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Quando é que as Pega Monstro começaram mes- mo? Os Passos Em Volta já existiam? Os Passos em Volta surgi- ram em primeiro lugar, em finais de 2008. Quando ar- ranjámos a bateria e a puse- mos cá em casa começámos a ensaiar as duas, estamos sempre juntas e ter uma sala de ensaios em casa é a mel- hor cena, facilita bastante. Depois a certa altura, o Liceu Camões (na altura andáva- mos lá as duas) organizou um concurso de talentos, então era mais fácil de participar com Pega, já que Os Passos requerem mais material, que na altura não tínhamos. Mas perdemos o concurso... Quando começaram tinham ideia do tipo de som que queriam fazer? Começámos a tocar e saiu mais ou menos isto... Qual a importância do vosso grupo de amigos da Cafetra para a banda? A ideia que tenho é que vocês fazem isto para vocês próprias e para os vossos amigos, para se di- vertirem. O pessoal da Cafetra são ami- gos com quem podemos con- tar e que vão estar sempre a representar num concerto seja onde for. Nos concer- tos gostamos de nos divertir, como esperamos que as pes- soas se divirtam a ouvir. Falemos do EP. Quando é que decidiram avançar para a edição de um disco? Basicamente, foi quando o João Dreams nos convidou. Gravámos todas as músicas que tínhamos até à altura e depois escolhemos 5 para por para sacar na net, como um EP. Mais tarde tivemos a preocupação de fazer as ca- pas e gravar CD-R para vend- * MÚSICA ENTREVISTA PEGA MONSTRO O LOL-FI COLOU E JÁ NÃO LARGA MAIS * PUB FOLHETIM CULTURAL E ARTÍSTICO DE LISBOA Nº5 JUL '11 er a um preço simbólico, como outros EPs da Cafetra Records, como o Passa-se alguma coisa estranha aqui do ÉME, o Enganei- me e fui para casa, dos 100 Leio, ou a Compilação da Cafetra. Para quem quiser comprar, basta deixar uma mensagem em facebook. com/cafetrarecords, no cafe- trarecords.blogspot.com ou ainda enviar um e-mail para [email protected]. Como é que têm sido estes últimos meses? Desde que o EP saiu que o hype em torno das Pega Monstro não pára de crescer. Quer dizer, não é hype porque vocês são mesmo boas. Obrigada! Nem toda a gente concorda mas ficamos muito contentes por haver pessoal que curte! Temos tido mais concertos, é muito fixe. E mais atenção, também. Mui- to obrigada a todos! Como foi gravar com o João Dreams? Foi brutal! O João ouviu-nos pela Internet e convidou- nos para passar o fim de se- mana no Porto, na sua casa, e gravar umas músicas na sua sala de ensaios, no STOP. Ele é um fixe e Dreams tam- bém, e está disponível no bandcamp. Têm tido também cada vez mais concertos. To- caram no Porto na festa da Vice e cá em Lisboa abriram para os Glock- enwise. Agora vão tocar no Milhões. Está bom de ver que o Fua gostou de vocês. Pois, talvez! E ainda bem, porque os concertos foram sempre divertidos, correu sempre tudo bem. Como esperamos que aconteça dia 24! Ouvimos dizer por aí que já tiveram propostas de editoras. O que é que ten- cionam fazer? Presumo que queiram manter-se no ambiente familiar da Cafetra. Agora estamos a gravar um álbum d’ Os Passos em Vol- ta, com o Filipe Sambado (Cochaise), e sim, a nossa ideia é continuar a Cafetra e lançá-la. O que acharam da ideia do FMI, um festival low- cost nestes tempos de austeridade? É uma ideia muito fixe, e uma oportunidade para as pessoas verem muitas ban- das a um preço que é quase nada. Agradecemos à organ- ização pelo convite! FILHOSDODIABO.COM FB.COM/FILHOSDODIABO

Folhetim Filhos do Diabo nº5

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Filhos do Diabo - Folhetim Cultural e Artistico de Lisboa, nº5 Julho 2011

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Page 1: Folhetim Filhos do Diabo nº5

Quando é que as Pega Monstro começaram mes-mo? Os Passos Em Volta já existiam?

Os Passos em Volta surgi-ram em primeiro lugar, em finais de 2008. Quando ar-ranjámos a bateria e a puse-mos cá em casa começámos a ensaiar as duas, estamos sempre juntas e ter uma sala de ensaios em casa é a mel-hor cena, facilita bastante. Depois a certa altura, o Liceu Camões (na altura andáva-mos lá as duas) organizou um

concurso de talentos, então era mais fácil de participar com Pega, já que Os Passos requerem mais material, que na altura não tínhamos. Mas perdemos o concurso... Quando começaram já tinham ideia do tipo de som que queriam fazer? Começámos a tocar e saiu mais ou menos isto...

Qual a importância do vosso grupo de amigos da Cafetra para a banda? A ideia que tenho é que vocês fazem isto para vocês próprias e para os vossos amigos, para se di-vertirem. O pessoal da Cafetra são ami-gos com quem podemos con-tar e que vão estar sempre a representar num concerto seja onde for. Nos concer-tos gostamos de nos divertir, como esperamos que as pes-soas se divirtam a ouvir.

Falemos do EP. Quando é que decidiram avançar para a edição de um disco? Basicamente, foi quando o João Dreams nos convidou. Gravámos todas as músicas que tínhamos até à altura e depois escolhemos 5 para por para sacar na net, como um EP. Mais tarde tivemos a preocupação de fazer as ca-pas e gravar CD-R para vend-

*

MÚSICA ◊ ENTREVISTA

PEGA MONSTROO LOL-FI COLOU E JÁ NÃO LARGA MAIS

*

PUB

FOLHETIM CULTURAL E ARTÍSTICO DE LISBOA Nº5 JUL '11

er a um preço simbólico, como outros EPs da Cafetra Records, como o Passa-se alguma coisa estranha aqui do ÉME, o Enganei-me e fui para casa, dos 100 Leio, ou a Compilação da Cafetra. Para quem quiser comprar, basta deixar uma mensagem em facebook.com/cafetrarecords, no cafe-trarecords.blogspot.com ou ainda enviar um e-mail para [email protected]. Como é que têm sido estes últimos meses? Desde que o EP saiu que o hype em torno das Pega Monstro não pára de crescer. Quer dizer, não é hype porque vocês são mesmo boas.

Obrigada! Nem toda a gente concorda mas ficamos muito contentes por haver pessoal que curte! Temos tido mais concertos, é muito fixe. E mais atenção, também. Mui-to obrigada a todos!

Como foi gravar com o João Dreams?

Foi brutal! O João ouviu-nos pela Internet e convidou-nos para passar o fim de se-mana no Porto, na sua casa, e gravar umas músicas na sua sala de ensaios, no STOP. Ele é um fixe e Dreams tam-bém, e está disponível no bandcamp.

Têm tido também cada vez mais concertos. To-caram no Porto na festa da Vice e cá em Lisboa abriram para os Glock-enwise. Agora vão tocar no Milhões. Está bom de ver que o Fua gostou de vocês. Pois, talvez! E ainda bem, porque os concertos foram sempre divertidos, correu sempre tudo bem. Como esperamos que aconteça dia 24! Ouvimos dizer por aí que já tiveram propostas de editoras. O que é que ten-cionam fazer? Presumo que queiram manter-se no ambiente familiar da Cafetra. Agora estamos a gravar um álbum d’ Os Passos em Vol-ta, com o Filipe Sambado (Cochaise), e sim, a nossa ideia é continuar a Cafetra e lançá-la. O que acharam da ideia do FMI, um festival low-cost nestes tempos de austeridade?

É uma ideia muito fixe, e uma oportunidade para as pessoas verem muitas ban-das a um preço que é quase nada. Agradecemos à organ-ização pelo convite! ●

FILHOSDODIABO.COM FB.COM/FILHOSDODIABO

Page 2: Folhetim Filhos do Diabo nº5

Ficha TécnicaEditores Catarina Toscano, Rafael Traquino, Ricardo Santos Colaboradores Eduardo Costa, Luiz Medeiros, Miguel Teixeira, Paulo Gomes, Francisco Correia [email protected]

Impressão Apoios

Esta foto faz parte de um projecto chamado As Vidas Secretas da Memória. Neste projecto tentei utilizar o registo fotográfico para rep-resentar a Memória não como elemento biológico mas sim como elemento metafísico da nossa consciência. Esta foto representa um dos aspectos da memória e tenta representar as memórias escondidas num outro plano de existência, bloquea-das por anticorpos do cerne do indivíduo. Essas memórias só conseguem atingir a identidade do indi-víduo através de uma transferência ao nível do plano onírico, onde esses anticor-pos não possuem as mesmas resistências. Esta foto tenta repre-sentar as memórias submersas nesse plano alternativo de consciência.

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◊ Da mesma forma que os dinossau-ros estão extintos, a maioria poderia pensar que o pós-rock está extinto. Seja verdade ou não, os SAUR encarregaram-se de criar uma nova paisagem na músi-ca nacional.

A primeira faixa do EP, Alien Dino-saur Explosion, é literalmente uma explosão de ruído benéfico para os ouvidos. O baixo encarrega-se de abrir a música, pas-sando em segun-

dos para um som estrondoso em que todos os instru-mentos da banda entram. A bateria define ao longo da faixa um ritmo que nos agarra, adesão esta que ainda au-menta mais graças à enorme distorção que as guitarras nos fornecem. É uma caminha tera-pêutica que rara-mente as bandas de hoje em dia con-seguirão distribuir à maior parte dos melómanos que se prezem.

A seguir vem Mr

Veerappan. Não sei se eles pen-saram em fazer tributo a um in-divíduo que é na realidade um célebre criminoso indiano ou se é s i m p l e s m e n t e algo aleatório. De qualquer das for-mas, esta música caminha na onda

da anterior: re-pleta de poder e destruidora.

A terceira faixa, It Depends serve como uma catarse. Inicialmente ouvi-mos guitarras a to-carem lentamente. Progressivamente, uma percursão es-timula os outros

instrumentos. É como que se um predador qualquer jurássico estivesse quase a capturar a sua presa, aumen-tando o suspense de forma nivelada. Ao longo do tem-po, cada instru-mento ganha mais impacto, de tal forma que a partir dos 5 minutos, a distorção carac-terística dos SAUR amolga os nossos tímpanos (curiosa-mente, estes não se queixam).

Por fim, aparece a Black is White, Left is Right. Os meus ouvidos já não me ajudam a deduzir o que é que foi feito nesta

faixa, para que uma das guitarras conseguisse ter um som tão especial. A bateria entra e pas-sado pouco tempo, lá vem de novo a distorção que este grupo consegue ve-stir nas suas músi-cas. Ouvir esta música deve ser uma experiência semelhante a caçar um dinossauro: um processo cheio de adrenalina, que caminha para um fim estrondoso.No final, não se desperdiçou nem 1 milésimo de um segundo com qualquer ruído que possa ter lesio-nado os ouvidos, durante a audição deste EP.

MÚSICA

SAURO PÓS-ROCK NÃO ESTÁ EXTINTOpor João Quintela

por Francisco CorreiaBONES

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