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1 FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL E RELAÇÃO CAMPO-CIDADE NA AGRICULTURA DA REGIÃO SUDOESTE PARANAENSE Rogério Michael Musatto Universidade Estadual do Oeste paranaense - Unioeste / Francisco Beltrão [email protected] Resumo As novas formas de organização socioespacial na agricultura da região Sudoeste do Paraná podem ser entendidas como uma relação histórica de diferentes fatores que atuam, tanto no campo quanto no meio urbano regional. A nossa análise tenta compreender as principais relações campo-cidade, a modernização das técnicas utilizadas na agricultura, suas implicações socioespaciais, os papéis das pequenas cidades, suas interações com centros maiores e as principais implicações no território regional. As particularidades regionais, como é o caso das pequenas propriedades rurais constituídas historicamente no sudoeste paranaense. Palavras-chave: Socioespacial. Sudoeste do Paraná. Campo-Cidade. Pequenas Propriedades. Território. Introdução Este trabalho tem como finalidade a pesquisa e levantamento de referenciais teóricos, a respeito da organização socioespacial, e as relações campo-cidade na região Sudoeste paranaense, com uma abordagem histórica das principais características regionais que influenciaram na atual organização socioespacial. A notável mudança na organização socioespacial na agricultura da região Sudoeste paranaense nos levou a analisar as suas principais características, e compreender os fatores responsáveis por essas novas dinâmicas no campo. As tomadas de decisões políticas e a atuação de agentes econômicos ao longo das últimas décadas principalmente a partir da década de 1940, onde o Estado nacional possibilita a colonização da região, atuando diretamente no território, provoca mudanças intensas nas relações socioespaciais da região, onde habitavam inicialmente caboclos e índio como visto em Flavio (2011): Mudanças a nível local e nacional serão consideradas na consolidação das novas dinâmicas socioespaciais da região Sudoeste paranaense, juntamente com as características de estruturação de pequenas propriedades no campo, como sendo a maioria dos estabelecimentos nessa região. Analisaremos no presente trabalho as influências da rede urbana constituída no território regional, com o meio rural, através das trocas econômicas, principalmente de

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FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL E RELAÇÃO CAMPO-CIDADE NA AGRICULTURA DA REGIÃO SUDOESTE PARANAENSE

Rogério Michael Musatto

Universidade Estadual do Oeste paranaense - Unioeste / Francisco Beltrão [email protected]

Resumo As novas formas de organização socioespacial na agricultura da região Sudoeste do Paraná podem ser entendidas como uma relação histórica de diferentes fatores que atuam, tanto no campo quanto no meio urbano regional. A nossa análise tenta compreender as principais relações campo-cidade, a modernização das técnicas utilizadas na agricultura, suas implicações socioespaciais, os papéis das pequenas cidades, suas interações com centros maiores e as principais implicações no território regional. As particularidades regionais, como é o caso das pequenas propriedades rurais constituídas historicamente no sudoeste paranaense. Palavras-chave: Socioespacial. Sudoeste do Paraná. Campo-Cidade. Pequenas Propriedades. Território. Introdução

Este trabalho tem como finalidade a pesquisa e levantamento de referenciais teóricos, a

respeito da organização socioespacial, e as relações campo-cidade na região Sudoeste

paranaense, com uma abordagem histórica das principais características regionais que

influenciaram na atual organização socioespacial.

A notável mudança na organização socioespacial na agricultura da região Sudoeste

paranaense nos levou a analisar as suas principais características, e compreender os

fatores responsáveis por essas novas dinâmicas no campo. As tomadas de decisões

políticas e a atuação de agentes econômicos ao longo das últimas décadas

principalmente a partir da década de 1940, onde o Estado nacional possibilita a

colonização da região, atuando diretamente no território, provoca mudanças intensas nas

relações socioespaciais da região, onde habitavam inicialmente caboclos e índio como

visto em Flavio (2011):

Mudanças a nível local e nacional serão consideradas na consolidação das novas

dinâmicas socioespaciais da região Sudoeste paranaense, juntamente com as

características de estruturação de pequenas propriedades no campo, como sendo a

maioria dos estabelecimentos nessa região.

Analisaremos no presente trabalho as influências da rede urbana constituída no

território regional, com o meio rural, através das trocas econômicas, principalmente de

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produtos agrícolas que serão destinadas a outras regiões do país e ao exterior, mas que

inicialmente cabe aos pequenos centros locais esse papel de absorção da produção rural.

Dessa forma consolidada com uma agricultura voltada ao abastecimento do mercado e

técnicas modernas incorporadas a ela, processo que ocorre na região a partir das décadas

de 1960 e 1970 como observados em Santos, R.A. (2008), tentaremos associar aos

inúmeros processos socioespaciais no campo, como os casos de êxodo-rural e

agricultores pluriativos, entre outros.

O surgimento de uma indústria ligada ao setor agroindustrial, principalmente a indústria

de alimentos, como e o caso da avicultura, onde várias relações tanto econômicas,

quanto sociais podem ser percebidas com sua inserção no território local. Os papéis das

pequenas cidades atuantes nessa relação com o campo pode ser entendida de maneira

naturalmente diferenciada, pois temos constituído na região sudoeste uma rede urbana

com cidades em media na faixa de 20 mil habitantes, e apenas dois casos de cidades

com número próximo aos 70 mil habitantes. Dessa forma uma comparação entre as

principais relações estabelecidas com o meio rural, nos diferentes níveis de urbanização

entendemos como sendo necessário para compreendermos os papéis desempenhados

pelos pequenos e os considerados grandes núcleos urbanos regionais, e sua relação com

centros maiores.

Mesmo sabendo do grande número de aspectos que nos propomos a analisar, algo que

apesar das dificuldades que vamos nos deparar no universo das possibilidades, como

complementares, e necessários ao entendimento das interações dessas inúmeras relações

estabelecidas no território do Sudoeste paranaense ao longo das últimas décadas.

Histórico na formação socioespacial da região Sudoeste paranaense

A formação socioespacial da agricultura regional no Sudoeste paranaense tem na

pequena propriedade uma de suas características mais marcantes, através dessa

estruturação temos a ocorrência de inúmeros processos decorrentes, e transformações ao

longo das últimas décadas, processos esses que aceleraram principalmente a partir das

décadas de 1960 e 1970, com a introdução de técnicas modernas praticados na

agricultura que modifica na região, além da forma de produção varias características da

organização socioespacial, como observado em Santos, R.A. (2008).

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A modernização agrícola, efetivada a partir da década de 1960, significa a articulação crescente com os capitais financeiro, comercial e industrial para a acumulação ampliada de capital. Em contrapartida, ao mesmo tempo, representa para os pequenos proprietários, posseiros, arrendatários e peões - os excluídos e marginalizados pelo processo de modernização - um período das dificuldades. Neste ocorre o aumento da produção e da produtividade da agricultura brasileira e a intensificação nas desigualdades sociais (SANTOS, R.A., 2008, p. 87).

Os processos históricos que culminaram na atual formação socioespacial regional nos

remete a colonização dirigida promovida pelo estado nacional a partir das décadas de

1940, 1950, onde uma grande parcela de migrantes estabeleceu na região,

principalmente oriundos dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde

devido ao esgotamento das terras colonizáveis, os mesmos são atraídos para o Sudoeste

Paranaense, onde devido a um forte incentivo que o Estado promovia a ocupação

regional.

A companhia colonizadora que atuou na região a partir da década de 1940, Colônia

Agrícola Nacional General Osório (CANGO), fomentou a vinda e instalação de

pequenos agricultores, “[...] em decorrência, entre outros fatores, da fragmentação das

unidades produtivas por herança e pelo esgotamento do solo em seus estados de

origem.” (SAQUET; SINHORINI, 2008, p.13). Juntamente com os caboclos e índios

que já habitavam a região formaram a base populacional.

Os índios (e também os caboclos), nos termos de Krüger (2004, p.46), também poderiam ser chamados de “heróis anônimos”, se por heróis concebermos aqueles que participaram da História, mas que, sendo “vencidos” no processo civilizatório da dominação capitalista, foram esquecidos, sendo ocultada a memória de sua presença. (FLÁVIO, 2011, p. 141).

A forma como foi sendo ocupada nos anos seguintes a atuação da GANGO possibilitou

o surgimento de pequenos estabelecimentos agrícolas e, além disso, o fornecimento de

uma infraestrutura mínima para que os posseiros pudessem se estabelecer no local. “[...]

pode ser considerada como uma demonstração do papel geopolítico do Estado na ação

de configurar o território, estabelecer fronteiras e limites e impor seu poder político.”

(SAQUET; SINHORINI, 2008, p.13).

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Mas o papel desempenhado pela CANGO importa, fundamentalmente, para a ocupação. Ela distribui suporte à produção com a cessão de sementes e ferramentas, constrói estradas e serrarias, dá assistência médica entre outras ações. (SANTOS, R.A., 2008, p. 48).

Dessa forma podemos destacar o papel da GANGO nos primeiros anos da ocupação da

região sudoeste, como um dos fatores que influenciaram diretamente para o

estabelecimento de pequenos estabelecimentos rurais, pois além de possibilitar a

ocupação, ainda fornecia alguns auxílios e assistência aos posseiros como foram

inicialmente chamados os colonos que ocuparam as terras do sudoeste. Mas esse

enaltecimento a GANGO deve ser vista como uma forma inicial de incentivo a

ocupação, da região defendida pelo Estado, e o papel da companhia, foi apenas o inicio

de uma colonização dirigida.

A ideia essencial de nossa argumentação é que, para além do mito que enaltece a doação de terras e casas, pela Cango, o papel por ela desempenhado era, fundamentalmente, o de dirigir o processo de ocupação, pela instalação da frente pioneira, tendo em vista os objetivos já mencionados. (FLÁVIO, 2011, p.194).

Nos anos seguintes temos várias situações de agricultores sem o título definitivo da

terra, caracterizando uma situação de posseiros, em contrapartida uma intensa pressão

de companhias privadas de colonização sob a tutela do governo estadual, aos posseiros,

o que provocou inúmeras situações de invasão ameaças e grilagem de terras, por parte

de jagunços ligados a essas companhias, como foi o caso da Clevelândia Industrial

Territorial Ltda. (CITLA), que se instalou em Francisco Beltrão em 1951.

A disputa pelo território do sudoeste estava armada, por volta de 1953 quando a CITLA

exigiu da GANGO a interrupção do assentamento de colonos em “suas” terras,

enviando diretamente encarregados para cobrar as famílias que já se encontravam sob a

condição de posseiros, em muitos casos os mesmos eram obrigados a pagar duas vezes

pelo mesmo pedaço de terra, sendo que o pagamento não era garantia de aquisição do

terreno, pois os recibos não tinham legitimidade, ou em outros casos onde havia

resistência por parte dos posseiros, a mesma durava até o ponto em que a violência

entrava em cena.

Dessa forma temos caracterizados os principais aspectos de um embate que durou

alguns anos na região e culminou no ato em praça pública nas cidades de Francisco

Beltrão, Pato Branco e Capanema, o chamado levante de 1957 ou Revolta dos Colonos.

A organização do movimento de 1957, que além da questão da segurança almejada

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pelos envolvidos diretamente no caso os colonos, e a população urbana das principais

cidades da região, buscavam uma solução para a regularização das propriedades onde os

mesmos habitavam, e que se encontravam ilegais até aquele momento.

Se em setembro de 1957 houve manifestações contra as companhias em Capanema, em 9 de outubro centenas de pessoas tomaram Pato Branco e, em 13 de outubro, também Santo Antônio do Sudoeste134. Mas foi em Francisco Beltrão, onde as companhias tinham escritórios centrais que, em 10 de outubro de 1957, o movimento teve seu ápice: milhares de colonos atenderam à chamada de Pécoits, pelo rádio. (FLÁVIO, 2011, p. 287).

Ressaltamos aqui o interesse não somente da parte dos agricultores em legalizar suas

propriedades e expulsar as companhias que atuavam na região de forma ameaçadora,

mas a mobilização de grande parte da sociedade na resolução do caso em favor dos

colonos estabelecidos na região. É neste sentido que verificamos o papel desempenhado

por comerciantes locais, que viam na permanência dos agricultores a possibilidade de

uma viabilização de seus negócios e dessa forma caracterizaram uma união em favor de

uma causa comum, a regularização das terras. Decorre desta conjugação a efetivação do

levante popular, mencionado por muitos autores, como um movimento camponês, mas

que para Flávio (2011) a participação do meio urbano na resolução do caso foi

fundamental.

Assim, se a Revolta é considerada movimento social de camponeses, a questão a problematizar é: os interesses dos agentes urbanos, fundamentais para a Revolta (organização), não têm sido esquecidos nas reconstruções da memória engendrada a respeito da História? (FLÁVIO, 2011, p. 262).

Com a desintegração das companhias que ameaçavam a legalidade a propriedade da

terra por parte dos agricultores, tem se estabelecido no sudoeste paranaense a partir de

1957 a consolidação de uma organização fundiária em propriedades desiguais

espacialmente, com pequenas e grandes propriedades, dividindo o espaço, nos moldes

capitalistas de produção no campo.

É importante ressaltar que, após a revolta dos posseiros não ocorre uma distribuição igualitária das terras, mas a regularização de quem já detém a posse, resultando numa estrutura fundiária com centenas de proprietários com poucos hectares e dezenas com grandes áreas de terra. Assim, não só o pequeno produtor se faz presente na configuração territorial como também os representantes do capital (SANTOS, R.A., 2008, p. 52).

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Ao considerarmos os fatores que determinaram a formação social desigual na

agricultura do sudoeste, devemos ressaltar a contribuição em Flávio (2011), que

esclarece a união entre colonos e agentes urbanos no período de revolta contra as

companhias colonizadoras, como um fator que influenciou a desigualdade econômica e

definiu os papeis sociais nos anos seguintes ao desfecho de 1957 como destacado pelo

autor.

Se a aliança entre camponeses e segmentos urbanos foi importante para que aqueles mantivessem a posse da terra rural, foi também essencial para que os segundos ratificassem seu domínio sobre a terra urbana e consolidassem o controle do circuito mercantil envolvendo, substancialmente, os agricultores (FLÁVIO, 2011, p. 263).

Com a atuação em conjunto de posseiros rurais e urbanos definem-se os papéis que cada

um desempenhara no território regional nos anos seguintes a revolta de 1957. Sendo que

a legalização das terras passa a ser um marco para a definição de propriedades privadas,

tanto na área rural, quanto urbana, e dessa fora estabelece a formação socioespacial

presente na região.

As relações comerciais que surgem a partir de então passam a ser caracterizadas, por

uma apropriação do excedente agrícola por parte de alguns capitalistas na figura dos

comerciantes locais que compram a pequena produção dos agricultores, ficando nítido

“[...] o laço de dependência, pois ele trabalha quase exclusivamente para pagar o

comerciante”. (ABRAMOVAY, 1981, p. 99), estabelecendo uma relação desigual de

suprimento das necessidades em insumos para a realização da produção agrícola, e do

seu próprio abastecimento com produtos que complementem sua sobrevivência, como

alimentos.

Libertos das ameaças das companhias Colonizadoras, a partir dos anos 60 os agricultores familiares descapitalizados da região foram se dando conta, progressivamente, que a exploração por eles sofrida passava pelos comerciantes locais e regionais. Eram eles que serviam de mediação junto ao grande mercado e por onde ocorria a apropriação e acumulação da renda obtida com a atividade agrícola. (VERONESE apud SANTOS, R.A., 2008, p. 54).

A antiga situação de insegurança na região, quanto à legalidade das propriedades, e a

pressão das companhias sobre a situação dos agricultores, outrora posseiros, agora e

caracterizada por uma situação de dependência de um mercado em surgimento na

região, sendo que aos poucos o objetivo da produção agrícola inicialmente destinada ao

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suprimento de suas próprias necessidades vai sendo destinada ao mercado, com

afirmação de alguns elementos no território que contribuem para que isso seja possível.

Da delimitação das propriedades privadas a “modernização” da agricultura

O processo de modernização da agricultura na região sudoeste principalmente a partir

da década de 1960 deve ser analisado, como decorrência de transformações a nível

nacional. Dessa forma não podemos atribuir apenas às condições regionais os fatores

que influenciaram nas transformações da agricultura, e sim como uma consequência de

modificações nacionais implicando no território da região. Os condicionantes para

ocorrência desse processo podem ser entendidos, como as decisões políticas nas décadas

de 1950 e 1960, no qual novamente o Estado tem uma forte influência, além, “[...] das

cooperativas e agroindústrias privadas que direcionaram seus esforços para

subordinação e incorporação de atividades agrícolas ao capital”. (ALVES et al 2004, p.

160), esses agentes contribuindo na prática, pois atuaram diretamente no campo,

transformado as características de produção na agricultura regional.

“A modernização da agricultura tem sido uma expressão utilizada para indicar a

incorporação de tecnologias ao processo produtivo [...]” (SANTOS, R.A., 2008, p. 80),

com o propósito de aumentar a produtividade e promover um desenvolvimento

econômico, transformando dessa forma as relações de produção no campo, e

automaticamente promovendo a inserção de elementos do chamado pacote tecnológico,

ou seja, faz-se necessário a realização da agricultura, com o uso de insumos químicos,

como agrotóxicos, fertilizantes, sementes selecionadas, etc. Essa incorporação de novos

instrumentos e insumos foi responsável por inúmeras transformações, seja na forma de

produzir, seja na utilização da mão-de-obra, que passa a sofrer uma redução

significativa a partir de então, modificando consideravelmente as relações sociais no

campo.

Se, de um lado, ampliou o mercado nacional e a produtividade, de outro, a agricultura foi inserida num processo de modernização que favorece (u) os interesses das grandes corporações transnacionais ligadas ao setor agrícola, que passaram a ditar regras e impor uma dinâmica mais intensa à produção agrícola e ao cotidiano das pessoas, sem considerar as consequências sociais e ambientais do Brasil (SAQUET; SINHORINI, 2008, p.16).

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Segundo Santos, R.A. (2008), a mudança na base técnica e a ligação da agricultura a

indústria, que passou a acontecer representou muito mais uma subordinação da última

em relação à primeira, efetivando dessa forma o surgimento dos chamados complexos

agroindustriais (CAIs), e um modelo de produção agrícola, cuja finalidade objetiva-se

em uma integração e destinação da produção ao mercado internacional, consolidando no

Brasil um modelo agroexportador na agricultura.

A partir da década de 1960, o Brasil passa a vivenciar um processo de modernização capitalista da agropecuária, com a importação de tecnologias para o setor a montante, bem como de um novo direcionamento na pauta de produtos para atender o ramo agroindustrial, estabelecido à jusante (SANTOS, R.A., 2008, p. 21).

A entrada de capital internacional, e empresas que atuam em diversos países, “[...]

grandes corporações transnacionais que, de início, agem como patrocinadoras da

modernização e, em seguida, passam a receber o apoio e a legitimação do Estado.”

(SAQUET; SINHORINI, 2008, p.16), condicionaram uma mudança na base produtiva,

e um objetivo a principio de aumento na produção de alimentos transforma a forma de

organização e produção agrícola nacional, nos moldes internacionais de um processo

denominado de Revolução Verde “[...] tornando assim o agricultor cada vez mais

vulnerável, seja às grandes indústrias fornecedoras de insumos e sementes, seja aos

bancos, seja às processadoras e intermediários.”(ALENTEJANO, 2000, p. 101).

Ocultos atrás de objetivos de aumento da produtividade agrícola no mundo estavam cristalizados os interesses de expansão de grandes corporações transnacionais que, de início, agem como patrocinadoras da modernização e, em seguida, passam a receber o apoio e a legitimação do Estado (SAQUET; SINHORINI, 2008, p.16).

Na região sudoeste o processo de introdução de novas técnicas a agricultura começa a

ser percebida a partir da década de 1960, com a delimitação da propriedade privada,

criando assim o que Santos, R.A. (2008), classifica em duas etapas, a primeira no

período de 1960 a 1980 como sendo a construção das bases ideológicas e materiais,

“[...] e a segunda, a partir da década de 1980, quando se efetivam essas condições

concretas para a consolidação da modernização agrícola.” (SANTOS, R.A., 2008, p.

116).

A própria atuação do estado tratado em outros momentos na consolidação da agricultura

nos moldes de produção para exportação, pode ser entendida, como uma finalidade

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exclusivamente de valorização ao grande latifúndio, onde o capital internacional de

certa forma influenciou diretamente, para os fortes investimentos iniciais, como

percebemos em Rua (2006)

Assim, na política oficial brasileira o rural tem sido percebido como agrícola (ligado apenas à produção); a agricultura de exportação tem sido privilegiada, enquanto a agricultura de mercado interno foi chamado de “agricultura de subsistência” e considerado os pequenos agricultores (proprietários ou não) como incapazes de acompanhar o progresso técnico, econômico e social (RUA, 2006, p.3).

No primeiro período os papéis de alguns agentes são de grande relevância para a

incorporação de técnicas modernas a agricultura regional, no caso do Instituto

Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), das cooperativas

ainda que em uma fase inicial de inserção no território, e o papel do Estado nas políticas

executadas.

Na região observa-se uma adequação ao processo de modernização da agricultura com a

introdução de elementos “[...] na forma de produzir, nos produtos derivados de

diferentes maneiras e intensidades, embora envolva, em muitos casos, de forma parcial

a extensão do estabelecimento agrícola ou mesmo o processo produtivo.” (SANTOS,

R.A., 2008, p. 71) Mesmo as pequenas propriedades, que são predominantes na região,

de alguma forma integram-se a esse processo mesmo que não totalmente, mas em partes

a produção agrícola sofre algum tipo de alteração no modo como e realizado. Isso

explica a diferenciação de renda das diferentes unidades familiares, na qual algumas

conseguem manter-se de forma mais viável em um determinado local, enquanto em

outros e necessário o desenvolvimento de atividades diferenciadas para a sobrevivência

na propriedade por parte dos agricultores. Em Santos, R.A. (2008), a autora embora

deixe bem claro que não faz nenhuma apologia a formas rudimentares, mas a não

utilização de instrumentos como arado, e carros de bois, possibilitava uma maior

autonomia em relação a sua produção, já na fase de modernização o mesmo passa a

depender de terceiros, pois se faz necessário à realização do trabalho com máquinas, o

qual não possui recurso financeiro suficiente para adquirir “[...], pois o custo de uma

máquina fundamental no processo produtivo agrícola exclui muitos agricultores, em

especial os familiares, que ficam dependentes da prestação do serviço por terceiros [...]”

(SANTOS, R.A., 2008, p. 190) que além de encarecer a realização do mesmo, em

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muitos casos impossibilita a realização do cultivo na época certa, pois o agricultor

depende da vinda da máquina no momento exato.

Assim, quando se vêem os agricultores familiares do Sudoeste do Paraná produzindo grãos, a partir do pacote tecnológico, considera-se que estão na contramão, pois atuam em uma área que é destinada para o setor produtivo e que resulta em um baixo grau de retorno e uma subordinação eminente (SANTOS, R.A., 2008, p. 81).

Sobre a falta de técnicas adequadas às formas familiares de produção na agricultura

destacaram também a visão de Alentejano (2000), onde o autor analisa um documento

lançado pelo Governo Federal em 1999, para promover o desenvolvimento rural

brasileiro, intitulado de “Agricultura familiar, reforma agrária e desenvolvimento local

para um novo mundo rural.” Onde o mesmo questiona a forma de introdução e ou

utilização de técnicas de produção na agricultura familiar.

A falta de uma política alternativa de pesquisa e extensão que fuja aos moldes tradicionais do padrão tecnológico da revolução verde, provavelmente redundará na adoção deste padrão pelos agricultores familiares que forem incluídos no programa (ALENTEJANO, 2000, p. 90).

Nesse caso percebemos que não foram as técnicas que se adaptaram as características

regionais, mas foi à região que teve que adaptarem-se as técnicas de agricultura

consideradas modernas, não sem provocar mudanças na forma de organização social.

São múltiplos os efeitos da modernização, mas recortamos a questão do êxodo rural. A

utilização de maquinaria faz com que a mão-de-obra utilizada para realização da

produção agrícola seja reduzida drasticamente, implicando sérios problemas sociais, não

somente no campo, mas um intenso processo de êxodo rural, acarretando em um

aumento considerável da população no meio urbano, com a saída de agricultores em

direção a outras regiões do país.

As diferentes formas de resistência ao modelo predominante na agricultura também

fazem parte das inúmeras manifestações camponesas na região sudoeste, como

movimentos sociais, que propõem uma forma diferente de produção e organização

social. Além disso, as cooperativas de integração solidariam atuam na região

fornecendo assistência e técnicas diferenciadas de produção, principalmente

direcionadas a agricultura familiar.

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Relações cidade-campo na realidade do Sudoeste Paranaense Os papéis estabelecidos com o surgimento e predominância do modo de produção

capitalista concedem a cidade os papéis de detentora das formas de poder, tanto

políticas, quanto econômicas, fator esse que entendemos fundamental para um maior

investimento em condições de infraestrutura, e suprimento de serviços básicos por parte

do capital em suas diferentes formas, sejam por sua simples atuação mais concentrada

nos centros urbanos, ou seja, em sua aliança com o Estado, o que naturalmente contribui

para que aconteça uma atração de população para áreas urbanas. “A produção é centrada

no campo, e a cidade, espaço não-produtivo privilegiado do poder político e ideológico,

retira do excedente nele produzido as condições de reprodução da classe dominante e de

seus servidores diretos (MONTEMÓR apud MOURA, 2009, p.17).

Milton Santos ao explicar a constituição do meio técnico-científico e informacional a

partir do final da segunda guerra mundial, nos mostra a tendência à introdução e uso da

ciência, de técnicas e de informação, nos territórios, sendo que o meio rural também

passa por essa transformação, o que acaba por ocasionar as transformações

socioespaciais, cada vez mais estabelecidas de acordo com os padrões capitalistas de

modernização desigual, por todo território nacional. “Afirma-se, então, a tendência à

generalização do meio técnico-científico. Desse modo, as remodelações que se impõem,

tanto no meio rural quanto no meio urbano, não se fazem de forma indiferente quanto

àqueles três dados; ciência, tecnologia e informação [...]” (SANTOS, M., 2008, p.39).

Dessa forma tomamos por base o processo de modernização pela qual a agricultura

brasileira foi condicionada, processo esse que acaba por introduzir modificações não

somente no meio rural, mas alterações nas cidades situadas ao entorno de áreas rurais,

como questionadas pelo próprio Milton Santos, quanto à finalidade dessas pequenas

áreas urbanas, como sendo cidades voltadas para atender as necessidades de um meio

rural cada vez mais dependente de técnicas modernizadas, para possibilitar a produção

de matéria prima seja para abastecer a agroindústria ou a exportação. Temos

estabelecido dessa maneira mudanças quanto o papel das pequenas cidades, sua

finalidade, modificações em suas principais características socioespaciais,

intensificando as relações campo-cidade.

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As cidades locais mudam de conteúdo. Antes, eram as cidades dos notáveis, hoje se transformam em cidades econômicas. A cidade dos notáveis, onde as personalidades notáveis eram o padre, o tabelião, a professora primária, o juiz, o promotor, o telegrafista, cede lugar à cidade econômica, onde é imprescindível o agrônomo (que antes vivia nas capitais), o veterinário, o bancário, o piloto agrícola, o especialista em adubos, o responsável pelos comércios especializados (SANTOS, M., 2008, p.56).

A organização socioespacial brasileira, onde as atividades agrícolas têm por objetivo a

produção de matéria prima para a indústria, os chamados complexos agroindustriais, e

exportação de commodities, visto em Santos, R.A. (2008), faz com que pensamos essa

forma de estruturação, como uma reprodução do sistema capitalista no campo, e uma

forte vinculação com o meio urbano, dessa forma utilizamos também as ideias de

Corrêa (2006), onde o autor faz uma ligação das principais características da

organização socioespacial, em que as redes urbanas têm um papel fundamental na

definição de relações entre as mesmas e as formas capitalistas de produção introduzidas

no meio rural.

Corrêa (2006) ao tratar do tema sobre Redes Urbanas nos oferece uma contribuição ao

caracterizar a ligação do meio rural a consolidação das redes urbanas onde as interações

tanto econômicas, quanto de informações que se desenvolveram no sistema capitalista,

os papéis das cidades representa a centralização de poderes e local de tomadas de

decisões sobre os demais locais do território.

Com a formação de redes urbanas nacionais e regionais, as relações sociais e econômicas especializadas são controladas por uma cidade dominante que atua sobre uma relativamente vasta hinterlândia, constituída por cidades menores e, em muitos casos, por áreas rurais diferenciadas em termos de estruturas e paisagens agrárias. (CORRÊA, 2006, p.23).

Corrêa (2006) enumera em dois ciclos de exploração exercidos pela cidade, sobre o

campo uma interação desigual, onde no primeiro “[...] a grande cidade, cabeça de rede

urbana, extrai do campo força de trabalho, renda fundiária e produtos agrícolas, quer

matérias-primas, quer produtos alimentares.” Já em um segundo ciclo de exploração

onde a cidade abastece o campo com “[...] capitais, novos usos da terra, força de

trabalho, ideias e valores, e bens e serviços [...]”, possibilitando dessa forma uma

reprodução da produção destinado a atender os interesses das cidades constituídas em

redes. A drenagem de excedentes agrícolas por parte da rede urbana e caracterizado

segundo Corrêa (2006), como sendo uma reprodução em ciclos que se realizam e

condicionam-se através da integração de uma produção agrícola nos moldes industriais,

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onde abastece a cidade com alimentos e matéria prima, para em seguida o campo

adquirir máquinas e insumos indispensáveis. Essa integração torna-se possível a partir

da modernização das técnicas utilizadas no campo, como observado em Santos, R.A.

(2008), onde o campo torna-se dependente dessa aproximação com a indústria, e passa a

fornecer condições técnicas para que a atividade agrícola seja possível.

A mobilidade da força de trabalho também outro elemento considerado em Corrêa

(2006), onde ao modernizar as técnicas utilizadas na agricultura, à mesma expulsa a

força de trabalho para áreas urbanas, que dispõem de uma força contraria a do campo,

passando a atrair um grande número de trabalhadores às atividades urbanas,

principalmente industriais.

As atividades capitalistas da cidade, entre elas especialmente as indústrias, necessitam de trabalhadores livres, que dispõem apenas de sua força de trabalho e nenhum ou muito pouco vínculo com o campo. Estes trabalhadores constituem a de onde será extraído o valor excedente, fonte de acumulação de capital. Assim, a cidade precisa drenar, via migração rural-urbana, uma parcela da população rural constituída por pequenos proprietários, rendeiros, meeiros, moradores de condições e assalariados (CORRÊA, 2006, p.31).

Quando olhamos para a realidade da região Sudoeste do Paraná, percebemos a forte

vinculação do campo e cidade, justamente pelas relações entre ambos os espaços,

constituídas desde o surgimento dos primeiros núcleos urbanos em nossa região, onde

as trocas comerciais eram necessárias para a manutenção tanto da população rural, que

necessitava vender sua produção agrícola, quanto à população urbana que comprava

essa produção, e a incorporava as suas necessidades para sobrevivência no meio urbano.

Como nas relações entre os pequenos comerciantes tratados pelos autores que

pesquisaram essa realidade.

Conclusões

Compreender as dinâmicas socioespaciais em uma região com características como o

Sudoeste paranaense é fundamental para elaboração de politicas que vão de encontro a

situação real. Tanto os processos de mobilidade populacional e trocas comerciais,

quanto a atuação do Estado no território, são facilmente compreendidas, ao comparar as

inúmeras atuações de forças no território.

A agricultura regional no Sudoeste paranaense, que inicialmente nasceu em um

processo de quase reforma agrária, sofre nos anos seguintes a influência de inúmeros

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atuantes que condicionam novos processos socioespaciais, dessa forma acreditamos que

uma analise histórica, seja uma forma explicativa da realidade.

As pequenas cidades, e seus papéis no território regional, compreendidas como locais de

destinação inicial da produção agropecuária estabelece com o campo uma variedade

enorme relações socioespaciais, sua localização possibilita as trocas comerciais

indispensáveis para a realização de uma agricultura nos moldes capitalistas

estabelecidos na região. Dessa forma inúmeros outros processos são decorrentes, como

a intensificação do êxodo-rural, e outros processos, como os casos de pluriatividade de

alguns agricultores.

Nossa analise inicial tem como objetivo o levantamento teórico para a sequência da

pesquisa com dados a respeito da real situação, para que possamos comprovar

numericamente as principais relações socioespaciais na realidade regional.

Referências

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