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folha de rosto - Gestão educacional.pdf · 2020. 9. 2. · Gestão Educacional: o Brasil no mundo contemporâneo 75 ISSN 0104-1037 Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 1-189, jul

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    ISSN 0104-1037Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 1-189, jul. 2002.

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    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 3-5, jul. 2002.

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    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 3-5, jul. 2002.

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    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 3-5, jul. 2002.

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    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 7-8, jul. 2002.

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    os c

    ulp

    ados

    dif

    icil

    men

    te s

    ão a

    lcan

    çáve

    is e

    , mu

    ito

    men

    os, p

    un

    ívei

    s.E

    ntr

    etan

    to,

    se e

    ssas

    ati

    tud

    es p

    odem

    até

    con

    sola

    r e

    des

    abaf

    ar,

    não

    reso

    lvem

    nen

    hu

    m d

    os p

    robl

    emas

    com

    ple

    xos

    com

    qu

    e n

    os d

    efro

    nta

    -m

    os.

    Ao

    con

    trár

    io,

    não

    rar

    o, p

    or i

    sso

    mes

    mo,

    os

    edu

    cad

    ores

    exe

    r-ce

    m o

    pap

    el d

    e ob

    jeto

    s e

    não

    de

    suje

    itos

    dos

    pro

    cess

    os.

    Port

    anto

    , é p

    reci

    so a

    mp

    liar

    a v

    isão

    e a

    ssu

    mir

    um

    a at

    i-tu

    de

    con

    stru

    tiva

    em

    fac

    e d

    os d

    esaf

    ios,

    qu

    e n

    ão s

    ão p

    ouco

    s. P

    ara

    tan

    to, u

    ma

    alte

    rnat

    iva

    par

    a se

    en

    con

    trar

    saí

    das

    é o

    lhar

    par

    a os

    lad

    ose

    adia

    nte

    . O c

    onh

    ecim

    ento

    da

    edu

    caçã

    o e

    do

    seu

    en

    torn

    o é

    con

    di-

    ção

    não

    par

    a se

    dan

    çar

    con

    form

    e a

    sica

    , mas

    par

    a bu

    scar

    alt

    e-ra

    r a

    sica

    e, c

    onse

    qüen

    tem

    ente

    , a d

    ança

    .Po

    r is

    so m

    esm

    o, o

    mes

    trad

    o em

    Ed

    uca

    ção

    da

    Un

    iver

    si-

    dad

    e C

    atól

    ica

    de

    Bra

    síli

    a (U

    CB

    ), a

    ssoc

    iad

    o à

    Soc

    ied

    ade

    Bra

    sile

    ira

    de

    Ed

    uca

    ção

    Com

    par

    ada,

    pro

    mov

    eu u

    m e

    nco

    ntr

    o in

    tern

    acio

    nal

    , em

    outu

    bro

    de

    2000

    , m

    ais

    pre

    cisa

    men

    te n

    o li

    mia

    r d

    o n

    ovo

    mil

    ênio

    ,so

    bre

    o te

    ma

    “Ru

    mos

    da

    gest

    ão e

    du

    caci

    onal

    : o

    Bra

    sil

    no

    mu

    nd

    oco

    nte

    mp

    orân

    eo”.

    Ten

    do

    rece

    bid

    o ge

    ner

    osa

    acol

    hid

    a d

    o E

    m A

    bert

    o,or

    gan

    izam

    os e

    ste

    mer

    o co

    m a

    s co

    nfe

    rên

    cias

    dos

    con

    vid

    ados

    eal

    gun

    s tr

    abal

    hos

    ap

    rese

    nta

    dos

    no

    even

    to, a

    lém

    de

    outr

    os q

    ue,

    con

    -fo

    rme

    o fo

    rmat

    o d

    o p

    erió

    dic

    o, c

    ontr

    ibu

    em p

    ara

    enri

    quec

    er a

    abo

    r-d

    agem

    do

    tem

    a. I

    mer

    os r

    elat

    ório

    s d

    e al

    ta q

    ual

    idad

    e ta

    mbé

    m f

    o-ra

    m a

    pre

    sen

    tad

    os n

    o ev

    ento

    por

    aca

    dêm

    icos

    de

    tod

    o o

    País

    ; en

    tre-

    tan

    to,

    a n

    eces

    sid

    ade

    de

    pri

    oriz

    ar a

    esp

    inh

    a d

    orsa

    l, p

    revi

    amen

    tees

    tabe

    leci

    da

    com

    os

    quat

    ro c

    onfe

    ren

    cist

    as, o

    brig

    ou-n

    os à

    dif

    ícil

    de-

    cisã

    o d

    e p

    ubl

    icar

    ap

    enas

    alg

    un

    s tr

    abal

    hos

    de

    mai

    or p

    erti

    nên

    cia.

  • 8

    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 7-8, jul. 2002.

    A s

    eção

    En

    foqu

    e, c

    om o

    art

    igo

    “Ges

    tão

    Ed

    uca

    cion

    al:

    par

    a on

    de

    vam

    os?”

    , bu

    sca

    ser

    o fi

    o co

    nd

    uto

    r p

    ara

    a le

    itu

    ra. N

    ão te

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    pre

    ten

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    de

    con

    stit

    uir

    o p

    onto

    de

    par

    tid

    a, m

    as d

    e te

    cer

    con

    sid

    e-ra

    ções

    a p

    arti

    r d

    os t

    raba

    lhos

    sel

    ecio

    nad

    os p

    ara

    pu

    blic

    ação

    , den

    tre

    eles

    os

    de

    auto

    res

    inte

    rnac

    ion

    alm

    ente

    ren

    omad

    os q

    ue,

    déc

    adas

    ,vê

    m e

    stu

    dan

    do

    a ed

    uca

    ção

    no

    cen

    ário

    in

    tern

    acio

    nal

    . U

    nin

    do

    co-

    nh

    ecim

    ento

    s e

    exp

    eriê

    nci

    as d

    o B

    rasi

    l e d

    e vá

    rios

    con

    tin

    ente

    s, p

    ode-

    se re

    flet

    ir c

    om b

    ase

    em p

    ersp

    ecti

    vas

    dife

    ren

    ciad

    as, l

    embr

    ando

    , com

    oE

    dga

    rd M

    orin

    , qu

    e, d

    a m

    esm

    a fo

    rma

    que

    a bi

    odiv

    ersi

    dad

    e é

    ind

    is-

    pen

    sáve

    l par

    a a

    sobr

    eviv

    ênci

    a d

    o P

    lan

    eta,

    nel

    e in

    clu

    ind

    o a

    esp

    écie

    hu

    man

    a, r

    ecen

    tem

    ente

    su

    rgid

    a, a

    dem

    ocra

    cia

    é fu

    nda

    men

    tal

    para

    ode

    sen

    volv

    imen

    to d

    o h

    omem

    . A d

    iver

    sida

    de d

    e id

    éias

    , con

    verg

    ente

    s e

    dive

    rgen

    tes,

    é o

    en

    riqu

    ecim

    ento

    in

    disp

    ensá

    vel

    para

    qu

    e n

    ovos

    cam

    i-n

    hos

    sej

    am e

    nco

    ntr

    ados

    e o

    hom

    em a

    lcan

    ce a

    ple

    nit

    ude

    da

    sua

    vida

    ,n

    o m

    un

    do e

    m q

    ue

    está

    en

    raiz

    ado.

    Com

    o sa

    bem

    os d

    e lo

    nga

    dat

    a, a

    ciên

    cia

    depe

    nde

    inti

    mam

    ente

    da

    libe

    rdad

    e de

    bu

    sca

    e di

    ssem

    inaç

    ão.

    Cas

    o co

    ntr

    ário

    , os

    con

    hec

    imen

    tos

    se e

    stio

    lam

    e s

    e fa

    lsei

    am.

    Ass

    im,

    desf

    rute

    mos

    des

    sa l

    iber

    dade

    , qu

    e é,

    ao

    mes

    mo

    tem

    po,

    um

    a re

    laçã

    ore

    spei

    tosa

    de

    inte

    rdep

    endê

    nci

    a, q

    ue

    nos

    tem

    sid

    o le

    gada

    e t

    em s

    ido

    por

    nós

    con

    quis

    tada

    , não

    sem

    luta

    e s

    acri

    fíci

    os.

  • 9

    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 9-22, jul. 2002.

    enfo

    que

    Qua

    l é a

    que

    stão

    ?

    Ges

    tão

    Ed

    uca

    cion

    al:

    par

    a on

    de

    vam

    os?

    Can

    did

    o A

    lber

    to G

    omes

    Prof

    esso

    r do

    mes

    trado

    em

    Edu

    caçã

    o da

    Uni

    vers

    idad

    e C

    atól

    ica

    de B

    rasí

    lia (U

    CB)

    .

    Sab

    er p

    ara

    ond

    e va

    mos

    é q

    ues

    tão

    fun

    dam

    enta

    l par

    a as

    pol

    ític

    as p

    úbl

    icas

    e,

    esp

    ecif

    icam

    ente

    , ed

    uca

    cion

    ais

    do

    Bra

    sil

    e d

    equ

    alqu

    er o

    utr

    o p

    aís.

    Cer

    tam

    ente

    não

    se

    enco

    ntr

    ará

    um

    a ú

    nic

    a ch

    a-ve

    ou

    res

    pos

    ta p

    ara

    essa

    in

    dag

    ação

    , já

    que

    exis

    te u

    ma

    plu

    rali

    dad

    ed

    e p

    orta

    s, q

    ue

    con

    du

    zem

    a d

    ifer

    ente

    s ca

    min

    hos

    .N

    o en

    tan

    to,

    o n

    ó cr

    uci

    al e

    m e

    duca

    ção

    não

    se

    resu

    me

    tão-

    som

    ente

    a r

    ecu

    rsos

    , ou

    a r

    esu

    ltad

    os, o

    u a

    ava

    liaç

    ão, o

    u a

    cu

    stos

    ,ou

    a p

    rofi

    ssio

    nai

    s da

    edu

    caçã

    o, o

    u a

    dem

    ogra

    fia

    estu

    dan

    til o

    u, a

    inda

    ,a

    qual

    quer

    ou

    tro

    tem

    a is

    olad

    amen

    te. A

    s de

    fin

    içõe

    s pa

    ra o

    futu

    ro e

    n-

    volv

    em u

    m a

    mpl

    o m

    apea

    men

    to d

    a re

    alid

    ade,

    in

    ter-

    rela

    cion

    ando

    os

    dife

    ren

    tes

    aspe

    ctos

    edu

    caci

    onai

    s e

    a po

    nde

    raçã

    o da

    s al

    tern

    ativ

    as q

    ue

    se p

    ode

    segu

    ir, c

    om a

    s re

    spec

    tiva

    s va

    nta

    gen

    s e

    lim

    itaç

    ões.

    O e

    stu

    doda

    s al

    tern

    ativ

    as, p

    orém

    , pre

    cisa

    ser

    con

    duzi

    do c

    om u

    ma

    visã

    o cl

    ara

    da r

    eali

    dade

    do

    País

    , e e

    ssa

    visã

    o n

    ão p

    ode

    ser

    prov

    inci

    ana.

    Nu

    m p

    roce

    sso

    de

    inte

    rdep

    end

    ênci

    a qu

    e se

    tem

    in

    ten

    -si

    fica

    do

    nos

    últ

    imos

    séc

    ulo

    s (e

    qu

    e or

    a se

    tem

    ch

    amad

    o d

    egl

    obal

    izaç

    ão o

    u m

    un

    dia

    liza

    ção)

    , é in

    dis

    pen

    sáve

    l obs

    erva

    r cu

    idad

    o-sa

    men

    te o

    s ce

    nár

    ios

    inte

    rnac

    ion

    ais

    que

    se d

    esen

    ham

    par

    a o

    futu

    ro,

    ond

    e o

    Bra

    sil

    se i

    nse

    re e

    , sob

    retu

    do,

    com

    o se

    in

    sere

    .Po

    rtan

    to, a

    ges

    tão

    edu

    caci

    onal

    pro

    porc

    ion

    a m

    acro

    visõ

    esqu

    e or

    ien

    tam

    os

    cam

    inh

    os p

    or o

    nde

    se

    tril

    ha.

    Não

    se

    trat

    a, é

    cla

    ro, d

    eco

    nfun

    dir g

    estã

    o ed

    ucac

    iona

    l com

    efi

    cien

    tism

    o, c

    om a

    dmin

    istr

    ativ

    ism

    oou

    com

    o si

    mpl

    es r

    ecei

    tas

    para

    mel

    hor

    com

    bin

    ar o

    u a

    prov

    eita

    r os

    re-

    curs

    os q

    ue

    se e

    nco

    ntr

    am e

    pod

    em c

    oloc

    ar-s

    e ao

    dis

    por

    da e

    duca

    ção.

    A n

    eces

    sid

    ade

    de

    tais

    mac

    rovi

    sões

    é p

    rem

    ente

    , na

    me-

    did

    a em

    qu

    e a

    acel

    eraç

    ão d

    a h

    istó

    ria

    nos

    im

    pel

    e a

    tom

    ar d

    ecis

    ões

    ráp

    idas

    . N

    o en

    tan

    to,

    o B

    rasi

    l ca

    rece

    de

    dis

    cuss

    ões

    apro

    fun

    dad

    asn

    essa

    áre

    a, e

    spec

    ialm

    ente

    as

    que,

    con

    sid

    eran

    do

    as c

    ontr

    ibu

    içõe

    sin

    tern

    acio

    nai

    s, s

    aiba

    m r

    edu

    zi-l

    as à

    nos

    sa r

    eali

    dad

    e. E

    is q

    ue

    o Pa

    ísin

    gres

    sa n

    o n

    ovo

    mil

    ênio

    com

    um

    a n

    um

    eros

    a p

    opu

    laçã

    o, c

    ujo

    ní-

    vel d

    e vi

    da

    situ

    a-se

    mu

    ito

    abai

    xo d

    o d

    esej

    ável

    e q

    ue

    se c

    arac

    teri

    zap

    ela

    sube

    du

    caçã

    o, t

    anto

    do

    pon

    to d

    e vi

    sta

    quan

    tita

    tivo

    , ou

    sej

    a,d

    os a

    nos

    de

    esco

    lari

    dad

    e, q

    uan

    to d

    a qu

    alid

    ade

    des

    sa e

    scol

    ariz

    ação

    .Po

    rém

    , o B

    rasi

    l em

    qu

    e vi

    vem

    os n

    ão p

    oder

    ia s

    er c

    omp

    arad

    o es

    tati

    -ca

    men

    te a

    um

    a p

    eça

    de

    um

    qu

    ebra

    -cab

    eças

    ou

    a u

    ma

    ped

    ra d

    e u

    m

  • 10

    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 9-22, jul. 2002.

    mos

    aico

    . O m

    un

    do d

    e h

    oje

    é se

    mel

    han

    te a

    um

    sis

    tem

    a di

    nâm

    ico

    defo

    rças

    , em

    qu

    e os

    esp

    aços

    mu

    dam

    jun

    to c

    om o

    rit

    mo

    do t

    empo

    . Por

    isso

    mes

    mo,

    pre

    cisa

    mos

    abr

    ir a

    s ja

    nel

    as p

    ara

    con

    hec

    er e

    sse

    mu

    ndo

    de

    que

    part

    icip

    amos

    sem

    qu

    e n

    os p

    ergu

    nte

    m s

    e qu

    erem

    os o

    u n

    ão –

    mas

    cuja

    s re

    laçõ

    es c

    om e

    le e

    m p

    arte

    tem

    os a

    cap

    acid

    ade

    de d

    eter

    min

    ação

    .Po

    r is

    so m

    esm

    o, o

    mes

    trad

    o em

    Ed

    uca

    ção

    da

    Un

    i-ve

    rsid

    ade

    Cat

    ólic

    a d

    e B

    rasí

    lia,

    ass

    ocia

    do

    à S

    ocie

    dad

    e B

    rasi

    leir

    ad

    e E

    du

    caçã

    o C

    omp

    arad

    a, p

    rom

    oveu

    um

    en

    con

    tro

    inte

    rnac

    ion

    al,

    em o

    utu

    bro

    de

    2000

    , mai

    s p

    reci

    sam

    ente

    no

    lim

    iar

    do

    nov

    o m

    ilê-

    nio

    , so

    bre

    o te

    ma

    “Ru

    mos

    da

    Ges

    tão

    Ed

    uca

    cion

    al:

    o B

    rasi

    l n

    om

    un

    do

    con

    tem

    por

    âneo

    ”. T

    end

    o re

    cebi

    do

    a ge

    ner

    osa

    acol

    hid

    a d

    oE

    m A

    bert

    o, o

    rgan

    izam

    os e

    ste

    mer

    o co

    m a

    s co

    nfe

    rên

    cias

    dos

    con

    vid

    ados

    e a

    lgu

    ns

    trab

    alh

    os a

    pre

    sen

    tad

    os n

    o ev

    ento

    , al

    ém d

    eou

    tros

    qu

    e, c

    onfo

    rme

    o fo

    rmat

    o d

    o p

    erió

    dic

    o, c

    ontr

    ibu

    em p

    ara

    enri

    quec

    er a

    ab

    ord

    agem

    do

    tem

    a. I

    mer

    os r

    elat

    ório

    s d

    e al

    taqu

    alid

    ade

    tam

    bém

    for

    am a

    pre

    sen

    tad

    os n

    o ev

    ento

    por

    aca

    dêm

    i-co

    s d

    e to

    do

    o Pa

    ís, e

    ntr

    etan

    to, a

    nec

    essi

    dad

    e d

    e p

    rior

    izar

    a e

    spi-

    nh

    a d

    orsa

    l, p

    revi

    amen

    te e

    stab

    elec

    ida

    com

    os

    quat

    ro c

    onfe

    ren

    -ci

    stas

    , nos

    obr

    igou

    à d

    ura

    dec

    isão

    de

    pu

    blic

    ar a

    pen

    as a

    lgu

    ns

    tra-

    balh

    os d

    e m

    aior

    per

    tin

    ênci

    a.E

    m f

    un

    ção

    des

    ses

    ator

    es e

    stra

    tégi

    cos,

    est

    e ar

    tigo

    in

    i-ci

    al c

    onst

    itu

    i u

    ma

    pál

    ida

    intr

    odu

    ção

    às r

    efle

    xões

    des

    envo

    lvid

    asp

    or i

    nte

    lect

    uai

    s tã

    o il

    ust

    res

    de

    vári

    as p

    arte

    s d

    o m

    un

    do.

    Est

    e é

    aen

    trad

    a, p

    rece

    den

    do

    as p

    ièce

    s de

    rés

    iste

    nce

    , par

    a p

    rovo

    car

    o d

    eba-

    te e

    lan

    çar

    algu

    mas

    idéi

    as, a

    fim

    de

    que

    o le

    itor

    con

    jugu

    e d

    iver

    sos

    elem

    ento

    s e

    elab

    ore

    as s

    uas

    pró

    pri

    as c

    oncl

    usõ

    es.

    Em

    qu

    e m

    un

    do

    se i

    nse

    re a

    ed

    uca

    ção?

    A g

    estã

    o ed

    uca

    cion

    al n

    os c

    ondu

    z à

    prim

    eira

    inda

    gaçã

    o,qu

    e é

    sobr

    e o

    con

    text

    o em

    qu

    e se

    inse

    re. W

    olfg

    ang

    Mit

    ter s

    e de

    dica

    , de

    iníc

    io, a

    o m

    ote

    pou

    co c

    ompr

    een

    dido

    dos

    nos

    sos

    dias

    : a g

    loba

    liza

    ção.

    Esi

    tua

    que,

    de

    fato

    , qu

    ando

    tra

    tam

    os d

    esta

    tor

    ren

    te,

    apar

    ente

    men

    teir

    reve

    rsív

    el, n

    os r

    efer

    imos

    ao

    que

    se c

    ham

    a de

    seg

    un

    da m

    oder

    nid

    ade.

    A g

    loba

    liza

    ção

    vem

    a s

    er u

    m p

    roce

    sso

    de fu

    nda

    s ra

    ízes

    , cu

    jas

    man

    ifes

    -ta

    ções

    , con

    form

    e o

    auto

    r, já

    en

    con

    tram

    os n

    a Id

    ade

    Méd

    ia, c

    om a

    un

    i-ve

    rsal

    idad

    e cu

    rric

    ula

    r do

    tri

    vium

    e d

    o qu

    adri

    vium

    . Sem

    qu

    erer

    faz

    erso

    mbr

    a ao

    bri

    lhan

    tism

    o do

    au

    tor,

    pode

    ríam

    os a

    rris

    car

    que

    o Im

    péri

    oR

    oman

    o, c

    om a

    sua

    vas

    tidã

    o e

    a un

    idad

    e ad

    min

    istr

    ativ

    a, m

    ilit

    ar, j

    uríd

    i-ca

    e e

    con

    ômic

    a se

    ria

    um

    pri

    mei

    ro c

    írcu

    lo d

    essa

    glo

    bali

    zaçã

    o, c

    entr

    ada

    no

    Med

    iter

    rân

    eo,

    não

    por

    aca

    so c

    ham

    ado

    pel

    os r

    oman

    os “

    mar

    eno

    stru

    m”

    (nos

    so m

    ar).

    Com

    o u

    ma

    pedr

    a at

    irad

    a n

    um

    lago

    , ou

    tros

    cír

    -cu

    los

    mai

    s am

    plos

    se

    dese

    nh

    aram

    , com

    o o

    das

    Gra

    nde

    s N

    aveg

    açõe

    s,em

    qu

    e o

    Bra

    sil C

    olôn

    ia s

    e in

    tegr

    ou a

    o m

    un

    do a

    tlân

    tico

    com

    o ap

    êndi

    -ce

    da

    His

    tóri

    a, já

    cen

    trad

    a n

    a Eu

    ropa

    , por

    ém c

    ada

    vez

    mai

    s “g

    eral

    ”.E

    sta

    é a

    essê

    nci

    a d

    o m

    un

    do

    vist

    o d

    o H

    emis

    féri

    o S

    ul

    (qu

    e M

    itte

    r se

    esf

    orço

    u p

    or a

    pre

    end

    er):

    um

    sis

    tem

    a in

    tern

    acio

    nal

    estr

    atif

    icad

    o, s

    egu

    nd

    o u

    ma

    mu

    ltid

    imen

    sion

    alid

    ade

    de

    crit

    ério

    s, e

    mqu

    e as

    car

    acte

    ríst

    icas

    eco

    nôm

    icas

    são

    mu

    ito

    sign

    ific

    ativ

    as. O

    sis

    te-

    ma

    se a

    ssem

    elh

    a a

    um

    a p

    irâm

    ide,

    lar

    ga n

    a ba

    se e

    est

    reit

    a n

    o to

    po.

    Com

    o n

    as n

    ossa

    s so

    cied

    ades

    , hoj

    e, n

    a se

    gun

    da

    mod

    ern

    idad

    e, a

    es-

    cass

    a m

    obil

    idad

    e as

    cen

    den

    te p

    arec

    e le

    giti

    mar

    o s

    iste

    ma

    ao “

    pro

    -va

    r” q

    ue

    é p

    ossí

    vel

    mu

    dar

    de

    “cla

    sse”

    . A

    s ex

    ceçõ

    es s

    erve

    m p

    ara

    con

    firm

    ar a

    reg

    ra.

    É o

    cas

    o d

    os c

    ham

    ados

    “ti

    gres

    asi

    átic

    os”

    e d

    eou

    tros

    mer

    cad

    os d

    enom

    inad

    os e

    mer

    gen

    tes,

    com

    o B

    rasi

    l, A

    rgen

    tin

    ae

    Méx

    ico.

    Ten

    do

    esgo

    tad

    o h

    á te

    mp

    os a

    ind

    ust

    rial

    izaç

    ão s

    ubs

    titu

    tiva

    de

    imp

    orta

    ções

    , sof

    rem

    ago

    ra d

    a vu

    lner

    abil

    idad

    e ex

    tern

    a e

    são

    re-

    pre

    sen

    tad

    os p

    or g

    ran

    des

    rev

    ista

    s co

    mo

    um

    dom

    inó,

    cu

    ja q

    ued

    a é

    susc

    etív

    el d

    e am

    eaça

    r as

    eco

    nom

    ias

    des

    envo

    lvid

    as, c

    om o

    s ef

    eito

    sd

    e su

    as a

    mea

    çad

    oras

    mor

    atór

    ias.

    Tra

    ta-s

    e, p

    ois,

    de

    um

    mu

    nd

    o gl

    obal

    izad

    o, m

    as ta

    mbé

    mpr

    ofu

    nda

    men

    te e

    stra

    tifi

    cado

    , qu

    e, a

    pós

    a G

    uer

    ra F

    ria

    e o

    fim

    da

    Un

    ião

    Sov

    iéti

    ca, s

    e d

    ivid

    e en

    tre

    área

    s p

    olít

    ica

    e ec

    onom

    icam

    ente

    sig

    nif

    i-ca

    tiva

    s e

    “áre

    as in

    úte

    is”,

    cu

    jos

    con

    flit

    os s

    equ

    er m

    erec

    em te

    mp

    o d

    i-an

    te d

    as c

    âmer

    as i

    nte

    rnac

    ion

    ais.

    Não

    ch

    egam

    seq

    uer

    a s

    er r

    epre

    -se

    nta

    das

    com

    o p

    eças

    de

    um

    dom

    inó.

    O q

    ue

    imp

    orta

    rec

    onh

    ecer

    , sem

    oti

    mis

    mo

    ou e

    ntu

    sias

    -m

    o p

    edag

    ógic

    o, é

    qu

    e gr

    and

    e p

    arte

    des

    sa d

    ivis

    ão t

    em c

    omo

    base

    op

    roce

    sso

    edu

    caci

    onal

    . R

    oma

    base

    ava

    seu

    pod

    er n

    a ca

    pac

    idad

    e

  • 11

    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 9-22, jul. 2002.

    cen

    tral

    izad

    ora,

    na

    cria

    ção

    e ap

    lica

    ção

    do D

    irei

    to, n

    a fo

    rça

    mil

    itar

    ou

    ,ai

    nda

    , no

    ouro

    . Na

    prim

    eira

    Rev

    olu

    ção

    Indu

    stri

    al, a

    est

    rati

    fica

    ção

    era

    clar

    a: o

    paí

    s qu

    e ti

    vess

    e gr

    ande

    pro

    duçã

    o in

    dust

    rial

    era

    ric

    o, o

    qu

    en

    ão t

    ives

    se e

    ra p

    obre

    . H

    oje,

    as

    lin

    has

    de

    stat

    us

    são

    mai

    s su

    tis

    eev

    anes

    cen

    tes.

    For

    mam

    -se

    rede

    s de

    org

    aniz

    açõe

    s em

    pres

    aria

    is d

    e al

    tova

    lor,

    que

    leva

    m a

    pal

    ma

    sobr

    e a

    prod

    uçã

    o de

    gra

    nde

    vol

    um

    e.Pa

    ssam

    os, p

    ois,

    a d

    epen

    der

    mai

    s in

    tim

    amen

    te d

    a ed

    u-

    caçã

    o, d

    a ci

    ênci

    a e

    da

    tecn

    olog

    ia, r

    ecu

    rsos

    fugi

    dio

    s e

    con

    cen

    trad

    osem

    cer

    tas

    regi

    ões.

    No

    red

    imen

    sion

    amen

    to d

    a d

    ivis

    ão in

    tern

    acio

    nal

    do

    trab

    alh

    o, o

    s p

    aíse

    s qu

    e tê

    m e

    du

    caçã

    o e

    pes

    quis

    a en

    tram

    par

    a o

    clu

    be d

    o êx

    ito

    econ

    ômic

    o, p

    ois

    o p

    rese

    nte

    e o

    fu

    turo

    res

    idem

    nas

    ind

    úst

    rias

    ap

    oiad

    as n

    a in

    ven

    ção.

    Os

    que

    não

    têm

    seq

    uer

    ed

    uca

    ção

    não

    ser

    vem

    nem

    par

    a se

    dia

    r m

    onta

    dor

    as p

    olu

    ente

    s. C

    om i

    sso

    seto

    rnar

    ia m

    ais

    rígi

    da

    a es

    trat

    ific

    ação

    do

    sist

    ema

    inte

    rnac

    ion

    al?

    Os

    paí

    ses

    que

    dem

    orar

    am a

    aco

    rdar

    par

    a a

    edu

    caçã

    o u

    niv

    ersa

    l de

    qua-

    lid

    ade,

    com

    dem

    ocra

    tiza

    ção,

    est

    ão e

    m p

    ior

    situ

    ação

    , seg

    uid

    os p

    elos

    que

    pou

    co tê

    m in

    vest

    ido

    na

    pes

    quis

    a (c

    f. G

    omes

    , 199

    6). H

    á, p

    orém

    ,es

    per

    ança

    s a

    ser

    per

    segu

    idas

    e in

    cen

    tiva

    das

    .

    Glo

    bali

    zaçã

    o: m

    ão ú

    nic

    a ou

    du

    pla

    ?

    Seg

    un

    do

    a su

    a vi

    são

    dem

    oniz

    ada,

    a g

    loba

    liza

    ção

    seri

    au

    ma

    rua

    de

    mão

    ún

    ica,

    en

    tre

    algu

    ns

    suje

    itos

    e m

    uit

    os o

    bjet

    os. D

    osce

    ntr

    os d

    e p

    oder

    eco

    nôm

    ico

    e p

    olít

    ico

    eman

    aria

    m a

    s or

    den

    s qu

    esu

    bm

    etem

    um

    mu

    nd

    o p

    assi

    vo e

    ob

    jeti

    fica

    do.

    Ser

    ia u

    m p

    oder

    mon

    olít

    ico,

    sem

    fre

    stas

    nem

    abe

    rtu

    ras.

    Tod

    avia

    , d

    o m

    esm

    o m

    odo

    que

    a te

    oria

    da

    dep

    end

    ênci

    a d

    esaf

    iou

    com

    êxi

    to a

    teor

    ia c

    láss

    ica

    do

    imp

    eria

    lism

    o n

    os a

    nos

    70,

    alg

    un

    s si

    nai

    s d

    e co

    ntr

    adiç

    ão j

    á d

    evem

    ser

    det

    ecta

    dos

    . Um

    del

    es é

    a g

    eogr

    afia

    da

    lite

    ratu

    ra, r

    edes

    enh

    and

    oos

    lim

    ites

    da

    lite

    ratu

    ra m

    un

    dia

    l à lu

    z d

    a gl

    obal

    izaç

    ão e

    de

    fen

    ôme-

    nos

    com

    o a

    creo

    liza

    ção

    ou a

    “co

    nta

    min

    ação

    cu

    ltu

    ral”

    . Se

    os g

    ran

    des

    cen

    tros

    pro

    du

    zem

    e d

    ifu

    nd

    em s

    ua

    lite

    ratu

    ra, n

    o ca

    min

    ho

    de

    volt

    aos

    paí

    ses

    per

    ifér

    icos

    e a

    lite

    ratu

    ra d

    os p

    ovos

    mig

    ran

    tes

    form

    am z

    o-n

    as d

    e m

    útu

    a in

    flu

    ênci

    a, q

    ue

    dil

    atam

    o m

    un

    do.

    O d

    esaf

    io à

    cu

    ltu

    ra

    ocid

    enta

    l, a

    uto

    pro

    clam

    ada

    un

    iver

    sal,

    vem

    a s

    er a

    ass

    imil

    ação

    e a

    pas

    sage

    m d

    o m

    ult

    icu

    ltu

    rali

    smo

    (“u

    ma

    esp

    écie

    de

    infe

    rno,

    nas

    cid

    op

    or t

    rás

    da

    más

    cara

    mu

    ltic

    olor

    ida

    de

    um

    arl

    equ

    im c

    ego”

    ) p

    ara

    atr

    ansc

    ult

    ura

    (G

    nis

    ci,

    2001

    ). P

    ode-

    se o

    bjet

    ar q

    ue

    esse

    s fe

    nôm

    enos

    ocor

    rem

    no

    cam

    po

    da

    cult

    ura

    , com

    o se

    a v

    ida

    do

    hom

    em e

    xist

    isse

    sem

    ela

    . Mas

    , do

    pon

    to d

    e vi

    sta

    econ

    ômic

    o, h

    á es

    per

    ança

    s a

    sere

    mp

    erse

    guid

    as e

    in

    cen

    tiva

    das

    , co

    mo

    a tr

    ansn

    acio

    nal

    idad

    e ca

    da

    vez

    mai

    or d

    os p

    rod

    uto

    s e

    das

    tec

    nol

    ogia

    s. P

    roje

    tos

    coop

    erat

    ivos

    en

    vol-

    vem

    vár

    ios

    país

    es, i

    nte

    rcam

    bian

    do e

    spec

    iali

    zaçõ

    es p

    ara

    reso

    lver

    seu

    sp

    robl

    emas

    (cf

    . R

    eich

    , 19

    91).

    Des

    se m

    odo,

    com

    a r

    elat

    ivid

    ade

    das

    fron

    teir

    as, a

    eco

    nom

    ia m

    un

    dia

    liza

    da

    inve

    ste

    em p

    roje

    tos,

    reu

    nin

    do

    pro

    fiss

    ion

    ais

    do

    seu

    inte

    ress

    e on

    de

    quer

    qu

    e es

    teja

    m. M

    as, p

    ara

    isso

    pre

    ciso

    qu

    e h

    aja

    pes

    soas

    ed

    uca

    das

    em

    ger

    al e

    pro

    fiss

    ion

    ais

    com

    -p

    eten

    tes,

    o q

    ue

    leva

    cer

    tos

    paí

    ses

    a se

    rem

    exc

    luíd

    os d

    os c

    ircu

    itos

    .A

    dem

    ais,

    a g

    loba

    liza

    ção

    age

    com

    o u

    m f

    eixe

    de

    forç

    as c

    entr

    ípet

    as,

    mas

    agr

    ava

    as d

    isp

    arid

    ades

    soc

    iais

    e r

    egio

    nai

    s, i

    sto

    é, a

    o m

    esm

    ote

    mp

    o in

    cen

    tiva

    as

    forç

    as c

    entr

    ífu

    gas.

    Daí

    em

    erge

    um

    pro

    blem

    a: a

    pos

    sibi

    lid

    ade

    de

    auto

    fagi

    a d

    a gl

    obal

    izaç

    ão, p

    ois

    é p

    ouco

    viá

    vel u

    mba

    nqu

    ete

    em q

    ue

    algu

    ns

    com

    em e

    a m

    aior

    ia a

    ele

    ass

    iste

    .

    A f

    rust

    raçã

    o d

    a p

    az

    Qu

    ando

    Mit

    ter t

    erm

    inou

    o s

    eu te

    xto,

    não

    hav

    iam

    oco

    rri-

    do a

    inda

    os

    choc

    ante

    s at

    enta

    dos

    em N

    ova

    Iorq

    ue

    e W

    ash

    ingt

    on, D

    C.,

    bem

    com

    o su

    as s

    eqü

    elas

    . Ten

    do v

    ivid

    o du

    as G

    uer

    ras

    Mu

    ndi

    ais,

    não

    dese

    jari

    a a

    Mit

    ter

    ou a

    qu

    alqu

    er p

    esso

    a, d

    e qu

    alqu

    er g

    eraç

    ão,

    que

    assi

    stis

    se a

    ou

    tro

    espe

    tácu

    lo d

    e h

    orro

    r. To

    davi

    a, e

    sses

    fat

    os c

    orro

    bo-

    ram

    o c

    arát

    er d

    e m

    ão d

    upl

    a da

    glo

    bali

    zaçã

    o. H

    á m

    eia

    déca

    da, T

    hu

    row

    (199

    6),

    disc

    uti

    ndo

    o f

    utu

    ro d

    o ca

    pita

    lism

    o, r

    efer

    ia-s

    e ao

    s “v

    ulc

    ões

    soci

    ais”

    : o fu

    nda

    men

    tali

    smo

    reli

    gios

    o e

    o se

    para

    tism

    o ét

    nic

    o, a

    os q

    uai

    sse

    pod

    em a

    cres

    cen

    tar

    os f

    un

    dam

    enta

    lism

    os l

    eigo

    s. N

    enh

    um

    del

    es é

    nov

    idad

    e, n

    em é

    pri

    vilé

    gio

    de q

    ual

    quer

    gru

    po o

    u r

    elig

    ião,

    de

    país

    esde

    senv

    olvi

    dos

    ou e

    m d

    esen

    volv

    imen

    to. H

    indu

    s, m

    uçul

    man

    os, j

    udeu

    s,cr

    istã

    os,

    budi

    stas

    e o

    utr

    os p

    arti

    lham

    de

    valo

    res

    sagr

    ados

    , co

    mo

    o

  • 12

    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 9-22, jul. 2002.

    resp

    eito

    ao

    outr

    o, o

    am

    or e

    a p

    az. N

    o en

    tan

    to, c

    erto

    s gr

    up

    os i

    nte

    r-p

    reta

    m a

    mes

    ma

    pal

    avra

    sag

    rad

    a d

    e m

    anei

    ras

    rad

    ical

    men

    te d

    ife-

    ren

    tes.

    Des

    se m

    odo,

    ofe

    rece

    m a

    aco

    lhid

    a d

    e ce

    rtez

    as i

    nab

    aláv

    eis,

    com

    o d

    eter

    min

    adas

    reg

    ras

    de

    con

    du

    ta q

    ue

    dev

    em s

    er s

    egu

    idas

    por

    tod

    os,

    sob

    pen

    a d

    e p

    un

    içõe

    s. O

    sen

    tid

    o d

    a vi

    da

    par

    a el

    es n

    ão s

    ófo

    i d

    efin

    itiv

    amen

    te e

    nco

    ntr

    ado,

    com

    o é

    o ú

    nic

    o p

    ossí

    vel.

    A v

    ida

    ind

    ivid

    ual

    nad

    a va

    le d

    ian

    te d

    e u

    ma

    cau

    sa,

    se o

    par

    aíso

    se

    abre

    logo

    em

    seg

    uid

    a ao

    fra

    gor

    de

    um

    a ex

    plo

    são,

    cap

    az d

    e ca

    lcin

    ar o

    u-

    tras

    vid

    as, e

    sper

    ança

    s, a

    mor

    es, a

    nsi

    edad

    es, p

    roje

    tos

    e re

    aliz

    açõe

    s.N

    ão h

    á an

    gúst

    ia, n

    em d

    úvi

    da,

    mas

    exi

    ste

    mor

    te.

    Na

    Gu

    erra

    Fri

    a, c

    ada

    lad

    o p

    odia

    con

    sid

    erar

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    i m

    es-

    mo

    com

    o o

    imp

    ério

    do

    bem

    e a

    o ou

    tro

    com

    o o

    “im

    pér

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    o m

    al”,

    oqu

    e já

    leva

    alg

    un

    s a

    del

    a te

    r sa

    ud

    ade.

    Des

    abad

    o o

    Mu

    ro d

    e B

    erli

    m,

    já n

    ão s

    e p

    ode

    diz

    er q

    ue

    se d

    esta

    mp

    ou a

    cai

    xa d

    e Pa

    nd

    ora

    da

    mit

    o-lo

    gia

    clás

    sica

    . T

    hu

    row

    (19

    96)

    apre

    sen

    ta m

    etáf

    ora

    mu

    ito

    mel

    hor

    :en

    tre

    as p

    laca

    s te

    ctôn

    icas

    qu

    e se

    mov

    em n

    a n

    ova

    sup

    erfí

    cie

    do

    mu

    nd

    o, o

    s vu

    lcõe

    s en

    tram

    em

    eru

    pçã

    o. A

    paz

    e a

    gu

    erra

    se

    red

    efin

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    cap

    ital

    ism

    o, v

    ence

    dor

    da

    Gu

    erra

    Fri

    a, s

    ó p

    oder

    á p

    ros-

    segu

    ir s

    e re

    spon

    der

    aos

    des

    afio

    s es

    tru

    tura

    is.

    No

    sen

    tido

    da

    paci

    fica

    ção

    inte

    rnac

    ion

    al, p

    elo

    men

    os, a

    glob

    aliz

    ação

    rom

    ana,

    em

    tor

    no

    do M

    edit

    errâ

    neo

    , pr

    opor

    cion

    ou a

    l-gu

    m te

    mpo

    sem

    gu

    erra

    s, a

    ch

    amad

    a pa

    x ro

    man

    a. Q

    uan

    do S

    ão P

    aulo

    perc

    orre

    u o

    Im

    péri

    o R

    oman

    o, h

    avia

    um

    a te

    ia d

    e es

    trad

    as r

    elat

    iva-

    men

    te s

    egu

    ras,

    lín

    guas

    com

    un

    s e

    o im

    péri

    o (s

    em jo

    go d

    e pa

    lavr

    as) d

    oD

    irei

    to. E

    ra o

    Dir

    eito

    da

    époc

    a, li

    mit

    ado,

    mas

    Dir

    eito

    . Era

    m p

    obre

    s as

    libe

    rdad

    es d

    e ex

    pres

    são

    e re

    ligi

    osa,

    por

    ém, i

    nvo

    can

    do s

    ua

    con

    diçã

    ode

    cid

    adão

    rom

    ano,

    o A

    póst

    olo

    teve

    dir

    eito

    de

    defe

    sa e

    ape

    laçã

    o,em

    bora

    ten

    ha

    sido

    con

    den

    ado

    à m

    orte

    pel

    a es

    pada

    , se

    gun

    do o

    jus

    civi

    lise

    não

    o ju

    s ge

    ntiu

    m. A

    liás

    , em

    mei

    o à

    mu

    ltid

    ão d

    e re

    ligi

    ões

    ecu

    ltos

    do

    Impé

    rio,

    qu

    ase

    se p

    odia

    cre

    r em

    qu

    alqu

    er e

    nte

    e q

    ual

    quer

    cois

    a, d

    esde

    qu

    e se

    con

    side

    rass

    e ca

    da i

    mpe

    rado

    r co

    mo

    divi

    nda

    de,

    ain

    da q

    ue

    vári

    os d

    eles

    foss

    em fi

    gura

    s h

    edio

    nda

    s. A

    s po

    uca

    s gu

    erra

    ser

    am c

    onsi

    dera

    das

    legí

    tim

    as e

    se

    lim

    itav

    am a

    em

    purr

    ar o

    s “b

    árba

    ros”

    para

    for

    a da

    s fr

    onte

    iras

    , ap

    esar

    das

    sáb

    ias

    adve

    rtên

    cias

    de

    Tác

    ito,

    his

    tori

    ador

    mu

    ito

    na

    fren

    te d

    o se

    u te

    mpo

    , a r

    espe

    ito

    do u

    so d

    a fo

    rça.

    A r

    azão

    das

    su

    as p

    alav

    ras

    se p

    aten

    teou

    com

    a c

    rise

    cad

    a ve

    z m

    ais

    desa

    greg

    ador

    a do

    s va

    lore

    s, i

    ncl

    usi

    ve q

    uan

    do a

    s fi

    leir

    as d

    as l

    egiõ

    espa

    ssar

    am a

    ser

    pre

    ench

    idas

    por

    “bá

    rbar

    os”,

    en

    carr

    egad

    os d

    e lu

    tar

    tam

    bém

    con

    tra

    “bár

    baro

    s”. A

    máq

    uin

    a de

    gu

    erra

    exi

    stia

    , mas

    hav

    iape

    rdid

    o a

    legi

    tim

    idad

    e do

    s va

    lore

    s. E

    , com

    o se

    sab

    e, s

    e de

    sfez

    .

    Para

    on

    de

    vai

    o E

    stad

    o?

    Qu

    ando

    o M

    uro

    de

    Ber

    lim

    vei

    o ab

    aixo

    , al

    gun

    s ch

    ega-

    ram

    a fe

    stej

    ar a

    inau

    gura

    ção

    da p

    ax a

    mer

    ican

    a, e

    m a

    nal

    ogia

    ao

    tem

    -po

    de

    Cés

    ar A

    ugu

    sto

    e se

    us

    suce

    ssor

    es. T

    rist

    e eq

    uív

    oco.

    A in

    dúst

    ria

    da g

    uer

    ra p

    asso

    u d

    o po

    der

    cres

    cen

    te d

    e di

    ssu

    asão

    en

    tre

    dois

    blo

    cos

    para

    a p

    ulv

    eriz

    ação

    de

    con

    flit

    os, e

    m q

    ue

    a po

    pula

    ção

    civi

    l sof

    re c

    ada

    vez

    mai

    s, c

    omo

    escu

    do e

    alv

    o fá

    cil d

    as a

    troc

    idad

    es, i

    nde

    pen

    den

    te d

    oqu

    e pe

    nse

    m, s

    inta

    m o

    u c

    reia

    m. A

    lém

    e a

    té a

    cim

    a do

    s se

    para

    tism

    osde

    div

    ersa

    s or

    den

    s, c

    erto

    s m

    ovim

    ento

    s, c

    omo

    part

    e do

    s te

    rror

    ism

    os,

    se tr

    ansn

    acio

    nal

    izar

    am. D

    esse

    mod

    o, a

    s lu

    tas

    não

    se

    suce

    dem

    ape

    nas

    entr

    e E

    stad

    os n

    acio

    nai

    s ou

    blo

    cos

    por

    eles

    form

    ados

    . Ao

    con

    trár

    io, o

    Est

    ado

    nac

    ion

    al e

    stá

    em c

    rise

    an

    te o

    rgan

    izaç

    ões

    ágei

    s –

    algu

    mas

    ter-

    rori

    stas

    , ou

    tras

    não

    – q

    ue

    o de

    safi

    am d

    e fo

    ra o

    u d

    e de

    ntr

    o. T

    ais

    orga

    -n

    izaç

    ões,

    com

    freq

    üên

    cia,

    não

    se

    com

    prom

    etem

    com

    qu

    alqu

    er tr

    ata-

    do o

    u c

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    nçã

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    gu

    erra

    , nos

    term

    os d

    o fr

    ágil

    dir

    eito

    blic

    o in

    ter-

    nac

    ion

    al.

    Pode

    m s

    egu

    i-lo

    s ou

    não

    . E

    não

    rar

    o po

    dem

    val

    er-s

    e da

    sn

    orm

    as d

    e co

    nvi

    vên

    cia

    inte

    rnac

    ion

    al c

    omo

    arm

    a pa

    ra d

    erro

    tar

    o se

    u“i

    nim

    igo”

    . A g

    uer

    ra s

    e tr

    ansn

    acio

    nal

    iza,

    à s

    emel

    han

    ça d

    o qu

    e já

    oco

    r-re

    u c

    om a

    s gr

    ande

    s co

    rpor

    açõe

    s ec

    onôm

    icas

    . Pel

    o m

    enos

    par

    te d

    osco

    nfl

    itos

    par

    ece-

    se c

    om a

    lu

    ta d

    o si

    stem

    a im

    un

    ológ

    ico

    de u

    m o

    rga-

    nis

    mo

    con

    tra

    a m

    etás

    tase

    do

    cân

    cer,

    por

    ele

    se a

    last

    ran

    do. C

    omo

    oste

    mpo

    s sã

    o m

    ais

    de p

    ergu

    nta

    s qu

    e de

    res

    post

    as,

    qual

    ser

    ia a

    gora

    opa

    pel d

    o E

    stad

    o em

    fac

    e da

    tra

    nsn

    acio

    nal

    izaç

    ão?

    O E

    stad

    o m

    ínim

    o,do

    neo

    libe

    rali

    smo,

    tom

    ado

    com

    o m

    odel

    o n

    o di

    a se

    guin

    te à

    Gu

    erra

    Fria

    , tem

    con

    diçõ

    es d

    e so

    brev

    iver

    ou

    des

    apar

    ecer

    ia?

    Para

    dox

    alm

    ente

    , a

    inte

    rven

    ção

    inte

    nsa

    do

    Est

    ado

    na

    econ

    omia

    ap

    ós 1

    1 d

    e se

    tem

    bro,

    sej

    a p

    elo

    soco

    rro

    às e

    mp

    resa

    s, s

    eja

  • 13

    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 9-22, jul. 2002.

    pel

    as t

    enta

    tiva

    s d

    e re

    anim

    ação

    da

    econ

    omia

    nor

    te-a

    mer

    ican

    a, s

    eja

    pel

    o au

    men

    to d

    e ga

    stos

    gov

    ern

    amen

    tais

    na

    segu

    ran

    ça, s

    eja,

    ain

    da,

    pel

    o re

    cuo

    talv

    ez te

    mp

    orár

    io d

    os fl

    uxo

    s fi

    nan

    ceir

    os in

    tern

    acio

    nai

    s,n

    os r

    emet

    e a

    outr

    a ép

    oca.

    Dep

    ois

    que

    o ke

    ynes

    ian

    ism

    o d

    e R

    oose

    velt

    exo

    rciz

    ouos

    mal

    es d

    a G

    ran

    de

    Dep

    ress

    ão d

    e 19

    29 e

    ban

    iu a

    ort

    odox

    ia l

    iber

    alqu

    e le

    vou

    os

    Est

    ados

    Un

    idos

    e m

    uit

    os o

    utr

    os p

    aíse

    s ao

    fu

    nd

    o d

    op

    oço;

    dep

    ois

    que

    os A

    liad

    os v

    ence

    ram

    o t

    otal

    itar

    ism

    o d

    o E

    ixo

    na

    Seg

    un

    da

    Gu

    erra

    Mu

    nd

    ial,

    Man

    nh

    eim

    (195

    1), s

    oció

    logo

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    mão

    , ex-

    exil

    ado

    na

    Ingl

    ater

    ra,

    aler

    tava

    par

    a a

    deb

    ilid

    ade

    do

    Est

    ado

    dem

    o-cr

    átic

    o ba

    sead

    o n

    o la

    isse

    z-fa

    ire

    e p

    ara

    a n

    eces

    sid

    ade

    de

    fort

    alec

    i-m

    ento

    do

    mes

    mo

    por

    mei

    o d

    a p

    lan

    ific

    ação

    . Não

    def

    end

    emos

    aqu

    i aci

    rcu

    lari

    dad

    e d

    a h

    istó

    ria,

    o c

    orsi

    -ric

    orsi

    de

    Vic

    o, m

    as p

    odem

    os p

    er-

    gun

    tar,

    com

    o u

    m a

    rtic

    uli

    sta

    lati

    no-

    amer

    ican

    o: “

    ¿El E

    stad

    o vu

    elve

    aes

    tar

    de

    mod

    a?”

    (Cam

    pan

    ario

    , 200

    1).

    Con

    sid

    eran

    do

    que

    a p

    imen

    ta s

    ó ar

    de

    nos

    pró

    pri

    osol

    hos

    e fu

    nci

    ona

    com

    o re

    fres

    co p

    ara

    os o

    utr

    os, a

    ind

    a n

    o fr

    agor

    dos

    acon

    teci

    men

    tos,

    Est

    efan

    ía (

    2001

    ) d

    esta

    cou

    qu

    e o

    pro

    blem

    a ag

    ora

    está

    no

    cen

    tro

    do

    sist

    ema

    e n

    ão n

    a su

    a p

    erif

    eria

    , ou

    sej

    a, n

    ão s

    een

    con

    tra

    no

    Méx

    ico

    de

    1995

    , n

    a Á

    sia

    de

    1997

    , n

    a R

    úss

    ia e

    no

    Bra

    sil d

    e 19

    98 o

    u n

    a A

    rgen

    tin

    a d

    e 20

    01. A

    rec

    eita

    do

    livr

    e fu

    nci

    o-n

    amen

    to d

    as f

    orça

    s d

    e m

    erca

    do

    seri

    a, p

    elo

    men

    os e

    m p

    arte

    , dif

    e-re

    nte

    par

    a es

    ses

    paí

    ses

    se f

    osse

    m o

    s te

    mp

    os d

    a G

    uer

    ra F

    ria.

    E é

    dif

    eren

    te p

    ara

    os E

    stad

    os U

    nid

    os h

    oje.

    Pod

    ería

    mos

    tam

    bém

    nos

    refe

    rir

    à co

    gita

    ção

    de

    queb

    ra d

    e p

    aten

    tes

    de

    anti

    biót

    icos

    con

    tra

    obi

    oter

    rori

    smo

    pel

    o C

    anad

    á. Q

    uem

    ou

    sari

    a h

    á p

    ouco

    s an

    os p

    ensa

    ris

    so e

    m r

    elaç

    ão à

    Áfr

    ica

    do

    Su

    l e a

    o B

    rasi

    l, a

    ssol

    ados

    pel

    a p

    and

    emia

    da

    Aid

    s/H

    IV? E

    ssas

    mu

    dan

    ças,

    qu

    e ce

    rtam

    ente

    se

    enco

    ntr

    am n

    o bo

    joda

    pas

    sage

    m p

    ara

    outr

    o pa

    radi

    gma,

    seg

    un

    do o

    pin

    iões

    , lev

    am à

    era

    do

    Esta

    do a

    sseg

    ura

    dor,

    isto

    é, c

    idad

    ãos

    e em

    pres

    as e

    sper

    aria

    m a

    pro

    teçã

    odo

    Est

    ado

    con

    tra

    os ri

    scos

    , seg

    un

    do u

    ma

    pers

    pect

    iva

    em q

    ue

    os im

    pos-

    tos

    são

    com

    o co

    tiza

    ções

    e o

    gov

    ern

    o co

    mo

    um

    a ge

    rên

    cia

    efic

    az, m

    enos

    deci

    siva

    qu

    e as

    ideo

    logi

    as e

    as

    paix

    ões

    polí

    tica

    s (S

    orm

    an, 2

    001)

    . Par

    aon

    de v

    amos

    , po

    rtan

    to?

    Não

    ser

    ia s

    ign

    ific

    ativ

    o, n

    esta

    hor

    a, o

    prê

    mio

    Nob

    el a

    trib

    uíd

    o a

    Mic

    hae

    l Spe

    nce

    , qu

    e de

    sen

    volv

    eu, c

    om o

    s do

    is o

    u-

    tros

    lau

    read

    os, a

    teor

    ia d

    a in

    form

    ação

    ass

    imét

    rica

    e o

    s se

    us

    efei

    tos

    so-

    bre

    os m

    erca

    dos,

    reco

    nhec

    idam

    ente

    impe

    rfei

    tos?

    (cf.

    “Cua

    ndo.

    ..”, 2

    001)

    .Po

    r ou

    tro

    lado

    , tod

    as e

    ssas

    tra

    nsf

    orm

    açõe

    s pr

    ecis

    am s

    erex

    amin

    adas

    em

    qu

    adro

    s de

    val

    ores

    soc

    iais

    . A le

    giti

    mid

    ade

    das

    guer

    ras

    se a

    lter

    a, i

    ncl

    usi

    ve d

    ian

    te d

    as c

    âmer

    as,

    tam

    bém

    glo

    bali

    zada

    s. C

    omo

    assi

    stir

    à m

    orte

    e à

    mu

    tila

    ção

    da p

    opu

    laçã

    o ci

    vil,

    de c

    rian

    ças

    pobr

    es e

    fam

    inta

    s, e

    m n

    ome

    de u

    ma

    cau

    sa?

    Des

    de a

    An

    tigü

    idad

    e es

    sas

    pess

    oas

    têm

    sid

    o ví

    tim

    as d

    as m

    ais

    vari

    adas

    bar

    bari

    dade

    s, c

    onst

    atad

    as g

    eral

    -m

    ente

    pel

    os o

    lhos

    , pe

    la t

    radi

    ção

    oral

    e p

    ela

    pen

    a do

    s h

    isto

    riad

    ores

    .H

    oje,

    por

    ém, o

    im

    pact

    o é

    outr

    o, e

    m t

    empo

    rea

    l, co

    m i

    mag

    ens

    den

    tro

    das

    casa

    s, p

    ara

    toda

    s as

    fai

    xas

    etár

    ias.

    Par

    a pe

    lo m

    enos

    um

    a gr

    ande

    part

    e do

    s fu

    nda

    men

    tali

    stas

    , a s

    upo

    sta

    nob

    reza

    dos

    fin

    s –

    leig

    os o

    u re

    li-

    gios

    os –

    just

    ific

    a o

    hor

    ror

    de q

    ual

    quer

    mei

    o. P

    ara

    as d

    emai

    s pe

    ssoa

    s,n

    ão. C

    omo,

    en

    tão,

    lida

    r ou

    en

    fren

    tar a

    rede

    em

    qu

    e es

    tão

    emar

    anh

    ados

    popu

    laçõ

    es c

    ivis

    , in

    stit

    uiç

    ões,

    val

    ores

    , vid

    as?

    Esta

    s sã

    o n

    ovas

    for

    mas

    de g

    uer

    ra,

    em q

    ue

    não

    se

    con

    fron

    tam

    Est

    ados

    nac

    ion

    ais,

    com

    o n

    am

    oder

    nid

    ade.

    Tra

    ta-s

    e d

    e ou

    tros

    in

    imig

    os,

    tran

    snac

    ion

    ais

    ouin

    fran

    acio

    nai

    s, q

    ue

    leva

    m a

    os c

    once

    itos

    de

    guer

    ras

    assi

    mét

    rica

    s e

    dess

    imét

    rica

    s. C

    om is

    so, h

    omen

    s ar

    mad

    os, m

    istu

    rado

    s ao

    s qu

    e jo

    gam

    pedr

    as, p

    odem

    pro

    voca

    r re

    açõe

    s de

    spro

    porc

    ion

    ais

    de E

    stad

    os n

    acio

    -n

    ais,

    col

    ocan

    do e

    m x

    equ

    e, d

    ian

    te d

    a op

    iniã

    o pú

    blic

    a m

    un

    dial

    , a le

    giti

    -m

    idad

    e do

    s co

    nfl

    itos

    (cf

    . Bis

    har

    a, 2

    001)

    . Ass

    im, a

    s gi

    gan

    tesc

    as f

    orça

    sm

    ilit

    ares

    dos

    Est

    ados

    nac

    ion

    ais

    pode

    riam

    ser

    vu

    lner

    ávei

    s an

    te a

    ste

    cnol

    ogia

    s el

    emen

    tare

    s do

    s gu

    erri

    lhei

    ros.

    Est

    aría

    mos

    nu

    m c

    onfl

    ito

    de c

    ivil

    izaç

    ões,

    nu

    m c

    hoq

    ue

    reit

    erad

    o en

    tre

    Oci

    den

    te e

    Ori

    ente

    , qu

    e se

    man

    ifes

    tari

    a em

    div

    erso

    spe

    ríod

    os d

    a h

    istó

    ria,

    com

    o a

    Gu

    erra

    Fri

    a? (

    cf. “

    Bin

    Lad

    en...

    ”, 2

    001)

    .N

    ela

    dois

    blo

    cos

    – ca

    pita

    list

    a e

    soci

    alis

    ta –

    bu

    scav

    am c

    heg

    ar a

    dif

    e-re

    nte

    s co

    nce

    itos

    de

    dese

    nvo

    lvim

    ento

    . O c

    onfl

    ito

    de h

    oje

    seri

    a de

    iné-

    dita

    pro

    fun

    dida

    de?

    Um

    dos

    terr

    oris

    mos

    , ao

    que

    tudo

    indi

    ca, e

    stá

    liga

    -do

    a u

    ma

    crít

    ica

    radi

    cal

    da m

    oder

    nid

    ade

    que

    con

    den

    a a

    míd

    ia,

    osco

    stu

    mes

    , os

    padr

    ões

    de c

    ompo

    rtam

    ento

    e a

    mai

    or p

    arte

    da

    her

    ança

    cult

    ura

    l do

    Oci

    den

    te, i

    ncl

    usi

    ve o

    con

    ceit

    o de

    des

    envo

    lvim

    ento

    . En

    -tr

    etan

    to, e

    le u

    sa o

    s fr

    uto

    s m

    ais

    sofi

    stic

    ados

    des

    sa m

    esm

    a m

    oder

    nid

    ade

  • 14

    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 9-22, jul. 2002.

    con

    tra

    as s

    ocie

    dad

    es c

    apit

    alis

    tas.

    Iss

    o p

    oder

    á n

    os l

    evar

    a u

    m r

    e-to

    rno

    à Id

    ade

    Méd

    ia?

    Ou

    a t

    ran

    sfor

    maç

    ões

    da

    mod

    ern

    idad

    e ou

    pós

    -mod

    ern

    idad

    e, d

    e m

    odo

    que

    se t

    orn

    e m

    ais

    hu

    man

    a, m

    enos

    dep

    red

    ador

    a e

    men

    os c

    once

    ntr

    ador

    a d

    os s

    eus

    fru

    tos

    nas

    mão

    s d

    ep

    ouco

    s?

    A e

    du

    caçã

    o, m

    otor

    do

    ódio

    ?

    O m

    ínim

    o qu

    e se

    pod

    e co

    ncl

    uir

    é q

    ue

    a pa

    z te

    m s

    ido

    bem

    esc

    assa

    , rar

    a. A

    lgu

    ns

    pode

    m a

    té e

    xpli

    car

    gen

    etic

    amen

    te a

    s te

    n-

    dên

    cias

    bel

    icos

    as e

    gen

    ocid

    as d

    o h

    omem

    , sem

    elh

    ante

    s às

    en

    con

    tra-

    das,

    par

    ece,

    en

    tre

    cert

    os p

    rim

    atas

    . Os

    ambi

    enta

    list

    as, h

    oje,

    est

    ão e

    mba

    ixa.

    No

    enta

    nto

    , o ó

    dio

    dos

    sepa

    rati

    smos

    e d

    os fu

    nda

    men

    tali

    smos

    ,in

    egav

    elm

    ente

    , pas

    sa p

    ela

    edu

    caçã

    o in

    form

    al o

    u a

    té fo

    rmal

    , qu

    e co

    n-

    ven

    ce g

    eraç

    ões

    e ge

    raçõ

    es d

    e ce

    rtos

    val

    ores

    . Vio

    lên

    cias

    plu

    riss

    ecu

    lare

    spo

    dem

    ser

    reco

    rdad

    as p

    or fa

    míl

    ias

    e co

    mu

    nid

    ades

    , ger

    açõe

    s a

    fio,

    até

    desa

    guar

    em e

    m c

    onfl

    itos

    arm

    ados

    em

    ple

    no

    sécu

    lo 2

    1. C

    urr

    ícu

    los

    esco

    lare

    s po

    dem

    en

    sin

    ar a

    não

    sab

    er c

    onvi

    ver,

    con

    tan

    do a

    His

    tóri

    a, a

    Geo

    graf

    ia e

    ou

    tros

    com

    pon

    ente

    s de

    mod

    o vi

    esad

    o. C

    urr

    ícu

    los

    esco

    la-

    res

    pode

    m ta

    mbé

    m m

    ante

    r o

    foco

    em

    det

    erm

    inad

    os c

    onte

    údo

    s, a

    nos

    a fi

    o, n

    um

    pro

    cess

    o de

    mer

    gulh

    o, g

    eran

    do a

    lun

    os d

    ispo

    stos

    a f

    azer

    agu

    erri

    dam

    ente

    cer

    tas

    cois

    as. A

    míd

    ia, c

    om m

    aior

    ou

    men

    or e

    ficá

    cia,

    pode

    for

    mar

    opi

    niõ

    es e

    lev

    ar a

    té a

    o pâ

    nic

    o e

    à h

    iste

    ria

    cole

    tiva

    . En

    -fi

    m, a

    edu

    caçã

    o, d

    e va

    riad

    as f

    orm

    as, p

    ode

    con

    ven

    cer

    de q

    ue

    eu s

    ouh

    um

    ano,

    mas

    o o

    utr

    o n

    ão. Q

    ue

    eu s

    ou ti

    tula

    r de

    dir

    eito

    s, m

    as o

    ou

    tro

    é in

    dign

    o de

    les.

    Qu

    e eu

    sou

    o u

    mbi

    go d

    o m

    un

    do, m

    as o

    ou

    tro

    é u

    ma

    excr

    escê

    nci

    a. P

    ior

    ain

    da, p

    ode

    con

    ven

    cer

    de q

    ue

    todo

    s sã

    o h

    um

    anos

    e ti

    tula

    res

    de d

    irei

    tos,

    por

    ém n

    ão l

    evar

    nec

    essa

    riam

    ente

    à p

    ráti

    cade

    sses

    val

    ores

    . Se

    a ed

    uca

    ção

    tudo

    isso

    pod

    e fa

    zer,

    por

    que

    não

    pod

    eria

    ser

    tam

    bém

    efe

    tiva

    em

    fav

    or d

    a pa

    z? P

    or q

    ue

    não

    pod

    eria

    apo

    iar-

    sen

    os p

    ilar

    es d

    e ap

    ren

    der a

    con

    hec

    er, a

    faze

    r, vi

    ver j

    un

    tos,

    viv

    er c

    om o

    sou

    tros

    e a

    pren

    der

    a se

    r? (

    Del

    ors,

    200

    0). S

    e n

    ão a

    pren

    derm

    os a

    viv

    erco

    m o

    s ou

    tros

    , em

    face

    do

    quad

    ro a

    tual

    , ser

    á po

    ssív

    el a

    sob

    revi

    vên

    cia

    da h

    um

    anid

    ade?

    As

    opçõ

    es s

    e re

    duze

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    a só

    : con

    vive

    r ou

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    vive

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    ão c

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    ver

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    ar a

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    te. P

    or is

    so m

    esm

    o, o

    s co

    nfe

    -re

    nci

    stas

    , an

    tes

    dos

    acon

    teci

    men

    tos

    trág

    icos

    já m

    enci

    onad

    os, i

    nda

    -ga

    ram

    sob

    re a

    s fa

    ces

    e re

    spos

    tas

    da e

    duca

    ção.

    A e

    du

    caçã

    o: f

    aces

    e r

    esp

    osta

    s

    Mit

    ter

    anal

    isa

    os d

    esaf

    ios

    da

    segu

    nd

    a m

    oder

    nid

    ade

    àed

    uca

    ção,

    des

    taca

    nd

    o qu

    e se

    su

    bmet

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    ao

    dec

    lín

    io o

    s si

    stem

    asso

    ciai

    s qu

    e fa

    lhar

    am n

    a ta

    refa

    de

    aju

    star

    su

    a ed

    uca

    ção

    às c

    ambi

    -an

    tes

    mu

    dan

    ças

    das

    con

    diç

    ões

    tecn

    ológ

    icas

    , ec

    onôm

    icas

    , p

    olít

    i-ca

    s e

    cult

    ura

    is. C

    om e

    feit

    o, v

    ária

    s te

    nd

    ênci

    as t

    eóri

    cas

    têm

    red

    uzi

    -d

    o a

    edu

    caçã

    o a

    um

    a ca

    ixa

    de

    ferr

    amen

    tas

    cap

    az d

    e in

    crem

    enta

    r a

    riqu

    eza

    de

    ind

    ivíd

    uos

    e n

    açõe

    s. E

    la n

    ão s

    eria

    mai

    s d

    o qu

    e u

    ma

    das

    engr

    enag

    ens

    de

    um

    a ve

    rsão

    atu

    aliz

    ada

    e m

    ais

    sofi

    stic

    ada

    do

    film

    ecl

    ássi

    co T

    empo

    s m

    oder

    nos

    , d

    e C

    hap

    lin

    . M

    ais

    ain

    da,

    a e

    du

    caçã

    oco

    nfu

    nd

    e-se

    com

    a e

    scol

    ariz

    ação

    , qu

    and

    o h

    oje

    outr

    os a

    gen

    tes

    edu

    -ca

    cion

    ais

    torn

    am-s

    e m

    ais

    imp

    orta

    nte

    s qu

    e a

    esco

    la,

    a fa

    míl

    ia e

    aig

    reja

    . Mes

    mo

    em p

    aíse

    s cu

    ja e

    scol

    a é

    de

    tem

    po

    inte

    gral

    , cri

    ança

    se

    adol

    esce

    nte

    s te

    nd

    em a

    pas

    sar

    mai

    s te

    mp

    o ex

    pos

    tos

    à m

    ídia

    , en

    -qu

    anto

    a c

    onvi

    vên

    cia

    com

    a fa

    míl

    ia r

    edu

    z-se

    dra

    stic

    amen

    te, s

    ubs

    -ti

    tuíd

    a, in

    clu

    sive

    , pel

    os g

    rup

    os d

    e co

    lega

    s. M

    itte

    r ab

    ord

    a as

    imp

    li-

    caçõ

    es e

    du

    caci

    onai

    s, d

    esta

    can

    do

    os v

    alor

    es e

    a id

    enti

    dad

    e. O

    u s

    eja,

    mos

    tra

    que

    a ed

    uca

    ção

    é a

    pró

    pri

    a ch

    ave

    da

    con

    diç

    ão h

    um

    ana,

    em

    vez

    de

    um

    sim

    ple

    s fa

    tor

    pro

    du

    tivo

    .E

    m s

    egu

    ida,

    Cow

    en a

    bord

    a a

    mes

    ma

    tem

    átic

    a d

    o p

    on-

    to d

    e vi

    sta

    da

    cris

    e d

    a u

    niv

    ersi

    dad

    e e

    lan

    ça u

    m a

    viso

    par

    a o

    Bra

    sil,

    nes

    se p

    roce

    sso

    de

    glob

    aliz

    ação

    – in

    terd

    epen

    dên

    cia.

    Ele

    dec

    lara

    qu

    e,ao

    con

    trár

    io d

    o qu

    e d

    izem

    os

    pol

    ític

    os, a

    s u

    niv

    ersi

    dad

    es e

    stão

    mu

    -d

    and

    o em

    trê

    s se

    nti

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    as s

    uas

    for

    mas

    cu

    ltu

    rais

    , n

    a su

    a re

    laçã

    oco

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    Est

    ado

    e n

    a su

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    stão

    . N

    o p

    rim

    eiro

    cas

    o, a

    red

    efin

    ição

    da

    base

    de

    hab

    ilid

    ades

    tra

    nsm

    itid

    a p

    elas

    esc

    olas

    , com

    pos

    ta p

    ela

    cres

    -ce

    nte

    nec

    essi

    dad

    e d

    e cl

    assi

    fica

    r ed

    uca

    cion

    alm

    ente

    tod

    a u

    ma

    coor

    ted

    e id

    ade

    é d

    estr

    uti

    va d

    a fo

    rma

    cult

    ura

    l tan

    to n

    os c

    urr

    ícu

    los

    quan

    to

  • 15

    Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p. 9-22, jul. 2002.

    nos

    mét

    odos

    . A r

    edef

    iniç

    ão d

    a u

    niv

    ersi

    dad

    e co

    mo

    fon

    te c

    ruci

    al d

    eh

    abil

    idad

    es e

    tre

    inam

    ento

    , d

    e ta

    l m

    odo

    que

    o co

    nh

    ecim

    ento

    dev

    ese

    r or

    gan

    izad

    o em

    pac

    otes

    e c

    apac

    itaç

    ão d

    e p

    ós-g

    rad

    uaç

    ão p

    adro

    ni-

    zad

    a, é

    des

    tru

    tiva

    da

    form

    a cu

    ltu

    ral d

    e al

    gun

    s p

    aíse

    s.N

    a re

    laçã

    o co

    m o

    Est

    ado,

    a u

    niv

    ersi

    dad

    e, p

    ela

    exp

    an-

    são,

    se

    torn

    ou m

    uit

    o ca

    ra. D

    aí s

    erem

    cob

    rad

    os r

    etor

    nos

    blic

    os e

    pri

    vad

    os d

    os s

    eus

    serv

    iços

    e o

    s co

    nse

    qüen

    tes

    esfo

    rços

    no

    sen

    tid

    od

    e in