Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitíase

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    1/38

    PEDRO BRAZ DE MACEDO FILHO

    FORMAS ATUAIS DE TRATAMENTO DA

    COLEDOCOLITASE

    SO PAULO

    2015

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    2/38

    2

    PEDRO BRAZ DE MACEDO FILHO

    FORMAS ATUAIS DE TRATAMENTO DA

    COLEDOCOLITASE.

    Monografia apresentada ao Instituto Srio

    Libans de Ensino e Pesquisa para

    Obteno de ttulo de Ps-Graduao em

    Endoscopia Digestiva Teraputica.

    Coordenadores: Dr. Kiyoshi HashibaDr. Horus A. Brasil

    Orientador: Dr. Fernando Pavinatto Marson

    So Paulo

    2015

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    3/38

    3

    AGRADECIMENTOS

    Aos coordenadores Dr. Kiyoshi Hashiba e Dr. Horus Brasil,pela dedicao e disponibilidade.

    Ao meu orientador Dr. Fernando Marson, pela sua presteza nasminhas solicitaes.

    Aos professores do instituto Srio Libans, pelo acolhimento que

    nos deram.Aos funcionrios do Srio Libans, especialmente s

    bibliotecrias Rita, Maria e a secretria Patrcia Vale que tantasvezes nos atenderam.

    Aos meus colegas da ps-graduao que, com muitadescontrao, a cada momento me deram muita alegria.

    Ao meu grupo de estudo da faculdade de medicina daUniversidade Federal de Pernambuco, da cidade de Caruaru,especialmente a Heullys Fernando, que em todos os momentosme acompanhou nas crticas ao trabalho.

    A Menelau Jnior, pela correo ortogrfica, com sua habitualcompetncia.

    A Jean Venais, pela arte de uma de nossas imagens.

    minha esposa, Vnia, e s minhas filhas, Lvia e Sofia, pelacompreenso quanto aos meus deslocamentos e ausncia no nossoconvvio.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    4/38

    4

    RESUMO

    A coledocolitase acomete de 5% a 10% dos pacientes com colelitase,

    provocando diversas complicaes e internamentos hospitalares. Odiagnstico precoce e a escolha da melhor forma teraputica so

    responsveis por altas taxas de sucesso e baixas taxas de complicaes.

    A CPRE com esfincterotomia a abordagem endoscpica mais usada para

    o tratamento da coledocolitse, apresentando taxa de sucesso superior a

    90%, alm de ser responsvel por baixos ndices de complicaes. Outras

    formas de tratamento endoscpico tambm so altamente eficazes: CPREcom dilatao com balo uma forma menos invasiva, com eficincia

    acima de 90%, porm possui incidncia 3 vezes maior de pancreatite ps-

    CPRE quando comparado diretamente com a CPRE com esfincterotomia.

    O tratamento laparoscpico das vias biliares altamente eficaz, com

    ndice de resoluo acima de 90% e baixas taxas de complicaes, podendo

    ser o tratamento de primeira escolha em alguns casos de coledocolitase.

    Outros tipos de abordagens teraputicas, como litotripsia mecnica,

    eletro-hidrulica, a laser, por ondas de choque extra-corprea, extrao

    com balo, tcnica de extrao percutnea trans-heptica, dreno nasobiliar

    e prtese biliar apresentam grande eficincia e devem ser utilizadas

    segundo as necessidades do paciente e a viabilidade da tcnica.

    As perspectivas do futuro do tratamento da coledocolitase so bastante

    promissoras; utilizaes de cirurgia robtica e extrao de clculos guiada

    por ecoendoscopia j so realidade, e prometem futuramente ajudar ainda

    mais na resoluo de casos de difcil abordagem.

    Palavras chave :CPRE; tratamento; coledocolitase; laparoscopia.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    5/38

    5

    LISTA DE FIGURAS

    Figura1. Imagem ilustra anatomia bsica da rvore biliar................12

    Figura2. Papila duodenal sendo seccionada durante uma CPRE com

    esfincterotomia..................................................................................13

    Figura3. Balo de dilatao durante procedimento para retirada dos

    clculos............................................................................................. 15

    Figura4. Colangiorressonncia evidenciando pequeno clculo em

    seguimento distal do coldoco..........................................................16

    Figura5. Explorao laparoscpica das vias biliares para retirada de

    clculos.............................................................................................18

    Figura6. Litotripsia mecnica durante CPRE...................................19

    Figura7. Colangiograma mostrando um grande clculo que foi fragmentado

    pelo laser Holmium..........................................................................21

    Figura8. Imagem mostra prtese biliar Double Pigtail utilizada como

    prtese de longo prazo.....................................................................25

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    6/38

    6

    SMARIO

    1 INTRODUO ........................................................................................ 7

    2 OBJETIVOS .............................................................................................. 9

    3 METODOLOGIA ................................................................................... 10

    4 RESULTADOS ....................................................................................... 11

    4.1Tratamento Endoscpico ........................................................................ 114.1.1 CPRE com Esfincterotomia ............................................................... 11

    4.1.2 CPRE com Dilatao com Balo ....................................................... 14

    4.1.3 CPRE com Esfincterotomia e Dilatao com balo .......................... 15

    4.2 Tratamento Laparoscpico .................................................................... 17

    4.3 Litotripsia .............................................................................................. 18

    4.3.1 Litotripsia Mecnica ........................................................................... 18

    4.3.2 Litotripsia Eletro-hidrulica ............................................................... 20

    4.3.3 Litotripsia a Laser............................................................................... 20

    4.3.4 Litotripsia Extracorprea por Ondas de Choque ( LEOC ) ............... 22

    4.4 Dreno Nasobiliar ................................................................................... 22

    4.5 Prtese Biliar ......................................................................................... 23

    4.5.1 Prtese Biliar de Curto Prazo ............................................................. 23

    4.5.2 Prtese Biliar de Longo Prazo ............................................................ 244.5.2 Tcnica Percutnea Trans-heptica .................................................... 25

    5 DISCUSSO ........................................................................................... 27

    6 CONCLUSO ........................................................................................ 34

    7 REFERNCIAS ...................................................................................... 35

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    7/38

    7

    1 INTRODUO

    A coledocolitase afeta milhares de pessoas todos os anos ao redor do

    mundo, incidindo em torno de 5 a 10% na populao portadora de

    colelitase1, sendo causa frequente de complicaes e internamentos

    hospitalares. No Brasil, a incidncia desse tipo de obstruo das vias

    biliares por volta de 8 a 10 %. Nos dias atuais, aps o advento da cirurgia

    laparoscpica com a indicao mais precoce, h relatos de que a incidncia

    de coledocolitase tenha diminudo para nveis de 3% a 6%. A conduta

    adequada pode evitar complicaes que requerem pronto atendimento ao

    paciente, como obstruo biliar, pancreatite e colangite.

    Em 1882, Carl Langenbuch foi pioneiro na abordagem biliar ao realizar a

    primeira colecistectomia aberta, 7 anos aps isso Courvoisier realizou a

    explorao do coldoco. Em 1932, Mirizzi realizou a primeiracolangiografia intra-operatria e em 1948 descreveu a Sndrome de Mirizzi

    como uma complicao da doena litisica biliar. Erich Mhe, em 1985,

    seguido por Mouret e Dubois, em 1987, revolucionaram o ambiente

    cirrgico ao realizar a primeira cirurgia laparoscpica, que se tornou o

    padro ouro das cirurgias das vias biliares. Antes disso, em 1973, na

    Alemanha, Classen e Demling j haviam realizado a abordagem

    endoscpica com a colangiopancreatografia endoscpica retrograda

    (CPRE) e a papilotomia.2

    Nos dias atuais, a CPRE aliada a uma esfincterotomia ou dilatao por

    balo so as principais tcnicas endoscpicas de escolha pelo endoscopista.

    Porm, em vrios casos o mtodo de resoluo escolhido para os clculos

    a cirurgia laparoscpica com coledocotomia, onde a taxa de sucesso semelhante a CPRE e em torno de 90% em ambos. sabido que a

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    8/38

    8

    abordagem laparoscpica do coldoco por cirurgies experientes com

    materiais adequados tem, em alguns casos, resultados at superiores que a

    abordagem puramente endoscpica.

    Vrias outras formas de abordagens teraputicas foram incorporadas para

    melhor resoluo dos clculos coledocianos, tais como; litotripsia

    mecnica, eletro-hidrulica, a laser, por ondas de choque extra-corprea;

    extrao com balo; tcnica de extrao percutnea trans-heptica; cirurgia

    robtica; dreno nasobiliar; prtese biliar, dentre outras. Atualmente, as

    cirurgias por laparotomia das vias biliares so utilizadas apenas em casos

    de falha teraputica de todos os outros mtodos no-invasivos (ou

    minimamente invasivos), ou por falta de recursos de vrias ordens.

    Frente a esse cenrio, constatamos que a utilizao de todos os mtodos

    teraputicos disponveis em vrios centros de excelncia capaz de

    resolver praticamente 100% da demanda do tratamento da coledocolitase,

    com isso este trabalho pretende avaliar essa premissa com a anlise de

    todos os mtodos teraputicos disponveis, analisando suas caractersticas,

    vantagens e desvantagens frente aos diversos tipos de pacientes.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    9/38

    9

    2 OBJETIVOS

    2.1 Avaliar as formas atuais do tratamento da coledocolitase, analisando

    seus resultados, sua eficcia e viabilidade;

    2.2 Comparar os sucessos e complicaes dos mtodos de tratamento da

    coledocolitase;

    2.3 Analisar as perspectivas futuras do tratamento da coledocolitase.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    10/38

    10

    3 METODOLOGIA

    Foi realizada uma busca bibliogrfica atravs das bases

    PUBMED/MEDLINE, COCHRANE LIBRARY, LILACS/BIREME, sob os

    descritores: Choledocholithiasis, ERCP, Treatment e Laparoscopic

    no perodo de 2010 a 2015.

    Os critrios de seleo foram a qualidade dos artigos, a relevncia dos

    mesmos para o presente trabalho e a solidez dos seus resultados. Foram

    selecionados 2 artigos de metnalise, 8 artigos de estudos prospectivos

    randomizados e 15 artigos de estudos retrospectivos. Tambm foram

    consultados compndios e livros texto da rea, assim como artigos de

    autores nacionais e aulas de professores da especialidade.

    Para a organizao do material, foram realizadas as etapas e

    procedimentos do Trabalho de Concluso de Curso onde se busca a

    identificao preliminar bibliogrfica, fichamento de resumo, anlise e

    interpretao do material, bibliografia e reviso.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    11/38

    11

    4 RESULTADOS

    4.1Tratamento Endoscpico

    4.1.1 CPRE com Esfincterotomia

    Durante a CPRE, um endoscpio com visor lateral introduzido pela

    boca at o duodeno, a ampola de Vater indentificada e cateterizada por

    um cateter plstico fino ou com o prprio papiltomo, e o contraste

    injetado no ducto biliar sob viso radioscpica. Aps isso iniciada a

    esfincterotomia endoscpica que consiste na seco do esfncter de Oddi. A

    qual tem como objetivo proporcionar a sada dos clculos que esto

    causando a ocluso do coldoco, assim como tambm facilitar o acesso ao

    coldoco permitindo a realizao de procedimentos necessrios, litotomia

    endoscpica e at mesmo a colocao de uma prtese biliar.3

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    12/38

    12

    Figura1. Imagem ilustra anatomia bsica da rvore biliar. Elaborada por Gianni Vene(Jean Venais), artista plstico florentino radicado em Caruaru.

    Em estudos de mtanlises como de YangYang et al4, foi demonstrada

    uma alta taxa de sucesso 90% a 95 %4,5, baixa taxa de complicaes 11.7 %

    a 18.8 % e baixssima taxa de mortalidade.4,6

    As principais complicaes da CPRE com esfincterotomia so;

    pancreatite ps CPRE, colangite, hemorragias e perfuraes. Nesse aspecto

    a pancreatite ps CPRE a complicao mais presente em vrios trabalhos

    3.3 % a 3.5 %.4,5 A colangite a segunda complicao mais frequente

    citada nesses trabalhos 1.8% a 3.6 % 1,4, a maioria na forma de colangite

    ascendente devido a natureza do procedimento que pode levar bactriaspatognicas intestinais para dentro do coldoco e assim causar a doena.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    13/38

    13

    Outra complicao muito pouco frequente a perfurao 0.4 % a 0.9 % 1, a

    qual merece ateno e cuidado do operador e da equipe para que os riscos

    sejam minimizados durante o procedimento.

    Figura2. Papila duodenal sendo seccionada durante uma CPRE com esfincterotomia.7

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    14/38

    14

    4.1.2 CPRE com Dilatao com Balo

    Essa tcnica consiste na realizao da CPRE exatamente como descrito

    anteriormente, porm no realizado uma esfincterotomia, ao invs disso

    inserido um balo desprovido de ar no coldoco, que mede em mdia de 12

    mm a 20 mm de dimetro de acordo com o tamanho dos clculos. O balo

    introduzido no ducto biliar at metade do seu comprimento, em seguida

    preenchido com soro fisiolgico e contraste, e ento insuflado at o

    desaparecimento do entalhe na fluoroscopia. O balo insuflado mantido

    em posio durante 45 a 60 segundos em mdia. Em seguida o mesmo

    esvaziado, permitindo a sada dos clculos espontaneamente. Algumas

    vezes esses clculos permanecem no coldoco, e necessrio utilizar uma

    cesta de Dormia ou um balo extrator para remoo dos mesmos.8

    Estudos recentes de Yangyang et al6, demonstraram atravs de

    metanlises que a taxa de sucesso da remoo dos clculos do coldocopor dilao com balo em torno de 95 % 4, ficando muito prximo a taxa

    de sucesso da esfincterotomia. Outro estudo de Natsui et al1, mostrou que a

    longo prazo a utilizao da dilatao com balo para clculos pequenos < 8

    mm melhor que a utilizao da esfincterotomia, para isso avaliou

    complicaes tardias e mostrou que a recorrncia de clculos foi

    significativamente menor na dilatao com balo 5.3%, enquanto que na

    esfincterotomia a recorrncia foi de 17.3 %.1

    As principais complicaes encontradas na realizao da dilatao com

    balo so; Pancreatite ps CPRE 9.4 %, Colangite 2.5 % e impactao da

    cesta 0.9 % 4, onde a ocorrncia de pancreatite ps CPRE na dilatao com

    balo cerca de 3 vezes mais alta quando comparada a incidncia de

    pancretite ps CPRE na esfincterotomia, isso pode ser explicado pela

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    15/38

    15

    prpria tcnica do procedimento, onde se tem contato ntimo do balo com

    o ducto pancretico podendo assim causar uma ocluso do ducto,

    provocando ento a pancreatite.

    Figura3. Balo de dilatao durante procedimento para retirada dos clculos.9

    4.1.3 CPRE com Esfincterotomia e Dilatao com balo

    Estudos mostram que clculos pequenos < 8 mm so melhores abordados

    com a dilatao com balo, preservando o esfncter de Oddi, econsequentemente os efeitos colaterais de sua disseco.1,6Porm clculos

    >8 mm e 15

    mm apresentam taxa de sucesso equivalente quando usado a CPRE com

    esfincterotomia 98.8 % ou a CPRE com esfincterotomia e dilatao com

    balo 98.4 % 6, no entanto a ocorrncia de complicaes foi bem menor nos

    pacientes que se submeteram a CPRE com esfincterotomia e dilatao com

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    16/38

    16

    balo 23.7 %, quando comparado com os pacientes que se submeteram a

    CPRE com esfincterotomia isolada 39.8 %.6 Alm disso o uso

    concomitante dos dois mtodos necessitou de menor uso da litotripsia

    mecnica 22.6% vs 66.0 %.6

    Figura4. Colangiorressonncia evidenciando clculo em seguimento distal docoldoco.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    17/38

    17

    4.2 Tratamento Laparoscpico

    A tcnica da cirurgia laparoscpica realizada sob anestesia geral, com o

    paciente em decbito dorsal horizontal, realiza-se inciso supra-umbilical,

    com colocao de trocarte geralmente de 10 mm sob viso direta. Trs

    outros portais, em flanco direito (5 mm), para-retal direito (5 mm) e

    epigstrico (10 mm), so instalados. No intraoperatrio visualizada a

    vescula biliar, e em seguida o coldoco. O coldoco ento seccionado

    longitudinalmente na sua poro mais distal, junto ao duodeno. Atravs da

    coledocotomia, realiza-se coledocoscopia com coledoscpio flexvel(introduzido pelo portal epigstrico) para vizualizao do interior do

    coldoco e dos clculos. Os clculos podem ser retirados com pinas de

    presso ou por manobras de compresso, assim os eliminando do coldoco.10

    Com o avano da tcnica cirrgica por laparoscopia, o tratamento

    laparoscpico passou a ganhar destaque e se equiparar ao tratamento

    endoscpico na taxa de sucesso. Para avaliar essa premissa Liu et al2

    realizaram uma metanlise comparando a laparoscopia ao tratamento

    endoscpico por esfincterotomia em pacientes sadios, e concluiram que em

    alguns casos a laparoscopia a melhor opo para remoo dos clculos do

    coldoco, superando o tratamento endoscpico em alguns critrios, onde a

    taxa de sucesso do tratamento laparoscpico foi de 92.7 %.2 A taxa decomplicaes foi de 15.4 %, sendo as principais complicaes, fstula biliar

    ps operatria 6.3 % e Pancreatite 0.3 %. As principais vantagens do

    tratamento laparoscpico sobre o endoscpico em pacientes sadios foram;

    reduo do tempo do procedimento total e menor custo hospitalar, com

    WMD -61.84 e0.55 respectivamente.2Outros trabalhos como o de Chan

    et al11, mostraram que a laparoscopia efetiva tanto em casos eletivos

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    18/38

    18

    como de emergncia, com taxas de sucesso de 96 % e 96.7%

    respectivamente, e baixa taxa de complicaes 12 %, sendo as mais

    comuns, fstula ps operatria 3.3 % e sangramentos 1.7 %.12

    Figura5. Explorao laparoscpica das vias biliares para retirada de clculos.13

    4.3 Litotripsia

    4.3.1 Litotripsia Mecnica

    A litotripsia mecnica uma tcnica na qual utilizado um litotriptor e

    uma cesta de Dormia de 3 ou 4 hastes dependendo do tamanho dos

    clculos. Os clculos so capturados pela cesta e ento aplica-se uma fora

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    19/38

    19

    mecnica suficiente para fragmentao dos mesmos. Essa fragmentao

    possibilita a retirada dos clculos de maneira mais rpida e menos lesiva.

    A litotripsia mecnica o tipo de litotripsia mais utilizada para auxlio da

    remoo de clculos do coldoco atravs de CPRE com esfincterotomia ou

    com dilatao com balo, a mesma tem eficincia de 90% em clculos < 10

    mm, e utilizada sempre que a sada dos clculos dificultada. Alguns

    trabalhos mostram que o uso de litotripsia mecnica na CPRE com

    dilatao com balo de 35 % a 70.1 % 1,4,6, dependendo do tamanho dos

    clculos. J na CPRE com Esfincterotomia o uso de litotripsia mecnica

    de 26.2 % a 57.9 % 1,4,14, a qual tambm depende do tamanho dos clculos,

    alm disso a taxa de sucesso na fragmentao dos clculos foi de 93.8 %.14

    Figura6. Litotripsia mecnica durante CPRE.15

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    20/38

    20

    4.3.2 Litotripsia Eletro-hidrulica

    A tcnica de litotripsia eletro-hidrulica consiste na introduo de um

    probe no coldoco que emite ondas eltricas de 50-90 Watts atravs de um

    meio aquoso, o qual fragmenta o clculo sob viso direta, sendo depois

    removidos atravs de uma cesta de Dormia ou balo extrator.

    Nos ltimos anos tem sido tambm usada a litotripsia eletro-hidralica

    como alternativa para tratamento de clculos difceis. Estudos mostram que

    a taxa de sucesso da mesma pode chegar a 100%

    16

    , onde a complicaorelacionada mais frequente a colangite 7,7 %.16Outra vantagem que os

    trabalhos mostram que nos clculos difceis, aps o uso da litotripsia

    eletro-hidrulica a retirada dos clculos foi conseguido em 76.9 % dos

    pacientes aps uma nica CPRE, j 7.7 % dos pacientes necessitaram de 2,

    e por fim 15.4 % dos pacientes necessitaram de 3 ou mais procedimentos

    para extrao de todos os clculos.

    4.3.3 Litotripsia a Laser

    O procedimento habitual da realizao de uma litotripsia a laser consiste

    na introduo de um endoscpio ultra-slim com visualizao direta dosclculos, atravs do qual posicionado adequadamente o laser Holmium.

    Aps isso os clculos so fragmentados pela ao do laser sob viso direta.

    Os fragmentos remanescentes so ento extrados com cesta de Dormia ou

    balo extrator.

    A litotripsia a laser tem sido uma boa opo no auxlio do tratamento de

    clculos do coldoco nos ltimos anos. Kim et al17, mostraram que a taxa

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    21/38

    21

    de sucesso da tcnica por laser Holmium pode chegar a 84.6 %,

    evidenciando tambm que o laser Holmium foi efetivo em fragmentar

    clculos > 20 mm. Outra vantagem da litotripsia a laser o tempo mdio

    necessrio para a fragmentao dos cluculos, 3 a 8 minutos, noalongando muito o tempo de procedimento endoscpico.17

    Figura7. Colangiograma mostrando um grande clculo que foi fragmentado pelolaser Holmium.17

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    22/38

    22

    4.3.4 Litotripsia Extracorprea por Ondas de Choque ( LEOC )

    Similarmente ao que usado para clculos renais, a LEOC emite ondas

    de choque eletromagnticas de 11.000 KV a 15.000 KV, o procedimento

    deve ser realizado com o paciente em posio supina. Podem ser emitidos

    at 5.000 choques por sesso em dias consecutivos at a limpeza completa

    do coldoco.

    A litotripsia extracorprea por ondas de choque tem sido utilizada h

    muitos anos para fragmentao de clculos renais, e mais recentemente temganhado espao na fragmentao de clculos difceis do coldoco. Estudos

    como o de Muratori et al18, mostram que a taxa de sucesso da LEOC pode

    chegar a 89.7 %, onde a mesma tem capacidade de fragmentar clculos de

    at 50 mm, mostrando sua utilidade na fragmentao de clculos grandes.

    Alm disso para fragmentao bem sucedida dos clculos so necessrias

    em mdia 3.5 sesses de LEOC. As principais complicaes relacionadas a

    LEOC so, arritmias 10.2 %, vmitos 1.4 %, hemobilia 0.46 % e

    sangramento retal 0.46 %.16,18

    4.4 Dreno Nasobiliar

    A utilizao de um dreno naso biliar para preveno de colangite e

    pancreatite conforme resultados a seguir, consiste na introduo de dreno

    de 7-Fr no coldoco, o qual permanece at ser afastado os riscos das

    patologias acima citadas.

    A colocao de um dreno naso biliar tem sido utilizada para preveno depancreatite e colangite aps repetidos procedimentos de CPRE, em

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    23/38

    23

    pacientes que apresentam clculos difceis ou mltiplos clculos, nos quais

    a primeira CPRE falhou na retirada dos mesmos. Jun et al19, realizaram

    estudo comparando resultados de pacientes que se submeteram a repetidas

    CPRE, em que foi realizada a insero do dreno nasobiliar em um grupo, eno outro foi feita apenas a observao ps procedimento. O grupo que fez

    uso do dreno naso biliar apresentou menor taxa de amilase 2 e 24 horas

    aps o procedimento, apresentando taxas de 81.3 U/L vs 90.8 U/L e 107.0

    U/L vs 132.3 U/L respectivamente. Alm disso o uso do dreno naso biliar

    reduziu a incidncia de pancreatite e colangite ps CPRE 1 % vs 4.4 %, 0%

    vs 4.5 % respectivamente.19Outro ponto importante do dreno naso biliar que o mesmo provou reduzir a permanncia hospitalar 4.8 dias vs 6.3

    dias.19

    4.5 Prtese Biliar

    4.5.1 Prtese Biliar de Curto Prazo

    As prteses biliares de curto prazo podem ser uma alternativa de

    tratamento para pacientes com clculos grandes >20 mm ou mltiplos

    clculos >3, os quais so de difcil resoluo endoscopicamente na primeira

    abordagem. Para avaliar a eficcia das prteses biliares de curto prazo,

    Hong et al20 realizaram estudo restrospectivo em pacientes que se

    submeteram a uma esfincterotomia e colocao de uma prtese biliar numa

    primeira CPRE, onde aps a permanncia de 3 meses com as prteses

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    24/38

    24

    foram novamente avaliados, encontrando uma diminuio significativa do

    tamanho dos clculos e do dimetro do coldoco, de 16.6 mm para 10.0

    mm e 15.3 mm para 11.5 mm respectivamente.20 Na segunda CPRE

    realizada 3 meses aps a primeira, a taxa de sucesso na remoo dosclculos foi de 94.2 %, necessitando de litotripsia mecnica em apenas 5.7

    % dos pacientes. Alm disso as principais complicaes relacionadas ao

    procedimento foram; colangite 3.8 % e pancreatite ps CPRE 1.9 %.20

    4.5.2 Prtese Biliar de Longo Prazo

    Algumas vezes mesmo com todo o arsenal de procedimentos para a

    retirada de clculos do coldoco no possvel obter exito em tal objetivo,

    seja pela contraindicao cirrgica, contraindicao de novos

    procedimentos ou comorbidades apresentadas pelos pacientes, diante dessa

    situao, a colocao de prteses biliares uma boa opo de tratamento.

    Estudos como o de Slattery et al21mostraram que a colocao de prteses

    biliares de longo prazo so uma boa opo nesses pacientes, obtendo um

    tempo mdio de perviedade de 59.6 meses aumentando a qualidade de vida

    desses pacientes nesse perodo.21 Aps 6 meses da colocao da prtese

    biliar encontrou-se perviedade em 93.5% dos pacientes e aps 24 meses

    essa taxa era de 81.9 % dos pacientes. Alm disso as principais

    complicaes apresentadas pelos pacientes foram; ictercia 18.5% e

    colangite 7.4 %.21

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    25/38

    25

    Figura8. Imagem mostra prtese biliar Double Pigtail utilizada como prtese delongo prazo.21

    4.5.2 Tcnica Percutnea Trans-heptica

    O procedimento realizado com o paciente sedado. Inicialmente

    realizado uma colangiografia percutnea trans-heptica, para avaliao do

    tamanho, nmero e localizao dos clculos. Para a realizao da

    colangiografia utilizado uma agulha de Chiba de 21 gauge, atravs da

    qual injetado um contraste na rvore biliar do paciente. Aps a injeo do

    contraste, inserido um micro guia atravs da agulha de Chiba dentro do

    ducto heptico, o qual pode progredir a varias localizaes anatmicas,

    dependendo da localizao do clculo. Depois que os clculos so

    localizados, inserido um balo dilatador at sua posio, o qual inflado

    por 60 segundos, dilatando o canal em que os clculos esto localizados.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    26/38

    26

    Em seguida pode ser utilizado litotripsias para quebra desses clculos, que

    so por fim empurrados para o duodeno.

    A tcnica percutnea trans-heptica tem sido uma boa opo de

    tratamento da coledocolitase nos casos de falha endoscpica,

    comorbidades, variaes anatmicas entre outras. Um estudo de Ozcan et

    al22avaliou a eficcia e a segurana da tcnica em 261 pacientes, e mostrou

    que a taxa de sucesso da tcnica foi de 97.5% nos casos que apresentavam

    clculos no coldoco, e 61.5% nos casos em que os clculos estavam

    localizados nos ductos intra-hepticos. As principais complicaes da

    tcnica percutnea trans-heptica foram; colangite 2.68%, biloma

    subcapsular 1.5%, hematoma subcapsular 0.38% e perfurao duodenal

    0.38%.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    27/38

    27

    5 DISCUSSO

    Durante as ltimas dcadas, o conhecimento sobre o tratamento da

    coledocolitase cresceu enormemente. Desde o surgimento do tratamento

    endoscpico por CPRE em 1973, seguido do desenvolvimento da cirurgia

    laparoscpica das vias biliares em 1985, o sucesso da remoo dos clculos

    prximo de 90%. O avano do tratamento da coledocolitase e sua alta

    taxa de sucesso se deram graas a endoscopistas como Classen e Demling e

    cirurgies como Erick Mhe, o qual foi impulsionado pelos endoscopistas

    de Erlanger, Alemanha, que estavam realizando CPRE com esfincterotomia

    e polipectomia transendoscpica. E diante de todas as adversidades da

    poca, Erick Mhe acreditou no potencial da cirurgia laparoscpica, tendo

    realizado a primeira remoo de vescula em 12 de setembro de 1985.

    Quando Mouret e Dubois comearam a realizar cirurgias laparoscpicas na

    Frana em 1987, Mhe j havia realizado 97 colecistectomiaslaparoscpicas.23

    O grande sucesso no tratamento da coledocolitase, tanto por meio

    endoscpico, como por meio laparoscpico, se deve a vrios motivos, entre

    eles sua alta taxa de resoluo 90% a 95 %1,2,14,baixa taxa de complicaes

    11.7 % a 18.8 %1,4 e baixssima taxa de mortalidade, alm de ser um

    mtodo minimamente invasivo, podendo ser realizado em idosos, pessoas

    com algumas comorbidades, e at gestantes em condies especiais, sendo

    menos agressivo que uma cirurgia por laparotomia20,24

    A realizao da CPRE com esfincterotomia, apesar de ser amplamente

    utilizada para extrao de clculos do coldoco e de ter alta taxa de

    sucesso, tambm criticada por alguns autores, que afirmam que por ela

    inativar a funo da papila duodenal maior pela resseco do esfincter de

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    28/38

    28

    Oddi, essa resseco causaria uma maior probabilidade do

    desenvolvimento de colangite ascendente, mesmo meses ou anos depois da

    realizao da CPRE.1Outra preocupao importante a respeito da CPRE

    com esfincterotomia que pacientes coagulopatas ou que possuem algumacondio que os obriga a usar anticoagulantes necessitam de uma avaliao

    criteriosa para analisar os possveis riscos e benefcios do procedimento,

    fazendo da coagulopatia a principal possvel contraindicao da

    esfincterotomia.6 Nesse tipo de paciente, muitas vezes a tcnica teraputica

    usada a dilatao com balo que surgiu por volta de 1983, quando Startiz

    sugeriu que ela pudesse ser uma alternativa menos invasiva a j consagradaesfincterotomia; contudo, s em 1994 May comeou de fato a us-la como

    mtodo menos invasivo e conservador do esfincter de Oddi, ocasionando

    assim um menor potencial para o desenvolvimento de colangite ascendente,

    alm de ser de grande utilidade em pacientes hemoflicos, causando menor

    taxa sangramentos e de perfuraes quando comparada diretamente

    esfincterotomia.1,6

    Uma desvantagem da dilatao com balo que ela apresenta taxa cerca

    de 3 vezes mais alta de pancreatite ps CPRE quando comparada com a

    incidncia de pancreatite na esfincterotomia. Essa pancreatite explicada

    pela prpria tcnica do procedimento, em que h contato ntimo do balo

    com o ducto pancretico, podendo provocar a obstruo desse ducto

    causando a pancreatite.1,6 Essa incidncia de complicaes na dilataocom balo tende a subir com o aumento do tamanho dos clculos, sendo

    recomendado que em clculos >15 mm seja realizada uma esfincterotomia

    juntamente com a dilatao com balo, juno que provou reduzir a taxa

    de complicaes gerais do procedimento, alm de necessitar de menor uso

    de litotripsia mecnica.5,6

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    29/38

    29

    Um avano importante est surgindo para o tratamento de coledocolitase

    em gestantes, as quais fazem parte de um grupo muito peculiar de

    pacientes, pois deve-se prevenir cirurgias e exames com radiao ionizante,

    considerando sempre a segurana do feto. Pensando na proposio de umtratamento minimamente invasivo sem o uso de exames de imagem que

    possuam radiao ionizante, Agcaoglu et al24realizaram um estudo de uma

    tcnica endoscpica de CPRE com esfincterotomia que no fazia uso de

    fluoroscopia, reduzindo enormemente o risco de complicaes para o feto.

    O diagnstico de coledocolitase nessas pacientes era realizado atravs de

    ultrassonografia do coldoco, seguido de uma colangiorressonncia, ambosmtodos de imagem seguros para gestantes. Apesar da pequena

    amostragem do estudo, os resultados foram animadores, alcanando taxa de

    sucesso prximo ao encontrado com a tcnica utilizada rotineiramente,

    alm de que no houve complicaes maternas nem fetais, mostrando a

    segurana e eficcia dessa tcnica para gestantes.24

    Diante do nmero significativo de pacientes que apresentam

    coledocolitase concomitantemente colecistolitase, importante

    questionar quando est indicada uma colecistectomia aps a retirada dos

    clculos do coldoco. A maioria dos trabalhos advoga em favor da

    colecistectomia durante ou logo aps a retirada dos clculos do coldoco,

    seja por via laparoscpica, seja por endoscpica.7Porm, continuava-se a

    questionar o caso de pacientes de alto risco cirrgico, como pacientesportadores de comorbidades ou pacientes acima de 70 anos. Para tentar

    elucidar esses questionamentos, Zargar et al25 conduziram um estudo

    prospectivo com pacientes acima de 70 anos que apresentavam algumas

    comorbidades, e mostrou que, mesmo em pacientes de alto risco cirrgico

    que apresentam coledocolitase juntamente com colecistolitase, indicada

    uma colecistectomia logo aps a retirada dos clculos do coldoco,

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    30/38

    30

    prevenindo assim um recorrncia da coledocolitase e todas as

    complicaes que esto associadas a ela.25

    Uma opo teraputica de imensa importncia para o tratamento da

    coledocolitase a cirurgia laparoscpica, que, apesar de apresentar taxa de

    sucesso muito semelhante CPRE com esfincterotomia, comeou a ser

    utilizada posteriormente a esta, que j estava consagrada como tcnica de

    alta eficcia, fazendo com que os prprios cirurgies laparoscpicos da

    poca optassem por trabalhar em conjunto com os endoscopitas. Um estudo

    de Ding et al7 comparou os resultados da realizao sincrnica de uma

    CPRE com esfincterotomia e uma colecistectomia laparoscpica,

    realizao de uma CPRE com esfincterotomia em um primeiro momento,

    com execuo da colecistectomia laparoscpica em um segundo momento,

    em pacientes portadores de coledocolitase e colecistolitase simultnea,

    para reduo da incidncia de pancreatite. Os resultados mostraram que a

    realizao sincrnica das tcnicas tem melhor desempenho em prevenir a

    pancreatite 1.4% vs 6.3%, diminuindo tambm a incidncia de

    hiperamilasemia 1.4% vs 10%, alm de reduzir a estadia hospitalar do

    paciente 3d vs 4.5 d.7Isso mostra que, em alguns casos, a unio da tcnica

    endoscpica com a laparoscpica usadas simultaneamente tem grande

    benefcio para o paciente, reduzindo a incidncia de pancreatite e sua

    permanncia hospitalar.7

    Apesar da alta taxa de sucesso na retirada dos clculos pelo tratamento

    endoscpico e laparoscpico, existem casos que, por razes anatmicas,

    falha endoscpica, clculos localizados nos ductos intra-hepticos ou

    contraindicao da cirurgia laparoscpica, indicado o uso de outra forma

    de tratamento para resoluo da coledocolitase, nesses pacientes muitas

    vezes optado pela remoo dos clculos pela via percutnea trans-

    heptica, nesse contexto Ozcan et al22avaliaram a eficcia e segurana da

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    31/38

    31

    tcnica em 261 pacientes, que por motivos como divertculo periampular,

    falha da canulao, estenose duodenal, clculos intra-hepticos entre

    outros, no podiam ser submetidos ao tratamento endoscpico ou

    laparoscpico, em que os resultados mostraram que a taxa de sucesso datcnica percutnea trans-heptica foi de 97.5 % em pacientes que

    apresentavam clculos no coldoco e 61.5 % nos pacientes que possuam

    clculos nos ductos intra-hepticos, mostrando a alta taxa de sucesso da

    tcnica em pacientes com variaes anatmicas ou falha endoscpica,

    como tambm a dificuldade de se extrair clculos intra-hepticos.22Apesar

    da hepatolitase ser rara no ocidente, uma afeco que merece ateno,pois apresenta grande potencial de morbidade e as tcnicas resolutivas

    muitas vezes so limitadas, dificultando o seu tratamento. Alm disso,

    notria a eficcia da tcnica percutnea trans-heptica na maioria dos

    casos, devendo ser sempre uma opo para pacientes que por diversos

    motivos no podem se submeter ao tratamento endoscpico ou

    laparoscpico.22

    A consolidao do tratamento endoscpico como de primeira escolha para

    coledocolitase na maioria dos servios se deve a sua alta taxa de sucesso,

    como tambm de grandes estudos prospectivos que provam sua eficcia e

    pequena taxa de complicaes a curto e longo prazo. Estudos como o de

    Peterlejtner et al5que avaliaram 1698 CPRE com esfincterotomia ao longo

    de 10 anos e encontraram taxa de sucesso de 92 %. Tantau et al14, querealizaram estudo prospectivo de 10 anos avaliando a eficcia da CPRE em

    pacientes com variaes anatmicas como anastomose de Billroth I, fstula

    infundibular, anastomose coldoco-duodenal, entre outras, encontrando

    taxa de sucesso de 97.16 %, provam que o tratamento endoscpico

    altamente eficaz em diversas situaes, alm de ser minimamente invasivo,

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    32/38

    32

    evidenciando assim seu lugar como tratamento de primeira linha para

    coledocolitase na maior parte do mundo.5,11,14

    Os avanos notveis no campo da cirurgia dos ltimos anos merecem

    destaque, entre eles o emprego da cirurgia robtica para o tratamento da

    coledocolitase em casos considerados complexos ou refratrios. Um

    estudo de Alkhamesi et al26 comparou os resultados obtidos na cirurgia

    robtica aos da laparotomia aberta para resoluo de casos refratrios de

    coledocolitase e constatou que, apesar do tempo mdio cirrgico ser maior

    na cirurgia robtica 220 vs 169 min, o tempo de estadia hospitalar foi bem

    menor na mesma 4 vs 11 dias, melhorando a recuperao do paciente.26

    Alm disso, a grande vantagem da cirurgia robtica que ela permite um

    controle preciso da manipulao de estruturas delicadas como o coldoco,

    melhorando tambm a performance de sutura deste, fatores que,

    associados, melhoram a recuperao do paciente e encurtam sua estadia

    hospitalar.26

    Outra tcnica de tratamento promissora a extrao de clculos por

    ecoendoscopia, a qual uma forma de tratamento para pacientes com

    condies especiais, como pacientes submetidos a bypass gstrico em Y de

    Roux. Essa tcnica, apesar de muito recente e com casustica pequena,

    vislumbra grandes avanos, como mais uma forma de tratamento da

    coledocolitase.27

    Durante todo o desenvolvimento da reviso proposta, foi possvel

    constatar a eficcia equivalente entre o tratamento endoscpico e o

    tratamento laparoscpico, porm apesar de apresentarem taxas de sucesso

    semelhantes, as indicaes e contraindicaes variam entre os mtodos,

    onde o tratamento endoscpico por ser minimamente invasivo, o de

    primeira escolha para tratamento de idosos, gestantes, ou pacientes queapresentam alto risco cirrgico. J no caso da cirurgia laparoscpica das

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    33/38

    33

    vias biliares, deve ser sempre levado em conta o risco cirrgico, porm nos

    casos de pacientes sadios que apresentam coledocolitase

    concomitantemente a colelitase, a cirurgia laparoscpica pode ser o

    tratamento de primeira linha, reduzindo custos e a estadia hospitalar dospacientes. Alm disso, uma considerao que merece destaque que tanto

    o tratamento endoscpico por CPRE quanto a cirurgia laparoscpica

    dependem da experincia do endoscopista ou do cirurgio para alcanarem

    altas taxas de sucesso, devendo ser sempre levada em considerao a curva

    de aprendizagem dos mesmos.

    Com isso, notrio que, na atualidade, o tratamento da coledocolitase

    amplo e oferece diversos recursos teraputicos que visam a uma maior

    eficcia com menor taxa de complicaes e menores custos. Por isso, cabe

    ao mdico responsvel pelo paciente reconhecer suas necessidades

    individuais, como comorbidades existentes, antecedentes cirrgicos, fatores

    socioeconmicos entre outros, tendo uma viso holstica sobre ele, para que

    ento possa decidir pela melhor proposta teraputica disponvel.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    34/38

    34

    6 CONCLUSO

    As formas de tratamento da coledocolitase, como o tratamento

    endoscpico por CPRE com esfincterotomia e dilatao com balo, a

    cirurgia laparoscpica das vias biliares e a tcnica percutnea trans-

    heptica mostraram ser altamente eficazes, apresentando taxas de sucesso

    acima de 90 %, alm de serem tcnicas viveis compondo o tratamento de

    primeira linha na abordagem de pacientes com coledocolitase.

    O tratamento endoscpico o de escolha para resoluo dos clculos na

    maioria dos casos, porm cada tcnica tem suas principais indicaes e

    contraindicaes, no havendo uma tcnica superior a outra, e sim

    indicaes corretas para os mtodos corretos de tratamento.

    Apesar de a taxa de sucesso da maioria dos tratamentos para

    coledocolitase ser superior a 90 %, diversos avanos surgem visando a

    resoluo de casos refratrios, reduo de custos, reduo das complicaes

    associadas ao procedimento entre outras, destaques nesse campo de

    avanos so a cirurgia robtica e a extrao de clculos guiada por

    ecoendoscopia, que prometem melhorar ainda mais a abordagem cirrgica

    e endoscpica da coledocolitase nos prximos anos, aumentando ainda

    mais o leque de opes teraputicas para a resoluo da mesma. Alm disso

    devemos levar em considerao a disponibilidade das tcnicas, as quais as

    vezes no esto disponveis at mesmo em grandes centros.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    35/38

    35

    7 REFERNCIAS

    1. Natsui M, Saito Y, Abe S, Iwanaga A, Ikarashi S, Nozawa Y, et al.Long-term outcomes of endoscopic papillary balloon dilation andendoscopic sphincterotomy for bile duct stones. Dig. Endosc.2013;25(3):313321.

    2. Liu J-G, Wang Y-J, Shu G-M, Lou C, Zhang J, Du Z. LaparoscopicVersus Endoscopic Management of Choledocholithiasis in Patients

    Undergoing Laparoscopic Cholecystectomy: A Meta-analysis. J.Laparoendosc. Adv. Surg. Tech. A [Internet]. 2014;24(5):28794.Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24809784

    3. Wilcox CM, Muoz-Navas M, Sung JJY. Atlas of ClinicalGastrointestinal Endoscopy [Internet]. Elsevier Health Sciences; 2012[cited 2015 Nov 10]. Available from:https://books.google.com/books?id=UbB9MrQ5nuUC&pgis=1

    4. Liu Y, Su P, Lin S, Xiao K, Chen P, An S, et al. Endoscopic papillaryballoon dilatation versus endoscopic sphincterotomy in the treatmentfor choledocholithiasis: A meta-analysis. J. Gastroenterol. Hepatol.2012;27(3):464471.

    5. Peterlejtner T, Szewczyk T, Firkowski P, Zdrojewski M. EndoscopicTreatment of the Choledocholithiasis - Effectiveness, Safety andLimitations of the Method. Polish J. Surg. 2012;84(7):333340.

    6. Liu Y, Su P, Lin Y, Lin S, Xiao K, Chen P, et al. Endoscopicsphincterotomy plus balloon dilation versus endoscopicsphincterotomy for choledocholithiasis: A meta-analysis. J.Gastroenterol. Hepatol. 2013;28(6):937945.

    7. Ding YB, Deng B, Liu XN, Wu J, Xiao WM, Wang YZ, et al.Synchronous vs sequential laparoscopic cholecystectomy forcholecystocholedocholithiasis. World J. Gastroenterol.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    36/38

    36

    2013;19(13):20802086.

    8. Rego A, Nunes N, Pereira J. Dilatao Papilar com Balo de GrandeDimetro Precedida de Esfincterotomia para Remoo de Clculos daVia Biliar Principal: Casustica de Um Ano. J. Port. [Internet].2011 [cited 2015 Nov 10];Available from:http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S0872-81782011000600004&script=sci_arttext&tlng=es

    9. Jeong SU, Moon S-H, Kim M-H. Endoscopic papillary balloondilation: revival of the old technique. World J. Gastroenterol.[Internet]. 2013 Dec 7 [cited 2015 Nov 10];19(45):825868.

    Available from:http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=3857449&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

    10. Autran M. TRATAMENTO LAPAROSCPICO DECOLEDOCOLITASE. SciELO Bras. [Internet]. [cited 2015 Nov10];Available from: http://www.scielo.br/pdf/ag/v37n3/6620.pdf

    11. Lee JC, Moon JH, Choi HJ, Kim DC, Choi MH, Lee TH, et al.Delayed endoscopic papillary large balloon dilation aftersphincterotomy for removing large bile duct stones in patients withacute cholangitis. Dig. Dis. Sci. 2014;59(6):13021306.

    12. Karaliotas CC, Sgourakis G, Christofides T, Lanitis S. Laparoscopiccommon bile duct exploration. Liver Biliary Tract Surg. Embryol.Anat. to 3D-Imaging Transpl. Innov. 2006;219225.

    13. Sahoo MR, Kumar AT, Patnaik A. Randomised study on single stagelaparo-endoscopic rendezvous (intra-operative ERCP) procedureversus two stage approach (Pre-operative ERCP followed bylaparoscopic cholecystectomy) for the management of cholelithiasiswith choledocholithiasis. J. Minim. Access Surg. [Internet]. 2014 Jul[cited 2015 Nov 10];10(3):13943. Available from:http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=4083546&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

    14. Tantau M, Mercea V, Crisan D, Tantau A, Mester G, Vesa S, et al.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    37/38

    37

    ERCP on a cohort of 2,986 patients with cholelitiasis: A 10-yearexperience of a single center. J. Gastrointest. Liver Dis.2013;22(2):141147.

    15. Mukhija D, Nagpal SJS, Sanaka MR. Technique for RetrievingBasket and Lithotripter During Endoscopic RetrogradeCholangiopancreatography. Clin. Gastroenterol. Hepatol. [Internet].2015;13(2):A15A16. Available from:http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1542356514012294

    16. Aljebreen A, Alharbi O, Azzam N, Almadi M. Efficacy of spyglass-guided electrohydraulic lithotripsy in difficult bile duct stones. Saudi

    J. Gastroenterol. [Internet]. 2014;20(6):366. Available from:http://www.saudijgastro.com/text.asp?2014/20/6/366/145329

    17. Kim H Il, Moon JH, Choi HJ, Lee JC, Ahn HS, Song a. R, et al.Holmium laser lithotripsy under direct peroral cholangioscopy byusing an ultra-slim upper endoscope for patients with retained bileduct stones (with video). Gastrointest. Endosc. [Internet].2011;74(5):11271132. Available from:http://dx.doi.org/10.1016/j.gie.2011.07.027

    18. Muratori R, Azzaroli F, Buonfiglioli F, Alessandrelli F, Cecinato P,Mazzella G, et al. ESWL for difficult bile duct stones: A 15-yearsingle centre experience. World J. Gastroenterol. 2010;16(33):41594163.

    19. Yang J, Peng JY, Pang EJ, Chen W. Efficacy of endoscopicnasobiliary drainage for the prevention of post-endoscopic retrograde

    cholangiopancreatography pancreatitis and cholangitis after repeatedclearance of common bile duct stones: Experience from a Chinesecenter. Dig. Endosc. 2013;25(4):453458.

    20. Hong WD, Zhu QH, Huang QK. Endoscopic sphincterotomy plusendoprostheses in the treatment of large or multiple common bileduct stones. Dig. Endosc. 2011;23(3):240243.

    21. Slattery E, Kale V, Anwar W, Courtney G, Aftab AR. Role of long-term biliary stenting in choledocholithiasis. Dig. Endosc.

  • 7/25/2019 Formas Atuais de Tratamento de Coledocolitase

    38/38

    2013;25(4):440443.

    22. Ozcan N, Kahriman G, Mavili E. Percutaneous transhepatic removalof bile duct stones: Results of 261 patients. Cardiovasc. Intervent.Radiol. 2012;35(4):890897.

    23. Litynski GS. Erich Mhe and the rejection of laparoscopiccholecystectomy (1985): a surgeon ahead of his time. JSLS.1998;2(4):341346.

    24. Agcaoglu O, Ozcinar B, Gok AFK, Yanar F, Yanar H, Ertekin C, etal. ERCP without radiation during pregnancy in the minimal invasiveworld. Arch. Gynecol. Obstet. 2013;288(6):12751278.

    25. Zargar S a., Mushtaq M, Beg M a., Javaid G, Khan B a., Hassan R, etal. Wait-and-see policy versus cholecystectomy after endoscopicsphincterotomy for bile-duct stones in high-risk patients with co-existing gallbladder stones: A prospective randomised trial. Arab J.Gastroenterol. [Internet]. 2014;15(1):2426. Available from:http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1687197914000094

    26. Alkhamesi N a., Davies WT, Pinto RF, Schlachta CM. Robot-assistedcommon bile duct exploration as an option for complexcholedocholithiasis. Surg. Endosc. Other Interv. Tech.2013;27(1):263266.

    27. Weilert F, Binmoeller KF, Marson F, Bhat Y, Shah JN. Endoscopicultrasound-guided anterograde treatment of biliary stones following

    gastric bypass. Endoscopy [Internet]. 2011;43(12):11051108.Available from:http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&dopt=Citation&list_uids=22057823