FOCA NO RESUMO_CONCURSO DE CRIMES.pdf

  • Upload
    wpaulv

  • View
    16

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • 1 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    CONCURSO DE CRIMES DIREITO PENAL

    Clber Masson + Rogrio Sanches + Rogrio Greco

    INTRODUO

    CONCURSO DE CRIMES

    CONCURSO MATERIAL CONCURSO FORMAL CRIME CONTINUADO

    - H concurso de crimes quando o agente pratica vrios crimes mediante uma ou vrias condutas.

    Todas as infraes penais admitem.

    - possvel concurso entre um crime doloso e outro culposo. Ex.: quando ocorre erro na execuo

    (aberratio ictus).

    - O PRINCPIO DA CONSUNO se aplica quando UM CRIME MENOS GRAVE NECESSRIO, FASE DE

    PREPARAO OU DE EXECUO DE OUTRO MAIS GRAVE, RESPONDENDO O AGENTE SOMENTE

    PELO LTIMO CRIME (MAIS GRAVE). Ex.: a consumao absorve a tentativa; o homicdio absorve a

    leso corporal; o furto absorve a violao de domiclio. A jurisprudncia recente est repleta de

    exemplos.

    - Smula 17 do STJ: QUANDO O FALSO SE EXAURE NO ESTELIONATO, SEM MAIS POTENCIALIDADE

    LESIVA, POR ESTE ABSORVIDO.

    - Exemplo do info. 511 do STJ: roubo circunstanciado + porte ilegal de arma de fogo.

    PRINCPIO DA CONSUNO CONCURSO MATERIAL

    O roubo majorado (crime-fim) absorve o porte ilegal de arma de fogo (crime-meio) quando h um nexo de dependncia ou de

    subordinao entre as duas condutas. Mesmo contexto ftico.

    Quando se constata que os crimes ostentam uma certa independncia, no se aplica o princpio da consuno, e sim a regra do concurso material. Ex.: o agente portava ilegalmente a

    arma de fogo em outras oportunidades, ficando claro que ele no se utilizou da arma to somente para cometer o crime de roubo (roubo circunstanciado + porte ilegal de arma de fogo).

    - No info. 743, o STF decidiu que UM CRIME NO PODE SER ABSORVIDO POR UMA

    CONTRAVENO. Ex.: o uso de documento falso (crime) no pode ser considerado mera fase de

    preparao ou execuo de exerccio ilegal da profisso (contraveno).

    - Nos crimes de ao mltipla ou contedo variado (o tipo penal prev mais de uma conduta),

    aplica-se o PRINCPIO DA ALTERNATIVIDADE: mesmo que pratique mais de uma conduta integrante

    do tipo, s responder uma nica vez. Ex.: comete o crime de trfico de drogas (art. 33 da Lei

    11.343/06) o sujeito que importa, exporta, remete, prepara, produz, fabrica, vende [...] drogas. Se o

    sujeito exportar e vender drogas, praticando 2 verbos do ncleo, haver um nico crime de trfico de

    drogas, e no concurso de crimes.

    CONCURSO MATERIAL OU REAL

    Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais

    crimes, idnticos ou no, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em

  • 2 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    que haja incorrido. No caso de aplicao cumulativa de penas de recluso e de deteno,

    executa-se primeiro aquela.

    1 - Na hiptese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de

    liberdade, no suspensa, por um dos crimes, para os demais ser incabvel a substituio de

    que trata o art. 44 deste Cdigo.

    2 - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprir

    simultaneamente as que forem compatveis entre si e sucessivamente as demais.

    REQUISITOS PLURALIDADE DE CONDUTAS. PLURALIDADE DE RESULTADOS.

    ESPCIES HOMOGNEO (crimes idnticos) ou HETEROGNEO (crimes distintos).

    SISTEMA ADOTADO CMULO MATERIAL ou CUMULAO. As penas de cada crime so aplicadas individualmente e, em seguida, sero somadas. Ex.: 1 ano de furto + 6 anos de estupro = 7 anos.

    - possvel o concurso material entre roubo circunstanciado pelo emprego de arma e quadrilha

    armada, no se devendo falar em bis in idem, pois no h nenhuma relao de dependncia ou

    subordinao entre as referidas condutas e os bens jurdicos tutelados so diversos. Enquanto a

    punio do roubo protege o patrimnio, a da quadrilha ou bando protege a paz pblica (STF, HC

    113413).

    - Rogrio Greco entende que se as infraes forem cometidas em pocas diferentes, investigadas por

    meio de processos tambm diferentes, que culminaram em vrias condenaes, no se fala em

    concurso material, mas sim em soma ou unificao das penas aplicadas, nos termos do art. 66, III, a

    da LEP. Essa posio minoritria.

    CONCURSO FORMAL OU IDEAL

    Art. 70 - Quando o agente, mediante uma s ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes,

    idnticos ou no, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabveis ou, se iguais, somente uma

    delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto at metade. As penas aplicam-se,

    entretanto, cumulativamente, se a ao ou omisso dolosa e os crimes concorrentes

    resultam de desgnios autnomos, consoante o disposto no artigo anterior.

    Pargrafo nico - No poder a pena exceder a que seria cabvel pela regra do art. 69 deste

    Cdigo.

    REQUISITOS UNIDADE DE CONDUTAS (os atos so realizados no MESMO CONTEXTO TEMPORAL E ESPACIAL). PLURALIDADE DE RESULTADOS.

    ESPCIES HOMOGNEO (crimes idnticos) ou HETEROGNEO (crimes distintos).

    SISTEMA ADOTADO EXASPERAO (concurso formal prprio) ou CMULO MATERIAL (concurso formal imprprio). Ateno: pode ser aplicado o cmulo material no concurso formal prprio se mais benfico.

    CONCURSO FORMAL PRPRIO ou PERFEITO CONCURSO FORMAL IMPRPRIO ou IMPERFEITO

    NO H DESGNIOS AUTNOMOS (no h propsito de H DESGNIOS AUTNOMOS (propsito de

  • 3 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    produzir mais de um crime). produzir, com uma nica, mais de um crime).

    Crime DOLOSO + crime CULPOSO Joo atira para matar Maria, acertando-a. Ocorre que, por culpa, atinge tambm Pedro, causando-lhe leses corporais. Joo no tinha o desgnio de ferir Pedro. Crime CULPOSO + crime CULPOSO motorista causa acidente e mata 3 pessoas. No havia o desgnio autnomo de praticar os diversos homicdios.

    S CRIMES DOLOSOS (DOLO DIRETO OU EVENTUAL). Ex.: Abel pretendia tirar a vida do

    seu desafeto Bruno, que se encontrava caminhando em um parque ao lado da

    namorada. Mesmo ciente de que tambm poderia acertar a garota, Abel continuou sua

    empreitada criminosa, efetuou um nico disparo e acertou letalmente Bruno, ferindo

    levemente sua namorada. Abel deve responder pelos delitos de homicdio e leso

    corporal leve em concurso formal imperfeito.

    SISTEMA DA EXASPERAO O JUIZ APLICA UMA S PENA, SE IDNTICAS, OU A MAIOR, QUANDO NO IDNTICAS, AUMENTADA DE 1/6 AT A METADE. O critrio para a fixao o NMERO DE CRIMES COMETIDOS (STJ). A jurisprudncia tem uma tabela: 2 crimes 1/6 3 crimes 1/5 4 crimes 1/4 5 crimes 1/3 6 ou mais 1/2 Mais de 6 crimes: aplica-se o aumento de 1/2 e os demais devem ser considerados como circunstncias judiciais desfavorveis (art. 59).

    SISTEMA DO CMULO MATERIAL PENAS SOMADAS (como se fosse concurso material). Ex.: o agente pretende matar toda a famlia e incendeia a residncia onde todos moram. Ex.: Joo amarrou duas pessoas numa rvore e matou com um nico disparo.

    SE A EXASPERAO MOSTRAR-SE PREJUDICIAL AO RU, DEVE SER APLICADO O CMULO MATERIAL!

    Ex.: Homicdio + leso corporal culposa. 6 anos por homicdio + 1/6 = 7 anos (exasperao). 6 anos (homicdio) + 2 meses (leso culposa) = 6 anos e 2 meses (cmulo material benfico).

    - Julgado do STJ: Joo, com a inteno de ceifar a vida de Maria (que estava grvida de 8 meses e ele

    sabia disso), desfere vrias facadas em sua nuca. Maria e o feto morrem. Joo praticou homicdio e

    aborto provocado por terceiro em concurso formal imprprio. Houve dolo direto em relao ao

    homicdio e dolo eventual no que se refere ao aborto. A pena pelo homicdio ser somada pena

    do aborto (cmulo material).

    - O CESPE cobra muito o conhecimento de que PODE SER APLICADO O CMULO MATERIAL

    BENFICO NO CONCURSO FORMAL PRPRIO (NEM SEMPRE HAVER EXASPERAO). Exemplo de

    pegadinha: no concurso formal entre os crimes de homicdio qualificado e leso corporal simples,

    derivados de desgnio nico do sujeito ativo, a pena aplicvel deve ser medida pelo princpio da

    cumulao, e no pelo princpio da exasperao. Est correto porque no caso incide o concurso

    material benfico.

    - Assertiva correta do CESPE: na hiptese de aberratio ictus com unidade complexa, pode ser

    aplicada a regra do concurso material benfico. que se a soma das penas for mais benfica do que

    a exasperao (regra geral), deve ser aplicado o concurso material benfico.

    - H concurso formal entre os crimes de roubo circunstanciado e corrupo de menores, pois o

    agente praticou uma conduta e dois delitos (STJ, REsp 1094915).

    - Ex.: o sujeito entra no nibus e, com arma em punho, exige que 8 passageiros entreguem seus

    pertences (dois desses passageiros eram marido e mulher). O agente ir responder por 8 roubos

  • 4 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    majorados em concurso formal. Praticado o crime de roubo mediante uma s ao contra vtimas

    distintas, no mesmo contexto ftico, resta configurado o CONCURSO FORMAL PRPRIO, E NO

    CRIME NICO, visto que violados PATRIMNIOS DISTINTOS (STJ, HC 197.684). O STF entende o

    mesmo (HC 91615). Ex.: subtrao de 2 celulares de 2 pessoas distintas, no mesmo instante.

    Considerando que foram 8 roubos, o juiz aplicar o percentual de 1/2.

    - O mesmo raciocnio se aplica ao crime de crcere privado quando, por meio de uma s conduta,

    houve a restrio da liberdade de mais de uma pessoa.

    JURISPRUDNCIA EM TESES DO STJ (at 29/10/14)

    O roubo praticado contra vtimas diferentes em um nico contexto configura concurso FORMAL e no crime nico, ante a pluralidade de bens jurdicos ofendidos.

    A distino entre o concurso formal prprio e o imprprio relaciona-se com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a existncia ou no de desgnios autnomos.

    possvel o concurso formal entre o crime do art. 2 da Lei 8.176/91 (que tutela o patrimnio da Unio, proibindo a usurpao de suas matrias-primas) e o crime do art. 55 da Lei 9.605/98 (que protege o meio ambiente, proibindo a extrao de recursos minerais), no havendo conflito aparente de normas j que

    protegem bens jurdicos distintos.

    No h crime nico, podendo haver concurso formal, quando, no mesmo contexto ftico, o agente incide nas condutas dos arts. 14 (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) e 16 (posse ou porte ilegal de

    arma de fogo de uso restrito) da Lei 10.826/13.

    O aumento decorrente do concurso formal deve se dar de acordo com o nmero de infraes.

    A apreenso de mais de uma arma de fogo, acessrio ou munio, em um mesmo contexto ftico, no caracteriza concurso formal ou material de crimes, mas delito nico.

    O benefcio da suspenso do processo no aplicvel em relao s infraes penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mnima cominada, seja pelo somatrio,

    seja pela incidncia da majorante, ultrapassar o limite de 1 ano.

    No concurso de crimes, o clculo da prescrio da pretenso punitiva feito considerando cada crime isoladamente, no se computando o acrscimo decorrente do concurso formal, material ou da continuidade

    delitiva.

    No caso de concurso de crimes, a pena considerada para fins de competncia e transao penal ser o resultado da soma ou da exasperao das penas mximas cominadas ao delito.

    CRIME CONTINUADO

    Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais

    crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo e outras

    semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuao do primeiro, aplica-se-

    lhe a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em

    qualquer caso, de um sexto a dois teros.

    Pargrafo nico - Nos crimes dolosos, contra vtimas diferentes, cometidos com violncia ou

    grave ameaa pessoa, poder o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a

    conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstncias,

    aumentar a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, at o triplo,

    observadas as regras do pargrafo nico do art. 70 e do art. 75 deste Cdigo.

    REQUISITOS PLURALIDADE DE CONDUTAS (mais de uma ao ou omisso). PLURALIDADE DE RESULTADOS.

    ESPCIES GENRICO ou ESPECFICO (analisadas abaixo)

    SISTEMA ADOTADO EXASPERAO. Pode adotar o cmulo material quando mais benfico ao

  • 5 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    ru.

    - Adota-se, para o crime continuado, a TEORIA DA FICO JURDICA de Francesco Carrara, segundo a

    qual TODOS OS CRIMES FORMAM UM S PARA EFEITOS DE PENA.

    - Ateno: a unidade dos crimes s se presta aplicao da pena. Para as demais finalidades h

    concurso. Ex.: analise-se a prescrio de cada crime individualmente.

    - Smula 497 do STF: QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIO REGULA-SE

    PELA PENA IMPOSTA NA SENTENA, NO SE COMPUTANDO O ACRSCIMO DECORRENTE DA

    CONTINUAO.

    - A REITERAO CRIMINOSA DESCARACTERIZA O CRIME CONTINUADO (STF, HC 102383).

    Constatada a reiterao, em que as condutas criminosas so autnomas e isoladas, deve ser aplicada

    a regra do concurso material de crimes. A continuidade delitiva, por implicar verdadeiro benefcio

    queles delinquentes que, nas mesmas circunstncias de tempo, modo e lugar de execuo,

    praticam crimes da mesma espcie, deve ser aplicada somente aos acusados que realmente se

    mostrarem dignos de receber a benesse (STF, HC 101049).

    1) CRIME CONTINUADO GENRICO o que est no art. 71, caput.

    PLURALIDADE DE CRIMES DA MESMA ESPCIE

    MESMAS CONDIES DE TEMPO

    MESMAS CONDIES DE LUGAR

    MANEIRA DE EXECUO

    - MESMA ESPCIE = MESMO TIPO PENAL + MESMO BEM JURDICO. Ex.: aps a Lei 12.015/09,

    possvel a continuidade delitiva entre estupro e atentado violento ao pudor (esto no mesmo tipo

    penal).

    - NO PODE HAVER CONTINUIDADE DELITIVA: ROUBO E EXTORSO; ROUBO E FURTO; ROUBO E

    LATROCNIO.

    - Mesmas condies de tempo = intervalo de 30 DIAS (criao jurisprudencial). Nos crimes contra a

    ordem tributria, admite-se a continuidade com intervalo de 3 meses.

    - Mesmas condies de lugar = MESMA COMARCA OU COMARCAS VIZINHAS.

    - O CP permite uma interpretao analgica em condies de tempo, lugar, maneira de execuo e

    outras semelhantes.

    - A Exposio de Motivos do CP adotou a teoria objetiva no crime continuado: para o

    reconhecimento do crime continuado basta a presena de requisitos objetivos (condies de tempo,

    lugar, maneira de execuo e outras semelhantes). Contudo, STF, STJ e doutrina atualmente

    consideram o ASPECTO SUBJETIVO DA CONTINUIDADE: necessria uma unidade de desgnios ou

    um vnculo subjetivo entre os eventos. imprescindvel que os vrios crimes resultem de plano

    previamente elaborado pelo agente. H, contudo, julgados em sentido contrrio.

    - O juiz leva em conta uma s pena, se idnticas, ou a maior, quando no idnticas, aumentando-a

    de 1/6 a 2/3 (sistema da exasperao).

    Nmero de crimes Aumento da pena

    2 1/6

    3 1/5

    4 1/4

    5 1/3

  • 6 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    6 1/2

    7 ou mais 2/3

    - Info. 516 do STJ: SE A PESSOA, APS A MORTE DO BENEFICIRIO, PASSA A RECEBER

    MENSALMENTE O BENEFCIO EM SEU LUGAR, MEDIANTE A UTILIZAO DO CARTO MAGNTICO

    DO FALECIDO, PRATICA O CRIME DE ESTELIONATO PREVIDENCIRIO EM CONTINUIDADE DELITIVA

    (ART. 171, 3, DO CP). NO H CRIME NICO, POIS A FRAUDE PRATICADA REITERADAMENTE,

    TODOS OS MESES, A CADA UTILIZAO DO CARTO MAGNTICO.

    DISTINGUIR DOS CASOS EM QUE O ESTELIONATO PRATICADO PELO PRPRIO BENEFICIRIO E

    DAQUELES EM QUE O NO BENEFICIRIO INSERE DADOS FALSOS NO SISTEMA DO INSS VISANDO

    BENEFICIAR OUTREM. NESSES CASOS, O CRIME NICO.

    2) CRIME CONTINUADO ESPECFICO o que est no art. 71, pargrafo nico.

    PLURALIDADE DE CRIMES DA MESMA ESPCIE

    MESMAS CONDIES DE TEMPO

    MESMAS CONDIES DE LUGAR

    MANEIRA DE EXECUO

    CRIMES DOLOSOS VTIMAS DIFERENTES VIOLNCIA OU GRAVE AMEAA PESSOA

    - O juiz leva em conta uma s pena, se idnticas, ou a maior, quando no idnticas, aumentando-a

    de 1/6 at o triplo (sistema da exasperao).

    Concurso formal prprio 1/6 a 1/2

    Crime continuado genrico 1/6 a 2/3

    Crime continuado especfico 1/6 a 3x

    - A smula 605 do STF diz que NO SE ADMITE CONTINUIDADE DELITIVA NOS CRIMES CONTRA A

    VIDA. Essa smula anterior reforma de 1984, que alterou o art. 71, autorizando a continuidade

    delitiva, MESMO NOS CRIMES COMETIDOS COM VIOLNCIA OU GRAVE AMEAA. Com essa

    reforma, grande parte da doutrina passou a entender que a smula perdeu a eficcia (posio de

    Rogrio Greco, para Defensoria: COMO HOJE PODE HAVER CONTINUIDADE DELITIVA NOS CRIMES

    COMETIDOS COM VIOLNCIA OU GRAVE AMEAA, A SMULA EST SUPERADA). O STJ entende no

    mesmo sentido.

    JURISPRUDNCIA EM TESES I (AT 06/08/2014)

    Para a caracterizao da continuidade delitiva imprescindvel o preenchimento de requisitos de ordem objetiva mesmas condies de tempo, lugar e forma de execuo E DE ORDEM SUBJETIVA unidade de

    desgnios ou vnculo subjetivo entre os eventos.

    A continuidade delitiva, em regra, no pode ser reconhecida quando se tratarem de delitos praticados em perodo superior a 30 dias.

    A continuidade delitiva pode ser reconhecida quando se tratarem de delitos ocorridos em comarcas limtrofes ou prximas.

    A continuidade delitiva no pode ser reconhecida quando se tratarem de delitos cometidos com modos de execuo diversos.

    No h crime continuado quando configurada habitualidade delitiva ou reiterao criminosa.

    Quando se tratar de crime continuado, a prescrio regula-se pela pena imposta na sentena, no se computando o acrscimo decorrente da continuao (smula 497 do STF).

    A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigncia anterior cessao da continuidade delitiva ou da permanncia (smula 711 do STF).

  • 7 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    O estupro e atentado violento ao pudor cometidos contra a mesma vtima e no mesmo contexto devem ser tratados como crime nico, aps a nova disciplina trazida pela Lei 12.015/09.

    possvel reconhecer a continuidade delitiva entre estupro e atentado violento ao pudor quando praticados contra vtimas diversas ou fora do mesmo contexto, desde que presentes os requisitos do art. 71 do CP.

    A Lei 12.015/09, ao incluir no mesmo tipo penal os delitos de estupro e atentado violento ao pudor, possibilitou a caracterizao de crime nico ou de crime continuado entre as condutas, devendo retroagir para

    alcanar os fatos praticados antes da sua vigncia, por se tratar de norma penal mais benfica.

    No concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixao da competncia do JECrim ser o resultado da soma, no caso de concurso material, ou da exasperao, na hiptese de concurso formal ou crime continuado,

    das penas mximas cominadas aos delitos.

    JURISPRUDNCIA EM TESES II (AT 27/08/2014)

    Para a caracterizao da continuidade delitiva, so considerados crimes da mesma espcie aqueles previstos no mesmo tipo penal.

    possvel o reconhecimento de crime continuado entre os delitos de apropriao indbita previdenciria e de sonegao de contribuio previdenciria.

    Presentes as condies do art. 71 do CP, deve ser reconhecida a continuidade delitiva no crime de peculato-desvio.

    No possvel reconhecer a continuidade delitiva no crime de peculato-desvio.

    No possvel reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo e de latrocnio, porque apesar de serem do mesmo gnero no so da mesma espcie.

    No possvel reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo e de extorso, pois so infraes penais de espcies diferentes.

    Admite-se a continuidade delitiva nos crimes contra a vida.

    O entendimento da smula 605 encontra-se superado pelo pargrafo nico do art. 71 do CP.

    Na continuidade delitiva prevista no caput do art. 71 do CP, o aumento se faz em razo do nmero de infraes praticadas e de acordo com a seguinte correlao: 1/6 para duas infraes; 1/5 para trs; 1/4 para

    quatro; 1/3 para cinco; 1/2 para seis; 2/3 para sete ou mais ilcitos.

    Na continuidade delitiva especfica, prevista no pargrafo nico do art. 71 do CP, o aumento fundamenta-se no nmero de infraes cometidas e nas circunstncias judiciais do art. 59 do CP.

    Caracterizado o concurso formal e a continuidade delitiva entre infraes penais, aplica-se somente o aumento relativo continuidade, sob pena de bis in idem.

    No crime continuado, as penas de multa devem ser somadas, nos termos do art. 72 do CP.

    No crime continuado, a pena de multa deve ser aplicada mediante o critrio da exasperao, tendo em vista a inaplicabilidade do art. 72 do CP.

    O reconhecimento dos pressupostos do crime continuado, notadamente as condies de tempo, lugar e maneira de execuo, demanda dilao probatria, incabvel na via estreita do HC.

    QUESTES IMPORTANTES

    1) ADMITE-SE, NO MESMO CONTEXTO FTICO, CRIME CONTINUADO E CONCURSO FORMAL. Ex.: no

    dia 01/01, Joo rouba passageiros de um nibus. No dia 03, pratica o mesmo crime, mas agora em

    outra linha de transportes urbanos. Por fim, no dia 05, mais uma vez, assalta passageiros no interior

    de um coletivo. Nesse caso, cada roubo a nibus caracteriza o concurso formal e, os 3 crimes

    praticados na sequncia, valendo-se das mesmas condies de tempo, lugar e modo de execuo,

    configura a continuidade delitiva. Para o STF, tem-se, CUMULATIVAMENTE, OS ACRSCIMOS DO

    CONCURSO FORMAL E DO CRIME CONTINUADO, SEM QUE HAJA BIS IN IDEM.

    2) Smula 711 do STF: a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado se a sua vigncia

    anterior cessao da continuidade ou da permanncia.

  • 8 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    3) Smula 723 do STF: no se admite a suspenso condicional do processo por crime continuado se a

    soma da pena mnima da infrao mais grave com o aumento mnimo de 1/6 for superior a 1 ano.

    4) E se o crime X for punido com recluso e o crime Y for punido com deteno? EXECUTA-SE

    PRIMEIRO A RECLUSO, DEPOIS A DETENO (art. 69, caput). Cumpre primeiro a pena mais grave.

    Fragoso destaca que essa disposio intil porque no h praticamente diferena entre uma e

    outra das penas privativas de liberdade que se cumpram sob o mesmo regime.

    5) E se a pena do crime X for PPL e a do crime Y for PRD? O JUIZ S PODE APLICAR PRD

    (SUBSTITUIO) PARA O CRIME Y SE A PPL PARA O CRIME X FOR SUSPENSA.

    6) E quando forem aplicadas PRDs para os crimes X e Y? Cumprir simultaneamente as que forem

    compatveis entre si, e sucessivamente as demais. Ex.: possvel cumprir simultaneamente

    prestao de servios comunidade e a prestao pecuniria. No possvel cumprir, todavia, duas

    penas de limitao de final de semana. Nesse caso, sero cumpridas sucessivamente.

    7) Institutos que consideram o concurso de crimes:

    a) FIANA. Ex.: Joo, associado em quadrilha ou bando (1 a 3 anos), comete um furto simples

    (1 a 4 anos). Analisados isoladamente, os delitos so passveis da concesso de fiana pela

    autoridade policial (at 4 anos), bem como fica invivel a decretao da priso preventiva (s

    a partir de 4 anos). Contudo, em decorrncia do cmulo de penas do concurso material, a

    autoridade policial no poder arbitrar a fiana (s o juiz), bem como, presentes os

    fundamentos do art. 312 do CPP, admite-se a priso preventiva.

    b) PRISO PREVENTIVA. Ex.: se voc tem 2 crimes em concurso formal. Um crime tem pena

    de 6 meses a 2 anos. O outro crime tambm tem pena de 6 meses a 2 anos. Somando as

    penas mximas, tem-se 4 anos, ou seja, procedimento ordinrio.

    c) FIXAO DO PROCEDIMENTO.

    d) COMPETNCIA DO JUIZADO. A pena mxima deve ser inferior a 2 anos.

    e) FIXAO DO REGIME INICIAL.

    f) SUBSTITUIO POR PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. Para os crimes dolosos, s cabe a

    substituio se a pena privativa de liberdade for igual ou inferior a 4 anos.

    g) SURSIS.

    h) SUSPENSO CONDICIONAL DO PROCESSO. A pena mnima abstrata no pode ultrapassar

    1 ano.

    - Smula 243 do STJ: o benefcio da suspenso do processo no aplicvel em relao s infraes

    penais cometidas em concurso MATERIAL, concurso FORMAL ou CONTINUIDADE DELITIVA, quando

    a pena mnima cominada, seja pelo somatrio, seja pela incidncia da majorante, ultrapassar o limite

    de 1 ano.

    - Smula 723 do STF: no se admite a suspenso condicional do processo por crime continuado se a

    soma da pena mnima da infrao mais grave com o aumento mnimo de 1/6 for superior a 1 ano.

    - PRESCRIO NO CONSIDERA O CONCURSO DE CRIMES (CADA CRIME PRESCREVE

    INDIVIDUALMENTE).

  • 9 WWW.FOCANORESUMO.COM

    MARTINA CORREIA

    - Assertiva correta do CESPE: indiferente o acrscimo que se realize em face do concurso formal de

    crimes, haja vista que, em tais situaes, a extino da punibilidade incide sobre a pena de cada um

    dos crimes, isoladamente.

    - Smula 497 do STF: quando se tratar de crime continuado, A PRESCRIO REGULA-SE PELA PENA

    IMPOSTA NA SENTENA, NO SE COMPUTANDO O ACRSCIMO DECORRENTE DA CONTINUAO.

    - Ex.: A condenado pena de 2 anos, com um acrscimo de 4 meses em face da exasperao (1/6).

    A prescrio incidir sobre 2 anos.

    MULTA NO CONCURSO DE CRIMES

    Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa so aplicadas distinta e integralmente.

    - Para a doutrina, o art. 72 foi taxativo ao determinar a soma das penas de multa no concurso de

    crimes, pouco importando a sua modalidade, isto , se concurso material, formal ou crime

    continuado. Alm disso, a posio do art. 72 irradiaria seus efeitos sobre os arts. 69, 70 e 71.

    - Posio jurisprudencial: CMULO MATERIAL PARA OS CONCURSOS MATERIAL E FORMAL, MAS

    NO PARA O CRIME CONTINUADO (UMA NICA PENA DE MULTA). Para o STJ, a adoo da teoria

    da fico jurdica pelo art. 71 implica na aplicao de uma nica pena de multa, por se tratar de

    crime nico para fins de dosimetria. Se h crime nico, no faz sentido o somatrio. Paralelismo

    com a unificao da PPL.

    DOUTRINA JURISPRUDNCIA (STF e STJ)

    CMULO MATERIAL das multas ao concurso material,

    formal e ao crime continuado, indistintamente.

    Concurso material e formal CMULO MATERIAL das multas.

    APLICA-SE O ART. 72.

    Crime continuado uma NICA PENA DE MULTA (crime nico pela

    teoria da fico jurdica). NO SE APLICA O ART. 72.

    CONCURSO

    MATERIAL

    - Pluralidade de condutas

    - Pluralidade de crimes

    Cmulo material Penas somadas

    CONCURSO FORMAL

    PRPRIO

    - Unidade de condutas

    - Pluralidade de crimes

    Exasperao 1/6 at

    CONCURSO FORMAL

    IMPRPRIO

    - Unidade de conduta

    - Pluralidade de crimes

    - Desgnios autnomos

    Cmulo material Penas somadas

    CRIME CONTINUADO

    GENRICO

    - Pluralidade de condutas

    - Pluralidade de crimes da mesma

    espcie

    - Elo de continuidade

    Exasperao 1/6 at 2/3

    CRIME CONTINUADO

    ESPECFICO

    - Os mesmos do continuado genrico

    - Crimes dolosos

    - Vtimas diferentes

    - Violncia ou grave ameaa pessoa

    Exasperao 1/6 at 3x