FOSTER, Hal - Arquivos Da Arte Moderna

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  • 8/11/2019 FOSTER, Hal - Arquivos Da Arte Moderna

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    rquivos d rte

    moderna

    Thomas Struth

    Musedu louvre

    IV, fotografia, 1989

    l84x217cm

    Fonte:

    http://~orgI

    arch ive f

    thomas 1otM -e -

    IVjpg

    Hal Foster

    o

    autor discorre sobre a dia/tica do vg- em trs momentos distintos da histria:

    metade do scuh

    /9,

    com Baude/aire

    e t1 an et; v ira da

    do scufo

    20 ,

    com

    P roust e

    Va/y, e

    o

    perfodo que antecede a Segunda Guerra com Panofsky e Benjamin

    Os arquivos de meu ttulo no so os lu-

    gares empoeirados cheios de documentos

    desnteressantes do conhecimento acadmi-

    co. Pretendo usar o termo como Foucault,

    significando o sistema que g{;vema a apari-

    o de declaraes , que estrutura expres-

    ses particulares de um perfodo especfico.

    Nesse sentido um arquivo no s por si

    afirmativo nem critico; simplesmente supre

    os termos do discurso. Esse simplesmen-

    te , entretanto, no algo pequeno, pois

    se um arquivo estrutura os termos do dis-

    curso tambm limita o que pode ou no

    ser pronunciado em determinada poca e

    lugar.Quero esboar aqui a/gumas mudan-

    as significativasnas relaes arquivais

    ob-

    tidas na prtica da arte moderna, no mu-

    seu de arte e na histria da arte no Oci-

    dente, aproximadamente entre 1850 e

    1950. Mais especificamente, quero consi-

    derar a estrutura-memria qJe esses trs

    agentes coproduziram durante esse pero-

    do e descrever uma dialtica do ver' com

    essa estrutura-memria (espero que esses

    termos se tomem mais clarosmedida que

    prossigo).2Focalizarei

    trs

    momentos espe-

    cfficos- talvez mais heursticos do que

    his-

    tricos - e concentrarei cada momento

    numa associao especfica de figurase tex-

    tos. De qualquer forma, todas as minhas f i . -

    guras so homens, e todos os meus textos

    so cannicos,mas os homens no parecem

    Modemismo mem6ria reificao

    to triunfantes em retrospecto, e os cnones

    se mostram mais equivalentes a escombros

    a revirar do que a barreiras a derrubar. Essa

    situao (que no precisa ser melanclica)

    distingue,polfticae estrategicamente, o pre-

    sente da arte e da crftica de seu passado

    recente (o passado da crtica ps-moderna

    do modernismo), e parte de meu objetivo .

    apontar essa diferena

    Minha primeira dupla nessa dia/tica do ver

    Baudelairee Manet Amemria , escreve

    Baudelaire em Salo de 1846, o grande

    critrio da arte; a arte a mnemotemia do

    belo ,' O que ele quer dizer que uma gran-

    de obra numa tradio artstica deve evocar

    a rnernna

    de

    mportantes precedentes nes-

    sa tradio como base ou apoio (para

    Baudelaire isso significavaa pintura ambido-

    sa ps-renascentista; ele depreciava a escul-

    tura). O trabalho, porm, no pode ser ofus-

    cado por esses precedentes: deve ativar

    sublmnarrnente a memria de imagensto

    importantes - atra-Ias, disfar-Ias,

    transform-las,' COmo ponto positivo dessa

    mnernotecnia do belo , Baudelaire aponta

    a

    persistncia

    da

    B als a d a M e d us a

    (1819),

    de Gricau/t, em

    Barca de Dante (1822),

    de

    DeIacroix. Esse -tipo de subtextualidade de

    iluses de ptica mnemnicas - distintas de

    qua/quertipo depastiche de citaes expl-

    citas- o que constitui uma tradio artsti-

    ca para ele, quase no sentido etimolgico

    TE M T I C A S H A L F O S T E R

    83

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    2/11

    de tradio como passagem de significa-

    dos potenciais, e, sob essa luz,a memria

    o meio da pintura para Baudelaire.'

    Duas pequenas correes podem ser adi-

    cionadas aqui.Primeiro,em uma inversoque

    se tomou familiar desde que T . S. 8iot es-

    creveu Tradio e o talento individual

    (1917), essas iluses de ptica tambm po-

    dem ser retroativas: a

    Balsa

    pode retomar

    em 8aJLa tambm, isto , em elaboraes

    mnemnicas deste. Nesse sentido, a tradi-

    o nunca dada, mas sempre construda, e

    cada vez maisprovisria do.que parece. Essa

    condio provisria setornou clara para ns,

    a ponto de, se os modernistas sentiam que

    a tradio era um fardo opressor, estarmos

    ns sujeitos a senti-Iacomo uma insustent-

    vel leveza do ser - mesmo que alguns de

    ns continuem projetando nisso um peso

    que no existe mais, como se precisssemos

    disso como um objeto habitual de apego ou

    an tag on ismo. S eg un do. o m odelo de

    p r t i

    artstica sugerido por Baudelaire como era

    j se configura como arte-histrico e j

    presume o espao do museu como a estru-

    tura de seus efeitos mnemnicos, como o

    lugar (mais imaginriodo que real) em que

    uma tradio artsticaacontece. Colocada de

    outra forma, essa mnemotecnia do belo

    supe uma altemncia institucional entre

    ateli e estdio, onde tais transfonnaes

    so feitas, e exposio e museu, em que se

    tornam efetivas para os outros (essa

    a1temncia mais mediada, dam, peJos

    vrios discursos de crticos de sales, leito-

    res de crticas, caricaturistas, fofocas, etc.).

    Em suma, no esquema de Baudelaire,a pin-

    tura uma arte da memria, e o museu

    sua arquitetura

    6

    Logo aps essa interveno de Baudelaire

    no discurso da metade do sculo 19 sobre

    memria artstica, surge Manet Como de-

    fendeu Michael Fried, ele de certa fonna

    perturba o modelo de l 3 a 1 . K l e I a r e pois sua

    84

    prtica empurra a subtextualidade das iluses

    de tica mnemnicas em direo a um

    pastiche de citaes explK:itas.Maisexplicita-

    mente que seus antecessores, Manet expe,

    ou melhor, prope uma estrutura-memria

    da pintura europeia desde o Renascimento

    ou, pelo menos, um agrupamento alusivo a

    esse tema complicado. Segundo Fried,

    Manet

    explcito em suas citaes porque

    busca incluir um passado p6s-renascentista

    na pintura europeia - atravs de aluses

    metoninicas arte francesa, arte espanhola

    e arte italiana(suas aluses relevantes so a

    O

    Ano

    Velzquez e Ticiano, entre outros,

    e seu Velho Msico (1862) uma espcie

    de compndio de referncias)? Nesse sen-

    tido, Manet produz, talvez pela primeira vez,

    o efeito de uma arte transeuropeia, de uma

    quase totalidade de

    tal

    pintura - efeito que

    logo permitiu pin1J.Jraser pensada como

    Pintura com P maisculo, e posteriormente

    levou associao de Manet ao advento da

    ru t

    rMdemigta

    ..~

    .~

    Um caso de teste bvio aqui

    almoo

    na

    .relva

    (/863) no S em suas conhecidas evo-

    caes de mestres da Renascena como

    RafaeJ(um detalhe de seu desaparecido O

    julgam ento de Pris citado nas figurasprin-

    cipaisatravs de umagravurade Marcantonio

    Raimondi), mas tambm em sua singular

    combinao de gneros tradicionais de pin-

    1J.Jracomo o nu, a natureza-morta, o retrato

    e a paisagem,todos transformados em pin_

    tura da vida.moderna . Para Fried,esse tex-

    to de imagens e combinao de gneros cria

    uma intensificada unidade de pintura que

    caracteristica de Manet e seus seguidores,

    unidade que Fried valoriza desde as cenas

    neoclssicasadotadas por Diderot at a abs-

    trao a1canadapor Frank Stellano finaldo

    modernismo: uma unidade dentro da pintu-

    ra que promove uma autonomia da pintura.

    Oaro que Baudelairevia as coisas de outra

    maneira: com sua ambivalente homenagem

    a Manet como o primeiro na decrepitude

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    e

    Paull

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    A ndr M alraux e as

    p laca s fo tog r .f f ic a s

    pa ra o se u M useu

    sem parede. cerca de

    1 95 0. P ar is M a tc h

    Falte: htt p-J /

    www.ar1Jlet.co mlMagaM eI

    f.re S iI

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    que seus fragmentos sejam emancipados de

    sua dependncia parasft:ica do ritual e leva-

    dos aos propsitos presentes da poltica ..

    {como ele coloca em seu famoso ensaio de

    1936, A obra de arte na era de sua

    reprodutibilidade tcnica ).

    Dessa forma, se Panofsky tenta

    resolver

    a

    dialtica da reificao e reanimao em fa-

    vor da reanimao, Benjamin procura exa

    cerbar essa mesma diaJtica em favor da

    reificao ou em favor de uma condio

    comunista posta do outro lado da reificao.

    Vrios esquerdistas nas dcadas de

    1920

    e

    1930 (Gramsci se destacava dentre eles)

    atenderam a esse chamado para lutar con-

    tra a justia obscura do capitalismo, a qual,

    Siegfiied Kracauer declarou em

    O

    omamen-

    to da massa (1927), racionalizar, em vez

    de muito, muito poocd; Em A obra de

    arte na era de sua reprodutibilidade tmi-

    ca , Benjamin tambm segue essa linha es-

    querda fordista : a destruio da tradio,

    aumentada pela reprodutibilidade tcnica e

    produo de massa, destrutiva e constru-

    tiva; ou, em vez disso, inicialmente

    destrutiva e depois potencialmente constru-

    tiva. Naquela poca, Benjamin ainda

    visualizava essa construo em potencial ~

    os experimentos construtivistas na Unio

    Sovitica ~ que varreria os fragmentos da

    velha cultura burguesa ou os reconstruiria

    radicalmente em nova cultura, proletria

    Com a represso stalnista da vanguarda no

    incio da dcada de 30, entretanto, essa mi-

    ragem j havia evaporado, e Benjamin nunca

    alcanou o outro lado da reificao.

    O

    que

    parecia iminente em seu Oautor como

    produtor (1934) se havia tomado utpico

    meros quatro anos depois, em seu Teses

    sobre a filosofia da histria . Como a figura

    aleg6rica desse ensaio, o ~,s- olUS de-

    senhado por Paul Klee e pertencente a Ben-

    jamin, ele sente os ventos da modemidade

    em suas asas, que, no entanto, se tornaram

    defeituosas: Seus olhos esto fixados, sua

    18 8

    boca est aberta, suas asas esto abertas.

    Assim se pode imaginar o anjo da histria

    Seu rosto est virado para o passado. Onde

    percebemos uma cadeia de eventos. ele v

    uma nica catstrofe que toma a empilhar

    destroos sobre destroos e os joga diante

    de seus psY

    At agora, coloquei trs diferentes relaes

    arquivais na prtica artstica moderna, no

    museu de arte e na histria da arte em trs

    momentos histricos diferentes: o primeiro

    associado a Baude/aire e Manet no meio do

    .sculo 19, o segundo a Proust e VaJry na

    Virada do sculo 20, o terceiro a Panofsky e

    Benjamin s vsperas da Segunda Guerra

    Mundial. De maneiras diferentes, a primeira

    fIgUra

    de

    cada dupla projeta uma totalidade

    da arte, enquanto a segunda revela, conscien-

    temente ou no, ser formada apenas por

    fragmentos. Novamente, para Benjamin, o

    principal agente dessa fragmentao a

    r epmdu ti bi lidade tmica :

    em

    A ob ra de arte

    na era de sua reprodutibilidade tcnica , a

    reproduo tira a arte de contexto, destri

    sua tradio e ~quida sua aura Mesmo per-

    mitindo nova totalidade ao museu, tambm

    o condena, e o cinema avana para suplant-

    10

    culturalmente. Dessa forma, o valor cultu-

    ral da arte erradicado e substitudo pelo

    valor de exibio da arte, seu potencial para

    o mercado e para o museu. Mas, pelo menos

    potencialmente, esse valor tambm desafia-

    do e, em lugar desses velhos e novos rituais,

    Benjamin defende um refuncionamento po-

    ltico

    da

    arte..

    Tal

    seu relato diaJtico da

    segunda relao arquival que se transforma

    numa terceira, relato que demonstra como

    cada mudana arquival ao mesmo tempo

    capacitante e incapacitante, transgressora e

    importante.

    No entanto, esse relato foi questionado, di-

    retamente ou no, por outros autores. Men-

    cionei Panofsky, mas MaJraux pode ser mais

    pertinente aqui, pois ele dialogava com Ben-

    jamin

    poca do ensaio A obra de arte na

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    Phip Guston

    A Day's Work,

    leo sobre tela

    1970

    198 x279cm

    oote

    WWIN.artdlr. .e.comfart t :hN ei

    glgustonlgustoo _ days _workjpg

    era de sua reprodutibilidade tcnica , o que

    foi importante para seu esboo inicialdo

    museu imaginro.fBMaJr:arixvislumbrava

    mesma transformao arqUiva que Benjamin,

    mas chegou a concluses diferentes. Em sua

    opinio, a reprodutibilidade tcnica no ape-

    nas corri a originalidade; tambm pode

    situ-ia ou mesmo constru-ta, E embora a

    obra de arte reproduzida perca aJgumasde

    suas propriedades como objeto, ganha igual-

    mente outras propriedades, como a signifI-

    cao mxima do estilo . Resumindo, onde

    Benjaminvia a ruptura definitivado museu

    forada pela reprodutibilidade tcnica,

    Malraux via sua expanso definitiva.Se para

    Benjamina reprodutibilidade tmica destri

    a tradio e liquidaaaura, para Malrauxprov

    meios de reorganizar os pedaos quebra-

    dos de tradio em uma metatradio

    de

    estilos globais - um novo museu sem pare-

    des cujo tema a famlia do homem. De

    fato, para Malraux exatamente o fluxo de

    uma aura liquidada que permitiria a todos

    os fragmentos desaguar juntos no rio da his-

    tria ou o que ele chama de vida persis-

    tente de certas formas, emergindo sempre

    com o espectros do passado .' I A qui os

    tmulos familiares reificados no museu de

    Valrytomam-se os espritos parentes rea-

    nimados no museu de MaJraux.Aqui tam-

    bm o anjo da histria-como-catstrofe

    imaginado por Benjamin toma-se o

    humanista tecnocrtco representado em

    Malraux, que trabalha no sentido de

    redirecionar crises locais para continuida-

    des globais, de transformar caos imagtico

    em ordem museolgica

    Garo que h outras vozes afticas a adicio-

    nar a esse terceiro momento, e eu no men-

    . oonei as inumerveis' prticas modernistas

    nele estimuladas..Claramente existe tambm

    uma quarta relao arquiva a considerar, a

    que emerge com a sociedade de consumo

    depois da Segunda Guerra Mundial, a ser

    registrada de formas diferentes pelo

    Independent Group na Inglaterra, os

    situacionistasna Frana,artistas como Robert

    Rauschenberg e Andy Warhol nos Estados

    Unidos, e Gerhard Richter e Sigmar Po\ke

    na Alemanha..

    1

    A questo que quero levan-

    tar aqui, entretanto, se refere a nosso pr-

    prio presente: j existe outra relaoarquival,

    um quinto momento nessa dialtica do ver,

    permitida pela informao eletrnica?Se sim,

    destri a tradio e liquida a aura e tudo

    mais Ia Benjaminsobre a reprodutibilidade

    tcnica ou, pelo contrrio, permite a des-

    coberta de mais afinidades estilsticas,a ado-

    o de mais valores artsticos, I a Ma/raux

    sobre o museu imaginnd Ou se entrega a

    toda essa oposio, todos esses termos, toda

    essadialtica,de certa forma obsoleta e mor-

    tal Que ep is temo lo g ia cu lt ur al uma r eo rg an i-

    zao digital pode sustentar para a prtica

    artsticao museu de arte e a histriada arte?

    No tenho concluses no momento, ape-

    nas algumas impresses. De algumasmanei-

    ras, a dialtica da reificao e reanimao

    continua, e com maior intensidade do que a

    anterior. Por

    UTl

    lado,

    medida gue uma

    reorganizdo digitaltransforma artefatos em

    informao parece ii-agmentar o objeto e

    absolutamente dissolver sua aura Por outro

    lado,qualquer dissoluoda aura s aumenta

    nossa demanda quanto a ela ou suafabrica-

    o, em projeo compensatria que ago-

    ra bastante familiar. Sendo diffcilproduzir

    outra atra. a j estabeIecida atinge valores

    estratosfricos (como Rem Koolhaas obser-

    vou, no existe passado suficiente para

    retomar). Assim, em uma continuao ele-

    trnica da shlome da Mona Lisa em que

    TE M TI C AS H A l F o ST E R 89

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    8/11

    .

    o dch s aumenta o culto, a obra de arte

    pode tomar-se mais aurtica, no menos,

    conforme adquire mais o catter de sirfitilaf

    cro no arquivo eletrnico. Uma verso des-

    sa projeo compensatria

    agora parte da

    retrica comum do museu de arte: o arqui-

    vo eletrnico no se desvia do objeto do

    museu, muito menos o suplanta;

    utilizado

    para nos levar de volta

    obra de arte e au-

    mentar sua aura. E pelo menos no nrvel

    operacional. esse arquivo no entra em con-

    flito com o protocolo bsico da histria da

    arte, pois ambos so de alguma forma

    iconogrficos e. dessa forma pelo menos,

    ambos so colocados a servio da

    referencialidade do objeto.

    Deixem-me, porm, mudar de rumo e

    retomar mais uma vez a nossa primeira re-

    lao arquival Foucault tambm associou

    esse momento a Manet e ao museu (assim

    como a Flaubert e biblioteca) na conheci-

    da citao toda pintura agora pertence

    superflcie quadrada e slida da pintura e 'to-

    das as obras literrias esto confinadas ao

    infinito murmrio de palavras . De vrias

    maneiras essa superfkie quadrada e slida

    da pintura negada - transgredida e desa-

    creditada - no museu sem paredes, e para

    Foucautt, assim como para Ma/raux, a base

    desse museu imaginrio de arte moderna

    discursiva: quase criado por deias - as ideias

    de

    estilo; arte e museu. Benjamin no se

    contenta apenas com esse relato discursivo,

    j que ele deixa em primeiro plano o papel

    material no

    S

    da reprod.Jo fotogrfICa,

    mas de um valor de exibio . Com esse

    termo ele quer dizer valor de troca confOr-

    me este penetra a instituio da arte e trans-

    forma a obra de arte e seu contexto. Oaro

    que essa transformao foi explorada por

    vrios movimentos em seu prprio presen-

    te, nosso terceiro momento arquival. Con-

    sideremos a Bauhaus nesse aspecto. Em seu

    projeto de transformar a obra de arte, con-

    testou as relaes arquivais de pintura e

    9

    museu que foram obtidas nos dois primei-

    ros momentos; no entanto, essa contesta-

    tambm fciliIDu>'a

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    9/11

    Artigo originalmente publicado na revista

    October; n. 99, inverno, 2002: 81-96 e de-

    . pois inserido no livroDesgrrand aime{and': .

    otherdiatribes) Londres/Nova YorlcVerso,

    2002. Foi apresentado como palestra no

    Museu do Louvre, em Paris;Universidade da

    Califrnia, Berkeley; Universidade de

    Princeton; e no Clark Institute.O autor agra-

    dece

    a os o rg an iz ador es e p b lic o

    desses lu-

    gares e a Eduardo Cadava por sua leitura

    cuidadosa

    FOSTER HaI, Archives of Modem art n

    Design and Crime,

    London and

    New YOrk

    Verso, 2002. '.;,.

    Ha l Foster

    critico de arte, coedrtor da

    revista

    October

    e p ro fe ss or d o D e pa rt am en to

    de

    A rte e A rqueo lo gia da

    U nive rsid ade d e P rin ce to n, A uto r d e div erso s liv ro s, e n-

    tre

    eles

    Compuls ve 8eauty

    (1993).

    lhe Retum ofthe

    Real (1996), D esig n a nd C rim e a nd O tbe r D 3trbe s

    (2002) e Prostbetic Gods ( 20 04 ). N o B ra si l, teve tradu-

    zido seu livro Recoddicao:

    arte,

    e sp et c ul o, p ol it ic a

    cultural (Casa

    Editorial Paulista,

    1996)

    e

    os

    ensaios

    O

    artista como

    etn grafo

    (Me

    Ensaios 12 , 2005 )

    e O

    retomo do real Concinnit; l s

    a 2(05).

    Traduo Louise

    D.D.

    Reviso tcnica Paulo Venancio Filho

    Notas

    *

    No or ig i na l,

    o

    au to r u ti li z a

    o reoIog ism o

    llIi1SeilI.

    aquiman-

    tido p a r a

    melhor

    com~ do 1 E l < t o

    no

    sentido

    po r

    e le p re te nd id o. ( N. T)

    I M i cheIFoucaul t, T h e a r c h a e o l o g y o f f < n o o M e d g e N o v a Ycric

    Harper

    Books,

    1976: 129

    [A ~ do

    sabe: Tra-

    duo de L uiz Felipe Ilaeta

    Ne..oes.

    R io de j arero: F0-

    r en se U ni ve rs it ria ). N o entanto, d if er eo te me nte d e

    F o uc a ul t, p re te nd o c o lo c ar e ss es a rq ui vo s

    em

    u m a p er .; -

    p ec tiv a h ist r ic a; d ar ei nf as e s m ud an a s v er if ic ad as

    de

    um

    p ara o o utro .

    2 Pego o primeiro termo ~ de MKhaeI f iied (__

    nota 4) e o se gundo

    de

    Su san BOOc-Mors sem D a Ie c tk s

    af seeing: Walter Benjvnn and lhe

    .An:a

  • 8/11/2019 FOSTER, Hal - Arquivos Da Arte Moderna

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    ~niv eJ,; ity P ress , 1993_ Em 'T radtion's des truc tio n: on

    the lil:rary of A Iex:n< fu (Oc/nber 100, prim M n. de

    2002 . a se.-lanlda) , D anieI HelI 6- -R oa zen de len de

  • 8/11/2019 FOSTER, Hal - Arquivos Da Arte Moderna

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    M K :haeIPodro.

    lhe

    aiticaI

    historians

    af art. N eN H a ve n:

    Vale

    U r W er si tt f hs s, 1 98 2, esperiaImente

    a

    inIroru;ln

    24

    Wal tPr

    Beniamin, ~ Ed-

    nad ara im posta pela rep rod u o fo tog rfica a um a

    mu tipl icid1de de objetos. ~ esttuas a baixos-rele-

    JO S e de ~ a selos, e d ess es s p la ca s d os

    Ondes, um '

    'estilO

    b3biInico

    p a re ce e m er g ir corno

    real

    u n id ad e . n o m e ra c Ia ss i1 ic a o- co mo algo Q ue

    erntra

    O estilo de vida de um pde criador. Na da

    1r.Insporta

    mais v iv i da e

    f o rt em e n te a

    no o

    d e u m d esti -

    n o d an do 1 i: m 1 a a o s f in s h t.m an os d o Q ue o s g ra nd es

    est ios . rujas evo lue s e t r an s fo rmaes parecem lJafl'

    d es cab i ze s de ix:r la s p e lo d e sf u o n a f . Jc e da

    terra' (112).

    3 1 Id,

    ibd;

    I ~

    Malraux no est soz inh o nesse m od o

    1DtIi i lante ; esse

    il um rmmento

    d e j pI 1< Ie s e sp erul a-

    es solre arte e a rq ui te tu ra p or S ie gf i- ie d G e d io n,

    G y orgf C ep es, H enri F ocillo n, Joseph Schillinger e

    A 1 e lG r de r D o rn e r, e nt re o u tr os .

    32;0

    t.to

    d e m in ha n ar ra ti va d e r el a e s a rq uiva is e st ar d e

    ; lg um a f am a l ig ada

    s

    p e ri od iz a e s d o espetculo

    pro-

    postas por G Jy D ebord, T . J. O ark e jonathan

    Criry

    no

    acidenti.

    33

    Mchel Fo txaIAt. F an ta si a o n th e l ib ra ry

    (1967),

    in

    / a n g u 3 g e

    counter-memory . pradce, f tha c a: Come l l

    UnNersity

    F r e s s

    1977 : 92 -93 .

    34

    )3in

    l laucHard.

    Frr

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    aitit:pe

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    economy

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    T r.I du ;i io de CJ me s l evin,

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    1981:

    1 9 6 [P..ra tIf1lil da e co no mia p ol t ic a d o

    ~ T r. rl .r ;3 od eA n ba lA lv es . S o PaUo: Ma r t in sF on-

    te s, t9'1 1J c A .so. m a is e n r g ic a d e ss a d aI tK : a c oo ti -

    maserdo a de l I a r d r e d o Tafui, ArdJtectu-e a n d u to -

    pia: desig n a nd c ap ita lis t d ev elo pm en t. T ra du o d e

    Il