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Foi vovó que disse Apresente o livro de Daniel Munduruku 1 para a turma: mostre a capa, já que ela é responsável pelo primeiro impacto do leitor. Peça que os alunos descrevam as imagens e explore as ilustrações de Graça Lima, com cores fortes, analisando os elementos ali representados. Só então fale no título da obra (Foi vovó que disse) e no seu autor, Daniel Munduruku, valo- rizando as inferências dos alunos sobre o conteúdo da história e despertando a curiosidade para uma narrativa do au- tor indígena 1 , que tem no seu nome a tribo à qual pertence. Examine as ilus- trações no interior do livro. Proponha que descrevam as imagens maiores, que ocupam a página inteira (ou dupla pági- na): o que veem? É possível identificar elementos ligados à cultura indígena nas ilustrações? Explore as expectativas geradas a respeito do conteúdo e faça algumas anotações no quadro. Preparação para a leitura Autor: Daniel Munduruku Ilustrações: Graça Lima Gênero: narrattiva Temas transversais: Pluralidade cultural – tradições culturais, características culturais de grupos e regiões Abordagem interdisciplinar: Língua Portuguesa e Literatura, Ciências, História, Geografia, Artes Palavras-chave: cultura indígena Kaxiborempô é uma criança de 6 anos de idade, prestes a com- pletar 7, que nasceu no meio da floresta. O pequeno mundu- ruku narra a história de seus ancestrais e o seu dia a dia, repas- sando os ensinamentos ouvidos de sua avó, como o repeito à natureza, o orgulho de pertencer ao povo indígena etc. O texto é do premiado escritor Daniel Munduruku, com ilustrações da também premiada Graça Lima. 1 Filho do povo indígena Munduruku, nasceu em Belém/PA. Autor de literatura infantil, também participa de palestras e seminários sobre o papel da cultura indígena na formação da sociedade brasileira. Formado em Filosofia, História e Psicologia, fez pós-graduação em Antropologia Social na USP. Lecionou durante dez anos e atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo. Roteiro de leitura | Foi vovó que disse © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br

Foi vovó que disse Preparação para a leitura · curiosidade para uma narrativa do au- ... diz que escreveu uma “cartinha”? Como são escritas as cartas? Você já escreveu

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Foi vovó que disse

Apresente o livro de Daniel Munduruku1 para a turma: mostre a capa, já que ela é responsável pelo primeiro impacto do leitor. Peça que os alunos descrevam as imagens e explore as ilustrações de Graça Lima, com cores fortes, analisando os elementos ali representados. Só então fale no título da obra (Foi vovó que disse) e no seu autor, Daniel Munduruku, valo-rizando as inferências dos alunos sobre o conteúdo da história e despertando a

curiosidade para uma narrativa do au-tor indígena1, que tem no seu nome a tribo à qual pertence. Examine as ilus-trações no interior do livro. Proponha que descrevam as imagens maiores, que ocupam a página inteira (ou dupla pági-na): o que veem? É possível identificar elementos ligados à cultura indígena nas ilustrações? Explore as expectativas geradas a respeito do conteúdo e faça algumas anotações no quadro.

Preparação para a leitura

Autor: Daniel Munduruku

Ilustrações: Graça Lima

Gênero: narrattiva

Temas transversais:Pluralidade cultural – tradições culturais, características culturais de grupos e regiões

Abordagem interdisciplinar:Língua Portuguesa e Literatura, Ciências, História, Geografia, Artes

Palavras-chave:cultura indígena

Kaxiborempô é uma criança de 6 anos de idade, prestes a com-pletar 7, que nasceu no meio da floresta. O pequeno mundu-ruku narra a história de seus ancestrais e o seu dia a dia, repas-sando os ensinamentos ouvidos de sua avó, como o repeito à natureza, o orgulho de pertencer ao povo indígena etc. O texto é do premiado escritor Daniel Munduruku, com ilustrações da também premiada Graça Lima.

1 Filho do povo indígena Munduruku, nasceu em Belém/PA. Autor de literatura infantil, também participa de palestras e seminários sobre o papel da cultura indígena na formação da sociedade brasileira. Formado em Filosofia, História e Psicologia, fez pós-graduação em Antropologia Social na USP. Lecionou durante dez anos e atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo.

Roteiro de leitura | Foi vovó que disse

© Edelbra Editora | www.edelbra.com.br

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Leitura e compreensão geral do texto

Proponha a leitura silenciosa, que é a maneira como geralmente se lê na vida cotidiana. Nesse momento, privilegie uma leitura global do texto, sem foca-lizar aspectos pontuais (isso será feito adiante, ao estudar o texto).

Depois, em grande grupo, retome a leitura ou as partes mais importan-tes e proponha que, no grande grupo, respondam:

• Do que vocês gostaram na história? Do que vocês não gostaram?

• Quem era Kaxiborempô? Ele é impor-tante para a narrativa?

• Vocês conseguem identificar quem conta a história? É a avó? Ou é o menino?

• Onde se passa a história?

Ouça as respostas dos alunos e organi-ze-as de modo a destacar aspectos es-truturais da narrativa: é um texto narrado em primeira pessoa, por Kaxiborempô, uma criança de 6 anos de idade, pres-tes a completar 7, que nasceu em meio à floresta, cercada pelos animais e por belezas naturais. Ele se dirige ao leitor, contando um pouco a sua história e a de seus ancestrais, a partir do que ouviu de sua avó: “Ela disse que o silêncio fala com a gente. Que fazer silêncio é con-templar a beleza das coisas do mundo”. O narrador diz que, na cultura indígena, os avós são considerados sábios e é tra-dição ouvir e obedecer seus ensinamen-tos. No final do livro, Kaxiborempô fala também sobre preconceito contra os ín-dios, que existe até nas escolas, e diz ser necessário respeitarmos uns aos outros, como na natureza.

Explore as características do gênero nar-rativo na história lida. Chame a aten-ção para o contexto da história (Onde? Quando?) e o narrador-personagem, pois ele é o ponto central da narrativa: é através do seu relato que o leitor fica sa-bendo sobre a importância do respeito aos mais velhos, de aprender a contem-plar a natureza, contemplar a beleza, sentir o perfume das árvores e ouvir os animais etc.

Ao final, na última página do livro, há um “p.s.”. Leia-a e pergunte: vocês sabem o que isso significa? Quando essa abrevia-tura é utilizada? Por que Kaxiborempô diz que escreveu uma “cartinha”? Como são escritas as cartas? Você já escreveu ou recebeu alguma carta ou bilhete?

Sistematize no quadro as falas dos alu-nos e explique que a carta pessoal é es-crita quando queremos nos comunicar com amigos ou familiares. A linguagem é coloquial, de acordo com o grau de intimidade que existe entre o remetente (quem escreve) e o destinatário (quem recebe). A carta pessoal apresenta al-guns elementos que a caracterizam, como: local e data escritos à esquerda; vocativo (Querido amigo, Querida mãe, Prezado leitor etc.) seguido de vírgula ou dois-pontos; corpo do texto (textos sim-ples, geralmente de ordem íntima); des-pedida (Atenciosamente, Cordialmente, Adeus, Saudades, Até breve etc.) e as-sinatura. Caso o remetente tenha se

esquecido de dizer algo, ele acrescenta a abreviação latina “p.s.” (post scriptum), que significa “escrever depois”!

Peça que voltem ao livro e verifiquem a não presença desses elementos no texto. Então, por que o narrador diz que está escrevendo uma cartinha? Faça a mediação das respostas dos alunos e mostre que ele está narrando em pri-meira pessoa (“nasci, aprendi” etc.) e se dirige ao leitor (“quero ser seu amigo”). O texto “lembra uma carta, mas como é literatura, o autor tem liberdade para não seguir à risca a estrutura do gênero carta.

Divididos em duplas, peça que façam uma breve pesquisa a respeito dos espí-ritos da floresta que são citados no livro: yara, anhangá, curupyra e mapinguari. Depois, dê um tempo para que sociali-zem seus achados.

Trabalhe em um debate aberto, em grande grupo, apoiado em questões como:

• O narrador diz: “[...] aprendi a respeitar o chão que a gente pisa, que a gente dança, que a gente brinca” (p. 5). O que ele quer dizer com isso? Por que, para ele, é importante esse respeito?

• Na página seguinte, ele afirma que “a floresta é mágica!” e acrescenta que, quando a gente não cuida da floresta, ela manda “duendes ralharem com a gente” (p. 6). De onde vêm os duendes?

Estudo do texto

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Vocês já leram outras histórias nas quais eles aparecem? Qual a função deles nas florestas? Os duendes são seres imaginá-rios, encontrados nas lendas, nos mitos e nos contos de fadas. São apresentados de diversas formas: pequeninos, alegres e trabalhadores; bonitos ou feios; asso-ciados aos espíritos dos antepassados etc. Na mitologia tupi-guarani e no fol-clore brasileiro, são espíritos ligados à natureza, como o Saci-Pererê, o Caipora, o Curupira e o Caruara.

• Na p. 13, a avó de Kaxiborempô diz que “nosso povo é muito antigo e es-tava aqui antes de os outros povos che-garem”. O que ela quer dizer com isso? Retome a ilustração que acompanha o texto (p. 12-13), pois ela é simples de ler e remete ao chamado “descobrimento do Brasil”.

• Peça que releiam o texto da p. 19. Escreva no quadro: “Lá eles chamam a gente de índio”. De que local ele está falando? Por que ele diz que é mundu-ruku? Há alguma diferença entre ser ín-dio e ser munduruku?

Mostre para os alunos o vídeo “Por den-tro do assunto”2, que traz informações sobre o autor e a tribo munduruku.

• Por que é difícil para o narrador en-tender o preconceito? Vocês acham que há desrespeito e preconceito em relação às populações indígenas? Por quê? Assegure-se de que entenderam que “preconceito” é uma ideia ou opi-nião não justificada, desfavorável. Uma criança se sente discriminada pela cor da pele, pelo cabelo, pelas roupas que usa ou pelo brinquedo de que gosta, simplesmente porque alguém riu ou fez brincadeiras maldosas a seu respeito ou de seus gostos pessoais. A discriminação existe porque as pessoas acham que todo mundo tem que ser igual, enquan-to que ser diferente é que é normal. Os mundukurus são vistos como “diferen-tes” dos demais alunos da escola, por isso a avó de Kaxiborempô diz que há preconceito na escola. Peça que leiam em voz alta o texto da p. 21 e analisem a ilustração que o acompanha. Assim po-derão refletir e entender o ponto de vista do narrador-personagem.

Resposta ao texto

Estabeleça conexão entre a diversidade cultural e a história lida: vocês conhecem o modo de vida de alguns povos indíge-nas? Eles são diferentes dos nossos? Por que é importante conhecermos a vida de outros povos? Ressalte os elementos que compõem a cultura de um povo: crenças, ideias, mitos, valores, danças, festas po-pulares, alimentação e modo de se vestir.

Finalize sugerindo uma pesquisa sobre alguns dos aspectos culturais dos povos responsáveis pela pluralidade cultural do Brasil, que pode ser a construção de um mosaico com imagens de pessoas, re-cortadas de revistas e/ou fotos.

Proponha algumas reflexões: dentre as populações que formam o povo brasi-leiro, quais vocês conhecem? Na minha escola/meu bairro, qual é a população predominante? Por quê? Que outras po-pulações precisamos conhecer para dar conta do multiculturalismo característico do povo brasileiro?

Para ampliar a experiência de leituras sobre o tema, acrescente outras suges-tões de leitura extensiva, após consultar o acervo disponível na biblioteca. Inclua textos que tragam a cultura de outros povos, além dos indígenas. Peça auxílio à bibliotecária ou a outros colegas!

2 https://www.youtube.com/watch?v=e6-RjNyV6lo

Autoras do roteiroAna Mariza Filipouski e Diana Marchi

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