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FORMAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA LONDRINA (PR) A PARTIR DOS PROCESSOS MIGRATÓRIOS
Terezinha Ferreira Dornelles1
Edilaine Valéria Destefani2
RESUMO: Através do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), o governo
do estado do Paraná, visa melhorar as condições de trabalho dos professores da
rede de ensino, propondo estudos relacionados ao campo de trabalho de cada
educador, valorizando assim o magistério e dando melhores condições de trabalho
aos educadores paranaenses. Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de levar o
aluno a compreender a participação dos migrantes em diferentes fluxos migratórios
na formação do município de Nova Londrina. Como metodologia de pesquisa foram
realizados entrevistas com moradores e alunos e a construção da árvore
genealógica com as famílias dos alunos. Entretanto deve-se salientar que a memória
de vida das pessoas que fizeram parte desse processo de colonização e ocupação
do espaço geográfico do Noroeste do Estado, em especial de Nova Londrina, está
sendo perdido pela falta de contato dos mais jovens com os mais velhos, e que
velhos hábitos de se sentar na frente de casa ou mesmo dentro do recinto e contar
histórias estão sendo deixada de lado, perdendo assim a nossa identidade cultural.
É importante salientar que a formação do município de Nova Londrina foi constituído
em sua maioria por migrantes oriundos do estado de São Paulo e do Nordeste
atraídos inicialmente pela expansão da cafeicultura juntamente com a atuação de
empresas colonizadoras e posteriormente por uma diversificação de culturas.
Palavras Chaves: Nova Londrina, migração, miscigenação.
1 Didática-Fundamentos Teóricos da Prática Pedagógica, Geografia, Prof. PDE do Colégio Estadual
Ary João Dresch – E. F. M. N. P. 2 Prof. Mestre em Geografia da Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí -
FAFIPA e Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - UNESPAR - CAMPUS DE
PARANAVAÍ
Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí
1. Introdução
O presente artigo, desenvolvido na área do ensino de Geografia, atende
uma exigência do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), política pública
do Governo do Estado do Paraná, que promove e estabelece um diálogo entre os
professores da Educação Superior e os da Educação Básica do estado através de
atividades orientadas, tendo como resultado aquisição de conhecimento e mudanças
na prática escolar. O PDE foi criado pela Lei Complementar nº 103, de 15 de março
de 2004. Esse programa compreende um conjunto de atividades articuladas,
buscando uma comunicação entre os profissionais da educação do nível básico e do
nível superior.
Buscamos com este trabalho de pesquisa acadêmica, verificar o processo
de colonização e os diversos fluxos migratórios que convergiram para o Município de
Nova Londrina, oriundos de diversos Estados brasileiros e de outros Países em
diferentes momentos econômicos. Neste processo ficou evidenciada a grande
atração que a economia cafeeira exerceu sobre esses fluxos, principalmente na
década de 1960; bem como a pecuária e a mandioca nos anos 70 e a cana de
açúcar para produção de álcool, mais especificamente nos anos 80.
O tema proposto para o desenvolvimento deste estudo relaciona-se a vários
aspectos da sociedade brasileira, entre estas, destaca-se a questão étnica, de
miscigenação, de migração e de identidade/diversidade cultural em função do seu
processo de ocupação e povoamento no noroeste do Estado do Paraná, onde está
localizado o município de Nova Londrina (Figura 1).
Figura 1 – Localização do município de Nova Londrina. Fonte: IPARDES (2010) Nota: Base Cartográfica ITCG (2010)
Desenvolver junto aos alunos este tema, que envolve a questão da formação
do município de Nova Londrina, significa promover uma análise teórica e crítica
conceitual do objeto de estudo da geografia, ou seja, “as relações do homem com o
espaço geográfico”.
A geografia é uma área do conhecimento que para sua compreensão exige o
estabelecimento de múltiplas relações em relação ao objeto de investigação
independente da temática que está sendo estudada.
Considerando que Nova Londrina está inserida numa região do Estado do
Paraná de formação recente, o tema abordado permite trabalhar com os alunos a
concepção da relação entre o processo de ocupação e construção do território,
permitindo a eles conhecer a dimensão socioeconômica, política e cultural de seu
município.
O problema a ser enfrentado consiste no distanciamento existente entre o
conteúdo ministrado em sala de aula e a realidade vivida pelos alunos. Com a
implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola, os estudantes
foram colocados frente a frente com sua realidade, os quais puderam entender que
o espaço geográfico é dinâmico e está sempre sendo reconstruído, percebendo
também que todos somos responsáveis por isso, assim como os agentes dessa
reconstrução.
A escola do século XXI vem enfrentando dificuldades em implantar e
implementar os conteúdos teórico-metodológicos, de acordo com as propostas
pedagógicas, estabelecidas pelos currículos escolares, à realidade vivenciada por
seus alunos. Neste contexto, o professor tem que elaborar seu plano de trabalho
docente, vinculado a isto e às necessidades de suas diferentes turmas e escolas de
atuação.
No caso dos estudos da disciplina de geografia, esta enfrenta outra
dificuldade nessa implementação, devido a sua natureza interdisciplinar, que a
contento, ao tratar do objeto de estudo de uma disciplina, busca nos quadros
conceituais de outras disciplinas referenciais teóricos que possibilitem uma
abordagem mais abrangente desse objeto.
O ensino de geografia requer que o professor pense em termos de contribuir
e proporcionar aos alunos debates frequentes, textos e conteúdos adequados à sua
realidade cotidiana, e a formação continuada dos professores alicerça o
aprimoramento da prática metodológica.
A aplicação desse projeto ocorreu em turma de primeira série do Ensino
Médio do Colégio Estadual Ary João Dresch — Ensino Fundamental, Médio, normal
e profissionalizante, localizado na cidade de Nova Londrina-Pr. Esse colégio possui
instalações amplas e atende alunos oriundos de todo o município e é mantido pelo
Governo do Estado do Paraná, administrado pela Secretaria de Estado da Educação
nos termos da legislação em vigor.
O Projeto Político dessa escola está embasado nos princípios do aprender a
conhecer, no aprender a fazer e no aprender a ser. E, nesse processo, o papel do
professor é fundamental, pois cabe a ele apresentar os conteúdos de forma que os
alunos desenvolvam competências e habilidades necessárias ao seu
desenvolvimento como cidadãos.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ETNIA E MISCIGENAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Os fluxos migratórios estabelecidos no território brasileiro foram
caracterizados por uma população miscigenada de várias etnias. Inicialmente o
Brasil era composto por uma população indígena, depois vieram os brancos
(europeus) e os negros (trazidos como escravos), estes foram os três grupos
básicos que formaram a população brasileira.
A imigração foi decisiva na construção de nossa identidade mestiça, com
mistura de tradições e cultura de várias partes do globo. A figura do imigrante nos é
tão íntima que há como imaginar a formação do povo brasileiro sem ele, pois ele
também está na base da formação da nossa população.
Brancos, negros e indígenas deram origem a algumas misturas étnicas,
como o mameluco ou caboclo (índio com branco), o mulato (branco com negro) e o
cafuzo (índio com negro), fundaram no Brasil uma cultura e sociedade únicas,
diferentes das encontradas na Europa. Mais do que as contribuições originais de
cada etnia, nossa sociedade surgiu dessa mistura cultural que de diversas maneiras
continuam presentes até os dias de hoje.
O Paraná é um dos estados com maior diversidade étnica do Brasil. Vários
povos ajudaram a construir o Paraná de hoje. As etnias que colonizaram o Estado
trouxeram na bagagem sua cultura, costumes e tradições. Os imigrantes chegaram
com a promessa de encontrar paz numa Terra desconhecida, mas que prometia
trabalho, terra, produção e tranquilidade.
A colonização maciça só começou depois da proibição do tráfico de
escravos, o que aumentou a procura de mão de obra para trabalhar nas fazendas de
café, principalmente, no Norte do Estado. Essa mão de obra assalariada passou a
ser a melhor alternativa para o desenvolvimento da pecuária, que até então era a
principal cultura do Paraná, e das lavouras de café.
Após vários anos a homogeneização das etnias se evidencia em nosso país.
[...] para dizer de forma simples: não importa quão diferentes seus membros possam ser em termos de classe, gênero ou raça, uma cultura nacional busca unificá-los numa identidade cultural, para representá-los todos como pertencendo à mesma grande família nacional (Hall, 2006, p. 59).
É interessante e por vezes pode ser necessário compreender dentro do
processo migratório o reflexo das diferentes etnias e o que sua miscigenação produz
e configura no espaço geográfico em termos culturais. As características de um
determinado espaço podem ser determinadas pelas atividades, valores e costumes
de determinados grupos sociais.
2.2 MIGRAÇÕES: CONCEITUAÇÃO
Os fluxos migratórios não só marcaram a formação do nosso país, como
estão até hoje na dinâmica do deslocamento impulsionados pela necessidade de
sobrevivência.
O movimento das populações, no espaço projetado pelas migrações é
motivado por vários fatores, que podem ser: políticos, religiosos, naturais, culturais,
mas sem sombra de dúvida, o fator que historicamente tem sido predominante é o
econômico.
Considerando o aspecto econômico verifica-se que nas áreas de repulsão
populacional, observam-se desemprego, subemprego e baixos salários ou
rendimentos. Já nas áreas de atração populacional, vislumbram-se melhores
perspectivas de emprego e salário e, portanto, melhores condições de vida.
De maneira geral são concretizados dois grandes tipos de migração: a
migração internacional que está relacionada ao movimento de saída de pessoas de
um país para outro; e a migração interna que caracteriza os movimentos
estabelecidos dentro de um mesmo país, constituindo-se os deslocamentos de
pessoas relacionados ao êxodo rural, êxodo urbano, a migração urbano-urbano, a
migração diária ou pendular, o nomadismo, e a migração de retorno (ABUD, 2008).
Qualquer deslocamento de pessoas traz consequências demográficas
aumentando ou diminuindo o número de habitantes de uma região. Outra
consequência se refere ao aspecto cultural ocorrendo a troca e o enriquecimento
dos valores postos em contato.
Em relação ao conceito de migração Rua (2005) assim define:
[...] um mecanismo de redistribuição espacial da população que se adapta, em última análise, ao rearranjo espacial das atividades econômicas [...] fazem parte das transformações estruturais pelas quais passa a sociedade brasileira, isto é, são ao mesmo tempo, fatores e resultados do processo de transformação (RUA, 2005, p. 177).
De acordo com Lee a migração é vista como:
[...] uma mudança permanente ou semi-permanente de residência. Não se põem limitações com respeito à distância do deslocamento.
Ou à natureza voluntária ou involuntária do ato, como também não se estabelece distinção entre migração externa e migração interna [...] (apud Abud et all, 2008, p. 3).
De qualquer forma, o que se percebe é que devido à complexidade do
próprio movimento migratório, não existe uma definição do conceito de migração que
dê conta de todos os processos que estão por traz da migração em si.
Desenvolver estudos de cunho geográfico relacionados ao processo de
migração tem importância, pois remete a uma análise do espaço geográfico e suas
transformações, principalmente no que se refere as condições econômicas
estruturais e conjunturais e outros processos que influenciam a mobilidade da
população no espaço.
Para Rua (2005) as migrações envolvem as seguintes dimensões de
análise:
• As migrações são um elemento constitutivo do espaço geográfico;
• As migrações contribuem para a intervenção sobre a natureza;
• As migrações só podem ser compreendidas dentro do contexto da
constituição e das modificações do mercado de trabalho;
• As migrações estão enraizadas no contexto social e a sua ocorrência
associa-se frequentemente a movimentos de transformação na
sociedade.
2.3 MIGRAÇÕES NO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Quando se analisa as migrações dentro do território brasileiro verificam-se
dois tipos principais: as migrações intra-regionais, que são feitas dentro de uma
mesma região e as migrações inter-regionais, que se caracterizam de uma região a
outra.
Segundo RUA (2005), sinteticamente podem-se referenciar as fases de
migração no território brasileiro da seguinte forma:
• A migração no Brasil sempre esteve muito ligada a localização geográfica
das atividades econômicas. Inicialmente foram os índios que foram
expulsos das suas terras para dar lugar à lavoura canavieira migrando
para o interior.
• Nos séculos XVII e XVIII agricultores sem terra no litoral nordestino,
migraram como vaqueiros para povoar o sertão.
• No século XIX a migração se intensificou com o deslocamento de
habitantes da região nordeste para a região centro-sul, motivados pelo
desenvolvimento da mineração, ou para a região Amazônica em
decorrência da atividade de extração da borracha;
• No século XX, a partir de 1930, o fluxo migratório se intensifica
verificando-se uma grande mobilidade da população nordestina para a
região sudeste e entrada de imigrantes europeus empolgados pelo
desenvolvimento da agricultura cafeeira.
• A partir da década de 70, a mobilidade da população se intensifica no
processo denominado de êxodo rural, motivado pelo processo de
urbanização e industrialização e por uma agricultura caracterizada pelo
latifúndio e mecanização;
• No centro-oeste a população que migra ocupa essa região num primeiro
momento pela especulação fundiária, impulsionada por planos
governamentais e secundariamente pelo avanço da fronteira agrícola.
Dessa forma, como característica geral, nota-se que as causas da migração
no Brasil estão relacionadas à necessidade permanente de se incorporar à divisão
geográfica do trabalho, recursos econômicos de novos territórios e os fatores de
expulsão, que afetam os habitantes de uma região por transformações técnicas ou
estruturais e estagnação econômica da região (RUA, 2005).
2.4 O(S) FLUXO(S) MIGRATÓRIO(S) NO NORTE DO PARANÁ
O Estado do Paraná, a partir do século XX, principalmente depois dos anos
20, começa a intensificar o processo de povoamento, transformando as regiões
Norte e Sudoeste em verdadeiras zonas pioneiras. Isso decorreu em função da
pressão que o governo do Estado vinha sofrendo por parte do governo federal em
ocupar e povoar o restante do interior paranaense. Esse processo de ocupação se
deu no centro do movimento político-econômico nacional denominado “Marcha para
o Oeste”, deflagrado no início da década de 1930, durante o governo de Getúlio
Vargas (Schneider, 2008).
Segundo Schneider (2008), a ideologia da “Marcha para o Oeste”, proposta
por esse governo, era formada por um conjunto variado de ações governamentais,
que permitia desde a implantação de colônias agrícolas a abertura de novas
estradas, até obras de saneamento rural e bem como a construção de hospitais
(Schneider, 2008).
Esta política nacionalista/expansionista buscava a integração nacional concomitantemente à organização dos territórios, garantindo, dessa forma, além da segurança e da efetiva posse, também a exploração de imensas regiões fronteiriças praticamente inabitadas, em prol da organização administrativa, do desenvolvimento socioeconômico e da ocupação de espaços até então considerados vazios do ponto de vista demográfico (LOPES, 2002)
Tais políticas permitiram a ocorrência de um fluxo regular de imigração, pelo
acelerado desmatamento, pelo aumento da taxa de ocupação do solo destinado à
agricultura, pela abertura de estradas e pela criação de vilarejos e cidades ligadas
entre si. (Balhana et all, 1969).
Neste contexto, o Estado uniu forças com as companhias colonizadoras
particulares e definiu alguns critérios para que o empreendimento tivesse sucesso.
Segundo Schneider (2008), dentre estes critérios estava a conformação fundiária,
sendo que prevaleceriam os minifúndios, os quais, embora não fossem tão eficientes
para a grande produção, eram a melhor maneira de consolidar o incremento
populacional.
Devesse salientar que o processo de colonização e povoamento do Norte do
Estado, se deu acompanhando o avanço da economia cafeeira que delimitou o
espaço em três mesorregiões o Norte Velho, Norte Novo e o Norte Novíssimo
(Figura 2).
Norte Velho: [...] compreende a região de Jacarezinho, Bandeirantes e Cambará [...] dominante a grande propriedade, como ocorria em São Paulo e Minas Gerais, donde proveio a maioria de seus colonizadores. Norte Novo: [...] é aqui que se localizam as cidades de Londrina, Maringá e Apucarana, [...] a maior mancha de terras roxas inteiramente cultivadas [...]. Norte Novíssimo: [...] situam-se as cidades a oeste de Maringá até as barrancas do rio Paraná [...] (TOMAZI, 1997).
Fonte: Mapa base com a divisão por municípios em 1956 (TOMAZI, 1997)
Figura 2 – Divisão da região Norte do Paraná.
Dessa forma, o processo de ocupação e povoamento na região Noroeste do
Paraná foi constituído pela frente de colonização conhecida como Norte Pioneira,
que se distinguiu das demais frentes de colonização e de povoamento, em função
de suas atividades econômicas serem diferenciadas daquelas desenvolvidas no
Sudoeste e no Oeste do Estado, que permitiram estender de maneira regular e
uniforme durante as duas primeiras décadas do século XX.
Além disso, deve-se ressaltar que a princípio, o Norte tradicional (Norte
Velho) foi ocupado por grandes proprietários de origem paulista, que acostumados
ao cultivo do café se estabeleceram lentamente no norte do Paraná por volta de
1860, em algumas grandes fazendas e constituíram uma primeira frente pioneira.
A proximidade com São Paulo criou condições de mercado propícias a
quebrar o isolamento, a despeito das dificuldades de transporte. A ação colonizadora
do governo do Paraná e, sobretudo das companhias privadas criaram, entretanto,
uma infraestrutura favorável à instalação de pequenos e médios proprietários.
De acordo com Swain (1988)
A companhia privada que teve o papel, mais importante para a ocupação do território foi a Paraná Plantations Ltda., que comprara do governo do Estado 515.000 ha. É estabelecido um plano de colonização muito detalhado, o qual comporta a realização de uma
infraestrutura organizada para o comércio e o transporte, e previa também uma estrada de ferro que acompanharia o avanço do povoamento. (SWAIN, 1988, p. 26)
Esta companhia possuía duas outras empresas brasileiras subsidiadas, a
Companhia de Terras Norte do Paraná (que no fim da década de 1940 se tornaria a
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná) e a Companhia Ferroviária São Paulo-
Paraná. Segundo Carvalho (2000), a Companhia de Terras Norte do Paraná foi
responsável pela aquisição, parcelamento e comercialização das terras, enquanto a
Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná foi responsável por adquirir e dar
continuidade ao ramal ferroviário entre Ourinhos/Cambará até o restante das terras,
que fossem sendo ocupadas e colonizadas pela Companhia de Terras Norte do
Paraná, cumprindo assim uma das exigências do governo do Estado.
A sede social desta companhia, de origem inglesa foi instalada em Londrina,
cidade que propagava seu dinamismo para a ocupação do território. O sucesso da
prosperidade de Londrina e Maringá (outro município que passou pelos mesmos
processos de colonização e povoamento) influenciou outros empreendedores, que
tentaram implantar o mesmo modelo para o restante do Noroeste do Paraná, como
por exemplo, a região do Norte Novíssimo, onde está localizado o município de
Nova Londrina.
O modelo consistiu na divisão das terras feitas em loteamentos de pequena
e média extensão, cuja compra podia ser financiada em quatro anos. Isto atraiu um
grande número de colonos e tal experiência foi decisiva para a instalação de uma
estrutura agrária específica no Paraná, caracterizada pela presença de pequenos
produtores.
O governo regional retoma também sua atividade colonizadora a fim de
evitar os conflitos agrários sempre prestes a explodir nas zonas pioneiras. Os
projetos de colonização pública previram então o povoamento de 300.000 ha na
região Norte/Nordeste, sobre lotes de menos de 100 ha. Segundo SWAIN (1988), a
ação conjugada do governo e da iniciativa privada favoreceu o crescimento
demográfico do Paraná, que viu sua população crescer 80% entre 1920 e 1940. Dos
1.236.276 habitantes recenseados, naquela época, 75,5% pertenciam ao setor rural.
O processo de colonização organizada influenciou diretamente a expansão
das atividades econômicas, criando condições favoráveis para o pequeno
campesinato. Como resultado deste processo, as pequenas e médias propriedades
de menos de 100 ha constituíram, em 1940, 84% do total das explorações agrícolas
do Paraná.
No segundo momento do processo de colonização do Norte do Paraná foi
em direção às margens do rio Paraná e a jusante do Paranapanema, região
conhecida como Norte Novíssimo. Nessa região predominou o processo de
colonização desenvolvida pelo Estado, que seguiu o mesmo modelo de colonização
empregado pela Companhia de Terras Norte do Paraná. A sede regional foi
estabelecida no município de Paranavaí.
Além disso, nesse mesmo processo algumas imobiliárias particulares se
estabeleceram por conta da extração e o aproveitamento das madeiras de lei
abundantes na região e a exploração de terras, no período de 1947 a 1950
(HARACENKO, 2007). As principais empresas que se estabeleceram nessa região
foram a Empresa Imobiliária Terras e Colonização Paranapanema Ltda., com sede
no Rio de Janeiro, que posteriormente foi desmembrada e vendida parte para a
Imobiliária Nova Londrina Ltda., e parte para a empresa Colonizadora Marilena Ltda.
2.5 A FORMAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA LONDRINA
O município de Nova Londrina, objeto de estudo deste projeto de
intervenção escolar, está localizado na região Noroeste do Estado do Paraná mais
precisamente a 22º45'57'' de Latitude Sul, 52º 59'06'' de Longitude Oeste e a 400
metros de altitudes, com uma área de 270,36 km2.
Segundo dados do IBGE (2010), o município possui 13.067 habitantes, dos
quais 92% se concentram na zona urbana, a densidade demográfica é de 48,30
hab./km2 e grau de urbanização 91,94%, o que faz de Nova Londrina um município
com alto grau de urbanização. Estas características do município é o retrato da nova
realidade das cidades que passaram pelo processo do êxodo rural a partir de
meados década de 1970 com o processo de modernização da agricultura.
Entretanto devesse ressaltar, que no principio do processo de formação de
Nova Londrina, bem como de outros municípios da região, essa configuração era
bem diferente, pois nas décadas de 1920 a 1940 o Norte do Estado do Paraná
sofreu um aumento vertiginoso de população, a qual predominava nas áreas rurais
em função da agricultura que exigia um número significativo de trabalhadores.
Dessa forma, o processo de constituição deste município se deu pelos
primeiros colonizadores oficiais das terras, que podem ser considerados José
Volpato e seus irmãos, proprietários de terras situadas dentro da Gleba
Paranapanema, às margens do Rio Paraná, nas proximidades do Porto São José.
Os irmãos Volpato abriram as primeiras picadas na mata virgem, colocando o lugar
em contato com os centros civilizados do Norte Paranaense.
A Companhia Imobiliária Nova Londrina Ltda., tendo por sócios e titulares os
senhores Silvestre Dresch, Armando Valentim Chiamulera, Leopoldo Lauro Bender e
Salim Zaidam, também são considerados pioneiros por terem se fixado aqui. Com o
proposito de lotear e colonizar a Gleba Paranapanema e terras adjacentes, em nome
da companhia, efetivou, em 1952, o lançamento dos trabalhos preliminares do
povoamento, construindo diversas casas e trazendo colonos de todos os pontos do
Paraná e do Brasil, predominando os gaúchos, trazendo usos, costumes e tradições.
A riqueza responsável pela evolução do Município foi a cultura e o comércio
do café, que contribuiu para que outras atividades surgissem e prosperassem como
o comércio por exemplo. Mais tarde com o declínio do café surgiram as grandes
fazendas de criação de gado de corte e leiteiro. Posteriormente foram surgindo,
além da agricultura de subsistência, também lavouras de mandioca para a produção
de fécula, e de cana-de-açúcar para a produção de álcool, pois Nova Londrina
possui duas fecularias e uma usina de álcool anidro carburante, ou seja, etanol.
Considerando o que foi contextualizado pretende-se investigar a formação
do município de Nova Londrina a partir dos fluxos migratórios predominantes,
buscando através das estratégias de ações aplicadas na escola por meio deste
Projeto de Desenvolvimento Educacional (PDE) fazendo com que os alunos
confrontem os dados obtidos com o conteúdo ministrado em sala de aula, perceba
que eles fazem parte da construção de todo o processo que envolve a formação do
município de Nova Londrina.
3. Metodologia
3.1 Dinâmica do PDE
A presente pesquisa foi centrada na conscientização, procurando o
desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos
alunos. Com a participação dos professores da Rede Estadual de Ensino, através do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que é uma política de formação
continuada de valorização dos professores do Estado do Paraná. Este Programa é
feito em parceria com as Instituições de Ensino Superior e integra a política de
valorização dos educadores paranaenses.
O desenvolvimento da proposta se deu através das seguintes atividades:
Para a produção deste artigo: o professor tutor, através da Educação à Distância,
atendeu 15 professores da Rede Estadual de Ensino, os quais formaram o Grupo de
Trabalho em Rede (GTR), com duração de 1 (um) ano, através de um Grupo de
Estudo, coordenado pelo professor PDE, o GTR o qual foi desenvolvido no 2º e 3º
períodos do Programa, com carga horária de 64 horas para o professor PDE/tutor e
60 horas para os demais professores da Rede, inscrito no GTR como participantes,
possibilitando a inclusão virtual dos Professores da Rede nos estudos, com
atividades relacionadas ao material de implementação didático metodológico no
Colégio Ary João Dresch.
O 2º período do PDE foi destinado à produção do material didático-
pedagógico, sob a orientação do professor representante da Instituição de Ensino
Superior. Neste período foi organizado uma Unidade Didática.
Já no 3º período, houve a implementação do projeto na escola pelo
Professor PDE, o qual contemplou a aplicação da Unidade didática. Durante o 2º
semestre de 2011, este projeto foi desenvolvido com alunos do ensino médio do
Colégio Estadual Ary João Dresch - EFMNP. Sendo que os mesmos tiveram acesso
aos materiais elaborado pelo professor PDE, acompanhado pela orientadora escolar
e professora orientadora da IES.
3.2 IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA
O projeto foi desenvolvido em 32 aulas de 50 minutos intitulado “A formação
do município de Nova londrina (PR) a partir dos processos migratórios”, o qual foi
trabalhado a temática das migrações e os processos de colonização e povoamento
a partir das atividades econômicas.
A turma escolhida foi a 1ª série do Ensino Médio que contem 28 alunos, os
quais tiveram acesso ao material elaborado pelo professor PDE, acompanhado pela
pedagoga escolar e o professor orientador da IES, que tinha por objetivo promover a
conscientização desses alunos e outras turmas, de que são agentes ativos da
história e das transformações geográficas ocorridas em seu município.
Ao iniciar a implementação na escola, foi solicitado à direção e Equipe
Pedagógica do Colégio uma oportunidade, na reunião do 2º semestre do ano letivo
com professores e funcionários da escola, para expor o projeto, a fim de que a
comunidade escolar tomasse conhecimento do estudo realizado pelo professor PDE
durante os anos de 2010 e 2011.
3.3 AÇÕES DESENVOLVIDAS
Num primeiro momento foi trabalhado o conceito de miscigenação no texto
“A Mestiçagem” de Marina Melo Souza do livro “África e Brasil Africano”, que
relaciona todas as etnias formadoras do povo brasileiro. Após leitura e discussão, os
alunos produziram um texto com base nas histórias que conheciam a respeito da
trajetória que suas famílias fizeram até chegar a Nova Londrina, além de tentar
destacar as suas possíveis etnias formadoras.
Numa segunda fase, foi apresentado o conceito de migrações através do
texto “Para onde vais?” contido no capítulo 6 do livro didático de Geografia (SEED-
PR, 102 p. 2007). Esse texto trabalha as fases econômicas ocorridas no Brasil e cita
os lugares que atuaram como área de atração e de expulsão da população
brasileira. Após estudo do texto, foi aplicada uma atividade, no qual os alunos
espacializaram através de um mapa as principais rotas de migração de acordo com
os diversos ciclos migratórios ocorridos no interior brasileiro.
Na terceira atividade os alunos foram orientados para uma pesquisa
genealógica, que constou de questionários para que eles entrevistassem seus
familiares. As entrevistas foram direcionadas seguindo uma ordem de questões que
revelaram os processos históricos, o período que vieram, enfim, os alunos colheram
tantos dados quanto possível junto a seus familiares, também através de conversas,
fotos e documentos. Esses dados foram utilizados para a construção da árvore
genealógica e contribuíram para que os alunos pudessem reescrever a história de
sua família.
Na quarta ação foram realizados levantamentos juntos aos alunos, através
de questionamentos que proporcionaram dados para que se traçasse o perfil
socioeconômico dos alunos participantes do projeto. Após serem respondidos esses
questionamentos, seus dados foram tabulados e gráficos foram construídos
juntamente com os alunos.
A partir dos questionários realizados com os alunos foi aplicado em foram de
enquete a pessoas da comunidade, com intuito de se traçar o perfil da população
nova londrinense. Ao todo foram entrevistadas 170 pessoas, nas proximidades da
escola. Esses dados foram utilizados em gráficos que demonstraram a procedência
das famílias, a porcentagem de moradores em zona urbana ou rural, e a etnia da
população.
A atividade sexta aconteceu com a história de Nova Londrina contada por
um pioneiro, além da apresentação de um documentário em vídeo da época do seu
desbravamento, momento este em que os alunos puderam satisfazer suas
curiosidades.
4. Resultados e Discussões
A maioria dos alunos que participaram desse projeto se considera, em
relação a sua cor como pardos (53%), seguidos de brancos (49%) e de uma minoria
negra (4%), assim como a maioria residente na zona urbana (85%). Essas
características coincidem como o perfil da população de Nova Londrina que ainda
conta com uma minoria de amarelos (6%) e indígenas (0,3%) (Figura 3).
Figura 3 – Dados percentuais das pessoas entrevistadas pelos alunos que participaram do
projeto.
Os textos produzidos pelos alunos, sobre a trajetória e a miscigenação de
suas famílias, a partir da leitura do capitulo do livro de Souza (2007) sobre
miscigenação, não foram tão reveladores quanto o esperado, pois muitos alunos
pouco sabiam a respeito de suas famílias, demonstrando falta de contato com sua
própria história.
Porém foi observado, em vários textos, que está falta de contato com sua
identidade cultural está relacionado a situações dramáticas vividas por esses alunos,
como o não reconhecimento de paternidade ou a perda deles. O conhecimento
desses fatos permitiu uma maior reflexão sobre o perfil desses alunos a respeito de
seu comportamento em sala de aula, seja ele em grupo ou individual.
Num segundo momento, a partir dos estudos dos ciclos econômicos do
Brasil estudados com apoio do livro didático (capitulo 6 “Para onde vais?”) os alunos
fizeram uma atividade, a partir de um mapa, a qual puderam observar os motivos
que geraram o processo de migrações, além de correlacionar os diversos fluxos
migratórios com o contexto da história de sua própria família. Entretanto deve-se
ressaltar, que assim como na atividade anterior, não foi possível atingir plenamente o
objetivo dessa atividade, pelos motivos acima já relacionados.
Após a construção do conhecimento sobre miscigenação e migração foi
possível desenvolver atividades extraclasses como entrevistas com suas famílias e a
comunidade próxima a escola. Dessa forma, o resultado das entrevistas permitiu
perceber que a colonização do município de Nova Londrina se realizou com a
participação, de pessoas simples, oriundas de outras regiões do Brasil, que vinham
cheios de esperanças em adquirir sua pequena propriedade.
As entrevistas realizadas com as famílias dos alunos permitiram a
construção da “árvore genealógica”. Esse trabalho envolveu a participação de toda
sua família, que demonstraram muita satisfação em estar se dedicando ao
conhecimento de suas raízes. Além disso, o conhecimento de seus antepassados
contribuiu para que entendesse o papel primordial que as pessoas têm na
construção do espaço em que vivem.
Nesse processo os alunos ainda puderam expressar seus gostos, costumes,
religião, situação socioeconômica, etc., isso permitiu que os mesmos se
familiarizassem com a aplicação do questionário, que os auxiliariam nas atividades
seguintes junto às pessoas da comunidade. Essas atividades geraram dados para
que pudesse praticar a construção de gráficos e tabelas, conhecimento este que
auxilia no entendimento da disciplina de Geografia.
De acordo com os dados coletados pelos alunos a maioria de seus
familiares vieram do Estado de São Paulo (24%), seguido de Pernambuco (12%), já
os Estados de Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Rio Grande do Sul
correspondem a 10% das famílias. A partir desses percentuais (Figura 4) pode-se
dizer que Nova Londrina, assim como boa parte do Norte do Paraná, tiveram seus
processos de colonização e povoamento influenciados principalmente por povos
oriundos de São Paulo e do Nordeste.
Figura 4 – Dados percentuais da origem dos familiares dos alunos que participaram do
projeto.
A Figura 5 mostra que 35% dos familiares dos alunos chegaram a Nova
Londrina no período do cultivo do café na região por volta da década de 1950 a
1960. Depois da queda do cultivo do café na região de Nova Londrina a economia
foi diversificada. Num primeiro momento foram atraídos pela agropecuária, pois em
função de pouca tecnologia e baixa fertilidade do solo impediam o desenvolvimento
de outras culturas. Já a produção de mandioca e cana de açúcar são de
desenvolvimento econômicos mais recente, principalmente a cana devido ao lucro
dessa cultura e ao desenvolvimento de novas tecnologias.
Figura 5- Dados percentuais de atividades econômicas, que atraíram os familiares dos
alunos em diferentes momentos.
Ainda relacionando a origem dos familiares dos alunos, foi observado
(Figura 4) que a maioria 20% tem descendência italiana, seguida de 17% de
africanos e 12% de espanhóis. Esse perfil caracteriza bem o processo de
colonização e migração que fizeram parte do contexto histórico, não somente de
Nova Londrina, mas de nosso país. Observando a Figura 6 notasse ainda a
participação de 10% de paraguaios, a existência desse percentual pode estar
relacionado a proximidade da região com o país vizinho. Já a descendência de
portugueses, holandeses e alemães é típica do percentual de familiares provindos
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Figura 6 - Dados percentuais da descendência dos familiares dos alunos que participaram
do projeto.
Para a realização da enquete os alunos, sob a orientação da professora,
saíram a campo nos dias 28 e 29 de outubro de 2011. Nesses dias os alunos
puderam participar mais ativamente, integrando assim o conhecimento teórico com
as praticas empíricas do cotidiano. Com os dados compilados e plotados em gráficos
observou-se, assim como no caso dos alunos, que ocorre um predomínio da
descendência italiana, seguida da africana e espanhola (Figura 7). Entretanto
devesse ressaltar que a maioria dos entrevistados não sabia a respeito dos
descendentes de seus familiares, isso aponta mais uma vez a falta de contato com a
história de nossas raízes, que é tão importante para nossa identidade cultural.
Figura 7 - Dados percentuais da descendência dos familiares dos entrevistados.
Para finalizar as atividades foi passado um documentário em vídeo sobre
Nova Londrina, além da participação do filho de um dos pioneiros da cidade, que
contou histórias que ele ouvia quando criança sobre a chegada de sua família na
região de Nova Londrina. Assim os alunos puderam comparar diversas histórias
contadas por varias perspectivas. Também foi possível mostrar o sucesso e as
dificuldades do processo de colonização do município, contribuindo assim para a
compreensão dos processos de mudanças que ocorreram na região Noroeste do
Estado do Paraná.
5. Considerações finais
Através do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), o governo do
estado do Paraná, visa melhorar as condições de trabalho dos professores da rede
de ensino, propondo estudos relacionados ao campo de trabalho de cada educador,
valorizando assim o magistério e dando melhores condições de trabalho aos
educadores paranaenses.
Tendo como tema de estudo o espaço geográfico do Noroeste do Estado do
Paraná foi possível mostrar aos alunos que o Estado foi palco de intensas
transformações a partir das primeiras décadas do século XX, com o processo de
ocupação, que teve como base a expansão da cafeicultura. Além disso, que a
atuação de empresas colonizadoras foi de suma importância para a vinda de um
grande número de famílias em busca de riquezas. Com isso os alunos puderam
compreender como esse processo chegou até o espaço de Nova Londrina e como
direta ou indiretamente seus familiares fizeram parte disso, ou seja, levou os alunos
a compreenderem que todos fazem parte de uma história que pode ser modificada a
partir de suas ações e os colocam como agentes formadores e transformadores
desse espaço.
Entretanto devesse salientar que a memória de vida das pessoas que
fizeram parte desse processo de colonização e ocupação do espaço geográfico do
Noroeste do Estado, em especial de Nova Londrina, está sendo perdido pela falta de
contato dos mais jovens com os mais velhos, que velhos hábitos de se sentar na
frente de casa ou mesmo dentro do recinto e contar histórias estão sendo deixado
de lado, isso foi observado tanto através dos próprios alunos que participaram do
trabalho como das pessoas que foram entrevistadas por eles.
Nesse mecanismo, didático pedagógico, foi possível resgatar um pouco
desse mecanismo, em que os alunos aos poucos foram descobrindo sua história e
ao mesmo tempo, foram se aproximando de pessoas que talvez estivessem
esquecidas, já que vivemos em uma sociedade digital, que muitas vezes nos
influencia a deixar de lado essas pessoas que fazem ou fizeram parte de nossas
vidas. A falta de contato com essas pessoas nos faz perder um pouco da nossa
própria história.
Pesquisas como estas, ajudam a preservar os traços culturais, que com o
passar dos anos foram ficando esquecidos, devido à correria do cotidiano e a
divergência de interesses, mas isso pode ser mudado resgatando o habito de se
jogar “conversar fora” contando histórias como se fazia a algumas antes décadas.
Isso mostra que por mais que o professor tente abordar de forma ampla
esse tipo de assunto em sala de aula, ele não consegue transmitir todo o conceito e
contexto histórico e geográfico do tema, necessitando de outras ferramentas, como
está empregada por esta pesquisa para atingir seus objetos.
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