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Ler é sonhar pela mão de outrem. Fernando Pessoa, Livro do Desassossego FÓRUM DE LEITURA O Fórum de Leitura constitui um espaço aberto à edição de experiências de leitura de alunos, funcionários, professores e encarregados de educação. A divulgação da descrição e crítica de obras de autores nacionais e estrangeiros, lidas em contexto escolar ou familiar, é o objectivo de uma secção que tem nas actividades «O Livro dos Livros», «A Companhia dos Livros» e «Viajar com Livros» os expoentes de um esforço colectivo de motivação à leitura individual e sobretudo à aquisição de hábitos de leitura, dentro e fora da sala de aula. O registo das leituras individuais do aluno constará da Ficha de Leitor Individual, a preencher ao longo do ano, conforme indicações do professor(a) de Português. A publicação de impressões de leitura de uma obra, de um conto, de um artigo… poderá funcionar como momento de reflexão de um primeiro leitor e momento de motivação de muitos segundos leitores. Afinal, o escritor só existe em simbiose com o leitor, numa relação mútua de enriquecimento pessoal e cultural. Mesmo que o escritor se distancie no horizonte intransponível do fingimento da palavra, para sempre gravada no tempo. Retomando o poeta, cabe ao leitor todo um sentir múltiplo, eu-ele, pois «Sentir? Sinta quem lê» (Fernando Pessoa, Autopsicografia).

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Ler é sonhar pela mão de outrem.

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

FÓRUM DE LEITURA

O Fórum de Leitura constitui um espaço aberto à edição de experiências de

leitura de alunos, funcionários, professores e encarregados de educação.

A divulgação da descrição e crítica de obras de autores nacionais e estrangeiros,

lidas em contexto escolar ou familiar, é o objectivo de uma secção que tem nas

actividades «O Livro dos Livros», «A Companhia dos Livros» e «Viajar com

Livros» os expoentes de um esforço colectivo de motivação à leitura individual e

sobretudo à aquisição de hábitos de leitura, dentro e fora da sala de aula.

O registo das leituras individuais do aluno constará da Ficha de Leitor Individual,

a preencher ao longo do ano, conforme indicações do professor(a) de Português.

A publicação de impressões de leitura de uma obra, de um conto, de um artigo…

poderá funcionar como momento de reflexão de um primeiro leitor e momento de

motivação de muitos segundos leitores. Afinal, o escritor só existe em simbiose

com o leitor, numa relação mútua de enriquecimento pessoal e cultural. Mesmo que

o escritor se distancie no horizonte intransponível do fingimento da palavra, para

sempre gravada no tempo. Retomando o poeta, cabe ao leitor todo um sentir

múltiplo, eu-ele, pois «Sentir? Sinta quem lê» (Fernando Pessoa, Autopsicografia).

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LIVRO DOS LIVROS 1: A MORTE DE IVAN ILITCH de Lev Tolstói Contrato de leitura escrito: Joana Catarina Lopes, nº13, 12º A Professora: Margarida Lino, Português Data de edição: Janeiro 2009

BIBLIOGRAFIA

Lev Tolstoi, nasceu a 9 de Setembro de 1828, na Rússia. Durante a juventude, o sentimento de vazio existencial levou-o a alistar-se no exército da Rússia (o que contribuiria para que, mais tarde, se tornasse pacifista). Em 1862, casou-se com Sónia Andreievna Bers, com quem teve 13 filhos e, durante 15 anos, dedicou-se intensamente à vida familiar. Embora extremamente bem-sucedido como escritor e famoso mundialmente, Tolstoi atormentava-se com questões sobre o sentido da vida e, após desistir de encontrar respostas na filosofia, na teologia e na ciência, deixou-se guiar pelo exemplo dos camponeses, e a sua vida simples. Recusou a autoridade de qualquer governo organizado e de qualquer igreja. Criticou também o direito à propriedade privada e os tribunais. Baseou-se nos Evangelhos para pregar o conceito de não-violência. Após se ter "convertido", Tolstoi procurou uma vida de comunhão com a natureza. Devido às suas acções em defesa de algumas comunidades rurais, começou a ser vigiado pela polícia do czar, e só não foi preso porque era reconhecido em todo o mundo como um dos maiores nomes da arte do seu tempo. Morreu aos 81 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, enquanto procurava viver uma vida simples.

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OBRAS PUBLICADAS

• Infância (1852) • Adolescência (1854) • Juventude (1856) • A felicidade conjugal (1858) • Guerra e Paz (1865-1869) • Anna Karenina (1875-1877) • Confissão (1882) • A morte de Ivan Ilitch (1889)

A OBRA

A morte de Ivan Ilitch retrata a vida e a morte de um advogado que sempre levou uma vida simples, vulgar, fácil e como deve ser. É uma critica muito forte à burguesia russa do séc. XX, que sempre se preocupou mais em mostrar aos outros que estava a viver uma bela vida, do que em vivê-la verdadeiramente.

Logo no primeiro capítulo, somos informados que Ivan Ilitch faleceu e somos apresentados à hipocrisia que reinava naquele meio: “Por isso, ao ouvir falar da morte de Ivan Ilitch, o primeiro pensamento de cada um daqueles senhores reunidos no gabinete foi sobre a importância que essa morte poderia ter na mudança ou na promoção deles próprios ou seus conhecidos.” Estes senhores, que se preocuparam mais com o subir na carreira do que com a perda de alguém querido, eram as pessoas que Ivan Ilicth considerava suas amigas, com as quais partilhava a maior alegria da sua vida, o jogo de vint, (um jogo de cartas). Também a sua mulher parece ultrapassar bastante bem a sua morte, preocupando-se em contactar imediatamente um advogado, para saber como pode lucrar ao máximo com a morte do marido.

Ao longo do livro, o autor descreve-nos a vida deste burguês. Fala-nos de uma infância bem vivida e de uma juventude alegre. Explica-nos que é a partir da Faculdade que Ivan Ilitch se começa a sentir atraído pelas pessoas que ocupam altos cargos, a sua visão da vida, o seu modo de a viver, e começa a criar relações com elas. Logo após ter terminado a Faculdade, encontra colocação num Ministério, graças ao estatuto do seu pai. Com a chegada da reforma a estas instituições, foram necessários homens novos. Ivan era um desses homens novos e foi-lhe entregue o cargo de Juiz de Instrução. Um Juiz de Instrução como deve ser! Foi então que conheceu Prasóvia que viria a tornar-se sua mulher, não só por ser um favor que fazia a si próprio, mas também por ser aquilo que as pessoas da alta sociedade consideravam correcto. Depois da euforia inicial e com a chegada do primeiro filho, o casamento acabou por se mostrar muito difícil e aborrecido, devido aos caprichos de Prasóvia. Ivan Ilitch optou por fugir desta vida, em vez de a encarar. Assim, dedicou-se cada vez mais ao trabalho, refugiando-se nele, parecendo um homem sério, com um bom casamento, e uma grande dedicação ao trabalho, que levava a vida com grande decência. Entretanto, nasceu a segunda filha. A mudança de cidade e de casa abrira os horizontes para uma vida melhor. Desta forma, Ivan Ilitch começou por dedicar-se por inteiro à remodelação e decoração da nova casa, com o intuito de impressionar a família. Resultou. Mas era só uma casa igual a tantas outras “com tudo aquilo que as pessoas de uma certa categoria fazem para serem parecidas com todas as pessoas dessa categoria”. É então que começa a tragédia de Ivan Ilitch. Durante o adorno da nova casa, este teve um pequeno acidente que resultou naquilo que parecia um insignificante hematoma na zona do rim, mas que comprometeu toda a vida do advogado, levando-o a uma morte lenta e dolorosa. A dor apareceu, primeiro esporadicamente e, depois, durante cada vez mais tempo, até se alojar

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no seu corpo até ao fim dos seus dias, todos os dias. Os últimos meses da vida de Ivan Ilitch são passados assim, na cama a gemer de dores. São as dores que o fazem colocar tudo em causa. Porque uma pessoa não pode ser condenada a tamanho sofrimento sem que tenha feito tudo mal durante a vida. Só pode ter feito tudo ao contrário do que se deve fazer. Que outra razão pode justificar tamanho castigo? Contudo, não é esta dor o que mais lhe custa. É a indiferença demonstrada pelos médicos, a atitude da mulher que afirma “que é só um capricho do marido”. Durante as infindáveis horas que passa sozinho, Ivan Ilitch apercebe-se que a sua vida decente e vivida como deve ser é vazia de sentido e de felicidades verdadeiras. Só se recorda de as ter vivido na infância. O que antes lhe parecia bom e agradável revelava-se agora uma farsa. Chegou à conclusão que “enquanto na opinião pública subia a montanha, a vida fugia debaixo dele na mesma proporção”. Foram estes pensamentos que juntamente com a tristeza, a angústia e a desilusão ocuparam a sua mente nos últimos tempos. Morreu, mas antes ainda se despediu da família.

Antes de morrer, Ivan Ilitch apercebeu-se que poderia fazer alguma coisa pela vida, dele e dos outros. Assim, tenta deixar uma advertência a todos os que ficaram, mas como que a rir-se deles, por acharem que estão a viver a vida da forma mais correcta. É esta a expressão que todos encontram na cara do defunto, apesar de não a compreenderem…

PORQUÊ A MORTE DE IVAN ILITCH?

Não há uma só razão pela qual tenha optado por este livro, aliás, há várias! Primeiro, o meu melhor amigo, sempre a insistir que eu iria gostar, para além de ser um autor da humanidade de leitura obrigatória, pelo seu brilhantismo. Depois, o evento cultural que é a “Festa do Avante!” que na sua feira do livro fazia uma grande publicidade a este escritor, o que aumentou a minha curiosidade. E, após ter lido O Lado Selvagem, que faz várias alusões às obras de Tolstoi, decidi que tinha, definitivamente, que o ler. Finalmente, encontrei este livro numa livraria com uma grande promoção, e ao ver o seu reduzido número de páginas, decidi que seria este o escolhido!

Valeu a pena! A Morte de Ivan Ilitch é um livro genial, muito simples e directo, mas com uma mensagem muito profunda. Porque retrata a morte, que é uma questão bastante complexa, tem que ser um livro complexo. Tolstoi critica a forma como as pessoas se preocupam em levar uma vida decente, sem sequer saberem em que é que consiste essa vida decente. Na verdade, estas pessoas só se preocupam em viver conforme os padrões aprovados pela sociedade, sem perguntar se este é realmente o caminho certo. Podemos encontrar as personagens deste livro à nossa volta, a sua hipocrisia e materialismo estão constantemente presentes neste nosso mundo. É isso que me agrada neste livro, a sua intemporalidade e a forma como Tolstoi, através da ironia, diz aquilo que tem de ser dito e que precisamos de ouvir para nos apercebermos da inutilidade e futilidade com que às vezes levamos da vida. Por isso, é um livro incomodativo, pois todas as páginas são espelhos. Ivan Ilitch é o retrato da morte e o retrato da morte não pode ser uma coisa bela e agradável de se ter em casa ou como colega de trabalho.

O excerto que escolhi pertence ao capítulo IX, (mais exactamente à página 96), altura em que Ivan Ilitch já sofre terrivelmente de dores insuportáveis, e questiona todo o sentido da sua vida. Escolhi-o porque acho que sintetiza, de forma bastante clara, a ideia que o autor nos tenta transmitir: o sucesso profissional e o dinheiro nem sempre são sinónimos de concretização e felicidade. E eu não podia estar mais de acordo!

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“O casamento… tão acidental, e o desencanto, e o cheiro da boca da mulher, e a sensualidade, e a hipocrisia! Aquele emprego obscuro, aquelas preocupações com o dinheiro, e assim um ano, dois, dez, e vinte – e sempre a mesma coisa. E quanto mais por adiante, mais mortal. Era como se descesse uma montanha imaginando que a subia. “E foi realmente assim. Na opinião pública eu subia a montanha, e a vida fugia debaixo de mim na mesma proporção… E agora está tudo pronto, morre!””

LIVRO DOS LIVROS 2: CAFFÈ AMORE de Nicky Pellegrino  Contrato de leitura escrito: Ana Catarina Biltes Gonçalves, nº 1, 10º G Professora: Margarida Lino, Português Data de edição: Janeiro 2009

 

 BIOBIBLIOGRAFIA  

Nicky Pellegrino nasceu a 1964, em  Inglaterra e  tem descendência  italiana. Em criança, passou muitos dos seus verões em Itália. Casou com um Nova‐Zelandêz e agora vive na Nova‐Zelândia. 

A  sua  primeira  obra  foi  "Delicious",  (Caffé  Amore),  que  foi  editado  em  2005.  A  sua segunda publicação  foi em 2008, "Summer At The Villa Rosa"  (A Filha Do Pescador). Trabalha actualmente como editora da New Zealand Woman’s Weekly. 

 SÍNTESE    

Caffé Amore, não é apenas mais um livro de histórias de amor em Itália. Caffé Amore está cheio de paladares, amores, cheiros, ódios e simplicidade. 

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Estamos em 1964 quando começa a nossa história. Maria Domenica é uma jovem italiana que habita com os seus pais e irmãos numa pequena aldeia de Itália, San Giulio. Maria tem 16 anos, é a primogénita da família, tem uns longos cabelos pretos e uns bonitos olhos carinhos. 

Cansada de todas as manhãs de madrugar com a mãe, cozer pão e tratar da casa, Maria Domenica  começa  a  trabalhar  no Caffé Angeli. Um  café  cheio  de  Frescos  nas  paredes,  uma jukebox com antigas músicas italianas e um senhor, Franco, dono do café, que limpava diária e cuidadosamente a sua velha Gaggia. 

Maria Domenica não quer esta vida para sempre e por isso parte à aventura para Roma. Um ano mais  tarde volta para San Giulio, grávida de 8 meses. Ninguém, excluindo ela,  sabe quem é o pai. No entanto, espera‐a um casamento de fachada com um homem que não a ama e que nem ela ama.  

Chiara nasce  e Maria  sente  vontade de  voltar  a  trabalhar  com os  seus  velhos  amigos: Franco e Giovanni, filho de Franco, no Caffé Angeli, mesmo contra a vontade do marido, Marco. Após alguns meses foge da sua vida de fachada, com a ajuda de Giovanni, e parte à exploração de Inglaterra com a filha. 

À  chegada não  conhece ninguém. Aluga um pequeno quarto numa  casa de um  senhor que mora  com  o  filho,  um  pouco mais  novo  que Maria,  Alex,  arranja  um  emprego  e  vai construindo, pouco a pouco, a sua nova vida. Sente‐se feliz. 

Os meses vão passando e Maria e Alex vão‐se aproximando. Alex pede‐a em casamento e ela aceita. Os anos voam, Maria Domenica envelhece e Chiara cresce.  

Estamos agora no ano 2000, em Londres. Chiara é uma famosa escritora de receitas e vive com a sua melhor amiga, Harriet. 

Após a morte da mãe, Chiara começa a  investigar o  seu passado, pois a mãe nunca  se referia à sua vida anterior a Londres. Quer saber qual é a terra natal da mãe, como são os seus avós, quem é o seu verdadeiro pai...Encontra uma carta, escrita pela mãe, que nunca tinha sido enviada e estava dirigida a Pepina e Erminio Carroza para San Giulio. Apercebe‐se que a carta está escrita em italiano e apressa‐se a procurar um tradutor, tendo ficado emocionada quando descobre o seu conteúdo. 

Chiara não pensa mais... mete‐se num avião para Itália, com destino a San Giulio. É agora que a sua vida e aventura começam. Muito mais ainda lhe falta descobrir. Como irão reagir os seus  familiares?  Como  lhes  dizer  que  é  Chiara,  filha  de Maria,  e  que  esta morrera?  Tantas dúvidas, tantas questões... A segunda parte do livro começa agora mesmo, quando os cheiros, os paladares e o sol de Itália estão cada vez mais fortes. 

OPINIÃO  

Foi um dos melhores  livros que  já  li. Escolhi‐o pelo título e pelo resumo da contracapa. Achei que seria um livro super engraçado e divertido e não me enganei, acertei em cheio!!! 

Na  minha  opinião  este  livro  está  bem  escrito,  não  é  enfadonho  e  a  sua  história  é envolvente e contagiante. A autora faz um perfeito retrato da sociedade dos anos 60 e mostra como em pleno Séc. XXI, onde não devia existir ódio, vingança e  inveja, as pessoas ainda  se deixam  afectar  por  estes  sentimentos.  É  impressionante  ver  como  as  pessoas  são manipuladoras e não se importam com os meios, desde que atinjam os fins e o fim seja aquilo que pretendem.  

O  livro,  pela  maneira  como  está  escrito  e  estruturado,  dá‐nos  as  visões  de  cada personagem  e  transmite‐nos  diferentes  lições.  Aprendi  que  em  algumas  situações  é  difícil pensar com a cabeça fria, que as pessoas nem sempre são aquilo que aparentam, que às vezes 

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pode amar‐se apenas uma única vez na vida e que com esforço e dedicação conseguimos quilo que queremos. 

Uma das passagens do  livro que mais me emocionou retrata o momento em que Maria procura a protecção e o carinho da mãe depois de ter sido maltratada pelo marido: 

“Maria  Domenica  sentiu  uma  onda  de  alívio.  Mergulhou  no  conforto  dos  braços  de Pepina, macios e familiares. ‐ O Marco bateu‐me ‐ sussurou, e só depois as lágrimas começaram a deslizar pela face magoada. Não conseguia parar de chorar. O seu corpo estremecia com os soluços e as lágrimas salgadas provocavam‐lhe ardor nos cortes do rosto. Tentou falar, mas só foi capaz de repetir estupidamente: «O Marco bateu‐me.» 

  Pepina examinou‐lhe o rosto por momentos e, depois, desviou o olhar para um canto. ‐ Eu sei ‐ disse pesarosamente. ‐ Eu sei de tudo o que se passou. 

  ‐ O que é que ele vos contou?   Pepina afagou o cabelo da filha e limpou levemente a sua face inchada com um lenço de 

Erminio.   ‐ Mamma? ‐ Os soluços da Maria Domenica estavam a abrandar e os olhos a arregalar‐

se com indignação. ‐ O que é que o Marco vos disse que eu fiz? Não pode acreditar nele. Não é verdade, o que quer que ele vos tenha dito (…) 

  Os ombros  de Pepina descaíram bruscamente. Ainda não  conseguia olhar  a  filha nos olhos.  ‐  Tenho  de  admitir  que  não  contava  ver‐te  assim  neste  estado.  Ele  disse  que  te  deu apenas um estalo e que tu o merceste. 

  ‐ O quê!?   ‐ Acalma‐te, Maria Domenica. Não és a primeira mulher a  levar um ou dois tabefes do 

marido ‐ garantiu Pepina num tom neutro.   (…)   ‐ Não, Mamma, por favor, deixa‐me ficar aqui. Não me obrigues a voltar. Por favor... ‐ As 

duas mulheres agarraram‐se uma à outra, ambas a chorar. Maria Domenica sentiu o corpo da mãe a contorcer‐se com os soluços e a humidade do rosto pressionando contra o seu. 

  ‐ Eu  lamento,  figlia,  lamento muito. Pepina estava a empurrá‐la para  fora da  cozinha rumo  ao  pátio  poeirento.  Colocou  o  saco  nas mãos  da  filha  e  virou  o  carrinho  de  Chiara, apontando‐o na direcção da quinta dos Manzoni.  ‐ Não me atrevo a desobedecer ao teu pai. Tens de ir para casa. Mas eu ou a Rosaria iremos ver‐te todos os dias para saber como estás. E não deixaremos que ele te bata novamente, prometo‐te. 

  Maria Domenica sentiu o último aperto de mão da mãe e, quando a porta se fechou na sua cara, encheu os pulmões do aroma adocicado que vinha da cozinha quente uma última vez. Depois  virou‐se  e,  lentamente,  começou  a  caminhar  através  do  frio  de  uma  noite  clara  de Outono. Nem sequer dissera adeus."      Sinceramente, escolhi este momento, porque não podia escolher o  livro todo. Mesmo assim, penso que  foi bem escolhido, pois mostra o comportamento da sociedade, o amor de uma mãe por uma  filha, de uma mulher pelo marido, mostra‐nos  o quão manipuladoras  as pessoas podem ser, e o desejo desesperado de uma vida melhor, mais calma, mais feliz, com mais amor.   Em suma, penso que é um bom livro e para mim foi uma óptima transição da leitura de livros juvenis para romances de maior fôlego.   Estou satisfeita, de barriga cheia, mas quero mais.

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LIVRO DOS LIVROS 3: COMO ÁGUA PARA CHOCOLATE de Laura Esquivel Contrato de leitura escrito: Maria João Moreira, nº 17, 10º G Professora: Margarida Lino, Português Data de edição: Janeiro 2009

BIOBIBLIOGRAFIA  

Laura Esquivel nasceu na Cidade do México a 30 de Setembro de 1950. Começou por ser professora e escreveu peças de teatro infantis. Revela-se como guionista de cinema com “Guido Guán” e “Tacos de Oro” (1985), este último nomeado pela Academia de Ciências e Artes Cinematográficas para o Prémio Ariel.

Algumas das suas obras são Como água para chocolate, A Lei do Amor, Íntimas Suculências, A Pequena Estrela-do-mar, O Livro das Emoções, Tão veloz como o desejo.

 

 

 

RESUMO DA OBRA O livro Como Água para Chocolate é um romance de amor passado no México rural no início do século XX. Relata a história do amor sofrido e profundo entre Pedro Muzquiz e Tita de la Garza. Tita, a protagonista, é impossibilitada de ter uma relação com Pedro por causa da tradição familiar, que a obriga, ao ser a mais nova das irmãs, a manter-se solteira para poder cuidar da sua mãe viúva até à hora da morte.

A mãe de Tita (Elena) oferece a mão de Rosaura (sua filha mais velha) a Pedro que, frustrado com a situação, acaba por se casar com ela para ficar perto de Tita. Esta, perante o seu azar, desabafa com a criada índia (Nacha) que lhe ensina receitas e a aconselha.

Nacha morre e Tita é convertida na cozinheira familiar. A sua reprimida paixão por Pedro é sublimada através das artes culinárias, pois é na cozinha, ao manipular temperos e alimentos, na arte de combinar e criar sabores, que Tita usufrui de total liberdade para exprimir o que sente.

À medida que o enredo da história vai avançando vão-nos sendo contadas histórias paralelas como os amores ilegítimos da autoritária e cruel mãe de Tita e a fuga da irmã Gertrudis com um soldado, entre outras peripécias.

O tempo passa e Rosaura, já casada com Pedro, engravida e tem um bebé, que Tita trata como um filho, amamentando-o até, (gozando de uma gravidez imaginária) já que a sua irmã se encontrava muito débil depois do parto.

Um dia, Elena descobre que Pedro mantém uma relação oculta com Tita. Deserda-a e, mandando-a para um curral, fá-la sentir-se culpada pelos seus sentimentos por Pedro e pela relação que ambos mantiveram, às escondidas de Rosaura e de toda a família. Com Tita ausente, o filho de Rosaura acaba por morrer, pois ninguém cuidava dele tão bem como Tita.

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John Brown, o médico da família, ama Tita e acaba por ajudá-la com todos os conflitos que surgiam entre ela e a sua mãe. Leva-a para a sua própria casa, onde cuida dela. Entretanto, Rosaura e Pedro têm outro filho, desta vez uma menina chamada Esperança.

Tita via em John um homem que a ajudava e apoiava e, frágil, acaba por se envolver com ele, apesar de amar Pedro. Passado algum tempo, a mãe de Tita morre, sendo Rosaura a filha que herda tudo. Tita regressa a casa para dar algum apoio, porque apesar de tudo gostava da sua irmã. Rosaura morre de doença e Esperança, já crescida, casa com Alex, filho do médico John.

No final do livro, Tita e Pedro sozinhos, e com a casa só para si, fazem amor. Pedro morre durante o momento e Tita suicida-se para o acompanhar, como prova do seu amor por ele.

TEXTO DE OPINIÃO SOBRE O LIVRO

Interessei-me por este livro porque a minha irmã mo aconselhou. Desde o início que apreciei a leitura do mesmo porque gosto de romances e também pelo facto de cada capítulo começar com uma receita à qual está, de algum modo, associada uma forte carga emocional.

Adorei-o e fiquei ainda mais fascinada pela arte da culinária e pelo facto da autora conseguir misturar a cozinha com a vida e recordações.

Este é um romance construído com base num conflito entre tradição e afectos, o que fez com que aprendesse alguns costumes e também bons conselhos.

Este livro já foi traduzido para vários idiomas e publicado em vários países. Foi também levado ao cinema com excelentes resultados, situando-se entre os 100 melhores filmes do cinema mexicano, o que também demonstra a sua qualidade.

Recomendo este livro a homens e mulheres, independentemente da sua idade, já que Laura Esquível narra uma bonita história de amor que nos leva para o mundo rural, onde a sensualidade se mistura com os ingredientes culinários.

LIVRO DOS LIVROS 4: RIO DAS FLORES de Miguel de Sousa Tavares Contrato de leitura escrito: Joana Freire, nº 12, 12º A Professora: Margarida Lino, Português Data de edição: Janeiro 2009 BIOBIBLIOGRAFIA

Miguel de Sousa Tavares é filho da poetisa portuguesa Sophia Mello Breyner Andresen, e do advogado Francisco Sousa Tavares.

Nasceu no Porto, dia 25 de Junho de 1952.Começou a sua vida profissional na advocacia, que abandonou a favor do jornalismo, do qual passou para a escrita literária. Actualmente colabora com o jornal Expresso e com a estação de televisão TVI, onde é comentador semanal.  

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ALGUMAS OBRAS (por ordem cronológica):

• Anos Perdidos • Não te deixarei morrer, David Crockett • Sul – Viagens • O Segredo do Rio (literatura infantil) • Um nómada no oásis • O dia do prodígio • Rio das Flores

RESUMO

Este é um livro de 608 páginas em que nos são retratados 30 anos da história do século XX e da história de três gerações de uma família alentejana, a família Ribera Flores. Esta família vive no Alentejo, em Estremoz, onde possui uma grande herdade, a Herdade de Valmonte, a qual faculta empregos a muitos habitantes da população. Neste romance assistimos à evolução dos dois rapazes da família, Diogo e Pedro Ribera Flores, das suas ideias e de como dois irmãos sujeitos a um mesmo amor comum à sua terra, seguem caminhos e fazem escolhas de vida tão diferentes, durante uma época em que o país vive uma insegurança política seguida de uma ditadura que marcou para sempre a história da nossa nação.

Este romance começa em 1915, em Sevilha, na abertura de Feria de San Miguel, à qual Manuel Custódio resolve levar o seu filho mais velho e principal personagem da obra, Diogo Ascêncio Cortes Ribera Flores, na altura com 15 anos. Aí, Diogo torna-se um homem. Homem este que vai crescer segundo princípios de liberdade e igualdade, um homem “reservado, senhor da sua solidão e do seu silêncio, reflexivo e quase tão sensível como

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uma rapariga”, “amado e respeitado por quase toda a gente de Valmonte. O outro filho, Pedro, “era sobretudo respeitado”, tratava com ânimo e dedicação os trabalhos da Herdade e gostava de dar ordens aos trabalhadores.

À medida que o tempo passa, os dois irmãos vêem-se cada vez mais separados por políticas e diferenças morais, consequentes da época de fracasso da República e da insegurança e descontentamento que provocou. Estas diferenças começam a tomar graves proporções e a instalação da ditadura vai estimular em Diogo o desejo de liberdade, decidindo viajar para o Brasil para tratar de negócios. Após muitas ‘idas e vindas’ a este novo país, Diogo decide ser feliz e livre e deixa a família em Estremoz, mudando-se de forma definitiva para o Brasil.

Pedro não aceita a decisão do irmão e contrariamente às ideias deste, decide alistar-se no exército e ir combater na Guerra Civil de Espanha, pelos Nacionalistas, o que irá marcá-lo para sempre.

O relato das vidas dos dois irmãos é acompanhado de romances intensos e apaixonantes que enriquecem o livro.

SELECÇÃO DE UMA PASSAGEM DO LIVRO

“Tenho medo que a liberdade se torne um vício, enquanto que agora é apenas uma saudade.” Esta frase é dita por Diogo numa conversa com o irmão Pedro, em que ambos discutem o valor da liberdade aquando da instauração da ditadura em Portugal.

Com esta frase, Diogo quer dizer que com a imensa falta de liberdade que se fazia sentir, e que ele sentia mais do que o irmão, receava que esta se tornasse um vício, algo de absolutamente imprescindível e prejudicial na medida em que não a poderia ter, já que na altura era “apenas uma saudade”.

Eu escolhi esta passagem porque penso que actualmente não damos o valor devido a esta liberdade, e por vezes esquecemos que outros já passaram ou estão a passar por situações em que não a tem, que lhes era/é proibida, sentiram falta, e olharam-na com outros olhos, com a devida importância, que é necessária à felicidade de cada um. Porque a verdade é que a liberdade da qual desfrutamos agora resultou de lutas que, felizmente, já não temos de combater, e talvez por isso não entendamos tão bem a necessidade prioritária na vida de um ser humano.

A liberdade é um dos direitos do Homem. E tal como disse Sartre, "O homem está condenado a ser livre", e eu acrescento, e a ter responsabilidade e o peso das escolhas a que essa liberdade o obriga.

CONCLUSÃO/OPINIÃO

Desde o lançamento deste livro, tive imediatamente curiosidade em lê-lo, já que é de um escritor do qual gosto muito, Miguel Sousa Tavares, e do qual já tinha lido obras.

Aquando da leitura do ‘Rio das Flores’ deparei-me com um romance apaixonante e intenso que nos prende a cada página e nos faz suspirar. No entanto, há uma outra componente deste livro que são os relatos históricos da época, da ditadura, pela qual me interesso muito e que me fez lê-lo com maior atenção.

Um dos pontos que achei mais interessante da história é que esta nos mostra as duas perspectivas de dois irmãos relativamente à política e aos valores que cada um defende. Temos então Diogo, um jovem que luta contra a ditadura e busca a liberdade, encontrando-a num país no outro lado do oceano e Pedro, que é a favor da ordem e disciplina estrita. Vive sempre na Herdade e apenas se interessa pelo seu pedaço de terra, esquecendo o mundo lá fora.

Aconselho vivamente a leitura deste livro, já que nos mostra uma época em que muitos de nós não tínhamos ainda nascido, e assim podemos ter uma noção do que foi a História do nosso país até hoje, conjuntamente com os romances que as personagens (e o leitor) vivem.

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LIVRO DOS LIVROS 5: RATOS E HOMENS de John Steinbeck Contrato de leitura escrito: Luísa Monteiro, nº 16, 12º D Professora: Margarida Lino, Português Data de edição: Janeiro 2009 

BIOBIBLIOGRAFIA

John Steinbeck nasceu a 27 de Fevereiro de 1902, em Salinas, Califórnia e morreu a 20 de Dezembro de 1968, em Nova Iorque.

Terminou o curso secundário no Salinas High School, em 1919. No ano seguinte, ingressou na Universidade de Stanford, mas acabou por não terminar o curso pois não gostava da vida universitária. Em 1929 publicou o seu primeiro livro, “A Taça de Ouro”.

Publicou em seguida “Pastagens do Céu” (1932) e “A Um Deus Desconhecido” (1939). Esses primeiros livros não lhe asseguraram a profissionalização como escritor, que só chegou aquando da publicação, em 1935, de “Tortilla Flat”. Em 1935 firmou-se como autor de prestígio com “Boémios Errantes”, que recebeu a medalha de ouro do Commonwealth Club de São Francisco como melhor livro californiano do ano. Os três mais importantes romances de Steinbeck foram escritos entre 1936 e 1938: “Luta Incerta” (1936), “Ratos e Homens” (1937) e “As Vinhas da Ira” (1939), considerado a sua obra-prima e que recebeu o prémio Pulitzer.

Em 1962, Steinbeck ganhou o Prémio Nobel da Literatura e, em Setembro de 1964, foi – lhe atribuída a United States Medal of Freedom, pelo presidente Lyndon B. Johnson.

Steinbeck teve dezassete das suas obras adaptadas para filme por Hollywood. Alcançou também grande sucesso como escritor para filmes, tendo sido nomeado, em 1944, para o Óscar de Melhor História pelo filme “Um Barco e Nove Destinos “ (no original “Lifeboat”) de Alfred Hitchcock.

RESUMO

George e Lennie são dois amigos bem diferentes entre si. George é baixo e franzino, porém astuto, e Lennie é grandalhão, uma verdadeira fortaleza humana, mas com a inteligência de uma criança, não sabendo distinguir o certo do errado. O que os une é a amizade e a posição de marginalizados pelo sistema, o facto de serem homens sem nada na vida, nem sequer família, que trabalham de fazenda em fazenda, na Califórnia, durante a recessão económica da década de 30, ganhando pouco mais do que comida e moradia.

A maior dificuldade para os dois é a estabilidade de emprego, já que Lennie quase sempre se envolve em confusões nos locais onde eles chegam para trabalhar, sendo a fuga a única solução.

E é numa situação de fuga que George e Lennie se encontram no início da história. Obcecado pela posse da terra e de animais de que pudesse tratar (sobretudo coelhos …), Lennie acaba por contaminar George com o seu entusiasmo e juntos percorrem o país à procura do trabalho que lhes permita juntar o dinheiro necessário para comprarem um pedaço de terra para cultivar e para criar animais. Chegados a um novo trabalho, logo George percebe que têm de se manter afastados da mulher do filho do patrão. E o seu presságio, quanto ao papel que aquela mulher iria exercer nas suas vidas, confirma-se da pior forma possível. Em pânico, assustado, Lennie sufoca a jovem e foge (como era hábito nos momentos maus) para um local previamente combinado com o companheiro de viagem. Assim que George se apercebe do sucedido, dirige-se ao local e mantendo no amigo a ilusão de que tudo está bem, de que nada há a perdoar, fala-lhe suavemente sobre o seu sonho comum e dá-lhe um tiro mantendo essa ideia de felicidade nunca concretizada mas suficiente para Lennie no momento da sua morte.

O gesto de George é um acto de misericórdia, a piedade que só um amigo podia demonstrar. E nunca mais fugiram.

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EXCERTO

“- Dize como é que vamos viver – pediu Lennie. George estivera a escutar os sons distantes. Por um momento, deixou a atitude

sonhadora. - Olha para o outro lado do rio, Lennie, e eu vou contar-te como vai ser… e assim tu

podes quase ver o que estou a contar-te. Lennie voltou a cabeça e olhou, através da laguna, para as encostas dos Gabilans,

que já escureciam. - Vamos comprar um bocado de terra… – continuou George. Meteu a mão num bolso

lateral e tirou a Luger de Carlson; destravou-a e depois a mão e a arma descansaram na terra, atrás de Lennie. George olhou para a nuca do companheiro, no lugar em que se juntavam a coluna vertebral e o crânio.

Uma voz de homem gritou de longe, rio acima, e outra voz respondeu. - Continua – pediu Lennie. George ergueu a pistola, mas a mão tremeu-lhe e ele deixou-a tombar no solo. - Continua – insistiu Lennie – Dize como vai ser. Vamos comprar um bocado de

terra… - Vamos ter uma vaca – prosseguiu o outro – E talvez a gente possa ter um porco e

galinhas… e vamos ter um campo de… luzerna… - Para os coelhos!... - exclamou Lennie. - Para os coelhos. - E eu tenho que cuidar dos coelhos. - E tu tens que cuidar dos coelhos. Lennie riu de felicidade. - E viveremos à tripa-forra. - Sim. Lennie voltou a cabeça. - Não, Lennie. Olha lá para longe, para o outro lado do rio, para poderes ver a nossa

terra. Lennie obedeceu-lhe. George baixou o olhar para a pistola. Ouviam-se agora passos que esmagavam ramos no matagal. George voltou-se e

olhou na direcção deles. - Vamos, George. Quando a compramos? - Logo. - Eu e tu. - Tu… e eu. Vão ser todos bons para ti. Não haverá mais sarilhos. Ninguém fará mal

aos outros, ninguém roubará as pessoas. - Pensei que estavas zangado comigo, George. - Não, não, Lennie. Não estou zangado. Nunca me zanguei, e muito menos agora.

Quero que saibas isso. Os sons aproximavam-se. George ergueu a pistola e escutou as vozes. - Vamos fazer isso agora – suplicou Lennie – Vamos comprar essa terra agora. - Claro, agora mesmo. Tenho de fazer isso. Nós ambos… E George ergueu a pistola, firmou-a e aproximou o cano da nuca de Lennie. A arma

tremeu violentamente, mas o rosto de George endureceu-se e a mão conseguiu firmeza. Puxou o gatilho. O estampido subiu, rolando pelos montes e rolando tornou a descer. Lennie sacudiu-se todo e depois caiu lentamente para a frente, sobre a areia e ali ficou estendido, sem se mexer.

George teve um estremecimento e olhou para a arma e depois atirou-a para longe de si, para perto de margem, junto do montículo de cinzas velhas.” Justificação da escolha deste excerto

Decidi escolher este excerto pois penso que resume muito bem a essência de todo o

livro. George é forçado a tomar uma decisão extremamente difícil, mas não deixa o seu companheiro partir sem lhe falar, mais uma vez, do sonho que tinham em comum e

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tranquiliza-o, dizendo-lhe que nunca se zangou com ele. Demonstra a relação de verdadeira amizade e apreço que existia entre as duas personagens principais, que culmina com um acto de compaixão.

Por que aconselho a leitura deste livro?

É um livro de leitura fácil e agradável. No entanto, traz até ao leitor uma “fábula

sobre a amizade e o sonho americano”, capaz de comover e apaixonar qualquer um. Steinbeck conseguiu criar personagens tão cativantes quanto realistas e, ao contar uma história específica, falar de sentimentos comuns a todos seres humanos, como a solidão e a ânsia por uma vida digna.  

 

LIVRO DOS LIVROS 6: O NÃO-MAGO. AS TORRES DE ROMANDER de W. J. Maryson Contrato de leitura escrito: Hugo Mendes, nº 13, 10º B Professora: Nazaré Coimbra, Português Data de edição: Janeiro 2009

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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BIOGRAFIA

W. J. Maryson, pseudónimo de Wim Stolk, é o autor mais popular de fantasia épica na Holanda, estabelecendo grande parte da sua reputação com a trilogia do Não-Mago. Escreveu mais de 11 romances e vários contos, traduzidos para nove línguas, tendo, em 2004, vencido o Prémio Elf Fantasy Award.

Nascido em 1950, na aldeia de De Lier Westlandse, no sul da Holanda, é um artista multifacetado: pintor, músico, escritor, publicitário e produtor.

Começou por trabalhar para o governo durante algum tempo e posteriormente dedicou-se à pintura de retratos e paisagens. No príncipio dos anos oitenta, fundou a sua própria agência de publicidade e, mais tarde, a sua banda de rock de nome Maryson. Este grupo de rock sinfónico, que Stolk integrou como teclista, editou vários álbuns inspirados nos seus livros. Dedicou-se ainda à produção e organização de festivais e concertos.

Em 1995, publicou A primeira espada - Sperling, o seu primeiro volume da série Mestre Mágico, que foi desde logo um sucesso, tanto junto do público como da imprensa. Esta série completar-se-ia com as obras, A segunda espada - Emaendor, A terceira espada - Vloch, A quarta Espada - Fiander, A quinta espada - Rastoth e o Livro do Conhecimento. A sua segunda série, a triologia do Não-Mago, alcançou um sucesso estrondoso em vários países.

Maryson vive actualmente, com a mulher e três filhos, na aldeia de Zeeland, na Holanda.

BIBLIOGRAFIA

A primeira espada – Sperling (1995 – Mestre Mágico I) A segunda espada – Emaendor (1996 – Mestre Mágico II) A terceira espada - Vloch (1998 – Mestre Mágico III) A estrada para o nirvana (1998 – Trave) Zen, o gato (1999) A quarta espada – Fiander (1999 – Mestre Mágico IV) A quinta espada – Rastoth (2000 – Mestre Mágico V) O Livro do Conhecimento (2001 – Mestre Mágico VI) As Torres de Romander (2002 – O Não-Mago I) Os Abismos de Lan-Gyt (2003 – O Não-Mago II) O Lorde das Profundezas (2004 – O Não-Mago III) O Canto do Imortal (2007 – A Grande Lenda I)

O ESPAÇO

A acção do livro desenrola-se num arquipélago de ilhas cujo centro político se encontra na Ilha de Romander, de onde governa o imperador Desran, na Torre de Cristal. A Torre de Cristal situa-se no coração de Kryst Valaere, tem cerca de trinta metros, oito arcos, sendo necessário subir 1546 escadas para chegar à sala do trono.

Parte da acção desenvolve-se na ilha de Loh, localizada no sul das Ilhas Orientais, com uma fortaleza chamada Stormburg, edifício em granito onde se celebram as mais altas provas de magia. No centro encontra-se a escola de magia: a Instirium.

A norte das Ilhas Ocidentais, onde termina a civilização, estão as ilhas de V’ryn. É nestas ilhas que surge o avanço da magia incolor que ameaça o reino.

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Haramat é a cidade principal das Ilhas Espelho, situadas a noroeste do arquipélago integrando Ostander, Grande Melisa e Pequena Melisa. Aqui, encontra-se a misteriosa Torre de Vento e a seu lado, submersas, ruínas antigas. A sudoeste das Ilhas Espelho temos a pequena Ilha de Quym, uma das únicas onde se mantém a Och Pandaktera. Nesta ilha, a cidade de Quym a norte e a pequena cidade de Tinandel estão em guerra devido à Och Pandaktera.

SÍNTESE

O Reino de Romander foi criado há milhares de anos. Desde esses tempos remotos, o reino sempre se mantivera em equilíbrio e união total devido à aliança do grandioso poder e autoridade do Desran com a magnitude e magnificência das capacidades dos altos-místeres de Loh. No entanto, tal como a excepção confirma a regra, as ideias do reino também foram desautorizadas algumas vezes. O alto-místere Randole de Cerjin, o eremita das duas vozes, desafiando tudo e todos, decidiu estudar a magia incolor, algo expressamente interdito pelo reino. Alguns outros seus seguidores resolveram continuar as suas experiências e provar este fruto proibido, ao longo dos séculos.

Randole descobriu, secretamente, os mais ínfimos detalhes da magia incolor e do seu criador, o Senhor das Sombras do Mar da Noite, o Ser das Trevas, e constatou que o mais heróico e sensato da sua parte seria deixar rastos no tempo, ou seja, pistas difíceis de descodificar, afastando assim a possibilidade do criador desta magia negra conseguir o acesso às mesmas, e de modo a facilitar as acções dos escolhidos para impedir a magia incolor dali a nove mil anos. O ciclo da pulverização teria de parar! O ataque regular da magia incolor de nove em nove mil anos teria de ser travado, no futuro, com o conhecimento que Randole lhes proporcionara através das pistas!

O povo de Loh era “o povo dos mágicos”. Aprendizes, místeres, semi-místeres, altos-místeres,... Esta esplendorosa cidade estava repleta de magia… Todos os que ali viviam detinham uma série de conhecimentos especiais e misteriosos, de uma forma ou de outra, relacionados com a magia, à excepção de um rapaz: Lethe Welmson, o Não-Mago.

Sempre solitário e triste por ser diferente, Lethe foi, a certa altura, surpreendentemente, abordado por Matei, o mais jovem e talentoso dos sete Altos-Místeres do reino, que após se reunir com os restantes para falar das suas descobertas, decidiu e pediu que Lethe partisse com ele numa viagem para as Ilhas Espelho. Partem, assim, numa viagem cheia de perigos e aventuras, no Ágil Machado dos Nove Mares, navio do famoso e experiente capitão Wedgebolt, com o objectivo de travar a magia incolor que já mostrava sinais evidentes de avanço e destruição em algumas ilhas do reino. Consigo, Lethe levava Rax, a espada do seu pai que nunca conhecera, e que mais tarde viria a saber possuir poderes: era a espada que cantava, indicando que havia uma força maligna nas proximidades, a espada do lendário Welm da Ilha dos Gatos.

Durante esta emocionante travessia, em pleno Inverno repleto de abomináveis tempestades e obrigados a ultrapassar por autênticos cemitérios tais como o Golfo de Agbayar e Cabo dos Destroços, foram-se juntando outros membros até formar um grupo de seis elementos que iriam fazer parte desta importante missão: Matei; Lethe; Gaithnard, o mestre de armas de Quym que acabou por enfrentar a Och Pandaktera; Gyndwaene, de nome verdadeiro Asayinda de Haramat, que finalmente encontrou o seu destino ao seguir o Profeta e tornar-se na Senhora da Alvorada, a Alta-Sacerdotisa de Yle em Arvilux, já há muito esperada, e que teria um papel fundamental na destruição da magia incolor, através do seu poder de ver o futuro; Llanfereit de Loh, o mágico amigo de Matei com poderes exuberantes e que estuda a magia incolor há duas décadas; e Pit, a aprendiz de Llanfereit, que apesar de não ser de Loh, tem poderes mágicos, e estabelece uma relação especial com o Lethe.

Em conjunto tentam decifrar as pistas de Randole: os Escritos (manuscritos), as Inscrições (“Paredes das Escrituras” em palácios, templos e torres antigas), as visões e vozes de que o Lethe é vítima, …

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Entretanto, o Desran Xarden Lay Ypergion III, a sua esposa, a Dama Isper, e Thanker, o principal conselheiro de Desran, designados por o Trium, chamam o regulador Dotar para travar Matei nas investigações e matar Lethe. Mais tarde, o Desran soube surpreendentemente, através do seu filho Marakis (que apesar de sempre lhe parecer preso à infância devido às suas atitudes de um rapaz de seis anos, se revelava agora um mestre da intriga com um inteligência e astúcia inexcedíveis) , que este tinha ajudado Matei e que Thanker tinha muito poder e, como tal, conseguira manipular o Desran contra o Lethe, pois o Não-mago era fundamental para a sobrevivência do reino. Desde logo, Ypergion III mandou o seu filho atrás de Dotar para impedi-lo de o fazer.

Disfarçado de mestre de armas, e com um ar amistoso, Dotar infiltra-se no grupo de Matei e, a determinada altura, quando Lethe se encontrava sozinho, tenta matá-lo. Mas, eis que uma águia imperial aparece e o defende, a mesma águia com que ele sonhara várias vezes, de nome Gehandyr, ou seja, Olho de Lámina. Marakis aparece e cancela a missão. Na mente de Lethe, a águia afirma misteriosamente: “Voltaremos a ver-nos. O meu destino está ligado ao teu.” Olho de Lâmina avisara e salvara Lethe. Todos ficaram surpreendidos. Lethe revelara um poder: ele falou com a águia e entrou na sua mente.

Que mais poderes cruciais para o reino possuirá o Não-Mago?! Conseguirá ele salvá-los do Senhor das Trevas?

UM INTERESSE EM PARTICULAR

Do meu ponto de vista, a história “O Não-Mago” de W. J. Maryson, apresenta-se como um livro muito interessante e emocionante, prendendo o leitor do início ao fim, o que me dificultou a escolha de um excerto mais empolgante.

Contudo, um dos aspectos que me despertou mais interesse foi o facto de o autor nos presentear com introduções no início de todos os capítulos. Através destas, conseguimos obter uma explicitação sobre o contexto histórico, temporal e/ou espacial dos acontecimentos e uma melhor compreensão de determinados conteúdos abordados pelo autor. Estes pequenos excertos mesmo sem estarem fortemente ligados à história, em certos capítulos, permitem-nos também deambular no nosso pensamento.

Exemplo de introdução: «Os bons enigmas, os verdadeiros enigmas, têm camadas. Por baixo da solução

primária há uma secundária. E, por baixo dessa, pode estar o verdadeiro enigma. Tanzer de Ynystel era bom a criar e a resolver enigmas. Ele disse uma vez: “Um enigma é uma solução invertida”. E, de facto, ele não se concentrava no enigma propriamente dito, mas em possíveis soluções.»

RECOMENDAÇÃO DA LEITURA

Aconselharia esta obra aos amantes da leitura?

Sim, principalmente aos leitores que procuram obras fantásticas e épicas, com personagens míticas de fácil empatia, batalhas heróicas e mundos imaginários onde predomina o mistério, a magia e a aventura. Esta é sem dúvida uma obra apropriada a um público diverso, onde se encontra também uma linguagem cuidada e ritmada.

O mundo que o autor cria, as personagens, o mistério e a magia, enfim toda a história no seu esplendor, faz com que um sentimento eminente de curiosidade e emoção floresça no nosso interior, tornando a sua leitura um passatempo inigualável.

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LIVRO DOS LIVROS 7: SEXTA-FEIRA OU A VIDA SELVAGEM de Michel Tournier  Contrato de leitura escrito: Marco Rodrigues, nº 13, 9º E Professora: Nazaré Coimbra, Língua Portuguesa Data de edição: Janeiro 2009

Sexta-Feira ou a Vida Selvagem de Michel Tournier

O AUTOR

O autor deste livro é Michel Tournier. O escritor francês nasceu em Paris, em 19 de Dezembro de 1924. Estudou em Saint-Germain en Laye e no lycée Pasteur de Neuilly. Decidiu seguir o curso de Filosofia na Sorbonne e na Universidade de Tübingem.

O autor é definido como “contrabandista da filosofia” pois engloba alguns filósofos nos seus contos e histórias, como “Sexta-Feira ou a Vida Selvagem” em que retrata Robinson Crusoe. Ele não se considera como um autor de crianças, mas como sendo um autor com um ideal de brevidade, de clareza e de proximidade ao concreto.Dos vários prémios ganhos é de destacar que venceu o grande prémio de romance da Académie Française em 1967 pelo romance Sexta-Feira ou a Vida Selvagem.

O autor, numa entrevista que deu, destacou que é apaixonado pelas palavras e contador de histórias, algo reflectido nos seus romances. Também foi realçado que as suas obras são uma reprodução da realidade e que as obras são tão claras e tão fáceis de compreender e de interpretar que é como uma imagem simples de entender.

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DIÁRIO

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CONCLUSÃO

Eu gostei muito de ler este livro, porque transmite uma ideia de poder, de convicção e de força de vontade.

A personagem Robinson Crusoe, embora tenha sentido dificuldades na adaptação ao seu novo método de vida, vai demonstrando, ao longo do livro, que tem força de vontade para conseguir superar os problemas. Como podemos ver no final do livro, Robinson Crusoe adaptou-se e passou a gostar de viver naquela ilha pacífica, longe de todos os problemas do mundo e da civilização na qual anteriormente habitava.

Podemos confirmar isso, pois Robinson Crusoe recusa-se a voltar no navio que por lá passou. Também de sentiu abandonado, pois Sexta-Feira, ao qual tinha salvado, abandonou-o, pensando que aquele navio seria uma rampa de lançamento para uma vida melhor. Robinson, apesar disso, tentou protegê-lo, sabendo que se tornaria um escravo.

No entanto, o menino ao qual chama de Domingo devolveu-lhe toda a felicidade. Robinson Crusoe é uma personagem que seguiu em frente face aos problemas

superando-os e não desistido. É um exemplo a seguir.

LIVRO DOS LIVROS 8: UMA ABELHA NA CHUVA de Carlos de Oliveira  Contrato de leitura escrito: Ana Cláudia Proença, nº 2, 10ºB Professora: Nazaré Coimbra, Português Data de edição: Janeiro 2009  

             

 

Carlos de Oliveira 

O AUTOR E A SUA OBRA

Carlos de Oliveira, filho de emigrantes portugueses, nasceu em Belém do Pará, no Brasil, a 10 de Agosto de 1921, crescendo e vivendo lá durante dois anos. Regressa com os seus pais a Portugal, em 1923, e ficam a viver na aldeia de Febres, na região de Cantanhede, onde o seu pai exercia medicina.

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Em 1933, com o intuito de concluir os estudos liceais e universitários, muda-se para Coimbra, onde permanece durante 15 anos. Em 1941, entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e nesta estabelece amizade, convívio intelectual e solidariedade ideológica e política com os seus colegas, entre os quais Joaquim Namorado, João Cachofel e Fernando Namora, desenvolvendo a sua personalidade e amadurecendo os seus pontos de vista e ideias perante a sociedade.

A sua Licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas termina em 1947, e, no ano seguinte, instala-se definitivamente em Lisboa, apesar de, periodicamente, se deslocar a Coimbra e à Gândara.

Com 28 anos casa com uma jovem madeirense que conhecera na Faculdade, chamada Ângela, que será, durante a sua vida, a sua companheira e colaboradora.

Em 1953, publica o seu quarto romance, Uma Abelha na Chuva, obra em questão neste contrato de leitura. Esta é unanimemente reconhecida como uma das mais importantes obras da literatura portuguesa. A adaptação cinematográfica foi realizada por Fernando Lopes em 1971. No mesmo ano, publica O Aprendiz de Feiticeiro e Entre Duas Memórias, livro de poemas pelo qual recebe, no ano, seguinte, o Prémio de Imprensa.

O seu último romance, Finisterra, de inspiração gandaresa, foi publicado em 1978, que também lhe proporcionou o Prémio Cidade de Lisboa, no ano seguinte.

Conheceu o seu fim em sua casa, em Lisboa, a 1 de Julho de 1981. Poesia

Turismo (1942); Mãe Pobre (1945); Colheita Perdida (1948); Descida aos Infernos (1949); Terra de Harmonia (1950); Cantata (1960); Micropaisagem (1968, 1969); Sobre o Lado Esquerdo, o Lado do Coração (1968, 1969); Entre Duas Memórias (1971); Pastoral (1977).

Romance

Casa na Duna (1943); Alcateia (1944; 1945); Pequenos Burgueses (1948); Uma Abelha na Chuva (1953); Finisterra: paisagem e povoamento (1978).

Crónicas

O Aprendiz de Feiticeiro (1971, 1979). Antologia(1945-1960) Poesias (1962); Trabalho Poético (1976).

UMA ABELHA NA CHUVA, A HISTÓRIA

Tudo começou numa tarde invernosa de Outubro, quando Álvaro Silvestre se deslocou à redacção do jornal Comarca, de Corgos, com o objectivo de publicar a sua confissão referente aos roubos nas feiras e à venda dos pinhais do irmão sem o conhecimento deste. Contudo, a sua mulher, D. Maria dos Prazeres, impediu-o de tal, depois de o encontrar, no escritório do director, e levou-o de novo para casa.

O casamento entre Álvaro Silvestre, um lavrador e comerciante, de uma família burguesa endinheirada, e D. Maria dos Prazeres fora arranjado, pois a família desta, apesar

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de aristocrática, encontrava-se na miséria. Por esta razão, o relacionamento entre os dois sempre se mostrou conflituoso, facto este que se manifestava na falta de filhos do casal.

Depois do jantar, receberam as visitas do padre Abel, a sua irmã D. Violante, a D. Cláudia e o Dr. Neto para o serão do costume. A conversa entre estes sobre a vida e a morte e a incapacidade dos Homens face à morte acabou por fazer com que Álvaro, já embriagado, visse todas as visitas e a própria mulher a arder no Inferno.

Após a saída das visitas, Álvaro releu a carta do seu irmão, há muito desaparecido em África, em que o informava da sua chegada em breve. Arrependido, desesperado e bêbado, destruiu os retratos da família da mulher e tudo que estava no seu caminho, gritando. Acabou por ter de dormir fora do quarto, expulso.

Quando a manhã começou a nascer, Álvaro levantou-se e foi passear. Ao passar pelo curral, encontra Jacinto, o seu cocheiro, e Clara, a filha de António, um oleiro cego, juntos. Descobriu que eram amantes e que a sua mulher, D. Maria, se sentia atraída por Jacinto, ao escutar a conversa entre os dois.

Movido pela vingança decide, então, denunciar o caso ao oleiro. Este, juntamente com o seu ajudante, Marcelo, assassina Jacinto, à noite, antes deste se encontrar com a filha, e lançam-no ao mar. No entanto, são descobertos por Clara, quando esta acorda de manhã, e, posteriormente, condenados pelo crime.

No dia seguinte, depois da morte de Jacinto, Clara suicida-se num poço, não conseguindo ser salva pelo Dr. Neto.

O TEMPO

O tempo cronológico abrange um período desde as 17h de uma quinta-feira de um mês de Outubro até a manhã de Domingo. Como há muitas analepses, devido ao constante refúgio das personagens no passado, o tempo parece muito mais alargado e rico.

O ESPAÇO

A acção decorre no Montouro, na região de Cantanhede, na zona litoral do distrito de Coimbra. Esta região é bem conhecida pelo autor, pois este viveu aí parte da sua vida. Este facto deve-o ter inspirado a escrever este livro.

Esta história, para além do espaço físico, apresenta um forte espaço social, que se exprime pela diferença entre a moribunda aristocracia da província (representada por D. Maria dos Prazeres e a sua família), a burguesia rural (representada por Álvaro Silvestre e a sua família) e o próprio povo.

Há também um espaço psicológico, evidenciado pelos constantes monólogos interiores das personagens, que revelam conflitos vividos por estas na sua consciência.

AS PERSONAGENS

A personagem principal, na minha opinião, é Álvaro Silvestre, pois é aquele que mais se martiriza e desespera, pelos pecados que cometeu e pela culpa que tem da morte de Jacinto. As personagens secundárias são D. Maria dos Prazeres, Jacinto, Clara, padre Abel, D. Violante, mestre António, Marcelo, D. Cláudia e Dr. Neto.

Há um contraste de personagens, a nível de personalidade, de convicções e até de nomes. Por exemplo, há uma grande diferença entre o pequeno e singelo nome de Álvaro Silvestre e o extenso, aristocrático e arrogante nome de D. Maria dos Prazeres Pessoa de Alva Sancho Silvestre.

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A SIMBOLOGIA

O aspecto que mais me cativou na escolha deste livro foi o seu curioso título. Como não havia resumo da sua história em parte alguma, não tinha qualquer indício sobre o seu tema para além do título. De certeza que o livro não trataria, simplesmente, de uma abelha a voar num dia chuvoso, mas talvez de algo adaptado a nós, seres humanos, com um significado semelhante. Sem necessidade de maior incentivo, comecei a ler o livro e, à medida que ia avançando, fui estabelecendo semelhanças.

As abelhas

As abelhas simbolizam a capacidade trabalhadora e eficiente, assegurando a continuidade da espécie através da produção de mel, vivendo numa colmeia, o lar que as protege.

A personagem Dr. Neto, um amante da vida, que possuía grande afeição pelas abelhas, utilizava-as para comparar as pessoas, os factos e situações da vida. Como por exemplo a ponderação sobre a vida e a morte: “Sabe-se que após a fecundação o destino dos machos é a morte. Ora, como fecundar é criar, pergunto eu…”.

Este referiu-se a Álvaro Silvestre e a D. Maria dos Prazeres como “abelhas cegas, obcecadas”, “todos eles fabricam fel” (pág. 170). Disse também que “ele tinha ajudado, anos e anos, aquela obra de pintar, repintar, a colmeia dos Silvestres, sem atender a que lá dentro o enxame apodrecia” (pág. 177/178). Nenhuma abelha cega é útil para uma colmeia, pois não conseguirá produzir mel, ou seja, Álvaro Silvestre e D. Maria dos Prazeres tinham apenas interesses económicos, estando “cegos” para outros interesses da vida. Isto levou-os a roubar “ao balcão, nas feiras, na soldada dos trabalhadores” (pág. 7) e a vender os pinhais do irmão de Silvestre, o Leopoldino, sem o seu conhecimento.

Deste modo, não eram úteis para a sociedade, pois só produziam “fel”, vivendo apenas da aparência e estatuto social. Para além disso, não conseguiam dar continuidade ao nome, já que o casal não teve filhos e o seu quarto era o mais frio da casa. Assim, este casal e o seu grupo social sem futuro simbolizam uma colmeia apodrecida, que produz fel.

Em contraste, estão o casal Jacinto e Clara que, esperando um filho, olham para o futuro com optimismo e com esperança, evocando uma sensação de doçura. Aliás, Jacinto é nome de flor, e Clara “alimentou-se” dele para produzir mel, ou seja, o filho. Ainda se pode evocar também o facto de um zangão, depois de fecundar, acabar por morrer, e Jacinto teve o mesmo destino.

A chuva

A chuva sempre teve um significado de tristeza, nostalgia e, por vezes, quando é mais forte e agressiva, de opressão, de conflito interior e exterior. Na história, a chuva e a água estão presentes nos momentos mais importantes da acção. À medida que o conflito da acção se acentua, a chuva intensifica-se, como por exemplo, quando o mestre António e o Marcelo assassinaram o Jacinto e o levaram para o mar.

A água estava também presente quando Álvaro Silvestre se recordava da fonte dos seus tempos confortáveis de criança, para fugir ao desconfortável presente.

Uma abelha na chuva não consegue sobreviver, se não sair dela ou encontrar um abrigo. Nesta história, houve duas abelhas: Jacinto, que, depois de “fecundar”, morreu e foi atirado para o mar; e Clara, que se suicidou, atirando-se para o poço. Tal como o Dr. Neto referiu: “A abelha foi apanhada pela chuva: vergastadas, impulsos, fios do aguaceiro a enredá-la, golpes de vento a ferirem-lhe o voo. Deu com as asas em terra e uma bátega mais forte espezinhou-a. Arrastou-se no saibro, debateu-se ainda, mas a voragem acabou por levá-la com as folhas mortas.” P. 180. Este excerto que eu escolhi abrange as três últimas frases do livro que, na minha opinião, se adaptam bem ao título, devido à sua simplicidade e aparente independência em relação ao resto da história.

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Assim, a abelha, a que o excerto se refere, tinha saído da colmeia verde que o Dr. Neto possuía. Esta serve como metáfora para o casal Jacinto e Clara, que tinham esperança (verde) no futuro, mas que foram feridos e mortos pela simples e egoísta necessidade de vingança de Álvaro Silvestre e pela intransigência interesseira do pai de Clara.

Este excerto faz-me pensar no que seria da abelha se não estivesse a chover e se lhe tivesse sido dada a oportunidade de viver e continuar a fazer mel. Faz-me ainda lamentar o facto de ela morrer com a esperança ainda cravada no seu coração.

RECOMENDAÇÃO

Este livro é de fácil leitura, apesar dos frequentes monólogos e analepses, que complicam, por vezes, a identificação da personagem em questão. O livro tem 180 páginas, a letra é grande e os capítulos são pequenos. Deste modo, este livro é adequado para leitores relutantes, que têm necessidade de expansão vocabular, pois este livro contém muitos provérbios e expressões populares.

Ler este livro é, também, uma óptima maneira de exercitar a capacidade de relação, de descodificação de metáforas, começando pelo título.

LIVRO DOS LIVROS 9: O PERFUME. HiSTÓRIA DE UM ASSASSINO, Patrick Süskind    Contrato de leitura escrito: Telmo Leal, nº 25, 9ºE Professora: Nazaré Coimbra, Língua Portuguesa Data de edição: Janeiro 2009

 

 

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Biobibliografia    

Patrick  Süskind  nasceu  dia  26  de Março  de  1949  (59  anos)  em  Ambach  am  Starnberger  See, Munique,  na Alemanha,  local  onde  ainda  vive. O  seu  pai  era  escritor  de  jornalista.  Süskind  estudou História Moderna e Medieval na Universidade de Munique. 

  É  dotado  de  uma  contorversidade  inigualável  e  é  visto  pelos  críticos  como  um  criador  de histórias  e  ambientes  fenomenal.  A maior  parte  das  suas  obras  são  contos,  embora  tenha  escrito, também, novelas, peças de teatro e ensaios. 

  Süskind  raramente  aparece  em  público  ou  dá  entrevistas,  preferindo,  assim,  levar  uma  vida isolada.  No  entanto,  toda  a  gente  o  conhece  devido  ao  seu  best‐seller  O  Perfume.  Este  livro  é considerado um dos melhores livros de sempre e já foi galardoado com o Prémio Novela World Fantasy. Já foi, também, editado um filme sobre este livro por Tom Tykwer, em 2006. 

  Da sua bibliografia constam,  também, obras como O Contrabaixo  (1981), uma peça de  teatro; Um Combate  e Outras Histórias  (1981); A Pomba  (1987), uma novela; A História do  Senhor  Sommer (1991), também uma novela; Sobre o Amor e a Morte (2006), um ensaio. 

Resumo da obra  

  Patrick Suskind,  neste livro, descreve‐nos uma estranha história, passada no século XVIII, século em que nasceu e faleceu a personagem principal do  livro, Jean Baptiste. Baptiste nascera no meio dos mais nauseabundos  fedores, numa banca de peixe. Nesta época, era de notar a  falta de higiene e de saneamento.  Iria  ser morto  pela  própria mãe,  não  fosse  o  facto  de  ter  libertado  um  grito  bastante profundo, mal nascera. Logo que recolheram a criança, Jean foi entregue a uma senhora que cuidava de crianças, mas que era bastante má e cruel. Desde cedo, as crianças e a mulher, notaram que Jean era um bebé bastante especial. Era sem dúvida dotado de uma enorme sensibilidade ao cheiro.  

À  medida  que  Jean  é  descrito,  apercebemo‐nos  que  é  uma  pessoa  totalmente  diferente, misteriosa,  capaz de  reconhecer  todos os  cheiros,  todos os odores,  capaz de  executar os mais belos perfumes, as mais belas combinações de odores. Era também uma pessoa frustrada, pois sentia que a sociedade não lhe dava valor e que não era reconhecido. Mais tarde apercebeu‐se que isso acontecera, em parte, devido ao facto de não possuir qualquer odor. 

Jean, desde cedo começou a trabalhar. Um dia, o seu chefe, deixou‐o  ir à cidade. Foi então que aconteceu o  primeiro  crime.  Jean,  sentiu um odor magnífico,  e  seguindo‐o,  foi  ao  encontro de uma jovem. Apoderado pelo perfume, matou‐a e cheirou‐a de modo a nunca se esquecer aquele perfume. Contudo, Jean, com o passar dos tempos, foi‐se esquecendo do cheiro da rapariga. 

Foi então que decidiu arranjar uma maneira para guardar o odor de certos materiais, de flores, e até mesmo do odor da pele dos corpos humanos.  Juntou‐se assim a um perfumista, chamado Baldini que lhe ensinou bastante acerca de perfumes e das variadas maneiras de retirar uma fragrância. 

Entretanto, o perfumista  faleceu,  e  Jean,  farto da  sociedade, do barulho  e principalmente dos odores, decidiu refugiar‐se numa montanha. Foi lá que se apercebeu que não tinha qualquer odor. Era completamente puro. Inquietado com essa ideia, decide voltar à cidade para criar o melhor perfume de sempre, a fragrância maravilhosa, a beleza absoluta. Tendo em vista este objectivo, Jean matou dezenas de mulheres, retirando‐lhes o odor das maneiras mais horrendas e monstruosas.  

Contudo, para  finalizar o  seu perfume,  faltava‐lhe o odor de uma mulher  ruiva bastante bela e com um cheiro absolutamente  incrível. No final do  livro, Jean consegue matá‐la e retirar‐lhe o cheiro. Com o último ingrediente adquirido, cria então o perfume absoluto.  

Por  outro  lado,  a  população  revoltada  decide  encontrar  o  horrendo  criminoso. A  personagem principal foge da cidade, e por sua culpa, condenaram à morte um homem inocente. 

Passados   dias, aperceberam‐se de que  Jean era o verdadeiro culpado. Quando o  iam executar, este  lançou  o  seu  poderoso  perfume  e  todas  as  pessoas  que  estavam  perto  ficaram  possuídas  pelo cheiro, mudando completamente as suas atitudes e envolvendo‐se sexualmente uns com os outros. 

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Jean saiu de Paris e, passado algum tempo, voltou às ruas da cidade, encontrando um grupo de mulheres que o reconheceram. Jean, nesse momento, despejou o resto de perfume que guardara em si e as mulheres possuídas pelo cheiro devoraram‐no. 

 Excerto da Obra  

O excerto que escolhi foi: “O mesmo podia afirmar‐se em relação aos dez mil homens, mulheres, crianças e velhos que ali se 

encontravam  reunidos;  todos sentiam uma  fraqueza  idêntica à da  jovem que sucumbe ao  fascínio do seu apaixonado.  Invadiu‐os um enorme  sentimento de  simpatia, de  ternura, de um  violento e pueril afecto, sim, Deus o sabe, de amor pelo pequeno facínora; e não podiam nem nada queriam fazer contra isso. Assemelhava‐se a um desejo de chorar impossível de reprimir, que se reteve durante muito tempo e sobe do mais  íntimo, derretendo milagrosamente  todos os obstáculos, e  inundando e  liquidificando tudo.  Esta  gente  dissolvia‐se  por  completo  de  corpo  e  alma,  apenas  sentia  dentro  dela  o  coração, semelhante a uma coisa abandonada, que cada um depositava para o melhor e o pior entre as mãos do homenzinho vestido de casaca azul: amavam‐no.”  Opinião acerca da obra  

  Este livro foi, sem sombra de dúvida, um dos melhores que já li.   A história é fascinante. Faz‐nos entrar num universo de odores extraordinário. Inicia‐nos numa 

viagem  ao  mundo  das  sensações,  começa  por  nos  repugnar  com  o  nascimento  da  personagem. Contudo, deixa‐nos maravilhados pelo perfume que exala da sua escrita, simples e coerente. 

  O  único  aspecto menos  positivo  que  encontrei,  na  leitura  da  obra,  foi  a  descrição  de  cenas macabras  tais como a captura da essência de cheiro a determinados seres  (o humano, por exemplo), que poderá chocar os leitores mais sensíveis. 

  Süskind fez, efectivamente, um bom trabalho, ao descrever‐nos o mundo do ponto de vista de um dos nossos sentidos – o olfacto. É, sem dúvida, um livro muito bem conseguido. Não é, de todo, um livro subtil; é um livro agressivo e quase animal, tal como o comportamento da personagem principal.  

  O final é, claramente, inesperado. Contudo, agora vejo que é o melhor e o único final possível.   Aconselho seriamente a leitura deste livro porque embora seja intenso e profundo, é acessível. 

 

LIVRO DOS LIVROS 10: ÁFRICA ACIMA de Gonçalo Cadilhe Contrato de leitura escrito: Maria João Silva, nº 14, 9ºE Professora: Nazaré Coimbra, Língua Portuguesa Data de edição: Janeiro 2009  

O AUTOR

Gonçalo Cadilhe é um escritor e jornalista português. Nasceu na Figueira da Foz, em 1968. Licenciado em Gestão de Empresas, abandonou um futuro promissor nesta área para iniciar uma carreira de escritor repleta de novas experiências e novos saberes.

Nos últimos anos, tem colaborado com o Expresso, onde publica crónicas sobre as suas viagens pelo mundo. Escreveu livros baseados em viagens, descritas nas suas crónicas, como, por exemplo, “A Lua pode esperar” (2006) e “ Planisfério Pessoal” (2005).

Cadilhe vive a sua vida de uma forma muito intensa, uma vez que não usa relógio, aproveitando cada minuto da sua existência. Uma das suas paixões é o surf, que pratica sempre que pode.

Em suma, trata-se de um homem corajoso e aventureiro, que tem a escrita como um guia precioso da sua vida.

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RESUMO DA OBRA

África Acima é um conjunto de crónicas que Gonçalo Cadilhe escreveu durante vários meses. Este livro retrata uma viagem a África com um único objectivo: voltar a casa. Inicia esta aventura na Cidade do Cabo e termina-a no Estreito de Gibraltar.

África é um continente único e imprevisível, pois nunca se sabe os que nos espera. A sua viagem traduz-se pela inexistência do transporte aéreo, uma vez que o sujeito de enunciação prefere os transportes públicos degradados pelo tempo, a boleia e mesmo o próprio pé, pois “ voar não é viajar”.

Durante oito meses, Gonçalo Cadilhe passou por vários países, entre eles África do Sul, Namíbia, Botsuana, Zâmbia e Nigéria. O único contratempo foi a difícil obtenção de vistos. Assim, descobriu novos costumes e tradições, novas pessoas e, acima de tudo, percebeu que África, apesar de considerada violenta e pobre, é acolhedora e hospitaleira.

Na sua opinião, as pessoas de África são feitas de valores universais, solidariedade, bom senso, alegria e amizade. Tudo isto ultrapassa a corrupção, a desonestidade e os preconceitos sociais existentes desde a época dos Descobrimentos.

Este é, sem dúvida, um belo retrato de um continente mágico e deslumbrante. RAZÕES DA ESCOLHA DO LIVRO

Eu escolhi este livro porque gosto de livros de viagens, uma vez que nos ajudam a conhecer novas partes do Mundo, sem necessitarmos de fazer qualquer tipo de deslocação.

Contudo, penso que é um livro um pouco maçudo para a minha idade, pois a linguagem e também os conhecimentos que compõem esta obra são extensos. Fora isso, acho o livro interessante, na maneira como nos descreve os contrastes de valores sociais que predominam em África, e também porque um livro de viagens é sempre óptimo para descobrirmos coisas novas.