da Adobe (um interpretador de PostScript

nível 3) ou sua variante – o Normalizer da Agfa. Os grandes fabri-

cantes costumam oferecer soluções baseadas nesses aplicativos,

freqüentemente incrementadas com plug-ins e funções adicionais

exclusivas. No entanto, há no mercado bons conversores alternati-

vos – como o Jaws PDF Creator da Global Graphics – e até mesmo

soluções shareware, mas a confiabilidade do PDF gerado pode

ser discutível.

OPIO aumento da capacidade de armazenamento dos computadores, a

crescente velocidade das redes e a maior eficiência dos formatos

compactados de imagens permitem nos dias de hoje um trabalho

relativamente tranqüilo com imagens de alta resolução. No entan-

to, algumas empresas que lidam com grandes quantidades de ima-

gens (como as editoras de livros e revistas) não abrem mão da agili-

dade conferida por um bom sistema de OPI (Open Prepress

Interface), com o qual todo o trabalho de paginação pode ser feito

usando imagens de baixa resolução (low-res) que são automatica-

mente substituídas pelas equivalentes “de alta” (hi-res) apenas no

final do processo. Por isso, boa parte dos melhores sistemas de

workflow digital oferecem integração com módulos de OPI.

VerificaçãoIndependente da empresa receber dos clientes trabalhos “abertos”

(arquivos dos aplicativos de editoração eletrônica), “fechados” no

formato PostScript ou já em PDF, é preciso haver um sistema de

verificação da integridade e da adequação desses arquivos. Isso pode

ser feito por um aplicativo especialmente desenvolvido ou, o que é

mais comum, com o uso de alguma ferramenta “de mercado”. So-

luções como o Markzware FlightCheck e o Extensis PreFlight Propodem verificar qualquer tipo de arquivo. Já o Callas PDF-Inspector

e o Enfocus PitStop (esse último também oferecido em uma pode-

rosa versão para servidor) estão restritos à verificação de arquivos

em formato PDF. A própria Adobe chegou a disponibilizar uma

solução própria, o Acrobat InProduction, que foi descontinuado

na versão 1.0.

Ajustes e correçãoCaso o arquivo PDF apresente algum problema ou incorreção, há

duas possibilidades: o processo é reiniciado com a geração de um

novo arquivo corrigido no aplicativo original, ou as modificações

necessárias podem ser executadas no próprio PDF com uso de algu-

ma ferramenta de correção. O Adobe Acrobat completo – ao con-

trário da versão gratuita “Reader” – pode ser usado para fazer peque-

nas alterações nos textos e imagens dos arquivos PDF, mas seus

recursos (embora ampliados na versão 5), são muito restritos. Com

o fim do InProduction, as opções recaem sobre o já citado PitStopProfessional, o QaboT (Quite a box of Tricks) da Quite Software e

o PDF Toolbox da Callas, com os quais é possível fazer alterações

nas cores, substituição de fontes, modificações nos formatos das

páginas, entre outras mudanças.

Montagem.Uma das tendências mais fortes na área de pré-impressão nos últi-

mos anos foi a substituição da montagem de cadernos (imposição)

manual por sistemas digitais. Com isso, é possível produzir fotolitos

de grande formato com as páginas já posicionadas para a impressão

(em sistemas Computer-to-Film) ou até mesmo as próprias matrizes

de impressão já gravadas (em sistemas Computer-to-Plate). Ferra-

mentas para executar esse tipo de trabalho em arquivos PostScript

ou “rasterizados” (veja o quadro Vector X Raster) já existem há anos,

e algumas delas são bem conhecidas, como o Preps, da Scenic Soft.

A consolidação do formato PDF como base do fluxo de trabalho

gráfico alterou significativamente esse mercado. As ferramentas tra-

dicionais passaram a aceitar o novo formato, mas diversos fabrican-

tes desenvolveram soluções de imposição PDF-PDF (os arquivos

de páginas PDF são montados e geram um novo PDF no formato

final imposicionado) a custos bem mais baixos, como é o caso

do Dynastrip da Dynagram ou o Imposing Plus, da Quite, dentre

vários outros.

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Cláudio FahrAndré Borges Lopes

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Provas de corSistemas de fluxo de trabalho “inteiramente digitais” não se rela-

cionam bem com provas de cores convencionais como prelos,

Cromalins, MatchPrints etc. Mesmo em sistemas baseados em

fotolito (CTF), é complicado gerar provas de cor a partir de filmes

em grande formato. No caso dos sistemas CTP, esses fotolitos

sequer existem. Assim, os sistemas de workflow digital pressu-

põem o uso de provas de cor geradas diretamente dos arquivos

digitais, por meio de impressoras coloridas. Há diversas tecnologias

de provas de cor digitais confiáveis e as mais sofisticadas – e caras

– chegam a reproduzir com perfeição os pontos das retículas que

serão impressas no produto final. Opções mais simples e baratas

costumam ser baseadas em impressoras jato de tinta gerenciadas

por um aplicativo que reúne capacidade de RIP e gerenciamento

de cores – que permite às impressoras, simular com precisão os

resultados que serão conseguidos em cada tipo de processo de

impressão e papel empregados. Há soluções independentes bas-

tante conhecidas no mercado – como o Best Color e o Oris ColorTuner que podem usar impressoras como Epson e HP – e outras

tantas vinculadas a fabricantes tradicionais de sistemas gráficos,

como a Kodak Polychrome, Scitex, DuPont, Agfa etc.

Saída e RIPTodos os sistemas de workflow digital permitem diversas opções

de saída final dos arquivos, seja em fotolito (CTF), em matriz

gravada (CTP) ou mesmo em impressão digital direta. Para isso,

esses sistemas contam com módulos de impressão (saída) e uma

ou mais opções de software de interpretação RIP (Raster Image

Processor) dos arquivos PDF (veja o quadro Raster X Vector).

Como a interface de saída do Adobe Acrobat é bastante precária,

ou os sistemas disponibilizam ferramentas proprietárias para essa

tarefa ou lançam mão de soluções de mercado, tais como as ex-

tensões (plug-ins) do Acrobat Crackerjack, da Lantana, ou OutputPro, da Callas. Quanto à solução de RIP, é fundamental que tenha

plena compatibilidade com o equipamento de saída final

(imagesetter, platesetter ou impressora digital).

TrappingO fluxo de trabalho precisa ter capacidade de aplicar efeitos de

encaixe de tintas (trapping) nos arquivos, já que a maioria dos

arquivos PDF atuais não possui o trapping pré-aplicado. Nos RIPs

compatíveis com PostScript nível 3 isso pode ser obtido com o uso

do recurso InRIP trapping da Adobe ou o EasyTrap da Harlequin

para aplicação de trapping simultaneamente à interpretação dos

arquivos – o que é uma boa solução, embora pouco flexível. Recur-

sos mais poderosos são disponibilizados em plug-ins de Acrobat

como o Supertrap da Heidelberg e o Supertrap Plus da Creo, que

permitem ajustes personalizados.

Metadados e automaçãoUma das grandes vantagens dos sistemas integrados de fluxo de

trabalho é a capacidade de inserir nos arquivos diversas informações

pertinentes ao serviço em andamento. Usando o recurso job ticket

do formato PDF, é extremamente fácil inserir metadados nos arqui-

vos, com opções de acabamento, especificações de matéria prima e

até mesmo instruções para faturamento e entrega do produto final.

Nos sistemas mais modernos isso é feito em linguagem XML, num

padrão da indústria gráfica conhecido como JDF (Job Definition

Format). Numa etapa mais avançada do fluxo de trabalho, pode ser

importante transferir eletronicamente para as máquinas de impres-

são e acabamento informações como carga de ajuste de tinteiro,

posição das dobras e refiles, o que é conseguido com uso de sistemas

e equipamentos que dão suporte aos padrões de transferência CIP3

ou CIP4.

Acompanhamento e controlePor fim, um sistema moderno de workflow digital deve permitir um

fácil acompanhamento dos trabalhos em andamento, além de

gerenciar o tráfego e o armazenamento de um grande volume de

dados e arquivos digitais. Algumas soluções disponíveis no mercado

possibilitam que esse acompanhamento seja feito via rede local ou

remota (Internet) com uso de browsers padrão, normalmente com

uso de pastas automatizadas (hot folders) e ícones que mudam de

aparência (esses recursos estão disponíveis nas soluções Delano e

Apogee da Agfa, Prinergy da Creo e Prinect da Heidelberg, entre

outras). Em alguns casos, os sistemas permitem até mesmo que pes-

soas autorizadas façam à distância correções de última hora e/ou

insiram comentários e instruções de produção. Já o gerenciamento

dos dados digitais (data asset management) garante a segurança e a

integridade das informações que estão sendo manuseadas, bem como

seu correto arquivamento de forma racional e ordenada.

Um Tipo de “Commodity”?Como se vê não há grandes segredos na construção de um sistema de

controle de fluxo de trabalho digital para a área gráfica. Além disso, boa

parte das ferramentas necessárias está à venda no mercado, e um

profissional com bom conhecimento técnico pode reuni-las em “pa-

cotes integrados” que atendam aos requisitos da sua empresa ou dos

seus clientes. Até mesmo os grandes fabricantes lançam mão desse

recurso na montagem das suas soluções: uma parte dos sofisticados

sistemas integrados de workflow Prinergy e Apogee são baseados no

licenciamento de ferramentas de terceiros, que também podem ser

compradas isoladamente no mercado.

Uma comparação direta de números pode levar a crer que a monta-

gem “por conta própria” de um sistema de workflow é mais vantajosa

financeiramente que a aquisição da solução pré-integrada de um só

fabricante. No entanto, essa opção pode esconder algumas armadilhas,

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INDÚSTRIA GRÁFICAmercado

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como a necessidade de licenças adicionais de software para uso simultâ-

neo das ferramentas, em especial no caso de empresas grandes. Já nas

pequenas e médias empresas, é preciso considerar que a integração de

soluções de mercado é um processo lento e complicado, que irá exigir

mão-de-obra de elevado nível técnico e paciência para lidar com os

inevitáveis problemas de compatibilidade.

O principal problema das soluções pré-integradas, no entanto, re-

pousa na crescente dificuldade encontrada pelos fabricantes em dife-

renciar os seus produtos aos olhos dos potenciais compradores. Afinal,

todas as soluções se propõem a fazer exatamente a mesma coisa e

muitas delas compartilham exatamente as mesmas ferramentas. Um

artigo de George Alexander, publicado recentemente no conceituado

boletim norte-americano The Seybold Report, constata uma tendência:

“o software de fluxo de trabalho está se transformando em commodity”.

Para os menos acostumados ao jargão do mercado financeiro, o termo

commodity é utilizado para denominar produtos que têm preço desig-

nado por uma cotação genérica, independente de quem o produz, tais

como café, soja, minérios, aço e cimento.

Busca de Nichos de MercadoDiante desse quadro, resta aos fabricantes diferenciar seus produtos de

acordo com o tipo de cliente que desejam atender. Afinal, o mercado

gráfico é bastante diferenciado, seja no porte das empresas, seja no tipo

de trabalho em que elas se especializam. Como sua estrutura é baseada

em ferramentas modulares, a maior parte dos sistemas integrados de

workflow costuma ser comercializada na forma de “pacotes de funções”

independentes: ou seja, o cliente pode adquirir apenas aquelas ferramen-

tas que lhe interessam. Apesar disso, dificilmente uma única solução de

workflow consegue ser perfeitamente adequada tanto para uma grande

editora de revistas quanto para uma pequena indústria de embalagens.

Os fabricantes internacionais de equipamentos gráficos e de pré-

impressão, por exemplo, oferecem ao mercado sistemas de fluxo de

trabalho voltados às indústrias gráficas de grande porte, que lidam com

enormes volumes de trabalho. Essas soluções foram desenvolvidas para

alimentar com um fluxo contínuo de cadernos montados uma ou mais

das grandes platesetters ou imagesetters de alta capacidade oferecidas por

esses fabricantes. São exemplos dessas soluções os já citados Apogee,

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Prinergy e Prinect, além do TrueFlow (Dainippon Screen) e do FastLane(Esko Graphics).

As indústrias gráficas que preferem equipamentos e soluções alter-

nativas às dos grandes fabricantes, também encontram boas soluções

de workflow, tais como o Dalim Twist e o SpeedFlow, produzidos pelas

empresas alemãs Dalim Software (representada no Brasil pela Eletronic

Imaging Integration) e OneVision (representada pela SRS Equipa-

mentos Gráficos).

Há ainda produtos direcionados a nichos mais específicos do merca-

do, como o Nexus da Artwork Systems, especialmente adequado ao

mercado de embalagens (a Artwork promete para 2003 o Odyssey, um

novo sistema direcionado às gráficas comerciais). Já outros fabricantes

desenvolvem sistemas de workflow especialmente voltados para edito-

ras e empresas de pré-impressão: é o caso do Oris Works, da CGS

Publishing Technologies e do Prinergy Publish da Creo. É possível

encontrar até mesmo sistemas especificamente direcionados às gráficas

digitais de conveniência, como o Velocity One Flow da EFI.

ConclusãoA aquisição ou montagem de um sistema adequado de gerenciamento

do fluxo de trabalho é um dos maiores desafios dessa década para as

empresas gráficas e de pré-impressão. Se, por um lado, não faltam boas

soluções no mercado, por outro é cada vez mais difícil perceber as sutis

diferenças entre sistemas muito semelhantes que, freqüentemente, até

mesmo compartilham algumas das suas ferramentas.

Para a empresa gráfica que está adquirindo um novo sistema de CTP

de grande porte, ao custo de centenas de milhares de dólares, é normal que

faça sentido a compra em conjunto de uma solução integrada de workflow

do mesmo fabricante dos equipamentos. O mesmo não se aplica, no

entanto, àqueles que estão comprando imagesetters ou platesetters de

fabricantes menores (que não costumam oferecer sistemas de workflow

próprios) ou mesmo às empresas que já possuem essas máquinas e querem

apenas modernizar seu controle do fluxo de trabalho.

Nesses casos, é importante realizar uma extensa e cuidadosa pesqui-

sa, a fim de encontrar as soluções que – além de serem compatíveis com

os equipamentos – sejam adequadas à realidade de trabalho e ao orça-

mento de cada empresa. A tendência de especialização dos fabricantes,

que hoje buscam conquistar fatias de mercado com necessidades especí-

ficas, pode facilitar muito essa tarefa.

É sempre bom lembrar que aos mais corajosos resta a alternativa de

montar “peça-a-peça” um sistema próprio de workflow, lançando mão

das inúmeras ferramentas isoladas disponíveis no mercado. Essa opção

requer tempo, paciência e um elevado grau de conhecimento técnico

dos envolvidos na montagem, mas pode – em alguns casos – resultar

numa significativa economia de recursos e em uma solução especial-

mente adequada às necessidades específicas da sua empresa.

Raster X VectorO processo de transformação de uma “página virtual” – construída em um aplicativode editoração eletrônica (PageMaker, QuarkXPress, CorelDRAW, etc.) – em uma “pá-gina real” impressa em papel passa por diversas etapas intermediárias. Normalmen-te, o primeiro passo é o chamado “fechamento do arquivo”: a transformação de todosos elementos da página (textos, fontes tipográficas, fotos, desenhos, layout etc.) numconjunto de instruções cuidadosamente codificadas numa sofisticada linguagem decomputador conhecida como PostScript (para entender melhor o que é um arquivoPostScript, experimente “ler” um pequeno PS fechado em um editor de texto como o MSWord. Você ficará surpreso com o que vai ver!).

Nos arquivos PS costumam estar codificados diversos tipos de imagens á base demapas de pixels (desenhos a traço, fotos PB e fotos coloridas), informações em formatotexto e também elementos vetoriais (tais como os desenhos de Illustrator, FreeHand,CorelDRAW e também as fontes tipográficas). Por isso, dizemos que os arquivos PS sãohíbridos vetor/bitmap. O dispositivo de saída que recebe o arquivo (impressora,imagesetter ou platesetter) deve ser capaz de interpretar corretamente cada uma dessasinstruções e transformar todos esses elementos em uma imagem da página em altaresolução, que será usada para pintar o papel ou sensibilizar os fotolitos ou chapas.

Quem executa esse trabalho é um software especializado conhecido como RIP(Raster Image Processor), que executa duas tarefas básicas. A primeira é conhecidacomo “rasterização” (derivado do termo inglês raster) e consiste na decodificação dascomplexas instruções PostScript e transforma cada página em um ou mais arquivosinterpretados, constituídos unicamente por imagens a base de pixels (a traço ou commeios-tons). É nessa etapa que, eventualmente, podem surgir os erros de interpreta-ção de PostScript, as substituições de fontes tipográficas, o desaparecimento de ob-jetos, dentre outros problemas.

A segunda etapa, conhecida como “renderização” (do termo inglês render) con-siste em transformar todos esses elementos em arquivos de imagem a traço (preto oubranco) de altíssima resolução (entre 1200 a 3800 dpi nas saídas profissionais emfotolito ou chapa) conhecidos como “TIFF de 1 bit” que servem de base para a gravaçãodas matrizes de impressão. Nessa etapa, os meios-tons são transformados nas retículasde impressão – seguindo as instruções de lineatura, formato de ponto e inclinaçãofornecidas pelo operador – de acordo com as características e capacidades dos RIPs.

Todo fluxo de trabalho, em algum momento, precisa converter os arquivos codifi-cados híbridos (raster/vector) em arquivos apenas de imagem (raster). As soluções dedigital workflow oferecidas no mercado variam muito em relação ao momento em queisso é feito, e certas soluções executam algumas etapas do processo com arquivosintermediários (já rasterizados, mas não renderizados). Os arquivos “raster/vector”são menores, mais fáceis de lidar e tem maior flexibilidade para ajustes e correções. Poroutro lado, quanto antes se converte os arquivos em raster puros, mais cedo se detec-tam eventuais incorreções e erros de interpretação do RIP.

Os arquivos PDF convencionais também são híbridos (raster/vector), mas temuma vantagem sobre o PostScript. Como a conversão do PS para PDF é feita com ajudade um tipo de RIP (o Distiller ou equivalente), as instruções PostScript já foram pré-interpretadas e boa parte dos erros pode ser detectada já no arquivo PDF. Esse arquivo,no entanto, terá de ser interpretado novamente pelo RIP principal do fluxo de trabalhopara dar origem a arquivos “raster” puros que geram as matrizes de impressão.

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Adobewww.adobe.com.brTel.: 0800-161-009

Agfa

www.agfa.com.br Tel.: (11) 3266-3263

Callas

www.callas.de

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CGSwww.cgs.deSpaceCor - Tel.: (11) 11 5561 7608

Creowww.creo.comAlphaprint - Tel.: (11) 3816-4747

Dalimwww.dalim.comEletronic Imaging Integration - Tel.: (11) 3872-5912

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Dynagram

www.dynagram.com/

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EFIwww.efi.comTel.: (11) 3266-3263

Heidelberg

www.heidelberg.com.brTel.: (11) 3746-4450

Lantana

www.lantanarips.com

Quite

www.quite.com

Markzwarewww.markzware.comSoma Informática Tel.: (51) 3337-6311

Screenwww.screenusa.comT&C - Tel.: (11)3819-8520

Scenic

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Enfocus

www.enfocus.com

Cláudio Fahr ([email protected])é coordenador técnico da Graph Work

André Borges Lopes([email protected]) é produ-tor gráfico, consultor em artes gráficas pelaBytes & Types e instrutor na Graph Work.

Epson do Brasil

www.epson.com.brTel.: (11) 4196-6350

HP Brasilwww.hp.com.brTel.: 0800-157-751

One Vision

www.onevision.comSRS Equipamentos Gráficos Tel.: (11) 3873-0377