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62 A SBPC fez um acordo com a TV Cultura, no final de março, para ini- ciar a produção de um vídeo-docu- mentário sobre a história da entidade. O documentário vai utilizar imagens produzidas pela TV Cultura como as gravações de programas como o Roda Viva e Opinião Nacional. Além disso, pelo fato de sempre ter feito a cober- tura jornalística dos eventos da SBPC, a emissora pública paulista possui o maior acervo audiovisual so- bre a entidade no país. “Boa parte do acervo audiovisual da própria SBPC são cópias de programas jornalísticos da TV Cultura”, conta Fabíola de Oli- veira, responsável pela supervisão jor- nalística desse projeto. “Isso nos mo- tivou a buscar esta parceria”, diz. Além do material áudio-visual, ou- tra fonte de pesquisa para o docu- mentário será o acervo de imagens e documentos da própria SBPC, refe- rentes aos 60 anos da instituição. Es- te conjunto está sendo recuperado e organizado com a colaboração do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Co- municação e Artes (ECA) da Uni- versidade de São Paulo (USP) sob a coordenação de Regina Keiko Oba- ta Ferreira Amaro. O acervo da SBPC conta com um grande núme- ro de documentos em diversos su- portes como filmes, vídeos, fotogra- fias, publicações, impressos, atas, dossiês e diversos documentos ofi- ciais, além de transcrições de confe- rências e palestras proferidas em reu- niões anuais, regionais e especiais da DOCUMENTÁRIO P ARCERIA COM A TV CULTURA RECUPERA HISTÓRIA DA SBPC Fotos: divulgação SBPC Cartazes das Reuniões Anuais da instituição ocorridas nos anos de 1974 e 1992

Fotos: divulgação SBPC - BVScienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v60n2/a27v60n2.pdf · 2011. 4. 20. · trar que a história da entidade foi fei-ta, sobretudo, pelas pessoas que pas-saram

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A SBPC fez um acordo com a TVCultura, no final de março, para ini-ciar a produção de um vídeo-docu-mentário sobre a história da entidade.O documentário vai utilizar imagensproduzidas pela TV Cultura como asgravações de programas como o RodaViva e Opinião Nacional. Além disso,pelo fato de sempre ter feito a cober-tura jornalística dos eventos daSBPC, a emissora pública paulistapossui o maior acervo audiovisual so-bre a entidade no país. “Boa parte doacervo audiovisual da própria SBPCsão cópias de programas jornalísticosda TV Cultura”, conta Fabíola de Oli-veira, responsável pela supervisão jor-nalística desse projeto. “Isso nos mo-tivou a buscar esta parceria”, diz.Além do material áudio-visual, ou-

tra fonte de pesquisa para o docu-mentário será o acervo de imagens edocumentos da própria SBPC, refe-rentes aos 60 anos da instituição. Es-te conjunto está sendo recuperado eorganizado com a colaboração doDepartamento de Biblioteconomiae Documentação da Escola de Co-municação e Artes (ECA) da Uni-versidade de São Paulo (USP) sob acoordenação de Regina Keiko Oba-ta Ferreira Amaro. O acervo daSBPC conta com um grande núme-ro de documentos em diversos su-portes como filmes, vídeos, fotogra-fias, publicações, impressos, atas,dossiês e diversos documentos ofi-ciais, além de transcrições de confe-rências e palestras proferidas em reu-niões anuais, regionais e especiais da

DOCUMENTÁRIO

PARCERIA COM A TV CULTURARECUPERA HISTÓRIA DA SBPC

Fotos: divulgação SBPC

Cartazes das Reuniões Anuais da instituição ocorridas nos anos de 1974 e 1992

7_Cultura_23_1.qx 6/2/08 11:45 AM Page 62

Page 2: Fotos: divulgação SBPC - BVScienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v60n2/a27v60n2.pdf · 2011. 4. 20. · trar que a história da entidade foi fei-ta, sobretudo, pelas pessoas que pas-saram

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LITERATURA

REGIONAL, UNIVERSAL: 100 ANOS DE GUIMARÃES ROSA

“O SENHOR... MIRE VEJA: O

MAIS IMPORTANTE E BONITO,

DO MUNDO, É ISTO: QUE AS

PESSOAS NÃO ESTÃO SEMPRE

IGUAIS, AINDA NÃO FORAM

TERMINADAS – MAS QUE

ELAS VÃO SEMPRE MUDANDO.

AFINAM OU DESAFINAM.

VERDADE MAIOR. É O QUE A

VIDA ME ENSINOU. ISSO QUE

ME ALEGRA, MONTÃO.”

Trecho de Grande sertão: veredas, em que o jagunço conversa o “doutor”.

Ao se revisitar a obra de GuimarãesRosa, no ano em que o escritor com-pletaria cem anos, percebe-se a for-ça e atualidade de seus livros. O quefaz uma obra de arte ser consideradabela, eterna e sobreviver ao tempo éuma questão com muitas respostas.As hipóteses passam pelas grandesrevoluções técnicas como o sfumatode Leonardo da Vinci, a grandeza ea beleza estética de Dante Alighieriou a espiritualidade de Johann Se-bastian Bach. Suzi Sperber, professora de literatu-ra da Universidade Estadual deCampinas (Unicamp), acredita quea atemporalidade da obra de Gui-marães Rosa se deve “à extraordiná-ria beleza do texto e forma como eletrabalha com as palavras”. Segundoela, a obra dele nos obriga a abordá-la com a emoção e não com a razão.“Ele quer a derrota da razão. O lei-tor não é obrigado a ter conheci-mentos literários para ser envolvidopelo texto”, afirma. Os contos e romances do autor, naprimeira impressão, parecem ina-cessíveis, mas ao mesmo tempo en-volvem o leitor, principalmenteatravés da linguagem poética e umaconstrução estética consciente dosom e ritmo da palavra. Sua lingua-gem é um “terreno movediço e de li-mites imprecisos entre a prosa e apoesia”, define Cláudia Soares, ou-tra especialista em Guimarães Rosae professora da Universidade Fede-

ral de Minas Gerais (UFMG). Se-gundo ela, Rosa produziu uma mis-tura, partindo de uma dicção defundo regionalista, acrescentandoelementos provenientes de seu am-plo conhecimento da língua portu-guesa e das outras que conhecia –como arcaísmos, estrangeirismos eneologismos. Grande sertão: veredas, a obra maisaclamada do autor, é uma auto-nar-rativa de um jagunço aposentado,que conta a sua história a um viajan-te, um “doutor”, que passa um tem-po hospedado em sua fazenda. O re-gistro dessa conversa, no qual só ou-vimos a voz do jagunço, reflete e in-

entidade, capazes de contar umaparte importante da história daciência no Brasil a partir da segundametade do século XX. O convêniocom a ECA dará continuidade aotrabalho desenvolvido até o ano pas-sado, denominado Projeto Memó-ria, que realizou a primeira fase deinventário do acervo. Segundo Fa-bíola, este ano deve ser concluída acatalogação das informações e im-plantação de uma base de dados que,em 2008, será disponibilizada pormeio de um site na internet. A idéiaé que o acervo possa ser utilizado porpesquisadores, estudantes, professo-res e demais interessados.

MEMÓRIA CIENTÍFICA O vídeo-docu-mentário, que ainda está na fase deroteirização, terá 52 minutos de du-ração. Já foi definido, entretanto,que ele contará com depoimentos detodos os presidentes vivos da SBPC.“Estes depoimentos serão usados deforma aleatória para dar dinamismoao documentário. Queremos mos-trar que a história da entidade foi fei-ta, sobretudo, pelas pessoas que pas-saram por aqui”, explica Fabíola.Além disso, serão ouvidos historia-dores de ciência para falar da relevân-cia da instituição para o país.O projeto do vídeo-documentáriosobre os 60 anos da SBPC está sendocoordenado por Lisbeth Cordani eAmélia Hamburger. O vídeo serálançado durante a 60ª- ReuniãoAnual que vai acontecer na Uni-camp, Campinas (SP) no mês de ju-lho e também poderá ser visto na gra-de da programação da TV Cultura ede TVs universitárias de todo o país.

Patrícia Mariuzzo

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