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Revista sobre produção artística na universidade Lorena Galery
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((forma))Revista de Artes: produção universitária | Belo Horizonte | Nov 2010
Thyer Machado
Esther Azevedo
Júlia Félix
Nila Nonato Neves
Lenadro Lança
Morgana Mafra
Jéssica Vieira
Auana Diniz
Terêncio de Oliveira
Charlotte Wormley-Healing
Rafael Fernandes
Paula Giovanina
Ana Paula Garcia Costa
Lorena Galery
Índice
Thyer MachadoDesenhos
Nila Nonato NevesGravura em metal
Projeto Colaborativo: Charlotteandlorena
Esther AzevedoDiário de Bordo e pintura
Júlia FélixPintura à óleo
Rafael FernandesFotografias e textos datilografados
Ana Paula Garcia CostaColagens
Paula GiovaninaPostais
Morgana MafraPerformance Morgana Mafra
Intervenção
jéssica
Jéssica VieiraPoesias
Amor aos
pássaros
Auana Diniz“Still Life”, texto.
Leandro LançaTexto sobre Arte Educação
Memofônica Memórias musicais no seu rádio
Terêncio de OliveiraPrograma de rádio
s.f. Maneira de ser exterior; configuração dos corpos, dos objetos: a forma de uma mesa, de uma casa. / Aspecto físico do corpo humano: roupa que trai as formas. / Aparência, aspecto: julgar pela forma. / Aspecto exterior de um ato jurídico ou de um juízo. / Caráter de um governo, de um Estado, segundo a Constituição: forma monárquica, republicana. / Modo como as coisas se revelam. / Gramática Aspecto sob o qual se apresenta uma pa-lavra: forma ativa, passiva de um verbo. // Gramática Forma nominal do verbo, v. GERÚNDIO, INFINITIVO e PARTICÍPIO. / Estrutura, plano de composição e estilo da obra de arte literária, artística, musical ou plástica. / Colocação das pessoas em alinhamento: entrem em forma. // Estar em forma, estar em boas condições físicas. // Em devida forma, devidamente, como deve ser. // Teoria da forma, teoria que considera a percepção de conjuntos, de estruturas organizadas, antes da percepção dos pormenores, e que afirma em todos os domínios a influência do todo sobre as partes que o compõem. (Chamam-na também Gestalttheorie ou gestaltismo.)
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Thyer Machado pesquisa o desenho através de uma abordagem aparente-mente tradicional, frequentemente comparada ao desenho renascentista, devido ao seu tratamento virtuoso da linha.
“Thyer Machado apresenta o requinte de um desenho preciso e limpo em suas apropriações que transformam a superfície dos papéis em transparências que confluem das colagens e de cores desbotadas como fragmentos de camadas superpostas. Cada desenho torna-se um universo como se estivéssemos olhando um livro pela simultaneidade de suas páginas.”
Conceição Bicalho
A contemporaneidade de seu trabalho se manifesta no modo de se criar as imagens, utilizando-se variados materiais e adotando como processo as sobre-posições, transparências e também a escrita.
O universo da natureza é sempre revisitado por um olhar quase cientí-fico, diagramático e por vezes idiossincrático. Em seus emaranhados de linhas, formas que se fundem, desaparecem e revelam outras, cria uma espécie de enciclopédia imaginária, que evidencia sua poética e mostra o domínio técnico e uma inteligência gráfica, proporcionados pela intimi-dade com a prática do desenho.
Amor aos
pássaros
Meu pássaro se enjaulado
Morreria indomável.
Pois nasceu assim , meu pássaro amado,
Sabendo que voam todos os pássaros.
Jéssica VieiraEstuda Letras. FALE - UFMG
A estrada vazia fala comigoO passo de ninguém abre caminho
A voz do vento em diálogo comigoO límpido lago transparece o caminho
A marcha animal é prova da faltaO desaparecer humano se põe à mostra
A minha pele transparecida brilhaO sumiço do semelhante fortifica
A minha força ausente apresenta-seO meu cabelo a brisa sopra
A música é o silêncio dos homensO ritmo é o falar da solidão
A estrada solitária abraçaO estar só dos não abraçados.
(ilustração: esther azevedo)
DescaminhoAmor, meu corpo quieto não te anseia.
Andava aflita, cheia de ti, sim.
Mas estive a esvaziar-me, amor.
Meu bem, quis o silêncio a apertar-me os braços.
Ouvir do vazio conselhos amigos.
Esvaziei-me, querido, dos seus encantos.
Quis deixar-me aqui, cheia de amor por mim.
Ficar só nesse tanto de calma, nesse monte de vento.
Amor, entenda.
Isso foi jeito de descaminhar,
Foi deixar afundar, num grande mar,
O corpo doído que nadava em vão.
Foi matar o medo abrindo-lhe as portas.
(ilustração: Lorena Galery)
A performance consiste num cubo de plástico de 2m por 2m cada face, instalado no gramado, com tinta azul fresca derramada no chão do cubo, em seu interior estarei nua jogando capoeira angola com o plástico, desenhando neste com tinta azul através do movimento do corpo no jogo e desenhando com o próprio corpo marcado no plástico. Posteriormente, acendo um cigarro com um isqueiro azul (cigarros e isqueiro que estarão num canto dentro do cubo) e alterno no ato de tragar, aspirar e queimar o plástico com o cigarro até formar um buraco no cubo, por onde ofereço cigarros ao público e acendo-os (um convite à ação de tragar, aspirar e queimar o plástico). A performance acaba quando o cubo de plástico é deformado, desconstruído.
Uma outra tentativa de romper limites é o ato de acender um cigarro com um isqueiro azul num movimento de tragar, aspirar e queimar o plástico, movimento cíclico que manda algo para seu interior (ar, fumaça) e para seu exterior. Interessante pensar que este mesmo cigarro que proporciona este elo entre eu-objeto de infinitas dimensões e exterior limitado pelo cubo, é o mesmo que vai queimar o plástico proporcionando mais um elo, mais um romper de limites: o contato com os outros homens que estão na galeria, que ao participarem da ação do cigarro, se tornam também objetos de in-finitas dimensões.
Experiência e Temporalidade em Arte Educação
Segundo o pedagogo espanhol Jorge Larrosa Bondía, experiência não é aquilo que se passa ou o que acontece, mas aquilo que nos passa, nos acontece, em resumo, nos toca. Muitas coisas se passam ao longo de um dia e ao mesmo tempo quase nada nos acontece de fato. Vivemos muitos acontecimentos sem que eles nos atinjam, nos toque, sem que haja ex-periência. Apesar de estarmos vivenciando uma época que super valoriza a “experiência” instigando-a a todo o momento e a todo custo, paradoxalmente, talvez nunca tenhamos estado tão carentes de algo que nos toque verdadeiramente. Arrisco dizer que grande parte da dificuldade em vivenciarmos uma experiência esteja relacionada à maneira com que pensamos e lidamos com o tempo.
Independente da construção social do tempo, que classifica e ordena cronologicamente nossas ações, há uma temporalidade diferenciada para a fruição de cada momento e sit-uação. Se o relógio instituído socialmente é rígido em seus ponteiros e numerações, os relógios subjetivos são maleáveis como aqueles representados por Salvador Dali, podendo se adaptar adequadamente aos desafios e potencialidades que cada atividade e indivíduo demanda.
Quando nos deparamos com uma situação nova, com um suporte novo, em um campo diferenciado, inconscientemente somos impulsionados a vivenciar esta nova situação com o padrão temporal que estamos mais acostumados a utilizar. Uma pessoa que sabe ler, por dominar os códigos de linguagem, tem acesso ao que está escrito em qualquer lugar. Porém, além de termos escrita em diferentes suportes, cada qual com suas especificidades, há uma temporalidade diferente entre a leitura de um jornal, um poema de Drummond e um livro de Machado de Assis.
Vivemos em uma sociedade espetacularizada de consumo, onde o excesso e a velocidade são características marcantes da temporalidade cultural vigente. O ritmo da indústria, trânsito, shoppings, publicidade, TV, internet, etc. é essencialmente veloz. A conseqüência imediata da velocidade é a produção de realidades cada vez mais instantâneas, fugazes e fragmen-tadas, que, por sua vez, são logo substituídas por outros estímulos e excitações igualmente efêmeros.
Para Jorge Larrosa, este hábito temporal fomenta nos indivíduos algumas características como a dificuldade em realizar sínteses e conexões, além de uma memória defasada.
Poucas manifestações artísticas são tão incompreendidas e assumem o status de herméti-cas quanto a Arte Contemporânea. Dentre as várias respostas possíveis a este fenômeno,
“A velocidade com que nos são dados os acontecimentos e a ob-sessão pela novidade, pelo novo, que caracteriza o mundo mod-erno, impedem a conexão sig-nificativa entre acontecimentos. Impedem também a memória, já que cada acontecimento é ime-diatamente substituído por outro que igualmente nos excita por um momento, mas sem deixar qualquer vestígio.”
Jorge Larosa
Leandro Gonçalves LançaAluno de Ciências Sociais. FAFICH - UFMG
Experiência em InhotimO Instituto Inhotim, além de abrigar uma coleção significativa de arte contemporânea e um jardim botânico, pretende-se um lugar em constante construção, fugindo desde seu inicio às classificações fáceis e generalizantes. Somos várias vezes tentados a classificar Inhotim como museu, mesmo sendo o tempo inteiro confrontados com sua estrutura física avessa à lógica do “cubo branco”. Inhotim é um lugar planejado para a deriva, construído labirin-ticamente, em oposição clara aos caminhos lineares do progresso modernista. Dada esta configuração suigeneris, como vivenciar as potencialidades desta viagem sem bússola e sem destino com uma ampulheta sincronizada com a sociedade do espetáculo?
Dentro das perspectivas educativas em Inhotim, é fundamental no processo de mediação e formação a desconstrução permanente dos padrões temporais cristalizados e a construção subjetiva e relacional de temporalidades contextualizadas e abertas. Dada a hegemonia do padrão industrial e mercadológico do tempo, marcado pela velocidade utilitária, penso ser importante ações que visem desacelerar o andar, o olhar, o escutar, o pensar. Faz-se necessário pensar e discutir a pausa, o ócio criativo, a alienação consciente. Sendo a experiência e o tempo relativo a ela subjetivos, não digo haver temporalidades cor-retas e erradas. Podemos ler um artigo científico com a temporalidade habitual com que lemos um poema, mas isto seria uma experimentação, algo necessário em todos os campos. O problema é que, para valer-se de uma experimentação dessas, é necessário ao sujeito conhecer os padrões que ele irá questionar ou subverter.
Creio que, se grande parte dos objetivos da educação em arte está em fomentar a troca de experiências, devemos nos atentar aos elementos estruturais que compõem troca e ex-periência. Não tenho dúvidas de que o tempo e suas dimensões sociais e individuais façam parte fundamental dessas estruturas.
Segundo Jorge Larrosa:
“A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de inter-rupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que cor-rem: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para es-cutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais deva-gar, parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender o automatis-mo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos ac-ontece, escutar os outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e es-paço.”
Referência: LARROSA, Jorge. Notas so-
bre a experiência e o saber de experiência in: Revista
Brasileira de Educação, jan-fev-mar-abr, n.19, 2002,
p.20-28
creio que boa parte da dificuldade encontra-se na temporalidade distinta que a Arte exige, e que em sua configuração contemporânea, torna-se ainda mais subjetiva e exigente com o espectador. Por se tratar de um campo em permanente construção, a Arte talvez seja o espaço mais impróprio aos padrões temporais rígidos e cristalizados. Além disso, uma cara-cterística recorrente na arte contemporânea é a crítica e subversão da idéia de tempo como um valor ou mercadoria. Fruição e velocidade são categorias que mutuamente se anulam. Como nos “esclareceu” Adorno e Horkheimer em sua “Dialética do Esclarecimento”, a velocidade é uma arma infligida propositalmente pela indústria cultural com o intuito de anular a fruição (ou ex-periência).
Eu. Página do Diário de Bordo. O milagre. Página do Diário de Bordo.
“acho interessante falar de diário de bordo... e acho sempre curioso poder aces-sar diários de outros ar-tistas [o que é tão raro]”
Esther Azevedo
Usado normalmente para estudos, esbo-ços e anotações para futuras obras, o Diário de bordo é um artifício usado por muitos artistas e fortemente in-centivado nas aulas de pintura, é um objeto de estudo e fascínio, que mui-tas vezes pode revelar mais sobre a produção de determinado artista do que suas obras finalizadas. Esther Azevedo transita serenamente entre o desenho e a pintura. A liga-ção entre as duas linguagens cria uma terceira linguagem, autônoma. Através de seus diários de bordo pode-se no-tar uma ligação direta entre estes e a própria pintura. O limite é tênue e ambos os suportes (pintura e diá-rio) se somam e se modificam. O diário, aqui, deixa de ser esboço, de impor-tância inferior à obra final, e passa a ser lugar de experimentação, inclusi-ve de materiais, que resulta em obras finalizadas por si mesmas.Interessante observar que, não só tin-ta à óleo é usada no diário (ao invés do lápis), como o papel é usado na pintura (no lugar da tela).
Diário de Bordo
Esther AzevedoArtes Visuais. Habilitação em Pintura. EBA - UFMG.
Carta de Esther Azevedo para Júlia Félix30 de maio de 2010
essa estrutura musculosa azul vertical da direita
[ouso te dizer o que vejo]
é a representação do masculinoe é muito doido que começa num azul melancólico sufocado e quando a estrutura sofre um corte e abre
fica viva e quentee toma quase a forma ‘das partes’ femininas
essa pintura tem muitas coisas que gosto.
sangrenta mas suavetem um hematoma que parece ser culpa de uma mentiratem gametas virando olhosessa vagina que gera uma constelação de luz difusa nebli-nosa! puta que pariu é muito boa!e os sangramentos são sempre aquosos... manifestações lí-quidas de sentimentos.. lágrima!nesse quadro as representações femininas estão tranqui-las... luminosas... bem acomodadas!mas essa estrutura laranja redonda do canto superior di-reito, me lembra uma gema. essa eu fico curiosa... paece algo que está sendo gerado. uma coisa grande.. uma bonança!é só olhar bem pra sua pintura que ela se entrega!
desculpe mas estou mesmo dizendo tudo que penso.
talvez essa estrutura laranja redonda do canto superior direito seja só um pedaço de homem feliz.
entende julia?
Múltiplo IIÓleo s/ tela
Júlia FélixArtes Visuais. Habilitação em Pintura. EBA - UFMG.
Múltiplo IÓleo s/ tela
Múltiplo IIIÓleo s/ tela
Múltiplo IVÓleo s/ tela
Lorena GaleryAluna de Artes Gráficas.
EBA - UFMG
Charlotte Wormley-HealingAluna de Fotografia UCA, United Kingdon
Em
sua terceira edição em 2010 o C
orpo Cole-
tivo é uma colaboração criativa entre quaren-
ta estudantes, de quatro universidades, em três
continentes diferentes. O program
a, concebi-do com
o uma atividade colaborativa, tem
lugar através da internet envolvendo estudantes e professores com
diferentes interesses, perspec-tivas e experiências. O
projeto inclui alunos do Instituto N
acional de Design, A
hmedabad, Ín-
dia; Universidade Federal de M
inas Gerais, B
elo H
orizonte, Brasil; M
etropolitan University, L
e-eds, Inglatrra; e da U
niversity for the Creative
Arts, Farnham
, Inglaterra. C
harlotte estuda fotografia na Inglaterra e nun-ca foi ao B
rasil.L
orena estuda fotografia no Brasil e nunca foi a
Inglaterra.M
as desde outubro elas têm desenvolvido um
projeto de fotografia juntas. N
o início do projeto nenhum
a das duas se conhecia, e o que a prin-cípio poderia ser um
problema para o desen-
volvimento do projeto, se tornou seu principal
assunto.A
través de fotografias, Charlotte e L
orena, de-senvolveram
- e continuam a desenvolver - um
diálogo im
agético na tentativa de se conhece-rem
e se aproximarem
.A
pesar do término do projeto do C
orpo Coleti-
vo, o diálogo continua e pode ser acompanhado
através do blog (charlotteandlorena.tumblr.com
).
Charlotte
and Lorena
Rafael Fernandes
Série Ferida ou Como eliminar alguém de sua vida I
2010
14 imagens de 9 x 9 cm
Fotografia e papel datilografado
O GOSTO BURGUÊS
Pouco a pouco a burguesia vai criando uma identidade própria: uma colcha de retalhos de desejos, conquistas, ilusões, valores. Primeiramente começa a se constituir o “gosto bur-guês”, e para o burguês um quadro era um móvel que cobria paredes nuas. E as paredes cobertas, a mobília, os detalhes são manifestações de status e poder econômico. No interior desses quadros, que vestiam as paredes, a presença nostálgica do luxo da nobreza, que a burguesia sempre fora negado e agora o desejo em conquistá-lo era ávido, fora forte desde o seu início. Maria José Queiroz, no livro “A comida e a cozinha ou inicia-ção à arte de comer” observa:
É nessa época que surgem os manuais de etiqueta e suas normas espelham profundas mudanças nos hábitos à mesa. Eles irão condenar a gula e desenvolver a idéia de lim-peza, novos serão colocados à mesa utensílios de mesa e o uso dos dedos torna-se cada vez mais restrito. Além de não ser mais utilizado o uso da travessa comum com os alimentos di-reto a boca, desenvolvimento do individualismo com os uten-sílios individuais contrapondo-se radicalmente aos costumes na idade média, onde era usual, a título de ilustração, que duas ou três pessoas tomassem sopa na mesma escudela.
Nesse período se operam transformações no gosto alimentar predominante no continente europeu. A Europa burguesa muda o gosto (e a cozinha) com as especiarias. Pos-teriormente os alimentos vão ficando mais leves, muda-se a intensidade e a variedade dos temperos, vários deles deixam de ser utilizados e passa-se a utilizar aqueles com um sabor mais suave, diminui também a quantidade oferecida dos pra-tos, os cortes das carnes são importantes que passam a ser fator distintivo de classes sociais, a cozinha popular é mais temperada, mais carregada e lhes resta os cortes inferiores de carne.
Uma explosão no mercado gastronômico ocorre na Europa, sobretudo em Paris, onde os restaurantes anuncia-vam cem pratos diferentes à porta. E a esses restaurantes marcham os turistas burgueses, que voltam aos seus países vestidos da mudança. A mesa torna-se símbolo do prestígio burguês , cozinha é status, prestígio. Os elementos da alimen-tação, todos os detalhes dos jantares de importância até as re-feições do dia a dia torna-se um meio simbólico de conseguir a igualdade social para a classe burguesa em ascensão. E as classes que não possuem o status econômico burguês mar-cham a cafés e restaurantes pela ilusão, artistas, intelectuais, banqueiros, diplomatas, comerciantes...é inclusive a partir daí que começam a ocorrer os jantares filosóficos e literários. E também nessa época que se constroem as latrinas públicas.
Trecho do texto “Still Life”, de Auana D.
“É justamente no período em que a fome grassa na Europa que a mesa burguesa se re-fina e se converte em símbolo do poder e do prestígio, alargando social e politicamente...”
Auana DinizEducação Artística. Guignard - UEMG
STILL LEBEN
Natureza Morta e suas traduções semelhantes nas di-versas línguas latinas pouco se assemelham ao sentido original do termo, utilizado provavelmente pela primeira vez na Ho-landa. O termo “Still Leben”, que seria “vida serena” ou ainda “vida silenciosa”, ou mesmo seu quase oposto “Natureza Mor-ta” expressam uma forte característica do gênero: carregado de conteúdos filosóficos e simbólicos.
Em seu início as naturezas mortas passam a ser um meio de representação realista dos objetos. Aperfeiçoar a re-presentação do objeto até dar a impressão ao observador que ele poderia pegá-lo é uma preocupação freqüente dos artistas da época. E, certamente por influência iluminista, as obras são compostas com peças separadas que compõe um todo. O sim-bolismo, presente nos quadros, é constantemente disfarçado, pois, como citei anteriormente, a Reforma Protestante se dava como pano de fundo destas produções.
O gênero vai se subdividir em temas/estilos que se definirão de modo bastante claro, de acordo com a escolha dos objetos ou o cenário que prevalecerão na composição . Os quadros que retratavam cenas de mercado e de cozinha estiveram muito ligados a idéia de celebração da nova situação econômico-social, a valorização crescente do comércio e da exportação, o salto da produção agrícola etc. Há nas obras um forte aspecto de fetichização dos objetos comerciais. Os qua-dros tem também uma forte presença simbólica erótica . Maria Regina Cérvalo, na sua tese “Natureza Morta: um processo co--evolutivo de comunicação entre corpo e ambiente” comenta:
O conteúdo político dos quadros era expressivo mos-trava aos próprios burgueses, e as demais classes sociais o modo de vida burguês, modo este que, com a popularização do gênero passou a integrar as casas de diversas classes so-ciais.
Um outro estilo do gênero são as naturezas mortas com pequeno almoço. Nessas obras se faz ainda mais presen-te a exibição dos luxos culinários, mas também é presente no estilo o tema do jejum, quer dizer, ele torna-se uma expressão de dois aspectos principalmente, a idéia de demonstrar fartu-ra e correção moral sob a perspectiva religiosa. Influenciada pela temática do jejum o estilo opera uma diminuição dos elementos na composição e um progressivo caráter mono-cromático na representação, há também uma ligação com a pequena burguesia nessa expressão do estilo, em compara-ção com a fartura burguesa. Aqui há também algumas obras com representação humana, principalmente de famílias.
Na temática da alimentação aparece também o tema dos frutos. Com os novos conhecimentos agrícolas e o adven-to das ciências botânicas destacam-se não apenas os legumes, mas também os frutos. No início eles aparecem separados, como que acabados de colhidos depois há a ênfase às cenas de cestas de frutas isoladas, às vezes quase sem fundo. Alguns quadros do estilo também eram carregados de um simbolis-mo dissimulado, por exemplo, através da presença de moscas e frutos em decomposição, relacionando-se as Vanitas .
“integrante do cerimonial de mesa dos fes-tins aristocráticos, dos chamados ‘banque-tes-espetáculos’ que – como o nome sugere
– visavam deleitar mais o olhar do que o pa-lato. É certo que podiam também satisfazer os dois sentidos.”
http://memofonica.blogspot.com/ 104,5 FM
Memofônica Memórias musicais no seu rádio
Terêncio de OliveiraComunicação Social. FAFICH - UFMG.
O Memofônica é uma série de programas de rádio sobre a música e a memória da 2ª metade do século XX.
Cada edição do programa trata sobre um ano específico, entre 1958 e 1999. 58 por causa da Bossa-nova, do Rock n’ Roll, do
Pelé, da NASA. 99 porque é um programa de flashbacks.
O Memofônica começou como um projeto de conclusão do curso de Comunicação Social da UFMG, e hoje é veiculado
pela Rádio UFMG Educativa às quintas-feiras, 23h, na hora d’A Grande Família, e aos
domingos, às 19h.
Memofônica Memórias musicais no seu rádio
Memofônica 1979“No Brasil acabou o AI5. No sul do Mato Grosso passou a existir o Mato Grosso do Sul. Em Copacabana foi inaugurado o primeiro McDonalds do Brasil. Na China o governo passou a incentivar os casais a ter só um filho. E a Suécia foi o primeiro país do mundo a proibir que os pais batessem nos fi-lhos. Na Alemanha Oriental duas famílias fugiram de balão para a Alemanha Ocidental. Em 79 vários países ganharam novos Líderes. Figueiredo assumiu no Brasil, o Aiatolá Khomeini no Iran, a Margareth Thatcher na Inglaterra, e o Sadam Hussein no Iraque. Só gente bacana.”“Uma banda de rock que sucumbiu totalmente ao disco. Quando eles come-çaram em 76, o Blondie era punk e nunca conseguiram colocar uma música entre as 100 mais tocadas nos EUA. Até que eles lançaram em 79 uma que foi direto a mais tocada. O nome da música é heart of glass. O rock mais disco da história. Uma banda de rock que não dava a mínima para as tendências da época e seguiu fazendo um rock n’roll puro: o Dire Straits.”