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Folha do IAB 129

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Edição 129 - julho/agosto de 2015

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Page 1: Folha do IAB 129

julho/agosto 1

Folha do IABIABjornal do instituto dos advogados brasileiros

na vanguarda do direito desde 1843

Nº 129 - julho/agosto - 2015

Mala Direta PostalBásica

9912328952/2013-DR/RJIAB

Direito do Trabalho e crise econômica em debate PÁGINAs 4 e 5

n ENTREVISTA A vice-presidente Rita Cortez fala sobre desemprego e terceirização

PÁGINA 8

n Conselho Superior para o biênio 2015/2017 é eleito com expressiva participação dos consócios

PÁGINA 6

n Reforma Política é tema de palestras de juristas, parlamentares e acadêmicos

PÁGINA 3

Da esq. para a dir., Daniela Brandão, André Verseistein, Marcus Vinícius Cordeiro, Maria das Graças Viegas, Roberto Fragale, Benizete Medeiros e Clea Maria Carvalho do Couto

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julho/agosto2

Mensagem do presidente

Teixeira de Freitas

S em a forte liderança e o espírito de solidariedade associativa de homens como os ex-presidentes Carlos Hen-

rique de Carvalho Fróes e Aloysio Tavares Picanço, que nos deixaram recentemente, o IAB não teria alcançado a longevidade dos seus 172 anos de existência. As emocionantes homenagens póstumas prestadas aos dois ex--presidentes, com a presença expressiva de amigos e familiares no nosso plenário, foram uma bela e afetuosa demonstração de reco-nhecimento às suas brilhantes trajetórias.

A longa existência da mais antiga Casa Jurídica das Américas também não teria se consolidado se o nosso Instituto tivesse esmo-recido na sua vocação, iniciada em 1843, de discutir os temas mais relevantes para o País e produzir pareceres jurídicos destinados ao aperfeiçoamento legislativo e ao fortalecimen-to do Direito. Ao contrário, o IAB está cada vez mais atuante.

A sua histórica vitalidade intelectual se con-firmou com a realização recente de dois semi-nários. Naquele que foi dedicado à Reforma Política, renomados juristas e acadêmicos dis-cutiram, no nosso plenário, as propostas que tramitam no Congresso Nacional. Com mais de 500 inscritos, o I Seminário Internacional de Direito do Trabalho, em parceria com a Escola Judicial do TRT/RJ, proporcionou palestras e debates de altíssimo nível sobre a crise econô-mica mundial e os riscos que ela oferece aos direitos sociais consagrados aos trabalhadores.

Com 172 anos, o IAB se renova e amplia sua atuação.

Técio Lins e Silva

a mais antiga Casa jurídica das américas

não teria se consolidado

se tivesse esmorecido na

sua vocação de discutir os

temas mais relevantes para

o País e produzir pareceres

jurídicos destinados ao

aperfeiçoamento legislativo.

Expediente

Folha do IABPublicação bimestral do instituto dos advogados brasileiros

JULHO/AGOSTO 1

Folha do IABIABJORNAL DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS

NA VANGUARDA DO DIREITO DESDE 1843

Nº 129 - JULHO/AGOSTO - 2015

Folha do JORNAL DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS

Mala Direta PostalBásica

9912328952/2013-DR/RJIAB

Direito do Trabalho e crise econômica em debate PÁGINAS 4 e 5

� ENTREVISTA A vice-presidente Rita Cortez fala sobre desemprego e terceirização

PÁGINA 8

� Conselho Superior para o biênio 2015/2017 é eleito com expressiva participação dos consócios

PÁGINA 6

� A Reforma Política é tema de palestras de juristas, parlamentares e acadêmicos

PÁGINA 3

Da esq. para a dir., Daniela Brandão, André Verseistein, Marcus Vinícius Cordeiro, Maria das Graças Viegas, Roberto Fragale, Benizete Medeiros e Clea Maria Carvalho do Couto

Fotografia: arquivo iabimpressão: gráfica Walprint tiragem: 2.500 exemplares

jornalista responsável: Fernanda Pedrosa (Mt 13511)redação: ricardo gouveiaProjeto gráfico e diagramação: daniel tiriba

Diretoria EstatutáriaPresidente: técio lins e silva1º Vice-Presidente: Cândido de oliveira bisneto2º Vice-Presidente: rita Cortez3º Vice-Presidente: duval viannasecretário-Geral (licenciado): ubyratan guimarães Cavalcantisecretário-Geral em exercício: jacksohn grossmandiretor-secretário: Carlos eduardo Machadodiretor-secretário: leilah borgesdiretor-secretário: Carlos roberto schlesingerdiretor Financeiro: thales rodrigues de Mirandadiretor cultural: joão Carlos Castellardiretor de BiBlioteca: Fernando drummond

diretor adjunto: sydney sanchesdiretor adjunto: ester Kosovskidiretor adjunto: eurico telesorador oFicial: josé roberto batochio

Diretoria executivadiretor de relações institucionais: aristóteles atheniensediretor de relações internacionais: Paulo lins e silvadiretor de relações com o interior: armando de souzadiretor acadêmico: Pedro Marcos nunes barbosadiretor de direitos Humanos: joão luiz duboc Pinauddiretor de leGislação e Pesquisa: aurélio Wander bastosdiretor de Patrimônio Histórico e cultural: luiz Felipe Condediretor de tV, comunicação e imPrensa: sara Costa

diretor de inFormática e modernização: antônio laért vieira juniordiretor de mediação, conciliação e arBitraGem: ana tereza basíliodiretor de acomPanHamento leGislatiVo: renato de Moraesdiretor de sede: ludmila schargeldiretoria de eVentos: adriana brasil guimarãesProcurador-Geral: Paulo Penalva santosouVidor Geral: arnon velmovitsky

av. Marechal Câmara n° 210, 5º andar - Centrorio de janeiro - rj - CeP 20.020-080telefax: (21) [email protected]

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Restaurado por iniciativa do presidente da Comissão de Estudos Histórico-Culturais, Francisco Ramalho, o retrato pictórico do quarto presidente do IAB, Augusto Teixei-ra de Freitas, que ficou no cargo por apenas três meses no ano de 1857, foi entronizado no plenário no dia 1º de julho pelo presi-dente Técio Lins e Silva. Participaram do ato solene os consócios Hariberto de Mi-randa Jordão Filho, o mais antigo presente na sessão ordinária, e Maria Constança Ma-dureira Homem de Carvalho, que acabara de ser empossada.

PossesForam empossados como membros efetivos

do IAB, nos meses de julho e agosto, os ad-vogados Guaracy Martins Bastos, Rosângela Maria de Azevedo Gomes, Reinaldo Santos de Almeida Junior, Luís Felipe Galante da Silva Ramos, Gustavo Kloh Muller Neves, Roberto Lippi Rodrigues, Vladimir Passos de Freitas, Édis Milaré, Laura Lícia de Mendonça Vicente e Maria Constança Madureira Homem de Car-valho. Como membro honorário, tomou posse a conselheira do TCE-TO Doris Terezinha Pinto Cordeiro de Miranda Coutinho.

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Democracia

‘É impossível realizar uma reforma po-

lítica razoável neste momento conturbado em que a presidente da República perdeu o comando do País e está sob a ameaça, temerá-ria e inconstitucional, de sofrer um processo de impeachment e os presidentes da Câmara e do Senado e vários governadores são in-vestigados.” A afirma-ção foi feita pelo ex-presidente do IAB Marcello Cerqueira, ao palestrar sobre o tema Partidos po-líticos no Brasil: coligações, programas e fidelidade, na abertura do seminário Reforma Política, realizado na sede do Instituto, de 29 de junho a 2 de julho.

Segundo o presidente do IAB, Técio Lins e Sil-va, “o Instituto, ao reunir juristas e acadêmicos renomados que proferiram palestras brilhantes e aprofundaram temas relevantíssimos para a refor-ma política em discussão no Congresso Nacional, deu uma valiosa contribuição para a garantia e o aperfeiçoamento do Estado Democrático de Di-reito”. O presidente mediou os debates suscitados pelo tema inaugural, sobre o qual também falou o vice-governador do Rio, Francisco Dornelles.

Para Marcello Cerqueira, “a presidente deve-ria ter a coragem de reorganizar as forças políti-

cas do País, visto que a oposição, por ela derrotada, insiste em vencê-la num terceiro turno, que seria o seu afastamento por meio do impeachment”. Em sua exposição, Fran-cisco Dornelles de-fendeu o fim do voto proporcional. “Não é admissível que um candidato com ape-nas três mil votos se eleja deputado fede-ral, enquanto outro,

que obteve mais de 90 mil votos, não seja eleito”, criticou o vice-governador. Segundo ele, atual-mente 41,5% dos eleitores escolhem 52% da Câ-mara Federal, enquanto 58,5% elegem a minoria.

O ex-deputado federal Aldo Arantes, inte-grante da Coalização pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, ao discorrer no dia 30 de junho sobre Sistemas eleitorais e ética na política, fez o seguinte diagnóstico: “O financiamento empresarial de campanhas eleitorais por meio de doações a partidos po-líticos afeta a democracia e fere o princípio constitucional da soberania popular, pois pri-vilegia a eleição de representantes políticos cada vez mais distantes da sociedade.” Os debates foram mediados pelo diretor do IAB Carlos Roberto Schlesinger.

Juristas e acadêmicos renomados debatem a Reforma Política

“ao reunir juristas e acadêmicos que proferiram palestras brilhantes e aprofundaram temas relevantíssimos para a reforma política em discussão no Congresso Nacional, o IaB deu uma valiosa contribuição para a garantia e o aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito.”

“técio lins e silva

Da esq. para a dir., Marcello Cerqueira, Técio Lins e Silva e Francisco Dornelles

A respeito do mesmo tema, o diretor de Legis-lação e Pesquisa do IAB, Aurélio Wander Bastos, afirmou que “quase nada de novo surgiu no campo da teorização política nos últimos 2.500 anos, desde que Aristóteles estabeleceu que os regimes podiam ter como base a monarquia, a aristocracia e a demo-cracia”. Segundo ele, “o grande problema do Brasil é que o Estado perdeu o fôlego e sua capacidade de sobrevivência, e, por isso, tem sido corrompido por projetos governamentais”.

O cientista político Sergio Abranches disse ter ficado surpreso com a iniciativa do Congresso de começar uma reforma política. “Achei que o Parlamento jamais a faria, visto que não estamos passando por uma grave crise institucional que a justifique, embora haja uma grave crise socioeco-nômica”, afirmou. No entanto, Sergio Abranches não considera que esteja sendo feita uma reforma política. “É muito mais uma reforma eleitoral,

porque uma verdadeira reforma política implica-ria mudanças muito mais amplas”, sentenciou.

Coordenado pela diretora de Mediação, Con-ciliação e Arbitragem do IAB, Ana Tereza Basílio, Financiamento de campanha e voto distrital foi o as-sunto de encerramento do seminário. Para o ex--presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim “o sistema de financiamento de campanha exclusivamente público, que está sen-do discutido no Congresso Nacional, é incompa-tível com o modelo de disputa eleitoral vigente e não vai dar fim às contribuições privadas, pois a necessidade derruba a proibição”. Segundo ele, “o modelo está esgotado”.

O ex-senador Bernardo Cabral disse que, “se o sistema não for revisto, os financiadores das campanhas continuarão investindo em candi-datos que, depois de eleitos, lhes darão retorno financeiro, em prejuízo ao erário”.

O Estado perdeu o fôlego

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“josé luis Monereo Pérez

as novas formas de organização

das empresas vão em direção à precariedade do

trabalho e atingem os direitos sociais

dos trabalhadores, ao submeterem

as legislações às suas forças

econômicas.

Direito do Trabalho na crise econômica do século XXIR epresentando a Pre-

sidência do Instituto dos Advogados Brasi-

leiros (IAB) na sessão de aber-tura, no dia 16 de julho, do I Seminário Internacional de Direito do Trabalho, que teve como tema central “Os novos contornos do Direito do Tra-balho na crise econômica do século XXI: análise dos contex-tos brasileiro e europeu”, a 2ª vice-presidente, Rita Cortez, afirmou da tribuna do plená-rio: “Com os seus 172 anos de vida em defesa das liberdades democráticas e da cultura jurí-dica do País, o IAB abre o seu plenário para receber os mais de 500 inscritos e discutir nes-te seminário, organizado em parceria com a Escola Judicial do TRT do Rio, a agenda ne-gativa para os trabalhadores que tramita no Congresso Na-cional com graves ameaças a direitos sociais consagrados”.

A conferência inaugural “Transformações do trabalho e os caminhos do Direito do Trabalho na União Europeia” foi ministrada pelo professor José Luis Monereo Pérez, ca-tedrático de Direito do Tra-balho e da Seguridade Social da Universidade de Granada (Espanha). “As novas formas

de organização das empresas vão em direção à precarieda-de do trabalho e atingem os direitos sociais dos trabalha-dores, ao submeterem as le-gislações às suas forças eco-nômicas”, afirmou.

No primeiro painel do se-minário, dedicado ao tema A efetividade das normas co-letivas na pós-modernidade, o advogado e professor Fábio Túlio Barroso fez a palestra “A negociação coletiva como instrumento de flexibilização do Direito do Trabalho brasi-leiro”. Ele defendeu o prin-cípio de que “a melhoria das condições sociais de trabalho é uma característica do estado democrático de direito, que tem o dever de equiparar a assimetria existente entre os direitos sociais e os interesses empresariais”.

Na palestra “A negociação coletiva como instrumento de efetivação da justiça social na Itália e na União Europeia”, a advogada Maria Rosaria Barba-to disse que “os trabalhadores e as pequenas empresas, tanto na Itália quanto em praticamente toda a Europa, sofrem com a crise e a carência de trabalhos dignos, que são indicadores da prática de justiça social”.

Seminário Internacional

No terceiro painel, voltado para Crise econômica, livre concorrência e Direito do Trabalho, o advogado Jorge Boucinhas discorreu sobre “Direito do Trabalho e livre concorrência: o dumping social”. Segundo ele, “os países em desenvolvimento temem que a padronização afete suas expor-tações, enquanto os desenvolvidos argumentam que os baixos padrões trabalhistas praticados mundo afora dificultam a manutenção das prerro-gativas asseguradas aos seus traba-lhadores”.

Em seguida, com “O impacto da crise econômica mundial no Brasil e a necessidade de modernização do Direito do Trabalho”, o economista Armando Castelar forneceu núme-ros do IBGE. “Em 1988, 10,5% dos brasileiros haviam se envolvido em conflitos judiciais nos cinco anos an-teriores, enquanto em 2009 9,4% ti-nham enfrentado a mesma situação no último quinquênio”, relatou.

Encerrando o primeiro dia do seminário, a advogada Daniela da Rocha Brandão, integrante da co-missão organizadora do evento, foi incumbida de “Os desafios da li-vre circulação de trabalhadores na União Europeia”. Segundo ela, “são milhares de trabalhadores dos 27 pa-íses da União Europeia circulando no território sem fronteiras que hoje concentra mais de 20 milhões de de-sempregados”.

Baixos padrões trabalhistas

Fernando Valdés

José Luis Monereo Pérez

Nem Karl Marx, nem Adam Smith“Nem o Estado de Karl

Marx, que controla tudo, nem o Estado mínimo de Adam Smith, mas a propo-sição de Aristóteles, segun-do a qual a solução está no meio-termo”, defendeu o vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, na sua palestra “Flexibilização e Reestruturação de empresas no Direito do Trabalho brasi-

leiro”, no segundo painel do evento, que tratou de Temas laborais de relevante impacto econômico. O advogado José Francisco Siqueira Neto, dou-tor em Direito pela USP, abor-dou “A terceirização de servi-ços e o Direito do Trabalho”. Ele alertou que “tentar regu-lar a terceirização por meio da jurisprudência é uma ar-madilha, pois não há mode-los tradicionais que possam servir de parâmetros”.

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Direito do Trabalho na crise econômica do século XXI

O segundo dia do seminário começou com o economista Pau-lo Tafner palestrando no painel O futuro da Seguridade Social no âmbito das mudanças socioeconômi-cas. Na sua avaliação, “em 2050, o Brasil, que reduziu significati-vamente as suas taxas de morta-lidade infantil e de fecundidade, enfrentará um problema de im-plosão demográfica que, com o aumento do número de aposen-tados, reduzirá a sua força pro-dutiva e dificultará a sustentação da Previdência Social”.

Sobre “Acidente do Trabalho e a Responsabilidade Civil do Em-pregador”, o advogado Rodrigo Fortunato Goulart disse que “o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de acidentes de trabalho, respondendo por 700 mil dos 2,3 milhões de ocorrências/ano re-gistradas no mundo, o que aca-ba se refletindo na esfera previ-denciária, em razão dos auxílios previstos para tais situações”. Na terceira exposição do painel, o desembargador Ivan Alemão, do TRT da 1ª Região, tratou de “As novas regras do Seguro De-semprego e suas repercussões sociais”. Segundo o magistrado, “com atual crise econômica, o au-xílio-desemprego está sofrendo cortes drásticos, com o propósito de diminuir as despesas”.

Previdência Social não se sustentará

Da esq. para a dir., Sayonara

Grillo Coutinho

Leonardo da Silva, Cristina

Almeida de Oliveira,

Patrícia Tuma Martins

Bertolin e Ana Cristina Magalhães

Fontes o tribunal Europeu é um órgão jurisdicional criado com o propósito de tutelar os direitos humanos e a liberdade econômica, enquanto os tribunais Constitucionais não regulamentam os direitos sociais, mas exclusivamente os direitos civis e políticos.

“Fernando Valdés

O novo CPC

Conflito entre tribunais da Europa

Um telhado de vidro permite às advogadas bem-sucedidas mi-rar a cúpula dos grandes escritó-rios de advocacia, mas as impede de alcançá-la. Esta foi a conclu-são da pesquisa feita em 10 dos 20 maiores escritórios de SP pela advogada Patrícia Tuma Mar-tins Bertolin, doutora em Direito pela USP. Os resultados foram apresentados por ela no painel A mulher de vanguarda no Direito do Trabalho: aplicação e chancela do princípio de igualdade e não discrimi-nação em razão de gênero.

A desembargadora Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Sil-va, do TRT da 1ª Região, afirmou: “As diferenças biológicas não podem ser usadas para justificar as desigualdades de oportunida-des entre homens e mulheres”. A juíza Ana Cristina Magalhães Fontes, titular da 28ª Vara do Tra-balho de São Paulo, apresentou dados da OIT segundo os quais as horas dedicadas pelas mulheres aos afazeres domésticos são três vezes superiores às dos homens. “Sem corresponsabilidade na di-visão das tarefas domésticas, não haverá grandes avanços por meio de outras iniciativas”, sentenciou.

Mulheres nos grandes escritórios

O seminário foi encerrado no dia 17 de julho com a conferência “As relações dos Tribunais Constitucio-nais dos estados-membros da União Europeia com o Tribunal Europeu de Direitos Humanos: direitos sociais e liberdades econômicas”. O tema foi desenvolvido pelo professor Fernan-do Valdés, catedrático de Direito do Trabalho e da Seguridade Social da Universidade Complutense de Ma-dri e membro do Tribunal Constitu-cional Espanhol. Segundo Fernando Valdés, há um conflito permanente entre os Tribunais Constitucionais dos 28 estados-membros da União

Europeia e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

“O Tribunal Europeu é um órgão jurisdicional criado em 1959 pelo Conselho da Europa, reunindo hoje 49 países, com o propósito de tute-lar os direitos humanos e a liberdade econômica no continente, enquanto os Tribunais Constitucionais, respal-dados pela Convenção Europeia, não regulamentam os direitos sociais, mas exclusivamente os direitos civis e políticos”, afirmou o professor, acres-centando que o Tribunal Europeu tenta atender às demandas recusadas pelos tribunais dos países da UE.

No painel As mudanças essenciais do Direito Processual do Trabalho brasileiro no limiar do século XXI, o desembar-gador Leonardo Dias Borges, do TRT da 1ª Região, criticou o novo CPC: “O código incorre em vários erros, e con-fesso que não me sinto preparado para aplicar o direito a partir desta novida-de”, afirmou o magistrado, para quem “as novas ideias têm que se amoldar às realidades, o que não ocorreu na elabo-ração dessa legislação”. O desembar-gador Roberto Norris, do mesmo Tri-bunal, afirmou que “a nova legislação será um caos em relação à celeridade, por estabelecer que o critério de atendi-mento dos processos será o da ordem de chegada em fila indiana”.

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Homenagens póstumas a Carlos Henrique de Carvalho Fróes e Aloysio Tavares Picanço

Em duas emocionantes sessões sole-nes, o Instituto dos Advogados Brasilei-ros (IAB) prestou homenagens póstumas aos seus ex-presidentes Carlos Henrique de Carvalho Fróes – que esteve à frente do IAB no biênio 1988/1990 e morreu aos 86 anos no dia 21 de julho – e Aloy-sio Tavares Picanço – que o antecedeu na Presidência (1986/1988) e morreu no dia 4 de agosto, aos 93 anos. A sessão dedica-da à memória de Carlos Henrique Fróes foi realizada no dia 5 de agosto, enquan-to a homenagem a Aloysio Tavares Pi-canço ocorreu exatamente duas semanas depois. Em ambas estiveram presentes muitos consócios, amigos e familiares.

“O IAB só existe porque há pessoas fascinadas pela solidariedade associa-tiva, como Aloysio Tavares Picanço, um homem extremamente afetuoso, cordial, amigo e encantador, de quem guardo uma lembrança muito queri-da.” Com estas palavras, o presidente do IAB, Técio Lins e Silva, deu início à homenagem à qual compareceram os ex-presidentes Ricardo Cesar Pereira Lira, Marcelo Cerqueira e Maria Adélia Campello Rodrigues Pereira.

Designado orador da cerimônia, Marcelo Cerqueira registrou: “Como a oração da saudade deixou de ser estatu-

tária há algum tempo, a minha fala hoje é uma manifestação voluntária de amor e de saudade”. De acordo com Cerquei-ra, “Aloysio Tavares Picanço dedicou sua vida ao estudo do Direito e à luta pela liberdade, pela qual foi uma voz que se erguia contra o autoritarismo, em defesa da democracia”.

Representando os familiares, o neto Lúcio Picanço Facci afirmou: “Ele tinha adoração pelo IAB”. Estiveram pre-sentes, ainda, os filhos Annibal Motta Picanço, Aloysio Motta Picanço e Ma-ria Lúcia Picanço Sad; as noras Mari-za Fernandes Picanço e Nellie do Rego Barros Picanço, e os netos Leonardo Fernandes Picanço, Alice Picanço Gue-des Pereira, Paula Picanço Sad Tauil e Renata Facci Gabry.

Um intelectual de mão cheiaNa sessão em homenagem a Carlos

Henrique Fróes, a advogada Dora Mar-tins Carvalho se referiu ao ex-presiden-te como “um intelectual de mão cheia”. A filha Fernanda Fróes afirmou: “Agra-deço, em nome de toda a família, esta linda homenagem ao meu pai”. Tam-bém estavam presentes a ex-mulher Bernadete Prestes, a irmã Ana Maria e o sobrinho Gustavo Fróes.

Carlos Henrique de Carvalho Fróes

Aloysio Tavares Picanço

O ex-ministro do STF Célio Borja e o presidente Técio Lins e Silva

Com participação expressiva dos consócios, o IAB elegeu, na Assembleia Geral Eleitoral realiza-da no dia 26 de agosto, os 40 membros da chapa única apresentada pelo presidente Técio Lins e Silva para formação do Conselho Superior que representará a entidade no biênio 2015/2017. A re-novação no órgão foi de 35% dos seus integrantes.

Os novos membros do Conselho Superior são Adilson Rodrigues Pires, Alexandre da Cunha Ribeiro Filho, Amadeu de Almeida Weinmann, Aurélio Wander Bastos, Carlos Mário da Silva Velloso Filho, Hermano de Villemor Amaral Filho, Jacksohn Grossman, José Roberto Batochio, Luiz Dilermando de Castello Cruz, Paulo de Moraes Penalva Santos, Rita de Cássia Sant’Anna Cortez, Roberto de Bastos Lellis, Rogério Álvaro Serra de

Castro e Sidney Limeira Sanches.Foram mantidos Alberto Venâncio Filho, Al-

fredo Lamy Filho, Aristóteles Dutra de Araújo Atheniense, Candido Luiz Maria de Oliveira Bisneto, Célio de Oliveira Borja, Dora Martins de Carvalho, Esther Kosovski, Evaristo de Moraes Filho, Francisco Domingues Lopes, Hariberto de Miranda Jordão Filho, Humberto Jansen Macha-do, Ivan Paixão França, José Bernardo Cabral, José Julio Cavalcante de Carvalho, José Luiz Mi-lhazes, Lourdes Maria Celso do Valle, Marcelo Lavenére Machado, Marcos Halfim, Nelson Pai-

va Paes Leme, Randolpho Gomes, Reginaldo Oscar de Castro, Rubens Ap-probato Machado, Sérgio Francisco de Aguiar Tos-tes, Teresa Cristina Gon-çalves Pantoja, Ubyratan Guimarães Cavalcanti e Victor Farjalla.

Eleito o Conselho Superior para o biênio 2015/2017

O ex-ministro do STF Célio Borja e o presidente Técio Lins e Silva

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Pareceres

Crime de terrorismoApós intensos debates, a maioria dos consócios que

compareçam à sessão ordinária de 19 de agosto aprovou o parecer do relator Fernando Drummond, da Comissão de Direito Penal, contrário ao projeto de lei 2.016/2015 que visa a tipificar o crime de terrorismo e reformular o conceito de organização terrorista. A minoria dos pre-sentes acolheu o voto de vista favorável à proposta par-lamentar apresentado pelo secretário-geral em exercício, Jacksohn Grossman.

O relator informou que o PL absorveu emendas que reconfiguraram o anteprojeto de lei encaminhado pela Presidência da República ao Congresso Nacional. Segun-do Fernando Drummond, “os dispositivos penais exis-tentes para os delitos que podem se equiparar a atos ter-roristas já estão previstos em nossa legislação de forma sistemática”.

Sacrifício de animaisFoi rejeitado na sessão ordinária de 12 de agosto o pro-

jeto de lei 4.331/2012, do deputado Pastor Marco Felicia-no (PSC-SP), que penaliza com detenção de seis meses a um ano, além de multa, o sacrifício de animais em rituais religiosos de qualquer espécie. A rejeição à proposta par-lamentar se deu com a aprovação do parecer da relatora Sheila Mayra Lustoza de Souza Lovatti, da Comissão de Direitos Humanos, e do voto de vista da presidente da Comissão de Direito Ambiental, Vanusa Murta Agrelli, ambos contrários ao PL.

“Embora, à primeira vista, o projeto tenha como obje-tivo a tutela de animais, o que está em jogo, na verdade, é a liberdade de crença religiosa, pois se propõe a crimina-lização de práticas adotadas em rituais religiosos de ori-gem africana”, argumentou Sheila Lovatti. Para Vanusa Agrelli, “o PL é incompatível com a Constituição Federal, reiterando-se que não se mostra razoável conceber a con-textualização da prática no ambiente criminal, ao tempo que se perdoa o abate alimentar de animais”.

PEC da ProbidadeO IAB aprovou na sessão de 29 de julho os pareceres

dos relatores Sérgio Sant’Anna, da Comissão de Direi-to Constitucional, e Luiz Henrique Antunes Alochio, presidente da Comissão de Direito Administrativo, favoráveis à PEC 82/2007, conhecida como “PEC da Probidade”. De autoria do então deputado federal e hoje governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), a proposta atribui autonomia funcional, administrativa e financeira a todos os órgãos federais, estaduais e mu-nicipais da Advocacia de Estado.

A maioria dos consócios rejeitou o voto de vista apre-sentado por Luiz Dilermando de Castello Cruz, da Co-missão de Filosofia do Direito, que defendeu a previsão de autonomia, mas se opôs às prerrogativas de indepen-dência funcional e controle interno dos atos da adminis-tração pública, porque estas, segundo ele, contrariariam o interesse público.

Espaço de divulgação de livros doados à Biblioteca Daniel Aarão Reis

Estante

ABRÃO, Carlos Henrique; ANDRIGHI, Fátima Nancy e BENETI, Sidnei. 10 anos de vigência da Lei de Recuperação e Falência. São Paulo: Saraiva, 2015.

Os colaboradores desta indispensável obra, dentre os quais os seus três coordenadores, procuraram trazer suas experiências, conhecimentos e exames de casos concretos para que a reorganização societária tenha um rumo à estabilidade.

BERMAN, José Guilherme. Controle Fraco de Constitucio-nalidade: Sistema Jurídico Contem-porâneo e Direito Constitucional Comparado. Curi-tiba: Juruá, 2009.

Este livro tem por objetivo analisar uma nova categoria (controle fraco de constitucionalidade) surgida no âmbito dos sistemas de controle jurisdicional em que o Judiciário exerce papel relevante no exame da compatibilidade dos atos normativos com a Constituição.

CARVALHO, Luiz Paulo Vieira de. Direito das Sucessões. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2015.

O autor inseriu nesta obra todo o seu grande conhecimento jurídico e a sua paixão pelo Direito das Sucessões, apontando caminhos para a solução de casos difíceis e a correlação das questões jurídicas com a necessária adequação ao Direito de Família.

Page 8: Folha do IAB 129

julho/agosto8

Entrevista|Rita Cortez

“A terceirização deteriora condições de vida e trabalho”

““

O rganizadora do I Seminário Interna-cional do Direito do Trabalho, a 2ª vice-presidente do IAB, Rita Cortez,

fala da importância da iniciativa do Institu-to em discutir com juristas notáveis um tema que, por conta do desemprego crescente no mundo, envolve desenvolvimento econômico, justiça e cidadania.

Com a dramática redução dos postos de traba-lho no mundo, o IAB mostra, ao promover o seminário, que está conectado com os grandes temas atuais?

O IAB tem dado mostras de que a produção acadêmica desenvolvida por suas comissões temáticas deve estar voltada para os reais inte-resses da sociedade, interagindo cada vez mais com os anseios dos cidadãos. Quando ajuda-mos a construir ou aprimorar o direito, estamos criando também sólidos alicerces ao próprio conceito de justiça social.

Por sugestão sua, o IAB emitiu uma moção de apoio às manifestações contrárias à terceiriza-ção ampla. É possível reverter esse processo?

Acredito que sim, pois estamos muito bem acompanhados neste posicionamento. Contamos com a magistratura trabalhista, os membros do Ministério Público, as entidades de representa-ção da advocacia e os movimentos sociais que se opõem a medidas que impliquem retrocesso nos direitos sociais alcançados com o restabelecimen-to da democracia e do estado de direito no Brasil.

Há semelhanças entre as propostas de terceiri-zação no Brasil e na Europa?

A terceirização é um fenômeno que surgiu no final do século XX. A sua implantação visou, fundamentalmente, a reduzir custos a partir das mudanças introduzidas nos meios de produção. No entanto, vários países da Europa passaram a reconhecer que, como método de solução, a ter-ceirização somente serviu para fortes reações so-ciais, principalmente em razão da deterioração das condições de vida e trabalho.

Como os advogados trabalhistas têm lidado com essa nova realidade?

Temos reagido de forma contrária, notada-

mente em razão do aumento de demandas tra-balhistas por parte de terceirizados contra as empresas tomadoras de serviço. A Comissão de Direito do Trabalho do IAB, a Associação Brasilei-ra de Advogados Trabalhistas e suas associações regionais, bem como as comissões de Direito do Trabalho e Sindical das seccionais da OAB, têm se manifestado contra o projeto de lei 4.330/04.

Quais serão as próximas parcerias com a Escola Judicial do TRT/RJ, com a qual o IAB realizou o seminário?

O termo de cooperação técnica firmado com a Escola Judicial do TRT do Rio traduz uma parce-ria extremamente positiva. Temos feito palestras nos cursos de formação dos novos juízes traba-lhistas. A evolução da relação com o segmento trabalhista deverá resultar, inclusive, numa par-ceria com a Procuradoria do Trabalho do Rio. Estas iniciativas conferem reconhecimento à qualidade do nosso trabalho e projetam o nome do IAB para além das fronteiras da advocacia.

Quando ajudamos a construir ou aprimorar o

direito, estamos criando também sólidos alicerces

ao próprio conceito de

justiça social