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Simplicidadee eficincia
Jovens agricultores da pequena Apodi (RN) desenvolvem tcnica para conservar frutas e alcanam o reconhecimento ao participarem de programa de televiso na Rede Globo. (Pginas 6 e 7)
Ano XXII, n 181, abril de 2014
2 Folha da EmbrapaEditorial
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Baixe o aplicativo QR Code no seu celular e fotografe o cdigo ao lado.
Sumrio
03 | Notas
04 | Capacitao gerencial
05 | Fruticultura orgnica
06 | Jovens Inventores
08 | Educao e cidadania
09 | Pesquisa
10 | Casembrapa
12 | Transporte alternativo
espera de uma oportunidade
Persistncia. Se existe uma pala-vra que pode definir o trabalho dos jovens Jociel Fernandes, An-tnio Geracino e Huguenberg Santos, todos de 18 anos, essa palavra persis-tncia. Filhos de agricultores familiares da pequena Apodi, no Rio Grande do Norte, eles conseguiram desenvolver uma tcnica bastante simples, capaz de conservar as frutas sem refrigera-o por at duas semanas, mesmo sob as altas temperaturas registradas no mdio-oeste potiguar.
Batizada de Fruta do fara, a tc-nica consiste em mergulhar frutas em uma soluo produzida a partir de cera de abelhas. Eles foram estimulados a estudar o mtodo cientfico pelo projeto Cincia para Todos no Semirido Poti-guar, da Universidade Federal Rural do Semirido (Ufersa), e ganharam fama e notoriedade ao participarem do progra-ma Caldeiro do Huck, da Rede Globo.
Mas, do anonimato fama na pe-quena Apodi, o caminho foi longo, in-clusive com lguas percorridas em cima de pau-de-arara para ir ao colgio. Os estudantes contam ainda que enfren-taram resistncia de vrios professores em apoiar a ideia, alm da falta de in-fraestrutura.
Participe do Folha da Embrapa
Pelo MaloteEnvie sua sugesto para:Editor-executivo do Folha da EmbrapaSecretaria de Comunio (Secom) Sala 212 Sede da Embrapa
Por e-mailEscreva para:[email protected]
Procuramos os professores de qu-mica, biologia e fsica. Ningum quis nos apoiar. At que a Gidlia (professo-ra do ensino fundamental) nos ajudou. O problema que ela no entendia ab-solutamente nada do assunto, lembra Jociel Fernandes, ao narrar a trajetria do grupo e as tardes na cozinha da es-cola para testar a formulao da cera. E foi a partir de livros, pesquisas na internet e conversas com velhos mo-radores de Apodi que a ideia foi sendo burilada.
A fama repentina mudou a vida dos jovens potiguares e sensibilizou tam-bm a equipe da Embrapa Agroinds-tria Tropical (Fortaleza, CE), que no fim de maro promoveu a visita do trio aos laboratrios que tm mais relao com o trabalho que desenvolveram.
Se eles gostaram da visita? A frase de Jociel resume bem o esprito da coi-sa: Eu moraria num laboratrio como esses. A histria de Jociel, Antnio e Huguenberg nos faz pensar: quan-tos jovens como eles existem nos rin-ces deste pas, esperando apenas uma oportunidade?
Boa leitura e at a prxima edio, que trar a cobertura completa do ani-versrio de 41 anos da Embrapa.
Os editores
EXPEDIENTE
Folha da Embrapa uma publicao editada pela Secretaria de Comunicao (Secom) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (Embrapa), vinculada ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa)
Parque Estao Biolgica s/n Edifcio Sede CEP 70.770-901 | Braslia-DF Fone (61) 3448-4834 | Fax (61) 3347-4860www.embrapa.br
Presidente: Maurcio Lopes Diretores: Ladislau Martin Neto, Vania Castiglioni e Waldyr Stumpf
Chefe da Secretaria de Comunicao: Gilceana Soares Moreira Galerani Coordenador de Comunicao Digital: Daniel Nascimento Medeiros Coordenador de Comunicao em Cincia e Tecnologia: Jorge Duarte Coordenador de Comunicao Mercadolgica: Robinson Cipriano Coordenadora de Comunicao Institucional: Tatiana Martins
Impresso: Embrapa Informao Tecnolgica | (61) 3349-6530 Tiragem: 13.000 exemplares Editor-Executivo: Eduardo Pinho Rodrigues | Mtb 1073/GO | [email protected] Final: Marcela Esteves Editorao Eletrnica: Andr Scofano e Rafael Wendel
Jornal impresso em papel feito a partir de madeira certificada e de fontes controladas.
CAPA A bolsista de ps-graduao Delane Rodrigues apresenta aos estudantes Geracino, Jociel e Huguemberg um experimento de embalagem biodegradvel.
Folha da Embrapa
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CevadaA safra 2013 de cevada foi marcada por recordes, tanto em qualidade como em produtividade. A expectativa de novo crescimento do setor nesta safra. Na rea de atuao da Am-bev na Regio Sul, o cultivo de cevada caiu de 66 mil hecta-res (ha) em 2012 para 45 mil ha em 2013. O resultado posi-tivo est relacionado ao clima favorvel e ao alto potencial produtivo das cultivares Embrapa.
Caravana EmbrapaA primeira fase da Caravana Embrapa de Alerta s Ameaas Fitossanitrias foi encerrada em 29 de maro, em Lus Eduardo Magalhes (BA). Como nas demais viagens foram percorridos 16 Estados e o Distrito Federal -, a Caravana Embrapa compar-tilhou com tcnicos de ATER informaes sobre as estratgias para a manuteno do equilbrio dos agroecossistemas, com nfase ao Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Prmio MandacaruProjeto de pesquisa da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) foi um dos ganhadores da segunda edio do Prmio Mandacaru II, na categoria Pesquisa aplicada: instituies de pesquisa. O projeto Caatinga Viva, realizado pela Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) em parceria com a organizao potiguar Carnaba Viva, tambm foi premiado com a segunda colocao na categoria "prticas inovadoras de organizaes no governamentais".
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Notas
J esto disponveis aos sojicultores do Centro-Oeste 100 mil sacas de sementes da cultivar BRSGO 6959RR para seme-adura na safra 2014/2015. A cultivar foi apresentada aos produtores da regio durante a 13 edio da TECNOSHOW Comigo, realizada de 7 a 11 de abril, em Rio Verde (GO). Com ciclo mdio de 102 dias, a novidade chega ao mercado de gros prometendo acelerar o sistema de manejo de sucesso de culturas em sa-frinha.
Fatores que podem alterar a qualida-de do biodiesel so objeto de um novo estudo da Embrapa Agroenergia (Bra-slia, DF). O foco da pesquisa o mo-nitoramento da qualidade do biodiesel, desde a usina at os postos de combus-tveis, a fim de conhecer melhor o com-portamento do combustvel isolado e em mistura com o diesel. A partir dos resultados obtidos, sero desenvolvidas estratgias para inibir a ao de agen-tes responsveis pela degradao.
Parceria entre a Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), a Fundao Cerrados e a Embrapa Roraima (Boa Vista, RR) vai alavancar a produo de soja no estado. O objetivo desenvolver cultivares do gro especficas para Roraima, buscan-do a incorporao definitiva da regio no cenrio produtivo agrcola brasilei-ro. Estima-se que com a parceria, em um prazo de cinco anos, sejam incor-porados mais de 100 mil hectares para cultivo da soja no estado.
A Embrapa est desenvolvendo um aplicativo do sistema Gotas para uso em dispositivos mveis, visando facili-tar o trabalho no campo. O Gotas um programa de computador que auxilia a calibrar a deposio de pulverizaes dos produtos fitossanitrios, para que seja mais eficiente, evitando o desper-dcio. Com isso, os agricultores pode-ro controlar a quantidade de agrot-xicos aplicados na lavoura por meio do tablet ou do celular.
O diretor-executivo de Transfern-cia de Tecnologia da Embrapa, Wal-dyr Stumpf Jnior, assumiu em 14 de maro a presidncia do Programa Cooperativo para o Desenvolvimento Tecnolgico Agroalimentar e Agroin-dustrial do Cone Sul (Procisur). Em seu discurso de posse, Stumpf destacou a necessidade de o programa construir uma agenda ambiciosa para o futu-ro, e lembrou que nos ltimos anos muitos pases da regio se uniram para
Sementes Biodiesel Soja em Roraima
Sistema Gotas Stumpf o novo presidente do Procisurconstruir um Procisur forte e altamen-te respeitado. O programa tem como misso promover a cooperao em ci-ncia, tecnologia e inovao para con-tribuir com a sustentabilidade e equi-dade social da agricultura da regio. A estratgia do Procisur o desenvolvi-mento de plataformas, projetos e aes que gerem conhecimento e tecnologias para atender s demandas do sistema agroalimentar e agroindustrial dos pa-ses-membros.
Folha da Embrapa
Novo olhar e foco no futuro
Aps trs anos, a capacitao gerencial ser retomada de forma regular na Embrapa. O novo Programa de Desenvolvimento Gerencial da Empresa contempla os trs nveis de gesto: operacional, ttico e estratgico (veja abaixo). A proposta que todos os gestores sejam capacita-dos, contudo de maneira diferenciada, tendo em vista os desafios que cada n-vel gerencial enfrenta no dia a dia.
Segundo a chefe do Departamento de Gesto de Pessoas (DGP), Paule Je-anne Mendes, os gestores do nvel es-tratgico tero programa especfico de capacitao ainda este ano, em especial aqueles que foram empossados recente-mente. A ampliao do programa ser gradativa, sendo que no caso do nvel operacional, ou seja, os supervisores, as capa-citaes, em 2014, sero realizadas por meio de aes corporativas ou por demandas das Unidades.
No mbito do Programa, o DGP realizar aes formais e informais, des-taca Paule. De
Capacitao gerencial retomada e todos os gestores devem ser capacitados
Gesto4
acordo com ela, as aes formais sero caracterizadas por cursos com aborda-gem mais cognitiva, para que os gestores do nvel estratgico sejam capazes de desenvolver habilidades relacionadas gesto e planejamento estratgico com foco em resultados. J as aes infor-mais continuaro existindo em todos os nveis, pois o aprendizado depende muito mais de o gestor assumir o protagonismo da sua carreira e se comprometer com seu desenvolvi-mento, explica Paule.
Para Mara Gabriela Santos de Souza, coordenadora de Apoio ao Desenvolvi-mento e Educao (CDE), um dos obje-tivos do programa gerencial idealizado pelo DGP atender necessidade de o gestor conhecer a Embrapa, o processo de produo da Empresa e sua cultura. Alm disso, preciso que os gestores saibam lidar com os diferentes perfis das equipes e de parceiros da instituio,
afirma Mara. O comprometi-
mento dos gestores com a instituio outro aspecto que no podemos es-quecer, diz Paule, citando a preocu-pao do presidente
Maurcio Lopes com essa questo. Em todas as
reunies que realiza com os chefes das Unidades Centrais
e Descentralizadas o presidente destaca que sintonia, sinergia, vi-
so integrada e decises compartilhadas so muito mais que conceitos associados a uma empresa moderna como a Embra-pa. Para o presidente, so atitudes que precisam estar refletidas nas aes coti-dianas de todos os gestores da Empresa, enfatiza a chefe do DGP.
Os gestores: o quadro de pessoal da Embrapa com-
posto atualmente por 9.807 empregados. Desses,
1.067 empregados ocupam cargos em comisso ou
funes gerenciais, o que representa 10,9 % do quadro
da Empresa.
A distribuio desses gestores por nvel hierrquico gerencial a seguinte:
empregados que ocupam cargos em comisso ou funes gerenciais
Nvel estratgico: presidente, diretores--executivos, assessores do presidente, chefes-gerais, chefes de Departamento, de Assessorias, de Gabinete, de Secretarias e Ouvidoria, gerente-geral. Total de 72 empregados, representando 6,75%.
Nvel operacional: supervisores I, II e III. Total: 782 empregados, represen-tando 73,29% do total de empregados que ocupam car-gos em comisso ou funes gerenciais.
Nvel ttico:chefes-adjuntos, gerentes adjuntos e locais, coordenadores administrativos e tcnicos, assessores da Diretoria. Total: 213 empregados, repre-sentando 19,96%.
outrosempregados
6,75%
10,9%
89,1%
19,96%
73,29%
Gesto na Embrapa
5Folha da Embrapa
Alessandra Vale
A Chapada Diamantina, no inte-rior da Bahia, foi a regio es-colhida para abrigar um gran-de projeto agroindustrial de fruticultura orgnica. A Bioenergia Orgnicos, em-presa privada de capital nacional, vem desenvolvendo o projeto que tem por conceito desde a escolha da terra, plan-tio, manejo e colheita, at o processa-mento do fruto, de forma sustentvel no municpio de Lenis e contratou a Embrapa como parceira.
Desde o incio, sabamos que para implantar um projeto dessa magnitude teramos de ter a pesquisa como aliada, afirma Osvaldo Arajo, um dos scios da empresa. Em meados de 2011, a Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) entrou oficialmente no projeto, com o envolvimento de pesquisadores e tcnicos especialistas em diversas culturas, atuando em pes-quisa, desenvolvimento e na transferncia de tec-nologia como base para a implantao do projeto. H tambm a participao de pesquisador da Embrapa Semirido (Petrolina, PE), que trabalha com goiaba, e a possibilidade de colabo-rao de outras Unidades.
A primeira avaliao que fizemos quando fomos procurados que o pro-
jeto, por sua dimenso, seria um grande desafio, porque agricultura orgnica tem sido tradicionalmente realizada em pequenas reas, avalia o pesquisador Zilton Cordeiro, que coordena o trabalho. Para ele, o convnio est sendo uma oportunidade mpar para a Embrapa Mandioca e Fruticultura porque nos obriga a no s fazer pesquisas estan-ques, compartimentadas, mas realizar um trabalho para ser utilizado efetivamente na produo em campo.
Cordeiro explica que os obstculos enfrentados no so poucos, principal-mente os fitossanitrios. Nem sempre temos uma alternativa fcil para enfren-
tar a ocorrncia de uma praga, de uma doena. A disponibilidade de produ-tos para enfrentar essas questes ainda pequena, ou seja, pesquisas tero de ser feitas para encon-trar alternativas para control-los, explica. O pesquisador lembra que a primeira grande batalha foi com uma cochonilha, que ocorreu na acerola. Para
o controle, foi utilizada uma estratgia de poda e aplicao de calda de sabo e a infestao reduziu drasticamente. Em algumas partes, chegou a 20%, 25% e caiu a 1%. Uma srie de outras questes ir surgir, e as alternativas sero pes-quisadas ali mesmo, assinala Cordeiro.
Sustentabilidade
Fruticultura orgnica em larga escalaProjeto no interior da Bahia busca a incluso de agricultores familiares na indstria do suco
Parceria comprodutores locais
O objetivo final da Bioenergia o pro-
cessamento de polpa integral. A pre-
viso dos scios de que a indstria
esteja funcionando no fim de 2015
com capacidade para processar 40
toneladas de frutas por dia em um
turno. A empresa pretende envolver
produtores da regio, como forma de
promover o desenvolvimento local.
A incluso social se d no s
pelo emprego de mo de obra local
(os scios informam que 80% dos
colaboradores do projeto provm de
duas comunidades quilombolas pr-
ximas). Eles afirmam ainda que, pelo
planejamento, a Bioenergia ir produ-
zir 50% da capacidade da indstria e
os outros 50% sero produzidos por
parceiros.
A unidade de processamento in-
dustrial cujo projeto vem sendo de-
senvolvido com a orientao do Ins-
tituto de Tecnologia de Alimentos de
Campinas (Ital) ser instalada prxi-
mo s reas de plantio, e a recepo
e seleo das frutas sero feitas de
modo automatizado a partir da lava-
gem at a embalagem assptica. O
grande cliente o mercado de suco,
principalmente de manga, maracuj,
acerola, abacaxi, goiaba e citros.
Nem sempre temos uma alternativa fcil para enfrentar a ocorrncia de uma praga"
Osvaldo Arajo, scio da Bioenergia Orgnicos
Foto
: Ale
ssan
dra
Val
eEquipe que fez o acompanhamento do projeto em cam-po e os scios da empresa Bioenergia Orgnicos.
6A equipe do Laboratrio de Embalagens da Embrapa Agroindstria Tropical apresentou as diversas tcnicas de embalageme conservao de alimentos desenvolvidas na Unidade.
Especial Folha da Embrapa
Entre a enxada, a caneta e o sucessoEstudantes que participaram do quadro Jovens Inventores do programa Caldeiro do Huck, da Rede Globo, visitaram os laboratrios da Embrapa Agroindstria Tropical (Fortaleza, CE) e conheceram mais sobre cincia e
sobre as ltimas tendncias em pesquisas com revestimentos para conservao de alimentos. Os trs estudantes desenvolveram um mtodo de conservao de frutas com o uso de cera de abelha.
Depois que aparecemos no pro-grama, minha vida mudou. Fiquei mais conhecido, deixei de ser visto como doido e passei a ser visto como inteligente. Nossa vida mudou da gua para o vinho, surgi-ram grandes oportunidades, as pessoas comearam a nos ver com olhar diferente, conta Jociel Fernandes.
A fama sensibilizou tam-bm o corpo tcnico da Em-brapa, que resolveu pro-mover uma visita dos jovens a laboratrios que tm muita rela-o com o trabalho que desenvolveram. Nos dias 26 e 27 de abril, Jociel, Gera-cindo e Huguenberg conheceram, na Em-brapa Agroindstria Tropica l , d iversas tecnologias, estudos e equipamentos aplicados para aumentar a vida til de frutas.
A agenda comeou no Laboratrio de Ps-colheita, onde so estudados os tratamentos necessrios logo aps a co-lheita para adequar os frutos s finalida-
des para as quais sero destinados. Em seguida, conheceram o Labora-trio de Processos Agroindustriais e aprenderam sobre equipamentos e tcnicas utilizadas para processar e embalar alimentos. A visita prosse-guiu pelo Laboratrio de Embalagens de Alimentos, onde eles aprenderam mais sobre as pesquisas com emba-lagens e revestimentos. Os meninos viram, ainda, os laboratrios de Tecnologia da Biomassa e Anlise Sensorial.
Eu moraria num laboratrio como esses, brincou Jociel Fernandes. Ele disse que a visita fez com que ti-vesse novas ideias, como por exemplo tentar fazer o revestimento mais fluido
e aplic-lo com um spray sobre as frutas. Ns fizemos tudo no improviso, muito dife-
rente daqui, que tem todos esses equipa-
mentos e pessoal al-tamente qualificado, completou Antnio
Geracino.
Vernica Freire
Os jovens Jociel Fernandes, An-tnio Geracino e Huguenberg Santos, todos de 18 anos, viram suas vidas mudarem depois que um trabalho para participar de feiras de cincias os fez parar no pro-grama Caldeiro do Huck, da rede Globo. Filhos de pequenos agricul-tores familiares de Apodi (RN), eles foram estimulados pelo projeto de extenso Cincia para Todos no Semirido Potiguar, desenvolvido pela Universidade Federal Rural do Semirido (Ufersa), a estudar o m-todo cientfico. O pequeno estmu-lo culminou no desenvolvimento de uma tecnologia simples e capaz de resolver um problema comum entre moradores da regio: a conservao de frutas sem refrigerao.
Batizada de Fruta do fara, a expe-rincia consiste em mergulhar frutas em uma soluo produzida a partir de cera de abelhas. Com o revestimento, que re-duz a respirao, as frutas permanecem prprias para o consumo por muito mais tempo. Frutas que durariam dois ou trs dias fora da geladeira passaram a ser conservadas por mais de duas semanas.
O invento, simples e eficiente, fez com que os trs jovens participassem de diversas feiras de cincias. Da maior feira do Pas, a Feira de Cincias e En-genharia da Universidade de So Paulo (Febrace) para o programa da rede Globo foi um pulo. O contraste entre a vida simples dos estudantes da escola estadual Maria Zenilda Gama e a inventividade da criao seduziu a produo do pro-grama e sensibilizou uma audincia de milhares de brasileiros.
Para julgar os benefcios trazidos pela inveno do grupo, o programa Caldeiro do Huck convidou Ana Peni-do, diretora do Instituto Inspirare, Luiz Alberto Colnago, pesquisador da Embra-
pa Instrumentao Agropecuria (So Carlos, SP), e o jornalista Pedro Bassan. Como prmio, os participantes receberam R$ 30 mil.
Jociel, Geracindo e Huguenberg foram estimula-
dos a realizar o trabalho por estudantes da Universi-
dade Federal Rural do Semirido (Ufersa), que aplicaram
o que chamam de metodologia cientfica ao alcance de to-
dos. A Ufersa, com a Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte (UERN) e a Secretaria Estadual de Educao do RN, estimulam
os professores e estudantes das escolas da rede estadual de ensino a
desenvolverem trabalhos cientficos por meio do projeto de extenso Cincia
para Todos no Semirido Potiguar.
Os trabalhos so apresentados nas feiras de cincias escolares e depois na fei-
ra de cincias de cada Diretoria Regional de Educao (DIRED). Em seguida, os
melhores trabalhos so apresentados na Feira de Cincias do Semirido Potiguar,
mantida pelo projeto. Em 2013 foram apresentados 204 trabalhos de 66 escolas
de 97 municpios do RN, envolvendo cerca de 600 alunos e 200 professores
orientadores. O trabalho da cera de abelha, assim como outros sete trabalhos
do programa, foi credenciado para a Feira Brasileira de Cincias e Engenha-
ria, Febrace, que ocorre anualmente na Universidade de So Paulo (USP).
L eles ganharam trs prmios.
O coordenador do projeto, professor Felipe Ribeiro, conta que nos
trs anos que o programa enviou estudantes para a Febrace, teve tra-
balhos premiados. Alm disso, temos visto um grande estmulo
para alunos e professores das escolas em desenvolver traba-
lhos cientficos a partir da participao de alguns trabalhos
na Febrace, no frum de jovens cientistas de Londres
e especialmente no Caldeiro do Huck.
7Folha da Embrapa Especial
A viagem para o Rio de Janeiro, a gra-vao do programa Caldeiro do Huck e o reconhecimento do trabalho por todos na pequena Apodi fizeram valer a pena as lguas percorridas em cima de pau-de-arara para ir ao colgio. Os estudantes enfrentaram ainda vrias negativas de professores em apoiar a ideia e tardes na cozinha da escola em testes para a formula-o da cera. Procu-ramos os professores de qumica, biologia e fsica. Ningum quis nos apoiar. At que a Gidlia (professora do ensino fundamental) nos ajudou. O problema que ela no entendia absolutamente nada do assun-to, contou Jociel Fernandes.
Foi em livros, na internet (cujo aces-so era possvel apenas na escola) e na conversa com velhos moradores de Apo-di que surgiu a ideia. A proposta de criar o revestimento surgiu a partir de duas perguntas. Primeiro: como seria possvel conservar as frutas? Depois,
como dar utilidade para a cera que es-tava sem mercado?, disse Jociel.
Os meninos explicam que as altas temperaturas registradas no mdio-oeste potiguar, associadas escassez de recur-sos para refrigerar as frutas produzidas nos stios, resultavam na rpida perda da produo. Boa parte da safra de goiaba, mamo e banana dos stios onde resi-
dem se perdia antes do consumo pelas famlias produtoras, ou mesmo da distribuio do exceden-te a atravessadores ou em feiras livres da regio. Depois de pesquisar mui-to, os meninos chegaram
concluso de que poderiam usar, para conservar as frutas, a cera de abelha - um produto abundante na regio e que estava praticamente sem mercado.
Para desenvolver o trabalho, os es-tudantes foram escola fora dos ho-rrios de aulas e fizeram experincias que nem sempre deram certo. Minha
me no entendeu quase nada daqui-lo, mas deixava a gente fazer porque se tratava de uma atividade da escola, contou Geracino. Segundo ele, os pais sempre o estimularam a estudar, por conta de problemas respiratrios que atrapalhavam a lida no campo. Eles sempre disseram que j que eu no posso trabalhar no roado eu tinha que estudar, afirmou. Para o colega Hu-guenberg Santos, o estmulo no veio dos pais. Eu que quis estudar, por conta prpria. Para no trabalhar na roa. Estar na sala de aula muito me-lhor que estar trabalhando no sol, no roado, disse.
O resultado do trabalho trouxe or-gulho para as famlias e repercutiu po-sitivamente na escola. A escola est se estruturando, est se desenvolvendo aos poucos, contou Jociel. Os trs, ago-ra, se preparam para concorrer a uma vaga no ensino superior e sonham em mergulhar fundo no mundo da pesqui-sa cientfica.
Programa Cincia para Todos
Lguas em cima de pau-de-arara para estudar
Estar na sala de aula muito melhor que estar trabalhando no sol"Huguenberg Santos
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O analista Fernando Abreu explica Geracino, Huguenberg e Jociel o funcionamento de um dos equipa-mentos usados no Laboratrio de Processos Agroin-dustriais.
8 Folha da EmbrapaEducao e cidadania
Educao e cidadaniaCCWEB e Embrapa & Escola anunciam melhores projetos da ao educativa 2013-2014
Katia Marsicano
Por quase um ano, centenas de estudantes e pro-fessores de instituies pblicas e particulares estiveram envolvidos em aes educativas de popularizao da cincia promovidas pela Embrapa com o apoio das Unidades de pesquisa da Empresa.
Com uma boa dose de criatividade, a meta era uma s: integrar a pesquisa rea-lidade local, a partir do desenvolvi-mento de projetos em benefcio das comunidades. Sete projetos foram selecionados, e entre eles um recebeu
meno honrosa. Representantes das escolas autoras de projetos selecionados
participam em Braslia, no ms de abril, de uma solenidade especial de premiao du-
rante o aniversrio da Embrapa. Resultado da parceria entre os proje-
tos Contando Cincia na Web (CCWEB), coordenado pela Embrapa Informao
Tecnolgica (Braslia, DF), e Embrapa&Escola, co-ordenado pela Secretaria de Comunicao (Secom), a iniciativa indita teve como objetivo estimular o desenvolvimento de projetos relacionados a tecnolo-gias da Empresa, em escolas localizadas em todas as regies do Pas.
Famlias so beneficiadasFoi uma experincia muito boa, porque vimos que as aes repercutiram no s na escola, mas tambm nas famlias e nas comunidades, lembra a coordenadora do site Contando Cincia na WEB, Maria Regina Fiza.
A prova disso foi o depoimento da dona de casa Leiciane Figueiredo, me de duas crianas da Escola Municipal Indgena Tengatu Marangatu, de Dourados (MS). S tenho o que agradecer, porque a escola in-centivou meus filhos e isso foi muito gratificante, diz.
Hoje a gente tem at uma hor-tinha em casa e as crianas ensina-ram aos vizinhos como fazer, conta ela. Para a merendeira do colgio, Ladoerte Mamede Moreira, a ini-
ciativa s trouxe benefcios. Antes as crianas no comiam alface: era s
repolho e tomate, explica. Agora, eles tm variedade na salada, por isso a horta
no pode acabar.
Confira os vencedores
Projeto Elaborao de hortas e po-
mares frutferos; da Escola Muni-
cipal Aldenor Pereira dos Santos,
desenvolvido com o apoio da Em-
brapa Agroindstria Tropical (For-
taleza, CE) Regio Nordeste.
Projeto Cultivo e utilizao
da banana na Escola So
Camilo; da Escola Estadual
de Ensino Fundamental So
Camilo, desenvolvido com o
apoio da Embrapa Acre (Rio
Branco, AC) Regio Norte.
Projeto Diminuio e reaprovei-
tamento de resduos e agricul-
tura caseira; da Escola Pinheiros,
desenvolvido com o apoio da Em-
brapa Soja (Londrina, PR) Re-
gio Sul.
Projeto Uso de plantas medicinais para
preveno e combate s diversas do-
enas; da Escola Municipal Oscarlina Pi-
res Turato, desenvolvido em parceria com
a Embrapa Meio Ambiente (Jaguarina,
SP) Regio Sudeste.
Projeto Boas prticas agropecurias,
da Escola Municipal Orlandina Oliveira
Lima, elaborado em parceria com a Em-
brapa Gado de Corte (Campo Grande,
MS); e Projeto Cultivo de cogumelo pela
tcnica juno, do Colgio Integrado Poli-
valente, desenvolvido com o apoio da Em-
brapa Recursos Genticos e Biotecnologia
(Braslia, DF) ambos da Regio Centro-
-Oeste
Projeto Horta como recurso didtico e
interdisciplinar na Escola Municipal Ten-
gatu, da Escola Municipal Indgena Tenga-
tu Marangatu, desenvolvido em parceria
com a Embrapa Agropecuria Oeste (Dou-
rados, MS); ao qual foi dedicada a Meno
Honrosa Regio Centro-Oeste.
9Folha da Embrapa Tecnologia
Coinoculao combina altorendimento com sustentabilidade
Carina Rufino
Referncia mundial na utilizao de bactrias para a fixao bio-lgica do nitrognio, produtores brasileiros de soja e de feijo esto ga-nhando um novo aliado para o aumento de produtividade e da sustentabilidade de seus sistemas de produo.
A Embrapa lanou recentemente a tecnologia de coinoculao da soja e do feijoeiro, que consiste em combinar uma prtica j bem conhecida dos produtores - a inoculao das sementes com bac-trias de Bradyrhizobium para a soja, ou Rhizobium para o feijoeiro - com a
Produo de soja e do feijoeiro ganha novo aliado
As pesquisas para desenvolvimento da tecnologia
de coinoculao da soja e do feijoeiro iniciaram-se
em 2009 e culminaram com a recomendao
da coinoculao como nova tecnologia para os
sistemas de produo dessas duas culturas.
uma tecnologia com excelente custo-benefcio
para o produtor, explica Csar Kersting, da To-
tal Biotecnologia. Nos trs primeiros anos foram
conduzidos nove experimentos, em Londrina e
em Ponta Grossa (PR).
Os estudos confirmaram que a reinoculao
anual da soja proporciona um incremento mdio
inoculao com Azospirillum, uma bac-tria at ento conhecida no Brasil por sua ao promotora de crescimento em gramneas.
A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a empresa Total Biotecno-logia e j tem o primeiro produto re-gistrado no Ministrio da Agricultura Pecuria e Abastecimento para essa fi-nalidade, o Azototal Max.
a primeira vez, em mais de 50 anos, que se recomenda um novo tipo de bactria para as culturas da soja e do feijoeiro, que no sejam rizbios. uma
tecnologia em sintonia com a aborda-gem atual da agricultura, que respeita as demandas de altos rendimentos, mas com sustentabilidade agrcola, econ-mica, social e ambiental, comemora a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja (Londrina, PR).
Os estudos conduzidos a campo com o Azototal Max mostram que a coinocu-lao proporciona vrios benefcios, entre eles aumento da rea radicular da planta, o que possibilita maior aproveitamento dos fertilizantes e at mesmo favorecer as plantas em situaes de estresse hdrico.
Pesquisas comearam em 2009no rendimento de gros de 8,4% em relao s
reas que no so inoculadas anualmente. Esses
so resultados adicionais s dezenas de outros
ensaios conduzidos pela Embrapa que confirmam
a importncia da reinoculao anual da soja,
explica Mariangela Hungria. A surpresa veio do
resultado da nova tecnologia: os ensaios de cam-
po mostraram que, com a coinoculao houve
um incremento mdio de 16,1% no rendimento
da soja, em relao s reas no inoculadas.
No caso do feijoeiro, a reinoculao anual
resultou em um incremento mdio de 8,3%,
em relao ao tratamento no inoculado,
enquanto a coinoculao com Azospirillum
resultou em um incremento adicional de
14,7%. Ainda com o feijoeiro, em relao
ao controle no inoculado, a coinoculao
deRhizobiumeAzospirillumresultou em um
incremento de 19,6%, em relao s reas no
inoculadas.
A nova tecnologia j est disponvel para o
produtor e o primeiro produto com registro
concedido pelo Mapa pode ser adquirido na
empresa Total Biotecnologia.
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As estagirias Luciana Ruano, Leticia Babujia e o empregado Renan Ribeiro acompanham o trabalho de Mariangela.
10 Folha da EmbrapaEntrevista
Casembrapa precisa de ajuda
Eduardo Pinho Rodrigues
Nesta entrevista ao Folha da Em-brapa, Sonisley fala sobre os projetos de mudana no modelo da Casembrapa, dos aumentos emer-genciais nos valores da mensalidade e na contribuio da patrocinadora, e destaca: Eu gostaria de terminar meus trs anos de mandato transformando esse plano de sade em um plano de sade de fato, e no um plano s com foco na doena. Precisamos trabalhar na promoo e preveno.
Mas para isso preciso primeiro re-solver as questes estruturais de sobre-vivncia da Casembrapa.
Folha da Embrapa: Qual a situao fi-nanceira atual da Casembrapa?Sonisley Machado: Os custos da sade se elevaram muito nos ltimos anos, o que acabou tendo um impacto muito grande na Casembrapa. A cada fecha-mento financeiro, a gente percebe, ms a ms, que as despesas esto muito maiores que a receita. Com o passar dos ltimos anos, foi se lanando mo das reservas que todo plano de sade deve ter. Hoje, a gente no tem mais dinheiro para pagar nossos custos mensais e as nossas reservas praticamente zeraram.
FE: De quanto esse dficit mensal?SM: O dficit de aproximadamente R$ 1,6 milho por ms.
FE: E o que est sendo feito para rever-ter essa situao?SM: O plano hoje, nesse modelo linear de contribuio de 2% do salrio-base, no se sustenta mais. A primeira pro-posta de um novo modelo de custeio, o que est sendo discutido primeiro com o Conselho de Administrao da Casembrapa.
Mas antes de esse novo modelo ser implantado, o que pode levar cerca de
A Casembrapa est na UTI, e precisa de ajuda. A avaliao da presidente da Caixa de Assistncia dos Empregados da Embrapa, Sonisley Santos Machado, que assumiu o cargo em abril do ano
passado. Ns temos um plano de sade que est doente. Precisamos nos unir e salv-lo. A ajuda precisa vir de todos os lados, tanto da patrocinadora como dos associados, alerta.
um ano, pois exige o cumprimento de uma srie de trmites burocrticos para registro de novo produto na Agncia Nacional de Sade (ANS), a proposta reajustar a contribuio dos associados de 2% para 3,5% do salrio-base. No caso da patrocinadora, a contribuio mensal passaria de R$ 95,23 per capita para R$ 127,00.
No caso dos aposentados, alm do aumento, seria preciso fazer alguns ajustes. A legislao prev que os apo-sentados podem continuar usando o plano de sade, desde que eles paguem a contribuio patronal de igual forma. No caso dos ativos, a Embrapa paga hoje R$ 95,23 por ms por cada bene-ficirio do plano, tanto o ativo como cada um dos dependentes. Os aposenta-dos at hoje pagam um valor mdio por grupo familiar no valor de R$ 245,60 e no per capita como requer os normati-vos da ANS.
Outro ajuste que precisamos fazer na base dessas alteraes com rela-o s internaes, que atualmente so
cobradas por meio de um percentual, e no por valor nominal, como exigido pela ANS.
Todas essas mudanas emergenciais no implicam uma mudana de produ-to, por isso elas so mais fceis e r-pidas de se implantar do que um novo modelo.
FE: E haveria algum aumento imediato na coparticipao tambm?SM: No. Continua da mesma forma, com 30% de cada evento, limitado a 20% do salrio-base. O que est sendo estudado uma mudana na forma da cobrana de internaes, que hoje segue esse modelo. O que a gente faria a co-brana de R$ 140,00 a diria, limitadas a quatro dirias, o que no oneraria aqueles que precisam ficar internados por um tempo mais longo.
FE: E no caso de um processo cirrgico mais complexo, que pode custar mais de R$ 100 mil?SM: Hoje toda a cobrana feita de acordo com esses parmetros: 30% de cada evento, limitado a 20% do sal-rio-base. Assim, se a cirurgia custou R$ 100 mil, o empregado teria que pagar R$ 30 mil, mas esse valor li-mitado ao teto de 20% do salrio-base. Se ele recebe R$ 10 mil, vai pagar R$ 2 mil pelo procedimento. Os outros R$ 98 mil so pagos pelo plano de sade. Na nova proposta a cobrana de copar-ticipao referente a internaes muda para o valor nominal por diria, limita-da ao teto de R$ 560,00, ou seja, quatro dirias.
FE: Que mudanas o novo modelo da Ca-sembrapa prev?SM: A gente precisa ter um modelo em que aqueles que usam mais, paguem um pouco mais. Hoje, quem no tem dependentes e quem tem dez dependen-
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11Folha da Embrapa Entrevista
tes paga a mesma coisa: 2% do salrio--base. claro que num plano de auto-gesto no se visa o lucro, mas temos de ter um modelo que se sustente, que seja escalonado, considerando o nme-ro de dependentes, faixa etria, entre outros fatores. Evidentemente, a faixa salarial sempre dever ser considera-da como um referencial. Aqueles que ganham mais devem contribuir mais para que todos tenham o mesmo aten-dimento, ou seja, o operrio de campo ou o pesquisador, todos tm direito as mesmas condies de atendimento. No enfermaria para o operrio e quarto para o pesquisador. E acreditamos que esse princpio de mutualidade deve ser mantido.
FE: O novo modelo prev mudana na forma de cobrana da coparticipao?SM: Ainda no est definido. Ns temos recebido vrias sugestes de nossos as-sociados, muitos deles preocupados com uma proposta de um modelo sustent-vel. Precisamos pensar se mantemos a mesma forma de coparticipao para todos os eventos.
FE: A contribuio da Embrapa no po-deria ser maior?SM: As pessoas alegam que a mensa-lidade do empregado aumentou 75%, enquanto para a patrocinadora foi de apenas 33%. S que essa questo no pode ser avaliada de forma to linear. A patrocinadora contribui de uma forma per capita, ou seja, por cada beneficirio do plano, incluindo os dependentes dos empregados, j o empregado paga um percentual por grupo familiar, indepen-dentemente do nmero de dependentes. Isto j traz na sua origem diferenciao de contribuio.
Outra questo o requisito legal co-locado pelo Ministrio do Planejamento, que limita a contribuio das patroci-nadoras em no mximo 50% do custo total do plano de sade. O que j impede a Embrapa de aumentar sua contribuio acima deste percentual.
FE: Alguns descredenciamentos tm ocor-rido na Casembrapa, o que tem reduzido a rede de atendimento. Por qu?
SM: Infelizmente alguns credenciados querem impor preos exorbitantes ou acima dos parmetros dos custos pra-ticados pelas operadoras de autogesto. No momento de renovao de contra-to ou s vezes antes disto, fazemos o possvel para chegarmos a uma nego-ciao possvel de ser atendida pela Operadora. Se o preo justo, mesmo que um pouco acima de nossa tabela de referncia, acatamos. Se temos somente aquela opo de atendimento para os associados, tambm acabamos por aca-tar. Agora, no sendo essas situaes, se h como no fechar negociao com o credenciado e temos outras opes
de atendimento, no temos por que nos submeter a preos fora dos limites de negociao. Alguns descredenciamentos tambm ocorrem por pedido do prprio credenciado, que no se interessa mais em atender na modalidade de conv-nio. Mas no temos de forma alguma reduo de atendimento de nossa rede. Lembrando que temos de ter a preocu-pao no somente com a quantidade, mas tambm com a qualidade do atendi-mento prestado. Temos de investir nesta ideia tambm este ano, contando com a ajuda de nossos associados.
FE: A Casembrapa tem tido dificulda-de em cobrar a dvida dos empregados, principalmente para fazer lanamento em folha. Por que ocorre essa dificuldade e o que est sendo feito para resolver esse problema?SM: A Casembrapa tem ficado para o final da lista de prioridade para desconto em folha de pagamento perante o SIAPE. Existe uma legislao que diz justamente
o contrrio. Mas preparamos a folha de descontos, mandamos toda a cobrana para o SIAPE e aguardamos resposta. Hoje, muitos descontos no podem ser incorporados na folha de pagamento por falta de margem consignvel. Por conta disso passamos a emitir boletos de cobrana, que so enviados por Cor-reio aos associados. Temos dificuldades com relao aos endereos atualizados, j que muitos se queixam de no terem recebido os boletos. Por isso estamos tentando fazer o recadastramento dos nossos associados, bem como enviar um demonstrativo mensal dos dbitos com a Casembrapa, via e-mail, para permitir um maior acompanhamento e ateno ao uso e valores devidos ao Plano.
FE: O que o empregado deve fazer para negociar sua dvida com a Casembrapa e evitar um acmulo desse valor?SM: Basta entrar em contato com a gente. A Casembrapa no quer suspender o atendimento de qualquer associado. Ns estamos sempre abertos negociao. Basta procurar um dos representantes nas Unidades Descentralizadas ou ento ligar para a rea de cobrana aqui em Braslia. A negociao dos valores ante-riormente devidos, por dificuldades da prpria operadora em cobrar, est sendo feita sem juros e sem correo monetria. Estamos parcelando dentro de um valor que possvel ao empregado pagar.
Implantamos um Programa de Re-gularizao de Dbitos com vrias aes j implementadas e neste ms de abril iremos iniciar uma ampla negociao de todo o dbito com a Casembrapa, contan-do com o apoio dos representantes locais. Ser a ltima oportunidade para que os devedores regularizem seus dbitos com a Casembrapa, antes de aplicarmos as penalidades de suspenso de atendi-mento e excluso do Plano, permitidas pelo Regulamento Casembrapa.
Para negociar sua dvida:Procure o representante da Casembrapa
em sua Unidade ou mande um e-mail para
[email protected] ou ligue
para (61) 3448-1906.
Estamossempre abertos negociao. Basta entrar em contato com a gente"Sonisley Santos
12 Folha da EmbrapaTransporte
Caminho sobre as guasA bordo de um caiaque, empregado transforma a vinda para o trabalho em prazer
A caminho do trabalho: gua, sol, vento no rosto e remo nas mos. Esses so alguns de-talhes do percurso que o analista de sistemas Lcio Scartezini faz ao vir de caiaque at a Embrapa Informao Tecnolgica (Braslia, DF). So 12 qui-lmetros Lago Parano afora, percorri-dos em aproximadamente uma hora e vinte minutos, o que no intimida L-cio, que alm de economizar gasolina e preservar o meio ambiente, coloca em
prtica uma de suas maiores paixes: a canoagem.
Ele estaciona em um per bem pr-ximo Unidade, troca de roupa e inicia normalmente as atividades do trabalho. Nascido em Goinia e criado em Bras-lia, Lcio canosta h mais de 20 anos e comeou cedo: ganhou seu primeiro caiaque aos 13 anos e j participou de vrias competies ao longo dos anos.
Lcio Scartezini tem 43 anos de idade e tambm adepto do stand-up
paddle (ou SUP), modalidade de remo em p que est se popularizando cada vez mais. Para ele, outros meios de transportes deveriam ser usados em Braslia. necessrio que as pessoas despertem para esse tipo de transporte alternativo, seja transporte solidrio, bicicleta, caiaque. Deveria ser mais in-centivado o uso do Lago Parano como via de transporte, afirma o canosta, que de vez em quando tambm vem de bicicleta para o trabalho.
Deveria ser mais incentivado o uso do Lago Parano como via de transporte
A paixo pelo esporte est no sangue. Exem-
plo disso David Scartezini, filho de Lcio, que
aos 7 anos fez a travessia do Lago Parano
aproximadamente dois quilmetros em um
caiaque individual, acompanhado de longe
pelo pai em outro caiaque.
No trajeto sobre as guas, Lcio no foi
o primeiro da Embrapa a chegar ao trabalho
remando. O atual supervisor do Ncleo de
Tecnologia da Informao da Embrapa Pes-
ca e Agricultura (Palmas, TO), Rubens Mrio
Faro Pompeu, fez esse percurso durante seis
anos quando trabalhava na Sede da Empresa,
em Braslia.
Ele saa de casa s 6h45 e chegava Em-
brapa s 7h40. Levava na mochila lanche e mu-
das de roupa, tomava banho e se trocava antes
de comear a trabalhar. s 8h em ponto, esta-
va na mesa de trabalho, lembra o supervisor,
que j participou de 25 edies da travessia do
Rio Araguaia, vencendo 22 delas.
Com o objetivo de economizar gasolina e
diminuir o estresse do trnsito, Lcio e Rubens
uniram o til ao agradvel esporte e trabalho.
Para eles, outras pessoas tambm poderiam
fazer a mesma opo do transporte alternativo
pelo lago, em lanchas ou barcos, mas o nvel
de assoreamento do Lago Parano dificulta o
acesso s margens. A quantidade de resdu-
os e terra arrastada, resultado da ocupao
urbana desordenada no entorno do lago, aca-
ba reduzindo o nvel da gua. Colaborao: Daniely Lima
Amor em famlia
Foto
: Dan
iely
Lim
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