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ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2016, Vol. 24, nº 2, 451-465 DOI: 10.9788/TP2016.2-04Pt Formação Cientíca e sua Relação com a Capacitação Prossional do Psicólogo Valquiria Maria Gonçalves 1 Nádia Kienen Verônica Bender Haydu Programa de Mestrado em Análise do Comportamento e Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil Resumo Uma revisão bibliográca foi realizada para identicar as contribuições da formação cientíca para a capacitação prossional do psicólogo. Em bases de dados cientícas, foram selecionados 14 trabalhos sobre formação cientíca do psicólogo e sua capacitação prossional. A partir da identicação de carac- terísticas como natureza do trabalho, objetivos, método e contribuições apresentadas, foram formuladas as categorias para análise dos resultados, sendo essas: (a) concepção sobre pesquisa, formação cientíca e participação em atividade de pesquisa; (b) reexão sobre a importância da formação cientíca para a capacitação prossional do psicólogo; (c) caracterização de comportamentos prossionais relativos à formação cientíca do psicólogo; (d) características dos objetivos de ensino presentes nos planos de curso e de ensino de disciplinas relacionadas à capacitação cientíca na graduação em Psicologia; (e) programas de ensino de comportamentos prossionais que compõem a formação cientíca do psicólo- go. Destaca-se o desconhecimento dos alunos sobre a possibilidade de participação em atividades de pesquisa e a relevância da caracterização de comportamentos cientícos/prossionais. Palavras-chave: Formação cientíca, formação do psicólogo, formação prossional, Programação de Ensino, revisão da bibliograa. Scientic Training and its Relation with the Professional Training of Psychologist Abstract A literature review was conducted to identify how scientic training contributes to the professional training of psychologists. In scientic databases, fourteen papers relating to scientic training of psychologists as part of their professional training during their degree courses were selected. Based on the identication of characteristics such as their nature, aims, methods and ndings, categories were formulated in order to analyze the results of the studies, namely: (a) conception of research, scientic training and participation in research activity; (b) reection on the importance of scientic training for the professional training of psychologists; (c) characterization of professional behaviors related to the scientic training of psychologists; (d) characteristics of teaching goals present in course plans and 1 Endereço para correspondência: Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Rodovia Celso Garcia Cid, PR 445, Km 380, Campus Universitário, Caixa Postal 10.011, Londrina, PR, Brasil 86057-970. E-mail: [email protected], [email protected] e [email protected] Agências de nanciamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundação Araucária.

Formação Científi ca e sua Relação com a Capacitação …pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v24n2/v24n2a04.pdfISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2016, Vol

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ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2016, Vol. 24, nº 2, 451-465 DOI: 10.9788/TP2016.2-04Pt

Formação Científi ca e sua Relação com a Capacitação Profi ssional do Psicólogo

Valquiria Maria Gonçalves1

Nádia KienenVerônica Bender Haydu

Programa de Mestrado em Análise do Comportamento e Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil

ResumoUma revisão bibliográfi ca foi realizada para identifi car as contribuições da formação científi ca para a capacitação profi ssional do psicólogo. Em bases de dados científi cas, foram selecionados 14 trabalhos sobre formação científi ca do psicólogo e sua capacitação profi ssional. A partir da identifi cação de carac-terísticas como natureza do trabalho, objetivos, método e contribuições apresentadas, foram formuladas as categorias para análise dos resultados, sendo essas: (a) concepção sobre pesquisa, formação científi ca e participação em atividade de pesquisa; (b) refl exão sobre a importância da formação científi ca para a capacitação profi ssional do psicólogo; (c) caracterização de comportamentos profi ssionais relativos à formação científi ca do psicólogo; (d) características dos objetivos de ensino presentes nos planos de curso e de ensino de disciplinas relacionadas à capacitação científi ca na graduação em Psicologia; (e) programas de ensino de comportamentos profi ssionais que compõem a formação científi ca do psicólo-go. Destaca-se o desconhecimento dos alunos sobre a possibilidade de participação em atividades de pesquisa e a relevância da caracterização de comportamentos científi cos/profi ssionais.

Palavras-chave: Formação científi ca, formação do psicólogo, formação profi ssional, Programação de Ensino, revisão da bibliografi a.

Scientifi c Training and its Relation with the Professional Training of Psychologist

AbstractA literature review was conducted to identify how scientifi c training contributes to the professional training of psychologists. In scientifi c databases, fourteen papers relating to scientifi c training of psychologists as part of their professional training during their degree courses were selected. Based on the identifi cation of characteristics such as their nature, aims, methods and fi ndings, categories were formulated in order to analyze the results of the studies, namely: (a) conception of research, scientifi c training and participation in research activity; (b) refl ection on the importance of scientifi c training for the professional training of psychologists; (c) characterization of professional behaviors related to the scientifi c training of psychologists; (d) characteristics of teaching goals present in course plans and

1 Endereço para correspondência: Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento, Rodovia Celso Garcia Cid, PR 445, Km 380, Campus Universitário, Caixa Postal 10.011, Londrina, PR, Brasil 86057-970. E-mail: [email protected], [email protected] e [email protected]

Agências de fi nanciamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundação Araucária.

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teaching plans for scientifi c training as part of Psychology degree courses; (e) teaching programs to develop professional behaviors as part of the scientifi c training of psychologists. A noteworthy fi nding is students’ unawareness about the possibility of participating in research activities and the relevance of the characterization of scientifi c and professional behaviors.

Keywords: Scientifi c training, psychologists’ formation, professional training, Teaching Program-ming, literature review.

Formación Científi ca y su Relación con la Capacitación Profesional del Psicólogo

ResumenUna revisión bibliográfi ca fue realizada para identifi car las contribuciones de la formación científi ca en la capacitación profesional del psicólogo. En bases de dados científi cas, fueron seleccionados 14 traba-jos sobre la formación científi ca del psicólogo y su capacitación profesional. A partir de la identifi cación de categorías como naturaleza del trabajo, objetivos, método y las contribuciones realizadas, fueron formuladas las categorías para el análisis de los resultados, siendo ellas: (a) concepción al respecto de la investigación, formación científi ca y participación en actividades de investigación; (b) refl exión sobre la importancia de la formación científi ca para la formación profesional del psicólogo; (c) caracterización de la conducta profesional con respecto a la formación científi ca del psicólogo; (d) características de los objetivos de la enseñanza presentes en el programa del curso y de la enseñanza de materias relacionadas con la formación científi ca en Psicología; (e) programas de enseñanza de conductas profesionales que componen la formación científi ca del psicólogo. Destacarse la ignorancia de los estudiantes acerca de la posibilidad de participar en actividades de investigación y la relevancia de la caracterización de las conductas científi cas/profesionales.

Palabras clave: Formación científi ca, formación del psicólogo, formación profesional, programación de la educación, revisión de la literatura.

Uma das áreas para a qual o profi ssional de Psicologia deve ser capacitado a atuar durante o curso de graduação é a área científi ca. Essa capa-citação requer o desenvolvimento de comporta-mentos como observar os fenômenos comporta-mentais, formular questões, buscar bibliografi a, avaliar qual o melhor método de intervenção e de investigação, verifi car e relatar os resultados, dentre outros. O desenvolvimento dessas habi-lidades é fundamental para que os profi ssionais dessa área sejam capazes de produzir conheci-mento e transformá-lo em tecnologia, o que é considerado um fator essencial não apenas à for-mação de qualquer profi ssional, mas também ao desenvolvimento de uma nação (Viecili, 2008).

Desde a regulamentação da profi ssão de psi-cólogo no Brasil, em 1962, e após anos de dis-cussões sobre o papel e importância da formação científi ca na graduação em Psicologia, o espaço

dessa formação tem sido garantido em termos le-gais por meio das Diretrizes Curriculares Nacio-nais para os cursos de graduação em Psicologia, por meio da Resolução nº 5, de 15 de março de 2011 (Ministério da Educação, Conselho Nacio-nal de Educação/Câmara da Educação Superior, 2011). Essas diretrizes, além de apresentarem como “meta central a formação do psicólogo vol-tada para a atuação profi ssional, para a pesquisa e para o ensino de Psicologia” (Art. 3º), desta-cam que, para que esse objetivo seja alcançado, devem ser observados princípios e compromis-sos como a “Construção e desenvolvimento do conhecimento científi co em Psicologia”, além de outros, muitos dos quais relacionados à ca-pacitação científi ca. Entretanto, psicólogos, pes-quisadores e professores de Psicologia têm dis-cutido, em encontros científi cos e da categoria profi ssional, a defasagem entre teoria, pesquisa e

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intervenção na formação e prática do psicólogo, que resultam em problemas relacionados à baixa qualidade da produção científi ca e ao uso de prá-ticas inefi cazes para o atendimento das diversas demandas sociais (Cruces, 2008).

Evidências dessa defasagem foram assinala-das por Bariani (1995) e Silva (2007), que apon-tam que profi ssionais graduados em diferentes cursos, ao ingressarem em cursos de pós-gradu-ação, apresentam difi culdades, observando-se, em determinados casos, ausência de domínio de conhecimentos de metodologia científi ca rele-vantes para o desenvolvimento de seus projetos e para a produção de conhecimento. O resultado são trabalhos que apresentam falhas prejudiciais à qualidade do que foi produzido (Bariani, 1995; Silva, 2007), indicando que o ensino não foi ca-paz de garantir o desenvolvimento de comporta-mentos científi cos.

Mesmo na pós-graduação, a meta de forma-ção científi ca pode não estar sendo cumprida. Exemplo disso foi verifi cado por Silva (2007) que, a partir da revisão de dissertações de alunos de um programa de pós-graduação em Psicolo-gia, examinou a classe geral de comportamentos “delimitar problema de pesquisa”, constatando que a maioria dos autores das dissertações não enunciou de forma clara o problema de pesquisa. A autora concluiu que provavelmente os com-portamentos relativos a “delimitar problema de pesquisa” não são ensinados a esses alunos.

Uma revisão dos estudos em Psicologia a respeito da formação científi ca e profi ssional pode fornecer subsídios para discutir a capaci-tação do psicólogo. No que se refere à formação em pesquisa, pode-se buscar identifi car como se apresentam e caracterizam as defi ciências pre-sentes no ensino de comportamentos relativos à pesquisa durante a graduação, bem como identi-fi car alternativas para tais defi ciências. Com base no exposto, o presente estudo teve por objetivo avaliar as contribuições da formação científi ca durante a graduação para a capacitação profi s-sional do psicólogo por meio de revisão da bi-bliografi a pertinente ao tema. Para isso, realizou--se um exame de artigos científi cos, dissertações e teses em Psicologia que apresentam resultados sobre formação científi ca e sua relação com a ca-

pacitação do futuro psicólogo, durante o curso de graduação.

Método

O presente estudo consistiu em um estudo teórico realizado a partir do levantamento de tra-balhos sobre a temática da formação científi ca do psicólogo. A seleção do material foi feita a partir de pesquisa bibliográfi ca em base de da-dos online por meio do portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES) disponível em http://periodicos.capes.gov.br, no qual foram acessadas duas bases de dados com conteúdo relacionado à Psicologia em língua portuguesa (IndexPsi e SciELO [Scientifi c Elec-tronic Library Online]). Também foi realizada busca em dois repositórios brasileiros online de dissertações e teses (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações [BDTD] e Repositório de Con-teúdo Digital da Universidade Federal de San-ta Catarina [UFSC], no acervo do Programa de Pós-graduação em Psicologia [PPGP]).

Com base no tema escolhido foram defi -nidos os seguintes descritores nas bases de da-dos: formação científi ca, formação em pesquisa, psicologia, psicólogo, formação do psicólogo, pesquisa psicológica, metodologia científi ca, metodologia em pesquisa, capacitação científi -ca, capacitação profi ssional. Foram pesquisados trabalhos que continham tais termos em qual-quer parte do texto. Os termos foram pesquisa-dos sozinhos e em busca realizada por meio de operadores booleanos, no modo de “pesquisa avançada” das bases de dados, a fi m de refi nar os resultados da pesquisa de acordo com o objetivo do trabalho.

A partir da análise dos títulos e resumos dos trabalhos encontrados, foram selecionados os que abordavam o tema da formação científi ca e sua relação com a capacitação do psicólogo du-rante a graduação, sendo excluídos todos os que não tinham uma especifi cação desse tema.

Na busca realizada na BDTD (disponível em http://bdtd.ibict.br), foram usadas as prin-cipais palavras-chave relacionadas ao tema, no campo “Resumo” da procura avançada. Foram elas: formação do psicólogo, formação científi -

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ca, formação em pesquisa, capacitação científi ca e metodologia científi ca. Do mesmo modo, a par-tir da análise dos títulos e resumos dos trabalhos encontrados nessa busca, foram selecionados os que se relacionavam com o tema da pesquisa, resultando, assim, em um trabalho recuperado.

Realizou-se ainda busca no Repositório de Conteúdo Digital da UFSC, no acervo do PPGP. Tal escolha foi feita considerando que uma das linhas de pesquisa do PPGP abrange traba-lhos sobre capacitação do psicólogo, incluindo capacitação científi ca, orientados pelo Prof. Dr. Sílvio Paulo Botomé e pela Profa. Dra. Olga Mitsue Kubo. Destaca-se que o trabalho que foi recuperado na BDTD fazia parte do PPGP da UFSC.

Em uma primeira fase foram realizadas lei-turas dos trabalhos ou de partes deles para identi-fi cação dos aspectos e informações apresentadas em cada um, sendo estas: tema, objetivo, tipo de pesquisa (se teórica, empírica, etc.), natureza do trabalho (se artigo, tese, dissertação), método utilizado e discussões e conclusões apresentadas no trabalho.

Posteriormente, foram propostas categorias para análise dos trabalhos constituintes da amos-

tra, sendo formuladas considerando os objetivos de cada trabalho e as considerações feitas neles, agrupando-os de acordo com as semelhanças apresentadas nesse sentido. As categorias de análise formuladas foram: (a) concepção sobre pesquisa, formação científi ca e participação em atividade de pesquisa; (b) refl exão sobre a im-portância da formação científi ca para a capacita-ção profi ssional do psicólogo; (c) caracterização de comportamentos profi ssionais relativos à for-mação científi ca do psicólogo; (d) características dos objetivos de ensino presentes nos planos de curso e de ensino de disciplinas relacionadas à capacitação científi ca na graduação em Psicolo-gia e (e) programas de ensino de comportamen-tos profi ssionais que compõem a formação cien-tífi ca do psicólogo.

Resultados e Discussão

A quantidade de artigos inicialmente encon-trada, selecionada e recuperada na busca realiza-da com cada descritor pesquisado está distribuí-da na Tabela 1. Pode-se observar que apenas os descritores “Formação em pesquisa” e “Forma-ção do psicólogo”, e as combinações “Formação

Tabela 1Descritores Pesquisados nas Bases de Dados e a Quantidade Correspondente de Artigos Inicialmente En-contrados, Selecionados e Recuperados para Análise

Descritores pesquisados nas bases de dados Qtde de trabalhos encontrados

Qtde de trabalhos selecionados

Qtde de trabalhos recuperados

Formação científi ca 124 6 0

Formação em pesquisa 137 8 2

Formação do psicólogo 39 4 2

Pesquisa psicológica 25 0 0

Capacitação científi ca 41 0 0

Capacitação Profi ssional 38 0 0

Formação científi ca AND Psicólogo 19 4 1

Formação em pesquisa AND Psicólogo 14 2 1

Metodologia científi ca AND Psicologia 37 3 1

Metodologia de pesquisa AND Psicologia 32 2 1

Capacitação científi ca AND Psicólogo 1 0 0

Capacitação profi ssional AND Psicólogo 2 1 0

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científi ca AND Psicólogo”, “Formação em pes-quisa AND Psicólogo”, “Metodologia científi ca AND Psicologia” e “Metodologia de pesquisa AND Psicologia” produziram trabalhos a serem recuperados, cujo processo de seleção encontra--se no fl uxograma representado na Figura 1. Ve-

rifi ca-se nessa fi gura que dos 698 trabalhos re-sultantes da busca inicial, foram recuperados 47 trabalhos completos, sendo 33 repetidos, perma-necendo 14 trabalhos para compor a amostra de análise desse estudo (oito artigos, quatro disser-tações de mestrado e duas teses de doutorado).

Trabalhos encontrados nas bases de dados

(n= 509)

Trabalhos após remoção de duplicações

(n= 678)

Trabalhos encontrados em outras fontes

(n= 189)

Trabalhos selecionados com base no título e resumo

(n= 47)

Iden

tific

ação

Se

leçã

o

Trabalhos completos recuperados (n= 47)

Trabalhos incluídos na revisão (n= 14)

Eleg

ibili

dade

In

cluí

dos

Trabalhos excluídos que não atingiram o critério a partir da

leitura do texto completo (n= 33)

Figura 1. Fluxograma da pesquisa e quantidade de trabalhos localizados, selecionados e recuperados.

A partir da leitura dos trabalhos, esses fo-ram classifi cados em cinco categorias, de acordo com a abordagem que faziam sobre a temática

da contribuição da formação científi ca para a capacitação profi ssional do psicólogo. Para tal classifi cação, foi considerado principalmente o

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objetivo central de cada trabalho, além dos resul-tados e conclusões apresentados neles. Na Tabe-la 2 são explicitadas as categorias e as referên-

cias dos trabalhos que compõem cada uma delas. A seguir, apresenta-se a descrição e análise dos estudos com base nas categorias formuladas.

Tabela 2Artigos Selecionados nas Bases de Dados e Distribuição de Acordo com as Categorias Formuladas para Classifi cação e Análise

Número Categorias Referência do Trabalho Tipo de publicação

1

Concepção sobre pesquisa, formação científi ca

e participação em atividade de pesquisa

Bariani (1995) Artigo

Bastian et al. (2000) Artigo

Guareschi, Wendt, & Dhein (2011) Artigo

Leme (2001) Artigo

Seidl-de-Moura, Bosco, Diniz, & Santos (1993) Artigo

2

Refl exão sobre a importância da formação científi ca

para a capacitação do profi ssional psicólogo

Ades (1981) Artigo

Cruces (2008) Artigo

Weber (1985) Artigo

3

Caracterização de comportamentos

profi ssionais que compõem a formação científi ca

do psicólogo

Goecks (2011) Dissertação

Luca (2008) Dissertação

Noceti (2011) Dissertação

Viecili (2008) Tese

4

Características dos objetivos de ensino presentes nos planos

de curso e de ensino de disciplinas relacionadas

à capacitação científi ca na graduação em psicologia

Grando (2009) Dissertação

5

Programas de ensino de comportamentos profi ssionais

que compõem a formação científi ca do psicólogo

Luca (2013) Tese

Concepção sobre Pesquisa, Formação Científi ca e Participação em Atividade de Pesquisa

Dos 14 trabalhos analisados, cinco foram enquadrados na categoria denominada de “Con-cepção sobre pesquisa, formação científi ca e par-ticipação em atividade de pesquisa”, conforme apresentado na Tabela 1. Nos estudos de Bariani (1995), Bastian et al. (2000) e Seidl-de-Moura et al. (1993), foram aplicados questionários a es-tudantes do curso de Psicologia para, de modo geral, investigar o conhecimento e a concepção

que eles têm sobre formação científi ca e sobre a participação deles em atividades de pesquisa. O estudo de Bariani (1995) foi realizado com 43 estudantes de Psicologia que realizavam ativi-dades de pesquisa, enquanto que os outros dois estudos (Bastian et al., 2000; Seidl-de-Moura et al., 1993) foram realizados, respectivamente, com 82 e 93 estudantes participantes ou não de atividades de pesquisa.

Em Leme (2001), foi utilizada uma coleta de depoimentos de alunos de iniciação científi ca e de professores com a fi nalidade de inve stigar a

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contribuição da formação em pesquisa, por meio de atividades de iniciação científi ca (IC), para a formação do psicólogo. No quinto estudo a com-por essa categoria (Guareschi et al., 2011), foram analisadas respostas dos estudantes de Psicolo-gia ao questionário socioeconômico do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENA-DE) do ano de 2006. Essas respostas referiam-se a questões sobre participação em atividades de pesquisa/iniciação científi ca, monitoria e exten-são, mas para o presente estudo, foram utilizados somente os dados que se referem à pesquisa/ini-ciação científi ca.

Os resultados encontrados apontam que a pesquisa, segundo os estudantes, é considerada importante e que a prática de atividades de pes-quisa contribuiria para a formação profi ssional do psicólogo. No estudo de Seidl-de-Moura et al. (1993), os alunos responderam que conside-ram que a pesquisa é importante, porque, dentre outros fatores, é “fonte de conhecimentos”, pos-sibilita “o progresso da ciência” e “pode ser fon-te de mudanças na psicologia ou de mudanças sociais” (p. 27). Além disso, os estudantes desta-caram que o papel do pesquisador é importante, “porque é ele o agente, o sujeito nesse processo que permite as conquistas propiciadas pela pes-quisa” (p. 27), mostrando uma visão idealizada e distante da prática na graduação. Os resultados apresentados por Bariani (1995) indicam que os alunos-pesquisadores consideravam que a parti-cipação em atividade de pesquisa era de grande importância para a vida acadêmica e para a for-mação profi ssional.

Nos depoimentos coletados com os alunos de iniciação científi ca no estudo de Leme (2001), foram mencionados aspectos positivos da parti-cipação na atividade de pesquisa, que incluíam o desenvolvimento de uma relação mais fl exível com o conhecimento, principalmente por meio do desenvolvimento de um senso mais crítico e de uma mudança do modo de pensar; a promo-ção da autonomia e de um posicionamento ativo diante do conhecimento e dos problemas cien-tífi cos; e a relação de trocas estabelecida com o orientador. Por sua vez, Bastian et al. (2000) par-tiram da premissa de que os psicólogos não valo-rizam a pesquisa científi ca, dedicando-se mais a

aspectos técnicos da profi ssão, porém, 99% dos estudantes responderam que consideravam que a pesquisa fazia parte das atividades do psicólogo.

Outro tópico encontrado nos estudos foi o conhecimento sobre pesquisa e o interesse que os estudantes tinham em realizar esse tipo de atividade, sendo constatado por Bastian et al. (2000) e Seidl-de-Moura et al. (1993) que os alunos apresentavam baixa frequência desses comportamentos. Esses resultados, no entanto, podem estar relacionados a outro fator, que foi mencionado em todos os trabalhos dessa catego-ria: a pouca ou até mesmo a ausência de divul-gação das atividades de pesquisa aos estudantes. Bastian et al. (2000) apresentam que 60% da amostra do estudo (n=82) não sabia da possibili-dade de os alunos de graduação realizarem ativi-dades de pesquisa e alguns alunos-pesquisadores responderam que a pesquisa é uma “atividade trabalhosa”, “difícil” e até mesmo “chata”, o que pode contribuir também com o desinteresse dos alunos em relação à prática de pesquisa.

A falta de interesse e de conhecimento sobre pesquisa e sobre oportunidades de rea-lização desse tipo de atividade resulta em pouca participação, como foi evidenciado pelo estudo de Seidl-de-Moura et al. (1993), em que apenas 10% dos estudantes da amostra (n=93) participavam ou haviam participado de atividades de pesquisa. No estudo de Guareschi et al. (2011), desenvolvido em âmbito nacional, 57,1% dos estudantes de Psicologia (n=23.613) não participavam ou não haviam participado de atividades de pesquisa durante a graduação.

A partir dos resultados encontrados sobre o desconhecimento dos alunos a respeito de pes-quisa e das oportunidades de realização desse tipo de atividade, Bastian et al. (2000) amplia-ram o estudo com a realização de grupos e de intervenção com os estudantes que participaram de sua pesquisa inicial, sendo o único trabalho dessa categoria em que foi realizada uma intervenção. Seu objetivo foi a devolução de resultados, bem como fornecer informações e esclarecimentos sobre as atividades de pesquisa oferecidas pela universidade em que estudavam, para incentivar a participação dos estudantes em projetos de pesquisa.

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Sobre a relação da formação científi ca du-rante a graduação e a pós-graduação, nos de-poimentos dos professores do estudo de Leme (2001) foi mencionado que a experiência com pesquisa realizada por meio da IC seria um pre-paro do aluno para a pós-graduação, pois os alu-nos utilizam o que aprenderam durante a IC no projeto a ser desenvolvido na pós-graduação. No estudo de Guareschi et al. (2011), pelas respos-tas dos estudantes, quando examinada a soma dos índices de contribuição plena, parcial e res-trita da IC à formação profi ssional, em geral, a realização da atividade é considerada de maior contribuição para a formação por estudantes de instituições de ensino superior (IES) com progra-mas de pós-graduação (PPG). É provável que tal fato seja devido a um maior incentivo por parte dos docentes para que os alunos tenham contato com práticas de pesquisa e, assim, estejam mais preparados para os cursos de pós-graduação da instituição.

Ainda no estudo de Guareschi et al. (2011), foram relacionadas as respostas sobre participa-ção dos estudantes em atividades de pesquisa e os índices de contribuição dessa atividade à formação profi ssional. Verifi cou-se que o índi-ce de estudantes que participaram ou participa-vam de atividades de IC e consideravam que tal experiência contribuía plenamente à formação profi ssional era inferior ao índice de estudantes que não participavam ou haviam participado de atividades de pesquisa na graduação. É impor-tante destacar que no estudo de Leme (2001), os alunos apontaram como pontos negativos da IC os diferentes estilos de orientação dos professo-res, sendo que alguns tratavam o aluno como um simples realizador de tarefas, não possibilitando muita autonomia, enquanto outros professores proporcionavam uma orientação considerada muito “solta”, sem diretrizes, deixando o aluno sem saber como proceder. Outro ponto negativo citado pelos alunos com relação à IC foi uma es-pecialização precoce devido ao trabalho com ob-jetos de estudo muito específi cos, que pode não ser vantajoso ao estudante na graduação.

Relacionado ainda com a participação em atividades de pesquisa, porém mais especifi -camente ao motivo da procura por esse tipo de

atividade, no estudo de Bariani (1995), os estu-dantes, de forma geral, responderam que a busca por projetos de pesquisa era por curiosidade em saber mais sobre pesquisa em Psicologia e por interesse em aprender mais sobre metodologia de pesquisa. A maioria desses alunos respondeu ter um conhecimento apenas razoável em meto-dologia de pesquisa. Esses resultados podem ter relação com o que Seidl-de-Moura et al. (1993) discutiram ao constatarem um panorama de in-satisfação dos alunos com o ensino de metodolo-gia de pesquisa e a formação científi ca durante a graduação, cujas respostas referiam-se a um bai-xo número de disciplinas sobre pesquisa. Além disso, de acordo com as autoras, as disciplinas de metodologia científi ca pareciam não atender aos objetivos a que se propunham.

Um dos compromissos da Educação Supe-rior, segundo Bariani (1995), seria oferecer a formação científi ca como parte importante da capacitação do profi ssional. Contudo, parece que esse compromisso não tem sido totalmente cumprido, sendo dada mais ênfase à formação técnica do profi ssional, em detrimento à forma-ção científi ca. Isso demonstra uma compreensão dessas formações não como complementares e interdependentes, mas como distintas e também distantes uma da outra. A autora discute ainda que a universidade deveria dar condições para que o aluno desenvolvesse uma “atitude científi -ca”, o que seria muito mais do que realizar pes-quisas somente, o que também foi apontado nas refl exões dos artigos de Ades (1981) e Cruces (2008).

Refl exão sobre a Importância da Formação Cientifi ca para a Capacitação Profi ssional do Psicólogo

Três artigos selecionados (Ades, 1981; Cruces, 2008 e Weber, 1985) foram distribuídos na categoria “Refl exão sobre a importância da formação científi ca para a capacitação profi s-sional do psicólogo”. Sendo dois artigos da década de 1980 e um da década de 2000, cada um traz refl exões considerando o cenário dos diferentes períodos da história da Psicologia brasileira, no que tange à formação profi ssional e científi ca. E embora distantes com relação à

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época em que foram escritos, os artigos acabam por abordar problemas semelhantes, apontando que os problemas encontrados na década de 2000 parecem ser um desenrolar dos apresentados nos anos 1980.

Com base em um simpósio realizado duran-te a VIII Reunião Anual de Psicologia da Socie-dade de Psicologia de Ribeirão Preto, no ano de 1978, com o título “Formação em psicologia, o ponto de vista dos profi ssionais”, Ades (1981) escreveu seu artigo de refl exão. Assim, partin-do da premissa de que não existiria real motivo para se considerar como antagônicas ou incom-patíveis as atividades de pesquisa e de aplicação em Psicologia, bem como considerando que in-tegrar pesquisa e aplicação só traria benefícios à formação do psicólogo, discutiu o “treino em pesquisa na graduação em psicologia como um caminho para a formação de uma atitude criati-va de investigação e teorização” (p. 113). Isso, segundo o autor, é válido tanto para a carreira de pesquisador, como para a atuação profi ssional do psicólogo em outros contextos e atividades.

Dados de estudos desenvolvidos por ou-tros pesquisadores na década de 1970, tanto no Brasil como no exterior, foram apresentados por Ades (1981), que apontam haver pouco in-teresse dos estudantes com relação à pesquisa, em detrimento do grande interesse para a área aplicada. Resultado semelhante aos apresenta-dos na categoria “Concepção sobre pesquisa, formação científi ca e participação em atividade de pesquisa”, por Bariani (1995), Bastian et al. (2000), Guareschi et al. (2011), Leme (2001) e Seidl-de-Moura et al. (1993).

A partir das respostas dadas em um ques-tionário destinado a professores de Psicologia antes da VIII Reunião Anual de Psicologia da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto, no ano de 1978, Ades (1981) apresentou que nas questões relativas à formação em pesquisa, res-pondida por 29 professores, a maioria relatou que não existia, na instituição em que era do-cente, prática de pesquisa pelos alunos e que os cursos de metodologia eram insufi cientes para o ensino de pesquisa. Aproximadamente 80% dos professores que responderam a essas questões se manifestaram a favor do treino em pesquisa du-

rante o curso de graduação em Psicologia. Uma das respostas dizia que “a não ser que estejamos formando justamente aplicadores de técnicas, o treino em pesquisa é essencial; não, talvez, com o objetivo de formar uma pessoa competente e autossufi ciente no planejamento e execução de pesquisas, mas para dar ‘espírito crítico’” (Ades, 1981, p. 116).

Ainda sobre a capacitação científi ca e a re-lação com a falta de treino em pesquisa e a in-sufi ciência dos cursos de metodologia científi ca, Ades (1981) pontuou que se a intenção for que os estudantes possam aprender muito mais do que reproduzir fragmentos e técnicas, é necessá-rio que haja a participação dos alunos numa prá-tica de pesquisa. A atividade prática possibilita ao estudante apresentar um processo de mudan-ça comportamental facilitado pela demonstração do quanto a pesquisa pode contribuir com a for-mação profi ssional.

Uma refl exão sobre o espaço da pesquisa na formação do psicólogo foi feita por Weber (1985) no simpósio “A formação do pesquisa-dor em Psicologia e o curso de graduação – res-ponsabilidades negligenciadas”, promovido pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Gradu-ação em Psicologia, considerando o Currículo Mínimo de Psicologia vigente na época, previsto no artigo 10 do Decreto-lei nº. 53.464, de 21 de janeiro de 1964. O Currículo Mínimo consistia em algumas disciplinas obrigatórias que os cur-sos deveriam oferecer e algumas opcionais, es-colhidas pelas instituições de nível superior, po-rém nenhuma dessas disciplinas era relacionada à formação científi ca especifi camente. De acor-do com Weber, não seria possível pensar o Cur-rículo Mínimo e o espaço da pesquisa nele sem antes pensar na própria formação profi ssional do psicólogo. A autora destacou que o Currículo Mínimo privilegiava a profi ssionalização do psi-cólogo, principalmente para atuação em clínica. No entanto, ao se pensar a Psicologia como ciên-cia e profi ssão, novas exigências eram evidentes, não se tratando apenas da inclusão de discipli-nas de pesquisa no Currículo Mínimo, mas da necessidade de se analisar como seria realizado o processo de inserção nos grupos de pesquisa e na participação em projetos de pesquisa. Uma

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inserção efetiva contribuiria não somente para a formação de pesquisadores, mas principalmente, para a formação de profi ssionais capacitados a serem bons consumidores de pesquisa.

A importância da pesquisa na formação do psicólogo também foi destacada por Cruces (2008), apresentando um panorama histórico da preparação desse tipo de profi ssional desde os tempos iniciais de criação de cursos de Psico-logia no Brasil e a regulamentação da profi ssão em 1962. A autora discutiu que com a expansão dos cursos de Psicologia, iniciou-se um processo de defasagem entre teoria, pesquisa e extensão, sendo a pesquisa colocada em segundo plano ou até mesmo não contemplada durante a formação. Tal fato acarretou problemas na atuação desse profi ssional, devido a um preparo inadequado nos cursos de formação, que levou ao questio-namento sobre a adequação de práticas do psi-cólogo nem sempre efi cazes e condizentes com a realidade, resultando em um movimento de re-fl exão a respeito dessa situação, principalmente nos anos 1980, o que pode ser observado pelos artigos de Ades (1981) e Weber (1985).

Em seu artigo, Cruces (2008) destacou ainda o importante papel da formação científi ca para a formação de um bom profi ssional, papel esse dis-cutido em encontros de associações e grupos tais como da American Psychological Association (APA), Primera Conferencia Latinoamericana sobre Entrenamiento em Psicologia, dentre ou-tros. A preparação em pesquisa seria o modo de capacitar bons profi ssionais, capazes de avaliar, questionar, observar, levantar hipóteses e propor intervenções efi cazes e adequadas às necessida-des. No entanto, no Brasil, não havia disciplinas relativas à pesquisa no Currículo Mínimo para o curso de Psicologia, fato esse que só se mo-difi cou a partir de 2004 – com discussões sobre essas modifi cações iniciadas na década de 1980 – a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais, que substituía o rol de disciplinas do Currículo Mínimo por competências e habilidades neces-sárias ao psicólogo, contemplando e garantindo agora a formação científi ca.

A partir da análise dos três artigos apresen-tados nessa categoria, pode-se observar que a discussão sobre o espaço e a importância da for-

mação em pesquisa para a formação profi ssional do psicólogo está presente há anos e, embora muitos pontos ainda precisem de mais discussão e, principalmente, de mudanças, houve avanços em termos de políticas públicas para o ensino de Psicologia. Porém, tais avanços precisam ser garantidos por meio das práticas dentro das ins-tituições, envolvendo desde os planos dos cursos de Psicologia, até o modo pelo qual é realizada a capacitação científi ca e como são ensinadas as disciplinas de metodologia científi ca. Deve-se analisar, inclusive, o quanto a capacitação em pesquisa que tem sido realizada nas instituições de ensino superior contribui para uma formação profi ssional de melhor qualidade, tendo em vis-ta que tipo de profi ssional a universidade deseja formar.

Caracterização de Comportamentos Profi ssionais que Compõem a Formação Científi ca do Psicólogo

Dentre os estudos selecionados, quatro (Goecks, 2011; Luca, 2008; Noceti, 2011; Vie-cili, 2008) foram categorizados como “Carac-terização de comportamentos profi ssionais que compõem a formação científi ca do psicólogo”. Todos os estudos dessa categoria tinham por objetivo identifi car quais classes de compor-tamentos constituem classes gerais relativas a comportamentos acadêmicos, profi ssionais e científi cos que, no presente artigo, são relaciona-dos à formação científi ca do psicólogo. Dentre as classes gerais de comportamentos estudadas estão “avaliar a confi abilidade de informações” (Luca, 2008), “delimitar problema de pesquisa a partir de perguntas” (Noceti, 2011), “ler textos acadêmicos” (Goecks, 2011) e classes de com-portamentos profi ssionais que compõem a for-mação do psicólogo para intervir indiretamente por meio de pesquisa (Viecili, 2008).

A caracterização das classes de comporta-mentos que compõem uma determinada atuação ou função de alguém na sociedade consiste em uma das várias etapas – e talvez a mais impor-tante – da Programação de Ensino, que é uma tecnologia de ensino produzida a partir da Aná-lise Experimental do Comportamento (Kienen, Kubo, & Botomé, 2013). De modo geral, entre

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as etapas, tem-se inicialmente a caracterização de necessidades sociais do aprendiz, a partir das quais são identifi cados que comportamentos ne-cessitam ser aprendidos a fi m de que ele possa lidar melhor com essas necessidades. O ensino desses comportamentos é que lhe permitirá trans-formar a realidade social com a qual se depara-rá depois de passado o período de ensino. Essa primeira etapa de identifi cação e caracterização dos comportamentos que constituirão a atuação do aprendiz na sociedade possibilitará o planeja-mento de várias outras etapas de ensino efetivo desses comportamentos. A partir disso podem ser programadas condições de ensino para que os comportamentos sejam desenvolvidos, sendo então propostas as atividades para tal. A avalia-ção da efi ciência e efi cácia dos programas de en-sino constitui parte fi nal do processo de Progra-mação de Ensino e possibilita o aperfeiçoamento do programa de ensino desenvolvido.

Os estudos da presente categoria destacam que caracterizar as classes de comportamentos é importante, pois possibilita conhecer o que se deve ensinar para capacitar os futuros profi ssio-nais e pesquisadores. Dessa forma, a partir da identifi cação dos comportamentos constituin-tes das classes gerais estudadas, é possível que professores formulem objetivos de ensino que sejam claros e possibilitem o planejamento de atividades para o desenvolvimento desses com-portamentos.

O estudo de Viecili (2008) buscou identi-fi car classes de comportamentos relacionadas à capacitação profi ssional do psicólogo para inter-vir por meio de pesquisa. Seu estudo foi feito com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia e em projetos de cursos de graduação de diferen-tes instituições de ensino do país. As classes de comportamentos identifi cadas e as lacunas pre-sentes em algumas classes de comportamentos indicam, segundo a autora, que muitas classes de comportamentos relativas à capacitação cien-tífi ca do profi ssional ainda precisam ser desco-bertas, a fi m de que colaborem com uma orga-nização dos cursos de Psicologia de modo que garantam o desenvolvimento de comportamen-tos científi cos fundamentais ao psicólogo.

Para completar e aperfeiçoar uma das clas-ses de comportamentos caracterizadas por Vie-cili (2008), relacionada a delimitar problema de pesquisa, Noceti (2011) objetivou identifi car os comportamentos constituintes da classe geral “delimitar problema de pesquisa a partir de per-guntas” derivados de um manual de pesquisa. O autor destaca que “delimitar um problema” faz parte do processo de produção de conhecimento científi co, sendo uma das etapas iniciais desse processo. Da mesma forma, “avaliar a confi abili-dade de informações” (Luca, 2008) e “ler textos acadêmicos” (Goecks, 2011) constituem com-portamentos acadêmicos de grande importância para a formação profi ssional e científi ca dos estu-dantes, pois com o desenvolvimento deles se tem a possibilidade de desenvolver outros comporta-mentos profi ssionais que serão necessários nas mais diferentes áreas de atuação. Além disso, é importante destacar que “ler textos acadêmicos” e “avaliar a confi abilidade de informações” são comportamentos requeridos ao longo do curso de graduação, bem como na pós-graduação e na atuação profi ssional. No entanto, além de não parecerem ser objetos de estudo como classes gerais de comportamentos, esses repertórios se apresentam frequentemente como insufi cientes ou insatisfatórios pelos estudantes.

Viecili (2008) discute que quando um es-tudante aprende pesquisa como um conjunto de técnicas e procedimentos, é provável que não aprenda a identifi car necessidades de interven-ção e somente reproduza as técnicas aprendidas, conforme foi indicado por Ades (1981). Vie-cili ressalta ainda que a formação científi ca de qualidade precisa ser garantida na formação de psicólogos para possibilitar ampliação do campo de atuação profi ssional e atender as necessida-des presentes na sociedade. Assim, a partir da caracterização das classes de comportamentos profi ssionais que compõem a formação cientí-fi ca do psicólogo é possível formular objetivos de ensino claros que permitam a elaboração de programas de ensino para desenvolver tais com-portamentos. Estudos com o objetivo de carac-terizar outras classes de comportamentos rela-cionadas à formação cientifi ca do psicólogo ou ao aperfeiçoamento e ampliação das classes já

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caracterizadas podem contribuir com um ensino mais efi caz de tais comportamentos, resultando em uma formação profi ssional que garanta que os estudantes sejam capacitados a intervir por meio de pesquisa.

Características dos Objetivos de Ensino Presentes nos Planos de Curso e de Ensino de Disciplinas Relacionadas à Capacitação Científi ca na Graduação em Psicologia

O estudo de Grando (2009) teve por obje-tivo caracterizar quais comportamentos científi -cos são propostos como objetivos de ensino de planos de curso e de disciplinas relacionadas à capacitação científi ca de estudantes de curso de graduação em Psicologia. A autora questiona em seu trabalho se os cursos de graduação em Psico-logia estariam capacitando os futuros profi ssio-nais a produzirem conhecimento, de forma que esse fazer científi co proporcionasse também que os psicólogos formados buscassem tecnologias e procedimentos mais efi cazes e adequados para as diferentes demandas profi ssionais.

Após a identifi cação das características dos objetivos de ensino presentes nos planos de curso e nos planos de disciplinas relacionadas à capacitação científi ca do psicólogo, a autora as distribuiu em quatro categorias: atividades ou atuações escolares dos alunos; expressões vagas, genéricas ou ambíguas; declarações de inten-ção e atividades ou ações de professores. Com essa investigação, Grando (2009) concluiu que são poucos os professores que têm formulado objetivos de ensino de forma clara e que ex-plicitem quais os comportamentos que o aluno deve aprender com as atividades da disciplina. Foi observado que, com frequência, os objetivos de ensino são apresentados em termos amplos, com a descrição do conteúdo das disciplinas ou da atividade que o professor realizará e não com a descrição do comportamento que se es-pera que o aluno seja capaz de apresentar. Desse modo, o trabalho de Grando (2009) traz como contribuição que o estudo das características dos objetivos de ensino, apresentados nos planos de curso e de ensino de disciplinas relacionadas à formação científi ca durante a graduação em Psi-

cologia, pode tornar possível aos professores formularem planos com objetivos mais claros e precisos a respeito dos comportamentos-alvo a serem desenvolvidos. Assim, com uma conse-quente formação profi ssional e científi ca de me-lhor qualidade, os futuros profi ssionais estariam mais aptos a se tornarem autônomos e produzi-rem conhecimento científi co, tanto como pesqui-sadores, como também em atividades de ensino e intervenção em diferentes áreas de atuação.

Programas de Ensino de Comportamentos Profi ssionais que Compõem a Formação Científi ca do Psicólogo

A presente categoria foi formulada com base no estudo desenvolvido por Luca (2013), em sua tese de doutorado. A partir da caracteriza-ção de componentes de comportamentos básicos constituintes da classe geral de comportamentos denominada “avaliar a confi abilidade de infor-mações” realizada na dissertação de mestrado (Luca, 2008), o autor objetivou, em sua tese de doutorado avaliar qual o grau de efi ciência e de efi cácia de um programa de ensino para desen-volver classes de comportamentos constituintes dessa classe geral caracterizada.

A aplicação do Programa de Ensino da clas-se geral “avaliar a confi abilidade de informa-ções”, constituída por 866 classes de comporta-mentos, das quais 136 foram selecionadas para serem ensinadas, foi realizada com dois grupos: (a) Grupo História, composto por três aprendizes que cursavam graduação em História e 13 en-contros para desenvolver os comportamentos ca-racterizados; e o (b) Grupo Psicologia, composto por quatro aprendizes do curso de graduação em Psicologia e 15 encontros. A avaliação da efi ci-ência do Programa foi realizada pela avaliação do desempenho individual dos aprendizes em re-lação ao desenvolvimento de cada um dos com-portamentos propostos no programa de ensino.

A avaliação da efi cácia do programa de en-sino foi feita por follow up realizado 5 meses após o término do Programa, em que foi aplicada outra atividade, e realizada entrevista a respeito das implicações e contribuições percebidas pe-los aprendizes das aprendizagens desenvolvidas

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pelo programa em variados contextos. Foi verifi -cado um alto grau de efi ciência do programa de ensino no desenvolvimento dos comportamentos constituintes da classe geral “avaliar a confi abili-dade de informações” e um alto grau de efi cácia, evidenciado no follow up. O autor discute que a efi ciência e a efi cácia do Programa foram deter-minadas provavelmente pela forma de elabora-ção de tal programa, sendo realizado sob orien-tação dos princípios da Análise Experimental do Comportamento, o que contribuiria na garantia do desenvolvimento dos comportamentos.

Os aprendizes relataram uma série de im-plicações positivas produzidas pelas aprendiza-gens desenvolvidas no Programa (Luca, 2013), tais como: melhorar a qualidade do próprio dis-curso oral, melhorar a qualidade de trabalhos escritos, identifi car e examinar informações pre-conceituosas, fundamentar melhor conclusões, apresentar argumentos completos e confi áveis em discursos, entre outras implicações. Tais re-latos parecem demonstrar que o programa foi efi ciente para o desenvolvimento de classes de comportamentos importantes para a atuação do profi ssional, destacando aqui a do psicólogo. E algumas das implicações relatadas não consis-tiam em comportamentos que foram objetivo do programa, mostrando que as aprendizagens desenvolvidas parecem ter dado base para que outros comportamentos fossem desenvolvidos também fora do contexto de aprendizagem, o que aponta para uma contribuição ainda maior desse tipo de programa na capacitação profi ssio-nal e científi ca de estudantes. Vale destacar que várias dessas classes de comportamentos pode-riam ser caracterizadas como parte da formação científi ca do psicólogo para atuação em qualquer campo ou âmbito profi ssional.

Considerações Finais

A partir da análise dos trabalhos selecio-nados, é possível identifi car as contribuições desses estudos ao exame da importância e do papel da formação científi ca para a capacitação profi ssional do futuro psicólogo. Destaca-se ser unânime o papel fundamental da formação em pesquisa como parte necessária e indissociável

para uma boa formação profi ssional. Fato esse que nos anos 1980 e 1990, com as discussões sobre a ausência de espaço para pesquisa no Cur-rículo Mínimo, resultou nas Diretrizes Curricu-lares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia (Cruces, 2008). No entanto, apesar de garantir a existência do ensino de pesquisa na graduação do futuro psicólogo, não explicita de que forma essa formação ocorrerá, muitas ve-zes tornando-se apenas reprodução de técnicas e procedimentos dos conhecidos manuais de pes-quisa (Viecili, 2008).

Parece que ainda é preciso avançar com relação à forma como é realizada a capacitação científi ca para que a pesquisa não seja vista de modo idealizado e desinteressante pelos estu-dantes. Muitos desses que, não tendo interesse em seguir a área acadêmica como docentes e pesquisadores, assumem uma postura de não re-alizadores de pesquisa, como se pesquisa fosse exclusivamente o que é feito formalmente dentro dos projetos de iniciação científi ca, laboratórios e práticas obrigatórias de disciplinas de meto-dologia científi ca e não como algo que também embasa uma prática profi ssional. É provável que isso se deva em boa parte pela falta de divulga-ção das oportunidades de experiências com pes-quisa, fato esse para o qual se deve pensar em alternativas que incentivem os alunos a busca-rem tais atividades (Bariani, 1995; Bastian et al., 2000).

Boa parte do desinteresse também está rela-cionada à falta de conhecimento sobre o quanto tal experiência vai, de fato, agregar ao desen-volvimento de comportamentos que serão úteis para a futura atuação profi ssional. O que parece indicar um desconhecimento acerca dos compor-tamentos que constituem o fazer científi co pelos estudantes, psicólogos e até mesmo, por alguns docentes. Não parece difícil que uma formação em pesquisa desinteressante seja falha, sem rela-ção com os ganhos que pode trazer ao profi ssio-nal e que não faça sentido à realidade em que o aluno de graduação está inserido. Desse modo, além do importante questionamento acerca dos aspectos sociais, políticos e históricos por trás da condição atual da formação de nível supe-rior, deve-se refl etir sobre que tipo de mudanças

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práticas poderiam ser sugeridas como possíveis caminhos para uma melhoria da qualidade da formação profi ssional do psicólogo.

Talvez seja pertinente, também, pensar so-bre quais comportamentos relativos ao fazer ci-ência podem ser desenvolvidos e quais seriam as condições para que isso acontecesse (Gran-do, 2009; Noceti, 2011; Viecili, 2008). Portanto, considerando que a formação científi ca é impor-tante para a formação do futuro profi ssional de Psicologia, de que formas, atualmente, é possí-vel e necessário ensinar pesquisa? É provável que a resposta a essa pergunta não aponte para um caminho apenas ou para alguma espécie de “fórmula” de ensino.

Os estudos com base na Programação de Ensino analisados neste artigo parecem trazer contribuições relevantes sobre esse questiona-mento ao apresentá-la como uma tecnologia efi -caz para o entendimento e desenvolvimento de comportamentos científi cos/profi ssionais (Go-ecks, 2011; Grando, 2009; Luca, 2008, 2013; Noceti, 2011 e Viecili, 2008). Novos estudos complementando a caracterização dos compor-tamentos apresentados e estudos a respeito da elaboração e avaliação de programas de ensino para desenvolvimento de outras classes gerais de comportamentos relacionadas à pesquisa podem confi gurar um caminho promissor na busca por uma capacitação efi caz e de qualidade. Destaca--se que a inclusão dos trabalhos realizados pelo grupo do PPGP da UFSC refl ete que ainda existe pouca variedade de pesquisas nessa área, con-centrando-se em pesquisas produzidas por esse grupo específi co.

Referências

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Recebido: 17/11/20141ª revisão: 28/04/2015

Aceite fi nal: 07/05/2015