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MANUAL DO CURSO Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres INSTITUTO

Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações …...rede de água representam 45,52% (a média nas demais regiões é de 17,15%), e as residências sem esgoto sani-tário representam

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Para melhorar atitudes, conhe-cimentos e habilidades de pres-tadores de serviços da saúde, a educação para profissionais precisa conter informações rele-vantes na área da deficiência, especialmente no recorte para crianças e adolescentes, cuja inclusão deve ocorrer no primei-ro ciclo de vida, visando à pro-moção do desenvolvimento de suas potencialidades. Este é o principal objetivo deste belo projeto de partilha de saberes construídos nos ambientes da APAE DE SÃO PAULO, em sua prática diária.

Realizar um projeto em parce-ria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Ado-lescente (Condeca-SP) enche de orgulho o Instituto de Ensino e Pesquisa APAE de São Paulo, pois compartilhamos de obje-tivos e linhas de atuação em comum, cujo principal ideal é oferecer melhor qualidade de vida às nossas crianças e ado- lescentes por meio do conheci-mento, seja científico, de seus direitos ou de suas capacida-des de inferir no meio em que vivemos.

São Paulo, SP, 2017

MANUAL DO CURSO

Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

apoio:Apoio:

Parceiros:

INSTITUTO INSTITUTO

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DESENVOLVIMENTO

Instituto de Ensino e Pesquisa APAE DE SÃO PAULO

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Copyright© 2017 Editora Manole Ltda.

Minha Editora é um selo editorial da Manole Conteúdo.

Editora-gestora: Sônia Midori FujiyoshiEditora: Cristiana Gonzaga S. CorrêaProjeto gráfico e diagramação: Dilia EditorialCoordenação e produção editorial: Visão EditorialCapa: SoprosCrédito das imagens: todas as imagens foram gentilmente cedidas pelos autores

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

___________________________________________________________________Manual do curso fortalecimento à rede inclusiva de

organizações sociais congêneres / [organização] Instituto APAE DE SÃO PAULO. -- Barueri, SP : Manole, 2017. Vários autores. Bibliografia. ISBN: 978-85-7868-288-0

1. Crianças e adolescentes - Direitos2. Deficiência intelectual 3. Inclusão social4. Organizações sem fins lucrativos 5. Organizaçõessociais 6. Pessoas com deficiência - Direitos7. Políticas públicas I. Instituto APAE DE SÃO PAULO.

17-06604 CDD-361.763___________________________________________________________________

Índices para catálogo sistemático:1. Organizações sociais : Realização de práticas

inclusivas : Crianças e adolescentes com Deficiência Intelectual : Bem-estar social 361.763

Todos os direi tos reser va dos.Nenhuma parte deste livro pode rá ser repro du zi da, por qualquer proces so, sem a per mis são expres sa dos edi to res.É proi bi da a repro du ção por xerox.A Editora Manole é filiada à ABDR – Associação Brasileira de Direitos Reprográficos

1a edi ção – 2017

Editora Manole Ltda.Avenida Ceci, 672 – Tamboré06460-120 – Barueri – SP – BrasilTel.: (11) 4196-6000 www.mano le.com.br | [email protected]

Impresso no Brasil | Printed in Brazil

Este livro contempla as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.São de responsabilidade dos autores as informações contidas nesta obra.

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ALESSANDRA MEDEIROSPossui graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Coorde-na o curso de Serviço Social e o curso de pós-gradua-ção em Gestão de Políticas Públicas e Projetos Sociais no Centro Universitário Assunção (Unifai). É assistente social no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).

ALINE MORAISPossui graduação em Jornalismo no Centro Univer-sitário Sant’Anna (Uni Sant’Anna). Pós-graduada em Educação e Artes e especializada em Gestão para Organizações do terceiro setor. Coautora de diversas publicações técnicas sobre políticas públicas e gestão.

CRISTINA FRANCISCA DO ESPÍRITO SANTO VITALPossui graduação em Serviço Social pela Universidade Cruzeiro do Sul. Pós-graduada (lato sensu) em Funda-mentos Históricos, Teóricos e Metodológicos no Tra-balho com Famílias.

EDISON ROBSON FERNANDESPossui graduação em Direito pela Universidade de Gua-rulhos. É advogado da Fernandes & Fernandes Advoga-dos. Atua como professor na formação de profissionais da área da Educação. Docente (2016) no Projeto Pe-quenos Gigantes da APAE DE SÃO PAULO: com o tema Direitos Humanos e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

MARCELO MAURÍCIO DE MORAISPossui graduação em Ciências Sociais pelo Unifai. Pós-graduado em História, Sociedade e Cultura pela

PUC-SP. Pós-graduando em Ciência Política da Fun-dação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Mestrando em Ciências Sociais da PUC-SP. Foi coordenador pedagógico e professor de Política Social I, Introdução à Sociologia, Sociologia Contem-porânea e Economia Política do Curso de Serviço Social.

NEILA CAMPOSPossui graduação em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Centro de Ensino Uni-ficado de Brasília (UniCeub). Especialista em Funda-mentos de Educação – área de concentração: Políti-cas Públicas e Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Coordena o Programa de Responsabilidade Social da Fundação Aplicações de Tecnologias Críticas (Atech). É assessora de Auto-mação e Projetos da Federação Nacional das APAEs (Brasília). É gerente da Seção de Diagnóstico e Apoio Psicopedagógico e Social da Secretaria de Estado da Educação do Governo do Distrito Federal.

RAFAEL PÚBLIOPossui graduação em Comunicação Social – Publici-dade e Propaganda pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e especialização em Administração e Marketing pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).

REGIANE FERREIRA DA SILVAPossui graduação em Psicologia Clínica e Institucio-nal pela Universidade de Santo Amaro (Unisa). Pós--graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Instituto Sedes Sapientiae. É psicopedagoga do Projeto Pequenos Gigantes pelo Instituto de Ensino e Pesquisa APAE DE SÃO PAULO.

Autores

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Sumário

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................9

1. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENDIMENTO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL .................................................................................................................... 11

Rafael Públio e Aline Morais

2. CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ........................................................................................................................................... 17

Alessandra Medeiros

3. PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS .......................................................................................................................................... 21

Regiane Ferreira da Silva

4. CAPTAÇÃO DE RECURSOS E GERAÇÃO DE RENDA ........................................................................................................................... 26

Neila Campos

5. LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES ................................................................................................... 31Alessandra Medeiros

6. ANÁLISE DO IMPACTO SOCIAL ......................................................................................................... 34Marcelo Maurício de Morais

7. O PAPEL DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL NOS DIAS ATUAIS PARA INCLUSÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ................................................................... 38

Cristina Francisca do Espírito Santo Vital

8. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – SUJEITOS DE DIREITOS ........................................................................................................................ 41

Edison Robson Fernandes

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 46

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Introdução

A inclusão das pessoas com deficiência é parte da condição humana. Em 2006, quando a ONU – Organiza-ção das Nações Unidas – promulgou um tratado espe-cífico para essa questão, ela quis assegurar que todas as pessoas com deficiência tivessem garantido o exercício de todos os direitos humanos, fundamentais a qualquer pessoa. O tratado da ONU aponta para uma significativa mudança em relação à compreensão da deficiência.

Nessa perspectiva, novos caminhos e desafios pa- ra a construção de uma sociedade verdadeiramente para todos se impõem! Provoca-nos a rever princípios e práticas baseadas na valorização da diversidade huma-na, no respeito pelas diferenças individuais e coletivas, no desejo de acolher todas as pessoas, na convivência harmoniosa, na participação ativa das pessoas com de-ficiência no mundo. Tornar a vida cotidiana um espaço de inclusão verdadeira pressupõe que todos revejam suas práticas individuais, coletivas e institucionais.

Será preciso ampliar a missão e a atuação também das Instituições Especializadas, atribuir um novo signi-

ficado ao seu papel para além do atendimento direto e objetivo; será preciso inovar, propor soluções de en-frentamento às barreiras que tornam as pessoas com deficiência incapacitantes. Será imprescindível que as Organizações Sociais ressignifiquem suas práticas de atendimento às pessoas com deficiência, que envolvam as pessoas com deficiência no enfrentamento das questões diretamente pertinentes a elas, que qualifi-quem os recursos humanos envolvidos com a oferta dos serviços a fim de terem uma abordagem mais as-sertiva e adequada, que incidam na conscientização pública sobre o entendimento da deficiência e, por fim, que garantam às pessoas com deficiência as in-formações sobre os seus direitos.

Diante da complexidade dessa questão e da impor-tância do papel a ser desempenhado pelas Organiza-ções Sociais, elaboramos esta publicação, cujo objeti-vo é despertar e sensibilizar as Organizações Sociais para o exercício do seu novo olhar e a importância de fortalecerem sua atuação.

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1. Políticas públicas de atendimento a crianças e adolescentes com deficiência no Brasil

Rafael Públio e Aline Morais

INTRODUÇÃO

Em 2015, o tema definido pela Organização das Na-ções Unidas (ONU) para o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência foi “Alcançar os 17 Objetivos para o Futuro que Queremos”. Com isso, a organização res-salta a recente adoção dos 17 Objetivos de Desenvol-vimento Sustentável (ODS), alvo da agenda 2030 da ONU, que objetiva medidas para o desenvolvimento sustentável mundial.

Essa agenda define o papel desses objetivos para a construção de um mundo mais inclusivo e equitativo para as pessoas com deficiência; coloca a criança em situação de vulnerabilidade e a pessoa com deficiên-cia como público de atenção prioritária.

Em 2013, o Fundo das Nações Unidas para a Infân-cia (Unicef ) produziu, em seu programa de avaliação da situação mundial da infância, o caderno Crianças com Deficiência. Nesse material, a organização apon-ta que, no mundo, uma a cada vinte crianças com 14 anos de idade ou menos vive com algum tipo de defi-ciência moderada ou grave.

No Brasil, segundo dados do último Censo, reali-zado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 45,6 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência, 2,76% são crian-ças ou adolescentes. Apesar de a legislação brasileira ser rica em garantias e proteção de direitos, na prática a aplicação das políticas públicas ainda está aquém do objetivo de amparar e proteger todas as crianças.

Entretanto, nos últimos anos, o Brasil evoluiu ao ado-tar importantes marcos legais para a defesa das crian-ças e adolescentes com deficiência. O principal deles foi a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-cia da ONU, aprovada no país com poder de emenda constitucional, sendo hoje o grande norteador na ela-boração de novas legislações e programas de governo.

CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM NÚMEROS

Crianças com deficiência estão entre os membros mais vulneráveis da sociedade. São elas que mais se beneficiam de medidas que visam identificá-las, pro-tegê-las contra abusos e garantir seu acesso à justiça. (Unicef, Brasil)

O Brasil possui uma população de 201,5 milhões de pessoas, das quais 59,7 milhões têm menos de 18 anos de idade (BRASIL, Pnad, 2013). Mais da metade de todas as crianças e adolescentes brasileiros é afrodescendente, mais de um terço dos 821 mil indígenas do País é crian-ça e 8,8% têm algum tipo de deficiência (BRASIL, Censo, 2010). Do total de crianças, 40% vivem na região Norte do País; infelizmente, a mesma região apresenta os pio-res índices de saneamento. Os domicílios sem acesso à rede de água representam 45,52% (a média nas demais regiões é de 17,15%), e as residências sem esgoto sani-tário representam 67,18% (FUNDAÇÃO ABRINQ, 2015).

Dos 45,6 milhões de brasileiros que possuem al-gum tipo de deficiência, 2,76% são crianças ou adoles-centes. A deficiência predominante entre as crianças é a visual (1,78%), seguida da deficiência física (0,30%), depois auditiva (0,41%) e, por último, a Deficiência In-telectual (0,26%).

Segundo levantamento feito pela Unicef entre os anos de 1990 e 2013, o percentual de crianças em ida-de escolar obrigatória fora da escola caiu 64%, passan-do de 19,6% para 7%. No entanto, mesmo com tantos avanços, mais de três milhões de meninos e meninas ainda estão fora da escola (BRASIL, Pnad, 2013). Essa exclusão escolar tem rosto e endereço: quem está fora da escola são os pobres, os negros, os indígenas, os quilombolas e as pessoas com deficiência.

No Brasil já existem diversas iniciativas de mapea-mento das pessoas com deficiência. Vários municípios implantaram pesquisas para entender melhor o perfil do cidadão com deficiência e direcionar melhor seus recursos.

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) (BRASIL, Lei n. 13.146/2015) estabeleceu a criação do Cadastro Nacio-nal de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro--Inclusão), um registro público eletrônico com a fina-lidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar informações sobre as pessoas com deficiência, bem como sobre as barreiras que impedem a realização de seus direitos. O Cadastro-Inclusão está em processo de regulamentação pelo Governo Federal .

DA INVISIBILIDADE À INTEGRAÇÃO E À PARTICIPAÇÃO

Em 2016, foram comemorados os 10 anos da Con-venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e, junto com ela, todas as conquistas relacionadas à acessibilidade, à inclusão e ao respeito à diversidade.

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Esses avanços são resultados de muito esforço e não seriam possíveis, de maneira alguma, sem o protago-nismo das pessoas com deficiência.

Segundo a jornalista Claudia Werneck (2004), o ci-clo da invisibilidade consiste em:

Por outro lado, na era da inclusão, com o prota-gonismo e a autodeterminação, as pessoas têm con-dições de sair da invisibilidade e seguir no ciclo da inclusão, como apresentado pela jornalista Patrícia Almeida (2010):

EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

O desenvolvimento das políticas públicas para as pessoas com deficiência ganhou um enorme impulso nos últimos anos. Além das leis e da Convenção Inter-nacional da ONU, a pauta passou a integrar as estru-turas do governo em todas as esferas, com a criação de órgãos para conduzir, articular e executar as ações governamentais nos âmbitos federal, estadual e mu-nicipal. Como exemplos, podem-se citar: • Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e

Mobilidade Reduzida de São Paulo (SMPED): criada

O CICLO DA INVISIBILIDADEAs pessoas não conseguem sair de casa e não são vistas.Como não são vistas, não são reconhecidas como membros da comunidade.Como não são reconhecidas, a falta de acesso não é um problema.Com isso, nada é feito; e sem acessibilidade, não há inclusão.Sem a promoção da inclusão, muitas pessoas continuam invisíveis.Como são raramente vistas, passam a ser discriminadas (quando vistas).Com todas essas barreiras da comunidade, as pessoas não saem de casa.E o ciclo recomeça...

O CICLO DA INCLUSÃOAs pessoas conseguem sair de casa e são vistas.Como são vistas, são reconhecidas como membros da comunidade.Como são reconhecidas, a falta de acesso é um desafio a ser superado.As soluções de acessibilidade permitem a inclusão.Com a promoção da inclusão, muitas pessoas passam a ser vistas e ouvidas.Com o convívio, deixam de ser discriminadas.Sem todas essas barreiras da comunidade, as pessoas saem de casa.E o ciclo recomeça...

por meio de decreto em abril de 2005 e estabele-cida por lei em 2007, a SMPED foi a primeira secre-taria sobre o tema no Brasil e serviu de inspiração para diversos municípios e estados.

• Secretaria Estadual dos Direitos das Pessoas com Defi-ciência de São Paulo (SEDPcD): criada em 2008 como órgão responsável pela articulação com as demais Se-cretarias de Estado, para garantir que as pessoas com deficiência tenham seus direitos assegurados.

• Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (SNPD): instituída em 1986 como Coordenadoria Nacional para Integra-ção da Pessoa com Deficiência (Corde), foi elevada ao status de Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência em 2009 e, no ano seguinte, ganhou o status atual de SNPD. Hoje integra o Ministério da Justiça e Cidadania.

A participação e o protagonismo também são fun-damentais no avanço das políticas públicas. Nesse sen-tido, os conselhos de direitos têm papel fundamental como instâncias para formulação e acompanhamento dessas políticas e de controle social. São eles:• Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de

São Paulo (CMPD).• Conselho Estadual para Assuntos das Pessoas com

Deficiência de São Paulo (CEAPcD).• Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com

Deficiência (Conade).

Apesar de os conselhos muitas vezes acolherem denúncias sobre violação de direitos, eles não são ins-tâncias para essa finalidade; para esses casos, há órgãos mais preparados, os quais são destacados a seguir.

CONSELHO TUTELAR

É um órgão permanente e autônomo, não juris-dicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

DELEGACIA DE POLÍCIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – DPPD (SÃO PAULO-SP)

A delegacia conta com uma equipe multidisciplinar e recursos para atender os diversos tipos de deficiência.

DEFENSORIA PÚBLICA

É uma instituição que oferece aos cidadãos necessi-tados, de forma integral e gratuita, orientação jurídica, promoção dos direitos humanos e defesa dos direitos individuais e coletivos em todos os graus, judicial e ex-trajudicial.

MINISTÉRIO PÚBLICOO Ministério Público é uma instituição pública au-

tônoma, a quem a Constituição Federal incumbiu de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os

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Capítulo 1 13

interesses sociais e individuais indisponíveis. Atende denúncias individuais desde que sejam de interesse coletivo.

PRINCÍPIOS DE TRANSVERSALIDADE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, IGUALDADE E JUSTIÇA

A demanda por políticas públicas nas ações go-vernamentais para pessoas com deficiência engloba todos os segmentos da sociedade, como: assistência social, saúde, educação, trabalho, mobilidade urbana, cultura, esporte, lazer, dentre outras. Em linhas gerais, toda ação do governo deve oferecer condições de acessibilidade adequadas para promover a participa-ção de todas as pessoas.

Somente com a participação colaborativa dos seto-res é possível conquistar um desenvolvimento susten-tável.

Por fim, mas não menos importante, a questão da igualdade de direitos deve compreender a necessi-dade de cada pessoa. Os recursos devem ser perso-nalizados, mesmo que diferenciados, para que todos tenham as mesmas oportunidades de participação.

CONCEITO DE DEFICIÊNCIA E A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE (CIF)

A Lei Brasileira da Inclusão (LBI) (BRASIL, Lei n. 13.146/2015), em seu artigo 2º, define pessoa com deficiência da seguinte maneira:

[...] considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua partici-pação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

O olhar e a compreensão da deficiência como uma característica de uma pessoa cuja incapaci-dade não é consequência da deficiência, mas fruto das barreiras impostas pela sociedade, refletem um avanço no entendimento dessa questão. Esse avan-ço ocorreu quando a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, tratado internacional da ONU, foi aprovada no País com força de emenda constitucional.

Outro grande avanço trazido pela LBI foi sugerir que a avaliação de deficiência e incapacidade deve ser baseada no modelo da CIF/OMS (Classificação In-ternacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial de Saúde). A CIF é uma ferra-menta com múltiplas finalidades e tem como caracte-rística principal a análise, de maneira transversal, de diferentes áreas disciplinares e setores: saúde, educa-ção, assistência social, trabalho, programas e políticas públicas e condições ambientais.

Em relação às políticas públicas brasileiras, nosso País já adota modelos de avaliação baseados na CIF em dois tipos de concessão de benefício: o Benefício de

Prestação Continuada (BPC/LOAS) e a Aposentadoria Especial (Lei Complementar n. 142/2013).

AS DIMENSÕES DA ACESSIBILIDADESão consideradas sete dimensões de acessibilida-

de (SASSAKI, 2016). São elas:1. Arquitetônica: ligada aos ambientes físicos.2. Atitudinal: relacionada à discriminação e ao pre-

conceito.3. Comunicacional: envolve as diversas formas de co-

municação.4. Programática: quando normas ou leis devem ser

superadas.5. Metodológica: às vezes, algumas atividades devem

ser repensadas.6. Instrumental: relativa a equipamentos e recursos.7. Natural: envolve a acessibilidade de espaços da

natureza.

POLÍTICAS PÚBLICAS ESPECÍFICAS POR ÁREAEDUCAÇÃO

A educação é um direito e um dever do Estado. No caso das pessoas com deficiência, a Constituição Federal prevê

a educação como direito de todos, dever do Estado e da família, com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o traba-lho. (BRASIL, Constituição Federal, 1988)

Em relação às políticas e às legislações que ampa-ram a educação para pessoas com deficiência na pers-pectiva da educação inclusiva, destacam-se:• Lei n. 9.394, de 1996 (atualizada pela Lei n. 12.796/

2013) – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-cional (LDBEN). O Capítulo V aborda a educação es-pecial, definida como a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede re-gular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

• Decreto n. 6.094, de 2007, que estabeleceu, dentre as diretrizes do plano de metas, a garantia do aces-so e da permanência dos estudantes com necessi-dades educacionais especiais na escola.

• Decreto n. 6.949, de 2009, que assegura a garantia de um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino.

• Decreto n. 7.611, de 2011, que institui o atendi-mento educacional especializado gratuito e trans-versal em todos os níveis de ensino, como oferta obrigatória no contraturno.

• Lei n. 13.005, de 2014 – Plano Nacional de Educação, cuja Meta 4 estabelece estratégias para universalizar o acesso à educação básica e ao atendimento edu-cacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educa-cional inclusivo, salas com recursos multifuncionais,

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classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

BRINCAR É COISA SÉRIAAlém de estimular a criatividade, o contato e a

descontração, as brincadeiras também trazem contri-buições importantes para o desenvolvimento, como: • desenvolvimento da habilidade motora; • controle postural; • desenvolvimento de conceitos; • desenvolvimento de habilidades perceptuais e in-

telectuais; • aquisição de linguagem e integração de habilida-

des cognitivas.

A LBI E O SISTEMA EDUCACIONAL INCLUSIVO

Como destaca a LBI, o sistema educacional deve ser inclusivo, com oferta de recursos e adaptações que atendam às necessidades dos alunos e com projeto pedagógico que preveja o atendimento educacional especializado (AEE).

O AEE é complementar ou suplementar e, por-tanto, não substitui a participação do aluno na sala regular. Esse atendimento pode acontecer na sala de recursos da própria escola, em outra escola ou em centro especializado.

Dentre os recursos e apoios que devem ser dispo-nibilizados, estão: tradutores e intérpretes da Libras, guias intérpretes para surdocegos e profissionais de apoio para locomoção, alimentação e higiene de alu-nos com maior grau de comprometimento.

A nova lei também exige que escolas privadas de-vem oferecer todos os recursos de acessibilidade sem cobrança de valores adicionais. E, ainda, destaca que a recusa da matrícula configura crime, com punição multa e pena de dois a cinco anos de reclusão.

SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO EM SÃO PAULOO documento norteador mais atual da Prefeitura

de São Paulo, que apresenta os serviços ofertados para alunos com deficiência, é a Política Paulistana de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, estabelecida pelo Decreto n. 57.379/2016. Dentre os serviços prestados, estão:• Centros de Formação e Acompanhamento à Inclu-

são – Cefai: responsáveis por articular e desenvol-ver ações da educação especial.

• Salas de Recursos Multifuncionais – SRM: insta-ladas em unidades educacionais para a oferta do AEE no contraturno.

• Professores de Atendimento Educacional Especia-lizado – PAEE.

• Instituições Conveniadas de Educação Especial.• Escolas Municipais de Educação Bilíngue para Sur-

dos – EMEBS.• Auxiliar de Vida Escolar – AVE: profissional de apoio

para alunos que não tenham autonomia para as atividades de alimentação, higiene e locomoção.

Na rede estadual, a política de educação especial inclusiva é de responsabilidade do Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE), que assegura o Atendimento Pedagógico Especializado (APE) e apoio à aprendizagem por meio dos seguintes serviços:• sala de recursos: atendimento no contraturno nas

áreas de deficiência auditiva, física, intelectual, vi-sual, múltipla ou transtorno do espectro autista;

• atendimento escolar domiciliar (Resolução SE n. 25/2016): para alunos em tratamento de saúde que tenham de ficar em casa;

• atendimento itinerante: realizado por professor especializado em educação especial que vai até a escola, conforme a necessidade;

• classe hospitalar: para alunos em longos períodos de internação.

TRABALHOA tônica está na abordagem do desenvolvimento

vocacional e do potencial produtivo e, principalmen-te, na perspectiva de uma vida independente e autô-noma como pontos que devem ser estimulados des-de cedo em crianças e, prioritariamente, adolescentes com deficiência, da mesma maneira que também são para as demais pessoas.

A aprendizagem oferece a oportunidade da combi-nação entre formação teórica e prática para jovens de 14 a 24 anos de idade, por meio de um contrato que pode durar até dois anos, sendo que no caso de jo-vens com deficiência, não há limite máximo de idade nem de tempo de contrato. Além disso, nessa moda-lidade, caso o jovem receba o Benefício de Prestação Continuada, esse benefício não é suspenso.

O emprego apoiado é uma metodologia para co-locação de pessoas em situação de maior atenção no mercado formal de trabalho, ou seja, pessoas que pre-cisam de apoio personalizado, normalmente na figura de um facilitador, que atua no desenvolvimento voca-cional e no suporte e acompanhamento do processo inclusivo.

CULTURA, ESPORTE E LAZERAs atividades culturais e esportivas são importantes

para o desenvolvimento do potencial de cada de pes-soa. Cada atividade, a sua maneira, contribui para coor-denação motora, agilidade, sociabilidade e autoestima.

Na cultura, podemos notar alguns avanços com o aumento do número de espetáculos e exposições que oferecem recursos de acessibilidade, como intérpre-tes de Libras, legenda e audiodescrição. Esses avanços ganharam força com a LBI, que, em alguns artigos, destaca a garantia de acesso a bens culturais, como programas de TV, cinema, teatro e eventos culturais.

Dentre as políticas de esporte, destacam-se:• Bolsa Atleta.• Bolsa Talento Esportivo.• Paralimpíadas Escolares.• Meia-entrada em espetáculos culturais e esporti-

vos (Decreto n. 8.537/2015).

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Capítulo 1 15

POLÍTICAS DE MOBILIDADE URBANAAções de infraestrutura e mobilidade urbana são

estruturais em todas as cidades, pois, sem elas, o direi-to de ir e vir fica comprometido, assim como todas as demais ações. Afinal, de nada adianta existir oferta de serviços inclusivos na cidade se as pessoas não conse-guirem sair de casa e chegar nesses locais.

Dentre as políticas de mobilidade urbana, devem ser destacadas: • Serviço Atende: serviço porta a porta realizado

pela Prefeitura para pessoas com deficiência física com alto grau de gravidade, usuárias de cadeira de rodas, cadastradas com uma programação pré- -agendada de viagens, principalmente para servi-ços de saúde e reabilitação.

• Ligado: transporte realizado nas Regiões Metropo-litanas de São Paulo e em Campinas, para alunos regularmente matriculados na Rede Regular de En-sino e instituições conveniadas e/ou credenciadas pela Secretaria de Estado da Educação.

• Bilhete Único Especial: gratuidade na tarifa de ôni-bus municipais, metrô e trem para pessoas com doenças, comprometimentos e/ou limitações com-patíveis com a definição de deficiência, conforme previsto nas normas vigentes.

• Passe livre: gratuidade nas viagens interestaduais, realizadas de ônibus, trem ou barco, para pessoas com deficiência física, intelectual, auditiva, visual ou renal crônica, com renda per capita menor do que um salário.

• Cartão DeFis: autorização para estacionamento nas vagas reservadas às pessoas com deficiência.

• Outros serviços: isenção de rodízio municipal para veículos conduzidos ou que transportam pessoas com deficiência; desembarque de ônibus fora do ponto de parada, com exceção apenas dos corredo-res (PMSP, Lei Municipal n. 15.914/2013); e políticas para melhorar as calçadas da cidade.

ASSISTÊNCIA SOCIALA Assistência Social é um direito do cidadão e de-

ver do Estado, instituído pela Constituição Federal. A atenção socioassistencial é oferecida pelos Estados e Municípios por meio do Sistema Único de Assistên-cia Social (Suas), criado pela Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), que compõe o tripé da Seguridade Social, juntamente com a Saúde e Previdência Social.

As ações da assistência social estão organizadas da seguinte maneira:• Proteção social básica: destinada à prevenção de

riscos sociais e pessoais por meio da oferta de pro-gramas, projetos, serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social.

• Proteção social especial: destinada a famílias e in-divíduos que já se encontram em situação de risco e que tiveram seus direitos violados por ocorrência de abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso de drogas, entre outros aspectos.

O Estado orienta tecnicamente como devem ser as instalações físicas dos Centros de Referência e as portas de entrada para os serviços. Nessas premissas, estão o favorecimento da acolhida, garantindo priva-cidade, dignidade e sigilo, além das adaptações para o atendimento de pessoas em diferentes momentos do ciclo de vida, oferecendo acessibilidade para aqueles que têm mobilidade reduzida.

UNIDADES DE ACOLHIMENTO• Há 1.448 unidades de acolhimento no Estado de

São Paulo.• Somente 54% do total oferece condições de acessi-

bilidade; porém, nem sempre esses recursos aten-dem às normas legais.

• 82,5 são Organizações Sociais, e a maioria (92,1%) tem convênio para atendimento.

• 697 unidades (48,1%) atendem crianças e jovens, e apenas quatro unidades (0,3%) são exclusivas para crianças/jovens com deficiência.

CENTROS DE REFERÊNCIA• São 1.045 Centros de Referência em 619 municí-

pios (total de municípios no estado: 645): – 70,4% realizam o acompanhamento de famílias

beneficiárias do BPC para pessoas com deficiência. – 43% das unidades avaliadas oferecem recursos

de acessibilidade arquitetônica, como rampas e rotas acessíveis.

– 33% não possuem banheiro adaptado.• 258 são Centros de Referência Especial presentes

em 213 municípios: – 70% oferecem recursos de acessibilidade arqui-

tetônica. – 49,2% não possuem banheiro adaptado.

POLÍTICAS SOCIOASSISTENCIAIS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA• Serviço de Proteção Social no Domicílio: objetiva a

garantia de direitos, o desenvolvimento de meca-nismos para a inclusão, a equiparação de oportu-nidades e a participação e o desenvolvimento das pessoas com deficiência e pessoas idosas, a partir de suas necessidades e potencialidades individuais e sociais.

• Serviço de habilitação e reabilitação na comunida-de das pessoas com deficiência: tem como objetivo fortalecer o convívio comunitário e as relações fa-miliares. As ações na comunidade compreendem o acompanhamento sistemático das pessoas com de-ficiência e suas famílias, a capacitação de cuidado-res, a sensibilização da comunidade, a inserção nas políticas públicas e a geração de trabalho e renda.

• CADÚNICO: cadastro para famílias de baixa renda que permite a elas acessarem serviços, programas e benefícios sociais da Política de Assistência Social

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e outras políticas públicas dos Governos Municipal, Estadual e Federal. Possíveis benefícios: programas Vivaleite, Renda Cidadã, Ação Jovem, Família Pau-lista e Bolsa Família.

• Benefício de Prestação Continuada (Loas): um (01) salário mínimo mensal para pessoas com deficiên-cia que estejam impossibilitadas de participarem de forma plena e efetiva na sociedade. A família deverá apresentar comprovação de renda per capi-ta inferior a ¼ do salário mínimo.

• BPC na Escola: programa articulado entre Assistên-cia Social, Educação, Saúde e outras áreas com o objetivo de garantir o acesso e a permanência na escola de crianças e adolescentes com deficiência, beneficiários do BPC.

• Proteção Social Especial: tem o objetivo de garantir proteção integral – moradia, alimentação, higieni-zação e trabalho protegido – para famílias e indi-víduos que se encontram sem referência e/ou em situação de ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e/ou comunitário.

• Cuidadores Sociais: a LBI formaliza a figura do cui-dador social na prestação de cuidados básicos e instrumentais a pessoas com deficiência em situa-ção de dependência, conforme o páragrafo 2º do Capítulo VII da LBI: Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa com deficiência em situação de dependência deverão con-tar com cuidadores sociais para prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais. (BRASIL, 2015)

Os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) são a porta de entrada da assistência social.

SAÚDEA Lei Federal n. 8.080/1990 coloca a saúde como um

direito fundamental do ser humano e também ressalta que, para se ter saúde, alguns fatores são determinan-tes, como a alimentação, a moradia, o saneamento bá-sico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.

O Brasil organiza suas políticas públicas de saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Com o entendimento mundial de se somar esfor-ços maiores na primeira infância (do nascimento aos seis anos de idade), foi criada, em 2015, a Política Na-cional de Atenção Integral à Saúde da Criança, com o objetivo de nortear a criação de políticas públicas de atenção ao cuidado na primeira infância. O documen-to exprime a preocupação de priorizar a atenção às crianças em situação mais vulnerável, como os indíge-nas e crianças com deficiência.

POLÍTICAS DE SAÚDE PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIARede de cuidado à pessoa com deficiência

A rede tem como objetivo ampliar o acesso e qua-lificar o atendimento às pessoas com deficiência no

SUS, com foco na organização de rede e na atenção integral à saúde, de modo que contemple as áreas de deficiência auditiva, física, visual, intelectual e osto-mias; além de buscar melhor integração e articulação dos serviços de reabilitação com a rede de atenção primária e outros pontos de atenção especializada.

Duas legislações recentes que estão gerando gran-de impacto na rede de saúde são: a Lei n. 12.764/2012, que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e a Portaria MS n. 199/2014, que instituiu a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doen-ças Raras e aprova as Diretrizes para Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras. Ambas pressupõem a criação de uma rede de atenção específica que ofere-ça tratamento e diagnóstico precoces, acesso a me-dicamentos e nutrição adequada no âmbito do SUS.

MARCOS LEGAISLEGISLAÇÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

• Constituição Federal (1988).• Convenção sobre os Direitos da Criança (1990).• Estatuto da Criança e do Adolescente (1990).• Convenção n. 182 e Recomendação n. 190 – OIT

(2000).• Marco Legal da Primeira Infância (Lei n. 13.257/

2016).

LEGISLAÇÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA• Lei n. 7.853/1989 – Lei sobre o apoio e a integração

social da pessoa com deficiência (1989).• Declaração de Salamanca – Conferência Mundial

sobre Educação Especial (1994).• Decreto n. 3.298/1999 – Política Nacional para a In-

tegração da Pessoa com Deficiência (1999). • Lei n. 10.048/2000 – Prioridade de atendimento às

pessoas com deficiência (2000).• Lei n. 10.098/2000 – Normas gerais de acessibilida-

de (2000).• Decreto n. 3.956/2001 – Convenção de Guatemala –

Eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas com deficiência (2001).

• Lei n. 10.436/2002 e Decreto n. 5.626/2005 – Lín-gua Brasileira de Sinais – Libras (2002/2005).

• Decreto n. 5.296/04 – Normas gerais de acessibili-dade e prioridade no atendimento (2004).

• Lei n. 11.126/2005 e Decreto n. 5.904/2006 – Lei do Cão-guia (2005/2006).

• Decreto Legislativo n. 186/2008 e Decreto n. 6.949/2009 – Convenção sobre os Direitos das Pes-soas com Deficiência (2008/2009).

• Lei n. 12.764/2012 e Decreto n. 8.368/2014 – Polí-tica Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (2012/2014).

• Lei n. 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (2015).

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2. Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

Alessandra Medeiros

CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

No Prefácio da Convenção é possível perceber que se trata de um documento que propõe um Brasil com acessibilidade, a partir da equiparação de oportunida-des entre pessoas com e sem deficiência. Também se identifica a deficiência como mais uma característica da diversidade humana.

Além do prefácio, a Convenção contém uma apre-sentação, 40 artigos temáticos, 10 artigos administra-tivos e o protocolo facultativo para monitoramento.

A apresentação destaca:Pessoas com deficiência são, antes de mais nada, PES-SOAS. Pessoas como quaisquer outras, com protago-nismos, peculiaridades, contradições e singularidades. Pessoas que lutam por seus direitos, que valorizam o respeito pela dignidade, pela autonomia individual, pela plena e efetiva participação e inclusão na socieda-de e pela igualdade de oportunidades, evidenciando, portanto, que a deficiência é apenas mais uma caracte-rística da condição humana. (BRASIL, 2010, p. 15)

A aprovação do texto da Convenção se deu pelo Decreto Legislativo n. 186/2008. Já o Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009, promulga a Convenção In-ternacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-cia e seu Protocolo Facultativo.

Em seu preâmbulo, ressalta-se a reafirmação da [...] universalidade, a indivisibilidade, a interdepen-dência e a inter-relação de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, bem como a necessidade de garantir que todas as pessoas com deficiência os exerçam plenamente, sem discriminação. (BRASIL, 2010, p. 21)

Assim, podemos destacar os direitos civis e políti-cos nos seguintes artigos da Convenção:• Art. 5º: Igualdade e não discriminaçãoTodas as pessoas são iguais perante a lei, sendo proi-bida qualquer forma de discriminação em função da deficiência, devendo ainda haver formas de se promo-ver essa igualdade.

• Art. 12: Reconhecimento igual perante a leiPessoas deficientes são pessoas e são legalmente capazes em igualdade de condições com as demais pessoas. O Estado deve oferecer o apoio para que con-sigam exercer essa capacidade legal, caso necessário.

• Art. 13: Acesso à JustiçaAcesso igualitário ao Sistema de Justiça, inclusive com a previsão de capacitação para os agentes envolvidos.

• Art. 16: Prevenção contra a exploração, a violência e o abuso

Dentre os incisos previstos neste artigo, destaca-se:A fim de prevenir a ocorrência de quaisquer formas de exploração, violência e abuso, os Estados Partes asse-gurarão que todos os programas e instalações destina-dos a atender pessoas com deficiência sejam efetiva-mente monitorados por autoridades independentes. (BRASIL, 2010, p. 41)

• Art. 17: Proteção da integridade da pessoaToda pessoa com deficiência tem o direito a que sua integridade física e mental seja respeitada, em igual-dade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2010, p. 42)

• Art. 19: Vida independente e inclusão na comu-nidade:Os Estados Partes desta Convenção reconhecem o igual direito de todas as pessoas com deficiência de viver na comunidade, com a mesma liberdade de es-colha que as demais pessoas, e tomarão medidas efe-tivas e apropriadas para facilitar às pessoas com defi- ciência o pleno gozo desse direito e sua plena inclusão e participação na comunidade. (BRASIL, 2010, p. 44)

• Art. 20: Mobilidade pessoalEsse artigo prevê mobilidade com a máxima indepen-dência possível.

• Art. 21: Liberdade de expressão e de opinião e acesso à informação

Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropria-das para

assegurar que as pessoas com deficiência possam exer-cer seu direito à liberdade de expressão e opinião, inclu-sive à liberdade de buscar, receber e compartilhar infor-mações e ideias, em igualdade de oportunidades com as

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demais pessoas e por intermédio de todas as formas de comunicação de sua escolha. (BRASIL, 2010, p. 45)

Aqui, observa-se o acesso a tecnologias que permitam a comunicação, como também uso da língua de sinais e braille.

• Art. 22: Respeito à privacidade1. Nenhuma pessoa com deficiência, qualquer que seja seu local de residência ou tipo de moradia, estará sujeita a interferência arbitrária ou ilegal em sua pri-vacidade, família, lar, correspondência ou outros tipos de comunicação, nem a ataques ilícitos a sua honra e reputação. As pessoas com deficiência têm o direito à proteção da Lei contra tais interferências ou ataques.2. Os Estados Partes protegerão a privacidade dos da-dos pessoais e dados relativos à saúde e à reabilitação de pessoas com deficiência, em igualdade de condi-ções com as demais pessoas. (BRASIL, 2010, p. 46)

• Art. 29: Participação na vida política e públicaa) Assegurar que as pessoas com deficiência possam participar efetiva e plenamente na vida política e pública, em igualdade de oportunidades com as de-mais pessoas, diretamente ou por meio de represen-tantes livremente escolhidos, incluindo o direito e a oportunidade de votarem e serem votadas.b) Promover ativamente um ambiente em que as pessoas com deficiência possam participar efetiva e plenamente na condução das questões públicas, sem discriminação e em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, e encorajar sua participação nas questões públicas. (BRASIL, 2010, p. 57-58)

Os direitos econômicos, sociais e culturais podem ser encontrados nos seguintes artigos da Convenção:• art. 24: Educação;• art. 25: Saúde;• art. 26: Habilitação e reabilitação;• art. 27: Trabalho e emprego;• art. 28: Padrão de vida e proteção social adequados;• art. 30: Participação na vida cultural e em recrea-

ção, lazer e esporte.

Ressaltamos alguns números da Deficiência no Bra-sil e no mundo de acordo com o site da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Unicef:• 1 bilhão de pessoas vivem com alguma deficiên-

cia (dados de 2011). Proporcionalmente, isso significa que uma em cada sete pessoas possui alguma deficiência.

• 80% dessas pessoas vivem nos países em desen-volvimento.

• 150 milhões de crianças (com menos de 18 anos de idade) têm alguma deficiência, segundo o Unicef.

O site Deficiente Ciente publicou que, de acordo com o IBGE (2010), cerca de 45,6 milhões de brasilei-ros têm pelo menos uma deficiência (GARCIA, 2012).

Vale também destacar o artigo 1o, que apresenta o propósito da Convenção (BRASIL, 2010, p. 26):

O propósito da presente Convenção é promover, prote-ger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por to-das as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedi-mentos de longo prazo de natureza física, mental, inte-lectual e sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efe-tiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.

De acordo com o parecer final para a Convenção ser aprovada, disponível no relatório elaborado pelo senador Eduardo Azevedo (BRASIL, 2008): • É um tratado internacional de Direitos Humanos,

aprovado na Assembleia Geral da ONU em 13 de dezembro de 2006 e assinado pelo Brasil em 30 de março de 2007. Entrou em vigor, junto com seu protocolo facultativo, em 3 de maio de 2008, após ter sido ratificado por 20 países-membros das Na-ções Unidas.

• A Convenção não cria direitos novos nem especiais para as pessoas com deficiência; é um instrumento facilitador para o exercício dos direitos universais, em especial da igualdade com as demais pessoas.

• Tem como objetivo promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas com deficiência e promover o res-peito pela sua dignidade.

• Tem como características os princípios da não dis-criminação e da afirmação do modelo de socieda-de inclusiva, da afirmação da acessibilidade e da autonomia das pessoas com deficiência.

• A sociedade inclusiva é definida pelo respeito e pela valorização das diferenças; reconhece a igual-dade do valor das pessoas; considera que a dife-rença é um princípio básico, o que torna intolerá-vel qualquer tipo de discriminação; e afirma que a existência de pessoas com deficiência faz parte da diversidade humana.

• A Convenção reconhece que as pessoas com defi-ciência representam um segmento social margina-lizado, cujos direitos muitas vezes são ignorados ou violados em todo o mundo. Daí se justifica a apro-vação de tratado internacional sobre o tema, pois assegura base jurídica para o conjunto de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. No entanto, tais direitos não se apresentam assim agrupados na Convenção, mas guardam relação e interdependência entre si.

• O Protocolo Facultativo é um instrumento nacional e internacional de monitoramento, que serve para zelar pelo cumprimento das disposições da Conven-ção. O monitoramento internacional é feito por um Comitê Internacional, cujo reconhecimento pelos países signatários se dá com a ratificação do Proto-colo Facultativo.

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Capítulo 2 19

O HISTÓRICO RESGATADO NA CIF A CIF resultou da revisão da anterior Classificação

Internacional das Deficiências, Incapacidades e Des-vantagens (International Classification of Impairments, Disabilities and Handicaps – ICIDH), versão experi-mental publicada em 1980 pela OMS. A sua versão no idioma português foi publicada em 1989 pelo então SNR (Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens).

Com a adoção da CIF, passa-se de uma classifica-ção de “consequência das doenças” (versão de 1980) para uma classificação de “componentes da saúde” (CIF), sendo decisivo o seu papel na consolidação e operacionalização de um novo quadro nocional da funcionalidade, da incapacidade humana e da saúde.

Também é importante conhecer os objetivos da CIF (CIF/OMS, 2004, p. 9).

A CIF é uma classificação desenvolvida com o pro-pósito de utilização em várias disciplinas e em diferen-tes setores. Os seus objetivos específicos são:• apresentar uma base científica para a compre-

ensão e o estudo da saúde e dos estados a ela relacionados, bem como os resultados e suas determinantes;

• estabelecer uma linguagem comum para descre-ver a saúde e os estados a ela relacionados, para melhorar a comunicação entre os diferentes usuá-rios, como profissionais de saúde, investigadores, legisladores de políticas de saúde e a população em geral, incluindo as pessoas com deficiência;

• permitir a comparação dos dados entre países, en-tre as disciplinas de saúde, entre os serviços, e em diferentes momentos ao longo do tempo;

• proporcionar um esquema de codificação siste-matizado de forma a ser aplicado nos sistemas de informação da saúde.

Esses objetivos encontram-se interligados, uma vez que a utilização da CIF requer a construção de um sistema relevante e útil que possa ser aplicado em âmbitos distintos: na política de saúde, na avaliação da qualidade da assistência e na avaliação das conse-quências em diferentes culturas.

MODELOS DE FUNCIONALIDADE E DE INCAPACIDADE

O modelo médico considera a incapacidade um problema da pessoa, causado diretamente por doen-ça, trauma ou outro problema de saúde, que requer assistência médica sob a forma de tratamento indivi-dual por profissionais. Os objetivos dos cuidados em relação à incapacidade são a cura ou a adaptação do indivíduo e a mudança de comportamento. A assis-tência médica é considerada como a questão prin-cipal e, em termos políticos, a principal resposta é a modificação ou reforma da política de saúde.

O modelo social de incapacidade, por sua vez, con-sidera a questão como um problema principalmente criado pela sociedade e, basicamente, como uma

questão de integração plena do indivíduo na socieda-de. A incapacidade não é um atributo de um indiví-duo, mas, sim, um conjunto complexo de condições, muitas das quais criadas pelo ambiente social. A so-lução do problema requer uma ação social de respon-sabilidade coletiva da sociedade, a qual deve fazer as modificações ambientais necessárias para a participa-ção plena das pessoas com incapacidades em todas as áreas da vida social. Portanto, trata-se de uma questão atitudinal ou ideológica que requer mudanças sociais que, em termos políticos, se transformam em uma questão de direitos humanos. De acordo com esse modelo, a incapacidade é uma questão política.

A CIF baseia-se em uma integração desses dois modelos opostos. Para se obter a integração das vá-rias perspectivas de funcionalidade, é utilizada uma abordagem biopsicossocial. Assim, a CIF tenta che-gar a uma síntese que ofereça uma visão coerente das diferentes perspectivas de saúde: biológica, in-dividual e social.

USOS DA CIF

Desde a publicação de sua versão experimental em 1980, a CIF tem sido utilizada para diferentes finalida-des, por exemplo:• Como ferramenta estatística – no recolhimento e

registro de dados (p. ex.: em pesquisas e estudos da população ou em sistemas de tratamento de informação).

• Como ferramenta de investigação – para medir re-sultados, qualidade de vida ou fatores ambientais.

• Como ferramenta clínica – na valoração de necessi-dades, para homogeneizar tratamentos com condi-ções específicas de saúde, na valoração vocacional, na reabilitação e na avaliação de resultados.

• Como instrumento de política social – no planeja-mento de sistemas de segurança social e de siste-mas de compensação, na geração e na implemen-tação de políticas.

• Como instrumento educativo – para estruturar o “currículo”, para aumentar a conscientização da so-ciedade e para desenvolver atividades sociais.

Cada componente da CIF pode ser expresso em termos positivos e negativos; e contém vários domí-nios. Em cada domínio, há várias categorias, que são as unidades de classificação. A saúde e os estados relacionados à saúde de um indivíduo podem ser re-gistrados por meio da seleção de códigos apropriados da categoria e do acréscimo de qualificadores, ou seja, de códigos numéricos que especificam a extensão ou a magnitude da funcionalidade, ou da incapacidade naquela categoria, ou em que medida um fator am-biental facilita ou constitui um obstáculo.

CIF – CRIANÇAS E JOVENS (CJ)A CIF para crianças e jovens surge da especificidade

do funcionamento das crianças, já que muitas mudan-ças ocorrem em curto espaço de tempo.

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20 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

A CIF-CJ enfatiza a importância do fato de que as duas primei-ras décadas de vida são caracterizadas pelas mudanças significativas no crescimento físico, psicológico e social.[...] Isso permite que as crianças e jovens possam usufruir de apoio especializado e individualizado que as ajudem na transição de criança para adulto, fornecendo aos di-versos profissionais os instrumentos necessários para obtenção destes objetivos. (FREITAS, 2009, p. 19-20)

CONSIDERAÇÕES FINAISPode-se perceber que, embora complexo, o uso da

CIF poderá contribuir e muito para uma análise mais ampla das condições de vida dos indivíduos.

Já a Convenção marca o acesso aos direitos da pes-soa com deficiência como parte dos direitos humanos, devendo ser diariamente acessada por todas as pessoas para que se faça valer na vida de todos os brasileiros.

TABELA 2.1 – Uma visão geral da CIF

Parte 1: Funcionalidade e incapacidade Parte 2: Fatores contextuais

Componentes Funções e estruturas do corpo

Atividades de participação Fatores ambientais Fatores pessoais

Domínios

Funções do corpo Estruturas do corpo

Áreas vitais (tarefas, ações)

Influências externas sobre a funcionalidade e a incapacidade

Influências internas sobre a funcionalidade e a incapacidade

Construtos

Mudança nas funções do corpo (fisiológicas)Mudança nas estruturas do corpo (anatômicas)

Capacidade de execução de tarefas em um ambiente padrãoDesempenho na execução de tarefas no ambiente habitual

Impacto facilitador ou limitador das características do mundo físico, social e atitudinal

Impacto dos atributos de uma pessoa

Aspectos positivos

Integridade funcional e estrutural

Atividades Participação

Facilitadores Não aplicável

Funcionalidade

Aspectos negativos

Deficiência Limitação de atividadeRestrição da participação

Barreiras Não aplicável

Incapacidade

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3. Planejamento e avaliaçãode projetos

Regiane Ferreira da Silva

INTRODUÇÃOSegundo a definição da ONU, projetos são em-

preendimentos planejados, que abrangem um uni-verso de atividades inter-relacionadas e coordenadas, para que possamos atingir objetivos específicos e li-mites de tempo e orçamento.

As entidades do terceiro setor têm cada vez mais ocupado um importante espaço na sociedade, reali-zando atividades complementares às públicas na bus-ca de atender às demandas sociais.

Para fins de análise, também devem ser conside-rados os quatro setores econômicos que compõem o cenário de atividades. São eles:1. As atividades estatais referem-se ao primeiro setor

(representado pela Administração Pública).2. As atividades de mercado referem-se ao segundo

setor (representado pelas empresas com finalidade lucrativa).

3. O chamado setor dois e meio, ou negócio social de impacto, tem como foco a geração de impacto social ou ambiental positivo para quem utiliza seus produtos e serviços.

4. O terceiro setor, que contempla as atividades da sociedade civil que não se enquadram nas dos de-mais setores, opera com recursos públicos e priva-dos, para fins públicos e sociais.

MODELAGEM INSTITUCIONAL NO TERCEIRO SETOR

A forma como a entidade se organiza para gerir pro-jetos depende principalmente de seu porte, sua arqui-tetura institucional e sua governança corporativa.

ARQUITETURA INSTITUCIONALAs ações das entidades do terceiro setor normal-

mente são propositivas (captando recursos, principal-mente por meio de demanda espontânea e respostas a editais, correlatos e doações) e/ou executoras (exe-cutando as ações dos projetos para os quais foram captados os recursos).

Outro aspecto relevante a ser considerado sobre o cenário das entidades do terceiro setor foi a re-vogação da Lei n. 91/1935, conhecida como Lei da

Utilidade Pública Federal, primeiro título concedido às entidades do terceiro setor no Brasil. Tal lei outor-gava a essas entidades o direito de não pagarem as contribuições da seguridade social e de conseguirem doações de empresas privadas por meio do benefício da renúncia fiscal.

Tanto os estados quanto os municípios tiveram de atualizar seus respectivos títulos – Utilidade Pública Estadual (UPE) e Utilidade Pública Municipal (UPM) – para melhor se adequarem às novas legislações que regiam o terceiro setor, como a Lei Federal n. 13.151/2015, que permite, de forma expressa, a remu-neração de dirigentes, e a Lei Federal n. 13.019/2014, que disciplina as parcerias entre os poderes públicos e as organizações da sociedade civil, tendo em vista que essa Lei não exige, para parcerias, que a entidade possua qualquer título ou certificação.

Assim, as entidades precisam aprimorar sua com-petência técnica no momento de justificar a elabora-ção de projetos sociais.

Para efetivar uma ação transformadora no campo social, é necessária uma dimensão técnica compe-tente que garanta a implementação, a avaliação e a revisão das ações propostas no projeto que se pre-tende construir.

IDENTIFICANDO O PROJETO COMO UMA FORMA DE PLANEJAMENTO PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS

Segundo a definição da ONU:um projeto é um empreendimento planejado que con-siste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos específicos den-tro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados (apud COHEN; FRANCO, 1999, p. 85).

Então, pode-se dizer que projeto social é um planejamento para solucionar um problema ou res-ponder a uma demanda social de forma finita.

Para caracterização da situação-problema, é neces-sário reunir informações atualizadas, capazes descre-vê-la em termos quantitativos e qualitativos.

Para isso, precisamos de “indicadores” que possam auxiliar na construção do cenário do projeto com maior precisão. Além disso, é preciso também reunir informações que permitam responder com clareza certas questões, como: quem é o público-alvo? O que ele pensa? Como ele vive? Quais são os seus desejos?

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22 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

ETAPAS DO PLANEJAMENTO O ciclo de vida de um projeto tem quatro fases

distintas:1. Elaboração: é o momento da identificação do pro-

blema, definição dos objetivos, programação das ati-vidades e confecção da proposta técnica do projeto.

2. Estruturação: uma vez decidido que o projeto será realizado, é hora de organizar a equipe executora e mobilizar os meios necessários para executá-lo.

3. Realização: é o período em que as atividades previstas são realizadas e acompanhadas de acor-do com o planejado. Por vezes, é necessário alterar a programação, em razão de fatos não previstos.

4. Encerramento: ao término do projeto, é preciso ana-lisar seus resultados e impactos, comparando o que se pretendia originalmente com o realmente alcan-çado. Também é o momento de cuidar da desmo-bilização do projeto, caso não haja prosseguimento.

Na Tabela 3.1, há exemplos de planejamento.

METODOLOGIAPlanejar de forma participativa um projeto social

significa dar voz às pessoas que estão diretamente envolvidas na situação-problema em que se pretende intervir, sejam as que sofrem as suas consequências ou as que dela tiram proveito.

A gestão de um projeto social também precisa considerar estratégias de tomada de decisão em grupo, pois um planejamento participativo torna o projeto mais consistente, com objetivos realistas, e de acordo com as necessidades do público que se pretende atingir.

Outro aspecto importante do planejamento par-ticipativo é a transparência e o respeito ao propósito sobre a condução do projeto.

A integração e cooperação entre os diferentes atores sociais proporciona maior compromisso dos parceiros e beneficiários com a implementação e exe-cução do projeto.

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

O ponto de partida é conceber o projeto como resposta a algo que se pode chamar de situação-pro-blema, expressa, por exemplo, por uma demanda ain-da não satisfeita por nenhum produto ou serviço até então oferecidos.

COMO FORMULAR UM PROBLEMA?• Considerar uma situação adversa existente no

momento.• Defini-la como uma condição negativa.• Expressá-la de forma precisa e objetiva.

Uma vez obtido o consenso sobre o problema central, deve-se partir para o exame das suas causas essenciais.

Uma forma alternativa e simplificada de analisar a situação-problema seria responder perguntas como as seguintes:• Qual a situação atual? Quais são as condições, ne-

cessidades ou finalidades não satisfeitas que suge-rem que existe um problema?

• Quais as causas do problema?• Para quem a situação é percebida como um pro-

blema? Existem pessoas para quem a situação é vantajosa?

• Que grau de compreensão as pessoas afetadas pelo problema têm a respeito dele?

• O problema foi caracterizado em seu contexto e em todos os aspectos importantes (p. ex.: social, institucional, econômico-financeiro, político, tec-nológico, administrativo-gerencial, etc.)?

• Foram procuradas informações sobre a mesma si-tuação vivida por outras pessoas, em livros, estu-dos, etc.?

• Entre os vários problemas encontrados, esse em especial é prioritário, tem mais importância? Por quê? Quais os critérios utilizados para atribuir essa importância?

TABELA 3.1 – Grupos de processos, segundo o Guia PMBoK

Inicialização Reconhecer que um projeto ou uma fase deve começar e se comprometer com sua execução

Planejamento Planejar e manter um esquema de trabalho viável para atingir os objetivos que determinaram a existência do projeto

Execução Coordenar pessoas e outros recursos para realizar o que foi planejado

Controle Assegurar que os objetivos do projeto estão sendo atingidos por meio da monitoração e da avaliação do seu progresso, tomando ações corretivas quando necessárias

Finalização Formalizar a aceitação do projeto ou da fase e fazer o seu encerramento de forma organizada

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Capítulo 3 23

PROPOSIÇÃO DE SOLUÇÕESDurante o processo de caracterização do problema

que se deseja atingir, normalmente já se começa a imaginar possíveis soluções.

Nem sempre o projeto que está sendo planejado poderá oferecer uma solução global para o problema em questão, mas, geralmente, é possível identificar várias alternativas que contribuiriam de alguma forma para a melhoria da situação-problema. Tais alternati-vas poderiam constituir diferentes projetos possíveis de serem implementados.

Alguns aspectos que devem ser considerados para a definição das soluções são:• definir as condições que permitam afirmar que o

problema estaria solucionado em sua totalidade;• elaborar uma estratégia global de ação para a solu-

ção total do problema;• detalhar a estratégia global em componentes

intermediários que representem soluções para aspectos parciais; porém, essenciais do problema;

• estabelecer uma ordem de prioridade para os com-ponentes parciais em função de sua contribuição para o enfrentamento do problema;

• estimar os recursos necessários para a solução de cada aspecto parcial;

• comparar os recursos necessários com os meios disponíveis;

• selecionar os componentes parciais prioritários compatíveis com os recursos disponíveis;

• identificar alternativas de projetos capazes de levar a cabo os componentes parciais selecionados.

ANÁLISE DE VIABILIDADEAs alternativas de solução escolhidas deverão pas-

sar por uma análise de viabilidade, que representa a avaliação das potencialidades e capacidades de um projeto antes de sua implementação.

Os principais aspectos a serem considerados em uma análise de viabilidade são: • social: considera as consequências sociais decor-

rentes dos investimentos realizados, bem como sua relevância para os beneficiários;

• técnica: verifica se as tecnologias/metodologias escolhidas são adequadas e compatíveis com os recursos disponíveis e resultados esperados;

• operacional: considera a relevância e a justificativa dada pela instituição executora, bem como sua experiência anterior no campo social em questão. Procura analisar a estrutura organizacional, avalian-do aspectos relacionados à estrutura de decisão e à capacitação técnica da equipe;

• financeira: analisa os custos envolvidos e a dispo-nibilidade dos recursos para a realização das des-pesas previstas;

• ambiental: verifica as consequências para o meio ambiente (aplicada em alguns casos).

SELEÇÃO DE ALTERNATIVAS

Uma vez determinadas quais alternativas de solu-ção são viáveis, é hora de escolher aquela que vai ser efetivamente proposta.

Alguns dos aspectos da alternativa de projeto que podem ser analisados e influir na seleção da alternati-va de solução são:• sociais: facilidade ou dificuldade de aceitação da

alternativa proposta pelos grupos envolvidos na implementação do projeto e pelos beneficiários, em termos de hábitos, valores, cultura, etc.;

• técnicos: facilidade ou dificuldade técnica de im-plementação; adaptabilidade da técnica sugerida às condições em que será executado o projeto (principalmente as pessoas);

• de gestão: averiguar se o projeto não é complexo demais para ser administrado pela instituição; se vai gerar o fortalecimento das instituições envol-vidas; facilidade de ganhar apoio de outros níveis de decisão da instituição e de outras organizações; oportunidade do projeto, respondendo a deman-das de outros níveis ou instituições;

• financeiros: custos; rendimentos que poderão ser gerados; facilidade de acesso a financiamentos;

• econômicos: sustentabilidade da iniciativa, depois de encerrado o projeto; geração de emprego e ren-da pelo projeto; tempo de recuperação do capital investido.

A DIMENSÃO LÓGICA DO PROJETO

É necessário evidenciar a coerência entre o obje-tivo geral e os objetivos específicos, entre estes e os produtos concebidos ou os resultados imaginados e, por fim, entre os produtos/resultados e as atividades relacionadas à concretização dos mesmos.

O objetivo é a situação que se deseja obter ao final do período de duração do projeto, mediante a aplica-ção dos recursos e da realização das ações previstas (COHEN; FRANCO, 1999, p. 88).

Os objetivos devem contribuir para solucionar ou amenizar o problema enfocado pelo projeto, devendo ser uma expressão dos interesses comunitários amplos.

Um objetivo deve ser:• verificável: a consecução do objetivo deve ser pas-

sível de comprovação;• alcançável: o objetivo deve indicar uma situação

possível de ser concretizada;• realista: a avaliação das condições para realização

do objetivo deve ser realista;• específico: o objetivo deve ser claro, bem definido

e compreensível para terceiros;• adaptado ao tempo: o objetivo deve poder ser al-

cançado no tempo previsto.

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24 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

INDICADORES DE DESEMPENHOServem para avaliar em que grau os objetivos, os

produtos e as atividades de um projeto estão sendo ou foram alcançados, dentro de certo tempo e em local definidos. Portanto, o primeiro cuidado é não confundir os indicadores com a própria realidade. Como sinais ou marcas, eles apenas indicam aspectos de uma realidade que é sempre complexa.

No contexto do projeto, são os indicadores que permitem uma interpretação, tanto individual quan-to coletiva, dos avanços e dificuldades, permitindo o processo de aprendizagem e correção de rumos.

Na concepção dos indicadores de desempenho, devem ser considerados:• precisão: em termos qualitativos ou quantitativos,

é desejável que o indicador reflita aspectos de uma realidade bem delimitada no tempo e no espaço;

• objetividade: é a propriedade de apreciação do êxito baseada em fatos independentes da opinião das pessoas envolvidas nas tarefas de acompanha-mento ou avaliação;

• pertinência: os indicadores devem guardar corres-pondência com os objetivos e com a natureza do processo a ser avaliado, assim como das condições do ambiente sociocultural em que se desenvolvem;

• verificabilidade: é a propriedade de comprovar os resultados de modo eficiente e oportuno;

• economia: é a propriedade do indicador em não re-querer demasiados recursos para sua medição. An-tes de se optar por um meio de verificação, como uma pesquisa de opinião, deve-se pensar se não há uma forma mais simples, rápida e de menor custo de se obter informações úteis e de qualidade;

• independência: os indicadores utilizados devem ser independentes entre si, para não haver repeti-ção ou confusão;

• constância: é a qualidade que garante que o indi-cador meça ou descreva sempre o mesmo aspecto ao longo do tempo;

• sensibilidade ou efeito demonstrativo: é a quali-dade de um indicador para que reflita prontamen-te às mudanças na realidade;

• confiabilidade: as medições que forem feitas por diferentes pessoas, utilizando o mesmo indicador, devem apresentar resultados similares;

• validade: significa que os indicadores devem refle-tir os resultados buscados, de maneira que possam ser comprovados e que não se confundam com fatores externos.

A DIMENSÃO COMUNICATIVA DO PROJETO

Consiste especificamente na proposta técnica do projeto, que tem como função apresentar a relevância do projeto em si e a competência dos seus executores em implementá-lo.

A seguir, é apresentado um roteiro com a finali-dade de destacar a importância da incorporação de alguns componentes básicos na proposta do projeto.

TÍTULO DO PROJETOO título do projeto deve refletir o objetivo geral e

causar um impacto positivo no leitor. Não deve ser confundindo com outro projeto já desenvolvido ou em desenvolvimento.

SUMÁRIO DA PROPOSTAO sumário da proposta tem como objetivo levar o

futuro parceiro/financiador do projeto, ou as instâncias superiores de decisão, a uma apreciação inicial da pro-posta, de modo a determinar se ela se enquadra em suas possibilidades de suporte técnico e/ou financeiro.

APRESENTAÇÃO DA ENTIDADEA apresentação da entidade deve fazer uma descri-

ção, fornecer referências e demonstrar suas potencia-lidades, sua capacidade de articulação e seus recursos técnicos, pessoais e financeiros.

A apresentação pode conter:• nome ou sigla da entidade;• composição da diretoria, da coordenação e do res-

ponsável pelo projeto;• endereço para contatos e correspondências;• histórico da entidade: data da criação, diretrizes

gerais, trabalhos realizados e principais fontes de recursos ou financiamentos;

• recursos da entidade e qualificação técnica;• parcerias existentes.

JUSTIFICATIVAA justificativa faz o prognóstico da proposta. É aqui

que se deve expor os argumentos e articular as con-siderações sobre as deficiências e necessidades que justificam a existência do projeto. Para isso, deve-se caracterizar a situação-problema e a população que sofre as suas consequências.

PÚBLICO-ALVONeste item, deve-se descrever qual será a popu-

lação diretamente beneficiada pelo projeto e o local onde ele se desenvolverá.

OBJETIVOS E METASOs objetivos devem estar baseados em interesses

comunitários e devem exprimir, em termos concretos, uma situação positiva a ser alcançada. Portanto, neste item da proposta, deve-se:

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Capítulo 3 25

• descrever o objetivo geral do projeto, apoiado no diagnóstico realizado;

• descrever os objetivos específicos e as metas a se-rem alcançadas.

METODOLOGIAA descrição da metodologia visa estabelecer uma

orientação sobre os procedimentos adotados para a execução das ações. Mais especificamente, descreve os procedimentos técnicos e os meios necessários para a realização das atividades previstas.

SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO

Aqui, deve-se descrever como será o sistema de acompanhamento do projeto, apresentando os indica-dores de desempenho adotados, e expor os procedi-mentos de avaliação dos “impactos” do projeto, indican-do também os responsáveis pelo processo de avaliação.

PERSPECTIVAS FUTURASÉ importante descrever as perspectivas futuras, indi-

cando os possíveis desdobramentos e explicitando de que forma o projeto pode ser o propulsor de mudanças.

IMPACTOS Podem ser entendidos como as alterações na popu-

lação-alvo atribuídas única e exclusivamente ao projeto. Os impactos são resultado dos efeitos de um projeto.

PLANO DE AÇÃOA lista de produtos e atividades definidas na matriz

devem ser apresentadas em uma planilha, indicando o início e o fim de cada uma delas.

ORÇAMENTOCom base em uma estimativa dos valores monetá-

rios dos recursos, pode-se detalhar, distribuídos por elemento de despesa, os custos envolvidos na imple-mentação do projeto. O orçamento, portanto, deve compreender uma previsão de custos e as fontes de recursos para cada elemento de despesa.

ANEXOSAs informações muito extensas, que merecem ser

apresentadas, mas que não são essenciais na com-

posição da proposta em si, devem ser dispostas nos anexos.

SÍNTESE FINALPode-se afirmar que os aspectos mais importantes

a serem observados na fase de elaboração de um pro-jeto social são:• compreensão do contexto no qual se pretende atuar;• participação ativa de todos os atores envolvidos de

alguma forma no projeto;• definição clara do problema a ser abordado e dos

objetivos para enfrentá-lo;• apresentação de soluções consistentes e inovadoras;• análise de viabilidade (técnica, financeira, opera-

cional, social e ambiental);• conhecimento dos pressupostos;• definição dos indicadores de desempenho e dos

meios de verificação;• concatenação lógica de todos os elementos que

compõe o projeto;• elaboração de uma proposta coerente, completa e

não muito extensa.

FONTES DE FINANCIAMENTO

Uma entidade pode receber doações de várias fon-tes: empresas, fundações, indivíduos e grupos comu-nitários. Os recursos também podem ser resultado de uma variedade de atividades, incluindo a apresenta-ção de propostas de financiamento, eventos e verbas governamentais.

Dentre as diferentes fontes de captação de recursos estão:• governos;• cooperação internacional;• institutos e fundações;• empresas;• indivíduos;• geração de renda.

Para determinar quais serão as estratégias e as ações a serem realizadas, alguns pontos precisam ser considerados:• necessidade atendida, histórico, credibilidade, legi-

timidade da entidade;• nível de envolvimento e apoio das lideranças na

captação de recursos;• investimento financeiro disponível;• experiência e habilidades dos envolvidos na capta-

ção de recursos;• histórico de sucesso da entidade na captação de

recursos.

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4. Captação de recursos egeração de renda

Neila Campos

INTRODUÇÃO

Captação ou mobilização de recursos são termos utilizados para denominar um conjunto de ativida-des multidisciplinares, realizadas pelas organizações do terceiro setor, com o objetivo de gerar recursos financeiros, materiais e humanos para a consecução de suas finalidades.

A organização do terceiro setor, no que diz respeito à captação de recursos, deve se relacionar com diver-sos públicos e de formas diferenciadas. Solicitação de doações, realização de bazares, cursos, estabele-cimento de parcerias e alianças estratégicas, autori-zação para o uso de marcas e promoção de eventos são alguns exemplos dessas relações que envolvem diversos aspectos, inclusive jurídicos.

Para realizar sua missão e atender às necessidades da comunidade, as organizações sociais necessitam de re-cursos, de origem nacional ou internacional, advindos de fontes governamentais ou privados. (LANDIM, 1999)

CENÁRIO DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL• Fundações e associações afins: 290.692.• Investimentos aos afiliados do grupo de institutos,

fundações e empresas (Gife) em projetos: R$ 3 bi-lhões/ano.

• Pessoas com carteira assinada: 2,1 milhões. • Trabalhadores brasileiros: 4,9%.

CAPTAÇÃO DE RECURSOS E GERAÇÃO DE RENDASASSOCIAÇÕES CIVIS E O CÓDIGO CIVIL

Uma questão relevante, sob o aspecto da captação de recursos, é a definição de associação, presente no art. 53 do Código Civil (Lei n. 10.406/2002): “Consti-tuem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”.

Ao utilizar o termo “para fins não econômicos”, fica claro que o legislador definiu a associação como o tipo de pessoa jurídica que não tem a atividade eco-nômica como sua finalidade principal.

O Código Civil de 2002 também estabelece que, sob pena de nulidade, o estatuto das associações deverá

conter “as fontes de recursos para sua manutenção” (art. 54, IV, Código Civil). Além disso, atividades para mobilização de recursos, promovidas sem o respeito à legislação tributária, poderão gerar problemas fiscais que ameaçam e afetam a credibilidade da entidade e do terceiro setor como um todo.

Assim, para a realização das atividades de mobili-zação de recursos, recomenda-se que as associações observem os seguintes requisitos (TIISEL, 2011): • não partilhar os resultados decorrentes das ativida-

des de captação de recursos entre diretores, conse-lheiros, associados e demais colaboradores;

• definir rigorosamente no estatuto da entidade, em local específico e separado das finalidades da enti-dade, quais serão as fontes utilizadas como meio para a realização dos projetos, programas e susten-tação operacional da organização;

• destinar integralmente os resultados das atividades de captação de recursos à consecução do objetivo social da entidade.

O QUE É CAPTAÇÃO DE RECURSOS?É o processo de garantir doações, como dinheiro

ou outros recursos, a partir da contribuição voluntária de indivíduos, empresas, fundações, governos, etc.

A captação de recursos é fundamental para a sus-tentabilidade financeira das organizações sociais.

CAPTAÇÃO DE RECURSOS NA INICIATIVA PRIVADA

A forma mais utilizada para a arrecadação de recur-sos de pessoas físicas e jurídicas é a doação, que pode ser beneficiada ou não por incentivos fiscais.

Outra forma de transferência de recursos que fo-menta as atividades das organizações do terceiro setor é o patrocínio, modalidade vinculada a incentivos fis-cais (Figura 4.1).

DESAFIOSPlanejamento prévio e investimento financeiro.Exige um controle rigoroso.O sucesso vem a médio e longo prazos.É fundamental cultivar os doadores para que a relação seja duradoura.

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Capítulo 4 27

conter “as fontes de recursos para sua manutenção” (art. 54, IV, Código Civil). Além disso, atividades para mobilização de recursos, promovidas sem o respeito à legislação tributária, poderão gerar problemas fiscais que ameaçam e afetam a credibilidade da entidade e do terceiro setor como um todo.

Assim, para a realização das atividades de mobili-zação de recursos, recomenda-se que as associações observem os seguintes requisitos (TIISEL, 2011): • não partilhar os resultados decorrentes das ativida-

des de captação de recursos entre diretores, conse-lheiros, associados e demais colaboradores;

• definir rigorosamente no estatuto da entidade, em local específico e separado das finalidades da enti-dade, quais serão as fontes utilizadas como meio para a realização dos projetos, programas e susten-tação operacional da organização;

• destinar integralmente os resultados das atividades de captação de recursos à consecução do objetivo social da entidade.

O QUE É CAPTAÇÃO DE RECURSOS?É o processo de garantir doações, como dinheiro

ou outros recursos, a partir da contribuição voluntária de indivíduos, empresas, fundações, governos, etc.

A captação de recursos é fundamental para a sus-tentabilidade financeira das organizações sociais.

CAPTAÇÃO DE RECURSOS NA INICIATIVA PRIVADA

A forma mais utilizada para a arrecadação de recur-sos de pessoas físicas e jurídicas é a doação, que pode ser beneficiada ou não por incentivos fiscais.

Outra forma de transferência de recursos que fo-menta as atividades das organizações do terceiro setor é o patrocínio, modalidade vinculada a incentivos fis-cais (Figura 4.1).

DESAFIOSPlanejamento prévio e investimento financeiro.Exige um controle rigoroso.O sucesso vem a médio e longo prazos.É fundamental cultivar os doadores para que a relação seja duradoura.

DOAÇÃO

Doação é o contrato em que uma pessoa, por libe-ralidade, transfere bens ou vantagens do seu patrimô-nio para o de outra, conforme dispõe o artigo 538 do Código Civil (Lei n. 10.406/2002).

São elementos característicos da doação: • que se realize entre vivos; • que ocorra a transferência efetiva do patrimônio de

um para outro; • que a vontade do doador seja a de fazer uma libe-

ralidade (vontade desinteressada de fazer o bem a outrem);

• que o donatário aceite a liberalidade, de forma ex-pressa ou tácita.

Doação com encargo

Caracteriza-se esse tipo de doação quando quem a recebe também tem responsabilidades de fato, ficando obrigado a cumprir determinado encargo (contrapartida).

Formalização de contrato de doação

Acordada a doação, recomenda-se a elaboração de um termo de doação.

DOAÇÕES DE FUNDAÇÕES E INSTITUTOS EMPRESARIAIS

Este tipo de doação é chamado de Investimento So-cial Privado e é definido como o

repasse voluntário de recursos privados, através de doa-ção pura e simples ou com encargos, feitas de forma pla-nejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público. (GIFE)

Para efetuar doações, a maioria das fundações e institutos empresariais estabelece um processo de so-licitação padronizado e minucioso, com objetivos de financiamento bem definidos.

INCENTIVOS FISCAIS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS

Incentivos fiscais são instrumentos utilizados pelo Governo para estimular atividades específicas por prazo determinado. Alguns incentivos facilitam a transferência de recursos para atividades relacionadas ao terceiro setor, com o objetivo de fortalecer o tecido social do País.

Incentivo para doações de pessoas físicas no Brasil (precário)

As pessoas físicas que realizam doações diretas para entidades do terceiro setor não podem obter vantagens fiscais.

Pela legislação brasileira, as pessoas físicas que op-tam pela declaração do imposto de renda (IR) comple-ta podem aproveitar os incentivos fiscais para doação apenas nos seguintes casos: • doações aos fundos dos Direitos da Criança e do

Adolescente (federal, estaduais e municipais);• doações destinadas a projetos culturais e artísticos; • doações destinadas a atividades audiovisuais.

PANORAMA BRASILEIRO DOS INCENTIVOS FISCAIS PARA DOAÇÕES DE PESSOAS JURÍDICAS

As pessoas jurídicas, quando somente tributadas pelo regime de lucro real, dispõem de uma quantida-de maior de incentivos à doação.

FIGURA 4.1 – Fontes de financiamento. Fonte: adaptada de Estraviz, 2011.

Fonte 3 Fonte 1

Fonte 2

Empresas

Iniciativa privada

Indivíduos

associados

Governo

Organismos

internacionais

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28 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

DOAÇÕES AOS FUNDOS DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Para a utilização desse incentivo, as doações preci-sam ser destinadas a projetos propostos por Organi-zações Sociais registradas nesses Conselhos e por eles selecionadas.

As pessoas físicas que declaram o imposto de ren-da pelo modelo completo podem deduzir as doações aos Fundos desde que não ultrapassem o limite de 6% do valor do imposto devido.

Já para as pessoas jurídicas, tributadas pelo lucro real, o limite para a dedução da doação é de 1% do va-lor do imposto de renda devido, não sendo permitido o abatimento da doação como despesa operacional.

As contribuições devem ser feitas até o dia 31 de dezembro, por meio de depósito identificado, com o número do CPF ou do CNPJ do doador. Após o depó-sito, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) emite um comprovante de doação e envia à Receita Federal as informações sobre a doação.

INCENTIVOS FISCAIS PARA DOAÇÕES A PROJETOS CULTURAIS E ARTÍSTICOS

A Lei Rouanet (Lei n. 8.313/1991) é o principal me-canismo para o fomento das atividades culturais e ar-tísticas do país, possibilitando o financiamento gover-namental direto, bem como a utilização de incentivos fiscais por pessoas físicas e jurídicas. Trata-se de um incentivo à cultura, não restrito apenas às entidades do terceiro setor. Os projetos devem contribuir para propiciar meios que permitam à população o conhe-cimento dos bens e valores artísticos e culturais, obje-tivando desenvolver: • as formas de expressão; • os modos de criar e fazer; • os processos de preservação e proteção do patri-

mônio cultural brasileiro; • os estudos e métodos de interpretação da realida-

de cultural.

São segmentos que abrigam bens e valores artís-ticos e culturais: • teatro, dança, circo, ópera, mímica e congêneres; • produção cinematográfica, videográfica, fotográfi-

ca, discográfica e congêneres; • literatura, inclusive obras de referência;

A Lei n. 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA), em seu artigo 260, permite que contribuintes, pessoas físicas e jurídicas, deduzam do valor do imposto de renda devido doações feitas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente (nacional, estaduais ou municipais), controlados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente.

• música; • artes plásticas, artes gráficas, gravuras, cartazes, fi-

latelia e outras congêneres; • folclore e artesanato; • patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetô-

nico, arqueológico, bibliotecas, museus, arquivos e demais acervos;

• humanidades; • rádio e televisão, educativas e culturais, de caráter

não comercial.

Com a finalidade de captar e canalizar recursos para o setor cultural e artístico, a Lei Rouanet instituiu o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), composto por três mecanismos: 1. Fundo Nacional da Cultura (FNC).2. Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart).3. Incentivo a projetos culturais (Mecenato).

DOAÇÕES ÀS ENTIDADES CIVIS, SEM FINS LUCRATIVOS, QUALIFICADAS COMO ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP) OU DE UTILIDADE PÚBLICA FEDERAL

A Lei n. 9.790/1999 trata da qualificação de pessoas jurídicas de direito privado (associações ou fundações) sem fins lucrativos, como a Oscip. Entidades assim qualificadas passam a ter uma nova forma de relacio-namento com a Administração Pública (municipal, estadual e federal), via Termo de Parceria, instrumento que visa à formação de vínculo de cooperação entre as partes para o fomento e a execução das atividades de interesse público.

Os detentores da qualificação Oscip poderão ter as seguintes vantagens ou benefícios: • receber doações de empresas (que declaram seus

rendimentos com base no lucro real), dedutíveis até o limite de 2% do lucro operacional;

• receber bens móveis considerados irrecuperáveis; • remunerar os dirigentes; • firmar Termo de Parceria com o Poder Público; • receber bens apreendidos, abandonados ou dis-

poníveis, administrados pela Secretaria da Receita Federal;

• atuar no ramo do microcrédito, com taxas de juros de mercado, sem infringir a Lei da Usura (12% ao ano).

TÍTULO DE UTILIDADE PÚBLICAO Título de Utilidade Pública Federal é o mais anti-

go dentre os títulos concedidos às organizações sem fins lucrativos (Lei n. 91/1935), por ato formal de ór-gão competente da União (Ministério da Justiça), que comprovadamente atendam ao interesse público, promovendo a educação ou exercendo atividades de pesquisas científicas, de cultura, inclusive artísticas, ou filantrópicas, de caráter geral ou indiscriminado (De-creto n. 50.517/1961) (SÃO PAULO, 2016).

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Capítulo 4 29

ATIVIDADES DE GERAÇÃO DE RENDASFUNDAÇÕES E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

A cooperação internacional permite a criação de parcerias que visam ao apoio a projetos (via edital) e a linhas especiais e também a fim de fortalecer o desen-volvimento institucional.

Uma das formas de se estabelecer cooperação bila-teral entre organizações privadas, sem fins lucrativos, é celebrar alianças estratégicas com fundações inter-nacionais, por meio da disponibilização de recursos financeiros, técnicos ou materiais, seja por meio de doação pura e simples ou com encargos, bem como por meio de convênios. Existem fundações interna-cionais cuja missão é angariar recursos financeiros e materiais, respeitando critérios preestabelecidos, a fim de os distribuir às entidades sem fins lucrativos.

São requisitos essenciais para a mobilização de re-cursos internacionais: • regularidade jurídica da entidade que solicita os

recursos; • instrumentos jurídicos adequados para a celebra-

ção das alianças; • realização de pesquisas detalhadas por profissio-

nais capacitados na área de mobilização de recur-sos internacionais;

• elaboração de projetos com qualidade técnica; • credibilidade da entidade que realiza a solicitação; • boa administração dos recursos e prestação de contas.

GOVERNOO Poder Público, por meio de concessão de bene-

fícios e incentivos de ordem tributária (imunidades, isenções e incentivos fiscais), fomenta as atividades do terceiro setor. Trata-se de uma forma indireta de captação de recursos utilizada pelas organizações sem fins lucrativos, com maior ou menor intensidade.

Além disso, o Estado também é fonte direta de re-cursos para organizações de terceiro setor, o que se viabiliza por meio da celebração de contratos, termos de parceria, contratos de gestão, ou da concessão de auxílios, contribuições e subvenções para as organiza-ções sem fins lucrativos.

CAPTAÇÃO DE ASSOCIADOSHá alguns anos, as organizações sociais dependiam

quase exclusivamente de um grande doador (geral-mente, uma empresa), que, muitas vezes, sustentava todos os seus projetos sociais. Entretanto, nos últimos anos, esse tipo de mantenedor deixou de existir, e as ONGs passaram a focar na captação de recursos de pessoas físicas, no papel de associados.

As Organizações não devem mais esperar por doa-ções, mas, sim, ir atrás do doador para torná-lo um associado contribuinte. Esse formato de captação de

associados contribuintes surge como um meio de for-talecer as entradas de recursos financeiros por meio de doações mensais e, adicionalmente, detectar no-vos doadores que poderão se sensibilizar com a causa.

Para fidelizar associados contribuintes, recomen-da-se cultivar o relacionamento com os doadores, uma vez que isso contribui para a fidelização dessas pessoas na causa da organização.

Para desenvolver uma comunicação de relaciona-mento constante e sistemática, é importante:• convidar o doador para eventos, festas e comemo-

rações da organização, por exemplo;• encaminhar periodicamente um informativo com

as novidades institucionais;• publicar um balanço anual no site da organização e

enviar o link para o doador;• mandar mensagem de felicitações pelo aniversário

e também pelo aniversário de seu vínculo com a organização (FUNDAÇÃO TELEFÔNICA, 2015).

VENDA DE PRODUTOS E SERVIÇOS A venda de produtos e serviços é uma atividade

cada vez mais utilizada pelas organizações do terceiro setor como fonte de recursos, visto que a receita pode ser destinada livremente para a manutenção opera-cional das mesmas, não estando vinculada a progra-mas ou projetos específicos.

Há diversas maneiras de as organizações consegui-rem mobilizar recursos, como:• venda de produtos;• prestação de serviços;• parcerias com instituições;• rifas e sorteios;• eventos especiais;• mala direta/telemarketing;• e-mail marketing.

FINANCIAMENTO COLETIVO OU CROWDFUNDING

Essa forma de captação se tornou tendência para diversas instituições do Brasil e do mundo. A organi-zação cria uma campanha de captação em uma pla-taforma de crowdfunding e conta com a doação de centenas, ou até milhares, de doadores que se iden-tificam com a causa. O mais interessante é que essa ferramenta pode ser utilizada por ONGs com menos de dois anos de existência – tempo de maturação exi-gido pelo governo para solicitar recursos.

RECURSOS HUMANOS VOLUNTÁRIOSÉ indispensável que seja firmado o Termo de Ade-

são ao Serviço Voluntário e que inexistam elementos caracterizadores de vínculo empregatício (subordina-ção, habitualidade, onerosidade e pessoalidade), pre-vistos no art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para que se evitem ações trabalhistas.

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30 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

INCENTIVOS FISCAIS NA INTERNET• Campanha “Tributo Legal”, do Sindicato Nacional

dos Auditores Fiscais da Receita Federal, com infor-mações sobre uso de leis de incentivo: www.tribu-toacidadania.org.br.

• Captação de recursos por meio de incentivos fiscais federais – OAB –SP – Comissão de Direito do Ter-ceiro Setor: http://www.pucsp.br/neats/dowload/captacao_recusos.pdf.

• Cartilha sobre o Fundo Nacional do Idoso: www2.cfa.org.br/publicacoes/cartilha-do-idoso/cartilha_idoso_web.pdf.

• Estatuto do Idoso: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm.

• Fumcad: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/8069.htm.

• Fumcad de Sao Paulo (SP): http://fumcad.prefeitu-ra.sp.gov.br/forms/principal.aspx.

• Fundo Nacional do Idoso: www.planalto.gov.br/cci-vil_03/_Ato2007 2010/2010/Lei/L12213.htm.

• Guia Sesi de Incentivos Fiscais para a Ação Social e Cultural de Empresas: www.fiepb.com.br/public/arquivos/GuiasdeIncentivosFiscais.pdf.

• Lei Federal de Incentivo ao Esporte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11438.htm.

• Lei Mendonça: www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/se-cretarias/cultura/lei_de_incentivo/index.php?p=6.

• Lei Paulista de Incentivo ao Esporte: http://www.selj.sp.gov.br/lei_paulista.php.

• Lei Rouanet: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8313compilada.htm.

• Manual do Investidor do Pie/Programa do Incentivo ao esporte http://www.fazenda.sp.gov.br/download/pac/manual_pac_pie.pdf.

• Manual do Investidor do Proac: http://www.fazen-da.sp.gov.br/download/pac/manual_pac_pie.pdf.

• Ministério da Cultura: www.cultura.gov.br.• Ministério dos Esportes – Lei de Incentivo ao Esporte:

http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/secretaria-executiva/lei-de-incentivo-ao-esporte.

TABELA 4.1 – Principais leis brasileiras de incentivo

Legislação Competência TributoPúblico ou área de atuação

Limite de destinação de imposto para PJ

Dedução máxima

Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumcad)

Municipal (localidades com Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA)

Imposto de renda

Criança e adolescente,educação e saúde

1% 100%

Fundo Nacional do Idoso Federal Imposto de renda

Idosos; saúde

1% 100%

Lei do Audiovisual Federal Imposto de renda

Cultura 3% 100%

Lei Federal de Incentivo à Cultura ou Lei Rouanet

Federal Imposto de renda

Cultura 4% 100% pelo art. 18; ou 40% do valor da doação e 30% do valor em patrocínio pelo art. 26

Lei Federal de Incentivo ao Esporte

Federal Imposto de renda

Esporte 1% 100%

Lei Mendonça* Municipal (São Paulo)

ISS e IPTU Cultura 20% 70%

Lei Paulista de Incentivo ao Esporte (PIE)

Estadual (SP) ICMS Esporte 3% 100%

Programa de Ação Cultural (ProAc)

Estadual (SP) ICMS Cultura 3% 100%

Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD)

Federal Imposto de renda

Saúde 1% 100%

Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon)

Federal Imposto de renda

Saúde 1% 100%

*Projeto de Lei de 2013 pode alterar legislação.Fonte: ABRALE/INTERFARMA, 2014.

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5. Liderança nas Organizações

Alessandra Medeiros

CONCEITOS PRELIMINARES

Antes de tratar do tema liderança, alguns conceitos indicados na ementa proporcionarão compreender melhor os objetivos deste capítulo.

SUSTENTABILIDADEConforme o site www.significados.com,

Sustentabilidade é dar suporte a alguma condi-ção, a algo ou alguém em algum professo ou tarefa. Atualmente, o termo é bastante utilizado para desig-nar o bom uso dos recursos naturais da Terra, como a água, as florestas, etc. Etimologicamente, a palavra sustentável tem origem no latim “sustentare” , que significa sustentar, apoiar e conservar. O conceito de sustentabilidade está normalmente relacionado com uma mentalidade, atitude ou estratégia que é ecologicamente correta, e viável no âmbito econô-mico, socialmente justa e com uma diversificação cultural.

STAKEHOLDERDe acordo com o site ww.significados.com

Stakeholder significa público estratégico e descreve uma pessoa ou grupo que fez um investimento ou tem ações ou interesse em uma empresa, negócio ou indús-tria. Em inglês stake significa interesse, participação, risco. Holder significa aquele que possui.

Ao trabalhar com qualquer assunto relacionado ao planejamento e à gestão de projetos sociais ou mesmo organizações sociais, é preciso entender um conceito fundamental: a diversidade que é lidar com o ser humano.

VOCÊ SE CONSIDERA UMA PESSOA PROATIVA?

Proativo é um adjetivo da língua portuguesa que de-fine alguém que age antecipadamente, evitando ou resolvendo situações e problemas futuros. (www.sig-nificados.com)

Quantas vezes, no último ano, você usou as seguintes expressões:• Não posso fazer nada.• Eu sou assim.• Não me permitiram.• Tenho que fazer isto.• Não posso escolher.• Sou obrigado.• Sim... mas...• Algum dia, as coisas vão mudar.

Quantas vezes, no último ano, você usou as seguintes expressões:• Tenho quais alternativas?• Controlo meus sentimentos.• Posso optar por um enfoque diferente.• Escolho, prefiro, decido.• Escolherei uma resposta adequada.• Posso elaborar uma exposição efetiva.• A decisão é minha.• Buscarei uma solução.

A partir de suas respostas, reflita: • As emoções que tenho no trabalho determinam

meu desempenho, minhas relações interpessoais e minha motivação.

• A inteligência emocional é uma ferramenta indis-pensável para a liderança eficaz e para o trabalho em equipe.

• Se o trabalho gera emoções ruins ele é fonte de estresse.

• O feedback é um poderoso instrumento motivacional.• A crítica deve ser sempre construtiva, nunca um

ataque pessoal.• A crítica também deve ser específica, e feita pes-

soalmente.• É necessário que sejamos sensíveis ao outro (em-

patia) ao fazer a crítica, e que também ofereçamos alguma solução.

Você sabia que as frases acima são expressões reativas? Líderes podem usar expressões reativas?

As expressões acima são exemplos de expressões proativas.

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32 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

CONCEITOS SOBRE LIDERANÇATEORIAS

A visão burocrática do poder como forma de orga-nização relatada por Max Weber ganha contornos de relacionamento social na dinâmica dos grupos, foco da Escola de Relações Humanas.

TEORIA DA AUTORIDADE• Poder: é a probabilidade de o indivíduo executar

sua vontade apesar das resistências opostas.• Persuasão: é a faculdade de o indivíduo influenciar

a decisão ou ação de outro.• Autoridade:

– tradicional – resultante de uma ordem social sa-grada e eterna;

– carismática – resultante da rejeição à tradição e contra a ordem social vigente;

– racional – baseada em normas sociais com tra-ços técnicos e racionais.

ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS

Identificação da liderança informal:• informal – influentes por suas habilidades especiais;• formal – escolhidas para posições de autoridade.

CINCO PODERES DOS ADMINISTRADORES1. Poder de recompensa (hierárquico): oferecer um

valor.2. Poder coercitivo (hierárquico): punir ou reter

resultados.3. Poder de especialização (indivíduo): influenciar

pelo conhecimento técnico.4. Poder de referência (indivíduo): identificar-se com

alguém admirado.5. Poder legítimo (hierárquico): influenciar pelo cargo

ou função ocupada.

TEORIA X E Y DE MCGREGOR É uma teoria proposta por Douglas McGregor

(1906-1964), Detroit, EUA.

Teoria XOs indivíduos comuns:

• são preguiçosos;• não possuem responsabilidades;• têm pouca capacidade criativa;• possuem motivação apenas nos níveis fisiológicos

e de segurança;• precisam ser fortemente controlados e obrigados

a trabalhar.

Teoria YOs indivíduos comuns:

• gostam de trabalhar;• procuram responsabilidades;• têm capacidade criativa;• possuem motivação em níveis sociais, estima e

autorrealização;• podem se orientar sozinhos desde que motivados.

EMPATIA Outro conceito importante quando falamos em li-

derança é o conceito de empatia.

Significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar com-preender sentimentos e emoções, procurando experi-mentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. (www.significados.com)

DEFINIÇÃO DE LIDERANÇA

Finalmente, definiremos liderança.É o processo de dirigir e influenciar as atividades de

grupos, no sentido de alcançar os objetivos em uma dada situação.

Também são relevantes os conceitos de liderança elaborados por MACHADO (2015) e BENNIS et al. (2001):

Liderança é o processo de influenciar as atividades de um grupo organizado em direção à realização de um objetivo (Rauch e Behling, segundo Yukl, 1998, p. 2-3, apud MACHADO, 2015).

Liderança é o processo de dar propósito (direção significativa) ao esforço coletivo e provocar o desejo de despender este esforço para se atingir o objetivo (Jacobs e Jaques, segundo Yukl, 1998, p. 2-3, apud MACHADO, 2015).

Em grande parte das definições de liderança, é co-mum a presença de dois elementos-chave:1. Liderança como um aspecto de grupo em que os

traços de um determinado indivíduo acabam por colocá-lo em evidência.

2. Liderança como influência, baseado na capacidade de um indivíduo de obter seguidores para aquilo que ele almeja (Bergamini, 1994, apud MACHADO).

INDICAÇÕESMais do que dar receitas prontas, este espaço tem

como objetivo indicar caminhos pelos quais podemos aprofundar o assunto, e alguns filmes que abordam o tema liderança podem ajudar:• A liderança do ganso Gregório• A vida é curta• Delegação eficaz

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Capítulo 5 33

• Delegar para crescer• Disciplina positiva• Enfatizando o positivo• Eu gostaria que meu chefe...• Eu me inspiraria?• Eu me seguiria?• Jamie Oliver: lições de liderança• Leadershift de Joel Barker• Conquistando a confiança da equipe• Liderando mais com menos

Há também a indicação dos filmes:• O legado• Goal• Não é apenas importante• A natureza da liderança• Autoconhecimento

LIVRO “O MONGE E O EXECUTIVO”Caso você deseje um livro que fale sobre liderança,

rico em aspectos teóricos, mas com uma narrativa inte-ressante, vale a pena ler esse livro de James C. Hunter.

Ele faz a distinção entre poder e autoridade:

• Poder: [...] é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não fazer.

• Autoridade: [...] é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influ-ência pessoal” (HUNTER, 2009, p. 23)

[...] liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através de pessoas. Ao trabalhar com pessoas e conseguir que as coisas se façam através delas, sempre haverá duas dinâmicas em jogo – a tarefa e o relacionamento. É co-mum o líder perder o equilíbrio, concentrando-se em uma das dinâmicas em detrimento da outra (HUNTER, 2009, p. 30).

O líder deve identificar as necessidades das pes-soas com que ele trabalha, não suas vontades.

O livro também cita a Pirâmide de Maslow ou a hie-rarquia das necessidades humanas* (Figura 5.1).

* Abraham Maslow (1908 – 1970) foi um psicólogo americano, conhecido pela proposta da hierarquia das neces-sidades de Maslow, em que dizia que as necessidades humanas são dispostas em uma hierarquia, da mais ur-gente para a menos urgente, teoria também conhecida como a Pirâmide de Maslow, reproduzida na Figura 5.1. A partir dessas necessidades, Maslow procurou compreender e explicar as ações e o comportamento humano.

FIGURA 5.1 – Pirâmide das necessidades de Maslow. Fonte: adaptada de MASLOW, 1943 apud ANDREASI.

SATISFAÇÃO FORA DO TRABALHO

• Educação• Religião• Passatempos• Crescimento pessoal

• Aprovação da família• Aprovação dos amigos• Reconhecimento da

comunidade

• Família• Amigos• Grupos sociais• Comunidade

• Liberdade• Segurança da violência• Ausência de poluição• Ausência de guerras

• Comida• Água• Sexo• Sono e repouso

SATISFAÇÃO NO TRABALHO

• Trabalho desafiante• Diversidade e autonomia• Participação nas decisões• Crescimento pessoal

• Reconhecimento• Responsabilidade• Orgulho e reconhecimento• Promoções

• Amizade dos colegas• Interação com clientes• Chefe amigável

• Trabalho seguro• Remuneração e benefícios• Permanência no emprego

• Horário de trabalho• Intervalo de descanso• Conforto físico

AUTORREALIZAÇÃO

ESTIMA

SOCIAIS

SEGURANÇA

FISIOLÓGICAS

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6. Análise do impacto social

Marcelo Maurício de Morais

INTRODUÇÃOMuitos estudos tentam compreender a questão da

vulnerabilidade social por meio da avaliação e da aná-lise de impacto social. No entanto, esses estudos estão sempre voltados a explicações quantitativas, descon-siderando avaliações que levam em conta a qualidade de vida e considerando apenas uma perspectiva eco-nômica. Nesse sentido, a metodologia Social Return on Investment (SROI) complementa as técnicas existentes para medir tal impacto.

A análise de impacto tem como objetivo medir quais foram as transformações no bem-estar dos indiví-duos (DI) que foram atendidos pelos serviços, medindo, por exemplo, o grau de autonomia e o empoderamen-to que os indivíduos alcançaram depois da intervenção dessas organizações sociais em suas vidas.

A avaliação, a análise e o monitoramento do impac-to social visam estipular estratégias para a maximiza-ção do valor social que a organização gera e aumentar a sua transparência.

Existem algumas formas de averiguar o impacto que essas pessoas tiveram depois de frequentar os programas. Uma delas é a construção dos chama-dos grupos de controle.

Portanto, o curso de análise de impacto social aqui oferecido proporcionará um entendimento melhor dos gestores em relação às mudanças que ocorreram na vida das pessoas que participaram dos programas. Isso possibilitará levantar estratégias que possam auxiliar na mensuração desses impactos, bem como melhorar a metodologia dos programas em que esses indivíduos estão inseridos (projeto piloto).

CONCEITO DE IMPACTO SOCIALO QUE É O IMPACTO SOCIAL?

Impacto Social refere-se à mudança proporcionada por uma organização, programa ou iniciativa no bem--estar de indivíduos ou comunidades, podendo refle-tir-se em aspectos econômicos, sociais e ambientais.

POR QUE É IMPORTANTE MEDIR O IMPACTO SOCIAL?

A falta de fatores de decisão relevantes para a me-lhoria dos serviços sociais e a ausência de uma cultura

de rigor na gestão de atividades nesse âmbito cons-tituem problemas basilares da economia social. Por outro lado, existe uma proliferação de respostas a problemas sociais emergentes, contrabalanceada por uma diminuição na canalização de verbas para esses fins.

COMO SE MEDE O IMPACTO SOCIAL?Vários standards e frameworks têm sido desenvol-

vidos para medir o impacto social, sendo que a mais desenvolvida e utilizada é a metodologia SROI, que já tem forte presença no Reino Unido e é recomenda-da por entidades de referência mundiais.

AVALIAÇÃO E ANÁLISE DE IMPACTOAVALIAÇÃO DE IMPACTOO QUE É AVALIAR?

Avaliar é emitir uma razão, um juízo de valor sobre algo ou alguém.

Uma avaliação ou análise de impacto tem como premissa ponderar as relações causais entre as ações proposta pelo projeto e seus efeitos, isto é, vai medir tais relações causais entre as ações executadas pelo projeto e seus efeitos provocados na sociedade ou em um ambiente controlado, ou melhor, as mudanças provocadas nos indivíduos participantes de tais proje-tos no território onde foi executado.

Portanto, quando um projeto social provoca mu-danças nos indivíduos, pode-se afirmar que tal proje-to “teve impacto”.

Então, como se consegue mensurar as relações de causa e efeito de um projeto social? Pode-se afirmar que é possível medir, mensurar ou ainda quantificar as relações por meio da comparação de um projeto.

COMO QUANTIFICAR?A resposta para essa questão é dos beneficiários

do projeto com um grupo de controle (grupo que não recebeu o “tratamento”), grupo esse que deverá ser semelhante em relação aos indivíduos partici-pantes para evitar qualquer equívoco na análise de impacto.

Impacto é diferente de resultado.

Impacto Resultado≠

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Capítulo 6 35

• Impacto = efetividade/desdobramentos de um projeto: sempre ocorrerá depois da intervenção do projeto.

• Diagnóstico = realidade inicial/marco zero de um projeto, serve para fundamentar o planejamento: ocorre antes da intervenção do projeto.

Impacto Diagnóstico≠

O QUE SE PODE AVALIAR?Podem ser avaliados, seja qual for o tipo de interven-

ção, ações, projetos, oficinas, cursos e políticas públicas.Quanto mais complexa for a intervenção, maior

será a dificuldade de saber qual ação específica foi responsável pelo impacto.

QUANDO SE DEVE REALIZAR A AVALIAÇÃO?

A avaliação de impacto deve ocorrer sempre depois da intervenção do projeto, pois é nesse momento que se tem informações suficientes para coletar os dados e realizar a avaliação.

QUE RESPOSTA A AVALIAÇÃO FORNECE PARA O PROJETO?

Os indicadores são os elementos que dirão se o im-pacto foi positivo, negativo ou nulo, sendo nulo quan-do não houve impacto nos indivíduos participantes do projeto. Por outro lado, não são respostas espe-radas da avaliação: razões, motivos ou justificativas sobre o impacto; a avaliação não trará os mecanismos que geraram esse efeito estimado.

ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO

A seguir, são expostas algumas dicas de como criar um bom indicador de impacto:*

• deve ser fácil de entender e de comunicar ao gestor;

• deve ser de fácil construção e baixo custo;• deve transmitir confiabilidade: de fácil observação

e com poucos erros de medidas;• deve ter possibilidade de observação em qualquer

momento do tempo;• deve ter relação direta com as ações realizadas.

Os indicadores quantitativos são dados e informa-ções diretas e objetivas ao questionamento realizado e, por vezes, devem conter indicadores de impactos válidos e oficiais.

* Apostila Avaliação Econômica Itaú Social, p. 32-33.

Já os indicadores qualitativos são informações que trazem mais profundidade nas questões a serem res-pondidas no projeto, como grau de satisfação dos par-ticipantes, qualidade do serviço prestado, etc.

A combinação de indicadores qualitativos e quanti-tativos pode ajudar a enriquecer sua análise de impacto.

Os indicadores de impacto podem mensurar os efeitos desejados pelo projeto em curto, médio e longo prazos; assim, a escolha dos indicadores adequados de-vem estar de acordo com a proposta do projeto social.

SOCIAL RETURN ON INVESTMENT (SROI)**

A metodologia SROI procura entender, medir e reportar os impactos econômicos, sociais e/ou am-bientais de uma iniciativa/organização e compará-los com os recursos consumidos para tal. Assim, por meio de métodos de medição e valorização de mudanças, intangíveis a princípio (p. ex.: redução da solidão), e de recursos tipicamente não contabilizados (p. ex.: tempo de voluntariado), a metodologia obtém um rácio que compara o valor dos impactos e o valor do investimento realizado.

A unidade de medida utilizada para calcular o re-torno social do investimento é a moeda, por ser a me-dida em que grande parte dos componentes da aná-lise já se encontra valorizada (isto é, todos os dados contabilísticos que revelam os recursos consumidos), e por ser a forma mais fácil de traduzir a utilidade sub-jetiva de um benefício para um beneficiário.

RÁCIO SROIO rácio SROI é obtido por meio da divisão do valor

do impacto econômico e social, traduzido em termos monetários, e o valor presente líquido dos investimen-tos realizados. No relatório considerado aqui**, um rá-cio de 2:1 indica que, para cada 1€ investido em uma atividade, o retorno é de 2€ em valor social.

MAIS DO QUE UM RÁCIO, O SROI É UMA HISTÓRIA DE MUDANÇA

A leitura de uma análise SROI não deve focar exclu-sivamente no rácio obtido, pois, para compreendê-lo, é necessário perceber todo o processo e o contexto da criação de valor social e conhecer pressupostos que determinam o seu cálculo.

** Todo o conteúdo aqui disposto sobre a meto-dologia Social Return On Investement (SROI) foi retirado do Relatório de Avaliação de Impacto Social – Metodologia SROI Equipas de Rua Comu-nidade Vida e Paz (EVERIS, 2015).

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36 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

ETAPAS PARA A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA SROI

A análise SROI pode ser dividida em nove passos:1. O que a análise irá tratar?2. Quem vai ser envolvido e como?3. Que recursos são investidos? Quais são os resulta-

dos diretos da atividade?4. O que irá mudar? Como?5. Em que medida ocorrerão as mudanças?6. Qual o valor das mudanças?7. Qual o impacto da atividade?8. Qual é o retorno social da atividade?9. Que melhorias devem ser feitas?

Ver Figura 6.1.

Os sete princípios da SROI1. Envolver os stakeholders nos

processos de aferição e quantificação do valor social.

2. Compreender as mudanças geradas, reconhecendo tanto as transformações positivas e intencionais quanto os efeitos negativos e não intencionais da atividade.

3. Valorizar o que importa, utilizando proxies financeiras para monetizar o valor de benefícios/prejuízos não cotados no mercado.

4. Apenas incluir aquilo que é relevante, de forma que seja apresentada uma imagem verdadeira da atividade, a partir da qual os stakeholders podem retirar conclusões razoáveis sobre o seu impacto.

5. Apenas reivindicar o valor criado pela atividade, tendo em conta o impacto gerado por outros fatores externos.

6. Ser transparente, demonstrando provas da robustez e honestidade da análise.

7. Verificar os resultados por meio da certificação independente de uma terceira parte.

STAKEHOLDERSIDENTIFICAÇÃO DE STAKEHOLDERS

Os stakeholders são elementos-chave para a avalia-ção de impacto social. São pessoas e entidades que, de alguma forma, intervêm na atividade, podendo afetar e/ou ser afetadas por ela.

Como exemplo, citam-se os stakeholders das Equi-pas de Rua que atuaram na Comunidade Vida e Paz, objeto do relatório aqui considerado para descrição dos próximos itens.

INPUTS E OUTPUTSINPUTS

O investimento considerado na análise SROI da Co-munidade Vida e Paz referiu-se ao valor financeiro de todos os recursos utilizados no decurso de um ano de atividades das Equipas de Rua. Esse valor inclui não apenas dados contabilísticos, mas também inputs não constantes na contabilidade corrente da comuni-dade, como o tempo de voluntariado e as doações em espécie (bens e serviços).

OUTPUTSEsta seção identifica os resultados diretos e tangíveis

da atividade, ou seja, os seus outputs.No relatório considerado, o número de conversas e

contatos com pessoas sem abrigo resultou de dados recolhidos durante dois dos sete meses do período de análise (correspondentes, respectivamente, aos perío-dos de inverno e de verão). A informação foi disponi-bilizada pela Comunidade Vida e Paz com base nos registros da sua atividade no ano de 2013.

TEORIA DA MUDANÇAO QUE MUDA?

A ferramenta metodológica utilizada afere o im-pacto social de uma atividade com base nas mudan-ças geradas, as quais devem ser reportadas pelos seus stakeholders.

Assim, para efeitos da medição do impacto gerado, a análise deve tomar como ponto de partida:• os benefícios da atividade: mudanças positivas ge-

radas no bem-estar de indivíduos ou comunidades;• os prejuízos da atividade: mudanças negativas que

resultam de efeitos colaterais da mesma e que im-pactam negativamente os seus stakeholders e/ou a sociedade como um todo.

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Capítulo 6 37

1Âmbito

Identificar o objeto e os objetivos da análise e

determinar o período temporal considerado

2Stakeholders

Dividir por grupos as pessoas e as entidades que intervêm na atividade e determinar como serão envolvidos na análise

3Inputs e Outputs

Identificar e contabilizar todos os recursos consumidos e os

resultados diretos da atividade

4

Mapear as Mudanças

Criar a teoria da mudança por meio da identificação e da descrição das mudanças geradas no bem-estar dos

stakeholders

5Evidenciar as Mudanças

Confirmar as mudanças que de fato ocorrem e criar

indicadores para as medir

6Valorizar as Mudanças

Compreensão do valor subjetivo das mudanças para

os beneficiários e a conversão do mesmo para a

moeda

7Medir o Impacto

Calcular o valor do impacto social reportado pelos

stakeholders, levando em conta o papel de outros

fatores de contexto na sua criação

8SROI e Análise de

Sensibilidade

Calcular o rácio final e aferir a influência dos pressupostos adotados no valor do mesmo

9

Reportar, Usar e Interiorizar

Elaborar um relatório para comunicar os resultados da

análise, definir recomendações

e validar conclusões com os stakeholders

FIGURA 6.1 – Os nove passos da análise SROI.

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38

7. O papel da organização social nos dias atuais para inclusão de crianças e adolescentes com Deficiência Intelectual

Cristina Francisca do Espírito Santo Vital

INTRODUÇÃO A inclusão social de pessoas com deficiências tem

avançado nos últimos anos no Brasil; entretanto, sob alguns aspectos sociais, educacionais e de saúde, ain-da há a marginalização de considerável parcela desse segmento populacional.

A luta dos movimentos sociais e de grande parte da sociedade abriu oportunidades de vida e de digni-dade para pessoas com deficiência, por meio da efeti-vação da vasta legislação hoje existente que garante direitos à igualdade social.

Nesse sentido, as Organizações Sociais que atuam com a Deficiência Intelectual possuem papel central na eliminação do preconceito e no funcionamento sa-tisfatório e peculiar das capacidades e habilidades de cada criança e adolescente que atendem no seu coti-diano. Devem proporcionar a aprendizagem contínua a estas crianças e adolescentes, fortalecer a autoesti-ma de cada uma delas e a motivação dos familiares e, principalmente, ampliar o debate sobre esse tema que, embora tenha alcançado progressiva importância na sociedade, ainda é tabu para os que não possuem co-nhecimento ou possuem pouco esclarecimento sobre o tema ou não vivenciam a Deficiência em seu dia a dia.

A Deficiência é uma questão urgente. A inclusão es-colar, o atendimento de saúde especializado, as opor-tunidades no mercado de trabalho e o interesse da comunidade acadêmica para a pesquisa sobre o tema são salutares e devem ser cuidados de forma imediata.

O presente conteúdo tem por objetivo suscitar a reflexão do tema a partir de quatro eixos: o Terceiro Setor, o Empreendedorismo Social, a Deficiência e a Família na Contemporaneidade.

Acrescer a temática sobre famílias à reflexão sobre o trabalho social com foco nas crianças e adolescentes com Deficiência Intelectual é imprescindível para qua-lificar as ações com nosso público-alvo.

TERCEIRO SETOR • Em 1543, foi criada a Fundação da Santa Casa de

Misericórdia.• A Cruz Vermelha chega ao Brasil em 1908.• Em 1910, os escoteiros começam a atuar no Brasil.• Em 1935, é publicada a Lei da Utilidade Pública.• Em 1942, é criada a LBA (Legião Brasileira de

Assistência).

• Em 1961, é criada a APAE DE SÃO PAULO.• Em 1963, surge a Pastoral da Criança.• A Constituição de 1988 é um marco histórico para

as Políticas Sociais, pois introduz a concepção da Seguridade Social .

As políticas sociais passam a fazer parte de um con-junto de ações que asseguram o acesso a bens, servi-ços e renda, objetivando:• a igualdade de oportunidades;• o enfrentamento da situação de pobreza;• o combate às desigualdades sociais;• a melhoria das condições sociais da população.

Voltando ao histórico do terceiro setor:• Em 1992, realiza-se a ECO-92 no Rio de Janeiro.• Em 1993, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho,

cria a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.

• Em 1995, foi criada a Comunidade Solidária pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

• Em 1998, é promulgada a Lei n. 9.608, que regula-menta o trabalho voluntário.

• Em 1998, é criada a Lei n. 9.637, que dispõe sobre as organizações sociais.

• Em 1999, é criada a Lei da Organização da Socieda-de Civil de Interesse Público (Oscip).

• Em 2007, discute-se a criação de uma CPI sobre as ONGs que atuam no Brasil.

O terceiro setor é o espaço ocupado especialmente pelo conjunto de entidades privadas sem fins lucrati-vos que realizam atividades complementares às públi-cas, visando contribuir com a sociedade na solução de problemas sociais e em prol do bem comum.

De acordo com a Associação Brasileira de Orga-nizações Não Governamentais (Abong), a expressão surgiu após a Segunda Guerra Mundial, para designar organizações supranacionais e internacionais que não foram estabelecidas por acordos governamentais.

No Brasil, a expressão era habitualmente relacio-nada a um universo de organizações que surgiu, em grande parte, nas décadas de 1970 e 1980, apoiando organizações populares com o objetivo de promoção da cidadania, da defesa de direitos e da luta pela de-mocracia política e social. As primeiras ONGs nasce-ram em sintonia com as demandas e dinâmicas dos movimentos sociais, com ênfase nos trabalhos de educação popular e de atuação na elaboração e con-trole social das políticas públicas.

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Capítulo 7 39

EMPREENDEDORISMO SOCIAL Um empresário é um empreendedor, mas um em-preendedor não é necessariamente um empresário. (MANUAL, 2012)

O empreendedorismo social possui duas facetas: técnica e pessoal.

No Empreendedorismo Social, a responsabilidade social está na cerne do negócio.• alternativa de combate à pobreza e à exclusão

social;• equilíbrio social e econômico;• relevância social;• grandes negócios;• ótimas ideias; • vidas transformadas; • empregos gerados;• desafios superados.

Segundo MARTINS (2011), o empreendedor social pode gerar lucro e tem capacidade para dar resposta a um problema social. O fato de poder gerar lucro le-gitima a sustentabilidade no negócio; contudo, não é esse o seu principal objetivo.

E quais são esses objetivos?• Ter um projeto claro e definido.• Ter conhecimento a respeito da causa.• Projeto deve atender a necessidade – a demanda

do público-alvo.• Pessoas devem ser cocriadoras do projeto, em ra-

zão da complexidade dos problemas sociais.• Captação de recursos.• Ter sempre como público-alvo pessoas de baixa renda.• Causar impacto social e ganhar dinheiro.

O Instituto ASHOKA (EUA) (apud ALVES, 2010) diz que: Os empreendedores sociais são pessoas visionárias, criativas, pragmáticos e com capacidade para promover mudanças sociais significativas e sistêmicas. São indiví-duos que apontam tendências e apresentam soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais.

A DEFICIÊNCIACONCEITOS PRÉ-INCLUSIVISTASMODELO CARITATIVO

Neste modelo, a pessoa com deficiência é vista como vítima de sua incapacidade, fadada ao sofrimen-to e a viver sob os cuidados e a caridade de outrem.

MODELO MÉDICONeste modelo, o enfoque é nas anormalidades que

o corpo apresenta, as quais devem ser combatidas. Os deficientes são tidos como doentes e, portanto, de-vem ser curados.

MODELO SOCIAL DA DEFICIÊNCIA Este modelo surgiu como alternativa ao modelo Mé-

dico da Deficiência. No Modelo Social, a Deficiência é

vista como resultado do modo como a sociedade está organizada, ou seja, o meio social contribui ou não para agravar o desempenho dos papéis sociais da pessoa com deficiência.

PRINCIPAIS AVANÇOS Educação• Proibição das escolas privadas de cobrarem valores

maiores de alunos com deficiência.• Reserva de 10% de vagas às pessoas com deficiên-

cia nos processos seletivos de cursos de ensino superior (graduação e pós-graduação), educação profissional tecnológica e educação profissional técnica de nível médio, em instituições públicas fe-derais e privadas. As vagas remanescentes devem ser disponibilizadas para os demais candidatos.

• Obrigação de conteúdos sobre práticas de edu-cação inclusiva e deficiência nos cursos de ensino superior.

Saúde• Possibilidade de utilização do FGTS para a compra

de órteses e próteses.• Proibição aos planos de saúde discriminarem a

pessoa em razão de sua deficiência.• Mudança na avaliação de pessoas com deficiência

que reivindicam benefícios e direitos sociais: até o ano de 2015, essa avaliação era feita exclusivamen-te por um profissional médico. Agora, com a lei, é necessário que esse trabalho seja executado por uma equipe multidisciplinar, composta por dife-rentes profissionais que levem em conta, além da deficiência, aspectos como a realidade social, as barreiras enfrentadas pela pessoa que reivindica o benefício e os fatores psicológicos.

Habilitação e reabilitação, assistência social e saúde• Reconhecimento da habilitação e reabilitação

como um direito da pessoa com deficiência, com vistas a sua autonomia e à participação social em igualdade de condições com as demais pessoas.

• Desenvolvimento de ações articuladas pelo Siste-ma Único de Saúde (SUS) e pelo Sistema Único da Assistência Social (Suas) que garantam à pessoa com deficiência e sua família a aquisição de infor-mações, orientações e formas de acesso às diversas políticas públicas existentes, com a finalidade de propiciar sua plena participação social.

Trabalho e previdência social• Reconhecimento do direito ao Auxílio-Inclusão,

uma renda suplementar a ser paga à pessoa com deficiência incluída no mercado de trabalho.

• Estímulo à capacitação simultânea à inclusão no trabalho.

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40 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

• Revisão da Lei de Cotas, obrigando empresas de 50 a 99 funcionários a contratar ao menos 1 pessoa com deficiência.

Moradia e habitação• Reconhecimento das moradias para a vida inde-

pendente como uma opção de residência da pes-soa com deficiência. Nesse caso, o poder público adotará programas e ações estratégicos para apoiar a criação e a manutenção de moradias para a vida independente da pessoa.

Comunicação, cultura e lazer• Garantia de acessibilidade nos serviços de telefonia.• Teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de es-

porte e locais de espetáculo devem reservar espaços/ assentos para pessoas com deficiência em todos os setores, resguardado o direito de elas se acomoda-rem próximas a seu grupo familiar e comunitário.

• Salas de cinema deverão garantir à pessoa com defi-ciência recursos de acessibilidade em todas as sessões.

• Hotéis deverão oferecer dormitórios acessíveis.

Diretos civis e ações de combate ao preconceito• Pessoas com Deficiência Intelectual terão direito

ao voto e a ser votado, ao casamento e a ter filhos, tendo em vista que o processo de curatela somen-te poderá recair sobre direitos de natureza patri-monial e negocial.

• Harmonização com o sistema penal de penas re-lacionadas ao preconceito, discriminação e abuso contra a pessoa com deficiência.

• Garantia de acessibilidade no acesso à Justiça para todos os envolvidos em processos judiciais, sejam eles advogados, juízes, defensores, promotores, dentre outros.

Políticas públicas • Criação do Cadastro-Inclusão: deve funcionar nos

moldes do Cadastro do SUS. Coordenado pela Se-cretaria de Direitos Humanos, reúne informações das pessoas com deficiência para que o governo federal tenha um banco de dados completo sobre esse público e possa elaborar políticas públicas com mais efetividade.

A FAMÍLIA NA CONTEMPORANEIDADE

Família – existe algo mais familiar? [...] Precisamos nos afastar tanto do olhar do estrangei-ro – para quem tudo é exótico – quanto do olhar do nativo – para quem tudo é natural. (BOURDIEU, 1998, apud FREITAS et al., 2010)

A FAMÍLIA, BASE DA SOCIEDADE, TEM ESPECIAL PROTEÇÃO DO ESTADO (CAPÍTULO VII, ART. 226, DA CF/1988)ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – LEI N. 8.069/1990

Art. 4º – É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

ESTATUTO DA FAMÍLIAPL N. 6.593/2013

Projeto propõe regras jurídicas para definir quais gru-pos podem ser considerados uma família perante a leiArt. 1º – Esta Lei institui o Estatuto da Família e dispõe sobre os direitos de família, e as diretrizes das políticas públicas voltadas para valorização e apoiamento à en-tidade familiar.

POR QUE UM TEXTO DESSES É NECESSÁRIO?Matricialidade sociofamiliar

A matricialidade sociofamiliar refere-se à centrali-dade da família como núcleo social fundamental para a efetividade de todas as ações e serviços da política de assistência social. A família, segundo a Política Na-cional de Assistência Social (PNAS), é o conjunto de pessoas unidas por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade, cuja sobrevivência e reprodução social pressupõem obrigações recíprocas e o compar-tilhamento de renda e/ou dependência econômica (BRASIL, MDS, 2009, p. 12).

Por detrás da criança excluída da escola, nas comu-nidades, no trabalho precoce urbano e rural e em situa-ção de risco, está a família desassistida ou inatingida pela política oficial.

Deficiência na família • A chegada de uma criança com deficiência na famí-

lia torna-se um momento de mudanças, medos e muitas incertezas.

• O impacto que uma criança com deficiência causa na família exige que grupo familiar desconstrua seus modelos de pensamento e recrie uma nova gama de conceitos que absorva essa realidade.

• A superação do conceito de doença e da visão patológica é um dos primeiros desafios a serem ultrapassados.

• Fases vivenciadas: negação, adaptação e aceitação.

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8. Pessoas com deficiência – sujeitos de direitos

Edison Robson Fernandes

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – SUJEITOS DE DIREITOS – PARTE 1 O QUE IDENTIFICA VOCÊ COMO SENDO UMA PESSOA?

Conceito de pessoa: ser humano que nasce com vida e que, a partir de então, adquire sua personali-dade, que o acompanha até sua morte, quando esta se extingue.

E O QUE É PERSONALIDADE?Conceito de personalidade: é o conjunto das ca-

racterísticas marcantes de uma pessoa; é a força ativa que ajuda a determinar o relacionamento das pessoas baseado em seu padrão de individualidade pessoal e social, referente ao pensar, sentir e agir.

CÓDIGO CIVILArt. 2º – A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. A personalidade é um atributo jurídico. Todo homem, atualmente, tem aptidão para desempenhar na socie-dade um papel jurídico, como sujeito de direito e obri-gações (GOMES, 2010, p. 78).

Personalidade tem relação com a efetivação e ple-nificação dos direitos humanos, que pregam a valori-zação do ser humano, do respeito, da solidariedade e da aceitação dos diferentes em decorrência da igualdade dos direitos.

A expressão direitos humanos decorre diretamente da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, emanada no curso da Revolução Francesa, e também pode ser encontrada na Declaração Univer-sal dos Direitos Humanos de 1948, produzida com o término da Segunda Guerra Mundial, bem como em tratados e convenções internacionais e outros docu-mentos políticos.

DIREITO: NATURAL, IMUTÁVEL E UNIVERSALO que garante para o homem a efetivação desses

direitos humanos em sua vida são os direitos funda-

mentais, que, por sua vez, são os direitos humanos “re-conhecidos e positivados na esfera do Direito Constitu-cional de determinado Estado” (ANDRADE, 1998, p. 11).

Os Direitos Fundamentais são as manifestações po-sitivas do direito, por meio das leis, que são indispen-sáveis à pessoa humana e necessárias para assegurar a todos uma existência digna, livre e igual.

CF/1988DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis-trito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III – a dignidade da pessoa humana

Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da Repú-blica Federativa do Brasil:I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

TÍTULO IIDOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

E O QUE SE ENTENDE POR SUJEITO DE DIREITO?

Concebido o sujeito de direito como o “portador de di-reitos ou deveres na relação jurídica”, “um centro de de-cisão e de ação”; tem-se, necessariamente, um conceito vazio, um invólucro sem conteúdo, que pode ser pre-enchido por qualquer ente que, a convite do legislador, venha a ocupar a posição de destinatário das normas jurídicas (EBERLE, 2006, p. 28).

O sujeito de direito é apenas o ente ao qual o legis-lador outorga direito, independentemente de ser este ente pessoa física ou jurídica.

O trabalho realizado em sua ONG deve estar pauta-do na perspectiva dos Direitos Humanos, para ser uma

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relevante mola propulsora de transformação de vidas e pessoas e, porque não dizer, de mudança de toda uma sociedade, na qual incluir os diferentes seja parte de sua essência.

Essa educação em Direitos Humanos parte de três pontos essenciais: 1. é uma educação de natureza permanente, conti-

nuada e global; 2. é uma educação necessariamente voltada para a

mudança; 3. é uma inculcação de valores, para atingir corações

e mentes, e não apenas instrução, meramente transmissora de conhecimentos.

A Educação em Direitos Humanos é essencialmen-te a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana, por meio da promoção e da vivência dos va-lores da liberdade, da justiça, da igualdade, da solida-riedade, da cooperação, da tolerância e da paz.

O artigo 1º da Declaração Internacional de Direitos Humanos de 1948 afirma que:

Portanto, o ser humano tem a sua dignidade ex-plicitada por meio de características que são únicas e exclusivas da pessoa humana; além da liberdade como fonte da vida ética, só o ser humano é dotado de vontade, de preferências valorativas, de autono-mia, de autoconsciência como o oposto da alienação.

Assim, de modo prático, o que desejamos quando educamos as pessoas com princípios e na perspectiva dos direitos humanos?

Quais efeitos queremos causar nas pessoas e na sociedade com esse processo educativo?

Podem-se apontar os quatro principais:1. Criar uma sociedade que conviva com o valor da

igualdade em dignidade e direitos para todas as pes-soas, a fim de propiciar o desenvolvimento de sen-timentos e atitudes de cooperação e solidariedade.

CF/1988Art. 3º – Constituem OBJETIVOS FUNDAMENTAIS da República Federativa do Brasil:I – construir uma sociedade LIVRE, JUSTA e SOLIDÁRIA;IV – promover o bem de todos, SEM PRECONCEITOS de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”.

Ou seja, gerar aquela nova cultura.

2. Ao mesmo tempo, criar uma educação para a to-lerância, um valor ativo vinculado à solidariedade, mas não apenas como tolerância passiva da mera aceitação do outro, com o qual se pode não estar comprometido.

3. Esse aprendizado deve resultar no desenvolvi-mento da capacidade de se perceber as conse-quências pessoais e sociais de cada escolha. Ou seja, deve gerar senso de responsabilidade. Esse processo educativo deve, ainda, visar à formação do cidadão participante, crítico, responsável e comprometido com a mudança daquelas práticas e condições da sociedade que violam ou negam os direitos humanos.

4. Por fim, deve visar à formação de personalidades autônomas, intelectual e afetivamente. Os sujeitos de direitos e de deveres, capazes de julgar, esco-lher, tomar decisões e serem responsáveis devem estar prontos para exigir que os seus direitos e também os direitos dos outros sejam respeitados e cumpridos. Devem-se criar pessoas solidárias e comprometidas com o outro.

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – SUJEITOS DE DIREITOS – PARTE 2 DECRETO N. 6.949/2009

Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.

PROPÓSITO O propósito da Convenção Internacional sobre

os Direitos das Pessoas com Deficiência é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência, assim como pro-mover o respeito pela sua dignidade inerente.

Não é a deficiência que define a pessoa, por isso, olhe e enxergue a pessoa, e, então, a respeite e a valorize.

ART. 12 – RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI 

1. Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com de-ficiência têm o direito de ser reconhecidas em qualquer lugar como pessoas perante a lei.2. Os Estados Partes reconhecerão que as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida.

“Precisamos enxergar o outro para respeitar o outro”.

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Capítulo 8 43

2. Ao mesmo tempo, criar uma educação para a to-lerância, um valor ativo vinculado à solidariedade, mas não apenas como tolerância passiva da mera aceitação do outro, com o qual se pode não estar comprometido.

3. Esse aprendizado deve resultar no desenvolvi-mento da capacidade de se perceber as conse-quências pessoais e sociais de cada escolha. Ou seja, deve gerar senso de responsabilidade. Esse processo educativo deve, ainda, visar à formação do cidadão participante, crítico, responsável e comprometido com a mudança daquelas práticas e condições da sociedade que violam ou negam os direitos humanos.

4. Por fim, deve visar à formação de personalidades autônomas, intelectual e afetivamente. Os sujeitos de direitos e de deveres, capazes de julgar, esco-lher, tomar decisões e serem responsáveis devem estar prontos para exigir que os seus direitos e também os direitos dos outros sejam respeitados e cumpridos. Devem-se criar pessoas solidárias e comprometidas com o outro.

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – SUJEITOS DE DIREITOS – PARTE 2 DECRETO N. 6.949/2009

Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.

PROPÓSITO O propósito da Convenção Internacional sobre

os Direitos das Pessoas com Deficiência é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência, assim como pro-mover o respeito pela sua dignidade inerente.

Não é a deficiência que define a pessoa, por isso, olhe e enxergue a pessoa, e, então, a respeite e a valorize.

ART. 12 – RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI 

1. Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com de-ficiência têm o direito de ser reconhecidas em qualquer lugar como pessoas perante a lei.2. Os Estados Partes reconhecerão que as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida.

“Precisamos enxergar o outro para respeitar o outro”.

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL TAMBÉM SÃO SUJEITOS DE DIREITOS – PARTE 3

A Deficiência Intelectual, segundo a Associação Americana de Deficiência Intelectual e do Desenvolvi-mento (AADID), caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comu-nidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorre antes dos 18 anos de idade.

Contudo, tal limitação não significa que a pessoa com Deficiência Intelectual não possa aprender ou melhorar suas habilidades e alcançar certa indepen-dência e autonomia.

Dentre os inúmeros fatores que podem causar a Deficiência Intelectual, destacam-se alterações cro-mossômicas e gênicas, desordens do desenvolvimen-to embrionário ou outros distúrbios estruturais e fun-cionais, além de problemas no parto ou na vida após o nascimento que reduzem a capacidade do cérebro.

PRINCIPAIS TIPOS DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL SÍNDROME DE DOWN

Alteração genética que ocorre na formação do bebê, no início da gravidez. O grau de Deficiência Intelectual provocado pela síndrome é variável, e o coeficiente de inteligência (QI) pode chegar a valores inferiores a 40. A linguagem fica mais comprometida, mas a visão é relativamente preservada. As intera-ções sociais podem se desenvolver bem, no entanto, podem aparecer distúrbios como hiperatividade, de-pressão, entre outros.

SÍNDROME DO X-FRÁGIL Alteração genética que provoca atraso mental. A

criança apresenta face alongada, orelhas grandes ou salientes, além de comprometimento ocular e com-portamento social atípico, principalmente timidez.

SÍNDROME DE PRADER-WILLI O quadro clínico varia de paciente para paciente,

conforme a idade. No período neonatal, a criança apresenta grave hipotonia muscular, baixo peso e pe-quena estatura. Em geral, a pessoa apresenta proble-mas de aprendizagem e dificuldade para pensamen-tos e conceitos abstratos.

SÍNDROME DE ANGELMAN Distúrbio neurológico que causa Deficiência Inte-

lectual, comprometimento ou ausência de fala, epi-lepsia, atraso psicomotor, andar desequilibrado, com

as pernas afastadas e esticadas, sono entrecortado e difícil, alterações no comportamento, entre outros.

SÍNDROME DE WILLIAMS Alteração genética que causa Deficiência Intelectual

de leve a moderada. A pessoa apresenta comprometi-mento maior da capacidade visual e espacial em con-traste com um bom desenvolvimento da linguagem oral e na música.

ERROS INATOS DE METABOLISMO (FENILCETONÚRIA, HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO, ETC.)

Alterações metabólicas, em geral enzimáticas, que normalmente não apresentam sinais nem sintomas sugestivos de doenças são detectados pelo Teste do Pezinho, e, quando tratadas adequadamente, podem prevenir o aparecimento de Deficiência Intelectual.

DA PLENA CAPACIDADE Antes da Lei n. 13.146/2015 – LBI, em função do tipo

de sua deficiência, a legislação classificava a pessoa com Deficiência Intelectual como sendo um incapaz:• incapaz para exercer e praticar os atos da vida civil;• incapaz para poder fazer uma escolha ou emitir sua

opinião;• incapaz de gerir sua vida, escolher ter uma família

e ser pai;• incapaz de exercer sua cidadania, votando e ser

votado.

Mas tudo mudou com novíssima Lei n. 13.146/2015 – a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) –, com vigência desde 03/01/2016, que ratificou e ampliou a compreensão inicialmente, apresentada pelo Decreto n. 6.949/2009, de que todas as pessoas com deficiência (mesmo que intelectual) gozam de plena capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.

Com a LBI em vigor, foi preciso alterar (atualizar) o Código Civil, que passou a dizer que não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa absolutamente incapaz que seja maior de idade.

Como consequência, não há que se falar mais em ação de interdição absoluta no nosso sistema civil, pois os menores não são interditados (tutelados).

Foi, portanto, retirado do deficiente intelectual o estigma de incapaz, de pessoa que seria sempre co-mandada, guiada, e que nunca poderia fazer as suas próprias escolhas ou vontades de forma independen-te, mas, tão somente a que lhe era imposta pelos seus “responsáveis” (curadores).

Assim, todas as pessoas com deficiência, das quais tratava o texto anterior do Código Civil, que foi re-vogado pela LBI, passam a ser, em regra, pessoas, plenamente capazes para o Direito Civil, visando o novo texto à plena inclusão social das pessoas com deficiência, em prol de sua dignidade e igualdade de direitos.

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44 Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

CÓDIGO CIVILArt. 1º – Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Vamos olhar como era o texto antigo do art. 4º, do Código Civil:

São incapazes, relativamente a certos atos, ou à manei-ra de os exercer:I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento redu-zido (síndrome de Down);III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;IV – os pródigos.Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será re-gulada por legislação especial.

Agora, o novo texto do art. 4º, do Código Civil:São incapazes, relativamente a certos atos ou à manei-ra de os exercer: I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;III – aqueles que, por causa transitória ou permanen-te, não puderem exprimir sua vontade (relativamente incapaz); IV – os pródigos.Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

Com total perspectiva em direitos humanos, a nova Lei mudou tal cenário, segregador e não inclu-sivo, e passou a valorizar o potencial e a capacidade (legal) de cada pessoa com Deficiência Intelectual, abrindo o caminho para que todos tenham o pleno acesso ao exercício e ao gozo de seus direitos e suas garantias fundamentais em igualdade de condições.

No mesmo sentido, o art. 6º da LBI afirma que a de-ficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa.

DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO LEI N. 13.146/2015 – LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO (LBI)

DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO Art. 4o – Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.

Hoje, as pessoas com Deficiência Intelectual po-dem fazer valer seus direitos e, também, exercer de forma plena e efetiva a sua capacidade legal, sem as restrições e as barreira do passado, que eram exigidas pela lei anteriormente.

Essas pessoas podem, por exemplo, se casar, tendo pleno direito de escolher um companheiro ou com-panheira para a sua vida; e tendo idade núbil, poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade direta-mente ou por meio de seu responsável ou curador (§ 2º, IV do art. 1.550, CC).

Reconhece-se, atualmente, que a Deficiência Inte-lectual e não afeta mais a capacidade civil da pessoa: para casar ou constituir união estável, exercer direi-tos sobre seu corpo, vida sexual e reprodutiva, bem como conservar a sua fertilidade, sendo proibida a esterilização compulsória.

A pessoa com Deficiência Intelectual, por ser um sujeito de direitos, pode exercer seu direito de ter uma família e uma convivência familiar, assim como o direito de guarda, tutela, curatela e adoção, como adotante ou adotado (art. 6º, VI, da Lei n. 13.146/ 2015 – LBI).

DO DIREITO À SAÚDEArt. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pes-soa com deficiência em todos os níveis de complexida-de, por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário. Nota: é dever de o Estado prestar a saúde para todos, art. 196 da CF.

Constituição Federal:Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

DO DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, inte-resses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comu-nidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. Art. 28. Garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem; implementar projeto pedagógico que institucionalize o atendimento edu-cacional especializado, garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade; permitir a parti-cipação dos estudantes com deficiência e de suas famí-lias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; implementar programas de formação inicial e continuada de professores; assegurar o acesso à edu-cação superior e à educação profissional e tecnológica

SIGNIFICADOS IMPORTANTESHABILITAÇÃO – dar conhecimento, tornar apto fisicamente, cognitivamente, capacitar profissionalmente e artisticamente de modo a contribuir para a conquista da autonomia e participação em igualdade de condições e oportunidades.REABILITAÇÃO – recuperar alguma habilidade perdida.

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Capítulo 8 45

Reconhece-se, atualmente, que a Deficiência Inte-lectual e não afeta mais a capacidade civil da pessoa: para casar ou constituir união estável, exercer direi-tos sobre seu corpo, vida sexual e reprodutiva, bem como conservar a sua fertilidade, sendo proibida a esterilização compulsória.

A pessoa com Deficiência Intelectual, por ser um sujeito de direitos, pode exercer seu direito de ter uma família e uma convivência familiar, assim como o direito de guarda, tutela, curatela e adoção, como adotante ou adotado (art. 6º, VI, da Lei n. 13.146/ 2015 – LBI).

DO DIREITO À SAÚDEArt. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pes-soa com deficiência em todos os níveis de complexida-de, por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário. Nota: é dever de o Estado prestar a saúde para todos, art. 196 da CF.

Constituição Federal:Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

DO DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, inte-resses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comu-nidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. Art. 28. Garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem; implementar projeto pedagógico que institucionalize o atendimento edu-cacional especializado, garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade; permitir a parti-cipação dos estudantes com deficiência e de suas famí-lias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; implementar programas de formação inicial e continuada de professores; assegurar o acesso à edu-cação superior e à educação profissional e tecnológica

SIGNIFICADOS IMPORTANTESHABILITAÇÃO – dar conhecimento, tornar apto fisicamente, cognitivamente, capacitar profissionalmente e artisticamente de modo a contribuir para a conquista da autonomia e participação em igualdade de condições e oportunidades.REABILITAÇÃO – recuperar alguma habilidade perdida.

em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas, oferecer profissionais de apoio esco-lar, entre outros.

DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E PO-LÍTICAArt. 76. O poder público deve garantir à pessoa com deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em igualdade de condições com as de-mais pessoas. § 1o À pessoa com deficiência será assegurado o direito de votar e de ser votada, inclusive por meio das seguin-tes ações: I – garantia de que os procedimentos, as instalações, os materiais e os equipamentos para votação sejam apro-priados, acessíveis a todas as pessoas e de fácil com-preensão e uso, sendo vedada a instalação de seções eleitorais exclusivas para a pessoa com deficiência.

Art. 76. II – incentivo à pessoa com deficiência a candidatar- -se e a desempenhar quaisquer funções públicas em to-dos os níveis de governo, inclusive por meio do uso de novas tecnologias assistivas, quando apropriado; III – garantia de que os pronunciamentos oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória e os debates transmi-tidos pelas emissoras de televisão possuam, pelo me-nos, os recursos elencados no art. 67 desta Lei; IV – garantia do livre exercício do direito ao voto e, para tanto, sempre que necessário e a seu pedido, permis-são para que a pessoa com deficiência seja auxiliada na votação por pessoa de sua escolha. § 2o O poder público promoverá a participação da pessoa com deficiência, inclusive quando instituciona-lizada, na condução das questões públicas, sem discri-minação e em igualdade de oportunidades, observado o seguinte: I – participação em organizações não governamentais relacionadas à vida pública e à política do País e em ati-vidades e administração de partidos políticos; II – formação de organizações para representar a pes-soa com deficiência em todos os níveis; III – participação da pessoa com deficiência em organi-zações que a representem.

DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEIArt. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igual-dade de condições com as demais pessoas.

§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. § 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. § 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e dura-rá o menor tempo possível. § 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano. Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacio-nados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. § 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privaci-dade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. § 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua defini-ção, preservados os interesses do curatelado. § 3o No caso de pessoa em situação de institucionali-zação, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado. Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situação de curatela da pessoa com deficiên-cia. Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com deficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Minis-tério Público, de ofício ou a requerimento do interes-sado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às disposições do Código de Processo Civil.

DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA Art. 1783-A. A tomada de decisão apoiada é o pro-cesso pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade.

Igualdade no tratamento e oportunidades: são estes os desejos das pessoas com deficiência.

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Para melhorar atitudes, conhe-cimentos e habilidades de pres-tadores de serviços da saúde, a educação para profissionais precisa conter informações rele-vantes na área da deficiência, especialmente no recorte para crianças e adolescentes, cuja inclusão deve ocorrer no primei-ro ciclo de vida, visando à pro-moção do desenvolvimento de suas potencialidades. Este é o principal objetivo deste belo projeto de partilha de saberes construídos nos ambientes da APAE DE SÃO PAULO, em sua prática diária.

Realizar um projeto em parce-ria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Ado-lescente (Condeca-SP) enche de orgulho o Instituto de Ensino e Pesquisa APAE de São Paulo, pois compartilhamos de obje-tivos e linhas de atuação em comum, cujo principal ideal é oferecer melhor qualidade de vida às nossas crianças e ado- lescentes por meio do conheci-mento, seja científico, de seus direitos ou de suas capacida-des de inferir no meio em que vivemos.

São Paulo, SP, 2017

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Fortalecimento à Rede Inclusiva de Organizações Sociais Congêneres

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