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O Banheiro da Vovó

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Me apresento assim, para que possam adivinhar quem sou: - uma vovó - igualzinha a todas as vovós do mundo! Mesmo tendo vivido e acompanhado todas as transformações ocorri-das no planeta, fora dele e nos seres que nele vivem, tenho gravado na me-mória tudo que minha vovó me ensinou e que para mim é importantíssimo até hoje: a educação, a delicadeza e a civilidade. Quando lerem a história que narrarei perceberão que talvez eu seja um pouquinho mais “sortuda” por perceber coisas bem legais para contar e mostrar às crianças, minhas grandes amigas. O vovô e eu moramos em Curitiba, num apartamento bem grande e confortável, com banheiros, cozinha, áreas de serviço em mármore ou gra-nito em pedacinhos pretos e brancos, temos uma bela vista da cidade, bons vizinhos e nossa vida é tranquila - ou era tranquila - sem mistérios. Bem, não sem mistérios, e é exatamente isto que quero contar para vocês. Tudo começou numa noite muito quente de verão. Acordei ouvindo latidos de inúmeros cães, o que é bem comum em todos os lugares, mas, de madrugada é bem chato e incomoda demais. Levantei-me da cama, olhei pela janela para ver se havia algum pro-blema na rua, mas nada, tudo paradinho, sem ninguém andando ou carro passando. Estava realmente muito quente e assim entrei no banheiro do meu quarto para lavar o rosto.Não estava mais ouvindo os latidos quando, de repente, comecei a ouvir um só, bem pertinho, como se saísse de algum lugar de dentro dele. Levei o maior susto pois não temos cachorro e nossos vizinhos do

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andar de cima e de baixo também não. Me recuperei um pouco, continu-ando a ouvir o latidinho e resolvi olhar o banheiro todo para ver o que era aquilo. Procurei no chão, nas prateleiras, nos armários, na banheira, na bancada da pia, achando que era uma brincadeira de meus netos Octavio e Theo, colocando um gravador ou um brinquedo para me assustar. Não achei nada, mas, de repente, comecei a sentir uma estranha vibração em meu cérebro, como uma mensagem, dizendo:“Olhe bem, que eu estou na parede de mármore, na frente da banheira.” Fiquei paralisada, achando que tinha algo sobrenatural no meu ba-nheiro, mas mesmo morrendo de medo, resolvi olhar a parada que a “coisa” havia indicado. Porfavor,nãoduvidemdoqueestoucontando:fiqueiolhandoapa-rede, vendo apenas os pedacinhos de mármore, quando ouvi o latido e per-cebi que vinha do alto da mesma e, como um choque, vi “de cabeça para baixo” um cachorrinho branco, poodle, bem, bem ní-tido. Para que vocês pudessem ver o que estou contando, decidi fotografar tudo! Novamente senti as vibrações, e, após enorme concentração, percebi uma frase:“Por favor, precisamos de sua ajuda pois estamos sofrendo muito!” Fechei os olhos e procurando ser lú-cida, raciocinei: - “Isto é um sonho ou um pesadelo, devo estar dormindo em pé!” Consegui dar uns passos para trás e com os joelhos meio presos, corri até a

Foto de Billy na parede

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cozinha para tomar água com açúcar, que era o que se usava antigamente para acalmar alguém. Depois de alguns minutos, tomei coragem e resolvi voltar ao banheiro, tendo a certeza de estar acordada. Cheguei perto da banheira, olhei para a parede e lá estava ele me mandando novamente a mesma mensagem:“Por favor, precisamos de sua ajuda!” Neste momento, mesmo achando que estava “fora do ar”, na minha mente surgiram mil perguntas: “Será um E.T?”“Será uma experiência secreta?”“Será mesmo real?” Vi minha câmera na bancada da pia a resolvi fotografar meu banhei-ro, para poder provar tudo que estava acontecendo.Munindo-me de toda a coragem, resolvi perguntar:”Quem é você? O que é você?”Recebi mentalmente a resposta:“Não se assuste, não faço mal, eu sou uma Energia.” “Mas eu estou vendo um cachorrinho de pedacinhos de mármore preto e branco na minha parede, e pelo que sei, energia não é visível nem tem for-ma!” Respondi.“Tem razão, mas a energia pode ocupar espaços e estamos nestas pedri-nhascomonumafotodeidentificação,pornãosairmosdolugar,masnoscomunicando e sabendo com quem o fazemos.”Levei outro susto:“Outros?”“Sim,nesteseubanheiroexisteoquechamamosde“Estação”,eficaremosaqui sem saber por quanto tempo.” Como acredito que todo o Universo e tudo que dele faz parte é Ener-gia, comecei a achar que seria possível o que estava acontecendo e resolvi continuar o “papo”:

“Por que vocês estão precisando de ajuda?”“Nós estávamos numa ótima nesta Estação, nos comunicávamos perfei-tamente uns com os outros, até que de repente não conseguimos mais fazê-loeficamosisolados.Eutenhoumanamoradaeestousofrendomuitopor não saber se ela e meus amigos ainda estão aqui. Imagino que possa haver um bloqueio ou interferência criado por alguma Energia Maligna.” Eu continuava gelada, sem saber bem o que fazer, ainda não acredi-tando no que estava acontecendo. Saí do banheiro, tomei mais água com açúcar e fui para a cama tentando dormir, o que não consegui. Quando o dia amanheceu, antes do vovô levantar, fui correndo para o banheiro, ver se era tudo verdade a luz do dia. Achei o cachorrinho e achei que se ele existia mesmo, deveria ter um nome, por isso resolvi chamá-lo de Billy.“Você vai nos ajudar?” Perguntou Billy.“Não sei como.” Respondi.“Você tem que achar a Energia e isolar sua interferência, anulando-a.”“Como?”“Amaneiramaissimplesécobri-lacomborrachaefitaisolante.Tirefotosdetodosqueencontrar,memostreeeuosidentificarei.” A curiosidade tomou conta de mim, apanhei a câmera e comecei a procurar outros cachorrinhos, a namorada do Billy, e a “Energia Monstrinha” em todos os mármores do banheiro. Estava tão concentrada que nem notei, em pé, na porta do banheiro, o vô e meus dois netinhos Octavio e Theo, me olhando com a cara de maior espanto e preocupação por me verem abaixada com a câmera na mão, fo-tografando o chão do banheiro!!! Acharam que eu estava passando mal, tinha caído ou que eu havia “surtado” e perguntaram o que eu estava fazendo daquele jeito esquisito. Não tinha como explicar mentindo, logo resolvi contar tudo e como sabia que era difícil acreditarem no que estava acontecendo, como minha câmera é digital resolvi mostrar as fotos.

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Ficaram apavorados, incrédulos e quando mostrei o Billy na parede, não conseguiam nem falar. Depois, só queriam procurar novos cachorrinhos!

Estávamos todos vibrando, pois não é comum acontecer uma coisa tão diferente dentro do banheiro de uma casa! Começamos a achar cachorrinhos e combinamos que daríamos no-mes que pudessem combinar com eles, ou que representassem Energias. Assim, Theo inventou para a Energia Maligna o nome de: “Ion Malva-dowski”. Achei o nome um pouco complicado, mas Theo argumentou:“Vó,temqueparecernomedemonstrodefilmedeterror,comoFrankens-tein, etc.” Concordei, e quando começamos a procurar de novo, achamos uma cachorrinha dançando!Parecia tão impossível que custamos a acreditar. Levamos a foto para o Billy e dissemos ter escolhido o nome “Pop Star” para ela. Ele disse que o nome estava perfeito, pois ela se achava uma grande estrela de musicais e, com qualquer som, não parava de se exibir. Achávamoscadavezmaiscachorrinhosecomeçamosaficarcadavez mais tempo no banheiro procurando, assim combinamos que só o farí-amos quando estivéssemos usando-o normalmente, como para escovar os dentes, fazer o nº 1 e o nº 2 (não esquecendo de lavar as mãos ao terminar), escovar o cabelo e penteá-los, tomar banho, etc.

Agora lhes apresento novos amigos!Foto de Billy colorida pot Théo.

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Pop Star

Não confundir com Malhadinho. Este adora água e Billy contou que nos dias que o banheiro é lavado, ele se comunica com todos como se fosse dia de festa! MeufilhoteveumLabrador,raçaquetambémadoraágua,equandopassava perto de um lago, rio ou piscina, se jogava e nadava em estilo “ca-chorrinho”, como as crianças fazem.

Molhadinho

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Como se percebe pelo nome e pela foto onde se nota um nariz bem “empinadinho”, concluímos que ela adora o cheiro de todos os produtos que temos no banheiro: talcos, sabonetes, desodorantes, etc. Mas o que a dei-xa realmente enlouquecida são meus perfumes e colônias importadas. Soube que ela é tão “técnica” que consegue, de olhos fechados, identificarqualqueraroma! Acreditem, é tão sensacional que gostaria muito que vocês come-çassem a procurar em qualquer lugar onde haja aquele mármore preto e

Perfumânia branco (granito) os bichinhos, desenhos, formas que neles aparecem e sen-tirão a maravilhosa sensação de vitória ao consegui-lo. É preciso ter muita paciência e lembrem-se de fotografar tudo para não confundirem o lugar onde se encontram.

Para que possam fazer um pequeno treino, colocarei fotos do meu ba-nheiro para procurarem os cachorrinhos ou qualquer outra forma delineada.

Senãoconseguirem,nãosepreocupem,pois indicareinofinaldolivre como fazem nas revistinhas infantis.

Cada dia achávamos mais cachorrinhos, mas o que procurávamos mesmo era o Ion Malvadowski, que, na nossa opinião, seria um monstro. Para que vejam quantos achamos mas não era ele, colocarei algumas fo-tos:

Se não conseguirem, não se preocupem, pois indicarei no final do livrocomo fazem nas revistinhas infantis.

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Meus netos me lembraram que tão importante quanto achar o Ion Malvadowski,seriaencontraranamoradadoBilly,quecadavezficavamaistriste por não termos conseguido encontrá-la. Vou continuar lhes apresentando novos amigos que encontrávamos e que são bem diferentes e legais.

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Me pareceu forte e bravo, mas Billy disse que ele é muito amigável, gosta de crianças, não morde e é ótimo companheiro. Lembrou que quan-do se criam os cães sem maltratá-los, com carinho e atenção, eles sempre serão o que chamamos de “O melhor amigo do homem”.

Volt - Campeão Olímpico

É o maior atleta, e sua especialidade é a corrida com obstáculos e também grandes maratonas. Leva tudo a sério, treina todos os dias e está sempre feliz. Esqueci de contar-lhes que o único contato telepático que tínhamos era com o Billy, e por mais que tenhamos tentado com os outros, nada con-seguimos. Conheçam agora um novo personagem que nos impressionou muito por ser realmente igualzinho à uns humanos que temos por aqui.

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Bob, The Bad Boy

Vendoafoto,nãohácomonãoidentificarumBadBoydasturmasmeio complicadas de adolescentes que assim agem para chamar a aten-ção, dizendo que isto é um protesto. Quando notamos que até um cigarro ele tinha em sua boca, lembra-mos das campanhas contra o fumo que estão sendo feitas, de extrema ne-cessidade e importância, para evitar graves doenças causadas pelo fumo e também para despoluir um pouco o ar que respiramos.Assim, de brincadeira disse a meu neto Theo:“Esta foto está tão legal que poderia servir para uma dessas campanhas, escrevendo-se: ‘Não seja burro, pare de fumar!’.”Imediatamente meu neto Octavio corrigiu:“Está errado vó, deve ser: ‘Não seja cachorro, pare de fumar!’” Outra campanha, na minha opinião tão importante ou até mais do que a de não fumar, é a campanha contra a violência, que, como sabemos, só resulta em tragédias e desvalorização do ser humano, que, com esta atitude parece estar voltando à “era das cavernas” em vez de trilhar o “ca-minho das estrelas”, que seria muito mais de acordo com a inteligência de que é dotado. Não lutem com as mãos e os pés, e sim com palavras, eu disse “palavras”, não “palavrões”! O que me causa espanto é que em casa novo amigo ou amiga que encontrávamos, havia inúmeras semelhanças conosco.

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Admirem Deci Bell

Uma grande cantora lírica. Ao ouvir isto, tive um ataque de riso por lembrar-me de um concurso que houve na televisão somente para animais quefizessemascoisasmaisextravagantes.Apareceu um homem apresentando uma cadelinha cantora. Vocês não po-dem imaginar como foi hilário. Ele cantava ópera e a cachorrinha, sentada com a cabeça esticada bem para cima, uivava em vários tons musicais, gra-ves, agudos e não parava mais. E não parou mesmo, nem quando a música acabou, o homem terminou de cantar, dava ordens para ela calar a boca, o que ela não obedecia, continuando a uivar até a direção do programa ter de mandar carregá-la para fora do palco, ainda uivando. O auditório quase morreu de tanto rir.

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Vicky Bell

Esta é outra cantora, mas não é lírica, e sim uma roqueira bem “mo-dernosa”. Vicky Bel é em homenagem à minha neta Victoria, que ama o rock e é ótima guitarrista.

A próxima é realmente “fora de série”. Quando a encontramos, não sabíamos quem ela era, mas logo nos encantamos por ela parecer tão de-licada, dengosa e amorosa.

Quando mostramos a foto ao Billy, ele só uivava e não parava de latir. Já adivinharam?

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Finalmente hoje é dia de festa! Billy está radiante por termos encontrado sua namorada que é uma gracinha e se chama Sissy. Embora ainda não estejam se comu-nicando,sóaoveremafotoumdooutro,fi-caram muito felizes por estarem bem e no mesmo lugar.

Sissy

Dona Joulee Sissy

no mármoredo chão

do banheiro

Sissy no mármore

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Vejam que nome mais apropriado para nossa amiguinha! Para quem talvez não conheça este carro, ele tem televisão, geladeira, bancos tipo sofá, qua-se uma sala!

Esta é a Limosa

...e essa é a Limosine

Estávamos encontrando tantos cachorrinhos que até pensamos em parar um pouco, mas todos continuavam não se comunicando e teríamos de encontrar Ion Malvadowski para cumprir nossa combinação com o Billy. Queria lembrar a vocês que por mais que pareça impossível, todos os cachorrinhos estão realmente no banheiro do meu quarto. Eles são ver-dadeiros. A seguir achamos o que se pode chamar de surpreendente: uma dupla de detetives super famosa em livros e até no cinema. São espertos, bons farejadores, não perdem uma pista e descobrem qualquer animal ou “coisa” desaparecidos. Seria maravilhoso se pudéssemos nos comunicar com eles para pe-dir que achassem Ion Malvadowski, mas não era possível, por estarem blo-queados. Mesmo sem serem detetives, tenho certeza que vocês já descobri-ram: Sherlock Holmes e Watson, mas para nossos cachorrinhos são:

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SherlockHolmes

eWatt s-on Este é o maior gênio da Ciência do mundo moderno, e a partir de

suas descobertas, o desenvolvimento sobre o universo foram totalmente mudados. Era um físico, alemão e como observaram na foto, parece ter sido um grande gozador. Quando encontramos esses próximos dois cães, quase morremos de tanto rir pela enorme e maravilhosa semelhança.

Albert Einstein

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Herr Stein - no 1

Herr Stein - no 2

Comecei a me lembrar quantas coisas inacreditáveis foram criadas pelohomemesóquandoseficabemvelhinhaeseolhaparaocomeçodenossa vida é que descobrimos com espanto o que havia e o que não havia naquele tempo. Acreditemquenãohavia: televisão,canetaesferográfica,aviõesajato,foguetes,satélitesartificiais,raioslaser,celulares,computadores,mi-croondas,evoupararporaquisenãovouficarhorassónesteassunto. Continuei a pensar:“Se não havia nada disso, como foi a minha infância?”“Como posso sentir tão fortemente ter sido extremamente feliz quando era criança?” Meu pai, minha mãe, meu irmão e eu moramos na casa de meus avós maternos até meus 10 anos de idade. Era uma casa enorme, com jardim, mangueiras, goiabeiras, etc. E quando se olha a foto, se acha que éramos milionários. Mas não éramos não. Meu avô comprou a casa em 1917 por um bom preço, e todos, até as crianças cooperavam, cuidando da casa e do jardim. Tínhamos uma tia avó que cuidava da cozinha, os gastos eram bem menores que os de hoje em dia e só meu avô e meu pai trabalhavam fora.

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As crianças de hoje tem seus maravilhosos mundos da fantasia cria-dospordesconhecidos,técnicos,artistas,firmasespecializadasemfilmes,DVDs, jogos, etc. Tudo virtual, racional, visto e vivido por milhões de pesso-as no planeta, absolutamente impessoal! Elas não criam mundos mágicos baseados em coisas reais de suas vidas ou do que as cerca, onde seriam o personagem principal, as histórias semodificariamacadaminutoepareceriamquaseverdadeiras. Na infância de pessoas da minha idade o mundo da fantasia era criado por cada um de nós, era único, inimitável, não tinha horário marcado, aparelho para olhar, ou botãozinho para apertar! Nossos sonhos eram tão reais que resolvi contar para vocês um segredo de quando eu era pequeni-ninha e que só poucas pessoas sabem: Eu voava!!! No fundo, no fundo, até hoje eu acho que eu voava mesmo, mas pela lógica a explicação é bem simples: olhem novamente a foto da casa de meus avós e vejam a escada gigantesca que se subia para chegar ao pa-

tamar do jardim e do outro lado uma ladeira tão comprida quanto a escada. Num intervalo de cada 12 degraus, havia uma parte reta que deve ter sido feitaparaaspessoasdescansaremepoderemaguentarsubiratéofim. Provavelmente eu descia alguns degraus e pulava quando deveriam faltar uns três ou quatro degraus para a parte reta, repetindo tudo rapida-mente até chegar lá embaixo. Se fosse pela ladeira eu abria os braços e descia correndo! Eu era muito pequena e a escada e a ladeira muito grandes, assim, quando eu pulava ou corria parecia estar voando. Na minha imaginação ou no meu mundo da fantasia, aquilo era real! Quando contei isto para meus netos, os dois mais velhos Victoria e Octavio logo me perguntaram rindo:“Vó, você voava numa vassoura?”Respondi:“Sou uma bruxa sim, mas muito boazinha, pois até hoje não transformei vocês em sapinhos!”E Theo, meu neto menor, corrigiu:- “Antigamente ela voava numa vassoura, mas hoje em dia, com o progres-so, ela voa num aspirador de pó!”

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Nova descoberta no box! Hoje estou muito braba! Como já havia contado para vocês, sempre que usávamos o banheiro do meu quarto para as atividades diárias, procu-rávamos o Ion Malvadowski. Entrei no box para tomar meu banho e quando olhei bem para o chão, adivinhem o que eu encontrei: um cachorrinho muito sem vergonha me olhando diretamente! Dei um pulo, peguei uma toalha, tirei os retratos e fui correndo mostrar ao Billy. Ele me disse que este cachorrinho era realmente muito safadinho, e mesmo com todos brigando com ele, não adiantava, ele adorava ver gente pelada!

Vejam como acabei logo com a gracinha dele!

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Estou adorando achar estes cãezinhos, pois me fazem lembrar de muitas coisas engraçadas que me aconteceram. O que vou narrar também é bem lembrado por meus netos. Meufilhotemumcachorrogigantesco,dogalemão,quepareceatéum bezerro. Eles moram num sítio na Mata Atlântica entre Rio e São Paulo. Certa ocasião, ele precisava viajar por mais de três dias e embora tenha um bomcaseiro,mepediuparaficarláetomarcontadoHelmut. Helmut dormia dentro de casa, e na primeira noite, após o jantar co-mecei a chamá-lo para que entrasse e eu fechasse a casa. O terreno é todo de altos e baixos e para entrar na cozinha tem uma parte reta e uma escada. Chamei,griteiequandoeleapareceu,ficouparadonoaltodaesca-da, e eu fazendo de tudo para que ele descesse e... nada!

“Salsi-i-i-i-i-icha!” De repente, me lembrei que havia salsichas na geladeira e resolvi tentar uma coisa. Pegueiumadelascomapontadosdedosdeixei-aficarbempendu-rada e resolvi gritar: “Salsi-i-i-i-i-icha!”, como se fosse uma cantora de ópera. Ele veio correndo, entrou, dei a salsicha e aprendi este truque, usando-o sempre que precisava. Nas férias, meus netos foram para lá comigo e aconteceu a mesma coisa: Helmut não queria descer! Contei a eles o que eu fazia, sem ensinar a voz que eu inventei e eles disseram que fariam o Helmut obedecer. Fi-zeram tudo direitinho, gritavam salsicha! salsicha! e nada. Neste momento, “vovó poderosa” disse:“Me dê a salsicha e vejam como sou mágica! Tenho poderes especiais!”Quando gritei com a voz ridícula de cantora de ópera, “Salsi-i-i-i-i-icha!”, Helmut veio “voando”!!!

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É claro que o segredo era minha voz tão palhaçada, mas tão palha-çada que Helmut gravou, adorou e obedecia. Terminada esta historinha, vou começar uma outra, bem importante e séria. Porfavor,vejamquecoisinhasmaisfofinhasestesdoisqueestãonapróxima página:

Helmut

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Tropicália Paz e Amor

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Eles representam uma época de muitas mudanças no modo de vida das famílias. Apareceram grupos que queriam criar entre as pessoas uma convivência mais simples, com hábitos diferentes, muito amor, liberdade, e respeito à natureza. Infelizmente houveram muitos erros e não deu nada certo, mas a idéia ainda é extremamente valiosa. Hoje me apavora e entristece saber que o homem criou as coisas mais incríveis para melhorar, facilitar e desenvolver o trabalho, a comunica-ção, a cultura, o lazer, a alimentação, etc. Tudo que ele precisaria para “ser feliz”, esquecendo-se de que também estariam criando inúmeros efeitos perigosos para eles próprios, para o planeta e para o misterioso Universo. Sinto que tudo é feito pensando somente nos dias de hoje, não per-cebendo que todos os seres e formas do planeta tem o direito de continuar existindo, cumprindo suas funções imprescindíveis para que ele não desa-pareça. Agora, podem me chamar de “chata”, mas amo a vida, amo meus semelhantes, amo a natureza e todas as formas de vida do mundo. Minha contribuição agora é “perseguir” quem gasta água e luz sem necessidade, joga lixo em qualquer luar, aumentando a contaminação e ajudando a apa-recer mais doenças, o que já temos até demais! Violência, lutas, super heróis e super homens também estão bem exagerados, porque na hora que qualquer adulto, criança, animal ou plane-ta está sofrendo, seja lá por que razões, o que realmente ajuda é o amor, o carinho, e os cuidados daquele “alguém” que está sempre do ladinho de quem precisa. De vez em quando, leiam esta parte com atenção, pois os “podero-sos da vez” são vocês, os únicos que poderão mudar o futuro do mundo e criar o mundo do futuro! Nãofiquemzangadoscomigopor“daraula”.Parasuavizarumpou-co o que acabei de escrever, vou colocar mais fotos de meus amiguinhos legais, bem do mundo de hoje.

Moda do ano de 2010 para os cabelos femininos.

Chapinha

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Baixa o volume!!!

Mega Hertz QUARK

Dalai Laminha, a menor energia do mundo

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MademoiselleAmpére Frou-Frou

Umafrancesinhamuitolindaeeducada.Notemqueelaficaempépara cumprimentar as visitas. Na França, cachorros são como gente, comem na mesa com os do-nos quando vão a restaurantes, e os guardas param o transito para eles atravessarem a rua! Uh la la!

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Sei que provavelmente não entenderão logo quem são estes dois esquisitos, mas olhando bem, verão uma máscara de teatro grego (canina, neste caso), que representa a Comédia e a Tragédia ou a Alegria e a Triste-za, ou até se quiserem mudar um pouco, o Bem e o Mal. Isto sempre existiu desde o começo da Humanidade, e como são duas, podemos escolher uma ou outra parar vivermos bem.Como estamos falando de Energia em minha história, acho mais fácil colo-car estas forças como Positivo e Negativo. Não se pode acabar nem com uma nem com a outra, logo se usarmos as duas trabalhando juntas sem setocarem,comonosfioselétricos,nofinalelasproduzirãoLuzeForça.Assim, podemos acreditar ser possível criar a Paz, respeitando e reunindo todas as forças, mesmo as contrárias ou diferentes, para juntas produzirem Harmonia.

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Seus donos jogam tênis à noite e ele acha qualquer bola que caia fora da quadra, bem no escuro!

Lanterninha Picolé

Dorme de gorro nas noites frias de Curitiba.

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Será oIon Malvadowski?

Meus amiguinhos, quando achei este “doggy” levei um susto, tendo quase a certeza de que seria o Ion, pois olhando bem, descobri que são três cachorros num só: um olhando para a esquerda, um para a direita e um no meio. Estavamuito feliz acreditando que finalmente iria ajudar o Billy etodos os cachorrinhos, porém, ao mostrar-lhe a foto, que tristeza a nossa: mais uma vez ele nos disse que aquele não era o Ion Malvadowski.

Finalmente hoje estou me sentindo como uma arqueóloga gloriosa, que procurava e encontrava túmulos de faraós, novas pirâmides, fósseis de dinossauros, templos desconhecidos, Atlântida... Só que o que eu procura-va não era nada disso, era “só” uma Energia Maligna que estava no meu ba-nheiro, maltratando meus amigos cachorrinhos que viviam numa “Estação”. Às vezes a gente está procurando alguma coisa com tanta vontade que pode estar bem a nossa frente, mas não a vemos, o que me lembrou de um ditado que minha avó falava: “Se fosse uma cobra, te mordia.” Esta Energia estava no chão do banheiro, porém, embaixo do tapeti-nho que uso em frente a pia e, embora tenha tirado o mesmo todos os dias, não prestei atenção. Meu neto Theo saiu do banho e afastou o tapete sem querer, pisando descalço no chão. Sentiu um “choquinho” e me chamou imediatamente. Vi um belo cachorro e bati uma foto para mostrar ao Billy, mesmo achando que ele não tinha cara de mau e não deveria ser o Ion.

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Dom Giovani

Esta foto nos lembra um nobre de algum país da Europa, bem antigo, pela pose exibida e pelo chapéu!

Resolvi chamá-lo de

Quando Billy viu a foto, levou o maior susto e começou a gritar:“Vó, é ele! É ele! “Te amo vó, você é o máximo! E conseguiu nos ajudar de verdade!!!” Passados os primeiros momentos de alegria, resolvi comentar com ele que eu estava muito surpresa por aquele cachorro tão distinto ser Ion Malvadowski! E a resposta que ele me deu foi que me fez cair para trás:“Vó, o Ion Malvadowski não é o cachorro, é o chapéu!!! Ele está disfarçado de chapéu.”

Ion Malvadowski

Dom Giovani

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Me lembrando que o havia deixado lá no chão sem me preocupar que ele pudesse fugir, corri para tomar as providências para que isto não acontecesse. Vejamoquefizequefuncionoubem,poistodososmeusqueridoscachorrinhos já estão se comunicando com a maior alegria deste mundo!

Quando se resolve um proble-ma para alguém, conseguindo dei-xar todos felizes, quem trabalhou ou contribuiu se sente tão feliz ou até mais do que eles e a união de todos é muito forte, verdadeira e emocio-nante. Continuamos nos comunican-do telepaticamente só com o Billy, mas sabíamos notícias de todos, olhávamos para eles e meu banhei-ro transformou-se mesmo em um mundo maravilhosamente mágico! O tempo foi passando, vivía-mos na mais absoluta tranquilidade, quando aconteceu o que para nós foi a maior tragédia. Numa tarde, como acontece muito aqui em Curitiba, formou-se uma violenta tempestade com raios etrovões,ficandoocéubemescuro.Corri para fechar as janelas e quando cheguei ao meu quarto, vi que meu banheiro brilhava com uma luz bem verde e metálica. Mais uma vez eu não sabia o que estava acontecen-do, nem o que era aquilo, mas a úni-ca coisa que me preocupava eram meus amigos cachorrinhos! Tentei entrar mas não consegui, como se um escudo invisível me impedisse.

Meu Deus, que pânico!!! Mas tive que esperar a tempestade pas-sar e a luz esverdeada desaparecer, para conseguir entrar correndo no banheiro. Tentei me comunicar com o Billy e não consegui nada. Olhei para ver se o Ion Malvadowski es-tava coberto, e estava. Comecei a sentir que alguma coisa terrível ha-via realmente acontecido e que as

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Energias haviam desaparecido. A nossa tristeza foi tão grande que meus netos, o vô e eu sofremos muito como se perdêssemos amigos reais e humanos. O único jeito agora era en-tendermos que aquilo era o previsto, pois em no começo da história, Billy dissera que a “Estação” deles era temporária. A tristeza foi passando, e um dia eu estava arrumando o meu quar-to quando recebi na minha mente um chamando: “Vovó! Vovó!”. Dando pulos de alegria, corri para o banhei-ro para ver se eles haviam voltado, mas não, estava tudo quieto. Voltei para o quarto e ouvi de novo: “Vovó! Vovó! Olhe pela janela!”Olhei e recebi a maior recompensa do mundo quando vi, e fotografei para olhar quando sentisse sauda-des, mesmo estando tudo gravado em minha mente e em meu coração.

Agora vejam e sintam porque tenho a certeza que meus cachor-rinhos e eu estaremos unidos para sempre!!!

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