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CENTRO PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JAHU CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS FABIO LEONARDO ROMANO FRAGNAN ANÁLISE DA FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO MUNICÍPIO DE JAHU Jahu, SP 1° Semestre/2012

Formação continuada em ea

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CENTRO PAULA SOUZA

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JAHU

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MEIO AMBIENTE E

RECURSOS HÍDRICOS

FABIO LEONARDO ROMANO FRAGNAN

ANÁLISE DA FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE

ENSINO DO MUNICÍPIO DE JAHU

Jahu, SP

1° Semestre/2012

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FABIO LEONARDO ROMANO FRAGNAN

ANÁLISE DA FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE

ENSINO DO MUNICÍPIO DE JAHU

Monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia de Jahu, como parte dos requisitos para obtenção do título de Tecnólogo em Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

Orientadora: Profª Ms. Yanina Micaela Sammarco.

Jahu, SP

1° Semestre/2012

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Pensar certo demanda profundidade e não superficialidade, na compreensão e

na interpretação dos fatos. Supõe a disponibilidade à revisão dos achados, de apreciação, reconhece não apenas a

possibilidade de mudar de opção, de apreciação mas o direito de fazê-lo.

Paulo Freire

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AGRADECIMENTOS

A Deus,

Pela força espiritual para a realização desse trabalho.

A minha mãe, por me incentivar em todos os momentos principalmente

nos que pensei em abandonar tudo.

Agradeço a todos os meus amigos e colegas de curso, principalmente a

Bruna Urbaneto e a Aline Ometto que em vários momentos não pude dar a

atenção merecida a elas e mesmo assim estavam ali do meu lado.

A todos os professores que me deram a base para poder chegar até

aqui, neste momento tão esperado da vida universitária.

Em especial agradeço a minha querida orientadora Yanina, que

acreditou no meu projeto, me incentivou, me encorajou nos momentos em que

tudo parecia obscuro, e sempre estava ali com uma luz para clarear minhas

idéias.

Enfim agradeço a todos que de alguma maneira me ajudaram na

execução deste trabalho.

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RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo sobre a eficiência e influência de capacitações em Educação Ambiental, oferecidas pelos órgãos responsáveis por esta modalidade, tomando como ponto de referência, a formação continuada oferecida aos professores da Rede Municipal de Ensino da cidade de Jahu pela Secretaria do Meio Ambiente em parceria com a Secretaria de Educação no ano de 2010. Foram coletados dados e informações através de entrevistas com professores, diretores, coordenadores e responsáveis pela capacitação e analisados documentos, com o objetivo de identificar os temas que foram abordados e o quanto influenciou na prática pedagógica diária dos professores, desenvolvendo atividades e projetos com a temática ambiental. Com todos os resultados analisados, foi possível a discussão e a elaboração de propostas, as quais tem como objetivo contribuir para a formação continua dos professores no que se diz respeito à temática Meio Ambiente.

Palavras Chave – Educação Ambiental Formal, Formação Continuada, Prática Pedagógica, Transdisciplinaridade, Projetos de Educação Ambiental

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ABSTRACT

This paper presents a study on the efficiency and influence of training in Environmental Education, offered by the agencies responsible for this modality, taking as reference point, the continued training offered to teachers of municipal schools of the city of Jahu by the Department of the Environment in partnership with the Department of Education in 2010. Data and information were collected through interviews with teachers, principals, coordinators and responsible for training and analysis of documentation, in order to identify the issues that were addressed and how much influence the daily pedagogical practice of teachers, developing activities and projects with environmental issues . With all the results analyzed, it was possible to discuss and prepare proposals, which aims to contribute to the continuous training of teachers as it relates to the theme Environment.

Keywords - Formal Environmental Education, Continuing Education, Teaching Practice, Transdisciplinarity, Environmental Education Projects

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Divisão dos Professores por Série que Atua.........................................................................53

Gráfico 2- Realização do Diagnóstico Prévio com os Professores Antes da Capacitação......................54

Gráfico 3- Atendimento das Expectativas dos Professores em Relação a Capacitação.......57

Gráfico 4- Oportunidades de Capacitação Oferecidas Pela Escola.......................................................58

Gráfico 5- Existência de Projetos Sendo Desenvolvidos.......................................................................61

Gráfico 6- Existência de Projetos na Escola..........................................................................................65

Gráfico 7- Realização de Diagnóstico Prévio, Segundo Diretores e Coordenadores.............................70

Gráfico 8- Participação da Direção e Coordenação na Capacitação.....................................................72

Gráfico 9- Atendimento das Expectativas de Diretores e Coordenadores em Relação a Capacitação. 73

Gráfico 10- Busca por Capacitação por Parte dos Professores e Coordenadores.................................74

Gráfico 11- Existência de Portfólio com Projetos e Atividades Desenvolvidas.....................................76

Gráfico 12- Existência de Portfólio Individual Para Cada Professor......................................................77

Gráfico 13- Envolvimento dos Pais e da Comunidade nos Projetos e Atividades de Educação Ambiental.............................................................................................................................................79

Gráfico 14- Existência de um Método de Avaliação das Atividades e Proejtos Desenvolvidos.............81

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- O Que se Pretende com a EA. FONTE: Freire, 2004...............................................................18

Figura 2- Processo de Inserção da EA nos Programas de Educação. FONTE: Dias, 2004......................27

Figura 3- Interação Professor-Aluno e Pontos Relevantes no Desenvolvimento das Atividades de EA. FONTE: Medina,1996............................................................................................................................29

Figura 4- Processo de Transformação da Prática Pedagógica. FONTE: Medina, 2006..........................31

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Figura 5- Instrumentos de Transformação da Prática Pedagógica. FONTE:MEC,2001 apud Medina,2006........................................................................................................................................35

Figura 6- Instrumentos que Constituem uma Política Pública. FONTE: O AUTOR ................................41

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Cronograma de Atividades a Serem Desenvolvidas.............................................................48

Tabela 2- Grau de Importância da Temática Meio Ambiente...............................................................54

Tabela 3- Percepção Sobre o que é Educação Ambiental.....................................................................55

Tabela 4- Pontos Positivos e Negativos da Capacitação.......................................................................57

Tabela 5- Acesso a Documentos Referentes a Educação Ambiental....................................................59

Tabela 6- Influência da Capacitação no Desenvolvimento de Projetos e na Prática Pedagógica do Professor..............................................................................................................................................62

Tabela 7- Facilidades e Dificuldades no Desenvolvimento de Projetos e Atividades............................64

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Tabela 8- Tipos de Projetos e Atividades Desenvolvias Pelos Professores...........................................65

Tabela 9- Receptividade dos Alunos Quando Trabalhada a Temática em Aula....................................66

Tabela 10- Propostas e Sugestões - Professores...................................................................................68

Tabela 11- Existência de Proejto Político Pedagógico da Escola e como a Educação Ambiental está Inserida nela.........................................................................................................................................71

Tabela 12- Projetos em Educação Ambiental Anteriores e Posteriores a Capacitação.........................75

Tabela 13- Formas de Divulgação dos Projetos e Atividades em Educação Ambiental........................80

Tabela 14- Formas de Avaliações dos Projetos e Atividades em Educação Ambiental.........................81

Tabela 15- Sugestões e Propostas Para a Formação Continuada em Educação Ambiental - Diretores/Coordenadores.....................................................................................................................82

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS.................................................................................................................................4

RESUMO.................................................................................................................................................5

ABSTRACT...............................................................................................................................................6

LISTA DE GRÁFICOS.................................................................................................................................7

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................................................7

LISTA DE TABELAS...................................................................................................................................8

SUMÁRIO................................................................................................................................................9

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................12

1.OBJETIVOS.........................................................................................................................................14

1.1.Objetivo Geral................................................................................................................................14

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1.2.Objetivos Específicos......................................................................................................................14

2.HIPÓTESE...........................................................................................................................................15

3.REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................................................16

3.1.EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................................................................................................16

3.2.EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES...............................................26

3.3.EDUCAÇÃO AMBIENTAL E POLÍTICAS PÚBLICAS.............................................................................39

4.METODOLOGIA..................................................................................................................................43

4.1DIAGNÓSTICO..................................................................................................................................43

4.1.1 SECRETÁRIA DO MEIO AMBIENTE E SECRETARIA DA EDUCAÇÃO................................................43

4.1.2ESCOLAS.......................................................................................................................................44

4.2 MÉTODOS.......................................................................................................................................45

4.3TÉCNICAS.........................................................................................................................................46

4.4AMOSTRAGEM................................................................................................................................46

4.5ANÁLISE DE DADOS.........................................................................................................................46

4.6ETAPAS............................................................................................................................................47

4.7CRONOGRAMA................................................................................................................................48

5ANÁLISE DE DADOS RESULTADOS.......................................................................................................50

5.1ANÁLISE DA SECRETÁRIA DE MEIO AMBIENTE E SECRETARIA DE EDUCAÇÃO.................................50

6.2. ANÁLISE DAS ESCOLAS..................................................................................................................52

6.2.1. PROFESSORES.............................................................................................................................52

6.2.2. DIRETORES/COORDENADORES...................................................................................................68

6DISCUSSÃO.........................................................................................................................................83

7CONSIDERAÇÕES FINAIS E PROPOSTAS .............................................................................................88

8REFERÊNCIAS......................................................................................................................................91

ANEXO 1 - CRONOGRAMA DE DIVISÃO DAS ESCOLAS PARA A CAPACITAÇÃO.....................................95

ANEXO 2 – ESPECIFICAÇÕES SOBRE A CAPACITAÇÃO...........................................................................98

ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO APLICADO PELA SECRETÁRIA DO MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO AOS PROFESSORES PARA DIAGNÓSTICO PRÉVIO.......................................................................................100

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ANEXO 4 – APRESENTAÇÃO DE CONTEÚDO DO PRIMEIRO ENCONTRO DA CAPACITAÇÃO...............102

ANEXO 5–QUESTIONÁRIO APLICADO A SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO...................104

ANEXO 6 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES................................................................106

ANEXO 7 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS DIRETORES/COORDENADORES......................................108

ANEXO 8– PROJETO DESENVOLVIDOS POR DUAS PROFESSORAS......................................................110

FALANDO SOBRE MEIO AMBIENTE.....................................................................................................114

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INTRODUÇÃO

O campo temático meio ambiente, é um assunto atual no contexto

escolar, sendo assim fundamental que os professores priorizem sua formação

de maneira contínua, tendo como meta adquirir informações e conhecimentos

para o enriquecimento das atividades pertinentes à temática.

Para a compreensão da importância da relação meio ambiente x escola,

se faz necessário antes, compreender o significado do que é Educação

Ambiental e a importância que os eventos precursores sobre meio ambiente e

EA tiveram para a inserção da temática ambiental nos currículos escolares.

A Educação Ambiental é uma proposta abrangente cujo objetivo é

despertar na população a construção de uma nova práxis, sendo a variável

meio ambiente inserida em todas as suas dimensões da sociedade e no

contexto escolar, nas disciplinas pertencentes ao currículo. Torna-se um

componente essencial e permanente, se fazendo presente em todos os níveis

e modalidades do processo de educação.

Desde meados do século XX, houve um aumento no que se diz respeito

à consciência ecológica, tendo apoio de políticas públicas e leis ambientais,

porém a grande arrancada para que se torne evidente a Educação Ambiental

entre seus vários objetivos passa a ser entendida a partir de uma perspectiva

transformadora e crítica, onde com a articulação dos espaços formais e não-

formais de educação, a aproximação da escola e comunidade onde se insere,

pelo planejamento integrado de atividades curriculares e extracurriculares e

pela construção coletiva do Projeto Político Pedagógico propor mudanças nas

condições objetivas de vida para a alteração do quadro de destruição do

planeta veio a partir da década de 70.

Muito tem se discutido sobre a EA, porém só com a implantação da

Política Nacional de Educação Ambiental em 1999, que os projetos e

programas para a EA no contexto escolar ganharam força, aliados do trabalho

de órgãos e organizações não governamentais.

Um dos pontos importantes abordados não só na PNEA mas também na

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é o que diz respeito sobre a

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formação continuada do professor, a qual deve permitir ao professor capacitar-

se para desenvolver atividades relacionadas a Educação Ambiental.

Discutir a formação de professores para a inclusão da educação

ambiental em suas praticas pedagógicas, é fazer com que as discussões a

cerca do tema ganhem força e adquiram forma consistente, levando-os a

reflexão do tema.

Pontos importantes são considerados na formação continuada dos

professores, entre os quais elencar conteúdos necessários ao conhecimento

do educador ambiental, construção de metodologias que possibilitem o trabalho

contínuo e avaliação e acompanhamento dos capacitandos, assim a união

desses podem garantir o sucesso na aplicação das práticas adquiridas.

O município de Jaú, começou em 2010, a trabalhara capacitação dos

professores que pertencem a rede municipal de ensino e atuam no ensino

fundamental, visando adaptá-los para trabalhar de maneira satisfatória a

temática ambiental com seus alunos, utilizando-se das habilidades adquiridas

nas capacitações.

A Análise da formação continuada em Educação Ambiental dos

professores da Rede Municipal de Ensino do Município de Jaú, permitirá fazer

um comparativo das ações adotadas antes e após a realização dos cursos de

formação continuada, diagnosticando as mudanças de atitudes e metodologias

adotadas pelos o professores.

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1.OBJETIVOS

1.1. Objetivo Geral

Diagnosticar as mudanças nas práticas pedagógicas e no

desenvolvimento de projetos, após a formação continuada em educação

ambiental.

1.2. Objetivos Específicos

a. Compreender a importância da inserção da educação ambiental no

contexto escolar;

b. Compreender o papel de mediador que o professor exerce no

processo ensino-aprendizagem;

c. Diagnosticar a percepção do professor sobre as questões

socioambientais.

d. Compreender o papel ativo que o professor exerce nos processos de

Educação Ambiental;

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2. HIPÓTESE

A Análise da formação continuada em Educação Ambiental dos

professores da Rede Municipal de Ensino do Município de Jaú, servirá como

parâmetro de eficiência para o desenvolvimento da Educação Ambiental no

contexto escolar.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Buscando a inserção da Educação Ambiental no contexto escolar, se

faz necessário compreender o significado do que é a Educação Ambiental e

como ela pode ser trabalhada no cotidiano das escolas. Para isso, a

comunidade escolar precisa passar por formação em EA, e buscar sempre

novas informações.

A Educação Ambiental (EA) é uma forma abrangente cuja proposta é

atingir toda a população sendo a variável meio ambiente inserida em todas

as suas dimensões e em todas as disciplinas pertencentes ao currículo

escolar. Torna-se um componente essencial e permanente, se fazendo

presente em todos os níveis e modalidades do processo de educação (DIAS,

2004).

A evolução dos conceitos de Educação Ambiental está relacionada à

evolução do conceito de meio ambiente a maneira como o mesmo é

percebido (DIAS, 2004).

Educação Ambiental é definida como um processo que deveria

objetivar a formação de cidadãos, cujos conhecimentos acerca do ambiente

biofísico e seus problemas associados pudessem alertá-los e habitá-los a

resolver seus problemas (ADAMS, 2005 apud STTAP, 1969).

A Educação Ambiental é definida como um processo no qual deveria

ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com

o meio ambiente baseado em um completo e sensível entendimento das

relações do ser humano com o ambiente a sua volta (GÓIS,WEBER,2011

apud MELLOWS,1972).

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Para Sammarco (2005), a Educação Ambiental antes de tudo é um

resgate da educação por si mesma. Isto é, a continuação no processo

evolutivo na relação entre conhecimento e o saber.

Um outro conceito de Educação Ambiental foi o proposto na

Conferência de Tbilisi (1977), onde a Educação Ambiental foi definida como

uma dimensão dada ao conteúdo e á prática da educação, orientada para a

resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de um

enfoque interdisciplinar e de uma participação ativa e responsável de cada

indivíduo e da coletividade (DIAS,2004).

Segundo Dias (2004), nos subsídios técnicos, elaborados pela

Comissão Interministerial para a preparação da Rio-92, a Educação

Ambiental é caracterizada por incorporar a dimensão socioeconômica,

política, cultural e histórica, permitindo uma compreensão da natureza

complexa do meio ambiente e interpreta a interdependência entre os

diversos elementos que conformam, com vistas a utilizar racionalmente os

recursos do meio para satisfazer a sociedade do presente e do futuro.

Mais tarde, com a implantação da Política Nacional de Educação

Ambiental (Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999), a Educação Ambiental é

definida como processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade

(DIAS, 2004).

As definições apresentadas se completam, uma vez que o foco

principal é aprender como funciona o ambiente, que somos

interdependentes dele e que decorrente de nossas atividades, afetamos

direta e indiretamente. Sendo o que a Educação Ambiental pretende pode

ser representado pelo esquema a seguir (Figura 1).

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Figura 1- O Que se Pretende com a EA. FONTE: Freire, 2004.

Desde meados do século XX, houve um aumento no que se diz

respeito à sensibilização e consciência ecológica, tendo apoio de políticas

públicas e leis ambientais, porém a grande arrancada para que se torne

evidente a Educação Ambiental como ferramenta para a alteração do quadro

de destruição do planeta veio a partir da década de 70 (DIAS, 2004).

O grande marco internacional é a Conferência Mundial Sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento realizada em Estocolmo, em 1972 que reuniu

113 países com o objetivo de estabelecer uma visão global e princípios

comuns que servissem de inspiração e orientação a humanidade para a

preservação e melhoria do ambiente humano. Considerada um marco

histórico-político internacional, decisivo para o surgimento de políticas de

gerenciamento ambiental, a conferência gerou a “Declaração Sobre o

Ambiente Humano”, estabeleceu um “Plano de Ação Mundial” e, em

particular recomendo-se que deveria ser estabelecido um Programa

Internacional de Educação Ambiental. A recomendação nº96 da Conferência

reconhecia o desenvolvimento da Educação Ambiental como elemento

crítico para o combate a crise ambiental (DIAS, 2004).

As consequências da Conferência de Estocolmo chegariam ao Brasil

acompanhadas das pressões do Banco Mundial e de instituições

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ambientalistas que já atuavam no país. Em 1973 a presidência da república

criaria, no âmbito do Ministério do Interior, a Secretaria do Meio Ambiente –

Sema – primeiro organismo brasileiro de ação nacional orientado para a

gestão integrada do ambiente. O professor Paulo Nogueira, titular dessa

secretaria de 1973 até 1986 deixou em seu legado as bases das leis

ambientais e estruturas que estabeleceram o programa das Estações

Ecológicas. Em relação a Educação Ambiental, sua ação foi extremamente

limitada pelos interesses políticos da época (DIAS, 2004).

Em 1975, em resposta às recomendações previstas em Estocolmo, a

UNESCO, promoveu em Belgrado (Iugoslávia) o Encontro Internacional

Sobre Educação Ambiental, com a presença de especialistas de 65 países.

Neste encontro foram formulados princípios e orientações para um programa

internacional de Educação Ambiental, os quais deveriam ser contínuos,

multidisciplinar, integrado as diferenças regionais e voltadas para os

interesses nacionais. Foi aqui que se planejou a realização de uma

Conferência Intragovernamental num período de dois anos, com o objetivo

de estabelecer as bases conceituais e metodológicas para o

desenvolvimento da Educação Ambiental em nível mundial, o que ficou

conhecido como Conferência Intragovernamental Sobre Educação

Ambiental, realizada em Tbilisi 1977 (DIAS, 2004).

No Brasil, os setores responsáveis pela Educação, não se

vislumbrava, até então, a mais remota possibilidade de ações de apoio a

Educação Ambiental, tanto pelo desinteresse que o tema despertava entre

os políticos como pela ausência de uma política educacional definida para o

país, sendo reflexo do momento que o país atravessava. Percebendo a real

situação e conscientes da urgência ditada pela perda da qualidade

ambiental discutida internacionalmente, órgãos estaduais brasileiros de meio

ambiente tomaram a iniciativa de promover a Educação Ambiental no Brasil,

com apoio e parcerias entre instituições de meio ambiente e Secretarias de

Educação dos estados. É nesse período também que órgãos como a Cetesb

passam a intensificar suas ações educativas (DIAS, 2004).

Em outubro de 1977 então, realizou-se em Tbilisi, a 1ª Conferência

Intergovernamental Sobre Educação Ambiental, que foi o ponto culminante

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da primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, iniciado

na cidade de Belgrado em 1975. A Conferência reuniu especialistas de todo

o mundo para discutir propostas elaboradas em vários encontros sub-

regionais, promovidos em todos os países acreditados pela ONU, também

contribuiu para definir os princípios, objetivos e características da Educação

Ambiental, formulando recomendações e estratégias pertinentes ao plano

regional, nacional e internacional (DIAS, 2004).

Para o desenvolvimento da Educação Ambiental, é recomendado que

se considerassem todos os aspectos políticos, sociais, econômicos,

científicos, tecnológicos, culturais, ecológicos e éticos. Também foi colocado

que a Educação Ambiental deveria ser o resultado de uma reorientação e

articulação de diversas disciplinas e experiências educativas, facilitando a

visão integrada do ambiente, onde indivíduo e coletividade pudessem

compreender a natureza complexa do ambiente adquirindo conhecimentos,

valores, comportamentos e habilidades praticas para participar de maneira

eficaz da prevenção e solução dos problemas ambientais (DIAS, 2004).

Foi na Conferência de Tbilisi que concluiu-se que a Educação

Ambiental teria como finalidade a promoção da compreensão da existência e

da importância da interdependência econômica, política, social e ecológica

da sociedade (DIAS, 2004).

No Brasil, houve um certo descaso com a Conferência, passando

como algo desconhecido, e assim em 1978 o MEC publicou o documento

“Ecologia – uma proposta para o ensino de 1º e 2º graus”. Esta proposta

acondicionava a Educação Ambiental nos pacotes das ciências biológicas,

como queriam os países industrializados, sem que se considerassem os

demais aspectos da questão ambiental, comprometendo o potencial

analítico e reflexivo dos contextos local e global, como os aspectos

socioambientais (DIAS, 2004).

Este documento foi motivo de insatisfação, frustração e escândalos

nos meios ambientalistas e educacionais brasileiros que já se envolviam

com atividades de Educação Ambiental, uma vez que as propostas de Tbilisi

apresentavam elementos os quais eram considerados essenciais e

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21

adequados para desenvolver e contextualizar a Educação Ambiental em

países até então considerados subdesenvolvidos e em desenvolvimento

(DIAS, 2004).

Após este período, inicia-se no Brasil varias iniciativas para o

desenvolvimento das atividades de Educação Ambiental, por parte dos

órgãos estaduais e setoriais do Meio Ambiente. Passados dez anos da

Conferência de Tbilisi, o Brasil havia produzido em Educação Ambiental

apenas documentos em sua maior parte com forte atuação dos órgãos

ambientais e iniciativas de alguns centros acadêmicos (DIAS, 2004).

Conforme acordo na Conferência de Tbilisi, foi realizado em agosto

de 1987, na cidade de Moscou, o Congresso Internacional Sobre Educação

e Formação Ambiental, promovido pela UNESCO, cujo objetivo era analisar

as conquistas e dificuldades encontradas pelos países no desenvolvimento

da Educação Ambiental e estabelecer elementos para uma estratégia

internacional de ação para a década de 90. O Brasil porém nada

apresentou, uma vez que divergências entre Sema e MEC que ficaram

encarregados de elaborar as propostas impediram grandes produções

(DIAS,2004).

Com as divergências, coube ao Conselho Federal de Educação,

aprovar o Parecer 226/87, o qual incluía a Educação Ambiental entre os

conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares de 1° e 2° graus,

sendo este o primeiro documento oficial do MEC e de acordo com as

propostas de Tbilisi tratando sobre Educação Ambiental (DIAS,2004).

No final de 1989, o MEC criou o grupo de trabalho para a Educação

Ambiental, coordenado pela professora Neli Aparecida de Melo. A partir daí,

várias iniciativas começaram a surgir, visando também a participação na

Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e o Meio

Ambiente, realizada na Rio-92 (DIAS,2004).

Na década de 90, começou-se o debate sobre tornar a Educação

Ambiental uma disciplina a ser implantada nos currículos escolares. Este

debate ganha desfecho com a criação dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs), o que coloca a Educação Ambiental como um tema

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transversal, a ser abordado em todos os blocos de conteúdos de todas as

disciplinas pertencentes ao currículo dos Ensino Fundamental e Médio

(DIAS,2004).

A partir deste período, o IBAMA, criou o NEAS – Núcleo de Educação

Ambiental – iniciando uma série de eventos nos estados. Em Curitiba, a

Universidade Livre do Meio Ambiente, foi o pólo difusor de divulgação de

conhecimento dos seus programas de capacitação nas áreas de gestão e

EA (DIAS,2004).

As premissas de Tbilisi e Moscou colaboraram para a realização da

Rio-92, e em relação a EA, constatou-se a necessidade de concentração

dos esforços para erradicar o analfabetismo ambiental para as atividades de

capacitação de recursos humanos e na área ambiental (DIAS,2004).

Para que o proposto na Rio-92 se concretiza-se, o MEC instituiu o

Grupo de Trabalho em caráter que também coordena, apóia , acompanha,

avalia e orienta as ações, metas e estratégias de implantação da EA nos

sistemas de ensino, atingindo todos os níveis e modalidades (DIAS,2004).

Através desse grupo houve a promoção em todas as regiões do país

de encontros com as secretarias de educação dos estados e municípios com

o objetivo de planejar conjuntamente as atividades de Educação Ambiental

(DIAS, 2004).

Em 1994, o MEC em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, dos

Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA) com intervenção do

Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério da Cultura, formularam o

Programa Nacional de Educação Ambiental – Pronea – o que culminou mais

tarde na Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA),1999

(DIAS,2004).

A partir daí, tem-se instrumentos que impõe um ritmo intenso no

desenvolvimento do processo de EA no Brasil. Mesmo com os progressos

constatados, ainda muitos projetos de EA esbarram nos interesses

econômicos que fazem imposições, levando órgãos e organizações

envolvidas a adiarem a execução dos mesmos (DIAS, 2004).

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O Brasil é o único país na América Latina, que apresenta uma política

nacional específica para a Educação Ambiental. Esta conquista se deu a

base de grandes sacrifícios de centenas de ambientalistas anônimos,

funcionários dos mais diversos órgãos, ongueiros, e outros grupos para

convencer parlamentares, derrubando a resistência que até então persistia

(DIAS, 2004).

A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) envolve em sua

esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema

Nacional do Meio Ambiente, instituições educacionais públicas e privadas

dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, e Ongs com atuação em EA (DIAS,2004).

A PNEA é composta por quatro capítulos e vinte um artigos, onde

cada capítulo obedece a seguinte estrutura:

Capítulo I – Da Educação Ambiental

Capítulo II – Da Política Nacional de Educação Ambiental

Capítulo III – Da execução da Política Nacional de Ed. Ambiental

Capítulo IV – Disposições Finais

O capítulo I, consiste na definição de Educação Ambiental (art 1°),

destacando que todos tem direito a EA e quem são os responsáveis por

oferecê-la aos indivíduos (art 3°) (DIAS,2004).

Em seu segundo capitulo, que é dividido em três seções, são

apresentadas a caracterização da política nacional, quem está envolvido

nesse processo, descreve as atividades de EA vinculadas a política, seus

princípios e objetivos (Seção I). Também descreve e conceitua a EA no

Ensino Formal (Seção II) e a EA no ensino não formal (Seção III) (DIAS,

2004).

No terceiro capítulo são apresentadas as atribuições do órgão gestor

da política, descrevendo as diretrizes de implantação e responsáveis a nível

Federal, Estadual e Municipal. Em seu quarto e último capítulo apresenta

regulamentação da Lei, que institui a PNEA (DIAS, 2004).

Page 24: Formação continuada em ea

24

Com uma breve análise da política, conclui-se que a PNEA, é um

instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, sendo obrigatória sua

adoção por instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas, seus

objetivos, princípios e diretrizes estão sujeitos aos aspectos formais e não

formais e sua abrangência envolve todos os setores sociais possibilitando

parcerias entre instituições (DIAS, 2004).

Se considerada pelo ponto de vista educacional, a Educação

Ambiental resgata a visão de conjunto e interdependência das disciplinas do

currículo tradicional, assim ela se torna uma ferramenta de compreensão da

realidade buscando assim a formação do cidadão, aptos a promover atitudes

em prol de uma sociedade sustentável (DIAS, 2004).

Em relação às leis que enfatizam a Educação Ambiental, além da Lei

9795/99, a qual institui a PNEA, existem outras onde a EA é citada. Destas

merecem destaque a Lei nº6938, de 31 de agosto de 1981, a Constituição

Federal de 1988, a Lei nº9394, de 20 de dezembro de 1996, a Lei nº 10172,

de 09 de janeiro de 2009 e o Decreto nº4281, de 25 de junho de 2002

(DIAS,2004).

A Lei nº 6938, institui a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA),

onde em seu artigo 2º, inciso X, afirma a necessidade de promoção da EA

em todos os níveis de ensino, incluindo a educação da comunidade com o

objetivo de capacitá-las para uma participação ativa na defesa do meio

ambiente, assim a EA nasce como um princípio e uma ferramenta da política

ambiental.

Na Constituição Federal, em seu artigo 225, §1º, inciso VI, reconhece

o direito constitucional de todos os cidadãos brasileiros à Educação

Ambiental atribuindo ao Estado o dever de “promovera EA em todos os

níveis de ensino e a conscientização para a preservação do meio ambiente”

(DIAS, 2004).

Na Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) existem poucas menções à

EA. A referência feita no artigo 32, inciso III, segundo o qual se exige, para

o Ensino Fundamental, “a compreensão ambiental natural e social do

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25

sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade. No artigo 36, §1º, segundo o qual os currículos do

ensino fundamental e médio, devem abranger obrigatoriamente o

conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política

especialmente do Brasil (DIAS,2004).

O Plano Nacional de Educação (PNE), instituído com a Lei nº 10172,

apesar de incluir a EA como tema transversal, apenas consta que ela deve

ser implementada no Ensino Fundamental e Médio deixando de obedecer o

estabelecido na PNEA, que exige a abordagem em todos os níveis de

ensino e modalidades (DIAS,2004).

Regulamentando a PNEA, temos o Decreto nº4281, que além de

detalhar as competências, atribuições e mecanismos definidos para a PNEA,

o decreto cria o órgão gestor responsável pela coordenação da Política

Nacional de Educação Ambiental, constituído pela diretoria de EA do

Ministério do Meio Ambiente e pela coordenação geral de EA do Ministério

da Educação. Após a criação desses órgãos, diversos documentos foram e

continuam sendo produzidos com o objetivo de disseminar o processo de

realização de EA, não só nas escolas mas em toda a sociedade

(DIAS,2004).

Entre os documentos temos uma série intitulada de Documentos

Técnicos, que fazem parte do ProFEA (Programa Nacional de Formação de

Educadoras(es) Ambientais), uma outra publicação, foi o livro Identidades da

Educação Ambiental Brasileira, com intermédio do Programa Nacional de

Educação Ambiental, cujo objetivo é continuar disseminando o diálogo como

essência principal da troca de experiências no campo ambiental. Uma das

principais produções é o SISNEA (Sistema Nacional de Educação

Ambiental), que tem como objetivo a estruturação da gestão da PNEA,

fortalecendo as bases sustentadoras da sociedade garantindo a participação

efetiva de grupos e instituições engajadas no processo de levar a EA à

sociedade.

Para orientar a implementação de projetos voltados a EA, em 2002,

criou-se o Manual de Implementação do Programa Parâmetros em Ação

Page 26: Formação continuada em ea

26

Meio Ambiente na Escola Para os Secretários de Educação, que tinha por

objetivo orientar as secretarias de educação que desejam implementar o

Programa Parâmetros em Ação com a parceria com o Ministério da

Educação.

Muitas são as publicações e produções dos órgãos criados com

objetivo de tornar-se efetiva a implantação de projetos voltados a EA dentro

das escolas, porém se não tivermos grupos de pessoas realmente dispostos

por si só trabalhando no desenvolvimento destes projetos, as produções

acabam por ficar apenas no papel.

3.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

A intensificação da preocupação ambiental nos últimos anos, é vista

como impulso para o surgimento de iniciativas por parte de vários setores da

sociedade com o propósito de desenvolver atividades e projetos cujo

objetivo é educar a sociedade como um todo, sensibilizando-a nas questões

que se referem ao meio ambiente (CUNHA; JADOSKI, 2006).

Das iniciativas adotas, a mais utilizada, é a educação, uma vez que é

a base para o desenvolvimento de uma sociedade, assim os indivíduos

adquirem subsídios, os quais permitem exigir seus direitos e cumprirem com

seu deveres, tendo condições para desempenharem seu papel de cidadão

(CUNHA; JADOSKI, 2006).

De acordo com Cunha e Jadoski (2006), uma maneira efetiva, para se

obter resultados satisfatórios quanto ao uso da educação como iniciativa

para mitigar os problemas ambientais, é leva-la para dentro da escola, com o

objetivo de fazer dos alunos e professores multiplicadores em seu cotidiano

de atividades benéficas ao meio ambiente.

Quando ocorre este processo, de conscientização ambiental dentro

das escolas, nos referimos à Educação Ambiental Formal, que é

desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino, seja

Page 27: Formação continuada em ea

27

pública ou privada, englobando todos os níveis e modalidades de ensino

(CUNHA; JADOSKI, 2006).

A EA nas escolas, não se apresenta só como uma passagem de

informação, mas também no momento da aplicação dessas informações,

como ferramenta de mudança de comportamento e atitudes (CUNHA,

JADOSKI, 2006).

A EA, é vista como um processo duradouro, sendo desenvolvido

como uma prática educativa integrada, contínua e permanente, não sendo

implantada como disciplina específica dos currículos escolares (CUNHA;

JADOSKI, 2006).

A inserção da temática ambiental no ensino formal, ocorre

primeiramente com uma revisão dos conteúdos programáticos, adequando-

os à realidade de cada localidades, tendo como referencial os PCNs. A

etapa seguinte é executada com o apoio de uma equipe multidisciplinar e

todos os professores envolvidos. Juntamente com a definição de objetivos

educacionais e início da produção de recursos instrucionais, a escola deve

capacitar-se para estar apta a desenvolver os projetos de acordo com cada

realidade. O esquema a seguir ilustra todo o processo de inserção da

temática ambiental nos Programas de Educação (Figura 2) (DIAS, 2004).

Figura 2- Processo de Inserção da EA nos Programas de Educação. FONTE: Dias, 2004.

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28

A partir do momento em que a escola assume o compromisso do

trabalho com a temática Meio Ambiente, surge a necessidade de aquisição

de conhecimentos e informações por parte da comunidade escolar envolvida

no processo (professores, diretores, coordenadores e demais funcionários)

para que o trabalho a ser desenvolvido junto aos alunos atinja os objetivos

propostos durante a elaboração da Proposta Pedagógica da escola.

A busca pelo conhecimento e pelas informações referentes ao tema,

meio ambiente, pode ser feita através dos cursos de formação e de

capacitação, oferecidos pelos órgãos responsáveis (Secretarias de

Educação e Meio Ambiente), por Organizações Não Governamentais e

também a própria escola oferecendo para a comunidade escolar essa

formação, promovendo palestras e cursos internos.

O desenvolvimento das atividades de EA na escola quando voltadas

para os alunos, geralmente são propostas através dos projetos

apresentados nas capacitações e formações oferecidas para todas as

escolas através das Secretarias Municipais de Educação e Meio Ambiente,

onde as atividades são pré-determinadas, se adequando a realidade de

cada unidade escolar. Em algumas situações, a escola pode firmar parcerias

com Ongs, e através delas levar atividades de EA, para serem

desenvolvidas junto com os alunos, sem obedecer um projeto determinado

pelos órgãos governamentais. Em relação as atividades de EA para a

comunidade escolar, elas podem ser oferecidas via Secretarias (Educação e

Meio Ambiente), onde as mesmas são realizadas nas capacitações,

envolvendo teoria e prática, também através das Ongs com parcerias com

as escolas (MEDINA, 2006).

Após todo o processo de capacitação e formação para o

desenvolvimento das atividades de EA, o professor deve planejar suas

ações e definir a didática / método a ser adotada(o) de acordo com os

objetivos propostos, não podendo esquecer e nem ignorar o processo de

aprendizagem dos alunos, não forçando resultados esperados. O professor

deve ter um plano, que serve como um guia, o qual situações inesperadas

de aprendizagem devem ser levadas em conta (MEDINA, 2006)

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Vale ressaltar que os alunos, carregam consigo, experiências de vida,

crenças, valores e interesses os quais devem ser respeitados no

desenvolvimento das atividades de EA.Dessa maneira ocorre um processo

de interação professor-aluno, o qual permite que ambos assumam

responsabilidades nos Projetos de Educação Ambiental, objetivando a

eficácia dos mesmos.A interação professor-aluno e os pontos relevantes no

desenvolvimento das atividades de EA, que devem estar de acordo com os

currículos escolares, são representados na figura a seguir (MEDINA,1996)

(Figura3).

Figura 3- Interação Professor-Aluno e Pontos Relevantes no Desenvolvimento das Atividades de EA. FONTE: Medina,1996.

O professor deve priorizar sua própria formação (capacidades e

habilidades) à medida que as necessidades surgem ao longo do processo

educativo. Ele deve ter como meta aprofundar seu conhecimento, por dois

motivos, o primeiro para que ao abordar os conteúdos gerais ou específicos

em cada disciplina, o professor consiga vê-los não só por partes, mas

também o global, ou seja, as interações com as outras áreas do ensino. O

segundo motivo está relacionado com a habilidade de identificar as diversas

oportunidades para abordar o tema meio ambiente de maneira transversal e

integrada, discutindo valores e atitudes envolvidos e a percepção e

reconhecimento dos elementos pertencentes a cada realidade (MEDINA,

2006)

O docente é considerado como agente transformador dos conteúdos

os quais pretende desenvolver com seus alunos, e para isso um aspecto

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30

importante que é refletir sua prática pedagógica, levando em consideração

algumas questões como: Quais são as causas de sua prática? Que

pressupostos, valores e crenças conscientes ou inconscientes revelam-se

nelas? De onde procedem? Quais práticas sociais expressam? A que

interesses servem? Que mudanças esperam? (MEDINA, 2006).

Quando o professor analisa sua própria prática pedagógica, os

resultados desta análise se tornam fonte de informação para se alcançar o

objetivo principal proposto, o de mudança de comportamento em aula, de

novas condutas (MEDINA, 2006).

Segundo Medina, a partir do momento em que o professor reconhece

suas ações reais e concretas, é que se inicia o processo de renovação e

transformação educativa. Esta transformação é orientada pelas análises e

respostas das perguntas colocadas durante o processo de reflexão do fazer

educativo, obtendo uma visão mais objetiva do porque estar atuando dessa

maneira (confrontar e informar) e como identificar pontos para iniciar o

caminho das transformações para desenvolver uma prática coerente e que

esteja englobada com as necessidades da sociedade atendida (reconstruir).

Um outro ponto considerado neste processo de transformação é entender e

reconhecer os aspectos positivos e negativos inseridos em sua prática

educativa (descrever e desconstruir).

O processo de transformação da prática pedagógica, discutido acima

pode ser representado na figura a seguir.

Page 31: Formação continuada em ea

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Figura 4- Processo de Transformação da Prática Pedagógica. FONTE: Medina, 2006.

De acordo com Medina o processo de análise crítica, onde confrontar,

descrever, analisar criticamente e reconstruir a prática pedagógica, é o

primeiro passo para a implantação de novas posturas e inclusão da EA na

prática do cotidiano dos professores, sendo o impulso inicial para a busca de

sua capacitação e formação continuada.

A EA, coloca o professor como sujeito que aprende, sendo agente de

sua própria formação, interagindo e construindo novos conhecimentos de

forma contínua e participativa realizada na realidade escolar onde a escola

está inserida. Outro elemento a ser considerado para se trabalhar a EA, é

desenvolver qualidades específicas para desenvolver o trabalho em equipe,

que é fundamental no sucesso das práticas educativas em EA (MEDINA,

2006).

Segundo Medina, o processo de formação em EA, algumas

características são identificadas para o sucesso das atividades a serem

desenvolvidas, entre as quais temos as características físico-emocionais,

relacionadas com a autoestima do professor, como ele recebe novas

informações, a confiança nos seu próprio trabalho e ser criativo para quebrar

o paradigma de novas mudanças. Um outro grupo de características são as

sócio psicológicas, relacionadas com suas relações sociais e de amizade, a

capacidade de interagir social e intelectualmente, seu desempenho no

Page 32: Formação continuada em ea

32

trabalho em equipe e como aceita as diferenças dentro do grupo ao qual

está inserido. O último grupo está relacionado com as características

pessoais - intelectuais, onde se destacam o prazer na estimulação

intelectual, aceitar e buscar novos conhecimentos, o gosto por novos

desafios e a capacidade de inovação em suas práticas.

A demanda por formação de professores em EA, tem como marco

inicial a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, 1981), onde é

determinada a EA em todos os níveis e modalidades de ensino, e também

no que se diz respeito a conscientização pública. A EA proposta na PNMA,

focava a capacitação da sociedade civil, contribuindo para uma participação

ativa na defesa do meio ambiente. Sendo assim o cumprimento desta lei,

exigia a formação dos professores visando uma educação para a

democracia, ou seja, é fundamental a participação nos processos de tomada

de decisão na formulação e implementação das políticas públicas (GOÈS,

2008)

É a partir da PNEA (1999), que a formação inicial e continuada de

professores, coerentes às propostas de EA deveriam ser desenvolvidas na

educação formal e não formal. Toda legislação vigente (PNMA-1981, CF-

1988, LDB- 1996 e PNEA-1999), influenciaram na formulação de políticas

educacionais voltadas para a inserção da temática ambiental nos diferentes

níveis e modalidades de ensino, lançando o desafio à formação docente e

inovação de seu trabalho (GOÉS, 2008).

Segundo Góes, a política educacional determina á partir de 1998, a

inserção da temática ambiental de modo transversal e interdisciplinar em

todas as disciplinas do ensino fundamental, e após isso o MEC publica o

Programa Parâmetros em Ação, que contribui para a formação continuada

dos professores, de modo que eles abordem a temática no conjunto das

disciplinas.

Segundo Libâneo (2004), o termo formação continuada vem

acompanhado de outro, a formação inicial, que se refere ao ensino dos

conhecimentos teóricos e práticos os quais são destinados a formação

profissional. A formação continuada é o prolongamento da inicial, visando o

Page 33: Formação continuada em ea

33

aperfeiçoamento profissional teórico e pratico no próprio contexto de

trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além

do exercício profissional.

A formação continuada vem sendo foco de muitas pesquisas e

discussões, o que se conclui que esta formação não se limita apenas a

ações para reciclagens pedagógicas, mas ações transformadoras da

experiência profissional.

Quando se discute a formação dos professores, principalmente na

década de 90, a ênfase é na formação continuada, reduzindo-se ao conceito

de capacitação, ficando a formação inicial em segundo plano (TORRES,

1998). Para que haja a ligação entre a formação inicial e a continuada, existe

a necessidade de novas articulações entre essas formações, para que a

formação do professor aconteça num processo contínuo.

Na legislação a formação continuada, já era apresentada na LDB

5692/71, que foi promulgada na época do Golpe Militar e que em seu

capítulo V, aponta o que se deseja dos professores e especialistas da

educação. Fica estabelecida a formação mínima exigida para o exercício do

magistério nos ensinos de 1º e 2º graus, nomenclatura adotada aos níveis

de ensino na época. No art 38 da lei era determinado que:

“Os sistemas de ensino estimularão, mediante planejamento

apropriado, o aperfeiçoamento e atualização constante dos seus professores

e especialistas de educação”. Mesmo presente na lei, poucas e efetivas

ações ocorriam no contexto da formação (GOÉS, 2008).

Mais tarde a LDB 5692/71, foi substituída pela LDB 9394/96, em vigor

ate hoje. A lei apresenta os seguintes pontos sobre a formação continuada:

em seu art 63, §II, programas de educação continuada para os profissionais

de educação dos diversos níveis. Em seu art 67, os sistemas de ensino

promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes,

inclusive nos termos e nos planos de carreira do magistério público. No

mesmo artigo, no §II, diz que o aperfeiçoamento profissional continuado,

inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim. No §V,