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ermnmc fínno II 5ão Paulo Novembro 1915 Num. 19

fínno II 5ão Paulo Novembro 1915 Num. 19

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fínno II 5ão Paulo Novembro 1915 Num. 19

Page 2: fínno II 5ão Paulo Novembro 1915 Num. 19

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Page 3: fínno II 5ão Paulo Novembro 1915 Num. 19

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Nâo se RESIGNEM com a saude imperfeita!

Levante a actividade do seu

estomago, e a saude voltará!

0 “GASTROL”

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A dyspepsia é a moléstia mais commum do Bra- zil, sendo rara a pessôa que nâo seja mais ou menos perseguida pela atonia gastro-intestinal.

Dores de cabeça, tonturas, somnolencia, gazes, dores de estomago, insomnia, perda de memória e perturbação de ideas, prisão de ventre nervo- sismo e ataques de nervos, fraqueza genesica, desanimo ou inércia na luta pela vida, neurhastenia final — são a via dolorosa do dyspeptico.

Felizmente as nossas mattas e campos pos- suem medicamentos do mais alto valor e já por demais provados para combater a causa de todos aquelles symiomas.

O "GASTROL” é uma feliz associação de taes medicamentos cm forma de drageas do mais agradavel aspecto, e preparadas pelos mais mo- dernos processos, sendo um medicamento com mais de 12 annos de experiencia, e já provado como capaz de curar todo o cortejo sombrio das doenças gastro-intestinaes.

O "GASTROL” não é um remedio secreto: é analysado e licenciado pela Directoria Geral do Serviço Sanitario, á qual foi presente um relató- rio justificativo do emprego dasdifferentes plantas da Flora Brazileira que fazem parte da sua composição.

O “GASTROL” tonifica as fibras musculares do estomago e intestino.

O “GASTROL” é um poderoso remedio para combater a atonia gastro-intestinal, impedindo as fermentações prejudiciaes, o desiquilibrio nervoso e a neurasthenia, sendo util a todos que levam uma vida intensa, exhaustiva ou desordenada.

O "QaSTRÜL” estimulando o appetite, me- lhorando a digestão arruinada e a prisão de ven- tre, eleva logo o moral abatido e promove novo vigor physico.

O “ÒASTROL” é a esperança de innumeros doentes atormentados de dyspepsia nervosa, ma- gros, desanimados, taciturnos, com insomnia re- belde, sem calma, alterando-se por futilidades.

O “GASTROL” cura diversas affecções, pro- venientes de uma nutrição imperfeita e digestão arruinada. Velhas doenças da pelle, erupções, darthros, impigens, etc., desapparecem só porque 0 GASTROL levantou a digestão, e o organismo depura-se normalmente.

O “GASTROL” tem acção especial sobre o fí- gado, que descongestiona, e sobre a bexiga, curando as inflammações chronicas ou agudas destes orgâos.

Quem soffre de doenças do estomago e intesti- nos, é porque ignora os recursos surprehendentes da nossa Flora consubstanciados no “GASTROL”.

Senhoras e homens, não importa que idade, can- çados de remedios, descrentes, soffrendo de más digestões, constipados, desanimados para a vida, nervosos, neurasthenicos, teem sido reanimados pelo “GASTROL” que os restituiu á saude normal.

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Page 5: fínno II 5ão Paulo Novembro 1915 Num. 19

Anno U sAO PA ULO. Dezembro de 19I5 Num. 19

REVISTA FEMININA

Preço pdrs ve/ide avuha: 500 réis

DIPECTORA . VIRGÍLÍNA de SOUZA SALLES

REDACÇÃO: ALAMSDA GLETTE N. $7

ASSSC. ANNUAL PARA Tor>o O SRAsiL ôSboo TSLEPHONE NO. 600A

DEZEABRO (SOBRE O NATAL E SOBRE 0 APCSTOLADO DE BILAC)

DEZE/ABRO! o mez de natal I Quantas evocações, quantas

: saudades... Na nebulosa dos ^ primeiros annos, ao alvo- M rescer da puberdade, ao ge* *1 mido que marcou o primeiro J| sentimento grande e triste S',\ da vida — como um cacho yj de giycinias sobre o portal — ~l desmantelado das ruinas de

ura anno a extinguir-se — o Natal era um sorriso e quasi uma bençam. Seis dias mais e o anno findo! Eram as ultimas pulsações de um coração, era um rhythmo a ces- sar num throno e via-se nas revistas, lidas sob 0 grande lampeão patriar- chal, a figura triste e desolada da- quelle grande velho de longas barbas, curvado de triste e de agonisante so- bre 0 clássico bordão, a atravessar com passo tardo e lerdo, os últimos degráus que o separavam do grande portal, onde quatro algarismos frios iam marcar-lhe o epitaphio... O Na- tal era a sua ultima grande palpita- ção de vida, o supremo hausto que lhe bombeava o peito, que lhe rete- zava o arcaboiço, na ancia extrema de sobrevivência.

Tudo era encanto, tudo era gra- ça, tudo era vida e sonho!

O grande salão dos lares de en- tão, com as suas architraves cruzadas, que 0 fumo ligeiro das lareiras sua- visava era meias tintas, a mesa enor- me de lenho grosso embutido, solida como 0 lar, solida como a gente — 0 cicio das brisas de dezembro pelas frinchas das janellas, o ladrar dos cães de guarda assustados com o es- trugir dos foguetes e junto á grande mesa e no meio do grande salão, a figura inesquecível da avósinha, na^ meia luz cor de rosa, como um velho tronco sobre o qual a vida renascia, nas lindas e frescas creanças que se lhe engarupavam de todos os lados.

— Avósinha... avósinha... uma historia...

No grande e súbito silencio ou- via-se a pieira da velhinha apenas cortada, de quando em vez, pelo pipocar das castanhas ao fogo ou pelo ruido de uraa rêde onde, a

um canto, se balouçava, talvez uma evocação, talvez um sonho.

— Era uma vez uma menina muito bonita...

Ninguém respirava, ninguém se mexia, a gente se deixaria mesmo escorregar passivamente por um pre- cipício, para não perder uma sylíaba, uma inflexão, um gesto da narradora, até 0 fecho invariável da narrativa.

— E Maria Victoria entrou por uma porta e sahiu por outra. Quem quiser que conte outra.

Seguia-se uma explosão: — A do Pedro Malazarte, vóvó! — Não; a da Gata Borralheira,

vózinhal — Nã... a do Já., ã.. e... Ma.. 1.. ia

vóvó. E a voz suave e meiga recome-

çava no mesmo rhythmo fatigado de viver e os olhos das creanças fecha- vam-se aos poucos, os ouvidos em- balados pela cadência regular da voz, os espíritos deslumbrados pelos pa- lácios encantados, pelos chapins de oiro e pedraria das heroinas, pela bondade das fadas excellentes, que nas clareiras dos bosques velavam solicitas, pela sorte das creanças obe- dientes... Uma a uma, iam sendo levadas pela mucama e iam todas a sonhar com os presentes que o Me- nino Jesus lhes ia trazer, durante a noite!

Era a hora da ceia. Sobre a mesa solida do lar extendia-se a toa- lha alvisslma, alinhavam-se as pratas tradicionaes da família, que as lu- zes dos grandes candelabros de mui- tas velas, faziam scintillar.

Vinha de fora, da Missa do Na- tal, a familia unida, solidaria, indivi- sível — e era a belleza de então! Toda ella se distribuía ao redor da grande mesa patriarchal e todos em pé — 0 tronco mais velho á cabeceira — agradeciam a Deus o favor da- quella merenda feliz e repousada I

Na alegria ruidosa dos mais no- vos, as almas dos velhos reabriam-se, refloresciam em doces evocações e ao fim da ceia quando a familia se le- vantava, após os últimos brindes ca- rinhosos e ia pedir a bençam do ve- lho patriarcha, havia em todos os co- rações e era todas as almas, uma grande solidariedade e uma grande alegria.

Veio depois a evolução... As tradições aos poucos foram sendo

esquecidas, a inveja nasceu da pri- meira competição, a vaidade entrou pelo velho lar com os primordios do luxo, raças differentes invadiram o solo, comparações se estabeleceram, astúcias importadas riram-se da inge- nuidade autochtone e aos poucos, cora a herva damninha da cizania que se insinuava entre as velhas moles seculares, o edifício todo se desarti- culou e ruiu ás rajadas inclementes da lucta.

O culto da familia e do lar, dos deuses caseiros e das tradições ethni- cas, vogou ao léo pelas aguas re- voltas, como um punhado de algas, arrancado violentaraente de um es- pesso sargaçal, travado ao canto de uma enseada.

Não temos mais Natal; não te- mos mais familia I Os do mesmo sangue atrahiçoam-se, são pérfidos, são mesquinhos, são ingratos. Não ha grito de sangue que lhes valha a ambição. E a Patria toda resente-se do mesmo mal que perturba e des- vaira a coherencia de suas cellulas e o seu metabolismo vital. Cada indi- víduo desaggrega-se num mundo; só elle e só para ellel A sua intellígen- cia referve de intrigas para aboca- nhar e usurpar o que ainda possa res- tar de ingenuidade affectiva no cora- ção alheio. O seu olhar aterrador só vê deante do seu egoismo, terra de conquista. Sua nevrose de luxo e ostentação fal-o cégo á moral e ao escrupulo.

E assim aos poucos a raça se submerge, a terra se desaggrega.

Ha uma campanha a fazer para voltarmos ás tradições que conjugam as famílias, aos princípios que con- solidam 0 lar: ás tradições e aos princípios que com a familia fazem as raças gloriosas. O poeta, como o apostolo, é um sonhador que prevê. Da alma bôa que nasce a harmonia serena da phantasia, nasce sempre, como 0 alvo floco de espuma em que a mansidão das aguas murmuras dos regatos tranquillos florescem sobre os obstáculos, a flôr triuraphal dos gran- des ideaes.

Na hora dolorosa que a nossa nacionalidade atravessa — em que ten- tamos afogar todas as tradições da nossa moral nas aguas turvas das ambições desordenadas — uma voz. acaba de levantar-se, augusta e so- lenne, na vibração do introito do mais

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sublime de todos os apostolados. Ola- vo Bilac, o nosso maior poeta, esco- lheu S. Paulo, e em S. Paulo, o velho mosteiro da Faculdade de Direito, cujos muros guardam os échos da maior parte da nossa Historia — para lançar o seu primeiro brado em prol da regeneração nacional. A sua ora- ção, curta e synthetica, tem mais que o fulgor extraordinário que o seu es- pirito illuminado empresta a todas as suas phrases; ha uma scentelha quasi divina que nella scintilla, que des- lumbra e empolga. E’ que pela sua voz fallavam as velhas almas primiti- vas que 0 vento iconoclasta nào con- seguiu emmurchecer, as velhas almas

A LOBA (CONTO

DE DEZEMBRO)

ULTIMO ilia d’aniio, em plena serrania. O inverno ia cIiuvobo e desabrido, com ululancias tremendas do vento açoitaiite e indifferente e iniplora-

cSes de misericórdia dos camponeses des- abrigados, das arvores transidas c gementes, desolados todos por aquellca vendavnes im- petuosos, qiie não tinliain fim.

Setembro, já Uí baixo, nas terras ricas do valle, nas primeiras encostas das nionta- nlias, as vinSimas suspenderam á espera que amainasse a impertinente cliuva, arre- liadora e continua, que nâo perinittia entrar nas vinhas aos ranchos alegres da coilieita.

A agua em Jórros ensopára o solo, ca- vando ravinas, alagando planícies e os ca- minhos iam intransitáveis c lodacentos.

As misercimas searas daquella pobre gente, a quartita de favas para a venda, as couves carnudas para a úllia minguada, 08 centeios das courállas para a borôa de todo 0 anno, todas as culturas da época e da região ingrata, por certo não vem vèr lua de sol naquelle sdlo lamacento e encliar- cado.

A fome ameaçava já os desgarrados ca- salejos, 03 miserrimos tugurios das aldeias, e de todos lares, a cada momento, se eleva- va e crescia, o mesmo, o continuo, o dolo- rido clamor de magna e misericórdia,

Tudo morto, tudo derruido, por aquelle céo sempre carregado, sempre ameaçador.

Fara mais os auioiaes bravios, á mingua d’alimentO| desciam da serra, atacavam os rebanhos, raro o que não tivesse jã sotfrido assalto, e, durante as noites, oe lobos esfo- meados uivavam perto, rondando os case- bres, e raposas e gatos bravos, mais afoitos, esgueiravam-se na eseuridão, após tremen- das carnitieinas em coelheiras e quiiitaes.

Aquella continua, infindável invernia, desmanchando-lhes os seus limitados planos e aspirações, enchia-os do desesperada raiva. E, incapases de vingarem a sua desgraça contra o ceu haço e impiedoso, bastou que um, certa noite, na taberna do Domingos, alvitrasse uma grande batida ás févas atre- vidas, para logo se offerocerem algumas de- zenas de homens, os mais afoitos, a nella tomar parte.

Naigumas casas mais abastadas da lon- giqua villa, existiam ainda antigas armas (restos esquecidos das inglórias luetas civis) que, por intermedio do parodio, bom in- fluente eleitoral, lhes foram cedidas facil- mente.

Arejaram-se então as escopetas de pe- derneira, de ha muito em descanço, viram de novo luz os velhos bacamartes, carrega- dos de zagalotes, ns enterruj.adas pistolas, os clmços agudos, e, organlsada a batida, noite ainda, os improvisados caçadores, far- neis no taleigo, cabacita de aguardente de figo ou medrouho a tiracolo, abandonaram

que guardam ainda religiosamente o que de cada raça cabe a cada indivi- diio. E por isso a sua voz, na gran- de steppe infecunda em que o arri- visnio vae transformando a nossa na- cionalidade, conseguiu provocar um começo de reacção. Não nos deixe- mos porém illudir pela aura ligeira, que póde apenas ter marcado uma deslocaçáo de ar, na atmosphera es- tagnada de egoismo que nos desgraça. E’ preciso continual-a numa brisa, intensifical-a numa corrente, dar-lhe a asperesa dos ventos, o rugido do tu- fão, a violência da rajada, que le- vante e espalhe a areia inconsistente que se acamou sorraleiramenfe sobre

as habitações e começaram a trepar as ín- gremes encostas da grande serra.

Madrugada de inverno chiivisquenta e fria. Xo ceu plombaginoso, por oude gab gaiii nuvens em iiovello, cinza e pardo, que lufadas algidas impellem céleres, como ame- drontados rebanhos fugindo em atroçello, mal se distingue aluda, no nascente, a livida elaridade da manhã.

As sombras deusas não abandonaram, por oro, as profundidades dos valles e gar- gantas e apenas ns cristas da serrania, que a bmma não eneobre, vão surgindo, sinuo- sas, depremidas, em denticulos, gargantas, agulhas esguias, com collcameiitos flexíveis do cobra, rebaixos, espinhaços - até lhe desapparecerem, abruptos, os dois extremos, como que enkistados no proprio céu.

A chuva fraqueja e agora só delgados cordões fustigam as arvores, o solo, obli- quamente, n’um sussurro mais brando, que se presente, breve vae passar.

De novo vão resurgindo da tréva as có- pas dos pinheiros mansos, em largo pára- sol, as dos bravos, esguias e altíssimas, os sobreiros de grossas pernadas vermelhas, as oliveiras ramudas, toda a flóra arbórea e desenvolta du zuna media da serrania.

A chuva pai'OU lia pouco, mas por toda a natureza prostrada perpassa um longo, indefinivel arrepio de frialdade, d’estertoc, como se, para todo o sempre, a morte fosse exteudev a sua negra aza sobre a terra in- teir.i.

Socego quasi por toda a banda, Xem o volitar duma ave, ou o estalido de um ramo que desaba, se vem juntar ao continuo gor- golejar da agua nas ravinas, ou ao cachoar espumante nos açudes e azenhas. 0 vento abrandou por sua vez, de modo que a as- censão dos caçadores pelos trilhos resvala- dios pouco custa ás suas pernas rijas de camponezes, que toda a vida liabítaram en- tre cerros.

\Ias eis que, num arredio barranco, a meia encosta, as brenUas emaranhadas de silvas rumorejaram e a cabeça de uma loba surgiu, receo.sa, espreitando. Os seus olhos claros, com laivos sanguinoientos na córnea, hem abertos, miravam tudo á volta, pesqui- zando, ora fitos nos carreiros mal apercebi- dos, por onde os pastores trepam com os rebanhos rumorosos, ora sobre as lombas mal dislinctas, das quaes os caçadores avis- tam mais facilmente a caça grossa fugindo pelo matto. As ventas escancaradas aspira- vam, aflantes, a aragem fria e tinha con- tracções de orelhas ao menor sussurro nas ramagens, movimentos de sobresalto ao mais pequeno rnido vindo de longe.

Assim esteve tempo. Mas descançada talvez com a solidão, recolheu-se no silvado, para logo reapparecor com um cabrito im- héle pendente da bocea rasgada, cujas jire- zas alvissimas, afiadas como espinlios, des- tacavam ameaçadoras de sob o beiço pelludo e negro, que o sangue porejava.

Ainda quedou instantes indecisa, a es- cuta, eiim leves passadas de cautela, mas decidida, trotou apressadamente atravez o

a terra firme do nosso solo ethnico. E a nós, mulheres, compete apa-

nhar a vibração que a palavra do mestre fez nascer na alma da moci- dade e com ambas as mãos amparar- mos os primeiros bruxoleios da cham- ma indecisa, para que no coração de nossos filhos se enraize para não mais 0 deixar, a idea de uma familia unida pela mesma moral e de uma Patria victoriosa pelo mesmo ideal.

Voltaremos então talvez um dia a reunirmo-nos ao redor da grande mesa patriarchal, para uma grande ceia do Natal: o Natal da nossa Pa- tria ...

Anna Rita Malheiros.

arvoredo, ilesprezando caminiios talhados, de preferencia tomando os mais invios, pro- curando sempre o abrigo das moitas arím-- tivas e do matto bem medrado. A espaços parava, orelhas fitas, pescoço alongado, sem- pre á espreita, na desconfiança de uma ci- lada, prestes a fugir se avistasse homem, a luctar se qualquer outra féra Ilie dis- putasse a caça, que a tanto custo aleaiiçára.

O seu olhar reflectia a ferocidade dos perseguidos e esfomeados; scintilas cruas percorriaui-llio as pupilas, fios <le baba es- corriam-lhe d’entre os dentes espertados numa guhi iiisaciada ; e todo o seu ser, como que reanimado, vibrava iio próxima satisfa- ção da imperiosa fome que a minava.

Era corpulenta a loba e bem capaz de luctar com os mais valentes cães de gado dos rebanhos. Tinha o pello curto e áspe- ro, amareilo escuro no lombo, negro uo to- cinbo feroz, mais claro no ventre, oude as tõtas de parida bamboleavam flacidas, faltas de leite.

Havia dois immeusos dias que vagabun- deava em busca de alimento. E tão fraca ainda, mãe l.avia pouco, que só forçada pela fome abandonãra a lapa onde os filhos ge- miam, mencando as cabecitas indecisas de palpebras por ora cerradas, procurando o concliego do seu corpo, o sett leite e os seus carinlios e afagos do meiga creadorii. Aquel- Iss duas noites as passára num martyrio, aealentando-os dmi o seu fraco corpo exliaus- tO| sugada até o sangue, roendo ossos es- burgados que encontrára niima cabang aban- donada.

Era 0 primeiro parto e como andasse sempre atreceiada dos pastores corajosos e dos inumeios rafeiros, lodo um mez vagueou procurando algum esconso logar em que es- condesse a próle e do qual partisse soce- gada para a rázzia, consciente de a deixar em segurança. De busca em busca, foi dar eoin uma recôndita lapa, entre rochedos, a meio de uma garganta estreitíssima, a que julgar-se-ía impossivol chegar ao fundo, Je tai modo lisas e a pique eram as empenas rochosas e tão enleadas de agudos espinlios, as arestas rés da terra. De resto por alli não transitavam rebanhos, não existiam ar- vores e só uma vegetação bravia de tójos, urzes, giibarbeiras, mal cobria o solo greta- do e pedregoso,

Escolhida a habitação tratou de prepa- ral-a, não se fossem lerir os caciiorrinhos nas pedras soltas ou soffrer com os silva- dos, Assim, com cuidados de mão iiitelli- gente, nesse admiravel instincto congênito na femea, dispoz tudo para o parto. Livrou o cbão das pedras soltas, raspou-lhe a deu- sa camada de humus encharcado, empoeirou a terra, afofou euidadosaineute o ninho. E em esforços dolorosos, numa frigida manhã, deu á luz quatro cachorritos, nédios, quasi informes, que ella, cariciosa, foi lambendo, bafejando, ageitando-se paru dar-lhes dc mamar, _

A principio ainda tivera que comer. Duas vaceas, alcançadas por uma faisca, a meio da serra, deram-llie farto repasio por alguns dias. Mas outras féras acorreram ao festim, bandadas de córs-os abateram sôfregas so-

(Continúa na pag. 15 e 16)

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REVISTA FEMININA 7 o

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A CAÇADA POR COELHO NETTO (DA ACADEMIA BRASILERA)

somnambula, uma cigàna hedionda, mas verídica como os Evangelhos, disse-me que nâo caçasse. Encolhi os hombros e, no dia seguinte, de madrugada, atirava ás rolas em Jacarépaguá. Resultado... aqui ,me tens, ca- sado, irremediavelmente casado.

-Mas conta-me o teu casamento. — O meu casamento!... Minha mulher

é uma senhora de peso e medida —o peso calculo em cento e vinte kilos, a medida em um metro e cincoenta, sobre um metro de lar- gura; circumferencia maxima, ponhamos tres metros e vinte. E’, em tudo, superior a mim, como vês; tem até mais barba do que eu. Diz

ella que foi o primeiro marido quem ihe pegou aquellas felpas. Era ho- mem guedelhudo, isso era. O re- trato que delle possuimos serviu para desmamar os meus pequenos. Tào cabelludo, meu velho, que, ape- zar de o termos apenas em téla, a oleo, para que nâo se converta a obra memorável em pura grenha é preciso que um barbeiro, todos os sabbados, trepado a uma'escada, escanhoe a figura ou tose-lhe a me- lena. Minha mulher também bar- bea-se com as minhas navalhas, e os pequenos já começam a buçar. Ella éjoaquína, mas eu chamo-lhe Joaquim: dona Joaquim, assim allio 0 feminino ao masculino. Uma vi- rago, meu velho. Faz medo! Um inferno! O meu casamento... Olha lá a cartomante. —Tenho tempo.

— Pois é verda- de... O meu casamen- to... foi assim. Sabes que sou doido pela caça — caço tudo. Quando nâo vou ao matto caço em casa: borbotelas, mariposas, aranhas; ar- mo ratoeiras e divirto- me com as ratazanas que apanho. Em ultimo caso mato gailinhas a tiro. Mania... Pois essa mania deu commígo no matrimônio. Fui convi- dado para caçar porcos do matto na fazenda do coronel Tranquillino. Preparei-me convenien- temente e, promettendo presentes de porco do matto a todos os meus amigos, parti. Effectiva- mente a fazenda do co- ronel é, com perdão da palavra, um chiqueiro. Nunca vi tanto porco! São tantos que a gente nem precisa fazer pon- taria — dispara a espin- garda ao acaso e cahem dois, tres. quatro. Eu, dum tiro — e note-se que apontava a uma co- dorna — matei onze.

CONFIAS na cartomante? pois vai, vai. Não serei eu quem te desvie do caminho de Delphos. Meu amigo, são absolutamente verdadeiras as palavras de Hamlet: «ha muita coisa no céu e na terra a

que não chega a nossa exemplo, ainda não con- seguí comprehender estas duas metaphysicas: a po- lítica e a immortalidade da alma. Vai ao oráculo e crê. Se não fosse a minha aversão a abraca- dabras e sympathias, au- gurios, benzeduras e ou- tras tolices necessárias ao equilibrio da esperança, terias, ainda hoje, em mim, 0 alegre compa- nheiro de outr'ora: bom garfo, copo de seis al- mudes e o paradoxo es- fusiante. Sou actualmen- te um pouco mais que o animal bruto por que pen- so, menos que homem, porque nâo delibero.

- - Não és feiiz? — Sim sou. A feli-

cidade é uma resignação: 0 sapo é feliz no charco. Mas vamos, vamos cami- nhar um bocado. Gosto de andar e, no estado em que se acha a cida- de, tenho a impressão fantastica de estar pas- seiando sobre uma gran- da edição iilustrada das í^uinas de Volney.

Dá-me o teu braço, minha mulher tornou-me tão subserviente, tào pas- sivo, que não sei andar se não arrimado ou ap- penso a um balaústre qualquer. Quando saio a passeio, penduro-me ao braço da esposa e sóllo á frente o duetto infantil, exhibindo em publico a exuberância da minha cara metade e os gloriosos epigons, productos hybri- dos dum feixe d'ossos, um sou eu, e dum barril de banha, que é ella.

Linda tarde! Mas vê lál não percas a hora da cartomante, essas coi- sas são graves. Bruto foi avisado na vespera da batalha por uma lar- va; eu também fui, por uma somnambula. Se a cartomante te disser que não fumes, alija o cha- ruto: se te ordenar que não jantes, jejüa até a hora da ceia. A minha

van phüosopliias. Eu, por

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o 0 — 8

REVISTA FEMININA

— Codornas? — Porcos, homem! — Onze? — Sim, uma porca que estava em estado interes-

sante: tinha dez bacorinhos nas entranhas. Pois foi por causa dos porcos que troquei o meu feliz estado de celibatário por este em que vivo. O coronel tem em grande apreço as suas armas de caça e, ainda que não encontra|se que dizer das minhas carabinas, fez questão de que eu levasse uma das suas, explicando:

— Meu amigo, são armas de muita precisão e praticas em taes caçadas. O senhor atira a um porco, erra; pensa que perde a bala? está enganado: ellamet- te-se pelo matto e, emquanto não derruba algum ani- mal, não para. Com taes razões accedi e partimos. Éramos; o coronel Tranquillino, dois majores, quatro tenentes, seis alteres, todo o estado-maior da milicia da Congosta. Deram-me uma das esperas mais arrisca- das. 0 coronel, que conhece a fauna das suas terras, disse-me:

— Logo que ouvir grunhido faça fogo e não se importe. Se forem muitos porcos trepe a uma arvore e despeje balas.

— Entendido, coronel. Fiquei de ouvido alerta e dedo no gatilho, perto de uma arvore. 0 estado maior desappareceu, deixando-me como sentinella per- dida. De repente, um ronco... e que ronco! Não es- perei segundo; fiz fogo. Ao estrondo da arma respon- deu um grito, mas um grito como nunca mais hei de ouvir igual. Eu estava no chão, porque a tal arma era couceira como um burro chucro, e foi no chão que ouvi a voz. «Quem me acode!» Ora, se porco da cidade, vivendo em plena civilisação, não fala quanto mais por- co do matto. Levantei-me em sobresalto e quem havia eu de encontrar escabujando junto á barranca?...

— A porca dos dez leitões...? — ijual porca! Minha futura mulher. — Como? — Como?! com uma bala na barriga da perna_

Mas que barriga de perna, meu velho! Precipitei-me em soccorro da pobre senhora, quiz examinar a ferida que sangrava, mas a viuva...

— Viuvai — Pois já não te disse? viuva do tal merovingio,

o guedelhudo que se suicidou tres mezes depois de ca- sado. E eu creio que também morrerei disso! suspirou num arranco o Anatolio. Mas, dizia eu, a viuva enco- lheu a perna pudibunda e, tomando um calháo, dispu- nha-se a esmagar-me, e teria realizado o seu intento se eu não houvesse trepado á arvore á cuja sombra me acolhera. Ah! essas leituras classicas... Lembrei-me das J4etamorphoses de Ovidio e disse commigo: Quem sabe se não é uma porca disfarçada em mulher?» Com tal pensamento puz-me a berrar, mas a berrar como quem vê a vida em perigo. Eu berrava em cima, ella berrava em baixo, e a tamanho berreiro, como era de esperar, acudiu o estado-maior, com o coronel Tran- quillino á frente. Ah! meu amigo, que trabuzana! Es- panto a principio, indignação depois, e todas as armas apontadas contra mim. Intimado a descer, descí.

— Como é isto? bradou o coronel. Pois o sr. faz fogo sobre minha filha!?

— Perdão, coronel: eu fiz fogo sobre o ronco. V. s. disse que eu atirasse ao primeiro grunhido. Ouvi um ronco, zas! A culpa é desta maldita espingarda que não perde bala; se erra o porco aproveita disparo no que acha mais a geito. Ora a senhora sua filha...

— Cale-se! Calei-me. Houve um conselho de guerra — a viu-

va exigiu reparação por eu lhe haver visto a barriga da perna. Que havia eu de fazer diante de tantas bo- cas de fogo? Comprometti-me a indemnizar a moral da senhora com o meu nome e...

— Casaste?

HYMNO A PRIMAVERA PARA ALBERIV DE OLIIEIKA

0 Mesfre

rrimavera de ítis... Vnmarera de amor! Nol, mie saiona o fnu-to e dã helltAO íí ftór! SymboUi do hymeneu ideal, entre os ideaes. Do So! feeunâador e a Alma dos rejjelaes- Primarera doirada! os Inis dias sao leias í: eií imagino i'er-o Iiifinito-por ellas. Vires em cada ficn-, cada gotta de orcalho. Cada restea de hizVire» em cada galho ’ Cantas em todaa parte, esplendida e triiimphal. i* texí hymno que tem aeeordes de nystai! Primavera gentil! velas com tal carinho A moita mte se fecha a resmiardar ííto ninho!... Vens do jmii astil do Soiilio e da Chimera Foi Exvs. que ao nascer, te creou. Primavera! Itei.ras em cada canto um raio de esperanço : yo seio da mulher... na face da creanca... Primavera felii! tudo oiie em ti se encerra Produza seira sã que feiiilisa a terra... tjuando os dias aziies. pHmaveris, contemplo Eutenhoasensaçnode estar dentro de um templo! Kacismo. esonho, e vibro,esoluço, esupplico!... Xasquando aSoiterem... com quésaudadesftro! Ihimavera radiosa: infiltra-me de amor! .sp tu, na minha vida. o ideal consolador! K quando a Almabuscar. num vôoHvre.oAlém.

fu amorfalharme. ó Primavera! V»wií LALRITA LACERDA

ÍPara a Revista Feminina) Nota da Redacção: — A no^&a nova collaboradora

Laurlla do Lacerda, é uin dos nossos mais formosos talootos femininos. A sua obra poética, delicada, suave, de tintas leves e encantadoras, está esparsa ent jotnaes o revistas do Rio e tdm sido recebida com louvores pelos críticos,

— Casei. Foi a minha ultima caçada... de celi- batário.

— E vives com teu sogro? — Vivo. Administro a fazenda e caço porcos do

matto. Queria que me visses em dia de caçada — a furia com que atiro sobre as varas, o rancor com que espostejo os feridos, a gana com que esburgo as cos- telletas. Porcos malditos! Não fossem elles e eu se- ria ainda o alegre Anatolio de outros tempos, livre, lé- pido, flammejante. Mas que horas são? vê lá.

— Quatro e meia. — Como! Quatro e meia!? E minha mulher...

Ah! meu amigo, o casamento. Imagina a minha vida: janto ás cinco, jogo a bisca até as oito, ceio, rezo um rozario e durmo ao lado delia:

(*omme un troiiponti pai.siblp aux plêil> H’udo montu^iio

E ainda sonho com porcos. Aquelle bonde ser- ve-me. Adeus! Olha se gostas de caçar... eu tenho uma cunhada solteira: 18 annos, pesa w kilos. Vai á cartomante. Ha muita coisa no céu e na terra...

E a correr, com as abas do fraque ao vento, lá foi 0 Anatolio, o alegre Anatolio, primeiro, conversador do meu tempo, a graça sdntillante das ceias do €/ pio- rado, 0 poeta de todas as cabotines, o apaixonado de todas as esiretlas: Anatolio das rosas. Lá foi, pendu- rado ao balaústre de um bonde, magro, escanifrado, mettído num largo costume côr de canella, talvez do sogro, com o chapéu enterrado até as orelhas. Anato- lio, 0 arbitro da elegancia. Porcos do matto...

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REVISTA FEMININA 9

o -o

J{azQo e o Coração

A traducfào foi carlnbosam^nte f«tta pela «Jistincta lenhora bahiana D. Kmilia de LeraoSí um Jos espiritou feraininoa mais brilbante da Bahia, legeodaria nas pagmae <lo espirito.

0 frfchc !tve e deficicsc, sobrf cs dois dt eàucacão, o da rozâo t o do coração, é âe d(tnry J^cujori, da Jtcadcmia franctsa e neUc sc dcscrimirja uma das /aces suó/imcs âo pape) das mtâes, rja /ermaçio dc umo J^atria g\oriosa%

meus amigos D., tinham resol- vido enviar ao collegio, o seu filho Roberto. A minha en- cantadora amiga, a Sr.f D.,

tinha passado todo o dia a suspirar. Roberto é um pequeno de doze annos, muito experto, com todos os defeitos de um diabrete: — Inaptidão á obediência e predilecção pelos jo- gos absurdos.

A ultima vez que o interrogaram sobre sua vocação respondeu, sem pesfeneiar:

— Quero ser aviador! O senhor D., indignado, respon-

deu-lhe; — Daqui a oito dias você será

aviador no collegiol — Pensa que eu me importo! —

replicou 0 pequeno. A insensibilidade que esta phrase

parecia denunciar no coração de Rober- toalarmara a familia D.,e era esse o ob- jecto dos commentarios que se succe- diam, naquella noite, ao fim do jantar.

— Ah, suspirava a senhora D., tão novo ainda, é um peccado man- dal-o ao collegio.

Resolvido a respeitar a sua dor maternal, nada objectei. Não tinha mesmo nada a dizer e nem poderia dizer qualquer coisa, porque na familia D. a palavra é propriedade quasi exclusiva do tio Eduardo, que tem ideas definitivas sobre todas as coisas, divinas e humanas. Velho ce- libatário, elle abunda em theorias pedagógicas. Depois de ter accendi- do o seu quarto cachimbo, tio Eduardo exclamou:

— Não ha nada melhor para um petiz que a vida de collegio. E’ o bom tempo.

Para evitar a velha canção sobre as virtudes da educação em commum interrompi-o;

— Em que collegio fostes educa- do, senhor Eduardo?

— Em nenhum — respondeu-me elle —Minha mãe corametteu a falta de crear-me agarrado ás suas saias, 0 que eu não cesso de lamentar.

— Então, meu tio — disse a se- nhora D. — como sabe que os meni- nos são felizes no collegio!

— E’ o meu bom senso que o diz, minha sobrinha. E basta ter ou- vido 0 que Roberto respondeu: — Pensa que eu me importo!

— Meu marido suppõe ter ouvido essa phrase. Eu não creio porém que 0 meu Roberto...

— Pois crede. Roberto é um me- nino sociável. Elle se deve aborrecer aqui, entre o vigário que o acaricia e 0 professor, do qual elle zomba. A

idea de ter novos camaradas encanta-o. — Então meu tio crê que nossa

resolução foi acertada? — Pois claro! — O pequeno é intelligente — re-

plicou a senhora D. —Consolo-me com

Todos os prêmios! Como si não fos- se necessário habituar as creanças ao cumprimento do dever pelo dever e não pela esperança de recompensa. Renunciae a taes tolices, que iiâo con- dizem com uma educação viril. Não

... era 0 objfcto des eommentaríos que se sueeedíom, rjaquella neife, ac fim do Jantar...

a idea de que elle será o primeiro, que ganhará todos os prêmios...

A explosão de um obiiz de meli- nite imitaria ma! o effeito dessas pa- lavras sobre lio Eduardo.

— Eu já esperava por essa! Eis o que são as mulheres! O primeiro!

se trata para vosso filho de que seja o primeiro, mas de aprender a viver em commum. O collegio é a escola da egualdade...

— Mas, meu tio — interrompeu a senhora D.-não são só as creanças que gostam das recompensas I Lem-

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REVISTA FEMININA I

OOOOOOOOOOOOOOOO0OO0O00O000000000000000O00Q0OOOOOOOO0O900900000000000000000000000000000000000900000000000000000 o o

Pora 0 Reolsta remlsloa

sonfsos amsiciosos

(Soséphln 5ouIaru

Cerra tsuoesse eu quol<iuer. luanle, eumpo ou uallodo, Ceodo uma agua a corer. quedo, foste ou eacfioelra, Plantara aruore afit, cedro, emfauia ou polmelro, CoDslruIndo um galpdo, zinco, palha ou lelhado.

Ha aruore nloho hom, berro, felpa ou gramado, Conierlo um cantor, lyd, canarlo ou oollelra: bello bom ao gatpdo, berço, rede ou eslelro. Resguardaria um ser, clero, escuro ou bronzeado.

Basic ume guotle sd, que melhor medlrtc, Pois a esle ser, mois bello c meus olhos dinc: — Cm frente co sol que nasce eu, de pí, le dlsponho.

Cdo longe quanio ud nc reluo a lua sombra, Cdo longe pou trocar meu desllno na alfonbra.., - Penture esquina ds mdos, não t mcis do que sonho!

B. OCTflCIO. 19ie. (Da dccdemlc Paulista de belrasl.

EXTREÍIIOS Pera 4 Reolsto Femroiua Se aceso comilgo sonho. Penso que nines, de fado, Ifum mundo lodo risonho. De luz, de amor, de recato... — Rh! eunce eu sonho eorollgo.

Por meu ecsllgo!

Codas as noites qulzda Cooloi-le os meus dissabores, Da oonhdeocle sincera Queluz dos espinhos flsres... — Se eu pudesse, sonheilc

Sonllgo, de noite e dicl

Sonhar, meu Deus, t Ido pouco, E nem o sonho escolhemos! (Dos 0 coroçõo que t louco [Ido sobe medir eslremos: Ouondo a soudede i medonha,

flti oom sonho se sonhai PRESCIbianS DURRTE DE RblDEIDR. (De Rcademta Paulista de beltasi-

OOCOOOOOOOOOOOOOOOOOOOeOQQOOOOOOQOOOOQOOOOOOOOOOOOOOdOOOOOO^OOO^OOOOO&OOOOOOOdOOOOdâ000d)00000000O000OO090OQCooo

bra-se do jantar que o senhor nos offereceu, quando foi condecoradol

— Como si eu tivesse ligado im- portância á condecoraçãol Foi ape- nas um pretexto para reunir a família. E depois que relação ha entre minha condecoração e a entrada de Roberto para o collegio? Decididamente é impossível discutir com senhoras. Vou acabar de fumar meu cachimbo no jardim.

Seguiu-se um momento de silen- cio bem conhecido, que succede a uma phrase imprudente.

— Oabriella, minha querida — dis- se afinal o senhor D.— creio que o tio Eduardo zangou-se com você.

— Corro então a apazigual-ol— respondeu gentilmente a senhora D.

A ausência do tio Eduardo deu- me ensanchas para emittir uma opi- nião e não me furtei a exclamar:

— E’ inútil, minha senhora! fique onde está. O senhor Eduardo, que eu venero, e a senhora incarnam duas doutrinas oppostas.

— Valha-me o ceul — replicou-me a senhora D.— Acha então que eu incarno uma doutrina? E eu que não sabia!

— E’ justamente por não o saber que a senhora a incarna tão bem! O tio Eduardo está poderosaraente, so- lennemente, terrivelmente consciente de sua theoria; soffre da affecção que um sabio classificou como a “horrí- vel mania da certeza”. Por nunca ter sido collegial e por ser um velho celibatário, construiu uma pedagogia pessoal.

— Nosso tio Eduardo é no entretan- to um homem dos mais intelligentes...

— De aceordo, minha senhora. Eu não digo que elle não seja intel- ligente; acho-o ao contrario excessiva e terrivelmente intelligente. E’ um logico. Leu em uma quantidade con- siderável de livros que o sentimento do dever deve bastar á consciência humana.

— E não é essa a verdade? — Com certeza, minha senhora,

mas na lua. Sobre a terra é preciso distinguir. Aposto que o philosopho que com mais clareza formulou o principio acima, que é sobrehumano, escreveu no mesmo dia e com a mes- ma penna ao deputado do seu distri- cto, para pedir-lhe uma condecoração! São necessários prêmios, medalhas, fitinhas e as mil babozeiras decorati- vas aos hospedes da velha nurserie, que se chama humanidade. Eis por- que tio Eduardo se sentiu desmonta- do. A sua couraça, que é excellente, tinha uma falha, que a senhora visou inconsciente e infallivelmente. E’ a felicidade do genio feminino: Trium- pho da intuição sobre a inteiligencia. Não é indispensável que as mulheres sigam os cursos de phiiosophia de Ber- gson ou de outro. Basta que eilas repi- tam de vez em quando: «O coração tem razões que a Razão não conhe- ce*. Toda sua phiiosophia ahi está. Tio Eduardo é a Razão; e a senhora é 0 coração. A senhora deseja arden- temente que seu filho seja o pri- meiro. ..

— E’ natural. — E que elle seja se mpre o pri-

meiro. — E' 0 meu desejo .

— A senhora não se preoccupa com os outros meninos que desejara egual classificação, ao menos de vez em quando...

-Não são meus filhos! — Bravo! E’ pena que o tio

Eduardo esteja no jardim. Ou antes, não! E’ preferível que elle não es- teja aqui, porque si elle a ouvisse, teria uma apoplexia. Minha senhora, persevere no erro que affiige e re- volta ao nosso excellente Eduardo. No dia em que os nossos meninos não quiserem mais >ser o primeiro», o genio da raça deverá vestir-se de lueto. Compete ás mães entreter nas almas novas o amor da gloria. Seu marido ensinará ao seu filho a doci- lidade, 0 respeito aos mestres, a lealdade, a obediência. A senhora terá 0 papel sublime de exaltar o seu orgulho. A mãe é. em cada família, a guarda da floria. Mulheres de nossa patria, ajudae-nos a ser um povo glorioso... K agora peço-lhe mil desculpas, minha senhora; que o céu me perdoe o meu sermão!

— Então — concluiu a senhora D. a offerecer-rae uma chavena de chá — acha que Roberto será sempre o pri- meiro?

— Silencio, minha amiga, ahi vem fio Eduardo! — disse o senhor D.

Effectivamente a Razão, tendo ter- minado o seu quinto cachimbo, vol- tava ao salão.

f^enry f(ouJon, 3o jfca^emia /rortcezo.

(Craducç&9 «specitrl para a litvísta feminirta de S. J>auh).

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REVISTA FEMININA II O

ns IMITAÇÕES OE REMOA EM CROCHET

TRRBRLH05 DE RQÜLHR

pois as/jcssas íiiforas irfcz«7\do o q

) daremos ati}ostra de um feito eom o quadrado U rendo de ve/jeza.

'Aorodo e esperar peh qosso proximo qurrjero).

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1 Jí renda de ver/ezo em crod^et. — A renda de veneza, fão apreciada e tâo rica, offerece difficuldades techni- cas não pequenas. Pode-se porém obter o mesmo effeito com o croctiet, que se presta a qualquer dos desenhos da renda de Veneza e que é de muito mais facil execução. Damos a seguir umas amostras de renda de Veneza, em crochet, que muito deverão agradar ás leitoras desta secçâo.

1 —Quadrado em crochet-9 m. no ar; fecha-se a rodinha. |-''volta-3 m. no ar para primeira brida, 3 m. no ar, 1 brida em cada m. Recomeça-se. 2.» volta - 4 m. simples em cada aberto. Ao to- do 32 m. - 3.“ volta-1 m. simples em cada m. simples.-4.^ volta-1 m. simples em cada m. simples, porém augmentando 1 m. nomeio de cada aberto. Ao todo 40 m. 5.''carreira-4 m. no ar para uma brida dupla, 8 m. no ar, 1 brida dupla em frente de cada brida na 5.= m. simples.-6.volta-12 m. simples em cada aberto. -7..‘vol- ta-l m. simples em cada m, sim- ples; 2 em frente de cada brida. - 8.“ volta-Im. simples em cada m. simples, 1 m. passée na ul- tima. -9.“ volta-5 m. no ar para a !.•■ quadrupla brida, 15 m. no ar, uma quadrupla brida acima de cada dupla brida - Recomeça-se e depois I m. pas- sée na quinta das 5 primeiras m. no ar. -10.» volta - 25 m. simples em cada aberto. - 11.» volta - Para um grande cone fazem-se 11 m. simples de cada lado das quádruplas bridas. Ao todo 22 m. simples.

Vira-S6 0 trabsIhOj 21 iii. simples. Diminue-se 1 m. em câds volta até uma m. e corta- Fig.n.2. R«nd« d«<rochet, imitaçio se o fio. Fazem-se 4 grandes cones e 4 pequenos. Para estes 22 m, simples, diminuindo no fim e no começo de cada volta, uma m. Continua-se até 1 m. e corta-se o fio. - 12.n volta - 1 m. sim-

FI9. n. 1. d« crochet, ImitafJo de renda d< Veneza

pies sobre a ul- tima m. simples dopequenocone 11 m. no ar, I quintupla brida entre os cones, 19 m. no ar, 1 m. simples na ponta do grande cone. Recome- ça-se-13.» volta- 5 m. no ar, so- bre as quaes sào passadas 2 m. - 14.» volta. 5 m. no ar, I m. sim- ples no meio das 5 m. no ar da volta preceden- h — fli nossa figura n. 2 é uma linda amostra de crochet, imitação Reticella.

Fi^. n. 3. Entremeio de crochet, imitação de gítet bordado.

te. Recomeça-se. Em cada canto, 2 m. simples se. paradas por 5 m. no ar - 15.a volta - Sobe - se até ao meio das 5 m. no ar, 4 ra, no ar para a l.á dupla brida, 10 m. no ar, 1 du- pla brida no S." aberto. Em ca- da canto 2 du- plas bridas se- paradas por 10 m. no ar.

II i^enda de crochet- Jmi~ tação de l^elicel-

E’ feita em 7 volta e 0 desenho é tâo claro que parecem desneccessarias expli cações mais detalha das. Cada canto tem 7 pyramides.

Ili €r}tremeio de crochet- Jmitaçào de fUet bordado — E’ uma linda amostra a da fig. 3. Pode ser exe- cutado com linha fina ou grossa; neste ultimo caso servirá para store, colchas, etc. Fazem-se 83 malhas e sobre elias 26 barrettes passando sempre 2 pontos e separando-os por 2 m. no ar, 0 que vos dará 26 buraquinhos. Fazem-se 4 carreiras assim e

na 5.» carreira começa-se o desenho, fazendo uma barrette sobre cada m. no ar e no mais unido fechan- do de accordo com 0 de- senho.

IV Srjtrerrieio epon- ta de crochet para bhjsas e liphos —As nossas fig. 4 e 5, são duas amostras ingle-

F.g. n. 4. Entr.m.io <le crochet ZaS dC efíeitO SOrprCndCntC. Fag. n. 5. Pont» crochet

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Parecem-nos tâo fáceis de executar que deixamos de dar a cortagem das malhas.

Cbservo(âo: — Pedimos as nossas leitoras que quizerem suggerir qualquer idea para maior elucidação dos assumptos tratados nesta secção, que nos escre- vam sem acanhamento. A i^evista penjinina é uma pu-

blicação que pertence a todas nós e é preciso conside- ral-a como um meio de communicação entre as senhoras brasileiras, como um “Club feminino’’ si me permittem a expressão e o que é mais original, um club... por correspondência.

ROiB T.

MO TRIBCJhRL

SBLR do tribuiuil regorgitnva. O ci ime da Carhotira fizera sen- s.içâo airoroçaiulo o povo de Ui- vradores p.tciilos qv;e, se não fora

a priidenci.i do delegado, teria lyiichado o réu.

O jornal da terra, noticiando o caso tom grandes títulos e pormenores meudos, descrevera, em cstylo de novella, o antro do assassino, com todas as bugigangas en- contradas eni uma arca de piiibo, pelas paredes, cm potes e frasco.,; Uervas, bú- zios, ossos, missangas, mólbos extravagan- tes de raizes eni qiie havia mecfias de cabellos louros, que foram reconhecidos como da victima, moedas de cobre, cin- xas, tnolambos eiisangiieiitados.

Kazia um calor insupportavel naquella estnfilha apinhada de gente; fazendeiros, colonos, empregados ila Estrada de Ferro, todos suando, abi.n;indo-se com os cha- péus, esponjando*se com os lenços, por- que o juiz, sempre apiançado d’asthma, ;ipezar das reclamações, temendo as cor- rentes de ar, não consentia qiie abrissem as jaiiellas.

E abafa\a-se. O ambiente eslava nbrumado dc poeira musqiieando os raios de sol que desciam, em pranchas, pelas abertas do telhado, cujo forro pendia, em p;irte, despegado e fraiijado de teias d’ara- nbas. E um cheiro acre de campos e montados, mistiirando-se com o f.irtum de biiarda, fazia pensar nas lavouras viçosas e nos rebanhos livres que lá andavam fóra, ao sol, escolhendo as hervagens fres- cas ou repousando á sombra das grandes arvores.

Sentado no b.inco judiciário, cabis- baixo, immovei, o negro era um perfeito gorilla.

Velho, magro, parecia abalado por- que a todas as perguntas respondia com soturnos resmungos, sacudindo a hedionda Cabeça, cuja carapinha eriçava-se como sarçal. De quando em quando, mettendo os dedos pelos rasgões das calças, coça- va, raspava as peruas escalavradas e o Iodo secco qtie as cobria esfarelava-se em poeira e na pelle negra, como rabiscos em lousa, ficavam as marcas dns unhadas.

A sessão estava a terminar. O pro- motor fôra tremendo, e o advogado, um mocinho de barba rala, enfezadinho e tí- mido, engrolava uma defeza fraca, arras- tada, sem argumentos, citando poetas e descrevendo a vida barbara nas aringas d’AÍrica.

-—Pobre brutol disse eu.

— Um bruto, em verdade, affirmou o engenlieiro Guedes, um guipo moço, a melhor palestra da cidade. Se o senhor houvesse conhecido a victim.i de tio es- túpido monstro teria a illusão de haver encontrado, perdida na terra, a décima musa, Porque eram dez, explicou sorrin- do; Hesiodo deixou de iucliiír na sua theogonia a musa da graça,., naturalmen- te porque a não vin.

Era uma senhora formosíssima, sn- periormente instruída, lendo apurado a intelligencia em convívios magníficos, em viagens, mesmo com o mari-io, o pobre Ernesto, um fino temperamento esthetico exilado na lavoura do café.

Xuiica foi á fazenda d.v íisík-a ^ Hoje é quasi uma tapera. Xo tempo em que ella vivia era um encanto. Como fica a um suave hilometro da cidade eu não fal- tava ás recepções dos sabbados. Reunia- mo-nos no admiravel salão, onde havia quadros preciosos dos mais celebrados mestres da pintura moderna, bronzes ra- ros, mármores admiráveis^ uma soberba collecção de medalhas, eamapUens, gravu- ras antigas, moveis authenticos, Um ni- nho de Arte a que não faltava a ifusica, com os seus m.ais delicados instrumentos, desde a harpa e a cythara das bailadas até o moderuo e sonoro Bcchstein. Fa- zia-se palestra tranquilla ouvindo elegias, sonatas, ás vezes lieder qnando a profes- sora, uma linda allemau, de cabellos dou- rados e olhos cor d’agu;i marinha, dispu- nha-se a cantar.

E como a encantadora senhora fazia as bouras da casa! A este, falando da excelsa musica beetboveana ou do drama musical de W.agner; àquelle dizendo a siia impressão sobre unia tela do Renas- cimento; citando aqui um verso de Mus- set; emittindo além a sua opinião sobre o talhe de nm corpinho oti a forma de nm chapéu, sem descuidar-se da ordem, diri- gindo o concerto e o serviço volante dos refrescos, feito pelas criadas aisacianas, coifadas de branco, com uma galanteria que lembrava o grande século, Uma mu- lher ideal!

O engenheiro limpou v.igarosamente o rosto e, inclinaudo-se, disse-me baixi- nho ; Pois, muitas vezes, deixava-nos sor- rateirámente para ir, de fugida, á senzala onde vivia alapardado este bruto, levar- Ibe uma guloseima ou quem sabe? pres- tar-se, talvez, a uma bruxaria obscena.

— Com que fim ? perguntei,

— Por vaidade; para não perder a linha flexível, graciosa, do corpo.

Sujeitou-se a tudo e morreu em tor- turas incríveis e só á ultima hora, e ain- da com medo, denunciou o assassino. Qtie quer? o espírito humano não se li- berta da superstição, que é a essencia da Fé. O alavisnio impoz-se, avassalou toda a cultura moral e a filha do fazendeiro, creada entre negros, a ouvir as narrações eslr.inhas da gente barbara, repontou ven- cendo todos os escrúpulos melindrosos da eiiucação.

A feiticeria..! Este negro é nm bru- to inconsciente. Vão coiidemnar um ani- mal. O mesmo seria pedirem o máximo da pena para um cao que mordesse uma criança. O advogado não soube aprovei- tar-se da imbecilidade para apoiar a de- feza na incousciencia que irresponsabilisa.

Acabar com o feiticeiro... X.ão co- gitemos em tal. Moysés insurgiu-se con- tra os chaldeus e lá está, no Êxodo: Olaleficos uou patieris vivere.» Xo Deu- tcrouomio ha também a conderanação dos que realizavam prodígios, Saul expulsou- os do reino. Os romanos tinham os co- nhecidos decretos: tüe ixpeUendis tx urbe Cluldaeis el mallittnaiicis.i A Eda-le Me- dia queimou-os em brazeiros; hoje encar- cerara-nos.

E elles proliferam, multiplicam-se graças á crendice estúpida. Vivera á custa da eterna superstição, do barbarismo iin- manente e não são como os sábios da Chaidéa austral nem como os homens subtis da Thessalia: são brutos como e»te negro boçal que deixou a enxada e, cora 0 dorso lanhado a vergalho e o [lescoço avincado pelá gargalheira, fez-se hiero- phanta de sortilégios. E’ um criminoso? não. E’ um imbecil.

— O senhor absolvia-o? — Xão. Condemnava-o, porque en-

tendo que não se deve deixar solto o cão que morde. Mas não o submettia a jul- gamento. O jury é uma instituição em que se julga a «consciência*, não o ins- tincto.

Houve um refluxo na sala do Tribu- nal. O advogado, suando em bicas, dei- xava a tribuna e o negro, sempre cabis- baixo, os braços mollemeiite pendidos entre as pernas magras, cabeceava cochilando. E o engenheiro, aíastvndo-se, ainda ajun- tou, a sorrir:

— Se começam a trazer anímaes ao jury temos causas para todos os advogados.

Coelho Netto

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VIDA

FEMININA

‘Rs VIST A Fs Ml NINA’' DE Sáo Paulo

T^NTRE ou «porta ffmininos gue eatão em moda em ' Inglaterra, é grande o faror em que é tido o

PiuUÜiiiíí. 0 que é o PíuUUiiíir;^ Parecerá áa no&aas leíior‘ia um aport muito rompHeado, tal o aeu nome de baptíaino. K' no rmtanto um aport tão sim- plea quanto o footing, de que tanto faliam as noasas elegaiitea e gue se resume em... paaseiar a pêt IH- 2emo.s as nossas elegantes sem querer tdn anger á todas ÍI.9 .sritlforas de tom. pois muitas ha que ainda amam e acham sonoridade na nossa lingua e disem muito simplesmente, quando aa encontramos em uma de nos- sas avenidas, qtte estão fazendo “o sevt passeiotinho a pé". A maioria porém acha que cança menos fazer o footing (ío que imssear a iié e para esta maioria o no- vo spoid terá mais encanto si conservar o nome origi- nal de p.-uldliiig, que c simplesmente, passear a pé desratço pela praia. piUinhanilo na agua. A tradurçào em portuguez seria patinhagem. que é ej-pressão clas- Siru da lingua. -4s nossas gravuras, reproduzidas de unui revista ingleza. são as urffsfas inglezaa Dorothg Fuston. e. Tommg Sátelair (a que está deitada), fa- zendo a aua hora de patinhagem.

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REVISTA FEMININA I

Como as Esposas Devem Pensar

NÃO é raro sorprender um sorriso nos labíos de algumas senho- ras quando se lhes falia na edu- cação do pensamento. «Por

mais que se faça não se póde deixar de pensar em certas coisas* — excla- mam algumas.

O pensamento mal orientado é sempre a causa de míI males. Que se diria de um proprietário que não procurasse canalisar uma agua que atravessa o seu dominio e que a dei- xasse correr á sua vontade?

Em certas partes de seus campos ella se extenderia eni grandes lençóes, submergiria as terras e as transfor- maria em pantanos, emquanto as ter- ras altas morreríam de sêde. Sobre as regiões declives ella se precipita- ria impetuosamente, rasgando ao aca- so seu leito e devastando o solo, cujo humus arrastaria na sua torrente.

E si esse homem se mostrasse desesperado por tantos estragos, não seria justo pensar-se, que elle era apenas.victima da sua insensatez, por não ter sabido tirar proveito de uma situação topographica, que os seus vizinhos tinham considerado excel- lente?

O pensamento mal disciplinado é semelhante á agua que se deixa cor- rer ao seu capricho: os estragos que delle provem são sempre em maior somma do que os benefícios que del- le deviam resultar.

Quantas uniões são diariamente perturbadas pela falta de educação do pensamento, que facilita as omis- sões e a desordem 1 A maior parte daquellas que não estão imbuídas des- se principio imaginam quando, por inhabilidade, deixaram de attender a um desejo legitimo do esposo, que se desculpam sufficientemente, com a ex- pressão commum;

-Desculpa-me; eu não tinha pensado nisso.

Augmentam muitas vezes a gra- vidade da falta quando ajuntam:

— Eu não pensei mais nisso. E acreditam desobrigar-se intei-

ramente quando dizem: — Eu me esquecí. São tres graduações de uma só

fórma de negligencia mental. Não ter pensado nisso, é sublinhar a futi- lidade do objecto, muito pouco im- portante para não deixar viver a idea do dever, a menos que não seja con- fessar a fragilidade de seu cerebro. E’ muitas vezes a causa do descon- tentamento do marido, que encerra a mulher num dilemma inevitável. O seu raciocínio é o seguinte: — Ou minha mulher deu importância ao que eu lhe pedi e o facto de não ter pen- sado nelle, implica uma leviandade de espirito ou ella não ligou importân- cia e não prestou attenção ao que eu

disse e então, prova a insufficiencia do seu juizo.

Destas duas differentes conclu- sões surge sempre uma reflexão amar- ga, porque o marido constata que os assumptos que o interessam, não são julgados dignos de attenção pela sua mulher. O facto entretanto delia des- culpar-se «por não ter pensado-, in- dica que ao commetter a negligencia ella sabia que faltava a um dever.

A falta aggrava-se quando a omis- são é confessada com a segunda ex- pressão «Eu não pensei mais nisso!» — porque implica um estado de es- pirito censurável, pois que um as- sumpto que foi julgado primeiramente digno de reflexão, foi esquecido por uma dispersão mental. A terceira for- ma é mais definitiva: — «Eu me es- quecí I • Fica 0 marido deante do nada, por maior que seja o seu amor pela es- posa. Ou a mulher que elle esposou tem uma mentalidade inferior ou o seu affecto por elle occupa tão pouco lugar na sua vida, que os desejos delle não podem ter preponderância no seu pensamento. A esposa con- fessa assim o vasio do seu cerebro ou 0 caos da sua vontade moral.

Taes desfallecimentos no entanto são devidas mais á dispersão de ideas do que á pouca consistência do ra- ciocínio. Saber pensar, é tudo. O lim do pensamento não póde ser uni- camente, a alegria de deixar circular no cerebro uma sequencía de ima- gens disparates, cuja variedade só póde augmentar a desordem das decisões. O pensamento é a gene- se da idea; é a semente que con- tem os germens da acção. E’ neces- sário pois pensar judicíosamente para agir com precisão. A esposa moder- na deve pôr seu pensamento, ao ser- viço da sua felicidade conjugal e dirigíl-o segundo as exigências das emoções, que ella deseja suscitar. O pensamento, que gera o raciocínio, deverá servir para afastal-a dos im- pulsos que precipitam os gestos, nem bem a impressão se dá. Ella estabe- lecerá entre a percepção e a resolu- ção, 0 espaço necessário para o ra- ciocínio, para a pezagem das respon- sabilidades. Em uma palavra, ella deverá fazer calar o instincto, para poder escutar a vóz da reflexão O habito de concentrar suas emoções antes de as exteriorisar em actos ou palavras a porá a salvo de mil peri- gos que a espreitam. Evitará também 0 escolho sobre o qual se vêm que- brar muitas vezes, a felicidade de um casal; — as confidencias. Ora por obedecer a um sentimento de fraqueza, que a leva a procurar consolações que não encontra na sua energia ausen- te, ora por seguir o instincto que impel- le as almas vacillantesapediremappro-

vação para as suas decisões — muitas mulheres não trepidam em confiara ter- ceiros, pequenas misérias da sua vida conjugal. Si os confidentes não são de naturesa fina arvoram-se muitas veses em conselheiros e não hesitam mani- festar uma indignação, cujos resulta- dos são muitas veses resoluções ex- tremas. O que se passa em taes casos é notorio. Segundo a lei de pro- gressão á qual não escapam as nar- rativas. 0 ligeiro erro do marido transforma-se rapidamente numa gran- de falta, cujo perdão os confidentes difficultam, augmentando o rancor da esposa offendida. Ella se sente de- pois coagida para perdoar, porque não se quer humilhar deante de seus con- fidentes. Um provérbio oriental diz: «As palavras que não pronunciamos são as escravas de nosso pensamen- to; as que deixamos escapar, tor- nam-se rapidamente senhoras de nossos actos». Quem não reflecte antes de fallar, convence-se rapidamenteeá sua custa, da verdade desse aphorismo. Quem é iniciado no estudo do pen- samento não ignora que, cada realisa- ção é a consequência de uma serie de actos e que cada uin delles, teve a sua genese num pensamento. Para limitar o conjuncto e obter uma co- hesâo perfeita é necessário formar uma idea directriz, ao redor da qual devem as outras gravitar. Admitta- mos, por exemplo, que a idea direc- triz seja representada no cerebro de uma esposa pela preoccupação de manter em sua casa a harmonia completa, morai e material.

Ella se convencerá rapidamente, que dessa unica preoccupação, depen- dem ideas que parecem differentes umas das outras e que não têm entre ellas, senão uma relação tão longiqua, que uma pessoa inadvertida poderia suppol-as absolutamente independen- tes. Entretanto, por afastadas que pareçam, ellas são tributarias da idéa conduetora e obedecem ás suas leis.

Por seguir, sem dar por isso, o fio da idéa directriz, ella procurará crear ao seu redor uma atmosphera acolhedora, na qual as coisas uteis se acasalarão ás que pódem agradar aos olhos. E assim chegará á pro- duzir a serenidade, que decorre da unidade de um fim e o attingírá seguramente, porque si é verdade que a belleza reside nas mais humil- des coisas é ás mulheres que sabem pensar, que pertence descobril-a.

B. Dangennes. (Tradücção para a Revista Feminina de São Paulo).

BEBRM ÇR?(RMBU' A melhor Agua Mineral de mesa

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REVISTA FEMININA - 15 □

O I

Pintura Sobre Vidro (Imitação de VITRAUX)

TRADUCÇÃO OISELLB

PODE-SE considerar a pintura sobre vidro, uma imi- tação dos vitraux de arte; é feita sem cosinhar e muito facil de ser executada por qualquer pes-

sôa que tenha um pouco de pratica de pintura a oleo ou aquarella.

Em vez de tinta, usa-se os vernizes chamados gras-coloris que seccam rapidamente e resistem á iuz. O material não é complicado: alguns pincéis, tinta gor- da, tinta magra, vernizes gras-cohrés.

EXECUÇÃO: Esco- Iha-se um pedaço de vidro sem defeitos e limpe-se com um panno embebido em álcool; decalca-se sobre papel transparente o mo- tivo que se deseja pintar e recorta-se exteriormen- te, deixando humedecer- se com uma esponja. Em seguida, colloca-se sobre elle 0 desenho (o lado desenhado sobre o vidro) e cobre-se com um papel branco. Passa-se a mão sobre o papel, indo do centro para as bordas, afim de bem fazer adherir 0 desenho ao vidro; isto faz-se com cautela para não desviar o dese- nho. Cobre-se tudo com outro vidro das mesmas dimensões ou papelão, e sobrepõe-se um peso qual- quer, durante umas duas ou tres horas; quando estiver secco, retira-se o peso, e 0 papelão; hu- medece-se ligeiramente o desenho e com um cani- vete levanta-se um angu- lo do desenho, e com muito cuidado, para vêr si 0 desenho adheriu ao vidro, e, aos pannos, ie-

vanta-se todo o papei. Passa-se uma esponja húmida para tirar alguma gomma que o papel possa ter deixa- do ; esta operação não é absolutamente indispensável e exige muita delicadeza para não ser o desenho des- manchado. Deixa-se seccar durante uma hora.

O vidro está assim completamente desenhado, só restando pintar.

Pinta-se com pincel macio embebido, de verniz- gras-cohré, todos os de- talhes do desenho, fdei- xando unicamente os cla- ros, visto que, o branco é feito pela ausência de côres. Pode-se passar di- versas vezes sobre o mes- mo tom afim de augmen- tar a intensidade. Para se obter os tons perfeita- raente unidos, applica-se 0 verniz em camadas es- pessas, depois aliza-se com uma escovinha. Em resumo, pratica-se este genero de pintura, como uma aquarella.

Consel/^os para a mistura dos verrji^es gras- cohrés: 0 azul com o ver- melho fazem roxo; o ver- melho e 0 aiiiarello fazem escarlate; para se fazer estas misturas, è preciso sempre pôr o verniz es- curo no mais claro, gotta por gotta, mexendo sem- pre e experimentando, para seguir a formação do tom.

PfiEMIO ESPECIAL Tuila- nu.s^iis luitoTitA noH envia- rviu (iuns nova*! a.sxi^naturas e ro^paitiva ímportaDcin, i^cec- herâoumooupon para o norteia clfi mu onxoval ile noiva, um {)jano ou um inoliiUatío e lorAo mllaborado ^»ara quo nao íal- levo a primoirn tentativa me- fhodica e ordenada tie um gju- 2»o «lo senhoras brasíleiras.

Tapetinho, em bordado a cores, de Undo effeito e de execu- ção muito simples. O desenho é calcado sobre .um pedaço <>e Unho escuro de 6o x 50, Exteriermente uma grega desfiada e depois bordado ao passé, alternativa mente com linha oiro velho e pardo. A linha que reune os abertos é formada de pon- tos lançados em Unha verde. Pequenas flores de pétalas alor.» gadas noa quadratins. As nervuras das pétalas sio feitas com tres pontos lançados em Unha preta, depois cerzidos com pontos de tige. Algumas flores sfio em víeux bleu e outras em vermelho vivo. No centro da flor um aberto em oiro velho; nas pontas das flores aeues, dois abertos vermelhos e nas pontas das fo- lhas vermelhas, dois abertos verdes. Aqui e alU redondos maio- res, bordados do seguinte modo;- uma triplice crus, uma roda, ora vieux bleu, ora vermelho velho e ern seguida o redondo é cerzido de preto. No centro está disposto um rosário em oval; os abertos são alternativamente verdes, vermelhos e acues e a Unha em pardo. O tapelinho é cercado por uma renda.

bre 08 dois corpos esphaoelados, breve fi- cou 0 cbSo Hmpo da carnagem.

Nos iilthnos Uias> cvmo disse, nada pu- déra alcançar. Só nessa Hvida madnigaüaf rondando ciibiçosa, conseguira pilhar, qiiasi junto ao povoado, o cabrito quo se esmadri- gára do a prisco e que pincliava descuidosc nn relva biimida, e .ibafando*lbc o derra- deiro balido na i^ar^anta retalhada, partiu célere para o seu retiro, olhar vivo, cauda erguida, a bocea auuosa, toda eila na espe- rança doce de por fim satisfazer as necessi- dades imperiosas do seu estomago na fibra rosada e tenra da sua victima.

A manhij clareara por completo. E ago- ra toda a região surgia, detalhada e real, sob a luz enfermiça do dia tnstonho e agreste.

Frente a fronte, as duas altíssimas mon- tanhas erguiam-se na imponência selvática da sua grandeza, com zonas distinotas de vegetação ao longo dos seus flancos e ca- vando, a meio, um comprido valle, uberrimo de fertilidade, mas cujas terras, pela ínver* nía, intensa, dosappareciam sob um espe- Ihento lençol d’agua, a que as vallas não davam a vasão devida.

Pelas estradas que cortavam a planicíe já alguns carros iam chiando, monotonamen- te, cbAinínés de casaes fumegavam, os loga- rejos movimenta vam* 80 para a improvável labuta do dia. Xa serra, porém, a solidão continuava, como se alli todos os seres per- manecessem entorj)ecidos, num longo so- miio, e nem a claridade, nem o& ruidos que ascendiam fossem capazes de os despertar.

A loba, com o avançar da manhã, mais desconfiada se mostrava. Todo o seu fito era alcançar a arre dia lapa, açoita r-se na- guelle logar seguro, junto ás crias e devo- rar em socego, saboreando, a carne tenra do cabrito. E mais apressada ainda, num largo trote, embrenhava-se nos meandros da matta, sumin-se numa préga do terreno, desapparecia por instantes encoberta, logo se mostrava no viso de um alto, passava rente ao pendor de ’ um abismo, ou o seu corpo atravessava rápido as clareiras nuas d*arvoredo, as chans cobertas de relva curta e húmida.

A este tempo tinham os caçadores alcan- çado as eminências, disposto as batidas, or- denado as espéras e os cães, soltos das tre-

las, farejavam e arremottíam matto fóra. A caçada ia começar.

Xos rostos cncarquilhados dos velhos matteiros, que ordenavam a partida, nas fa- ces penugentas dos rapazes, 0 frio puzéra nodoas roxas, como caracterisação barata de tiientro em feira provinciana. Alguns, a ca- çadeira ou o chuço sob o sovaco, sopravam nas mãos, hírtas, empedernidas. As caba- ças de aguardente iam quasi enxutas.

Os mais moços oircumvagnvam olbares de receio, com arrepios algidos na espinha, um involuntário tremor por todo o corpo, que 06 fazia sapatear mais ríjo o difficil piso. E á auctoridado do chefe, 0 Fclisbcr- to da Tbomazía, velho guarda rural, devja- se 0 não liaver deserçóes no pelotão dos caçadores.

Mas os primeiros tiros começaram a soar, toda a erma amplidão se alvoroçava . atroada de gritos, de latidos, que os écos prolonga- vam, repetiam, pelas quebradas, indefinida- mente. Cães iam e vinham, caudas enrlsta- das, orelhas fitas, farejando, matícando em flebeis latidos para levantar a caça.

E, na imprerisão do ataque, por toda a serra, vae um sobresalto de terror, uma su-

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REVISTA FEMININA

bita ancia do salvamento, corao 8o um clone temeroso, vindo de longe, a colhesse, a sacudisse até os alicerces, na sua impe- tuosa força de catastrophe inevitável. As féras arredias, alojadas em cavernas escusas, nos impraticáveis recessos, apavoradas, hi- gíam por alcantis e gur^antas, ou trepavam para os píncaros intransitáveis onde se jul* gavam mais em segurança.

Logo aos primeiros tiros a loba estacára, fitando as orelhas, aspirando, sondando o ar, súbito arrecoiada coin o insolito niido que atroava toda a matta.

E parou, incerta, percorrendo rom a vista o limitado horisonte, sem saber a direcção a seguir, de todo desnorteada pelos tiros que os écos lhe repetiam tudo á volta.

De repente, numa galopada eslrepitosa, eomo uma avalanche que desaba, dezenas de animaes bravios romperam dentre o matto, passaram como relâmpagos, e no matto dc novo se sumiram. Outros vieram, desapp&> receram rápidos, cheios de terror- Gritos soavam mais perto, ora já um vozear estri* dulo, cheio de’incitamentos, açiilando os cães. E as descargas suceodiam*se, repeti- das Atra vez 0 ar lavado com mais forte es- tampido, dir-sc-ia que as altas muralliAS dos pine aros estavam sendo assaltadas por tim agtierrido exercito moderno, empenhado em hastear breve a sua bandeira na torre mais soberba e elevada.

Mas a loba, readquirida a energia, des- pida do assombro que a tomárn, abalou de novo, agora mais rapida, o cabrito melhor filado na dentttça, o pello encrespado, tal- vez de receio pelas crias distantes, ttm surdo rosnar na garganta contra hida. E assim, com pequenas paragens para retomar o fo- lego, pereorreti uma boa distancia, contor- nando as clareiras, descendo aos barrancos, esgueirando-se sob os rochedos empinados, rastejando alá no hervaçum curto e ralo. Ã cada passo, porém, outras féras, outros ani- inaes, cortavam-lhe o caminho, acompanha* vam*na na fuga.

Eram corsos velozes que sem custo sal* vavam as ponedias, javalis grunhidores de ecrdas hirsutas ftigindo rápidos, rapozas de felpudas caudas trepando por Íngremes cór- regos, lobos alentados, icchugos, gatos bra- vos, rapidas lebres e, pelo ar, um bater de azas assustado, agtuas altivolas que aninham nos penhascos estremes, milhafros, negros corvos, todas as variedades de aves üc ra- pina da região e as perdizes da serra, gor- das e redondas, voando mtm áspero rosti* lhar do pennas, rolas alvadias, codornizes, tórdos, peqttcninns aves, toda a população Alada e metida das ramadas.

As folhagens, os arvoredos, vibravam tombem, sussurrando, açoitados pelos corpos que passavam, pelas nves que partiam. E, apezar do accelerado debandar, os tiros con- tinuavam, gritos respondiam aos de longe, novos caes sortiam em persegtiiçâo dos fu- gitivos.

O eêreo fdra bem traçado pelo velho Fe- iisberto, serrano batido nos trilhos e escon- derijos das montanhas, conhecedor dos cos- tumes das féras, a mais certeira pontaria em derredor e o mais ardiloso dos mateiros cm fójos e ratoeiras. De modo qtie o seu gru* So, 0 melhor escolhido, já trazia abundancia

e caça morta e as outras espéras, destaca- das pela grande area, iam dando signal de si.

De repente, e ao passar na cava de um:; ravina, a loba fôra vista. E dado o alarme pelos mais proxlmos caçadores, homens e cães lançaram-se em sua perseguição.

Foi um momento decisivo para a féra, Tinha ott de fugir serra abaixo, aproveitan- do 0 emaranhado das silvas, o copado do arvoredo, até encontrar caminho seguro para o salvamento, ou de segtiir em frente até abordar as fragas qtie lhe resgtiardnvam a ninhada e onde, por certo, ficaria livre do perigo. NSo hesitou mais um instante, e abandonando o cabrito aos cães quo já lhe vinham proximos, partiti em veloz carreira direita ao esconderijo, mais levada pelo in- stincto maternal que pelo da própria vida.

Alguns cães deíxaram-na seguir e que- daram disputando, a giandes dentadas, o cabrito. Mas os caçadores que Ibe seguiram a cârreira e a viram enveredar para um ca- beço, que outros resguardavam, continua- ram a perseguição, entre gritos, chamamen-

tos, açiilando os rafeiros e levantando a passarada refugiada no Arvoredo.

A loba já fraquejava, do cançada. Os flancos batiam-lhe apressados, a lingua pen- dia-lhe pingolcjaudo espuma. Duas balas silvaram-lhe aos ouvidos. Ia parar extenua- da de cançasso, quasi sem coragem para con- tinuar a fuga, prompta a deixir*se matar sem resistência. Mas antes que os da outra esfera acudissem, ;i cercassem, num derra- deiro esforço, cortou jior entre OS penedos, abordou a lapa, desceu, antes deixou-se ro- lar para junto das crias qtte a aguardavam, ganindo esfomeadas.

O sol, embora o dia ir adeantado, nSo conseguira rasgar o espesso cortinado de nuvens pardacentas. Listas ferretes laiva- vam 0 azul mais claro do ceu. A chuva promettÍH breve voltar impertinente, arre- líaoora.

O vento áspero do mar. ás lufadas, fazia rumorejar as cépas, arrepiava as hervagens que peuujavam ralamente o solo.

E o sonido estridonte e prolongado dos búzios de chamada, concit^tndo para aquelle ponto os caçadores afastados, reboava a es- paços, cá vo agora na atmosphera li tímida e pesada, como perdidos clamores dc soccorro, que o vonto coUiosse na sua galopada in- tensa c logo, aos poucos, fosse deixando no seu percurso interminável.

O Felísberto, que vira h loba sumir*se na estreita fenda, apressou o passo, debru- çou-se, rompendo as silvas ás coronliadas, espreitou pela ranhura. Outros approxitua- ram-sc, mirando também. Mas a abertura fazia uma curva, uma das rochas bojava sobre a outra, occultaiido o interior. E co- vendo a guedelha o Felísberto aventou:

- Se calhar esta alma damnada safa-se |H>r outra bnnda. Má raios!...

E indicou a ulguns homens para cerca- rem os penedos e baterem a balsn em roda.

O cêrco, porém não deu resultado. Os cliuços S" tocavam pedra, o os cães, mal entrados nos silvados, voltavam logo sem darem com saida.

EntSo algumas espingardas foram dis- paradas á bocea da brenha. Mas o chumbo e as balas amolgavam-se nas resistentes pa- redes. ou ricocheta vam de uma a outra, in- utilmente. As próprias detonações nSo os- toiravüin fortes peln pouca profundidade da gruta. E as pedr.is que lançavam tkavam entaladas nos contrafortes e se pequenas rolavam sem resultado.

Ern desanímador. Tanto inaís que, cia- ramente, agora, apercebiâ-sc o latir flébíl dos cachorros, o rosnar irado da loba que os concitegáru para o ponto mais profnndo, Hvrando-08 das pequenas pedras que caiam.

•« Fréga-nos a partida c ficamos comidos de todo, resmoneou o Felísberto, palUdo dc despeito, advlnhando já alguns risinhos tro- cistas na campanha. E ia descer, decidido a abandonar o sitio, quando do grupo al- guém lembrou:

- E se lhe botássemos fogof O que?!

-- be lhe botássemos matto a arder pela abertura?! Ou tem de sair ou morre assa- da, como um ouriço cacheíro, disse o mesmo avançando para o Felísberto. Era um velho encarquilbado e magro, typo de serrano, desconfiado e manhoso, de malares salientes, olhar baixo, entremostrando os colmílhos no perenne sorriso de maldade.

Os outros applatidiram, — «que sim, qtie era a única maneira. Dc mais estavam can- çados, para irem embora de mãos a abanar nSo é que tinham vindo. E já que a féra lhes tinha roubado os rebanhos, so não ella, outra tSo boa da mesma casta, e os tinha feito correr tanto, mesmo que a não agar- rassem, 80 menos morresse alli aquella mal- dita!-

— E veja você quo é uma feroen e tem cachorros, que a gente bem os ouve a ganir lá lá p^r’a dentro.

— Já me tinha alembrado disso, gague- jou 0 Felísberto, vendo-se derrotado. Mas a lenha está molhada e no tojo assim não péga a isca.

— A coisa arranja-so, tomou o velho todo ufano. E sacando da algibeira um pe- daço de papel amarrotado, onde trazia uns restos de tabaco, que envolveu logo nas mortalhas, pediu lume. ordenou que trou- xessem umas paveias de matto enxuto, que

decerto havia á revessa doa rochedos e al- guns braçados do tanganhos seceos.

Breve o lume pegou no papel e a cham- ma, alteando, fez crepítar o matto, contorcer as hastes dos ramos sobrepostos. E na fo- gueira que alastrava foi incendiando moitas de tojo que, conduzidas na ponta de um chuço, ia lançando no bocal da gruta.

Xovamente, o vento deu em soprar, des* abrido e rijo, verg;,8tando as arvores, quo deixavam caliir a «gua retida nas folhagens. Como um aviso présago, subiu até elles o balido tristonbo dos rebanhos, o mugir cla- moroso das maiiAdas, chamando as crias, te- merosas da repetição do tempestade.

E a lobA? Mal dt>scida, offegando de cansaço, su-

diirosa dâ corrida, pôz*se a lamber as crias, que levou para o recanto mais fundo, esti* raçoii-se apresentnndoJhes as têtas apoja- das 0 esperou impaciente que os seus pêr* seguidores, impos>ÍbUitados d*a colherem, a deixassem eni soeego e abandonassem de vez as cercanias.

>fas os estrondos dos tiros, o rolar es- trepitoso dos pedregulhos, que a apavora- vam c enchiam dc inedo os cachorritos, siic- cediam-se, já duas ou tres pedras ns tinham alcançado o embora os cobrisse com o seu corpo nmígo, anceava pelas suas vidas em tão perigoso momento, K o rosnar irado qtie H principio abniâra, augmenta agora, prestes se muda cm latidos ferozes de ar- remesso.

Sobresaltado, todo o seu instincto ma- ternal advinha bem o perigo. 0 seu cora- ção, espiiacelado de dór. lateja ancioso, a SUA língua cariciosa aff&gu os dorsos arri- piados dos filhitos. Estremece. Diria que tem lagrimas nos olhos. E na impotência da fuga, a passos lentos, arqueada, percorre o estreito âmbito, esquadrinhando AS pare* des, raspando o solo, a ver se encontra a sahida salvadora.

E’ então que os ramos do tojo incendia- do, lançados de cima, lhe mostram o novo perigo que os aguarda.

Fára por momentos, imbecilisada, ante SB chammas vermelhas que ílluminain san- guinolentas todu a gruta. Tem a bocea ar- repanhadA num esgAre, o olhar atoníco, quieto e inexpressivo, uma tremura que a sacode toda.

Ao calor, que de principio é brando, acodem os cachorritos que a cercam e se lhe dependitram das tetas estancadas. Ella não 08 sente, não os vê, fica assim segundos, que são annos, c só quando as labaredas alteiam e o fumo enrola impellido de féra pelo vento é que revive e volta do espasmo que a tolhera.

A luz vermelha o viva lambe as pedras musgosas que emptirpurecem, as mais pró- ximas da ehammn sombreisun-se de fumo e na atmosphera espessa e fumosa insectos alados adejam, revoluteiam entontecidos, ba- tendo contra a rocha, caltindo sobre o lume na Attração poderosa da labareda rtitíla o ardente.

O terror domina por completo a loba. Xos seus olhos se accende e phosphoreja um não sei quê intraduzivel, mixto de raiva e de loucura, de iinploração e dc mciguice. O pello ouriçâdo humedece-sc de um suor algido d’agonia. E menos terrível agora, inaM mais angustiada, mais huinana, a sua garganta solta latidos abafados, uivos dolo- ridos, repassados de uma intraduzivel tris- tiira, que a caverna prolonga e que, eá fóra, são acolhidos pelos risos selváticos dos seus perseguidores.

De novo afasta os filhos para o fundo, a livrar da fumarada. Mas esta augmenta, o ar vae-se tornando irrespirável, a cada mo- mento novas paveias incendiadas descem a uugmentar a fogueira que crepita e avivo sem cessar.

Louca, ella lança-se intemerata contra o fogo abrazador, tenta apagsl-o com as patas, rciaibaUo com as prezas. Recúa porém, ul- vando com a dòr das queimaduras.

Mas eis que repára no eslrebuchar an- dado dos filhos, que se contorcem meio as- fixiados com 0 fumo. Abóca um, para logo o largar a acudir a outro e assim está, mão

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dolorosa, indecisa entre os quatro, que são outros tnntos pedaços do seu ser. Decide«se nlfim e com o filho bem seguro nos dentes, olla avança contra a fogueira, galga*a de UI7I salto e pretende trepar a escarpa que a separa do ar salvador.

Nem se lembra dos inimigos que a espe- ram, da inevitável morte que a aguarda. Ar, ar para ella, para os seus filhos que agonisam lá baixo, que breve estarSo mor- tos inovitavelmente. N3o póde, todavia, fir- mar-se na parede resvaladia, a tal ponto as queimaduras lhe chagaram as patas. E a nma nova moita em fogo que desce, suffo- cada pelo fumo, deixa caliir o cachorrito na fogueira cliispame, que o envolve togo nas labaredas assassinas.

Por mais duas veses volta a salvar os outros filhos. E mais dois desapparecem no lume, num riohinar de carne, que é como um riso escarninho de âcscaroavel sarcas- mo que mais a allucína e enlouquece.

Estaca junto do ultimo cacliorro. Mal pódc respirar a pobre loba, tão viciada vao a Hthmospheru lá dentro. E com as patas abertas, hirCas contra o sólo, o olhar fixo num ponto uivisivol, ella fica por momentos immovel, como petrificada, sfinge saorctis- síma da Dor, mate ri a li 8 ação do maior soffri- mento que se possa conceber, o quem sabe se deixando passar pela sua mente ator- mentada, todo 0 drama da sua maternidade ferida, a liberdade plena da natureza, as selvas, as aguas, o puro azul dos altos céus.

A tensão muscular breve enfraquece, as peruas dobram-se-lhe e .vagarosamente o corpo llie deacao até poisar sobre a terra revolvida, tibiamente illuminada pela cham- ma que esmorcce.

De fóra, e vencendo o crepitar dos últi- mos tanganhos, vem o ramalhar rijo das cópas açoitadas pelo vento desabrido. Gros- su, a chuva recomeça n caliir fu8tigante e

um trovão formidável estoíra, rebéa ro\(ca- mente, abalando a terra. Os caçadores, pra- guejando, decidem-se a abandonar a présa, partem precipitadamente, encharcados, fu- gindo da tempestade que se avisinha teme' rosa, alheios â tragédia angustiada que se desenrolla sob a rocha, na lobrega profun- didade da lapa pedragosa.

Afflicta, regougando, os olhos entumcci- dos e vitreos, a respiração estertorante, a loba ainda consegue erguer o corpo arre- piado , mal firmada nas pernas vacillantes. Mas logo, num ultimo uivo, melhor grito de crudcHssimo soffrlmento. todo o seu corpo tomba pesndamente sobre o do cachorro que lhe resta, como a resguardal-o, e a sua boc- ca indecisa procura a do filhito para nolla deixar o derradeiro alento.

Sui/}jerme i^ubin}.

I I

□ O Calçado a

Feminino

\ chronica cio nosso numero passado sobre o calçado ^ feminino provocou a seguinte carta de «ma de nos- sas leitoras, que nos enviou ao mesmo tempo a photo* graphia que acompanha estas linhas: «Minha querida di- reclora. Ao começar devia extender-lhe a mão; envio- lhe no entanto a photographia dos meus dois pés! Parece bizarro, não é verdade? E’ uma coisa natural no entan- to quando se declarar, como agora eu faço, que são os meus pés que vão occiipar estas linhas e que me per- mitlem desde já tomar pé no assumplo, antes que eu metta os pés pelas mãos e a deixe de pé atrás, com esta minha prosa insossa, que parece não ter pé nem cabeça e ter sido escripla do pé para a mão. Enchi de pés o periodo anterior e live as minhas razões. Na photogra- phia existem dois pés; no primeiro periodo juntei mais dois; dois e dois são quatro (pelas arithmeticas antigas) e não me pareceu bem apresentar-me de quatro... Nesta ma- téria de pés eu prefiro os múltiplos, por series de dois.

Parecerá á minha querida directora e ás suas lei- toras, si estas linhas forem publicadas, que com o que acima ficou dito estou arranjando pé para passar de pé

enxuto através de uma réclame, como faz por exemplo o calçado Villaça, qiie a proposito de tudo toma pé para fazer o seu pé de aiferes ao publico e vae-lhe mettendo os pés nas algibeiras. Não seria eu a pôr pé em ramo Verde! A minha carlinha, ou antes esta minha gelea si a senhora quizer---com tanto pe!—foi provocada pela chronica do seu numero passado sobre o calçado femi- nino. Apreciei immensamente a chronica de Eglantina mas lhe notei uma lacuna. A historia do calçado foi por ella estudada desde as primeiras idades e nos differentes povos e paizes, na Grécia, em Roma, no Egypto e maig modeinamente, nas grandes capitaes europeas. Justiça foi feita aos artistas do sapato, que são como os costu. reiros, brilhantes collaboradores do triumpho da mais esplendida flôr que Deus creu, que é a mulher (nestas questões e melhor não ler modéstia e dizer a coisa como ella é). Nenhuma referencia tez porém Eglantina á his- toria do calçado feminino no Brasil, nem aos nossos ar- tistas, que os temos, principalmente em S. Paulo, tão bons ou melhores que na Europa. A í{evisfa femiriiqa no entanto, tem posto em destaque os nossos grandes costureiros e é grave injustiça que não faça o mesmo com os nossos grandes sapateiros, pois um sapatinho fino, delicado, de tinhas harmônicas e suaves, é um dos detalhes mais encantadores de loilette. E si como muito elegantemente diz Eglantina, é pelo pé que se encolhe medroso, que se approxima afoito, que brinca a fazer traços sobre a areia ou que freme colérico, que as pai- xões feiniminas mais visivelmente se exteriorisam, é ne- cessário não esquecer no triumpbo feminino, a parte que compete ao modesto artista que lhe veste os pés. Es- pero pois vêr Eglantina escrever a historia do calçado feminino no Brazil e eis porque lhe envio os meus pés, como uma amostra do que fazem de fino e elegante os artistas nacionaes. E’ um calçado Villaça... e sem que- rer fiz uma réclame á casa! Perdôe-me, senhora dire- ctora e põde ficar oerta que uâo foi minha intenção, en- trar pé ante pé e apanhal-a de pé no ar, para de pé mansinho pâssar-lhe o pé e terminar por uma réclame no pé da columna. E aqui, fazendo pé, sou humilde leitora — Codlda.

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REVISTA FEMININA

Heroísmo de Mãe jPârA a RevUta F« ml ninai

A cada salto da carreta, sobre as pedras da estrada, as sentencia- das estremeciam de pavor. Era

utn passo mais para a mortel Aquel- las desgraçadas fidalgas de Poitou, marchavam para o supplicio sem a sernidade e o estoicismo das aris- tocratas de Paris.

Senhoras pacificas, sorprendidas em seu castellos hereditários pela revoluçào e pela guerra, não compre- hendiam porque fossem passíveis de pena. Que crime era o dellas? Ti- nham nascido em uma classe social determinada, eram aristocratas, como se dizia então e tanto bastava para que sobre ellas se exercesse a fero- cidade de um povo em delirio, fosse embora esse povo francez. Eram sus- peitas, no dizer dos tribunaes popu- lares e deviam morrer. Nunca tinham conspirado, desejavam á sua patría toda a sorte de bens, não entendiam de politica e marchavam para a gui- lhotina.

Cinco mulheres iam na carreta; duas irmans solteiras, já edosas; uma dama, esposa de um guerrilheiro e que apezar de se ter separado delle logo no dia seguinte á boda, por não 0 poder soffrer, ia agora pagar o crime de ter usado o seu nome; uma viuva, a condessa Hermine e sua fi- lha Ivonne, creatura de 18 annos, de frescura primaveril e de belleza ra- diante.

Desde a metade do caminho, que era longo, Ivonne sentiu um raio de esperança que vagamente a conforta- va; por duas vezes o official, que commandava a escolta, acercara-se da carreta e murmurara algumas palavras aos seus ouvidos.

Um rubor assomara as faces de Ivonne; não era o rubor da modéstia, nem do pudor, nem dos sentimentos que em uma alma joven, despertam as expressões amorosas. Ivonne nem mesmo havia reparado nas feições do official, que era moço e galhardo.

Outra causa encendia o seu rosto: — a esperança da vida, que ainda não havia gozado e que ia perder. Não morrer! E o sangue acudia de novo ao seu coração e a luz voltava a bri- lhar nos seus olhos!

Instinctivamente ella evitou o olhar de sua mãe, desde a primeira phrase do official. A condessa Her- mine porém vigiava-a com os olhos fixos, ardentes, interrogadores. Logo á sahida do cárcere, ella notara a im- pressão produzida no official, pela for- mosura de Ivonne. A condessa não tinha idéas políticas; não lhe impor- tava Luiz XV martyrisado no Templo; e malgrado vira-se envolvida em suc- cessos que não a interessavam; e não parecia portanto humilhante dever a vida a um republicano. Acceitaria ao contrario gostosamente a salvação im- prevista com que o acaso lhe acce- nava, no caminho da morte, si não devesse sacrificar a honra. Por es- paço de longos annos, reclusa em seus dominios, longe do mundo, a condessa apenas se preoccupára.em educar Ivonne na honestidade e no recato. A corrupção da Côrte enoja- va-a e a evocação de Luiz XV che- gava quasi a justificar no seu espirito 0 castigo da Revolução.

Sua fé e 0 seu culto não eram a monarchia e o antigo regimen e sim a religião e a moral, que tinham cons- tituído 0 brazão e o escudo dos seus maiores.

Ao observar que o official devo- rava com os olhos Ivonne e lhe dizia ao ouvido palavras que a rea- nimavam por instantes, um pensa- mento assaltou-lhe o cerebro: —Quer salval-a, é evidente, mas a que preço?

Apesar do horror que a domina- va, do pavor da morte próxima, a condessa viu Ivonne ultrajada, entre os braços daquelle official que lhe offerecia a vida em troca da honra. E Ivonne parecia acceitar inconscien- temente, sem comprehender, as con-

dições que elle lhe imporia, embria- gada apenas pela idea de viver!

Voltava a cabeça para o seu se- ductor, com os olhos suppiicantes e elle lhe respondia com um sorriso tranquillisador!

A carreta estacou na grande pra- ça, deante da guilhotina.

Os soldados á uma ordem do of- ficial fizeram descer a condessa e Ivonne. As outras sentenciadas fica- ram na carreta, a espera de seu turno, umas rezando, outras pedindo com- paixão, deante da turba, que aguar- dava anciosa a execução. Levaram primeiro a condessa e deixaram ivon- ne ao pé da escada. A condessa sentiu então um furor silencioso, uma vergonha desesperada, mais forte que 0 pavor daquelle minuto supremo. Viu os dedos do official acariciarem os cabellos de sua filha, viu-a exanime a entregar-se e no mais intimo de sua alma murmurou; — Não, não o conseguirás!

Levou a mão aos cabellos, onde tinha conseguido occultar algumas moedas de ouro e quando o carrasco se acercou para conduzil-a ao patíbu- lo, disse-lhe algumas palavas, ao mes- mo tempo que lhe dava disfarçada- mente as moedas de ouro. O carrasco retrocedeu e agarrando brutalmente Ivonne pela cintura, em um segundo, em um ápice, afirou-a á plataforma. Foi tão rapida a scena, foi tal a con- fusão, que quando o official attonito se precipitou para intervir, Ivonne cahia no basculo e a meia-lua abatia- se sobre a sua alva nuca...

O carrasco agarrou pelos cabellos a cabeça decepada e gottejante de Ivonne e apresentou-a á multidão, ulullante e feroz, emquanto a condes- sa Hermine saltava para a plataforma da guilhotina, com a satisfação herói- ca de ter salvo a honra de sua filha I

Emilia Pardo Bazán. Traducçio de Olympio de Souza LoureUo, acadêmico de Direito.

Novos Collaboradores

Mais um nome consagrado pode- mos annunciar ás nossas leitoras, entre os nomes de nossos collaboradores:— Julio Cesar da Silva, o delicioso poe- ta, cuja arte de perfeições minuciosas,

é mondada mesmo dos mais ligeiros e sonateiros granidos. Os lindos versos com que elle nos honrou e que publicaremos no proximo nume- ro, dirão mais do que o nosso verbo insipido das bellezas do seu estro.

E assim, dia a dia, por um ex- forço constante e tenaz, vamos con- gregando no nosso corpo de coliabo-

radores os mais brilhantes expoentes da intellectualidade brasileira.

ÀUPTDADItrP Exposição de”moveis, nCinUrULIt tapetes e decorações. Beforina.s de moveis estofados, colchões e almofada.^. ERNESTO MARINO S C,

RüA BOA VISTA, 27 TELEPHONK, 1508

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TRABALHOS

FEAININOS

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FIg. 1. Trabalhos de estelrlnhe Pig. 2. Trabalhos de esteirinha

0 trabalho que apresentamos hoje ás nossas leitoras é muito interessante e constitue uma das novidades do dia. muito em voga na Inglaterra. Todo o material consiste em alguns fios de esteirinha um pouco de raffia e uma agulha grossa de remendar. Para fazer as partes redondas começa-se com uma malha no centro, ao redor da qual é enrolado o torçal de esteirinha e amarrado de espaço a espaço com a raffia ou com fios de juta ou de algodào. A raffia torna-se mais macia quando é previamente molhada com aeua

simples. Como se vê das nossas gravuras a-b c-d vae-se enrolando o torçal de esteirinha em difíerentes voltas que á proporção que são enroladas são presas com pontos de amarração feitos com a agulha e a raffia ou o fio

Enrola-se da direita para a esquerda. As primeiras voltas junto ao centro devem ser mais finas e a proporção que 0 trabalho se adeanta o torçal de esteirinha deve ser mais grosso Para obter este effeito começa-se o trabalho com um torçâl de sete fios de estei- rinha, amarrados como já dissemos, com raffia. Feita a primeira volta ao redor do centro, junta-se á ponta livre do primeiro torçal, mais tres fios intercalando-os entre os sete e amar- ’ rando-os com raffia ou fio. Fica as- sim 0 torçal mais grosso e com elle

j ., ^ ^ segunda volta. . ..• I. r. a Q numero de fios deve ser augmenta- do para 17 na 3.íí volta e para 20 na 4..1 volta e com este numero deve-se ir até ao fim. Nas nossas figuras a-b, c-d, têm as leitoras o modo de começar 0 trabalho, de aceordo com as expli- cações acima. A nossa figura a, representa o inicio do trabalho; sete fios de esteirinha e a tira de raffia que os deve amarrar; a figura b, o modo de fazer a I.í^ volta, que constitue o centro; a figura

c, a ligação da 2.« volta, enrolando simplesmente a raffia. O numero de fios de esteirinha é então augmentado para dez e com o torçal assim engrossado faz-se a 3.-^ volta, na qual começam as amarrações que devem ser fei- tas de um quarto a um quarto de polegada, (figura d.) Conjuga-se a 3.^ volta ao centro enrolando a raffia por dentro do buraquinho do centro. As amarrações devem ser feitas a distancias exactamente iguaes por- que ellas são o começo dos raios que se vêm na figura 1 e da sua regularidade depende a belleza do trabalho Na 4.f volta, ao fazer as amarrações não é mais necessário fazer a raffia passar pelo centro; ella deve passar por dentro da 3.» volta e ficará assim a d.:» volta solidamente amarrada á 3.a, Para isto passa-se a raffia sobre a amarração da volta anterior, insinuando a agulha do lado esquerdo da amarração e depois trazendo-a para a direita para formar as amarrações em V da figura 1. A 5.a e todas as demais voltas são feitas de modo idêntico. Para terminar o trabalho vae-se diminuindo gradativamente a espessura da raffia de modo que a ultima amarra- ção termine suavemente como se vê da gravura. As amarrações podem ser feitas cora fio grosso de algodão de côr o que dará um lindo effeito sobre o tom matte

da esteirinha. Acreditamos que não sejam neces- sárias mais explicações não só porque a nossa gravura é bastante elucidativa, como também, porque não ha quem não tenha em casa ura fun- do de prato ou uma cestinha na qual poderá me- lhor apreciar as nossas indicações. UMA CESTINHA DE COSTURA - Feita a parte redonda — que por si só tem já applicações para diversos usos domésticos — podemos agora com- binar uma linda cestinha que servirá para costura ou para enviar com bonbons á uma amiguinha que faz annos. Sobre a parte redonda appiica-se pelo mesmo processo de amarração uma primeira volta de torçal de esteirinha e vâo-se superpondo novas voltas, cujo diâmetro pode ser augmen- tado o diminuído gradativamente para fazer o bojo e aparte superior, que termina como se vê

da figura 2 por um torçal mais grosso de fios de esteirinha. A tampa, para maior elegancia pode ser feita com um cartão coberto de uma seda de côr suave, era combinação com a côr da esteirinha e cercado de um torçal de fios de esteirinha. A alça deverá ser feita em esteirinha, como mostra a figura.

Primtiros pontos C*D Primeiros pontos

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REVISTA FEMININA G

P A AODA

AS ultimas chronicas de Paris apenas nos dâo, como é natural, as novas modas para o outono e inver- no. E’ preciso pois nào as tomar por base, nem no seu todo, nem nos seus detalhes, para o nos-

so clima. Pela nossa situação geographica e pela nossa falta de originalidade no vestuário, temos que copiar a indumentária européa e adapta- 1-a ao nosso clima e viveremos assim atrazados sempre de uma estação. Até quando viveremos assim ? E' difficil dizer. Com a guerra actual o nosso antigo mimetismo — Perdoem-me a emdiçãol — por tudo que é frau- cez, aggravou-se do snobismo inglez. Isso não se usa em Pariz, aquillo não se faz na Eu- ropa, não é assim que se diz na Inglaterra! — e basta, como moral, como politica, como lit- teratura, como theatro e como tudo! Nós não somos contados para nada. üra o Brazil!

Em Paris grita-se que somos sauvages; em cem bra- zileiros — homens e mulheres — saltam noventa a achar que Pariz tem razão e gritam logo desde- nhosos; — Pois somos mesmo!

E são capazes de jurar que ainda ha brazileiros que se deliciam em ágapes de carne huniama.

Eu sempre fiz Sigura á par- te nesse desastrado concertante e nas minhas viagens á Europa nunca o tempo me foi bastante para mentir patrioticamente, so- bre as maravilhas da nossa ci- vilisação. Mentia e mentia a valer, quero dizer, mentia como um homem, porque si são de negar algumas superioridades que os homens se altribuem, sobre nós, mulheres, a da menti- ra é incontestável! As mentiras femininas são pequenas mentiras futeis e deliciosas e um poeta que me fez a corte —já ha quanto tempo, Santo Deus! — comparou-as sagazmente a pe- quenos caramujos que se en- contram num ramo de rosas viridentes. E’ que elle não me ouviu mentir mais tarde quan- do, por exemplo, no Casino Deauville eu affirmei, em pre- sença de meu marido que con- cordava commigo pelo habito da mentira internacional, — era então diplomata — que a arte da guerra era entre nós tão apu- rada que as caçadas de perdizes eram feitas nas nossas pequenas cidades do interior com metralhadoras dirigidas por coronéis da Guarda Nacional. O ministro de Hespanha, que se achava pre- sente, desbancou-me dessa vez, affirmando que não era de extranhar, porque em seu Paiz, havia cidades como a de Granada, na qual as creanças já nasciam graiia- deiros!

Voltemos porém á moda da qual me afastei sem querer e começo respondendo á duas consultas.

AS CORES — Uma das gentis leitoras desta sec- ção em perfumada missiva, de calligraphia meuda e ner- vosa, pergunta-me por carta quaes as côres em voça para as blusas. Vamos repetir pois, a pedido, o que já dissemos em chronica anterior.

As côres preferidas para as blusas são rose nacré, azul pallido e pastel, verde-esmaltado, branco de leite natoso, banana, beige, morango gris-per!e, e as guarni-

ções compõem-se de rendas da Bohemia, valenciennes, de Lu- xenil, de Cantilly e outras es- pecies.

E para toilettes as se- guintes :

^leu Joffre, ^ordeaux, tete de négre, kaki, grís~frue, sab/e, veri-russo, rouge Çaribal-' di, écossais e brun Xametorj, e a verde erq todos os tons.

SAIAS CURTAS — Uma outra leitora consulta-me sobre 0 comprimento das saias. E’ uma prova de que esta secçào tem, pelo menos duas leitoras. Como não estou em viagem, con- tento-me com tão pequeno nume- ro. Em terra firme é a gente mais modesta!

E ahi vae a resposta: A aitura da saia deve ser

até os tornozellos, com roda bastante ampla (tres melros) mas não exaggerada, como al- gumas que por ahi andam de cinco a seis metros! Com as saias curtas devem-se usar as botinas de cano alto de camur- ça ou ainda dè panno, com bico e ligeiros frisos de verniz. Saia curta com sapatos de entrada baixa — é crime que merece severj punição. Não é de aconselhar a forca para evitar a exhibição animada do crime, coisa que os moralistas condemnam nos cinemas!

Ha senhoras que prefe- rem a saia mais estreita, ape- sar do godet aos lados e atras, que é obrigatorio do modelo actual.

Póde ser feita com 2 metros apenas de roda mas en- tão é necessário encimai-as por ampla túnica, que deve pôr a descoberto apenas uns 15 ou 20 centímetros da altura da saia.

Para os corpinhos está de novo adoptada a forma blu- sada, ligeiramente franzidos ou drapés, golas voltadas e largas e mangas compridas.

GUARNIÇÕES DE VEL- LUDO E FOURRURES NAS TOILETTES DE VERaO — Es-

tão muito em moda as voltas de fourrure nas golas:— fourrures cinzento-claras ou azul, de chevrette, rénard ou chincilla. E’ um detalhe quais paradoxal numa toi- lette leve de verão, mas é a moda é tão inconsequente quanto caprichosa. Para os vestidos inteiros ha muitos modelos de túnicas com uma orla de /ourrure princi- palmente cinzenta.

Modelo de LS SniSON Wstido de tailelá verde a Muza ót renda e musselina nas mangas ruches da mesma fa- zenda cinto de fita bordada, fi $aía cortada em forma com ruches da me&ma fazenda.

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REVISTA FEMININA 21

□ a

O mesmo quanto ás guarnições de velludo. Os vestidos leves de tafíetá, para meia estação, tem as mangas de mousseline, que pela sua levesa, contrastam com as tiras de velludo que são a unica guarnição das saias.

Damos em seguide alguns modelos, apanhados d et lá'.

ToUeite de visita e cerinjonia, em voile de seda cõr de damasco, setirq Uberty rr\ordoré, tuHe Uso bordado e renda de Jriglaterra. Saia em «voiIe> seda cõr de damasco, disposta sobre transparente de ligeira <fai1le> de tom mais pronuncia* do, franjada na parte superior e muito ampla na inferior, on- de fôrma machos, guarnecida na altura dos quadris por pe- quenas «ruches» de tulle liso dispostas aos lados e forman- do-ss.

Corpinho ligeiramente blu- sado e franzido na cintura, em setim liberty mordoré, larga- mente entre-aberto a parte um pouco acrma da cintura e em fóripa de V sobre uma blusa collete de selim cõr de damas- co ligeirameute encruzado do lado direito para o esquerdo, que por seu lado abre em V um pouco acima do peito sobre um guimpe de tulle encimado por uma alta golla voltada em renda de Inglaterra.

O corpinho é guarnecido em volta das cavas e da aber- tura do V na frente por estrei- ta ruche de tulle igual á d^ guarnição da saia.

'Mangas bastante justas e compridas em tulle bordado, ligeiramente franzidas sob as cavas terminadas por um alto folho de renda de Inglaterra e guarnecidas a meio doantebra-

0 por uma ruche de tulle igual já indicada e disposta em S.

Alto cinto drapé em setim njor- doré e còr de damasco, termi- nando com pontas atraz.

Chapéo de palha mordoré com pequenas alas redondas ligeiramente voltadas para cima, sendo ao lado esquerdo o vol- tado mais pronunciado, cercado em volta da copa por uma co- rôa de Myosotis, botões de ouro e pequenos malmequeres.

Saia em sarja, tom cin- zento azul, formada por tres pannos com a largura total de tres metros e trinta, muito es- guia na parte superior e a am- plidão indicada na inferior, cer- cada na extremidade por ura viez do mesmo tecido cortado em fôrma encimado por pospontos dos dous lados e guarnecido por pequenas applicaçôes bordadas no pro- prio tecido na saia fôrma com effeito por meio dos dous pannos dos lados uma prega a toda a altura da frente, prega tão estreita que na parte superior se assemelha a uma costura e na inferior não deve ter mais de dous centímetros.

Collete de sêda ás riscas, azul e branco por exem- plo ou outra qualquer côr que se deseje, abotoado desde a parte inferior da cintura, onde termina com bicos, até ao V cora que abre na parte superior, acima do peito por pequenos botões de madrepérola, e termi- nado com uma alta golla da mesma sêda com os bicos voltados na extremidade, golla que é precedida de pe- quenas bandas que abrem para os lados sobre as da jaqueta.

Jaqueta justa em tecido igual á saia, com abas redondas que abrem era V na frente para deixar ver a extre- midade do collete, encruzando do lado direito para o esquerdo e fechando acima da cintura com tres botões para em se- guida abrir com bandas que se prolongam e formam a golla voltada, sobre a parte supe- rior do collete.

As bandas perfeitamente iguaes ás dos fraques mas- culinos, são guarnecidas no caseado simulado dos lados por tres pequenas applicaçôes bordadas feitas com seda.

A jaqueta é ainda guar- necida aos lados na altura da cintura por pequenas algibei- ras, encimadas na costura dos lados por pequenas applicaçôes bordadas.

Mangas justas, termina- das por um canhão assas lar- go e aberto em fôrma de pu- nho, guarnecidas por bordados iguaes aos já indicados.

Pequeno chapéo em pa- lha de fantasia com aba re- donda voltada guarnecida ao lado esquerdo por um laço de fita, encimado por uma ap- plicnçáo de fantasia represen- tando uma ancora, cora remos e salvavidas.

TOILETTE DE PASSEIO EM GABARDINE—Saia curta formando avental na frente, por meio de pregas posponta- das até o joelho e abertas dahi para baixo.

Collete de seda branca, aberto em V na parte superior, cruzado da direita para a es- querda.

Jaqueta justa, formando corpinho bolero, terminada pos- teriormente em abas bastante largas e compridas para for- marem godet, aos lados, junto aos quadris.

Os lados levam um pos- ponto de viez, que acompanha a volta das abas e termina ao alto por 2 botões.

Mangas tres quartos, com canhão, golla alfa e voltada.

Cinto drapé em tom mais carregado ['ou mais leve do tom da fazenda.

AARINETTE.

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22 - KEVISTA FEMININA —

A MULHER

(T~

Synthese do belio, da ternura, do amor, thezouro de carinhos, fonte inexgottavei de perdão, sacerdotiza do bem, sagram-n’a os espíritos cultos!

Como filha, como Màe e como esposa, é sempre a fonte do amor divinisado, o manancial perenne do carinho, o élo poderoso dessa corrente possante que une as existências, no sagrado amor da familia.

O seu campo de conquista é o lar- cabem-lhe melhor as luctas pacíficas onde o coração iriiiniplia e onde a lagrima muitas vezes, vence, na sublimidade da sua fraqueza!

Si 0 mundo é o campo da actividade humana, o lar, é 0 refrigerio de seus ardores!... Todo o ser vi- vente tem um lar, no ôco de uma arvore, nos beiraes de um telhado, nos antros subterrâneos, na choça hu- milde ou no palacio sumptuoso, o homem e o irracio- nal têm, um retiro, onde repousam e colhem forças, para a diaria lucta.

Praçâ do General Tiburcío Fcrtalesa-Ceará

Quando, o homem, suarento, vencido pela fadiga de um dia de labor insano, busca suavizar os ardores da lucta, onde acha esse conforto?! No lar —onde a esposa, meiga e terna o espera para depôr na testa o beijo respeitoso do seu amor, onde as delicias de um banho tépido, as carícias de uma roupa bem cuidada, os mil carinhos domésticos insuflam-lhe nova vidal...

E quem lhe proporciona este bem estar, unico verdadeiro? O que é o beijo respeitoso do filho, a or- dem domestica, o conchego do lar?

E’ o reflexo da dedicação da mulher-esposa e Mãe. Si é no lar onde ella é sacerdotiza, que o ho- mem recupera as forças, refaz-se para um dia de novas luctas, claro é, que o seu papel acarreta grande somma de actividade e reclamà não menor somma de conheci- mentos. Cuidemos pois, de educal-a, instruil-a, porque a educação do homem é um reflexo da educação da mulher, uma vez que a educação do berço, sobre o qual, ella se debruça, reflecfe sobre toda a vida do in- divíduo. E' logico pois, que esta educação seja a mais solida e a mais pura. E’ preciso que a criança receba

ensinamentos sãos, e só uma mãe educada e instruída pode ministral-os. E’ preciso que a mulher saiba um pouco de tudo, as sciencías naturaes, a hygiene, a phy- sica, a chimica, a astronomia, a mathematica, a geo- graphia, as artes, as industrias, tudo, representa uma necessidade reail A mestra deve ser a Mãe, e é preciso que a mulher tenha uma somma grande de conheci- mentos, para não perder uma interrogação do filho, porque a creança, tem sempre interrogações, cuja ex- plicação, na maior parte das vezes, a mãe, não lhe póde dar. E’ preciso um estudo profundo sobre a for- mação do caracter, sobre a educação, para que ella possa aproveitar todas as manifestações do filho, cara- cter ainda em einbryão, e que se formará segundo a sua orientação.

E a Historia Patria, essas iicçôes de civismo, esse amor arraigado, pelo torrão natal, esse patriotis- mo sublime que inspira actos iguaes ao do joven sale- siano, que salvou do naufragio o emblema aurí-verde da Patria.

Si quizermos regenerar a mocidade, si quizermos que não se percam na noute insondavel dos tempos, as bellas tradições do nosso passado, é preciso incutir n’alma das crianças, esse alevantado modo de sentir,

é preciso reviver esses factos, lem- brar 0 nome desses heróes, que morreram pela honra da Patria, cujos corpos tiveram em seu leito de morte, o osculo agradecido do pavilhão envolto em crépe.

Lembremos Tiradentes, Feijó, José Bonifácio, Patrocínio, Deodoro, Rio Branco, Ozorio, Caxias e hoje Ruy Barboza — essa mentalidade extraordinária, toda inteira ao ser- viço da Patria. Tudo isso a crean- ça deve aprender entre beijos ma- ternos, deve crescer com ella, for- mando a sua alma, formando o ali- cerce de seu caracter e condueta no futuro. E, que fecunda será a missão da mulher Mãe, quando en- tregar á Patria, não uma creança de olhos vendados, cega ínteira- mente de luzes, mas um botão se- mi-aberto — onde em cada pétala a desabrochar pujante — haja um pou- co de tudo, e um caracter em. mi- niatura!

Isso não se dá nos nossos dias; a mão transmitte do berço para a escola, que é a continua- ção do lar, um ceguinho completo t

Exercendo ha annos o magistério, as legiões que passam do lar para a primeira escola dando 0 primeiro passo na vida, tenho observado nem si- quer sabem onde tém a Patria, o dia em que nasce- ram; 0 nome de seus Paes! Parece incrível esta ver^ dade dura e que torna penosissima a missão do Professor. O que motiva isso? A ignorância das mães; a maioria das mulheres, entende que o seu dever é uni- camente aleitar o filho, vestil-o, casal-o, cuidar dos mais frívolos arranjos domésticos e limitar entre as quatro paredes do lar, toda a sua actividade. Não! á isso tudo, ella precisa juntar vastos conhecimentos for- mar a alma do seu filho, cuidar das cousas de sua Pa- tria, dos factores do seu desenvolvimento, da evolução da sociedade. Precisa (leva) revelar gosto pela arte, imprimir seu espirito na confecção de um ramo, no modo de entrançar seuscabellos, na fórma de combinar as peças de seu vestuário, no modo de adornar seus fllhinhas, deve procurar encantar, emfim! porque a graça e a seducção são dotes que se conquistam e fa- zem parte do lar, são attractivos do amor do esposo.

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24 REVISTA FEMININA D

Q

E, tudo isto só 0 comprehende a mulher educada. Edu- quemos pois, a mulher, a sua educação, ailiada á uma polida instrucçào, resolverá o problema social. A fu- tura geração virá bafejada, por uma aura nova, a crean- ça será uma promissora esperança o ádolescente um dedicado servidor da Patria, e todos concorrerão em larga escala, pela fraíernização dos filho, do Brazil, grupados em torno, de um mesmo ideal e abençoados por um mesmo symbolo.

E a mulher continuará a ser a meiguice a ternu- ra, 0 carinho, o amor, o conjunto da graça e da belle- za, dá fé quando findo o labor diaric, dobrar contricta os joelhos ante a imagem de Maria, e alliando tudo isto ao trabalho fecundo e á intelligencia pujante, será a incarnaçáo do amor desdobrado nas trez palavras grandiosas — Deus - Patria -Familia. Santos, 23 d« Novembro de 1915 ZENY DE SA' GOULART

R PRLMEIRR

Ser palmeira! Ej<istir num píncaro azulado. Vendo as nuvens mais perto e as estrellas em bando; Dar ao sopro do mar 0 seio perfumado, Ora 05 leques abrindo, ora os leques fechando;

5ó de meu cimO, só de meu throno, os rumores Do dia ouvir, nascendo o primeiro arrebol, E no azul dialogar com 0 espirito das flores, Que invisível ascende e vae falar ao sol;

Sentir romper do valle e aos meus pés, rumorosa, Dilatar-se e cantar a alma sonora e quente Das arvores, que em flor abre a manhan cheirosa, Dos ricíj onde iuz todo o esplendor do Oriente;

E juntando a essa voz 0 glorioso murmurio Da minha fronde, e abrindo ao largo espaço 05 véus Ir com eila através do horizonte purpureo

E penetrar nos céus...

RLBERTO OLIVEIRR.

c^lMZRS

R ultima braza ardeu na cinza adusta; Tudo passou, tudo se fez em poeira... E na minha alma que 0 abandono assusta Mo're a luz da esperança derradeira...

0 amor mais casto, a esperança mais justa Tem a desiliusão para fronteira... (Jm momento de sonho ás vezes custa 0 sacrifício de uma e;<istencia inteira...

Chamma ephemera, 0 amor! Baldado surto, R gloria! Rh! coração mesquinho e raro... Rh! pensamento presumido e curto... I

E 0 amor, que arrasta, e a gloria, que fascina, — Tudo se perderá no mesmo occaso i E se confundirá na mesma sina. |

HEITOR LIMR. i

EXPEDIENTE

A todas as pessoas que tomarem uma assigiiatiira da REVISTA FEMINIMA lemetlcrcmos como presente O Adaiius eleg.inte livriiilio de receitas de cosinha e doces ou iiin fasciculo do „Cyraiio de Ber- gcrac” de Edmimd Rostaird,

Toda Sim. cpie nos arranjar 10 assigiu- liiias terá unu assigiiaiiira gi.alis alem do Adaiius, e .í que uos envi.ar 2 as.signatur.as terá direito ao sorteio do um enxoval de noiva, um mobiliário ou uin couto de reis em dinheiro.

Avisamos as senhoras assignanies cujas assíg- naturas terminam neste mez, que devem mandar reformal-as quanto antes evitando assim que seja suspenea a remessa da REVISTA.

Toda a correspondência destinada á RE- VISTA FEMININA deve ser dirigida á Exnui. .Snri. D.i. Virgilína de Souza Sal- tes, directora di Empreza Feminina Bra- zileira, Al.anieda Gletic, 87, São Paulo.

—S——

Mais dois membros da Academia de Lettras de S. Paulo acabam de acceder ao nosso convite de colfabo- ração: B. Octavio e Alberto de Faria. São dois nomes victoriosos em toda a linha, dois grandes e bellos espí- ritos, cujas producções ao lado das de Coelho Netto, Olavo Bilac, Garcia

Redondo, Cláudio de Souza, D. Pres- ciliana Duarte, Affonso Arinos, D. Ju- lia Lopes e de outros, dos primeiros nomes da litieratura nacional, virão de ora avante abrilhantar as paginas da nossa modesta Revista.

Vêm as nossas leitoras que pro- curamos dia a dia enriquecer o nosso corpo de collaboradores, ao mesmo tempo, que melhoramos as nossas secções femininas e seria uma grave injustiça que as nossas patrícias não nos auxiliassem numa tentativa como a nossa, que a ellas dlrectamente in- teressa.

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-O

ChfÍ$ti«no d« Sousa Abigaii Dr.Claudío de Sousa

C aucfcr dct comedia Eu arranjo tudo! t os seus dois prifícipaes interpretes

Ei sempre com prazer que a í(evista fen^iriirja registra o successo de um de seus collaborado- res e o faz hoje, com maior prazer ainda, re- produzindo 0 clichê ácima, do FON-FÜN, do

Rio de Janeiro, com o retrato do aucior e dos dois principaes interpretes da comedia de costumes na- cionaes, em 3 actos — €u arranjo tudo — do Dr. Cláudio de Souza, membro da Academia de Leitras de S. Paulo e nosso illustre collaborador. A peça fci levada á scena no dia 22 do mez passado no theatro Tr/arjorf, do Rio de Janeiro, pela companhia Christiano de Souza e fez ruidoso successo, sendo o seu auctor immensamente applaudido pelo publico e por todos os críticos theatraes dos jornaes diários. “O Paiz” affirma que depois dos saudosos e grandes comedio- graphos nacionaes Arthur Azevedo, Moreira Sampaio e Martins Penna, "ainda ninguém tinha feito uma peça com tal verdade de observação, tão delicada- meiite delineada e tão interessante»; a “Epoca” diz que «o illustre literato brazileiro póde ufanar-se de ter feito uma sensacional estréa; a “Noite” af- firma que o Rio de Janeiro *ha muito não distinguia com tamanha concurrencia e tantos applausos ne- nhum trabalho de auctor nacional»; o “Jornal do Commercio” na sua edição da manhan affirma que do "Dr. Ciaudio que no romance já é um nome feito, já não se póde deixar de esperar tudo, em theatro» e a sua peça «levou a platéa ao estado de satisfação da esperança de theatro pelo qual ella anciava» e na sua edição da tarde, acrescenta nos Topícos do dia que «producção como esta é que de- vem ser montadas de preferencia pelos nossos emprezarios» e que é -uma trama delicada de sce- nas desenhadas com arte, observação e psychologia em linguagem elevada»; o “Correio da Manhan” declara que é uma peça que tem valor, technica theafral e que está escripta com elegancia»; o “Im- parcial” considera que «o Dr. Ciaudio de Souza, com a sua comedia de estréa, revelou-se um thea- trologo de valor» e que o 3.o acto «é um trabalho de mestre, perfeito» e que o «theatro nacional pos- súe de agora em deante mais um comediographo de peso». E assim todos os demais jornaes do Rio.

Enviamos ao nosso illustre collaborador e a Academia de Lettras de S. Paulo as nossas mais sinceras felicitações por tão sensacional successo, que vae marcar uma época na arte nacional.

SenhOfila LUIZAOE OLIVEIRR FONSECfl PlanísU dtpiomada pelo Conserva* to^io Musical út S. Paulo e oue acaba de obler grande successo em vanos concertos realizados nos saibas do Centro dt ^oancias.

- Letris e fírtes Campina?. - •

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REVISTA FEMININA

T0DR5 R5 5EhH0RR5 DEVEM LER

hR nossa secção 2>e Todo o $rasH verão as nossas leitoras, que não tem cahido em terreno safaro, 0 appello que em números an-

teriores, temos feito ás senhoras bra- sileiras, em prol da nossa iievisfo. Innumeras patrícias de espirito culto e de louvável orientação, estão envi- dando esforços para que não falhe a primeira tentativa feminina no nosso Paiz e não é pequeno o numero de assignantes que nos têm angariado.

Os primeiros louros que vamos colhendo na nossa estrada não são porém sufficientes, para a execução do programma vasto e seductor que nos traçamos.

Com este numero a nossa Revista completa o seu 2.“ anno de existência e — é doloroso dizer — apesar da nos- sa intrepidez e coragem, apesar da somma collossal de energia que temos dispendido, ainda não conseguimos realizar mais que uma pequena parte do nosso sonho. Temos evidente- mente, após dois annos de lucta, as- segurado a nossa existência. Não é 0 bastante; não podemos ainda des- cançar, O primeiro successo, longe de nos anesthesiar, aguça-nos a ener- gia para chegarmos ao que queremos, a uma publicação feminina completa, como as do Velho Mundo, com maior numero de paginas, matéria mais abundante, distribuição de riscos, mol- des e material para trabalhos.

Não nos anima idea de lucro ma- terial. Quanto mais volumosa se tor-

□ DE FORNO E DE FOGÃO

SOPA DE CEVA- DIXHA A’ ROVAI.

Cozeiu-seSOO tiriiin- mas de cevadinlia om auun e sa), em iiime brando, por espa<;o do lima ou duaa lio- ras; estando cozida, passa-se por um pas- sador para llio es- correr hem a agiià; cm sc)(tiida, deita-ac dentro de iim tacho com agua fria, para iiie tirar toda a goin-

ina e ficar bem limpa. Depois disto tira-se e estufa-se em branco uma gallinlia e um eliambSo de vitella. Estando a gallinlia co- zida neste estufado, tira-s<- para fóra e a carne f.iz-se cm boccadinlios e pisa-se num gral.

Depois passa-se por uma peneira, para ficar em piiré. Quando fòr liora de jantar, junta-se este puré da gallinlia coin um pou- co de caldo eni que ella foi cozida, e vae ao lume om uma caçarola, devendo haver o cuidado dc a mexer,

Levantando fervura, tempera-se de sal e jiinta-sc-lbe a cevadiníia.

Deita-se depois em uma terrina. LINGUADOS RECHEIADOS OU GRA-

TIN - Depois de oscamados e limpos dois ou mais linguados, salpicam-se com sal; pas- sados dez minutos, lavam-sc e com uma faca dão-se-lhe uns golpes desde a cabeça até á ponta do rabo; com a ponta da mesma faca levantam-se os filetes, diligenciando tirar-lhe

nar a nossa receita, tanto melhor faremos a nossa iievista, porque o nosso programma não é um programma com- mercial, é um programma de cruzada. Podemos orgulhar-nos de ter creado uma revista que, pela moralidade de seu texto e pela variedade dos as- sumptos domésticos que aborda, é a revista do lar, por excellencia, que po- de ser lida por senhoras e senhoritas. Ella distráe, instrue e orienta ás suas leitoras, dentro de uma moral precisa, sem exaggeros e sem tibiezas.

Todas as senhoras pois devem vir em nosso auxilio. O que pedimos aliás é pouco; basta que cada uma de nossas leitoras nos angarie uma ou duas novas assignantes. O que custa isso?

0 preço de uma assignatura é mais que modico; não ha no Brazil revista tão variada por preço tão pe- queno.

As senhoras brasileiras, cujo co- ração magnanimo adopta com enthu- siasmo, todas as iniciativas extran- geiras, não devem negar o seu auxilio a uma tentativa puramente nacional e exclusivamente feminina.

Quando mais não fosse devem auxilial-a para que não se confirme a opinião masculina sobre a nossa inhabi- lidade, em tudo quanto exorbite da area limitada dos misteres da dona de casa.

A mulher moderna é alguma coisa mais do que uma simples governante. Ella iê, estuda, analysa e crêa; a sua

a espinha doml, o que sc consegue cnm mais 011 menos paciência e com cauicla, para que 0 linguado fique s6 com o golpe ao comprido e inteiro. Depois rcclieia-se com um picado do pescada e arroz, com sumo de limão, e estando cheios unem*sc bem os fi- letes e meltem-se numa frigideira de forno, pondo-llie dois decilitros de vinho branco, sumo de limão, um boec.ado de manteiga, sal suffieiente, e vac a assar no forno que deve estar um pouco forte. Estando o mo- lho reduzido, vae â mesa.

C0STELLETA8 DE CARNEIRO A' MA- DRII.EXA - Toma-sc uma porção de costel- leCas, separadas umas das outras, mettem-se dentro do uma terrina, salg.im-so e põe-se um dente de alho em cima de cada iima, pimenta e acamam-se. Depois deitam-se-Uies dois decilitros de vinho branco e deixam-se estar por espaço de duas lioras. Faz-se em seguida um refugado de cebola e salsa pi- cada cm azeite ou manteiga, o deitam-se nelle as cnstelletas, pimentão vermelho em tiras, e deixa-se refugar bem; em o mollio estando bem apurado, servem-se com puré dc batata e azeitonas.

PASTELLAO A' nUQUEZA • Em uma caçarola deite-se uma colher dc manteiga de vacea e pingue de porco, uma pitada dc pi- menta e lima pouca de carne cozida desfiada, á qual se juntam quatro batatas cozidas, bem esmagadas e tempera-se de sal. Junla- 8«-llie um pouco dc leite a ferver para en- grossar. Tira-se do lume, estando trio jun- la-se-Ilie um pouco de presunto cozido par- tido aos boceados, e mais quatro batatas esmagadas, e estando bem ligado, juntam-se cinco ovos bem batidos, uma pitada de colo- rau doce e vae ao forno em uma forma nn- tada de manieiga.

creação destaca-se pela pureza dos seus sentimentos, pela delicadeza de suas almas, que não se deixam arras- tar pelo torvelinho das paixões, que a ambição fomenta. Em todos os Paizes de civilisação intensa ella tem reconquistado, com raro brilho, o papel que lhe compete no meio social. Igual reconquista fará entre nós, desde que se agrupe e que procure, pela cohesào de um mesmo ideal, completar o seu esforço. 0 Brazil atravessa um mo- mento terrivel de crise material e moral. Em todos os Paizes, quando á abundancia das primeiras edades succede a crise da concurrencia ex- cessiva, não ha parcellas a desprezar, para a reconstituição do equilíbrio. As brazileiras, como as europeas, co- meçam a trabalhar, urgidas pela si- tuação. Ha hoje entre nós a profes- sora, a daclylographa, a medica, a advogada, a manicura, a telephonista, a empregada postal — e mil outras feições da lucta feminina pelo bem estar independente.

A nossa Revista está pois na hora precisa. E' neccessario que as mu- lheres não a desamparem.

Uma nova assignante é facilimo, a cada uma de nossas leitoras, de obter entre suas amigas. Vamos, pois; ura pequeno esforço em prol da nossa Revista!

A DIRECÇAo

BEBRM n melhor Agua Mineral de mesa.

• "n PE’S DE FORCO PAXNADOS Os pés.

dc porco, depois de bem limpos, abrem-se ao meio e põe-so a cozer em agua com uma cebola, pimenta em grão, e um ramo de clieiros, Estando cozidos, mettem-se dqntro de um inollio feito de sumo dc limão o pi- menta moida, por espaço de duas iioras; findo esto tempo, passam-se por gemmas de ovos batidas e pão ralado o fritam-se em baniia de porco ou manteiga de vacea, de- vendo ir á mesa com salsa frita c rodellas de limão.

COELHO DE FRICASSE' PARA ESTR.t- DA — Depois de se lhes tirar a pelle e lim- paho, parte-se o coelho aos pedaços, que se mettem dentro de uma frigideira com man- teiga ou toucinho derretido, sal, pimenta, saisa e um.a cebola. Estando tudo refugado, polverisa-se com um pouco de farinlia de trigo, deita-se ura pouco de caldo e vinho branco, tendo o cuidado de lhe tirar a es- puma. Deve ferver pouco a pouco e estan- do bem apurado, deitam-se-lbe cogumelos ou alcaparras, c na oceasião de ir para a mesa liga-se o fricassé com duas gemmas de ovos, caldo e sumo dc limão.

FRANGO RECHEIADO - Depennado o frango e bem limpo, salga-se por dentro e enebe-se de recheio que deve ser feito da seguinte férma:

Pisa-se um boecado de vitello, o fígado, a moela, mas tudo cru, salsa, cebola, pimen- ta e umas raspas de noz moscado, devendo beter-se tudo em tres gemmas de ovos, azei- tonas sem caroço e uma colher de farinha de trigo. Com este preparado se enebe o frango e manda-se ao forno untado com pin- gue de porco ou manteiga de vacea e sal.

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I REVISTA FEMININA

27 - O

-1^- • a

Como EhFEiTRR mimhr crsr

PESRR das explicações claras e simples que demos em nosso ultimo numero algumas leitoras acha- ram complicado o trabalho de entalhe, de verda- deira marqueferie e uma dellas escreveu-nos per-

guntando si não era possível bricoler, isto é, — fazer uma imitação menos trabalhosa e de effeito semelhante. Não ouso responder que a brkohge é irman gemea da preguiça... E ahi vão algumas Tinhas sobre a brko- tage da marqueterie. Vendem-se no commercio folhas finas de madeiras diversas, já preparadas expressamen- te para tal fim e com au- xilio delias, qualquer das nossas leitoras poderá fa- zer rapidamente um lindo trabalho de entalhe, que aos olhos myopes do amor, representados por um pre- tendente, passarão por uma obra-prima, em nada infe- rior ás que perpetuavam a edade aurea do entalhe, que foi 0 século XVIIl. Para tal fim basta cortar com uma thesoura, naquel- las folhas os differentes pedaços do desenho e col- lal-os em relevo sobre a madeira que deve servir de fundo, em vez de in- crustal-os, como se faz com a verdadeira obra de entalhe. Para mascarar me- lhor a bricchge passa-se um traço de pyrogravura ao redor do desenho e com elle desapparecerão a dif- ferença de nivel e as imperfeições da juncção. E’ pre- ferível este unico traço de pyrogravura, pois si quiser- mos acompanhar cora elle as linhas de juncção dos di- versos pedaços de madeira que constituem o trabalho, 0 aspecto de entalhe desapparece por completo.

Com este processo, rápido, pratico e economico, pode-se enfeitar qualquer movei e fazer de um movei commum, um movei de aspecto rico e seductor, como a coiffeuse que demos em nosso n." anterior, que é de

n ARTE DR MRRQüETERiE (Contifibi4ç9o)

riquissimo effeito e cuja parte superior, póde ser toda ella feita em casa, com alguns sarrafos de madeira, bem lixados e que é de um lindo effeito.

Verdadeira obra de erjtaihe — As folhas de madeira que servem para a verdadeira marqueterie encontram-se no commercio e são muito variadas e algumas colori- das artificialmente. Uma vez composto o desenho es- tuda-se o effeito de luz para a combinação das som- bras e estylisam-se em seguida as sombras. A escolha das côres é muito importante e depende principalmente

do bom gosto de quem faz 0 trabalho, que deve obe- decer á Natureza, sem se deixar de preoccupar com os recursos que possa apro- veitar da própria madeira. Deve-se começar pelos mo- delos mais simples, pelas guirlandas e pelos frisos decorativos com aves e in- sectos que são de lindo effeito.

O trabalho de mar- queterie pode ser aiegre- mente entremeiado de pe- quenas incrustações de na- car ou madrepérola, que se encontram nas casas especialistas ou ainda com os oabuohoqs.

Ha pessoas que não conseguem uma absoluta coincidência dos pequenos pedaços de madeira e de-

sesperam, E’ facil no entanto o recurso; Vendem-se no commercio pequenas tiras de cobre, que podem ser intercaladas nas juncções e que lhes escondem os de- feitos e dão graça ao conjuncto.

Os trabalhos de marqueterie são verdadeiramente interessantes e aconselhamos ás nossas leitoras que se dediquem a elles e verão quanto prazer poderão dahi colher.

EMMR. (Revista FemÍRma de S. Paul o) •

PLRSTiQüE

rC=O=0=

(Continuação do nosso numero de Outubro) II

RLMOFflDfl SIMOf^E (Modelo da casa la Penséc. de Parísi

Artes femininas — Bandeja com um ramo de anemonas entalhe (marqueterie)

Está lindíssima almofada é feita, quando pintada, em setim verde-agua. Os arabescos recortados em pa- pel como para o 1.® trabalho são applicados sobre o setim. Como no lugar dos ara- bescos 0 setim fica descoberto passae ura pincel com «poudre or brillant» (bronze Lefrand) di- luído com «fixatif». E’ preciso trabalhar com todo o cuidado para o desenho ficar certo, e o bronze bem egual e brilhante.

Tirae o papel e com um pincel de marta numero 1 con- tornae o bronze «orfoncé», aqui e alli, dando essas graciosas cur- vas, retocadas nos contornos ex- ternos, a «terre sienne brúlée (tinta de oleo). Os riscos em quadradinhos dos cantos serão pintados (com o mesmo numero de pincel de marta) a bronze de côres:

«vert olive, rouge feu, or foncé». As flores dos can- tos a «or brillant» e «or foncé».

Deve ser guarnecida com um lindo babado de mesaline ou gaze da côr da seda e enfeitada com um laço de setim no canto superior es- querdo.

Esta almofada pode ser feifa egualmente em setim «vieux rose» sendo guarnecida nos can- tos com renda Cluny creme, e ao centro renda de Veneza bran- ca.

Tanto pintada como em renda ficará bonita.

Ensinarei brevemente a pintura em linho, cambraia, etc.; trabalho facil e util.

fARRIfl 00 CÉU

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- REVISTA FEMININA

DE TODO O BRflSlb... ... ccntiouom c cbigsi cartas e eoi- i9es dns nossas moIs dlsllncías pa* Meios, niiillos des giioes esiãs Iro- bolfiondo decididamente pela plelorlo do nossa Reolslo, cu|o luluio btllhonle e promissoí seid a primeira nlclorlo dos senhoros broslletros. Carias Iio de eslylo ptimorosa que semimos ndo poder tronsoreoer no iniegro, por ca- rência do espoço.

—Enviaram-nos novasassignantes: — D. Rufh L. Chaves, a nossa

infatigável e carinhosa coüaborado- ra, de Santos, S. Paulo; — D. Chris- tiana Deslandes, de Bom Successo, Minas; — D. Helena Junqueira Falclo, D. Mariquinha Teixeira, D. Helena Teixeira, D. Julieta Marques, de U- beraba, Minas; — D. Fatima de Cas- tro, de S. Vicente, S. Paulo; — D, F.dilh Brenner, de Santa Maria, Rio Grande do Sul; — D. Yáyá Caldas, de S. Carlos, S. Paulo; — D. Maria Luiza Theophilo Gonçalves, de Aca- rahú, Ceará; —D. Zeferina R, Sche- mini, de Iiaqui, Rio Grande do Sul; — D. Alice Salgado, distincta profes- sora, em Pindamonhangaba, S, Paulo; — D. Altiva A. de Araújo, de Cana- nèa, S. Paulo; — D. Lindinha Lima, do Rio de Janeiro ; — D. Amélia M. do Espirito Santo, virtuosa esposa do Exmo, Snr. Major Brasilio do Es- pirito Santo, de Corumbá, Matto Gros-

so; — D. Maria J. da Luz, de S. Gonçalo de Sapucahy, Minas; — D. Irene Martins, de lguape,S. Paulo; — D. Tais, B. Pereira, de Uberaba, Minas; — D. Camien Fernandes, de Araguary, Minas; — D. Esposenda Schmidt, de Itajahy, Santa Catharina; — D. Hermengarda Pinheiro, de Ca- metá, Pará; — D. Violeta Fioravanti, de Porto Alegre;—-D. Guiomar Cer- quinho Nunes, de Limoeiro do Norte, Pernambuco; — D. Flora Beilico do Nascimento, de Recife; — D. Regina Vieira, de Aracaju, Sergipe; — D. Myriema Paolucei, de Rezende, E. do Rio; — D. Maria da Gloria Berquó, de Riachão ; — D. Fruefuosa Pinto, de Pantaleão, Minas; — D. Benivinda Sellman, de Goyaz; — D. Rita Pereira, de Fortaleza, Ceará; — D. Marietta Fagundes, de Therezina, Piauhy; — D.Maria do Carmo, de Pantaleão, Minas; — D. Ludovina de Pina e Amorim, de Pyrenopolis, Goyaz, cuja deliciosa cailigraphia nos deixou en- cantados; — O. Dr. Jorias de Abreu Mello, nosso illustre amigo, de Pira- curuca, Piauhy; — Dr. J. A. de Souza Carvalho, de Todos os Santos, Rio; — Antonino Doria, de S. José do Rio Pardo; — D. Marietta Torteroli, do Rio de Janeiro; — D. Maria da Glo- ria Teive de Magalhães Villela, do Carmo do RioClaro, Su! de Minas;

— Dr. Onofre de Britto Mello, de Piracuruca, Piauhy; — Dr. Macrino de Freitas, da Bahia; — C.®' Hono- rato Campos, de Bello Horizonte e Rev.ino Conego Hildebrando Carneiro, de Maranhão; — Dr. Alcides Costa, de Cannavieiras, Bahia;

Enviaram-nos saudações as se- guintes pessôas:

— Dr. Custodio Baptisla de Cas- tro, illustre homem de lettras, de S. João d’EI-Rei, Minas; — D. Adelia da Cunha Vieira, de S. Carlos, S. Paulo; — D. Aurea Camargo, de Monte-Alto, S. Paulo; — D. Henriquefa Reis, de Uberaba, Minas; —D. Zaira Trench Leonel Ferreira, de Avaré, S. Paulo; — D. Elvira Lisboa, de Cametá, Pará; — Fenelon Ferieira da Nobrega, da Cidade de Patos, Parahyba do Norte; — A distincta poetisa fluminense Lauri- ía de Lacerda, do Rio, que nos pe- nhorou com a seguinte expressão: •Sou uma das maiores admiradoras da vossa encantadora Revista-.

— D. Maria Augusta de Carvalho Neves, Parahyba do Norte; — D. Minervina Pyat, de Blumenau, Santa Catharina; —D. Clara Silva Porto, de Porto Murtinho, Matto Grosso; — D. Margarida Teives, de Jaguarào, Rio Grande do Sul; — D. Benta Fer- raz, de Itararé, S. Paulo, etc., etc. — D. Emilia Bezerra, Parahyba.

(T^

CONCURSO DE SEMENTES (PARA CREANÇAS)

O nosso concurso de semen- tes, para creanças, teve um successo integral. Re- cebemos até 0 dia 10 de

novembro quinhentas e sessen- ta cartas e vimos com prazer que salvo um ou outro caso, os adultos não intervieram no nosso concurso e deixaram que as creanças trabalhassem sozi- nhas. Ao concurso de semen- tes vae-se seguir o concurso de flores, entre os 50 vencedores do 1." torneio e será conferido um prêmio á creança que obti-

ver mais lindas flores, com as sementes por nós envia- das. Foram vencedores do 1." concurso as seguintes creanças;—

I — Cicero Rodrigues da Silva, filho do Dr. Alipio Silva, de Goyaz; — 2-3 — Hugo (6 annos) Regi- na (5annos), filhos de D. Ruth Chaves, de Santos;— 4-5 — Emani Arruda (3 annos) e Irene Arruda t? annos), S. Paulo (Alameda Aiidradas, 110) — 6 Auxiliadora La- deira, Jundiahy; 7 — Lucilia Passos Maia, Pindamonha gaba; (R. M. Deodoro, 7); 8 — Flavio Baptista, filho dn D. Maria Clara S. Costa, S. Paulo (Arthur Motfa, 1); 9 — Laura Moraes, Franca, (Caixa 57); -10 — Náná Fur- quim Monteiro de Barros, Rua Commercio, 209, Piraci- caba: 11 — João de Freitas Filho; Salles Oliveira, S. Paulo; 12 — Marlinho Monte-Raso, Dores da Boa Es-

i)

perança - Minas; 13 — Sebastião Helio Ribeiro. 1404, Praça da Liberdade, Bello tiorizenie; 14 — Regina Sil- veira, Espraiado (pedimos o prazer de mandar endereço mais completo): 15-16 — Anfonio Rangel Neíto, filha de D. Maria Anfonia Rangel e Joaquim Barbosa, Itatiba S. Paulo; 17 — Jacyra, filha de D. Justina de Mello Ma- cedo, de Laranjal, S. Paulo; 18 — Albertina Gomes; Fazenda S. Sebastião, Sertâozinho, S. Paulo; 19 — Clau- dia Camargo. Parahybuna, S. Paulo; 20 — José Arruda, S. Rita, Minas; 21 — Carlos Norberto, Tararoacá, Ama- zonas; 22 — Mario Mendes, Fabrica das Chitas, Rio; 23 — Antoninho Alencar, Fortaleza, Ceará; 24 — Fileto Silva, Campos, E. Rio; 25 — Gonçalo Alves, Valença, E. Rio; 26 — Anninha Salles, Pelotas, Rio ü. Sul; 27 — Renato filho do Cel. Apulero Silva. Iquitos, Amazonas; 28 — Raul Maia, Goyaz; 29 — José Telles, Chapecó, Goyaz, 30 | Marina Mello, Jaguarão, Rio G. Sul; 31 — Eniani Telles, Curityba. 32 — Pedro (9 annos) filho do Dr. Segisniundo Gonçalves, Florianopolis, S. Catharina; 33 — Justino Loureiro. Sorocaba, S. Paulo; 34 — Hugo Salles, Bahia; — 35 Cláudio Bevilacqua, (15 annos) Re- cife, Pernambuco; 36 — Jansen Heilboon, (6 annos) Blumenau, Sanla Catharina; 37 — Fernando Gonçalves, Lapa, S. Paulo; 38 — Mathilde Fonseca, Cascadura, Rio; 39 - Cassilda Almeida, Maceió, Alagoas; 40 — Lino Machado, S. Paulo 41 — Carlitos Araújo, S. Roque, S. Paulo: 42 - Sinházinha Marques, Ribeirão Prelo, S. Paulo; 43 — Paulo Passos. R. Itapirú. Rio de Janei- ro; 44 — Maria do Carmo Neves, Santos, S. Paulo, 45 — Helius Amorim, Pyrenopolis, Goyaz; 46 —Marti- nho Garzez, de Bezerros, Pernanmbuco; 47 — Francis- quinho Silva, de Jacarehy; — 48 Olympio Fontes, Itoby 49 —Nené Martins, S. Feliz, Bahia; 50 — Marocas Dias» S. Borja, Rio G. do Sul.

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REVISTA FEMININA 29

0

U/A POUCO DE TUDO CURIOSIDADES ALPHABETICAS

— São muito iiiteiessaiites certas combina- ções alplialielic IS que se eiicoutnm em outras liiiífiias, princlp.iliiiemc iio fraiicez. Uma dl^ lllai^ conhecida» é talvez a bio- graphio de Helena feita om lettras. E' bastante lev a» lettru» para se ter o texto complete. !èil-.as — L N E >> O P Y L I A V Q L I A M £ L I E D C D (Héléne est née au pays gree elle y a vecu elle y a aimé ellc y c.-t decedée). Ha toda uma tragédia escripta por esse systema. Aliás é uma ti*agedia muito curta, feita em meia dusia de linhas e chama-se ; ^ Tragédia do fltphabelo — PERSONAGENS; Ab- bé Péqu (.1, ii, p, q.(; Eno (n, o), priii- cipe, amante de Achikaj Uvé (u, v,i car- rasco e Achika (h, i, k,) os francezes pronunciam o h, ach.

Ao levantar do pauno, o Abbé Péqu esta ajoelhado aos [lés de T^cfjH(a- Entra ^no, que o sorprendo oessa altitude com- prometedora.

ENO: a, b, c, d! {yJbbé, cédez'.) PQU: com desprezo; e, f! (^ffe)- ENO: j,h,i, k, I, m,n,o! (jia, Jfizhiko:

elle aime €no!) (O abbade uão se mexe.i

ENü: p, q,r,s,t! (pègu esi restê/J (Eno corre iuríeso para a porta c

bradai; u, v, (Uve!) (Apparece o carrasco.I

ENO, apontando para ^équ e fazen- do uin gesto siguiàcativo ; Z! (zzzi)

(Cahe 0 papr/o)

RECEBEMOS: — O illiistre clioico e bacteriologista Dr. Tbeodriro Baymateve a gentileza de enviar-nos ns sn.is duas ex- cellentes memórias Jidrenalino pa Pgsentería J7mcebica e yí Tgpljo-Vac- cina em S. Taulo, ambas publicadas pela Directoria do Serviço S.uiilario, que se acha actualinentc sob a brilh.aiite e fecun- da direcção do Dr. Guilherme Álvaro e que tem mostrado o maior empenho em destacar, sem rivalid:ide, os valiosos ele- mentos profissionaes que conta o seu corpo de auxiliares.

— Do sr. Manuel rio Carmo o d{ym- po á Jnveja iversos).

~Xes grandes modes de paris, ultimo miinero, com linda serie de figu- rinos.

ROSECLAIi; “ESMAI.TE PARI- SIENSE” — Dos .Snrs. Br.uilio & Co. — depositários em S. P.iulo — recebemos <im vidro desse incompai.uel Esmalte para o embellezameiuo das unhas, e que no Rio está fazendo grande siiccesso.

O crême Dermina, formula do Prof. Ficher é o grande successo do dia. Além de ser um excellente crême de toilette é um remedio poderoso con- tra as espinhas, os dartros, o eczema, os cravos, manchas vermelhas do na- riz, irritações da pelle, picadas de insectos, etc.

NOS TOUCADORES ELEGANTES

Entre os produetos que devem fi- gurar no toucador de uma mulher ele- gante recommendamos muito especial- mente o crême J)ermipa, ultima palavra em matéria de creme para amaciar a pelle e para curar infal/ívelipenle todas as erupções de pelle, as espinhas, os cravos, as manchas vermelhas do na- riz e mesmo o eczema, psoriasis e- todas as erupções. ; Só em prêmios a i^evista pemipipa já distri- buiu mais de seiscentos potes de 7>er- rplna e chegam-nos diariamente attes- tados enthusiasticos de sua efficacia. —Podemos enviar ás nossas leitoras, por 3í500um pote. Os pedidos deverão vir acompanhados da respectiva impor- tância, accrescida de 500 reis para porte do Correio. Empreza Feminina Brasi- leira. Alameda Qlette, 87. S. Paulo.

O ACEIO DO LAR

Uma das grandes difficuldades que têm as donas de casa com os creados é conseguir que elles nào deixem oxydar-se os metaes, o que além de deselegante dá uma idea pouco favo- rável do cuidado cora que uma casa deve ser mantida. Com a «Lustrina» esta difficuldade desapparece pois bas- ta friccionar ligeiramente com ella os metaes, para que elies pareçam novos. Como no Interior é difficil encontrar este produeto podemos envial-o ás nossas leitoras. O preço da praça é de 1Í200 a lata. (Mais #300 para porte.)

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Page 30: fínno II 5ão Paulo Novembro 1915 Num. 19

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los do correio com o vosso endereço a 6njpreso ^emtriiria ^rasUeira Ala- meda Glete, 87 — Sáo Paulo e im- mediafamente recebereis o Adalius pela volta do correio.

O VICIO DE ROER AS UNHAS

Temos em mãos neste momento um excelleiife preparado, da Mfg. Drugs S. Paulo C.,' para evitar o vicio de roer as luilias, que é muito commuiu tiascre- anças e sempre prejudicial, provocando lesões no cstomago e casos frequenlesde appendicite com morte em 24 horas.

Quem vê uma linda creança, com os dediulios postos na bocca cór de rosa, roeiido as unhas, não imagina muitas vezes os perigos a que ella se expõe e cuja responsabilidade cabe ás mães imprevidentes e descuidadas. Por um accordo com a Jyíanu/aturing C", po- demos acceilar os pedidos das nossas leitoras, ao preço de 5S50U o vidro, de livre porte.

MOLÉSTIAS CONTAGIOSAS A Direcioria do Serviço Samtarlo faz publica

que sSo moléstias de notificação compulsória t a variola; a escarlalina; a peste; o cholera; a febre amarella: a diphteria; a infecção puerperal; a op- titalmia dos recera-nascidos nas maternidades; o lyptio e as febres typliolde e paratyphica; a tu- berculoso aberta; a lepra ulcerada: o Impaludis- mo; a ankilostomiase; o traclioma e a conjuncli- vile puruienln: a dysenteria: a coqueluche, sar- ampo e a parciidile nos coíleqios. asylos e habi- tações collecüras; a meningite cerebro-esplnhal epiriemica.

São obrigados a esla notificaçio; a) o medico chamado para prestar cuidados ao onfernio; b) o proprietário responsável pelo prédio de habitação collecliva: c| o direclor o chefe do estabeleci- mento, fabrica, collegio ou asylo onde estiver o doente: d) o chefe da família; e| o parente mais provimo que residir com o enfermo; f) o enfer- meiro ou 0 encarregado do enfermo mais proimo.

0 secretario, JOAQUIM R. TEIXEIRA.

GUERRA AS MOSCAS A mosca é o mais perigoso dos insectos

transmitie alem de outras moléstias, a tubercu- lose, a febre typhoide, a gastro enlerile das cre- anças. Devemos impedir a entrada das moscas nas nossas casas, resguardando deltas os alimen tos e as vasilhas que os contém. As moscas cri- am-se nos monturos, nas eslrumelras e dali vém para as casas. Si supprimirmos os monturos, se fizermos reinar o maior asseio em todas as de- pendências das nossas casas, em todos os terre- nos. as moscas desapparecerão, não encontrando onde possam deitar os ovos e crear as larvas.

Os mosquitos, alem de incommodos, são pe- rigosos. Transmiltem varias moléstias, entre eilas a febre amarella, o impaludismo e a lepra.

Os mosquiios se criam nas aguas paradas, onde as lemeas depois de picar os animaes e o homem, depositam os ovos.

Devemos guerrear os mosquitos, não sé ma- tando-os, coma fumaça do pé de pyrelhro. como também suprimindo todas as aguas paradãs onde elles poem ovos. As aguas que não puderem ser removidas como as de ralos, esgotos, etc. deverão ser pelralisadas, com 10 grammas de kerozene por metro quadrado, todas as semanas.

Receitas de Toilette Para evitar o máu cheiro õa transpiração

Nào pode haver nada de mais niar- tyrisaiite para uma senhora elegante do q’ue uma exhalaçâo impura qualquer, por exemplo, o mau cheiro da trans- piração, que é impossível esconder, principalmente num baile, numa partida de tennis ou em qualquer spori. Toda a belleza. Ioda a graça, todo o encan- to da mulher, desapparecem de cho- fre; todo o veu de sonho que a au- reoiava, toda a phaniasia em que o olhar embevecido do homem a envol- via fundem-se á rajada cruel... A culpa exclusiva porém é da mulher. E’ siniplicissimo evitar e eliminar de vez 0 suor excessivo ou o sen máu cheiro ; basta usar o que custa relativamente barato e que sendo um pó, (como o pó de arroz) as senhoras podem usar com facilidade. O resul- tado é tão extraordinário que, a pe- dido de muitas das nossas leitoras, fizemos vir de Paris, uma nova re- messa de Jfeliol, que náo se encontra á venda no Brasil — e remefleremos pelo correio a quem nos solicitar ao preço de 6ÍOOO e mais 500 réis para porte do correio. O preço do J{elhi como de todos os preparados extran- geiros, subiu muito, devido á guerra.

REMESSAS PELO CORREIO ;--ktten- ilendo ao pedido <lc giande ntimoro de leito-

i^i^olvetnos envior uoí>sas leitoras do loterioFy 09 artigo.s iieco^^aríoK para trabalhos de agulha. Todo»> oh pedidos deverão vir a- cojiij)anhado8 da respectiva importância e mais 600 ráia para porte. Os artigos que nào puderem seguir polo Correio, serào enviados por estrada <le ferro, freto a'pagar-

Ricos álbuns de modelos. Tamanho gramle gravuras nitidas e de9('nhos irreprehpnffirfis, para trabalhos, a saber: Filet RicheNu.—^600 ^Bordados com Matizes (eom desefdtos áeeal- cavsisf—um 8$õoo— Ponto de ceu, eolloridos-

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Para ennegrecer os cabellos

Ha inmmicras nn cíta'< para dar n vnr pre- ta ;»>*». ca))o 1108, nias todas x\s tinturax exis- tentes sào muito porigosí»*, porqui* .s?io á ba«e de nitrato de prata, de híkçh <(e chumbo, de cobro, dr* cobalto 0 até—paiece incrivcl f—c>'a- nu reto de i>otaSí‘i", que é um ioxivo porígOA- ftiuK/. que pode envenenar rapidamente. As mais coiumun.s sào as tiníuia.s jnvf/res.iicas toda> à base dc nitrato do prata, cuja ab^or- pcào dá lugar a uina intoxicncào lenta, (jue termina por um caneis) do figado ow por uma arterÍo->L*leroHO ou ainda poi* accidente'* mais graves.

As duas uniras formulas ínoítcnsíva* sAo o Henné verdadeiro para dar aos cabellos a còr loira ou ca^taulm-claro o a Petalina, qne tinge desde o castanho até uin bello negro Jusciite e vivo, que iIlude á pessoa mais es- perta.

E' píH'císti nàü confundir o >'erdadeij*í» //enné—quo é uuia farinha vegeto I que vem do Oriente e que nào existe á venda no Bra- k,H—coiu diversa» tinturas que «e encontram a venda no nos.»o coinmmxdo. à base de »aes de prata e do dmmbo e eomo rotulo de Hen- né, \ pedido dc diversa» leitoras uó.s esta va- uioK fa/endo csfoivo» para impoHardo Orieii- tc o verdadeiro para as loiras o caM- .inlias^ums a giicrra volu annular o» no-so9 esforços.

A Petalina, que é absolutauiento ínoffen- sivu. nós consegnímos quo os senhores Joliii UegcMt c» Cüuip fi/ossem vir da Europa e ás nossas leitora» que dosejarem fay.er dvsaji- parccer seus «'ubello» br.LUL*os, ptulereimis SCI \ Ir de iuferinrdiaria enviam Io-lhes a PctU‘ hna, que nào lemos duvida em reeoinincn- dar. (’om a Petalina cm dez minutos faz-'e a pintura, podendo lavar*«e a calteca cm se- guida c p6r brilhantina ou qualquer oleo nos cabellos. K' sufíicicnte uma applicaeào por mey. SimpU*». fat il, perfeito c ínoríeusÍV‘u Basta cnvjar a 5mporfiin< ia dc dez mil rpi» li 0 eiidcreeo à Kippreza Feminina B rasl loira- Alaípcda 01e(te, 87 Paulo.

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Em 18 mezes oendemos oitocentos mil metros!

Acaba de ser installado ao alto da Villa Pompeia o grande reservatório das aguas da Cotia Dentro de alguns mezes a Villa Pompeia estará abastecida com a melhor agua potável da Ca-

pital e é sabido a valorisação dos terrenos abastecidos d’agiia.

Porque V, não compra terrenos na \7iIIa Pompeia?

PORQUE NÃO TEM DINHEIRO? Nós emprestamos o dinheiro, pois vendemos os terrenos em lotes, SEM JUROS, a praso muito largo, com qualquer prestação mensal.

E’ um negocio ideal; o terreno valorisa-se dia a dia, vai portanto ganhando juros porque augmenta de valor e V. o vai pagando sem juros, aos bocadinhos... Quer V. negocio mais intelligente ? S. Paulo cresce espontaneamente. Antes de cinco annos terá o dobro da popu- lação. Com a guerra européa e a miséria subsequente a immigração augmentará. A nossa

crise é toda de momento; a pujança de S. Paulo será sempre victoriosa. E’ no momento de crise que se fazem os bons negocios. Não ha em S. Paulo nenhum terreno dos que são annunciados em prestações, que se possa comparar aos terrenos da Villa Pompeia.

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resplamleçam rosadas e us seus olhos brilhem com a vitalidade que a natureza lhe deu, expe- rimente este apparelho.

Pôde V. Excia. pos- suir e reter todos os encantos da juventude póde desenvolver os lo- gares fracos da cara e do collo e póde aformo- sear as mãos e os braços, assim como ter o busto firme e arredondado, o que tanto desejam todas as damas.

Veja-se a maneira como se applioa nos bra- ços, e observa-se como é facil usal-o E’ um apparelho em miniatura que se move facilmente,

e é agradavel o seu emprego.

Fricciona-se primei- ramente 0 crême para massagem de modo que penetre bem nos poros (la pelie e applica-se depois 0 apparelho sua- vemente nos braços. O effeito é delicioso.

7s'ão ha melhor ma- neira para fazer desa- parecer os logares afun- dados nas maçãs do rosto e no collo, do que usar o aparelho FLO-

RENCE. Empregue-se o creme como já se ex- plicou e applique-se o apparelho FEORENCE ligeiramente sem o apertar demasiado, apenas o sufficiente para que a epidenne, sinta, por assim dizer, as cócegas da vitalidade « da saude.

Para desenvolver o busto não ha nada que se lhe compare. Não existe no mundo uma unira dama que não deseje ter um busto for- moso ([iie é 0 maior encanto da belleza feminina.

Empregue-se o apparelho FEOREXCE da mesma fôrma qxie para a cara, mui suavemente, e 0 effeito será surprendeníe.

Antes de se ir para o theatro ou baile, uso- se o creme par.a massagem e o apparelho FLO- REXCE, na cara no col- lo e bi'aços, applirpie-se em seguida o pó de tou- cador Camélia. Isto de- leita a pessòa que o usar, e torna o seu aspecto encantador para quantos a veem.

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