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FOTOGRAFIA AÉREA ALTERNATIVA Texto e fotos: Paulo de Oliveira BALÕES DE AR QUENTE Os passeios silenciosos na barquinha de um balão sustentado apenas por ar aquecido são inesquecíveis e podem ser bem aproveitados para fotografia aérea. Em África, fazer um voo aos primeiros raios de Sol deslizando sobre a savana e obser- vando a baixa altitude as enormes manadas de gnus e zebras é um privilégio cada vez ao alcance de mais pessoas. Não deixe de levar consigo a câmara e capte para sempre essas visões fantásticas. Em Portugal já são organizados passeios de balão em diversos locais. Dividindo o alu- guer por vários fotógrafos esta pode ser uma forma simultaneamente económica e agradá- vel de fotografar do ar bonitas paisagens. Apesar de não ser possível executar grandes manobras com estes aparelhos, em com- pensação o voo pode ser muito lento e praticamente isento de vibrações. Basta que os seus colegas de barquinha cooperem e não façam movimentos bruscos. Foto 1 Foto 2

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FOTOGRAFIA AÉREA ALTERNATIVA

Texto e fotos: Paulo de Oliveira

BALÕES DE AR QUENTE

Os passeios silenciosos na barquinha de um balão sustentado apenas por ar aquecido são inesquecíveis e podem ser bem aproveitados para fotografia aérea. Em África, fazer um voo aos primeiros raios de Sol deslizando sobre a savana e obser-vando a baixa altitude as enormes manadas de gnus e zebras é um privilégio cada vez ao alcance de mais pessoas. Não deixe de levar consigo a câmara e capte para sempre essas visões fantásticas. Em Portugal já são organizados passeios de balão em diversos locais. Dividindo o alu-guer por vários fotógrafos esta pode ser uma forma simultaneamente económica e agradá-vel de fotografar do ar bonitas paisagens. Apesar de não ser possível executar grandes manobras com estes aparelhos, em com-pensação o voo pode ser muito lento e praticamente isento de vibrações. Basta que os seus colegas de barquinha cooperem e não façam movimentos bruscos.

Foto 1

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O PARAPENTE Com o parapente poderá aliar o verdadeiro prazer de voar com a prática da fotografia aérea. A aprendizagem de voo com um destes simples aparelhos voadores pode ser feita numa das diversas escolas espalhadas pelo país. Embora um pouco mais caros e barulhentos, os aparelhos equipados com motor são mais apropriados para a fotografia aérea. Uma das suas grandes vantagens consiste no facto de poderem levantar voo em terreno plano, ao contrário dos parapentes sem motor que precisam da corrente ascendente gerada numa colina ou no bordo de uma falésia. Acredito também que o facto de saltar para o vazio, no cimo de uma falésia com várias dezenas de metros de altura, seja para muitos de vós, como para mim próprio, uma emo-ção forte perfeitamente dispensável!

O voo processa-se a baixa velocidade, entre 20 e 55 km/h, deixando-nos tempo sufi-ciente para estudar a melhor trajectória para sobrevoar o local pretendido e fazer bastantes imagens por cada passagem sobre o alvo. Como o voo não está dependente da existência de correntes de ar quente ascendentes para nos sustentar no ar, podemos voar sem qualquer vento e até um vento máximo de cerca de 35 km/h. Depois de estabilizado o voo podemos pilotar o aparelho só com a mão esquerda, dei-xando a direita livre para operar a câmara. A inexistência de cockpit ou outras estruturas de protecção permite explorar uma enorme variedade de ângulos de imagem impossíveis de obter com outras aeronaves.

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O ruído moderado do seu pequeno motor e o facto de poder voar baixo, mesmo entre as copas das árvores, torna estes aparelhos ideais para fotografar animais que seriam ime-diatamente assustados pela presença de um avião ou helicóptero. Para manter a câmara sempre junto ao corpo, tanto na descolagem/aterragem como em pleno voo, poderá colar na parte traseira da câmara e no seu casaco, um pedaço de fita de velcro autocolante. A câmara pode assim ser fixa ou liberta com a maior das facilidades. Use uma sensibilidade de pelo menos 100 ISO de modo a obter uma velocidade de obturação suficiente para parar qualquer movimento involuntário e uma objectiva zoom de distância focal entre 28 e 100 mm. A objectiva zoom da Canon 24-105 mm f4 IS (com estabilizador de imagem) é uma das melhores escolhas para fotografar de um parapente com uma câmara com um sensor de imagem 24x36 mm.

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SISTEMAS MENOS CONVENCIONAIS Helicóptero ou avião telecomandado

A maioria dos modelos de helicópteros telecomandados podem ser apetrechados com uma câmara fotográfica compacta, motorizada, que permita captar vistas aéreas a baixa altitude. Além do enorme gozo de brincar com um destes aparelhos o sistema tem algumas van-tagens sobre os aparelhos de tamanho real. Elimina diversas burocracias e licenças de voo, e também nos liberta de determinados constrangimentos relacionados com a altitude mínima de sobrevoo, existência de corredores aéreos, disponibilidade de helicópteros nos momentos meteorológicos mais favoráveis, etc.

Foto 6 Hasselblad ELM equipada com uma objectiva grande-angular de 60 mm e um magazine de filme 70 mm que permite fazer até 70 fotografias. Nos tempos da fotografia analógica este conjunto era óptimo para grandes traba-lhos de fotografia aérea, tanto a partir aeronaves de tamanho real como dos meus helicópteros telecomandados.

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Os meus aparelhos são fabricados pela firma alemã Aero-Tec e foram desenhados pelo engenheiro Dieter Schluter, um pioneiro dos helicópteros modelo telecomandados. Foram concebidos para trabalhos de fotografia aérea utilizando câmaras de médio formato e dis-tinguem-se dos modelos de recreio pela sua grande dimensão (cerca de 2 metros de rotor principal) e por todos os componentes de fabrico terem um aspecto mais sólido.

Como na maior parte dos modelos actuais o funcionamento do rotor da cauda é regula-do por um sistema giroscópico que permite manter automaticamente a posição da cabeça (head-lock). A pilotagem do aparelho fica assim mais fácil e o seu voo muito mais suave. Possuem motores a dois tempos, de 22,5 e 35,5 cm3, do tipo dos usados nas motosse-ras, e podem transportar entre 5 a 7 kg de material fotográfico, vídeo ou de cinema. A câmara fica suspensa numa plataforma de inclinação regulável e está bem isolada das vibrações do aparelho através de blocos anti-vibração de borracha macia. Ao lado da câmara fotográfica está instalada uma pequena câmara de vídeo a cores e na ocular outra a preto e branco. O sinal de vídeo é enviado por um sistema emissor-receptor via rádio e visionado em terra num grande monitor a cores.

Foto 8 Nikon F100 montada na armação fixa, com a câmara vídeo a cores ao lado. Repara nos diminutos silenblocs que isolam das vibrações a fixação superior e na base da câmara. É no correc-to cálculo da elasticidade destes amortecedores que reside o maior segredo na obtenção de boas imagens com helicópteros telecomandados.

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A fotografia aérea com um destes helicópteros tem que ser feita por uma dupla piloto/fotógrafo que lado a lado garantem o controlo da aeronave e das operações das câmaras vídeo e fotográfica.

Foto 9 Nesta fotografia, tirada quase na vertical, o fotógrafo e o piloto do helicóptero estavam escondidos debaixo da árvore do lado direito da imagem

Foto 10 Nesta imagem vemos o monitor, com o receptor de vídeo em cima, e o rádio-controlo de dois canais para mudar de câmara vídeo e disparar a câmara

A câmara lateral de vídeo a cores dá-nos uma visão total da paisagem, mas para fazer o acerto final do enquadramento, com uma máxima precisão, muda-se para a outra câmara instalada na ocular antes de disparar a câmara fotográfica. Usei bastante uma Hasselblad ELM e uma Nikon F100 para estes trabalhos, mas as novas câmaras digitais como a Nikon D300 ou a Canon 450D, equipadas com objectivas VR ou IS são actualmente as mais ade-quadas. Agora o modo Live View permite-nos manter sempre uma óptima visualização da imagem e diminuir bastante o peso do conjunto pela eliminação das câmaras de vídeo.

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Estes aparelhos têm um raio de acção de cerca de 300 metros e uma autonomia de combustível para 30 minutos de voo. Convém dispor de um outro Helicóptero para aprender a pilotar e treinar regularmente. Ao contrário dos aficionados de aeromodelismo, para nós as acrobacias a alta velocidade, o voo invertido, e outras divertidas manobras aéreas, não têm a mínima utilidade. O impor-tante é saber voar com uma trajectória estável e corrigindo com suavidade as derivas pro-vocadas pelo vento: ou seja, o que é infinitamente mais difícil! Para não “perder a mão” convém fazer voar o helicóptero de treino pelo menos 2 horas por semana e treinar bastan-te no simulador. Existem diversos software que permitem usar o computador como simula-dor de voo. Usa-se o próprio rádio-comando do aparelho, ligado por um cabo ao computa-dor, e os melhores programas permitem-nos mesmo configurar com pormenor o tamanho, peso e até o aspecto exterior da aeronave, assim como introduzir cenários 3D, regular a velocidade e direcção do vento, etc.

Foto 12 Helicóptero Graupner 60 utilizado para treino de pilotagem. O acessório fixo por baixo do trem de aterragem destina-se a proteger melhor o aparelho no caso de uma aterragem mais violen-ta.

Foto 13 Fotografia da falé-sia entre a Lagoa de Albu-feira e o Cabo Espichel efectuada a uma altitude de cerca de 300 metros. A esta altitude já começa a ser difí-cil por vezes visualizar bem o helicóptero. São condições de trabalho limite para estes aparelhos

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É conveniente aprender a afinar com perfeição o helicóptero para minimizar a indução de vibrações indesejáveis. As pás do rotor principal e da cauda devem ser regularmente cali-bradas e substituídas ao mínimo toque acidental. O motor tem que estar sempre bem afi-nado e descarbonizado. Use sempre o melhor óleo para a mistura e nada de concessões com a valvulina da caixa de transmissão. Contrariamente ao que muitos preguiçosos nos querem fazer crer, a limpeza regular do aparelho é essencial para evitar um desgaste prematuro de todos os componentes móveis. A areia revolvida do chão ao levantar e aterrar vai depositar-se nas gorduras lubrificantes e funciona como um autêntico esmeril. Modifiquei radicalmente um dos aparelhos passando a câmara para uma posição fron-tal e todo o sistema de recepção/transmissão e baterias para trás. A câmara fica assente numa plataforma móvel, regulável por rádio-controlo para os eixos horizontal e vertical, e a horizontalidade do sistema em relação ao horizonte, é sempre mantida por um bom giros-cópio. Enfim: um pouco complicado, mas quando está tudo bem afinado proporciona muito bons resultados, sobretudo para filmagens vídeo. Um dos segredos para obter imagens de boa qualidade com um helicóptero telecoman-dado é calcular bem o shunt (maleabilidade) da borracha usada nos silentblocs. O ideal seria dispor de um conjunto de silentblocs para cada conjunto câmara objectiva; mas pelo menos devem ser o mais adequados possível ao peso em causa. Existem poucos estabe-lecimentos em Portugal com uma boa diversidade de pequenos silentblocs para oferta. Também podemos instalar uma câmara fotográfica num avião telecomandado especial-mente modificado para o efeito. Mas aliada ás desvantagens operacionais dos aviões ver-dadeiros aqui também acresce o problema da necessidade de se dispor de um local apro-priado para descolar e aterrar. Numa expedição que fiz em 1984 à Islândia para filmar para a televisão francesa os res-tos de um barco afundado, embarcou connosco um francês que fazia justamente fotografia aérea com um avião concebido e construído por ele; era na altura um campeão de aeromo-delismo naquele país. Ora ali era preciso justamente obter fotos aéreas do barco da expedição no alto-mar e nos locais por onde íamos passando: ou seja raramente havia pistas de descolagem. O avião era largado á proa de um barco de borracha lançado a grande velocidade e depois de efectuar a sessão fotográfica era de novo recuperado no barco principal, fazendo-o voar de encontro a uma rede de pesca de emalhar estendida frouxa, entre dois paus de carga à popa. Assim que o avião atingia a rede e enleava nela o hélice caía-lhe a tripulação quase toda em cima para evitar que se soltasse caindo no mar. É sem dúvida um sistema pouco prático mas indiscutivelmente muito divertido...e funcionou perfeitamente!

Foto 14 Câmara Olympus µ instalada numa armação de alumínio, muito aligeirada, que permite regular apenas a sua inclinação vertical. Por baixo vemos um siste-ma de disparo remoto da Wein através da célula fotoe-léctrica da marca. Foi este apetrecho muito simples com que fiz as minhas primeiras experiência de fotografia aérea através de um balão cheio de hélio.

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Balões de hélio

Uma forma mais silenciosa e tranquila de elevar uma câmara para fazer fotografia aérea a baixa altitude é utilizar um balão cheio de hélio cuja altura será regulada através de um cabo de ancoragem. Um balão com 2 a 3 metros de diâmetro tem suficiente poder ascensional para elevar uma câmara SLR como por exemplo uma Canon 400D, com objectiva e respectivo sistema de controlo remoto Podemos utilizar para o efeito um dos balões usados para publicidade aérea, onde se instala um suporte para a câmara com mecanismos telecomandados para regular o seu posicionamento nos três eixos. O enquadramento é assegurado por uma pequena câmara de vídeo colocada na ocular da câmara fotográfica que envia por rádio o sinal vídeo atra-vés de um emissor miniaturizado ou directamente da câmara se ela já dispuser do novo sistema Live View. O fotógrafo, depois de regular a altura do balão, fica com as mãos livres para controlar a câmara através de um pequeno monitor portátil. Um leme instalado no balão vai permitir optimizar a estabilidade da “geringonça” e fotografar com velocidades por vezes abaixo dos 1/125. O sistema é bastante portátil e fácil de instalar, apesar de precisarmos transportar sem-pre connosco uma garrafa de hélio; e este gás é relativamente caro. Mas permite uma ope-ração perfeitamente silenciosa e efectuada só pelo próprio fotógrafo, o que em muitas situações pode ser uma grande vantagem. Na foto: 14 podem ver uma Olympus µ montada numa simples plataforma de alumínio aligeirado com que fiz as primeiras experiências de foto aérea com balões de hélio. Na cir-cunstância usei 5 sacos de plástico do lixo (dos finos) cheios de hélio. Apesar do gado lá da quinta ter fugido todo ao ver elevar-se nos céus o desajeitado conjunto, os resultados foram logo promissores.

Foto 15 Conjunto base para fazer fotografia aérea com um papagaio “sem penas”. Á esquerda flash Vivitar 283 para accionar o disparo remoto da câmara através do módulo da Wein. Ao centro a Olympus µ na armação de suspensão com o módulo de disparo da Wein e res-pectiva célula foto-eléctrica. Á direita vemos o enrolador com cerca de 200 metros de fio e o respectivo cinturão de fixação à cintura.

Os papagaios ou “kites” Descansem os defensores dos direitos dos animais que não vou sugerir que obriguem um papagaio a voar com uma pesada Canon DS III agarrada ao peito para fazer fotografias aéreas. Estes papagaios não têm penas e são derivados dos papagaios de papel com que porventura também brincou na sua infância. Além de muito divertido, este processo permite, com um pouco de prática, fazer boas fotografias aéreas a baixa altitude. Comece por comprar um destes papagaios numa das várias lojas da especialidade que já existem no nosso país. Não adquira um modelo de acrobacia de configuração esguia e manobrado por dois punhos, esses só servem mesmo para pura diversão balnear. Escolha antes um dos modelos para voo estacionário de configuração triangular.

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Foto 16 e 17 Sistema pendular de fixação da câmara no fio do papagaio. A pequena rótula permite regular a inclinação da câmara.

Senão compre tecido dos parapentes e, com uns tubos de fibra de carbono e uma boa costureira, construa o seu próprio papagaio. Como cauda basta usar uma tira de plástico ou tela com 2 a 3 metros de comprimento para ajudar a posicionar bem o papagaio na direcção do vento e melhorar a sua estabilidade. Por experiência própria conclui que um modelo triangular (ou delta) com uma enverga-dura de dois metros permite com um pouco de vento levantar uma Olympus µ e respectivo sistema de suspensão. A câmara tem que ser modificada para retirar do seu interior os fios necessários para fazê-la disparar à distância com um disparador remoto por rádio. Usei um disparador remoto da Wein que funciona associado a uma célula WP-SSL Ultra Slave. Este aparelho acciona o disparo da câmara através do relâmpado do flash Vivitar que se pode ver no lado esquerdo inferior da foto: 15 .

Foto 18 Quando tudo corre bem podemos obter imagens como esta tirada em Belém, Lisboa. O fotógrafo ficou por pouco fora da imagem. Mas é preciso estar com muita atenção. Se o vento abranda e não se consegue ter uma reacção rápida, lá vai a câmara e o papagaio apanhar uma banhoca no rio Tejo

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A inclinação da câmara deve ser regulada previamente e o enquadramento é efectuado por estimativa avaliando a inclinação da câmara em relação ao solo. O sistema é bastante primário mas, com um pouco de prática, conseguem-se bons resultados (foto: 18). Antes de aplicar a câmara fotográfica faça bastantes treinos de voo só com o papagaio para perceber os limites do sistema. Os ventos muito fortes são particularmente perigosos porque podem provocar quedas muito rápidas e violentas. Quando o vento é fraco torna-se mais fácil compensar uma queda mantendo o fio sempre tenso de modo a conseguir uma aterragem suave, normalmente sem consequências muito graves para a câmara. Se quiser elevar equipamento mais pesado vai ter que construir um papagaio com maior área de sustentação. Mas a certa altura já precisará começar a usar sistemas de vários andares muito semelhantes a um parapente; e então talvez seja mesmo melhor começar a pensar em acompanhar a sua câmara nos voos fotográficos.

Foto 19 Quando o vento junto ao solo é fraco torna-se necessário pôr as coisas a mexer com uma boa corrida. Confesse lá que nunca tinha pensado em fotografia aérea aeróbica

Foto 20 E assim começa mais uma diver-tida sessão de fotografia aérea. O sistema de suspensão pendular e a força da gravidade encarregam-se de man-ter a câmara quase sempre bem nivelada com a linha do horizonte.

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O tripé alto Realmente, não se trata aqui de verdadeira fotografia aérea mas tão-somente elevar a câmara do chão alguns metros para conseguir um ponto de vista ligeiramente superior. Uma necessidade que ocorre muitas vezes quando, por exemplo, fotografamos paisagens muito planas e sem pontos elevados onde nos possamos empoleirar para obter um ponto de vista mais favorável. A forma mais simples de o conseguir consiste em colocar a câmara fixa em cima de um monopé completamente distendido e, erguendo o conjunto com o braço, disparar a câmara através de um cabo disparador eléctrico. Usei assim a minha Nikon F100, muitas vezes, para obter imagens que de outro modo teriam sido impossíveis de conseguir. Para manter o sistema o menos complicado possível transformei um cabo de extensão MC-21 do dispa-rador eléctrico da Nikon. Este cabo é constituído por 10 condutores destinados a inúmeras funções que raramente usamos em fotografia, mas só 3 são precisos para operar a câma-ra: a massa, a ligação do AF e fotómetro e o terceiro dispara a câmara. Descarnando as extremidades recuperei os outros cabos para enviar 12 V para a pequena câmara vídeo colocada na ocular da Nikon F100 e outros dois para fazer descer o respectivo sinal de vídeo. E assim em vez de um molhe de fios fiquei só com um simples cabo de ligação à câmara. Para colocar a câmara a 4 ou 5 metros de altura podemos usar um tripé de estúdio alto dos utilizados para posicionar iluminadores (como por exemplo o Manfrotto Art: 087 NW ou 111U). Normalmente dispõem de uma manivela para regular o movimento de elevação. A câmara pode ficar instalada em cima de uma cabeça eléctrica que permite o seu posiciona-mento remoto e o enquadramento será verificado a partir da imagem obtida através de uma pequena câmara de vídeo colocada na ocular da câmara fotográfica (foto: 21). O fotógrafo posicionado junto à base do tripé poderá assim regular com precisão o enquadramento da câmara através de um pequeno monitor e dispará-la através de um sim-ples cabo eléctrico de 3 condutores.

Foto 21