26

Click here to load reader

Fluxo introdução

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Fluxo introdução

1. INTRODUÇÃO

O fluxo de caixa  é um instrumento que possibilita o planejamento e o controle

dos recursos financeiros de uma empresa. Gerencialmente, é indispensável em

todo o processo de tomada de decisões financeiras.

Contextos econômicos modernos de concorrência de mercado exigem das

empresas maior eficiência na gestão financeira de seus recursos, não cabendo

indecisões sobre o que fazer com eles. Sabidamente, uma boa gestão dos

recursos financeiros reduz substancialmente a necessidade de capital de giro,

promovendo maiores lucros pela redução principalmente das despesas

financeiras e é essa a finalidade do fluxo de caixa.

Em verdade, a atividade financeira de uma empresa requer acompanhamento

permanente de seus resultados, de maneira a avaliar seu desempenho, bem

como proceder aos ajustes e correções necessários. O objetivo básico da

função financeira é prover a empresa de recursos de caixa suficientes de modo

a respeitar os vários compromissos assumidos e promover a maximização de

seus lucros

 

2. CONCEITO E IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA

Para Assaf Neto e Silva (1997, p. 35) “(...) o fluxo de caixa é um instrumento

que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no

âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo”. 

O Fluxo de Caixa é indispensável para uma sinalização dos rumos financeiros

dos negócios. Através de sua elaboração é possível prognosticar eventuais

excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a

serem tomadas. Para se manterem em operação, as empresas devem liquidar

corretamente seus vários compromissos, devendo como condição básica

apresentar o respectivo saldo em seu caixa nos momentos dos vencimentos. A

insuficiência de caixa pode determinar cortes nos créditos, suspensão de

entregas de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria

descontinuidade em suas operações.

Page 2: Fluxo introdução

A manutenção de saldos de caixa propicia folga financeira imediata à empresa,

revelando melhor capacidade de pagamento de suas obrigações. Neste

posicionamento, a administração não deve manter suas reservas de caixa em

novéis elevados como forma de maximizar a liquidez. Ao contrário, deve buscar

um volume mais adequado de caixa sob pena de incorrer em custos de

oportunidades crescentes. É indispensável que a empresa avalie

criteriosamente o seu ciclo operacional de maneira a sincronizar as

características de sua atividade com o desempenho do caixa.

Os fluxos de caixa costumam apresentar-se sob diferentes formas: restritos,

operacionais e residuais, podendo ainda relacionar o conjunto das atividades

financeiras da empresa dentro de um sentido amplo, decorrente das

operações.

É importante que se avalie também que limitações de caixa não se constituem

em característica exclusiva de empresas que convivem com prejuízo.

Empresas lucrativas podem também apresentar problemas de caixa como

consequência do comportamento de seu ciclo operacional. Por outro lado,

problemas de caixa costumam ocorrer, ainda, em lançamentos de novos

produtos, fases de expansão da atividade, modernização produtiva, etc.

3. ABRANGÊNCIA DO FLUXO DE CAIXA

Foi comentado que o fluxo de caixa descreve as diversas movimentações

financeiras da empresa em determinado período de tempo, e sua

administração tem por objetivo preservar uma liquidez imediata essencial à

manutenção das atividades da empresa. Por não incorporar explicitamente um

retorno operacional, seu saldo deve ser o mais baixo possível, o suficiente para

cobrir as várias necessidades associadas aos fluxos de recebimentos e

pagamentos. Deve-se ter em conta que saldos mais reduzidos de caixa podem

provocar, entre outras consequências, perdas de descontos financeiros

vantajosos pela incapacidade de efetuar compras a vista junto aos

fornecedores. Por outro lado, posições de mais elevada liquidez imediata, ao

mesmo tempo em que promovem segurança financeira para a empresa, apura

Page 3: Fluxo introdução

maior custo de oportunidade. Em essência, este é o dilema risco e

rentabilidade presente nas finanças das empresas.

Ao apurar o saldo líquido destes fluxos monetários, o instrumento do fluxo de

caixa permite que se estabeleçam prognósticos com relação a eventuais

sobras ou faltas de recursos, em função do nível de caixa desejado pela

empresa.

O fluxo de caixa não deve ser enfocado como uma preocupação exclusiva da

área financeira. Mais efetivamente deve haver comprometimento de todos os

setores empresariais com os resultados líquidos de caixa, destacando-se: 

- a área de produção, ao promover alterações nos prazos de fabricação dos

produtos, determina novas alterações nas necessidades de caixa. De forma

idêntica, os custos de produção têm importantes reflexos sobre o caixa; 

- as decisões de compras devem ser tomadas de maneira ajustada com a

existência de saldos disponíveis de caixa. Em outras palavras, deve haver

preocupação com relação a sincronização dos fluxos de caixa, avaliando-se os

prazos concedidos para pagamento das compras com aqueles estabelecidos

para recebimento das vendas; 

- políticas de cobrança mais ágeis e eficientes, ao permitirem colocar

recursos financeiros mais rapidamente à disposição da empresa, constituem-se

em importante reforço de caixa; 

- a área de vendas, junto com a meta de crescimento da atividade comercial,

deve manter um controle mais próximo sobre os prazos concedidos e hábitos

de pagamentos dos clientes, de maneira a não pressionar negativamente o

fluxo de caixa. Em outras palavras, é recomendado que toda decisão

envolvendo vendas deve ser tomada somente após uma prévia avaliação de

suas implicações sobre os resultados de caixa (exemplos: prazo de cobrança,

despesas com publicidade e propaganda, etc); 

Page 4: Fluxo introdução

- a área financeira deve avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento,

de forma que os desembolsos necessários ocorram concomitantemente à

geração de caixa da empresa. 

Uma adequada administração dos fluxos de caixa pressupõe a obtenção de

resultados positivos para a empresa, devendo ser focalizada como um

segmento lucrativo para seus negócios. A melhor capacidade de geração de

recursos de caixa promove, entre outros benefícios à empresa, menor

necessidade de financiamento dos investimentos em giro, reduzindo seus

custos financeiros.

Dessa forma, o objetivo fundamental para o gerenciamento dos fluxos de caixa

é atribuir maior rapidez às entradas de caixa em relação aos desembolsos ou,

da mesma forma, otimizar a compatibilizarão entre aposição financeira da

empresa e suas obrigações correntes.

As principais áreas que podem contribuir para melhor desempenho do fluxo de

caixa, acelerando os ingressos ou retardando os desembolsos, insere-se

basicamente nas fases do ciclo operacional. É sabido que a extensão do ciclo

operacional é o fator determinante das necessidades de recursos do ativo

circulante; ele é administrado através de: 

negociações com fornecedores e outros credores visando alongar os

prazos de pagamento;

medidas mais eficientes de valores a receber, sem prejuízo de vendas

futuras, objetivando reduzir o volume de clientes em atraso e

inadimplentes;

decisões tomadas na área com intuito de diminuir os estoques e

incrementar seu giro;

concessão de descontos financeiros , sempre que economicamente

justificados, na expectativa de redução dos prazos de recebimentos das

vendas etc. 

Os sistemas de cobrança, por seu lado, devem ser avaliados com base em sua

facilidade de pagamento e rapidez de emissão e entrega das faturas/duplicatas

Page 5: Fluxo introdução

aos clientes. A agilidade do sistema revela-se mais indispensável, ainda, no

caso de clientes que pagam somente em determinados(s) dia(s) do mês, ou

que apresentam um processo lento de pagamento.

De maneira ampla, o fluxo de caixa é um processo pelo qual uma empresa

gera e aplica seus recursos de caixa determinados pelas várias atividades

desenvolvidas. Neste enfoque, ainda, o fluxo de caixa focaliza a empresa como

um todo, tratando das mais diversas entradas e saídas (movimentações

financeiras) de caixa refletida por seus negócios.

4. O FLUXO DE CAIXA E OS SISTEMAS DE INFOMAÇÕES DAS

EMPRESAS

As altas taxas de inflação e a excessiva interferência da legislação fiscal no

principal sistema de informações das empresas, que é a contabilidade, impedia

a até poucos anos, que os empresários dessem importância aos dados

gerados por esses sistemas.

Enquanto os profissionais da área contábil faziam grande esforço para gerar

números sem distorções inflacionarias e discutiam o significado de lucro

inflacionário, lucro inflacionário realizado, lucro inflacionário diferido, correção

monetária pela legislação societária, correção integral e outros temas de difícil

entendimento para o empresário, este, sabiamente, refugiava-se em alguns

indicadores incompletos, mas confiáveis, como, por exemplo, quantidade de

vendas no mês, o estoque e o dinheiro disponível.

Estocar mercadorias e adquirir imobilizado significava proteger-se da inflação.

A própria administração financeira das empresas foi confundida com

administração das disponibilidades, somente. Era muito difícil pensar em

investimentos que envolviam o longo prazo, já que o longo prazo da época era

de 30 dias.

Com a inflação debelada, ela deixou de ser um aspecto relevante. Isto permite

o uso da moeda real para a apresentação das contas das empresas.

Page 6: Fluxo introdução

A interferência da legislação fiscal no principal sistema de informações das

empresas, a contabilidade, é um problema mundial, que se apresenta de modo

mais acentuado no Brasil.

As empresas buscam resolver esse problema de várias formas. Algumas

mantêm registros paralelos à contabilidade oficial para obter informações

gerenciais pelo regime de competência, eliminando parte das distorções

causadas pela legislação fiscal. É um trabalho difícil e nem sempre satisfatório,

pois de um lado temos o contador e o advogado tributarista trabalhando 365

dias por ano para fazer o planejamento tributário de modo a pagar menos

impostos, e, de outro, algumas poucas horas para gerar as informações

gerenciais.

Outras empresas se voltam quase que exclusivamente para informações de

caixa, criando um sistema independente, em que prevalecem critérios distintos

dos estabelecidos pela legislação fiscal.

O chamado “reprocessamento” dos dados para gerar informações ao Fisco,

aos proprietários e administradores, às instituições financeiras, representa alto

custo para as empresas. Reduzi-lo é um grande desafio.

Se, por um lado, o Real, com a inflação baixa, trouxe facilidades aos

empresários, aos contadores, aos financeiros e aos administradores, por outro

lado, a abertura da economia brasileira trouxe novos concorrentes, exigindo

das empresas competência maior. Além do aumento da concorrência, as altas

taxas de juros têm penalizado empresas e pessoas físicas que precisam

recorrer a empréstimos e financiamentos. A manutenção das altas taxas de

juros levou associações como a FEBRABAN (Federação Nacional dos Bancos)

a recomendar à população que não se endividasse com as taxas de juros

então vigentes. Embora sensata, a recomendação foi seguida por poucos.

Afinal, após muitos anos, estávamos diante de uma situação nova. Haviam

caído as limitações de prazo para o crédito. O freio ao excesso de consumo

passou a ser somente a taxa de juros alta.

Page 7: Fluxo introdução

Gradativamente, a economia brasileira ficou com um comportamento mais

próximo das economias desenvolvidas. Podemos aplicar aqui a maioria dos

princípios financeiros utilizados lá fora.

É importante conhecer os produtos e serviços do mercado financeiro, saber

calcular a taxa efetiva de um empréstimo ou financiamento.

Precisamos ter informações confiáveis, de fácil entendimento, que estejam

disponíveis em tempo hábil. O feeling do empresário precisa ser completado

com o que dizem os números gerados pelos controles. Precisamos

acompanhar os acontecimentos no mundo e principalmente no Brasil,

avaliando sua influência no segmento no qual está inserida a empresa e

transformar essa visão em planejamento dos negócios e financeiros. Já

podemos elaborar orçamentos de caixa para, pelo menos, três meses. Isto

custa pouco e traz bons benefícios, por permitir visualizar com antecedência as

necessidades financeiras.

Há muitas empresas obtendo ganhos significativos de produtividade, mas

perdendo todo esse ganho ao tomar dinheiro emprestado, a curto prazo, a

taxas de 40,0 a 50,0% ao ano. Os “ralos financeiros” precisam ser fechados

para que o empresário volte a ganhar dinheiro com seu negocio.

Vivemos uma nova realidade, na qual há espaço para o planejamento e

controle dos negócios.

5. AS DIFERENÇAS ENTRE REGIME DE CAIXA E DE COMPETÊNCIA

Regime de Competência

- Reconhece a receita quando ocorre a venda, com entrega da mercadoria ou

prestação do serviço.

- Reconhece despesa quando incorrida, independente de ter sido paga ou não. 

Regime de Caixa

Page 8: Fluxo introdução

- São as datas de recebimentos e pagamentos que determinam os registros. 

Se uma concessionária de veículos vende um automóvel por R$ 25.000,00, o

regime de competência reconhece, hoje, a receita de R$ 25.000,00, embora o

cliente tenha dado de entrada um carro usado avaliado em R$ 7.000,00 mais

R$ 8.000,00 em dinheiro e o restante a ser pago em quatro prestações

mensais de R$ 2.500,00: 

· Regime de competência – receita de R$ 25.000,00;

· Regime de caixa -  receita de R$ 8.000,00. 

No lado das despesas, essas diferenças entre caixa e competência também

ocorrem. Por exemplo, o 13º salário é pago, geralmente, em novembro e

dezembro de cada ano, mas as despesas são reconhecidas (1/12) a cada mês.

Portanto, os números de caixa podem ser, e geralmente são, diferentes dos

números de competência.

6. MÉTODO DIRETO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

O Método Direto, que também é conhecido como a abordagem das contas T (T

Account Approach), consiste em classificar os recebimentos e pagamentos de

uma empresa utilizando as partidas dobradas. A vantagem desse método é

que permite gerar informações com base em critérios técnicos, eliminando,

assim, qualquer interferência da legislação fiscal.  

Um exemplo:

A Delta Veículos Ltda. é uma concessionária de veículos recém constituída. No

primeiro mês de atividade, ocorreram os seguintes pagamentos e

recebimentos:

Os sócios da empresa integralizam o capital no valor de $ 5.000.000,00

A empresa adquire a vista móveis e utensílios no valor de $ 1.000.000,00 e

máquinas e ferramentas no valor de $ 200.000,00

Page 9: Fluxo introdução

Pagamento à montadora pela compra de veículos no valor de $ 600.000,00

Recebimento de clientes pela venda de veículos no valor de $ 560.000,00

Pagamento do aluguel da loja no valor de $ 40.000,00

Pagamento de salários a funcionários no valor de $ 50.000,00

Os lançamentos a débito e a crédito que acabamos de efetuar são mostrados a

seguir nos razonetes (razão simplificados). Os débitos são mostrados do lado

esquerdo das contas e os créditos no lado direito. A diferença entre os débitos

e os créditos representa o saldo de cada conta. 

Por esse relatório, podemos perceber que no primeiro mês de atividades a

empresa pagou mais do que recebeu no Operacional. Isso costuma ocorrer em

início de atividade. Em regra geral, no entanto, é que os recebimentos

operacionais superem os pagamentos operacionais. Essa é a condição para

que a empresa sobreviva e ganhe dinheiro.

O grupo Investimentos consumiu $ 300 mil. Como regra geral, esse é o grupo

que só consome dinheiro, mas esse dinheiro precisa ser investido para que a

empresa possa operar.

O grupo Financiamentos gerou entradas de $ 500 mil. O comportamento deste

grupo varia ao longo do tempo. Há períodos em que gera caixa, como na

integralização de capital por parte dos sócios, ou na obtenção de empréstimos

e financiamentos, e há períodos em que consome caixa, como na amortização

de empréstimos e financiamentos ou nos pagamentos de dividendos.

Caixa líquido do período é o somatório de Operacional (130.000,00),

Investimentos (300.000,00) e Financiamentos 500.000,00. No período

analisado, entrou mais do que saiu do Caixa $ 70.000,00.

Uma das vantagens desse demonstrativo é facilitar a administração financeira

das empresas. Com ele podemos saber se os problemas financeiros têm

origem no Operacional, no Investimentos, no Financiamentos, ou ainda numa

combinação dos três grupos.

Page 10: Fluxo introdução

7. MÉTODO INDIRETO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

Utilizando como base o exemplo da Alfa Veículos Ltda vamos elaborar a DFC

pelo método indireto. Tomaremos por base o Balanço Patrimonial e a

Demonstração de Resultados em 30-06-20X1. Vamos, portanto, converter os

números de Competência em números de Caixa. 

A Demonstração de Resultados mostra que o Lucro líquido em seis meses foi

de R$ 154.996, enquanto a Demonstração dos Fluxos de Caixa apresenta um

Fluxo de Caixa operacional líquido (superávit) de R$ 517.796. Vamos

compensar essa diferença de R$ 362.800.

O primeiro passo a ser dado é associar as contas do Balanço Patrimonial com

as contas da Demonstração dos Fluxos de Caixa.

A seguir, faremos adições e subtrações ao lucro líquido para chegar ao fluxo de

caixa operacional líquido. Estaremos trabalhando com o balanço patrimonial do

inicio do período, em que todos os saldos são zero, pois trata-se no exemplo

de empresa recém-constituída e o balanço patrimonial no final do período.

Subtraímos R$ 18.000 do lucro líquido referente ao acréscimo da conta

Clientes de peças – assistência técnica (de zero para R$ 18.000 temos um

acréscimo de R$ 18.000). Porque essas vendas a prazo foram computadas na

apuração do resultado, mas o dinheiro não entrou no caixa.

E somamos R$ 50.800 ao lucro líquido referente ao aumento de Salários e

encargos – operacional. Porque essas despesas foram computadas na

apuração do resultado, mas o dinheiro não saiu do caixa.

8. MÉTODO DIRETO x MÉTODO INDIRETO

Na comparação entre os dois métodos, é importante irmos além dos aspectos

técnicos e consideramos a realidade em que vivemos, principalmente a

realidade brasileira.

Page 11: Fluxo introdução

Método Indireto – Vantagens 

1. Rresenta baixo custo. Basta utilizar dois balanços patrimoniais (o do início e

o do final do período), a demonstração de resultados e algumas informações

adicionais obtidas na contabilidade.

2. Concilia lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando

como se compõe a diferença.

Método Indireto – Desvantagens

1. O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência

e só depois convertê-las para regime de caixa. Se isso for feito uma vez por

ano, por exemplo, podemos ter surpresas desagradáveis e tardiamente.

2. Se há interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e geralmente

há, o método indireto irá eliminar somente parte dessas distorções.

 

Método Direto – Vantagens

1. Cria condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e

pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais.

2. Permite que a cultura de administrar pelo caixa seja introduzida mais

rapidamente nas empresas.

3. As informações de caixa podem estar disponíveis diariamente.

Método Direto – Desvantagens

1. O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos.

2. A falta de experiência dos profissionais da área financeira em usar as

partidas dobradas para classificar os recebimentos e pagamentos. 

Quando falamos em informações para administrar os negócios, pelo menos

duas condições devem estar presentes:

Page 12: Fluxo introdução

- Essas informações devem representar 100% das atividades da empresa; e

- As informações devem ser geradas por critérios técnicos e não por critérios

fiscais, que visam pagar menos tributos. 

Para a realidade da maioria das empresas brasileiras, o método direto traz

mais benefícios, principalmente para a redução dos custos financeiros.

A escolha por um dos dois métodos deve ser analisada considerando a

realidade de cada empresa. Há segmentos, o da construção civil, por exemplo,

em que as vantagens do método direto são ainda maiores, porque os números

de competência têm pouco significado para essa atividade.

9. AVALIAÇÃO DE EMPRESAS PELO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

A avaliação de uma empresa não pode ser feita segundo princípios de uma

ciência exata. O peso que os técnicos em avaliação atribuem aos diversos

fatores envolvidos no processo de avaliação não é uniforme. Isto se deve a um

problema de julgamento pessoal de cada avaliador que é influenciado pela

experiência que este especialista acumula, bem como pelos motivos e

objetivos da avaliação para o comprador ou vendedor.

A valoração de uma empresa é complexa por envolver em seu corpo um

conjunto de bens heterogêneos e destinados a produzir riqueza, dentro das

mais diversas conjunturas econômicas e sociais.

Dentre as concepções de valor da empresa, destacam-se as seguintes: 

- Valor Patrimonial: o valor da empresa é determinado pelo somatório dos

bens que constituem o patrimônio da empresa.

- Valor Econômico: o valor da empresa decorre do potencial de resultados

futuros. 

Ambas as abordagens apresentam fatores embutidos dentro de suas

formulações teóricas. Alguns bens que compõem o patrimônio da empresa são

Page 13: Fluxo introdução

de difícil mensuração, principalmente quando considerados isoladamente. É o

caso dos bens intangíveis como marcas, patentes, ponto comercial, reputação,

organização, etc. Por outro lado, a avaliação econômica dos benefícios futuros

que a empresa pode gerar depende de um grande número de fatores que

ainda apresentam dificuldades quanto à sua quantificação (risco do negócio,

risco financeiro, taxa de capitalização, crescimento da empresa, etc.). 

O objetivo principal deste modelo é determinar o valor máximo que um

potencial comprador poderá pagar pela empresa.

São as seguintes premissas básicas do modelo apresentado: 

A. a avaliação independe do modo como será feita a aquisição da

empresa, bem como a forma de pagamento (financiamento) a ser

realizado pelo comprador;

B. a estrutura de capital da empresa não influencia no cálculo do valor

máximo a ser pago; 

Aplicam-se os seguintes passos para a análise do investimento: 

A. determinar o capital inicial necessário;

B. determinar lucros e despesas, para composição do fluxo líquido de caixa

esperado;

C. determinar a rentabilidade implícita na relação entre investimento e

retorno. 

Com relação à rentabilidade, apresentam-se duas formas para medi-la: 

A. calcula-se a taxa de retorno implícita (TIR) do fluxo líquido de caixa,

comparando-a com a taxa de retorno exigida (custo de capital);

B. pela comparação do valor presente do fluxo de caixa (usando-se como

taxa de desconto a taxa de retorno requerida) com o valor do

investimento. 

A seguir apresenta-se um exemplo de avaliação, aplicando-se os conceitos do

orçamento de capital.

Page 14: Fluxo introdução

Considerando-se a necessidade de um investimento inicial de $ 100.000 numa

nova empresa (semelhante à empresa que está sendo avaliada), e um fluxo

líquido de caixa esperado de $ 15.000 para o primeiro qüinqüênio, $ 25.000

para o qüinqüênio seguinte, $ 20.000 para o terceiro qüinqüênio e $10.000 para

os últimos cinco anos, obtém-se uma taxa de retorno (TIR) de 17,2%[1] ao ano:

A seguir, calculam-se os valores presentes dos fluxos líquidos de caixa da

empresa que está sendo avaliada, utilizando-se como taxa de desconto: a) a

taxa interna de retorno (TIR) de 17,2% a, a,; e b) a taxa de retorno exigida pelo

potencial comprador (custo de capital), estimada em 15% a, a,. O fluxo líquido

de caixa foi previsto em: 

1° quinquênio = $ 24.000

2° quinquênio = $ 24.000

3° quinquênio = $ 15.000

4° quinquênio = $ 10.000

Observa-se que este fluxo admitiu valores maiores de receita para os primeiros

períodos, uma vez que a empresa já vem operando normalmente. 

- Cálculo do Valor Presente Líquido (VPL): 

a) taxa de desconto igual à “TIR” = 17,2% a, a,

VPL = (24.000 x R10¬0,172) + (15.000 x R5¬0,172 x S10¬0,172) + (10.000 x

R5¬0,172 x S15¬0,172)

VPL = $ 123.800 

b) taxa de desconto igual à taxa de retorno mínima exigida pelo comprador =

15%

VPL = (24.000 x R10¬0,15) + (15.000 x R5¬0,15 x S10¬0,15) + (10.000 x

R5¬0,15 x S15¬0,15)

VPL = $ 137.030 

Page 15: Fluxo introdução

Agora, estabelece-se uma análise de rentabilidade, pela comparação das taxas

de desconto utilizadas e os valores presentes calculados.

Se o potencial comprador fosse instalar uma nova empresa, teria que investir $

100.000 e seu retorno seria de 17,2% a,a,. A esta mesma taxa, contudo, o

valor presente dos fluxos líquidos de caixa da empresa em funcionamento é de

$ 123.800, superior ao valor de $100.000 da nova empresa.

Assim, conclui-se que é mais atrativo optar pela compra de empresa em

funcionamento a implantar uma nova empresa.

10. ABORDAGEM DO PROJETO TOTAL VERSUS ABORDAGEM

DIFERENCIAL

Dois métodos comuns para comparar as alternativas de projetos utilizando o

VPL são: a abordagem do projeto total e a abordagem diferencial.

A abordagem do projeto total calcula o impacto total nos fluxos de caixa para

cada alternativa e, então, converte esses fluxos de caixa totais em seus VPs.

Essa é a abordagem mais popular e pode ser utilizada para qualquer número

de alternativas. A alternativa com o maior VPL dos fluxos de caixa totais é a

melhor.

A abordagem diferencial calcula as diferenças nos fluxos de caixa entre

alternativas e, então, converte essas diferenças em seus VPs. Esse método

não pode ser utilizado para comparar mais de duas alternativas.

Freqüentemente, as duas alternativas em comparação são: aceitar um projeto

e rejeitar.

Independente da abordagem utilizada, talvez a parte mais difícil de realizar

decisões de orçamento de capital seja predizer os fluxos de caixa relevantes.

Verifique que os eventos causados ao fluxo de caixa, para dentro ou para fora,

poderão ser muito complicados, especialmente quando houver muitas origens

de fluxos de caixa. Você, entretanto, não pode comparar as alternativas se não

conhecer seus custos; assim, a primeira etapa para a abordagem de projeto

Page 16: Fluxo introdução

total ou abordagem diferencial é arranjar os fluxos de caixa relevantes por

projeto. 

- Abordagem do projeto total: determine o VPL dos fluxos de caixa para cada

projeto individual. Escolha o projeto com o VPL positivo maior (isto é, o maior

beneficio) ou o VPL negativo menor (isto é, menor custo). 

- Abordagem diferencial: calcule os fluxos de caixa diferenciais. Em outras

palavras, subtraia os fluxos de caixa para o projeto B dos fluxos de caixa para o

projeto A para cada ano. Lembre-se de que as entradas de caixa são números

positivos, enquanto as saídas são negativas. Em seguida, calcule o VP dos

fluxos de caixa diferenciais. Se esse VP for positivo, escolha o projeto A; se for

negativo, escolha o projeto B. 

Esses dois métodos podem ser utilizados intercambiavelmente, desde que haja

apenas duas alternativas sob consideração. Se houver apenas uma alternativa,

a escolha seria a do projeto total.

11. FLUXOS DE CAIXA RELEVANTES PARA O VPL

No arranjo dos fluxos de caixa relevantes esteja seguro de considerar quatro

tipos de entradas e saídas de caixa:

Entradas e saídas de caixa iniciais no tempo zero.

Investimentos em contas a receber e estoques.

Valores residuais futuros.

Fluxo de caixa operacional. 

Entradas e saídas de caixa iniciais no tempo zero: Esses fluxos de caixa

incluem saídas de caixa para compra e instalação de equipamentos e outros

itens necessários para o novo projeto, e outras entradas ou saídas de caixa da

eliminação de quaisquer itens que sejam repostos.

Investimentos em contas a receber e estoques: São saídas de caixa iniciais

tanto quanto investimentos em instalações e equipamentos. No modelo VPL,

Page 17: Fluxo introdução

os desembolsos iniciais são entradas no esboço de fluxos de caixa no tempo

zero. Contas a receber e estoques, entretanto, geralmente diferem de

instalações e equipamentos no final da vida útil do projeto. Investimentos em

instalações e equipamentos são, em geral, utilizados durante a vida do projeto,

deixando pouco, se algum, valor residual. Em contraste, os investimentos

originais inteiros em contas a receber e estoques são, geralmente, recuperados

quando o projeto termina. Conseqüentemente, todos os investimentos iniciais

são tipicamente considerados com saídas de caixa no momento zero, e seu

valor residual final, se algum, é considerado como entradas de caixa no final da

vida útil do projeto.

A diferença entre o desembolso inicial para o capital de giro (na maior parte,

contas a receber e estoques) e o VP de sua recuperação é o VP de custo de

usar capital de giro no projeto.

Valores residuais futuros: Os ativos, além de contas a receber e estoques,

podem ter valores residuais relevantes. O valor residual, no fim de um projeto,

é um aumento na entrada de caixa no ano do descarte. Os erros em prever

valores residuais finais são, geralmente, não-cruciais, porque o VP é,

geralmente, pequeno.

Fluxos de caixa operacionais: O principal propósito da maioria dos

investimentos é afetar as entradas e saídas de caixa operacionais. Muitos

desses efeitos são difíceis de mensurar, e três pontos merecem menção

especial.

Primeiro, usar a análise de custos relevantes, os únicos fluxos de caixa

relevantes são aqueles que diferirão entre as alternativas. Freqüentemente, os

custos indiretos fixos serão os mesmo sob todas as alternativas disponíveis. Se

assim for, eles poderão ser seguramente ignorados. Na prática, não é fácil

identificar exatamente quais custos diferirão entre as alternativas.

Segundo, como mencionado antes, a depreciação e os valores contábeis

devem ser ignorados. O custo dos ativos é reconhecido pelo desembolso

Page 18: Fluxo introdução

inicial, não pela depreciação, como calculado sob o regime de competência

contábil.

Terceiro, uma redução na saída de caixa é tratada da mesma maneira que uma

entrada de caixa. Ambas significam aumentos no valor.

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A condição para que a empresa viva e ganhe dinheiro é ter recebimentos

operacionais que superem os pagamentos operacionais. O Administrador se

depara com o dilema do Risco e Rentabilidade, se por um lado ela precisa

manter uma liquidez imediata essencial a manutenção das atividades, por outro

lado, ele pode incorrer em riscos de custos de oportunidade, então o grande

desafio para os administradores é buscar um volume adequado de caixa para

empresa, de forma a incorrer o mínimo possível em riscos. A Demonstração de

Fluxo de Caixa é uma importante ferramenta que auxilia na tomada de

decisões e pode facilitar o trabalho dos administradores através das análises

de fluxos passados e previsão de fluxos futuros.

O objetivo da Contabilidade é produzir informação útil, confiável em tempo hábil

para uma gama enorme de usuários que na grande maioria das vezes não

possui, ou possui pouco conhecimento para análise de demonstrações mais

complexas como a DOAR, por exemplo. Neste sentido a Demonstração de

Fluxo de Caixa é ideal por ser de fácil entendimento pelos diversos tipos de

usuários. Desde que seja elaborada adequadamente a DFC é um importante

instrumento de análise financeira das empresas que permite à Contabilidade

desempenhar mais eficientemente o seu papel de principal guia na tomada de

decisões econômicas.

Vale ressaltar também que as informações sobre fluxo de caixa são úteis

porque além da facilidade de entendimento e ferramenta auxiliar na tomada de

decisões econômicas, proporcionam aos usuários das informações contábeis

como investidores e credores, uma base para avaliar a capacidade da empresa

Page 19: Fluxo introdução

gerar caixa e valores equivalentes à caixa e, as necessidades da empresa em

utilizar esses fluxos de caixa. 

REFERÊNCIAS:

ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração de

capital de giro. São Paulo: Atlas, 1997.

CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos fluxos de caixa: uma ferramenta

indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas, 1999.

HORNGREN, Charles T.; SUNDEM, Gary L.; STRATTON, Willian O.;

Contabilidade Gerencial. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

IUDÍCIBUS, Sérgio et al. Manual de contabilidade das sociedades por ações.

São Paulo: Atlas, 1980.

NEIVA, Raimundo Alelaf. Valor de mercado da empresa. São Paulo: Atlas,

1999.