FOCA NO RESUMO_RELACAO DE CAUSALIDADE.pdf

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    MARTINA CORREIA

    RELAO DE CAUSALIDADE DIREITO PENAL

    Clber Masson + Rogrio Sanches + Rogrio Greco

    INTRODUO

    - Nexo causal o elo que une a conduta praticada pelo agente ao resultado. Sem esse vnculo, o

    resultado no pode ser atribudo ao agente.

    Art. 13 - O resultado, de que depende a existncia do crime, somente imputvel a quem lhe

    deu causa. Considera-se causa a ao ou omisso sem a qual o resultado no teria ocorrido.

    - A qual resultado o art. 13 se refere? A doutrina se divide. Parte dela entende que o dispositivo se

    refere ao resultado naturalstico, de forma que somente os crimes materiais teriam nexo de

    causalidade. Outra corrente entende que o dispositivo refere-se ao resultado jurdico ou normativo,

    nsito a todos os crimes. Nesse sentido, Luiz Flvio Gomes entende que lgico que no pode ser o

    resultado natural (ou naturalstico ou tpico), porque esse s exigido nos crimes materiais. Crimes

    formais e de mera conduta no possuem ou no exigem resultado (natural). Consequentemente, o

    resultado exigido pelo art. 13 s pode ser o jurdico. Este sim que est presente em todos os

    crimes. No mesmo sentido, Rogrio Greco.

    TEORIA DA EQUIVALNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS

    - Trs passos para entender a matria:

    1) O CP adotou a TEORIA DA EQUIVALNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS, DA CAUSALIDADE

    SIMPLES OU CONDITIO SINE QUA NON: todas as causas concorrentes apresentam-se no mesmo

    nvel de importncia. Todo fato sem o qual o resultado no teria ocorrido causa. Causa a ao

    ou omisso sem a qual o resultado no teria ocorrido.

    2) Deve-se somar a essa teoria a MTODO DA ELIMINAO HIPOTTICA DOS ANTECEDENTES

    CAUSAIS (THYRN): deve-se proceder eliminao da conduta para concluir pela persistncia ou

    desaparecimento do resultado. Persistindo o resultado, a conduta no causa; desaparecendo,

    causa.

    - Somando-se as duas teorias, chega-se CAUSALIDADE OBJETIVA OU EFETIVA DO RESULTADO.

    - Aplicao do mtodo: o agente comprou veneno (1) comprou um bolo (2) misturou bolo e

    veneno (3) fumou um charuto enquanto esperava a vtima (4) serviu bolo para a vtima (5) a

    vtima morreu envenenada (6). Nessa sequncia, apenas 4 no causa, pois sem esse fato o

    resultado ocorreria do mesmo modo.

    - Problema: a causalidade objetiva tende a regressar ao infinito na investigao do que seja a causa,

    sendo INSUFICIENTE PARA CHEGAR IMPUTAO DO CRIME. A fabricao do fermento utilizado no

    bolo causa? E os pais do homicida? E Ado e Eva?

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    3) Para resolver esse problema, dentro da perspectiva do finalismo, necessrio perquirir a

    CAUSALIDADE PSQUICA, INVESTIGANDO-SE SE O AGENTE AGIU COM CULPA OU DOLO PARA A

    PRODUO DO RESULTADO (LIMITES DA RESPONSABILIDADE). Ex.: a confeiteira que fez o bolo no

    agiu com dolo ou culpa em relao ao resultado morte. Assim, deve-se interromper a cadeia causal

    no instante em que no houver dolo ou culpa por parte dessas pessoas. a proibio de regresso

    (Regressverbot).

    IDENTIFICAO DA CAUSA DO CRIME

    IDENTIFICAO DA CAUSA EFETIVA

    IDENTIFICAO DO ELEMENTO SUBJETIVO

    TEORIA DA EQUIVALNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS

    TEORIA DA ELIMINAO HIPOTTICA DOS ANTECEDENTES

    CAUSAIS (THYRN)

    CAUSALIDADE PSQUICA (DOLO OU CULPA)

    Causa todo antecedente sem o qual o resultado no teria ocorrido

    como ocorreu.

    CAUSALIDADE OBJETIVA ( criticado, pois no impede o

    regresso ao infinito).

    IMPUTAO DO RESULTADO (responsabilidade penal pelo fato

    voluntariamente praticado).

    - Rogrio Greco faz uma importante observao: seria mais correto se ao art. 13 fosse acrescentada a

    expresso como ocorreu (considera-se causa a ao ou omisso sem a qual o resultado no teria

    ocorrido como ocorreu). Ex.: o agente caminha na estrada e ouve gritos pedindo socorro. Encontra

    seu maior inimigo preso num fino galho de rvore prestes a se romper num precipcio. Nesse

    momento, balana levemente e rvore e faz com que seu inimigo caia no precipcio. Mesmo que o

    agente no tivesse balanado a rvore, o resultado teria ocorrido, porque o galho estava na

    iminncia de se romper. Mas o resultado no teria ocorrido como ocorreu, porque houve

    interferncia do agente, que deve responder por homicdio.

    CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES

    ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE PREEXISTENTE

    A causa efetiva antecede o comportamento concorrente. Maria, s 20h, d veneno ao seu marido Joo. Uma hora depois, Joo atingido por um disparo efetuado por Antnio. Joo morre por causa do veneno. Maria responde por homicdio consumado. J Antnio no foi causa do resultado, pois a vtima morreria envenenada de qualquer modo, devendo responder por tentativa de homicdio. Causa preexistente envenenamento por Maria (homicdio consumado). Antnio s responder por seu dolo, e no pelo resultado (homicdio tentado).

    ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE

    CONCOMITANTE

    A causa efetiva simultnea ao comportamento concorrente. Cludia, s 20h, d veneno ao seu marido Rafael. Na mesma hora, coincidentemente, Rafael atingido por um disparo efetuado por Pedro e morre. Pedro responde por homicdio consumado. J Cludia no foi causa do resultado, pois a morte de Rafael ocorreria mesmo sem o envenenamento, devendo responder por tentativa de homicdio. Causa concomitante disparo por Pedro (homicdio consumado). Cludia s responder por seu dolo, e no pelo resultado (homicdio tentado).

    ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE SUPERVENIENTE

    A causa efetiva posterior ao comportamento concorrente. Luiza, s 20h, d veneno ao seu marido Rogrio. Antes do veneno fazer efeito, cai um lustre na cabea de Rogrio, causando sua morte por traumatismo craniano. Luiza responde por tentativa de homicdio, pois, eliminando seu comportamento, a morte de Rogrio ocorreria de qualquer modo. Causa superveniente traumatismo craniano causado pelo lustre. Luiza s responder por seu dolo, e no pelo resultado (homicdio tentado).

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    - Concluso: QUANDO H CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE, O COMPORTAMENTO

    PARALELO (NO EFETIVO) SER SEMPRE PUNIDO POR SEU DOLO (FORMA TENTADA).

    CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES

    RELATIVAMENTE INDEPENDENTE PREEXISTENTE

    A causa efetiva antecede a causa concorrente. Joo, portador de hemofilia, vtima de um golpe de faca executado por Antnio. O ataque para matar, isoladamente, em razo da sede e natureza da leso, no geraria a morte da vtima que, entretanto, tendo dificuldade de estancar o sangue dos ferimentos, acaba morrendo. Antnio responder por homicdio consumado. Eliminando sua conduta, Joo no morreria. Ateno: no exemplo, supe-se que Antnio sabia da condio de Joo (hemofilia) e agiu com animus necandi. Se Antnio no tivesse conhecimento da hemofilia, no poderia ser responsabilizado pela morte, e sim por leses corporais simples.

    RELATIVAMENTE INDEPENDENTE

    CONCOMITANTE

    A causa efetiva simultnea causa concorrente. Fbio, com inteno de matar, atira em Joo, mas no atinge o alvo. Joo, assustado, tem um ataque cardaco e morre. Fbio responder por homicdio consumado, pois se no tivesse atirado, a vtima no sofreria a perturbao emocional que gerou o colapso cardaco. ATENO: AT AQUI UTILIZOU-SE A CAUSALIDADE SIMPLES E O RESULTADO IMPUTADO AO AGENTE DE ACORDO COM SEU DOLO.

    - J as CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDEPENDENTES s excluem a imputao

    quando POR SI SS produzem o resultado:

    Art. 13, 1 - A supervenincia de causa relativamente independente exclui a imputao

    quando, por si s, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem

    os praticou.

    - O que quer dizer por si ss? Significa que o resultado est na LINHA DE DESDOBRAMENTO FSICO

    DA CONDUTA. Ex.: o agente disparou contra a vtima e esta, na ambulncia, faleceu devido a um

    acidente de trnsito. Ora, acidentes de trnsito no esto na linha de desdobramento fsico da

    conduta praticada pelo agente. No o normal. Diferente seria se a morte da vtima decorresse de

    uma infeco hospitalar em razo dos ferimentos sofridos. A infeco hospitalar est na mesma linha

    de desdobramento fsico, devendo o agente responder pela morte.

    - Rogrio Greco explica: SE O RESULTADO ESTIVER NA LINHA DE DESDOBRAMENTO NATURAL DA

    CONDUTA INICIAL DO AGENTE, ESTE DEVER POR ELE RESPONDER; SE O RESULTADO FUGIR AO

    DESDOBRAMENTO NATURAL DA AO, OU SEJA, SE A CAUSA SUPERVENIENTE RELATIVAMENTE

    INDEPENDENTE VIER, POR SI S, A PRODUZI-LO, NO PODER O RESULTADO SER ATRIBUDO AO

    AGENTE, QUE RESPONDER TO SOMENTE PELO SEU DOLO. Para entender melhor:

    RELATIVAMENTE INDEPENDENTE SUPERVENIENTE

    Causa efetiva que NO POR SI S produziu o resultado

    Causa efetiva que POR SI S produziu o resultado

    A causa efetiva superveniente encontra-se na LINHA DE DESDOBRAMENTO CAUSAL da conduta do agente,

    A causa efetiva do resultado um EVENTO IMPREVISVEL, QUE SAI DA LINHA DE

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    tratando de um evento previsvel.

    TEORIA DA EQUIVALNCIA DOS ANTECEDENTES.

    Antnio dispara contra Joo com o dolo de mat-lo. Joo, no hospital, morre em decorrncia de erro mdico durante a cirurgia. Antnio responde por

    homicdio consumado porque o erro mdico est na mesma linha de desdobramento fsico da ao de Antnio. No mesmo sentido: infeco hospitalar e eventual omisso no atendimento mdico (STJ, HC

    42559/PE).

    DESDOBRAMENTO CAUSAL ento existente. EXCLUI-SE A IMPUTAO DO RESULTADO EM RELAO AO

    AGENTE RESPONSVEL PELA PRIMEIRA CAUSA CONCORRENTE.

    TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA (ART. 13, 2)

    Antnio dispara contra Joo com o dolo de mat-lo. Ocorre um incndio no hospital e Joo morre devido a

    esse incndio. Antnio responder por tentativa de homicdio (o agente s responde pelos atos at ento praticados), estando o incndio no hospital fora da

    linha de desdobramento causal de um tiro e, portanto, imprevisvel. No existe um nexo normal

    prendendo o atuar de Antnio ao resultado morte por queimaduras.

    - O art. 13, 1 adotou a CAUSALIDADE ADEQUADA (ou teoria da condio qualificada ou

    individualizadora), preconizada por Von Kries. Considera causa a pessoa, fato ou circunstncia que,

    alm de praticar um antecedente indispensvel produo do resultado, realize uma ATIVIDADE

    ADEQUADA SUA CONCRETIZAO. Na determinao da causalidade adequada, o que importa SE

    H UM NEXO NORMAL PRENDENDO O ATUAR DO AGENTE COMO CAUSA AO RESULTADO COMO

    EFEITO. O problema se resume, ento, em assentar se, conforme o demonstra a experincia da vida,

    o fato conduz normalmente a um resultado dessa ndole; SE ESSE RESULTADO CONSEQUNCIA

    NORMAL, PROVVEL, PREVISVEL DAQUELA MANIFESTAO DE VONTADE DO AGENTE. O

    fundamento desse juzo um dado estatstico, um critrio de probabilidade.

    - Concluso de Rogrio Greco: as causas preexistentes e concomitantes relativamente

    independentes, quando conjugadas com a conduta do agente, fazem com que este sempre responda

    pelo resultado. Para isso, preciso que essas causas tenham entrado na sua esfera de conhecimento,

    pois, caso contrrio, estaremos diante da chamada responsabilidade penal objetiva ou

    responsabilidade penal sem culpa. J as causas relativamente independentes tm uma

    peculiaridade: o resultado somente poder ser imputado ao agente se estiver na mesma linha de

    desdobramento natural da ao; caso contrrio, quando a causa superveniente relativamente

    independente, por si s, vier a produzir o resultado, pelo fato de no se encontrar na mesma linha

    de desdobramento fsico, o agente s responder pelo seu dolo. Isso porque h um rompimento na

    cadeia causal, no podendo o agente responder pelo resultado que no foi uma consequncia

    natural da sua conduta inicial. Resumindo:

    CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES

    PREEXISTENTE CONCOMITANTE SUPERVENIENTE

    Causa efetiva Crime CONSUMADO.

    Causa paralela Crime TENTADO.

    CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES

    PREEXISTENTE CONCOMITANTE SUPERVENIENTE

    Hemofilia + facada = morte. O autor responde pelo

    crime CONSUMADO (sem sua conduta, no haveria

    Tiro + ataque cardaco = morte.

    O autor responde pelo crime CONSUMADO (sem sua

    A causa efetiva NO POR SI S produziu o resultado erro mdico. O autor responde pelo crime CONSUMADO (mesma linha de desdobramento da conduta paralela).

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    morte). CAUSALIDADE SIMPLES.

    conduta, no haveria morte). CAUSALIDADE SIMPLES.

    CAUSALIDADE SIMPLES. A causa efetiva POR SI S produziu o resultado incndio na ambulncia. O autor responde pelo crime TENTADO, excluindo-se a imputao pelo resultado (evento imprevisvel, que sai da linha de desdobramento causal).

    CAUSALIDADE ADEQUADA.

    CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS

    - NO SE FALA EM NEXO DE CAUSALIDADE EM CRIME OMISSIVO, mas somente em crimes

    comissivos dos quais resultem modificao no mundo (resultado naturalstico). O que determina a

    ligao entre a conduta omissiva do agente e o resultado lesivo o NEXO NORMATIVO.

    OMISSO RESULTADO

    NEXO NORMATIVO

    OMISSO PRPRIA OMISSO IMPRPRIA

    CRIMES DE MERA CONDUTA. CRIMES MATERIAIS.

    NO H RESULTADO, LOGO, NO H NEXO DE CAUSALIDADE.

    NEXO NORMATIVO: NEXO DE NO EVITAO OU NO IMPEDIMENTO.

    O agente no responsvel por ter causado o resultado (nexo naturalstico), mas sim por no t-lo evitado.

    TEORIA DA IMPUTAO OBJETIVA

    - A teoria da imputao objetiva no pretende atribuir o resultado ao agente, mas justamente

    delimitar essa imputao, evitando o regresso ao infinito gerado pela causalidade simples (teoria da

    equivalncia dos antecedentes causais).

    - Os adeptos da teoria entendem que o finalismo, apesar de filtrar a responsabilidade penal com a

    causalidade psquica (dolo e culpa), no evita, sob o ngulo da causalidade objetiva, seu regresso a

    comportamentos distantes do evento. Ex.: mesmo com a causalidade psquica, a confeiteira do

    bolo usado para misturar veneno e matar o desafeto do homicida continua sendo causa, apesar de

    irresponsvel por ausncia de dolo e culpa.

    - Destarte, a causalidade simples funciona como uma condio mnima, qual deve agregar-se a

    relevncia jurdica da relao causal entre o sujeito atuante e o resultado. por isso que Paulo

    Queiroz diz que a teoria da imputao objetiva mais uma teoria da no imputao, porque trata

    de um corretivo relao causal e de uma exigncia geral da realizao tpica, a partir da adoo de

    critrios essencialmente normativos.

    - A imputao objetiva determina que sejam considerados, alm do NEXO FSICO (causa/efeito),

    tambm o NEXO NORMATIVO, pois, de acordo com a causalidade vigente, situaes absurdas

    proporcionadas pela teoria da equivalncia dos antecedentes somente eram evitadas em razo da

    anlise do dolo e da culpa. Assim, A ANLISE DO NEXO NORMATIVO ANTECEDE A INDAGAO

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    SOBRE DOLO E CULPA, ISTO , VERIFICA SE O RESULTADO PODE OU NO SER ATRIBUDO AO

    AGENTE ANTES MESMO DE PESQUISAR O ELEMENTO SUBJETIVO.

    TEORIA DA EQUIVALNCIA DOS ANTECEDENTES

    TEORIA DA IMPUTAO OBJETIVA

    Causalidade objetiva NEXO FSICO (relao de causa e efeito). NEXO FSICO +

    NEXO NORMATIVO

    Causalidade psquica DOLO E CULPA. DOLO E CULPA.

    TEORIA DA EQUIVALNCIA TEORIA DA IMPUTAO OBJETIVA

    A me do homicida CAUSA da morte da vtima (tem nexo fsico), somente no respondendo pelo

    resultado por ausncia de dolo e culpa.

    O comportamento da me (gerar um filho) um nexo fsico, mas no h nexo normativo nessa conduta. Assim, NO CAUSA, dispensando-se, portanto,

    pesquisa sobre dolo e culpa.

    - Mas que nexo normativo esse?

    NEXO NORMATIVO

    VERTENTES DE ROXIN VERTENTES DE JAKOBS

    - DIMINUIO DO RISCO - CRIAO DE UM RISCO JURIDICAMENTE

    RELEVANTE - AUMENTO DO RISCO PERMITIDO

    - ESFERA DE PROTEO DA NORMA COMO CRITRIO DE IMPUTAO

    - RISCO PERMITIDO - PRINCPIO DA CONFIANA - PROIBIO DE REGRESSO

    - COMPETNCIA OU CAPACIDADE DA VTIMA

    - Roxin criou uma teoria geral da imputao, com 4 VERTENTES QUE IMPEDIRO SUA IMPUTAO

    OBJETIVA:

    1. DIMINUIO DO RISCO - Ex.: ao atravessar uma avenida, Antnio percebe que um veculo se aproxima com velocidade

    excessiva do seu amigo Joo. Para evitar o pior, empurra Joo, que sofre leses corporais. No caso,

    Antnio no responder pelas leses porque o seu comportamento significou uma diminuio de

    risco integridade fsica de Joo.

    TEORIA DA EQUIVALNCIA TEORIA DA IMPUTAO OBJETIVA

    Existe nexo causal (o empurro provocou a leso). O comportamento de Antnio no criou ou incrementou risco, mas o diminuiu, no nexo

    normativo.

    causa. NO CAUSA.

    Agiu com dolo. Apesar de praticar um fato tpico, atuou em estado de necessidade de terceiro.

    Dispensa anlise do dolo e da culpa. O fato atpico.

    2. CRIAO DE UM RISCO JURIDICAMENTE RELEVANTE - Ex.: o sobrinho compra uma passagem area para o tio, esperando que aquele avio caia para

    herdar seu patrimnio. Apesar de o sobrinho ter desejado o evento, o resultado no pode ser-lhe

    imputado, pois a sua conduta no criou um risco juridicamente relevante. Sua conduta (comprar uma

    passagem) no incrementou o risco da ocorrncia do resultado.

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    3. AUMENTO DO RISCO PERMITIDO - Se a conduta do agente no houver aumentado o risco de ocorrncia do resultado, este no lhe

    poder ser imputado. Exemplo dos pelos de cabra citado por Rogrio Greco: um fabricante importou

    pelos de cabra para confeccionar pinceis e foi orientado a desinfet-los antes da confeco. No

    esterilizou. Quatro operrios foram infectados por uma bactria dos pelos de cabra e morreram.

    Depois constatou-se que as bactrias j estavam resistentes, de modo que a prvia esterilizao no

    evitaria o resultado (a conduta negligente no incrementou o risco da ocorrncia do resultado).

    Portanto, o resultado no poderia ter sido imputado ao fabricante.

    4. ESFERA DE PROTEO DA NORMA COMO CRITRIO DE IMPUTAO - S pode haver imputao quando a conduta afrontar a finalidade protetiva da norma. Ex.: o agente

    negligentemente atropela um pedestre e causa-lhe a morte. A me do pedestre, quando recebe a

    notcia, sofre um ataque cardaco e morre. O agente no dever responder pela morte da me do

    pedestre, porque essa responsabilizao no est contida no sentido protetivo do tipo penal do

    homicdio. O tipo do art. 121 no parece abranger os danos secundrios.

    - Outro exemplo mais complexo: Antnio atira em Joo para matar. Joo, com vida, socorrido e

    transportado numa ambulncia para cirurgia de urgncia. No trajeto, a ambulncia, em alta

    velocidade, colide contra um poste, matando Joo. Como fica a situao de Antnio?

    TEORIA DA EQUIVALNCIA TEORIA DA IMPUTAO OBJETIVA

    Existe nexo fsico (se no fosse o disparo, Joo no estaria na ambulncia).

    Alm do nexo fsico, Antnio, atirando contra algum, criou risco proibido. A morte de Joo, porm, no se encontra dentro de alcance do tipo. No objetivo do art. 121 prevenir mortes causadas por acidentes

    de veculos que no estejam sob o domnio direto ou indireto do autor de um disparo.

    causa. O acidente uma concausa relativamente independente que no por si s provocou a morte da vtima. A morte, objetivamente, pode ser imputada a

    Antnio.

    No causa. A morte no pode ser atribuda a Antnio.

    Agiu com dolo, respondendo por HOMICDIO DOLOSO.

    Havendo dolo, responder por HOMICDIO TENTADO.

    - Jakobs traa outras 4 vertentes da imputao objetiva:

    1. RISCO PERMITIDO - No existe sociedade sem riscos. Alguns contatos sociais so permitidos pela sociedade, e,

    portanto, devem ser tolerados. O trfego areo traz diversos riscos, mas no pode ser abolido em

    prol da segurana dos cidados. Se um piloto testa pela primeira vez uma aeronave, colocado em

    risco, mas a possibilidade de morte tolerada e aceita para colaborar com o progresso da cincia.

    - Tem-se aqui uma linha divisria entre o crime culposo e os fatos impunveis resultantes do risco

    permitido.

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    2. PRINCPIO DA CONFIANA - Como o dever objetivo de cuidado se dirige a todas as pessoas, pode-se esperar que cada um se

    comporte de forma prudente e razovel, necessria para a coexistncia pacfica em sociedade. Por se

    presumir a boa-f de todo indivduo, aquele que cumpre as regras jurdicas impostas pelo direito

    pode confiar que o seu semelhante tambm agir de forma acertada. Ex.: aquele que conduz seu

    carro dentro dos limites de velocidade e de forma correta pode confiar que, ao cruzar o sinal verde,

    ter o trnsito livre, de modo que, se um motociclista desrespeitar o semforo e colidir com o seu

    carro, no responder pelas leses eventualmente produzidas.

    3. PROIBIO DE REGRESSO - Diz respeito aos papeis sociais dos indivduos: se cada um atuar de acordo com o papel que deveria

    desempenhar e essa atuao, de algum modo, contribuir para a prtica de alguma infrao penal,

    no poderemos ser responsabilizados. Ex.: o agente quer matar um desafeto fazendo-o ingerir um

    po envenenado. A conduta do padeiro (fabricar po), segundo o mtodo de eliminao de Thyrn,

    seria causa o homicdio, mas o padeiro no seria responsabilizado por no ter agido com dolo ou

    culpa. Contudo, para Jakobs, mesmo que o padeiro soubesse da inteno do agente, no poderia

    ser responsabilizado, pois a atividade de fabricar e vender pes o seu papel social.

    4. COMPETNCIA OU CAPACIDADE DA VTIMA - Engloba os casos de CONSENTIMENTO DO OFENDIDO e de AES A PRPRIO RISCO. Ex.: aquele

    que faz uma escalada (esporte radical) sabe o risco da atividade, no podendo atribuir o fato ao seu

    instrutor. A vtima, quando pratica atividades arriscadas, as pratica a seu prprio risco.

    - Outra situao: Maria quer que o condutor de um barco faa uma travessia de um rio durante uma

    tempestade. O condutor desaconselha, mas Maria insiste que quer atravessar. Se o barco afundar

    devido tempestade e a Maria se afogar, o condutor no ser responsabilizado.