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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL Francisco da Costa Gomes Filho PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE: UMA REVISÃO LITERÁRIA MARABÁ PA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

Francisco da Costa Gomes Filho

PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE:

UMA REVISÃO LITERÁRIA

MARABÁ – PA

2010

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Francisco da Costa Gomes Filho

PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE:

UMA REVISÃO LITERÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Universidade Aberta do Brasil – Universidade

Federal de São Paulo para obtenção do

Certificado de Conclusão do Curso de

Especialização em Informática em Saúde.

Orientadora: Profª Dra MARILENA PACIOS

MARABÁ - PA

2010

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Ficha de Aprovação

Francisco da Costa Gomes Filho Cód. Matrícula: _______

PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE:

UMA REVISÃO LITERÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do Certificado de Conclusão do

Curso de Especialização em Informática em Saúde.

Nota: _______ ( ) Aprovado ( ) Reprovado

Banca examinadora:

1. Marilena Pacios 1. _______________________________

Orientadora Assinatura

2. _____________________ 2. ______________________________

1º Examinador Assinatura

3. ____________________ 3.___________________________

2º Examinador Assinatura

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4

À Mônica, minha mulher.

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RESUMO

O prontuário eletrônico do paciente é um meio físico cujas informações de saúde,

clínicas e administrativas, ao longo da vida de um indivíduo no ato de sua internação

estão armazenadas, e, muitos benefícios podem ser obtidos deste formato de

armazenamento. Dentre eles, podem ser destacados: acesso rápido aos problemas

de saúde e intervenções atuais; acesso a conhecimento científico atualizado com

conseqüente melhoria do processo de tomada de decisão; melhoria de efetividade do

cuidado, o que por certo contribuiria para obtenção de melhores resultados dos

tratamentos realizados e atendimento aos pacientes; possível redução de custos, com

racionalização dos recursos. Os registros de saúde, dentre os quais o mais importante

é o prontuário médico, até recentemente eram representados por documentos em

papel mantidos em uma variedade de formatos, conteúdos, e locais diferentes. A

impossibilidade de acessar e integrar dados de pacientes individuais ou de grupos de

pacientes registrados em documentos manuais resulta em uma visão fragmentada da

evolução dos problemas de saúde individuais e a impossibilidade de recuperar a

informação agregada dos prontuários de uma comunidade. Esta revisão representa

uma atualização sobre o prontuário eletrônico do paciente em seus diversificados

aspectos através de uma revisão literária e análise de dezenove publicações

extraídas de um elenco de vinte e sete trabalhos, após o estabelecimento dos

critérios: período (entre 2005 e 2010) e idioma (português e inglês), independente dos

países de suas publicações.

Palavras – Chave: Prontuário; Arquivos Médicos; Prontuário Eletrônico do Paciente.

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ABSTRACT

The electronic patient record is a medium whose physical health information, clinical

and administrative, throughout the life of an individual at the time of his hospitalization

are stored, and many benefits can be obtained from this storage format. Among them

may be distinguished: fast access to health problems and current interventions,

access to current scientific knowledge with consequent improvement of the process of

decision making, improving effectiveness of care, which certainly help to achieve

better treatment outcomes performed and patient care, possible cost reductions, with a

rationalization of resources. Health records, among which the most important is the

medical record, until recently were represented by paper documents kept in a variety

of formats, content, and different locations. The inability to integrate data from

individual patients or groups of patients recorded in manual documents results in a

fragmented view of the evolution of individual health problems and the inability to

recover aggregate information from records of a community. This review represents an

update on the electronic patient record in its many aspects through a literature review

and analysis of nineteen publications drawn from a cast of twenty-seven works, after

the establishment of criteria: period (between 2005 and 2010) and language

(Portuguese and English), regardless of the countries of their publications.

Keywords: Handbook; Medical Files; Electronic Health Record.

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LISTA DE SIGLAS

AC - Autoridade Certificadora

CFM – Conselho Federal de Medicina

CPRI – Computer - based Patient Record Institute

CRM – Conselho Regional de Medicina

DANT’s – Doenças e Agravos Não Transmissíveis

DOU – Diário Oficial da União

GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos

ICP Brasil - Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira

IEC - International Electrotechnical Commission

IOM - Institute of Medicine of National Academies dos Estados Unidos

ISO - Organização Internacional para Padronização

ITI - Instituto Nacional de Tecnologia da Informação

MS - Ministério da Saúde

NGS1 - Nível de garantia de segurança 1

NGS2 - Nível de garantia de segurança 2

NTIC’s - Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação

OMS – Organização Mundial de Saúde

PAM – Policlínica de Atendimento Médico

PEP – Prontuário Eletrônico do Paciente

PHR - Personal Health Record

PPS - Prontuário Pessoal de Saúde

PSF – Programa de Saúde da Família

SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

SQL – Standard Query Language

SUS - Sistema Único de Saúde

UBS – Unidade Básica de Saúde

UICC - International Union Against Cancer

UNESP – Universidade Estadual Paulista

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

USF – Unidade de Saúde da Família

USP – Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 09

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 10

2.1. Conceitos de Prontuário Eletrônico do Paciente ............................................. 10

2.2. Resumo Histórico do Prontuário ....................................................................... 11

2.3. Estruturação da Evolução Clínica para o Prontuário Eletrônico do Paciente12

2.3.1 Potenciais Benefícios ..................................................................................... 13

3.Vantagens e Desvantagens do Prontuário Eletrônico do Paciente ................... 14

3.1. Vantagens do Prontuário Eletrônico do Paciente ............................................ 14

3.2. Desvantagens do Prontuário Eletrônico do Paciente ...................................... 16

4.PERSPECTIVAS DO PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE .................... 19

5. UM NOVO OLHAR PARA O PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE ...... 21

6. METODOLOGIA ..................................................................................................... 22

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 24

8. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 26

ANEXOS

Conselho Federal de Medicina - Resolução CFM Nº 1.931, de 17/09/2009. ...... 30

Código de Ética Médica ........................................................................................ 32

Resolução CFM nº 1.605/2000 .............................................................................. 50

Resolução CFM nº 1.638/2002 .............................................................................. 52

Normas Técnicas para o Uso de Sistemas Informatizados para a Guarda e

Manuseio do Prontuário Médico .......................................................................... 55

Certificação dos Sistemas Informatizados para a Guarda e Manuseio do

Prontuário Médico ................................................................................................ 58

Resolução CFM Nº 1.821/07 ................................................................................. 59

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1. INTRODUÇÃO

É visível o progresso da tecnologia da informação no tocante a Informática

em Saúde, porém esta evolução não é tão pronunciada como em outros campos da

atividade humana, como por exemplo, do sistema financeiro. Hoje praticamente não

precisamos mais ir a qualquer agência bancária, nem mesmo a que mantemos conta,

para efetuarmos algumas transações. Isto pode ser feito em vários pontos distribuídos

pela cidade, ou mesmo usando pequenos aparelhos de comunicação.

O prontuário do paciente, também chamado de prontuário médico, foi

criado por médicos e enfermeiros para anotações sistemáticas dos cuidados

prestados a pacientes.

Atualmente, a gestão dos cuidados de saúde é impulsionada pela

necessidade de tirar o máximo de produtividade com o mínimo de recurso disponível,

provocando uma tendência no mundo da administração dos serviços de saúde a cada

vez mais mudarem seus prontuários em papel para prontuário eletrônico ou baseados

em computador. Porém esta adesão ao Prontuário Eletrônico do Paciente por muitas

instituições de saúde ainda continua baixa, notadamente nos serviços públicos.

Este trabalho visa fazer uma revisão bibliográfica do assunto, utilizando-se

da, provavelmente maior fenômeno tecnológico da humanidade, a INTERNET. Tem

como meta destacar conceito, características, benefícios em potencial além de

enfatizar dificuldades na sua utilização e implantação.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Conceitos de Prontuário Eletrônico do Paciente

Prontuário origina do termo em latim promptuarium que quer dizer “lugar

onde se guardam ou depositam as coisas que se pode necessitar a qualquer

instante”. A idéia não é nova, Hipócrates, já defendia que os médicos registrassem

por escrito seus atendimentos ao paciente, no sentido de delinear o curso de uma

doença ou indicar suas causas possíveis (MOTA, 2006; DIAS, 2008; e, FILGUEIRAS,

2009; apud MARIN; MASSAD; AZEVEDO NETO, 2003).

Na língua portuguesa existem diversas denominações como Prontuário do

Paciente, Prontuário Médico, Registro do Paciente, independente do seu formato, se

em meio tradicional ou eletrônico.

Prontuário eletrônico do paciente tem algumas definições segundo diversos

autores:

Segundo PEREIRA, et al (2003), “Prontuário eletrônico do paciente é uma

estrutura eletrônica para manutenção de informação sobre o estado de saúde e o

cuidado recebido por um indivíduo durante todo seu tempo de vida”.

O Institute of Medicine of National Academies dos Estados Unidos (IOM,

1997) define o Prontuário Eletrônico do paciente como: “... o registro eletrônico

inserido em um sistema projetado para apoiar os usuários, fornecendo acesso a um

completo conjunto de dados corretos, alertas, sistemas de apoio à decisão e outros

recursos, como links para bases de conhecimento médico”.

Para o Institute of Medicine: "o registro computadorizado de paciente é

um registro eletrônico que reside em um sistema especificamente projetado para dar

apoio aos usuários, a partir da disponibilidade de dados completos e corretos,

lembretes e alertas aos médicos, sistemas de apoio à decisão, links para bases de

conhecimento médico, e outros auxílios"; enquanto que, o Computer - based Patient

Record Institute considera que: "Um registro computadorizado de paciente é uma

informação mantida eletronicamente sobre o status e cuidados de saúde de um

indivíduo durante toda a sua vida".

Ainda no mesmo trabalho acima citado, o Computer-based Patient Record

Institute (CPRI) norte - americano define o prontuário eletrônico do paciente como um

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registro das informações sobre o estado de saúde e os cuidados que o paciente

recebeu durante toda a sua vida e que são mantidas eletronicamente (CPRI, 1995).

Para o Conselho Federal de Medicina (CFM): “... o prontuário médico é

documento único, constituído por informações, sinais e imagens registrados a partir

de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele

prestada, com caráter legal, sigiloso e científico, utilizado para possibilitar tanto a

comunicação entre os membros de uma equipe multiprofissional como a continuidade

da assistência prestada ao indivíduo” (CFM, 2007).

O Conselho Federal de Medicina e a Sociedade Brasileira de Informática

em Saúde (SBIS), através da Resolução CFM No 1821, regulamenta a digitalização de

documentos e autoriza a eliminação do papel, Porém estas definições deixam claro

que a digitalização do prontuário em papel não o torna um prontuário eletrônico do

paciente, pois a principal mudança no prontuário eletrônico do paciente é a

estruturação da informação, tornando mais eficiente o armazenamento e a

recuperação.

Para PINTO (2006), o Prontuário Médico do Paciente é a memória escrita

da história do paciente sendo, portanto, indispensável para a comunicação intra e

entre a equipe de saúde e o paciente, a continuidade, a segurança, a eficácia e a

qualidade de seu tratamento, bem como a gestão das organizações hospitalares.

Os computadores começaram a ser usados para funções administrativas e

fiscais em hospitais no início dos anos 60, sendo também observado o aparecimento

dos primeiros trabalhos em informática médica, visando melhorar as decisões clínicas

e reduzir os erros médicos. Este início ressalta o apoio às decisões como lembretes e

alertas (MEINERT, 2005).

2.2. Resumo Histórico do Prontuário

O primeiro relatório médico conhecido situa-se no período entre 3000 e

2500 a.C., feito pelo médico egípcio INHOTEP, que registrou quarenta e oito casos

cirúrgicos em um papiro, exposto na Academia de Medicina de Nova Iorque

(Carvalho, 1977).

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Anotações sobre doenças e doentes foram feitas por Hipócrates por volta

de 460 a.C. Nos séculos posteriores, pouco se registrou sobre moléstias.

Em 1137, já havia anotações relativas aos pacientes no Hospital São

Bartolomeu em Londres, a primeira instituição hospitalar de que se tem notícia

(Carvalho, ob. cit., p. 142).

Em 1580, na Itália, o religioso Camilo de Lellis aperfeiçoou a assistência

aos doentes hospitalizados com mais organização nas prescrições médicas, nos

relatórios de enfermagem e nas prescrições do regime alimentar. Em 1897, nos

Estados Unidos, o Hospital Geral de Massachussets foi o primeiro a organizar um

serviço de arquivo médico e estatística. Em 1913, o Colégio Americano de Cirurgiões,

para credenciar hospitais, exigia registro completo dos casos e arquivamento dos

prontuários (Mezzomo, 1991, p. 24).

Em 1944, o uso do prontuário foi introduzido no Brasil pela Prof.ª Dr.ª

Lourdes de Freitas Carvalho, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo, depois de estudos especializados nos Estados Unidos da

América, onde fora estudar sistemas de arquivo e classificação de observações

médicas (Carvalho, 1977; Moraes, 199 1, p. 105). O sistema foi adotado pelo Instituto

Nacional de Previdência Social, o que contribuiu para sua consolidação no âmbito

nacional (Moraes, ob. cit.) e, atualmente, o Código de Ética Médica, aprovado pela

resolução n.º 1246/88, estabelece, no artigo 69, a obrigatoriedade de elaboração de

prontuário para cada paciente.

2.3. Estruturação da Evolução Clínica para o Prontuário Eletrônico do Paciente

Ter todas as informações de um paciente plenamente disponíveis

eletronicamente é algo que há muito tempo vem sendo perseguido por instituições de

saúde. O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) não é, no entanto, um sistema de

informação trivial (MOVAREC, 1998).

Os avanços da tecnologia contribuem, ainda, para o desenvolvimento dos

sistemas de informação das organizações de Saúde (públicas ou privadas),

possibilitando no Brasil, em futuro próximo, a criação de redes interligadas, permitindo

o acesso à história do paciente por profissionais autorizados em qualquer lugar do

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mundo, através da Internet, exigindo links com alto grau de segurança, preservando o

sigilo médico exigido legalmente.

Grande parte da informação em saúde existente hoje está representada em

documentos compostos por texto livre. O texto livre, embora possua um grande poder

expressivo, possui uma grande limitação para a sua utilização em sistemas de

informação: é muito difícil para um computador recuperar a informação representada

em texto livre de forma eficiente. Hoje não basta mais ter simplesmente uma grande

base de documentos médicos. É importante também, a partir de um conjunto de

documentos, ser capaz de responder “Qual foi o diagnóstico final?” ou “Que outros

pacientes apresentaram os mesmos sintomas?”, por exemplo. É oferecendo

respostas a estas perguntas que os computadores podem efetivamente auxiliar na

prática médica. Em uma base composta por documentos representados como texto

livre e não estruturados, no entanto, é praticamente impossível construir um sistema

que seja capaz de responder a estas perguntas. O que se precisa é uma forma de

representação que seja legível por seres humanos e ao mesmo tempo processável

por um computador.

2.3.1 Potenciais Benefícios

Diversos são os benefícios apontados para o prontuário eletrônico do

paciente, não somente em comparação ao modelo tradicional em papel, mas como

avanço do próprio sistema.

DORILEO (2006); SILVA (2010); COSTA (200X); e, FELIPE (200x), citam

como benefício em potencial a classificação de novas doenças e reclassificação das

já existentes.

Análises estatísticas de forma geral com utilização de mineração de dados

que podem ser usadas na descoberta de novos conhecimentos. Refere ainda que a

integração modular do prontuário eletrônico do paciente é particularmente importante

sob o aspecto do ensino, pesquisa e assistência.

Um Prontuário Eletrônico do Paciente traz consigo inúmeros benefícios

obtidos deste formato de armazenamento, dentre os quais, podem ser destacados:

acesso rápido aos problemas de saúde e intervenções atuais; acesso ao

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conhecimento cientifico atualizado com conseqüente melhoria do processo de tomada

de decisão e de acordo com Gremy (1987) apud Pinto (2006, p. 38).

Funciona como fonte de informação para pesquisas clínicas,

epidemiológicas; fonte de informação para identificar grupos de pacientes específicos,

além de funcionar como mecanismo para a preservação documental. Neste sentido,

SARMENTO, A. J. et al (2010), ressalta a importância da biblioteconomia trabalhando

em conjunto com a área da saúde para “desenvolver modelos de sistemas de

informação que otimizem a demanda, a guarda e o armazenamento desses

documentos, onde prevaleçam os critérios médicos, históricos e sociais relevantes

para o estudo, pesquisa e prática médica”.

O Programa Nacional de Hanseníase, cujo Brasil é citado como o segundo

país no mundo em casos novos deste agravo, devido em parte ao sistema de

informação adotado, propõe um sistema baseado em prontuário eletrônico do

paciente, onde o mesmo poderia gerar alertas, tais como: verificação de

inconsistência de dados, apoio na escolha do melhor esquema terapêutico, sessões

em atraso e sessões não iniciadas e alta por cura; cria ainda, funcionalidades como

monitorar os usuários do sistema, armazenar histórico das sessões de tratamento,

armazenar histórico das alterações de tratamento do paciente, cadastro em etapas,

reaproveitamento do cadastro do paciente, auto - ajuda no preenchimento dos

campos, e, auxílio no reinício de tratamento; além de, disponibilidade de uma base

única de informação, com acesso de qualquer local do país através da internet

(BRASIL, 2007).

ROCHA, et al (2010), demonstram a potencialidade do uso de PEP em

uma unidade complexa de assistência como uma UTI, que necessita de

monitorização constante, através do estudo da implantação de um software, utilizando

ferramentas livres como Java, NetBeans e PostgreSQL, o que traz consigo a

possibilidade de desenvolvimento de software com menor custo de investimento.

3. Vantagens e Desvantagens do Prontuário Eletrônico do Paciente

3.1. Vantagens do Prontuário Eletrônico do Paciente

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O Prontuário Eletrônico do Paciente pode proporcionar inúmeras

vantagens, possivelmente, em decorrência da idéia de que o uso das Novas

Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC’s) contribuirá para o

desenvolvimento de várias habilidades do indivíduo e conseqüentemente para o seu

processo de aprendizagem ao longo da vida.

Entre as diversas vantagens Prontuário Eletrônico do Paciente destacam -

se:

Acesso remoto, simultâneo e atualizado;

Legibilidade;

Segurança dos dados, desde que o sistema seja bem projetado, com

recursos de backup seguro e planos de desastres;

Flexibilidade de layout, ou seja, permite diferentes formas de

apresentação dos dados (cronológica, orientando ao problema ou à

fonte);

Integração com outros sistemas de informação e bases de

conhecimento, sendo armazenados localmente ou à distância;

Fim da redigitação de informações;

Captura automática de informações, como resultados laboratoriais e

imagens radiográficas, evitando erros de transcrição;

Processamento contínuo dos dados, de forma não ambígua, prevenindo

erros e fazendo alertas e avisos aos profissionais;

Eliminação da redundância de dados e pedidos de exames;

Assistência à pesquisa, uma vez que as informações estruturadas

podem facilitar os estudos epidemiológicos;

Relatórios dos dados em diversos formatos (gráficos, listas, tabelas);

Diferentes formas de apresentação das informações ao usuário (voz,

imagem, gráfico, impresso, e-mail e outros);

Racionalidade do espaço de arquivamento de grandes quantidades de

documentos com consequentemente ganho de espaço;

Agilidade de processamento revertendo em agilidade da assistência com

maior disponibilidade de tempo para o paciente;

Mobilidade dos dados.

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3.2. Desvantagens do Prontuário Eletrônico do Paciente

Através da literatura ora apresentada há várias vantagens sobre o uso do

PEP. Contudo, alguns autores como McDonald & Barnett (1990) demonstram possuir

visões diferenciadas e, relatam como desvantagens do uso do PEP:

1. A necessidade de grande investimento de hardware, software e

treinamento;

2. A recepção por parte de alguns dos usuários pode não ser boa devido à

falta de costume com os procedimentos informatizados;

3. A necessidade de uma constante atenção, no sentido de combater as

sabotagens e atenuar as resistências;

4. A demora até que os resultados do investimento sejam visualizados;

5. O Prontuário Eletrônico do Paciente está sujeito a falhas tanto de

hardware quanto de software;

6. Os sistemas podem ficar inoperantes por minutos, horas ou dias. E isto

se traduz em informações não disponíveis;

7. A existência de certa dificuldade para a completa e abrangente coleta de

dados.

O Prontuário Eletrônico do Paciente também possui desvantagens:

necessidade de grandes investimentos de hardware, software e treinamento,

resistência dos profissionais de saúde ao uso de sistemas informatizados, e

ocorrência de falhas que podem deixar o sistema inoperante (COSTA, 2001).

Segundo DIAS (2008): “... a utilização do prontuário eletrônico do paciente

pelos hospitais de Belo Horizonte, aponta a principal desvantagem é a falha de

sistema, que pode ficar inoperante (80,5%). Outras desvantagens apontadas pelos

autores foram necessidade de grandes investimentos em hardware e software

(46,3%), a falta de segurança dos dados (43,9%), a manutenção da confidencialidade

dos dados do paciente (36,6%) e a dificuldade de integração com outros sistemas já

existentes (34,1%)”.

Observou – se durante este estudo que a autora acima citada demonstra

contradição entre duas desvantagens; pois, é feita a afirmação que o PEP é capaz de

garantir maior segurança dos dados e mais privacidade, uma vez que, o acesso pode

ser hierarquizado com o uso de senhas.

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17

Da mesma forma, SITTIG (1999, apud MASSAD et al, 2003), afirma que o

Prontuário Eletrônico do Paciente é capaz de garantir maior segurança dos dados e

mais privacidade para as informações, uma vez que o acesso pode ser hierarquizado

com o uso de senhas. O autor também afirma que o PEP facilita a integração entre

diversos sistemas, ao contrário do que foi apontado por boa parte dos entrevistados.

Como desvantagens do Prontuário Eletrônico do Paciente citamos a

necessidade de grande investimento financeiro em hardware, software e treinamento,

além de resistência a mudanças, demora na sua implantação e falha na tecnologia

(SABATINI (1999); GINNEKEN (1997); MOORMAN (1997).

Uma pesquisa realizada em um Programa de Residência Médica em

Medicina de Família, sobre o comportamento frente à utilização do PEP, quase todos

os residentes (dezessete dos dezoito entrevistados) e a metade dos médicos

assistentes (quatro dos oitos que participaram da pesquisa), concluíram que o PEP

tem mais desvantagens que o prontuário em papel. Diversas razões foram apontadas

para esta percepção negativa, sendo uma dessas razões a quantidade de tempo que

leva um médico com a ficha de informações clínicas no sistema do computador. Outro

inconveniente enfatizado é que a maioria dos médicos residentes fazem suas

anotações em papel durante o encontro com o paciente, para posteriormente registrar

no computador, podendo aumentar o tempo de sua programação, isto porque

consideram que o PEP era muitas vezes visto como uma intromissão na relação

médico-paciente. Conclui ainda nesta pesquisa que a maioria dos médicos residente

usam o Prontuário Eletrônico do Paciente devido seu caráter obrigatório, porém se os

mesmos tivessem poder de escolha, a maioria usaria prontuário em papel (VIRGINIA

ILIE, JAMES F. COURTNEY, AND CRAIG VAN SLYKE, 2007).

A resistência dos médicos foi citada como importante ponto negativo contra

a implantação do Prontuário Eletrônico do Paciente além do aumento do tempo

empregado (LOOMIS, 2002).

Percebe-se que a literatura ora apresentada expressa várias vantagens

sobre o uso do PEP. Contudo, alguns autores como WESCHLER et al (2003)

ponderam e, relatam como desvantagens do uso do PEP:

O Prontuário Eletrônico do Paciente depende da existência de

software, hardware e de infraestrutura de redes, elétrica, de manutenção, entre

outros.

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18

Os investimentos em hardware, software e treinamento dos diferentes

usuários do prontuário não são triviais.

O Prontuário Eletrônico do Paciente necessita de constante

manutenção, atualização e preservação de integridade dos dados, o que requer

diferentes abordagens organizacionais e investimentos.

O uso do Prontuário Eletrônico do Paciente requer treinamento, tanto

do uso das ferramentas computacionais quanto do software propriamente dito. Este

treinamento representa, muitas vezes, a pedra angular para a aceitação e utilização

do PEP.

Deve-se manter a privacidade dos dados em meio eletrônico; dessa

forma, o investimento em segurança deve ser considerado.

As dificuldades dos profissionais da saúde que não foram submetidos

a um treinamento prévio, no processo de digitação, manutenção da relação médico-

paciente na frente de um computador e tempo gasto com a consulta diante de um

computador devem ser observadas.

Necessitar de grandes investimentos de hardware, softwares, infra -

estrutura de redes.

Requerer treinamento dos diferentes usuários do prontuário.

Estar submetido à resistência dos profissionais da saúde ao uso de

sistemas informatizados.

Demorar a se obter resultados significativos da sua implantação.

Estar sujeito a falhas de hardwares, redes e software, podendo deixar

o sistema inoperante temporariamente.

Considerar as dificuldades dos profissionais da saúde que não foram

submetidos a um treinamento prévio.

Observar a manutenção da relação médico-paciente na frente de um

computador e a demanda de tempo para a realização com registro eletrônico.

Necessitar de constante manutenção, atualização e preservação de

integridade dos dados, o que requer diferentes abordagens organizacionais e

investimentos.

Precisar de considerável investimento em segurança, a fim de se

manter a privacidade dos dados em meio eletrônico.

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19

Observar que seu uso e acesso indevidos podem colocar a questão

da confiabilidade e segurança das informações do paciente em risco.

4. PERSPECTIVAS DO PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE

Porém a implantação de prontuário eletrônico do paciente é um processo

de mudança, requerendo por parte de todos profissionais, não somente aqueles

voltados aos registros.

Embora existam muitas barreiras para a adoção generalizada de PEP’s

aqueles associados com os médicos não são insuperáveis. Pelo contrário, pela

análise sistemática, percepções médicas relacionadas aos Prontuários Eletrônicos do

Paciente; ambos os fornecedores, e, as organizações de saúde podem acelerar a

aceitação do médico e, finalmente, a taxa de adopção e utilização (LOOMIS, 2002).

Mesmo uma boa exploração dos grandes benefícios do uso abrangente do

PEP para os profissionais de saúde, principalmente os médicos, não pode ser

deixado com menor importância a percepção dos pacientes sobre o uso desta

tecnologia. Desta forma, as organizações de saúde deve diminuir os temores quanto

à falta de aceitação por parte do paciente sobre PEP através da divulgação das

oportunidades de melhor comunicação entre médico-paciente (MEINERT, 2005).

A combinação de funcionalidades cada vez mais sofisticadas que incluem

melhoramento da interface, aumento das implementações cada vez mais bem

sucedidas, com crescente expectativa de informações acessíveis por sistemas

baseados em computador irá criar no utilizador final, seja médico, agente

administrativo ou outro profissional ligado a assistência direta ou indireta do paciente,

consciência dos benefícios e conduzirá a uma adoção generalizada do prontuário

eletrônico do paciente.

Mais recentemente com a rápida evolução da tecnologia da informação

como internet e celulares, levou ao surgimento de novas formas de gestão da

informação. Para a saúde, a necessidade de comunicação instantânea tem

transformado o uso do PEP utilizando-se a internet para criar uma fonte mais

completa de gerenciamento de dados de saúde. O Personal Health Record (PHR) ou

Prontuário Pessoal de Saúde (PPS), traz para o indivíduo responsabilidades gerando

atitudes positivas para gerir suas próprias informações médicas (SOOD, 2008).

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20

SOOD (2008) cita alguns recursos de um Prontuário Pessoal de Saúde

como acesso protegido por senha, condições médicas (diagnósticos e tratamento),

medicamentos (dose, frequência), resultados de exames laboratoriais, podem ainda

em alguns casos oferecer sobre seguro de saúde, eventos de telemedicina e até

mesmo dados do mapeamento do código genético.

Existem ainda outros requisitos que devem ser considerados no

armazenamento de documentos médicos. Como a informação em saúde deve ser

armazenada por muito tempo (teoricamente por toda a vida do paciente), é importante

que a informação seja armazenada em uma forma capaz de resistir a mudanças

tecnológicas. Além disso, para permitir troca de informações entre instituições, é

necessário utilizar uma forma de representação de documentos médicos que seja

padronizada e independente de plataforma de hardware e software. Adicionalmente,

as informações contidas nos documentos médicos deveriam poder ser apresentadas

de forma diferente em diferentes aplicações, dependendo da necessidade do usuário.

Como naqueles espaços de marketing, a combinação de funcionalidade

cada vez mais sofisticada, incluindo melhor uso - interface, aumento do número de

implementações bem - sucedidas, crescendo as expectativas do consumidor de

informação acessível através de sistemas baseados em computador, e aumentou o

médico (ou seja, o utilizador final) a consciência de funcionalidade e os benefícios

acabarão por conduzir à adoção generalizada.

Vários são os questionamentos em torno da utilização do PEP. Mas,

algumas pesquisas já indicam forte inclinação no sentido de implementar tal

tecnologia na área.

SANTOS; PAULA; LIMA (2003) desenvolveram estudo junto a duzentos

enfermeiros de instituições hospitalares (cidade de João Pessoa - Paraíba - Brasil)

sobre a percepção dos mesmos quanto à utilização do sistema manual de registro no

prontuário. Verificaram que os enfermeiros possuem pouco conhecimento sobre

sistemas de informação; encontram-se insatisfeitos com o sistema manual de registro

devido às dificuldades existentes com os diagnósticos de enfermagem; sentem a

necessidade de um sistema informatizado de registro dos procedimentos de cuidado

de enfermagem; desejam utilizar um sistema de classificação em todas as fases do

processo de enfermagem e apontam para uma necessidade de mudanças no atual

modelo de registro.

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21

Razzouk (2002) afirma que uma das maiores contribuições que as Novas

Tecnologias da Informação e da Comunicação podem dar a área da saúde é a

comunicação e o intercâmbio de informações, pois através do Prontuário Eletrônico

do Paciente e até mesmo de e-mails é possível se obter elementos que facilitam a

interação entre profissionais e, também, um melhor planejamento e utilização dos

dados sobre o paciente.

As informações podem circular com maior facilidade e assim servirem de

insumo a diversas pesquisas que tratam de diferentes casos. Torna-se mais fácil e

mais barato para os médicos e pesquisadores a troca de dados e informações sobre,

por exemplo, um tipo raro de doença, por meios eletrônicos do que por qualquer outro

meio.

5. UM NOVO OLHAR PARA O PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Prontuário Médico

(PM) ou Prontuário do Paciente (PP) é a ferramenta mais importante para

armazenamento de informações, recuperação e análise do atendimento médico. É o

repositório de todas as informações que dizem respeito à saúde do paciente,

doenças, riscos, diagnósticos, prognósticos, testes, exames, condutas terapêuticas,

seguimentos, e outros. É também a principal fonte de informação para a

administração de serviços de saúde para assegurar a qualidade, elaborar estatísticas

de saúde, analisar a utilização de serviços e os indicadores de saúde.

MOTA (2005) estudou o Prontuário Eletrônico do Paciente focando seu

uso, e, constatou que o mesmo é bem aceito pela equipe e que proporciona muitas

vantagens na prestação de atendimento ao paciente; concluindo ainda que há uma

tendência progressiva no comprometimento com o registro das informações.

Faz – se evidente que o PEP não será, mas, é a grande tendência para os

serviços de saúde, independentemente de sua esfera administrativa (federal, estadual

ou municipal) ou de sua caracterização (pública ou privada).

Os profissionais de saúde estão cada vez mais receptivos com esta

ferramenta, e, a resistência ao uso do computador parece ter sido transformada em

estímulo rumo à busca do “desconhecido” – a tecnologia.

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22

6. METODOLOGIA

Existe uma vasta literatura sobre Prontuário Eletrônico, pois é um assunto

em constante mudança e que atualmente desperta muito interesse.

Para a realização deste trabalho iniciou – se a leitura de livros, textos, e,

artigos; os quais induziram à definição do tema: Prontuário Eletrônico do Paciente:

Revisão da Literatura, mas, pelo amplo acervo bibliográfico encontrado, estabeleceu –

se critérios para delimitação deste.

Sendo assim, optou-se por um mecanismo de pesquisa de grande alcance

e muito popular, o Google Acadêmico (http://scholar.google.com.br), por possuir

várias bases de dados indexados, ser de fácil execução, ter interface em língua

portuguesa em nosso País.

Os termos pesquisados foram Prontuário Eletrônico e Electronic

Medical Records, com filtros restringindo para a ocorrência dos termos no título do

trabalho, com pelo menos um resumo, a opção de arquivo está disponível completo

em meio eletrônico na internet e de livre acesso ou necessitar apenas de registro no

site da publicação.

Os arquivos pesquisados deveriam encontrar – se entre os anos de 2005 a

2010. A seguir limitou-se a pesquisa às publicações nos idiomas inglês e português,

independente dos países de suas publicações.

A pesquisa referente ao termo Prontuário Eletrônico retornou vinte e sete

resultados, os quais após aplicação dos critérios estabelecidos obtiveram dezenove

publicações. Para o termo Eletronic Medical Records, resultou em 414 registros, e

após todos os outros critérios ficaram quinze trabalhos, todos em inglês.

Foi incluída neste trabalho a publicação “O PRONTUÁRIO ELETRÔNICO

DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO MÉDICO”,

de 2003, que apesar do ano de publicação foi incluída nesta pesquisa por ter sido

citada praticamente por todos os autores aqui citados. Esta publicação contém uma

coletânea de tópicos realizada com a contribuição financeira da OPAS/ONU e

colaboração de dezoito autores.

Além deste, outros cinco trabalhos foram citados fora do período

estabelecido para a pesquisa, em decorrência do frequente uso pelos autores

pesquisados e ainda por referenciar os primeiros relatos sobre prontuário, quando foi

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23

identificada a necessidade de registrar tanto as informações inerentes ao paciente

quanto a sua evolução.

A análise dos dados foi dividida em duas etapas: primeiramente a pré -

análise, a qual tratará da organização do material, tendo como objetivo tornar

operacional e sistematizar as idéias iniciais, direcionando assim o desenvolvimento

das operações subseqüentes. A segunda fase consistiu na exploração do material,

comparação e interpretação dos resultados obtidos neste, a partir dos conceitos em

que o estudo se baseou.

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24

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Prontuário Eletrônico é uma estrutura eletrônica para manutenção de

informação sobre o estado de saúde e o cuidado recebido por um indivíduo durante

todo seu tempo de vida” (PEREIRA,2003).

Não foi demonstradas divergências nos conceitos entre os trabalhos de

pesquisa aqui estudados sobre PEP, bem como os benefícios em potencial do

mesmo e as desvantagens quando comparado ao prontuário em papel. Porém esta

percepção ainda não está claramente definida entre os usuários, profissionais de

saúde ou não, que tendem a aceitar a implantação, tanto pelo entusiasmo de

conhecimento de novas tecnologias, ou resignação pela inexorável avanço de

sistemas mais modernos de gestão.

Muitos problemas para implantação do PEP estão relacionados não com a

tecnologia, mas com problemas sociais políticos e de segurança. Estes problemas,

que os países em desenvolvimento encontrarão, não são atualmente os principais,

mas os relacionados com a tecnologia como fornecimento de energia elétrica de boa

qualidade, bons sistemas (softwares) usados para gestão do prontuário eletrônico,

sistemas de saúde estruturados com equipamentos hospitalares adequados e

modernos que expressam uma política de saúde necessitando maiores

financiamento.

Os médicos foram apontados como os principais vilões para implantação

do PEP, provavelmente por possuírem as principais atribuições do cuidado direto dos

pacientes. Algumas sugestões foram dadas para atrair favoravelmente esta

importante categoria como aliados para disseminação do uso do PEP, como sistemas

simples, que evitem o retrabalho como fazer anotações em papel e passar

posteriormente para o computador, mais disponibilidade de computadores para os

profissionais de saúde e melhores condições ergonômicas nos locais de trabalho,

interfaces mais amigáveis e maior número de implantações bem sucedidas. Destes,

um grupo que podem influenciar para novas implantações são os médicos residentes,

por serem mais jovens aceitam novas tecnologias com mais facilidade.

Está claro que o uso de computadores tem se demonstrado benéfico em

vários setores e não seria diferente em serviços de saúde. Agilidade no atendimento,

diminuição dos erros médicos, melhor gerenciamento do tempo com maior utilização

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25

deste para a assistência direta ao paciente, utilização de módulos para apoio a

decisão tanto médica quanto para gestão administrativa.

É unânime o avanço destes novos sistemas nos serviços de saúde, apesar

de que não ocorra na mesma velocidade que outras atividades humanas, como no

sistema bancário por exemplo. Aqui por provavelmente por necessitar contar com

maior número de pessoas envolvidas e com múltiplas percepções.

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26

8. REFERÊNCIAS BRASIL, L., FIGUEIREDO, R., ULYSSéA, I., SILVA, A. Qualidade Web para um Prontuário Eletrônico do Paciente. Revista Eletrônica de Sistemas de Informação<BR>ISSN 1677-3071, América do Norte, 6, jun. 2009. Disponível em: http://revistas.facecla.com.br/index.php/reinfo/article/view/211/117. Acesso em: 06 Set. 2010. CARVALHO L. F. Serviço de arquivo médico e estatística de um hospital, 2.ª ed., São Paulo: LTr Editora / MEC, 1977.http://gepecopen.eerp.usp.br/files/artigos/ artigo8fin.pdf. COSTA, A.R.; Berçot FM. A informatização da rede Sarah de hospitais do aparelho locomotor. Brasília Médica: 1997. DIAS, J. L. A utilização do prontuário eletrônico do paciente pelos hospitais de Belo Horizonte. Monografia. Revista TEXTOS de la Ciber Sociedad. Belo Horizonte: 2008. Disponível em: http://www.cibersociedad.net. DOMINGUES, H., Correia, R., KON, F., Kon, R., and FERREIRA, J. E. (2008). Análise e modelagem conceitual de um sistema de prontuário eletrônico para centros de saúde. In SBC Workshop de Informática Médica, Belém, Brasil. Disponível em: http://www.prodepa.gov.br/sbc2008/anais/pdf/arq0183.pdf. DORILEO E. A. G., PONCIANO M., COSTA T. M., FELIPE J. C. “Especificidades da Estruturação da Evolução Clínica para Prontuário Eletrônico em Dermatologia”, In: X Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, 2006. Disponível em: http://www.sbis.org.br/cbis/arquivos/944.pdf. FILGUEIRAS, Fernanda. Uso do Prontuário Eletrônico no Serviço de Saúde do Exército no âmbito do Comando Militar do Leste. Monografia. Rio de Janeiro, 2009. Acesso: Agosto, 2010. Disponível no site: www.essex.ensino.eb.br. GINNEKEN, A. M. V. “The Computerized patient Record: balacing effort and benefit”. International Journal of Medical Informatics, 2002. ILIE V, COURTNEY J.F., SLYKE C. V. Paper versus Electronic: Challenges Associated with Physicians' Usage of Electronic Medical Records. In: Anais da

Conferência Internacional sobre Havaí 40 Ciências do Sistema – 2007. Disponível em: http://scholar.google.com/scholar?q=Paper+versus+Electronic% 3a+Challenges+Associated+with+Physicians%e2%80%99+Usage+of&hl=en&btnG=Search. MASSAD, E; MARIN, H. F; AZEVEDO, R. S. O prontuário eletrônico do paciente na assistência, informação e conhecimento médico. São Paulo: H. de F. Marin, 2003. Disponível em: http://www.sbis.org.br/site/arquivos/prontuario .pdf. Acesso em: Setembro, 2010.

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http://periodicos.unesc.net/index.php/iniciacaocientifica/article/view/187/194. Acesso em: 06 Set. 2010. SANTOS, S. R.; PAULA, A. F.; LIMA, J. P. O enfermeiro e sua percepção sobre o sistema manual de registro no prontuário. Rev. Latino-Am. Enfermagem, jan./fev. 2003, v.11, n.1, p.80-87. Disponível em: http://www.scielo.br/ Consultado em 06 Set. 2010. SARMENTO, A. J. et al. Prontuário Eletrônico do Paciente: um novo modelo de gerenciamento das informações médicas e preservação documental. Anais do Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Gestão, e Ciência da Informação; João Pessoa, 2010. Disponível em: dci.ccsa.ufpb.br/enebd/index.php/enebd/.../15. Acesso em: Agosto, 2010. SILVA, F. C. C. A atuação do bibliotecário médico e sua interação com os profissionais da saúde para busca e seleção de informação especializada. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, 2005. Disponível em: http://polaris.bc.unicamp.br/seer/ojs/viewarticle.php?id=53&layout =abstract. Acesso em: 23, maio, 2010. SOOD, S.P. Electronic Medical Records: A Review Comparing the Challenges in Developed and Developing Countries. Anais da Conferência Internacional sobre Ciências do Sistema. Hawaii, 2008. VIRGINIA ILIE, JAMES F. COURTNEY, AND CRAIG VAN SLYKE. Paper versus Electronic: Challenges Associated with Physicians' Usage of Electronic Medical Records. In Proceedings of the 40th Annual Hawaii International Conference on System Sciences (HICSS '07). IEEE Computer Society, Washington, DC, USA, 2007. http://dx.doi.org/10.1109/HICSS.2007.424

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29

ANEXOS

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RESOLUÇÃO CFM Nº 1.931, DE 17 DE SETEMBRO DE 2009.

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas

pela Lei n.º 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n.º

44.045, de 19 de julho de 1958, modificado pelo Decreto n.º 6.821, de 14 de abril de

2009 e pela Lei n.º 11.000, de 15 de dezembro de 2004, e, consubstanciado nas Leis

n.º 6.828, de 29 de outubro de 1980 e Lei n.º 9.784, de 29 de janeiro de 1999; e

CONSIDERANDO que os Conselhos de Medicina são ao mesmo tempo

julgadores e disciplinadores da classe médica, cabendo-lhes zelar e trabalhar, por

todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da Medicina e pelo

prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente;

CONSIDERANDO que as normas do Código de Ética Médica devem

submeter-se aos dispositivos constitucionais vigentes;

CONSIDERANDO a busca de melhor relacionamento com o paciente e a

garantia de maior autonomia à sua vontade;

CONSIDERANDO as propostas formuladas ao longo dos anos de 2008 e

2009 e pelos Conselhos Regionais de Medicina, pelas Entidades Médicas, pelos

médicos e por instituições científicas e universitárias para a revisão do atual Código

de Ética Médica;

CONSIDERANDO as decisões da IV Conferência Nacional de Ética Médica

que elaborou, com participação de Delegados Médicos de todo o Brasil, um novo

Código de Ética Médica revisado.

CONSIDERANDO o decidido pelo Conselho Pleno Nacional reunido em 29 de

agosto de 2009;

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em sessão plenária de 17 de

setembro de 2009.

RESOLVE:

Art. 1º Aprovar o Código de Ética Médica, anexo a esta Resolução, após sua

revisão e atualização.

Art. 2º O Conselho Federal de Medicina, sempre que necessário, expedirá

Resoluções que complementem este Código de Ética Médica e facilitem sua

aplicação.

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31

Art. 3º O Código anexo a esta Resolução entra em vigor cento e oitenta dias

após a data de sua publicação e, a partir daí, revoga-se o Código de Ética Médica

aprovado pela Resolução CFM n.º 1.246, publicada no Diário Oficial da União, no dia

26 de janeiro de 1988, Seção I, páginas 1574-1579, bem como as demais disposições

em contrário.

EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE

Presidente

LÍVIA BARROS GARÇÃO

Secretária-Geral

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32

CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

PREÂMBULO

I – O presente Código de Ética Médica contém as normas que devem ser

seguidas pelos médicos no exercício de sua profissão, inclusive no exercício de

atividades relativas ao ensino, à pesquisa e à administração de serviços de saúde,

bem como no exercício de quaisquer outras atividades em que se utilize o

conhecimento advindo do estudo da Medicina.

II - As organizações de prestação de serviços médicos estão sujeitas às

normas deste Código.

III - Para o exercício da Medicina, impõe-se a inscrição no Conselho Regional

do respectivo Estado, Território ou Distrito Federal.

IV - A fim de garantir o acatamento e a cabal execução deste Código, o

médico comunicará ao Conselho Regional de Medicina, com discrição e fundamento,

fatos de que tenha conhecimento e que caracterizem possível infração do presente

Código e das demais normas que regulam o exercício da Medicina.

V - A fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas neste Código é

atribuição dos Conselhos de Medicina, das comissões de ética e dos médicos em

geral.

VI - Este Código de Ética Médica é composto de 25 princípios fundamentais

do exercício da Medicina, 10 normas diceológicas, 118 normas deontológicas e quatro

disposições gerais. A transgressão das normas deontológicas sujeitará os infratores

às penas disciplinares previstas em lei.

Capítulo I

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

I - A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da

coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.

II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em

benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade

profissional.

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33

III - Para exercer a Medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter

boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa.

IV - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da

Medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão.

V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar

o melhor do progresso científico em benefício do paciente.

VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre

em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico

ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa

contra sua dignidade e integridade.

VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a

prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje,

excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou

emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.

VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum

pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou

imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.

IX - A Medicina não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida

como comércio.

X - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivo

de lucro, finalidade política, ou, religiosa.

XI - O médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha

conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos previstos

em lei.

XII - O médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser

humano, pela eliminação e pelo controle dos riscos à saúde inerentes às atividades

laborais.

XIII - O médico comunicará às autoridades competentes quaisquer formas de

deterioração do ecossistema, prejudiciais à saúde e à vida.

XIV - O médico empenhar-se-á em melhorar os padrões dos serviços médicos

e em assumir sua responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária

e à legislação referente à saúde.

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34

XV - O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade

profissional, seja por remuneração digna e justa, seja por condições de trabalho

compatíveis com o exercício ético-profissional da Medicina e seu aprimoramento

técnico-científico.

XVI - Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de

instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios

cientificamente reconhecidos a serem praticados para o estabelecimento do

diagnóstico e da execução do tratamento, salvo quando em benefício do paciente.

XVII - As relações do médico com os demais profissionais devem basear-se

no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, buscando sempre o

interesse e o bem-estar do paciente.

XVIII - O médico terá, para com os colegas, respeito, consideração e

solidariedade, sem se eximir de denunciar atos que contrariem os postulados éticos.

XIX - O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido,

pelos seus atos profissionais, resultantes de relação particular de confiança e

executados com diligência, competência e prudência.

XX - A natureza personalíssima da atuação profissional do médico não

caracteriza relação de consumo.

XXI - No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com seus

ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas de seus

pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles

expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas.

XXII - Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a

realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará

aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados.

XXIII - Quando envolvido na produção de conhecimento científico, o médico

agirá com isenção e independência, visando ao maior benefício para os pacientes e a

sociedade.

XXIV - Sempre que participar de pesquisas envolvendo seres humanos ou

qualquer animal, o médico respeitará as normas éticas nacionais, bem como

protegerá a vulnerabilidade dos sujeitos da pesquisa.

XXV - Na aplicação dos conhecimentos criados pelas novas tecnologias,

considerando-se suas repercussões tanto nas gerações presentes quanto nas futuras,

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35

o médico zelará para que as pessoas não sejam discriminadas por nenhuma razão

vinculada a herança genética, protegendo-as em sua dignidade, identidade e

integridade.

Capítulo II

DIREITOS DOS MÉDICOS

É direito do médico:

I - Exercer a Medicina sem ser discriminado por questões de religião, etnia,

sexo, nacionalidade, cor, orientação sexual, idade, condição social, opinião política ou

de qualquer outra natureza.

II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas

cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente.

III - Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das instituições

em que trabalhe quando as julgar indignas do exercício da profissão ou prejudiciais a

si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos

competentes e, obrigatoriamente, à comissão de ética e ao Conselho Regional de

Medicina de sua jurisdição.

IV - Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada

onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própria

saúde ou a do paciente, bem como a dos demais profissionais. Nesse caso,

comunicará imediatamente sua decisão à comissão de ética e ao Conselho Regional

de Medicina.

V - Suspender suas atividades, individualmente ou coletivamente, quando a

instituição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições adequadas

para o exercício profissional ou não o remunerar digna e justamente, ressalvadas as

situações de urgência e emergência, devendo comunicar imediatamente sua decisão

ao Conselho Regional de Medicina.

VI - Internar e assistir seus pacientes em hospitais privados e públicos com

caráter filantrópico ou não, ainda que não faça parte do seu corpo clínico, respeitadas

as normas técnicas aprovadas pelo Conselho Regional de Medicina da pertinente

jurisdição.

VII - Requerer desagravo público ao Conselho Regional de Medicina quando

atingido no exercício de sua profissão.

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36

VIII - Decidir, em qualquer circunstância, levando em consideração sua

experiência e capacidade profissional, o tempo a ser dedicado ao paciente, evitando

que o acúmulo de encargos ou de consultas venha a prejudicá-lo.

IX - Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam

contrários aos ditames de sua consciência.

X– Estabelecer seus honorários de forma justa e digna.

Capítulo III

RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL

É vedado ao médico:

Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como

imperícia, imprudência ou negligência.

Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser

presumida.

Art. 2º Delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivos da

profissão médica.

Art. 3º Deixar de assumir responsabilidade sobre procedimento médico que

indicou ou do qual participou, mesmo quando vários médicos tenham assistido o

paciente.

Art. 4º Deixar de assumir a responsabilidade de qualquer ato profissional que

tenha praticado ou indicado, ainda que solicitado ou consentido pelo paciente ou por

seu representante legal.

Art. 5º Assumir responsabilidade por ato médico que não praticou ou do qual

não participou.

Art. 6º Atribuir seus insucessos a terceiros e a circunstâncias ocasionais,

exceto nos casos em que isso possa ser devidamente comprovado.

Art. 7º Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de

sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por

decisão majoritária da categoria.

Art. 8º Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente,

sem deixar outro médico encarregado do atendimento de seus pacientes internados

ou em estado grave.

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37

Art. 9º Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou

abandoná-lo sem a presença de substituto, salvo por justo impedimento.

Parágrafo único. Na ausência de médico plantonista substituto, a direção

técnica do estabelecimento de saúde deve providenciar a substituição.

Art. 10. Acumpliciar-se com os que exercem ilegalmente a Medicina ou com

profissionais ou instituições médicas nas quais se pratiquem atos ilícitos.

Art. 11. Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a

devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da

sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos

ou quaisquer outros documentos médicos.

Art. 12. Deixar de esclarecer o trabalhador sobre as condições de trabalho

que ponham em risco sua saúde, devendo comunicar o fato aos empregadores

responsáveis.

Parágrafo único. Se o fato persistir, é dever do médico comunicar o ocorrido

às autoridades competentes e ao Conselho Regional de Medicina.

Art. 13. Deixar de esclarecer o paciente sobre as determinantes sociais,

ambientais ou profissionais de sua doença.

Art. 14. Praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela

legislação vigente no País.

Art. 15. Descumprir legislação específica nos casos de transplantes de órgãos

ou de tecidos, esterilização, fecundação artificial, abortamento, manipulação ou

terapia genética.

§ 1º No caso de procriação medicamente assistida, a fertilização não deve

conduzir sistematicamente à ocorrência de embriões supranumerários.

§ 2º O médico não deve realizar a procriação medicamente assistida com

nenhum dos seguintes objetivos:

I – criar seres humanos geneticamente modificados;

II – criar embriões para investigação;

III – criar embriões com finalidades de escolha de sexo, eugenia ou para

originar híbridos ou quimeras.

§ 3º Praticar procedimento de procriação medicamente assistida sem que os

participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos sobre o mesmo.

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38

Art. 16. Intervir sobre o genoma humano com vista à sua modificação, exceto

na terapia gênica, excluindo-se qualquer ação em células germinativas que resulte na

modificação genética da descendência.

Art. 17. Deixar de cumprir, salvo por motivo justo, as normas emanadas dos

Conselhos Federal e Regionais de Medicina e de atender às suas requisições

administrativas, intimações ou notificações no prazo determinado

Art. 18. Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e

Regionais de Medicina ou desrespeitá-los.

Art. 19. Deixar de assegurar, quando investido em cargo ou função de

direção, os direitos dos médicos e as demais condições adequadas para o

desempenho ético-profissional da Medicina.

Art. 20. Permitir que interesses pecuniários, políticos, religiosos ou de

quaisquer outras ordens, do seu empregador ou superior hierárquico ou do

financiador público ou privado da assistência à saúde interfiram na escolha dos

melhores meios de prevenção, diagnóstico ou tratamento disponíveis e

cientificamente reconhecidos no interesse da saúde do paciente ou da sociedade.

Art. 21. Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou infringir a

legislação pertinente.

Capítulo IV

DIREITOS HUMANOS

É vedado ao médico:

Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante

legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco

iminente de morte.

Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua

dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.

Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir

livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade

para limitá-lo.

Art. 25. Deixar de denunciar prática de tortura ou de procedimentos

degradantes, desumanos ou cruéis, praticá-las, bem como ser conivente com quem

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39

as realize ou fornecer meios, instrumentos, substâncias ou conhecimentos que as

facilitem.

Art. 26. Deixar de respeitar a vontade de qualquer pessoa, considerada capaz

física e mentalmente, em greve de fome, ou alimentá-la compulsoriamente, devendo

cientificá-la das prováveis complicações do jejum prolongado e, na hipótese de risco

iminente de morte, tratá-la.

Art. 27. Desrespeitar a integridade física e mental do paciente ou utilizar-se de

meio que possa alterar sua personalidade ou sua consciência em investigação policial

ou de qualquer outra natureza.

Art. 28. Desrespeitar o interesse e a integridade do paciente em qualquer

instituição na qual esteja recolhido, independentemente da própria vontade.

Parágrafo único. Caso ocorram quaisquer atos lesivos à personalidade e à

saúde física ou mental dos pacientes confiados ao médico, este estará obrigado a

denunciar o fato à autoridade competente e ao Conselho Regional de Medicina.

Art. 29. Participar, direta ou indiretamente, da execução de pena de morte.

Art. 30. Usar da profissão para corromper costumes, cometer ou favorecer

crime.

Capítulo V

RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES

É vedado ao médico:

Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de

decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo

em caso de iminente risco de morte.

Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e

tratamento, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente.

Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais

em casos de urgência ou emergência, quando não haja outro médico ou serviço

médico em condições de fazê-lo.

Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos

e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar

dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal.

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40

Art. 35. Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a

terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros

procedimentos médicos.

Art. 36. Abandonar paciente sob seus cuidados.

§ 1º Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento

com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de

renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou a seu

representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo

todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder.

§ 2º Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou aos seus familiares, o

médico não abandonará o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou

incurável e continuará a assisti-lo ainda que para cuidados paliativos.

Art. 37. Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do

paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada

de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente após cessar o

impedimento.

Parágrafo único. O atendimento médico a distância, nos moldes da

telemedicina ou de outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho Federal

de Medicina.

Art. 38. Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados

profissionais.

Art. 39 Opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada

pelo paciente ou por seu representante legal.

Art. 40. Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico-paciente

para obter vantagem física, emocional, financeira ou de qualquer outra natureza.

Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu

representante legal.

Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico

oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas

ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade

expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.

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41

Art. 42. Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre método

contraceptivo, devendo sempre esclarecê-lo sobre indicação, segurança,

reversibilidade e risco de cada método.

Capítulo VI

DOAÇÃO E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS

É vedado ao médico:

Art. 43. Participar do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de

suspender meios artificiais para prolongar a vida do possível doador, quando

pertencente à equipe de transplante.

Art. 44. Deixar de esclarecer o doador, o receptor ou seus representantes

legais sobre os riscos decorrentes de exames, intervenções cirúrgicas e outros

procedimentos nos casos de transplantes de órgãos.

Art. 45. Retirar órgão de doador vivo quando este for juridicamente incapaz,

mesmo se houver autorização de seu representante legal, exceto nos casos

permitidos e regulamentados em lei.

Art. 46. Participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou

de tecidos humanos.

Capítulo VII

RELAÇÃO ENTRE MÉDICOS

É vedado ao médico:

Art. 47. Usar de sua posição hierárquica para impedir, por motivo de crença

religiosa, convicção filosófica, política, interesse econômico ou qualquer outro, que

não técnico-científico ou ético, que as instalações e os demais recursos da instituição

sob sua direção, sejam utilizados por outros médicos no exercício da profissão,

particularmente se forem os únicos existentes no local.

Art. 48. Assumir emprego, cargo ou função para suceder médico demitido ou

afastado em represália à atitude de defesa de movimentos legítimos da categoria ou

da aplicação deste Código.

Art. 49. Assumir condutas contrárias a movimentos legítimos da categoria

médica com a finalidade de obter vantagens.

Art. 50. Acobertar erro ou conduta antiética de médico.

Art. 51. Praticar concorrência desleal com outro médico.

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42

Art. 52. Desrespeitar a prescrição ou o tratamento de paciente, determinados

por outro médico, mesmo quando em função de chefia ou de auditoria, salvo em

situação de indiscutível benefício para o paciente, devendo comunicar imediatamente

o fato ao médico responsável.

Art. 53. Deixar de encaminhar o paciente que lhe foi enviado para

procedimento especializado de volta ao médico assistente e, na ocasião, fornecer-lhe

as devidas informações sobre o ocorrido no período em que por ele se

responsabilizou.

Art. 54. Deixar de fornecer a outro médico informações sobre o quadro clínico

de paciente, desde que autorizado por este ou por seu representante legal.

Art. 55. Deixar de informar ao substituto o quadro clínico dos pacientes sob

sua responsabilidade ao ser substituído ao fim do seu turno de trabalho.

Art. 56. Utilizar-se de sua posição hierárquica para impedir que seus

subordinados atuem dentro dos princípios éticos.

Art. 57. Deixar de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à

comissão de ética da instituição em que exerce seu trabalho profissional e, se

necessário, ao Conselho Regional de Medicina.

Capítulo VIII

REMUNERAÇÃO PROFISSIONAL

É vedado ao médico:

Art. 58. O exercício mercantilista da Medicina.

Art. 59. Oferecer ou aceitar remuneração ou vantagens por paciente

encaminhado ou recebido, bem como por atendimentos não prestados.

Art. 60. Permitir a inclusão de nomes de profissionais que não participaram do

ato médico para efeito de cobrança de honorários.

Art. 61. Deixar de ajustar previamente com o paciente o custo estimado dos

procedimentos.

Art. 62. Subordinar os honorários ao resultado do tratamento ou à cura do

paciente.

Art. 63. Explorar o trabalho de outro médico, isoladamente ou em equipe, na

condição de proprietário, sócio, dirigente ou gestor de empresas ou instituições

prestadoras de serviços médicos.

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43

Art. 64. Agenciar, aliciar ou desviar, por qualquer meio, para clínica particular

ou instituições de qualquer natureza, paciente atendido pelo sistema público de saúde

ou dele utilizar-se para a execução de procedimentos médicos em sua clínica privada,

como forma de obter vantagens pessoais.

Art. 65. Cobrar honorários de paciente assistido em instituição que se destina

à prestação de serviços públicos, ou receber remuneração de paciente como

complemento de salário ou de honorários.

Art. 66. Praticar dupla cobrança por ato médico realizado.

Parágrafo único. A complementação de honorários em serviço privado pode

ser cobrada quando prevista em contrato.

Art. 67. Deixar de manter a integralidade do pagamento e permitir descontos

ou retenção de honorários, salvo os previstos em lei, quando em função de direção ou

de chefia.

Art. 68. Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia,

indústria farmacêutica, óptica ou qualquer organização destinada à fabricação,

manipulação, promoção ou comercialização de produtos de prescrição médica,

qualquer que seja sua natureza.

Art. 69. Exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia ou obter vantagem

pelo encaminhamento de procedimentos, pela comercialização de medicamentos,

órteses, próteses ou implantes de qualquer natureza, cuja compra decorra de

influência direta em virtude de sua atividade profissional.

Art. 70. Deixar de apresentar separadamente seus honorários quando outros

profissionais participarem do atendimento ao paciente.

Art. 71. Oferecer seus serviços profissionais como prêmio, qualquer que seja

sua natureza.

Art. 72. Estabelecer vínculo de qualquer natureza com empresas que

anunciam ou comercializam planos de financiamento, cartões de descontos ou

consórcios para procedimentos médicos.

Capítulo IX

SIGILO PROFISSIONAL

É vedado ao médico:

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44

Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de

sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do

paciente.

Parágrafo único. Permanece essa proibição:

a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha

falecido;

b) quando de seu depoimento como testemunha. Nessa hipótese, o médico

comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento;

c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar

segredo que possa expor o paciente a processo penal.

Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado à paciente menor de idade,

inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade

de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.

Art. 75. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou

seus retratos em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em

meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente.

Art. 76. Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico

de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de

instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da

comunidade.

Art. 77. Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias

da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito,

salvo por expresso consentimento do seu representante legal.

Art. 78. Deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo

profissional e zelar para que seja por eles mantido.

Art. 79. Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por

meio judicial ou extrajudicial.

Capítulo X

DOCUMENTOS MÉDICOS

É vedado ao médico:

Art. 80. Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o

justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade.

Art. 81. Atestar como forma de obter vantagens.

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45

Art. 82. Usar formulários de instituições públicas para prescrever ou atestar

fatos verificados na clínica privada.

Art. 83. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando

não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como

plantonista, médico substituto ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.

Art. 84. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando

assistência, exceto quando houver indícios de morte violenta.

Art. 85. Permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por pessoas

não obrigadas ao sigilo profissional quando sob sua responsabilidade.

Art. 86. Deixar de fornecer laudo médico ao paciente ou a seu representante

legal quando aquele for encaminhado ou transferido para continuação do tratamento

ou em caso de solicitação de alta.

Art. 87. Deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente.

§ 1º O prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa

condução do caso, sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com

data, hora, assinatura e número de registro do médico no Conselho Regional de

Medicina.

§ 2º O prontuário estará sob a guarda do médico ou da instituição que assiste

o paciente.

Art. 88. Negar, ao paciente, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer

cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua

compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros.

Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando

autorizado, por escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua

própria defesa.

§ 1º Quando requisitado judicialmente o prontuário será disponibilizado ao

perito médico nomeado pelo juiz.

§ 2º Quando o prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico

deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional.

Art. 90. Deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu paciente

quando de sua requisição pelos Conselhos Regionais de Medicina.

Art. 91. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando

solicitado pelo paciente ou por seu representante legal.

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46

Capítulo XI

AUDITORIA E PERÍCIA MÉDICA

É vedado ao médico:

Art. 92. Assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médico-legal

quando não tenha realizado pessoalmente o exame.

Art. 93. Ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou

de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de

empresa em que atue ou tenha atuado.

Art. 94. Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito,

nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do

examinado, reservando suas observações para o relatório.

Art. 95. Realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres

humanos no interior de prédios ou de dependências de delegacias de polícia,

unidades militares, casas de detenção e presídios.

Art. 96. Receber remuneração ou gratificação por valores vinculados à glosa

ou ao sucesso da causa, quando na função de perito ou de auditor.

Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou

de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último

caso, em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente,

comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente.

Art. 98. Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir

como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas atribuições e

de sua competência.

Parágrafo único. O médico tem direito a justa remuneração pela realização do

exame pericial.

Capítulo XII

ENSINO E PESQUISA MÉDICA

É vedado ao médico:

Art. 99. Participar de qualquer tipo de experiência envolvendo seres humanos

com fins bélicos, políticos, étnicos, eugênicos ou outros que atentem contra a

dignidade humana.

Art. 100. Deixar de obter aprovação de protocolo para a realização de

pesquisa em seres humanos, de acordo com a legislação vigente.

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47

Art. 101. Deixar de obter do paciente ou de seu representante legal o termo

de consentimento livre e esclarecido para a realização de pesquisa envolvendo seres

humanos, após as devidas explicações sobre a natureza e as consequências da

pesquisa.

Parágrafo único. No caso do sujeito de pesquisa ser menor de idade, além do

consentimento de seu representante legal, é necessário seu assentimento livre e

esclarecido na medida de sua compreensão.

Art. 102. Deixar de utilizar a terapêutica correta, quando seu uso estiver

liberado no País.

Parágrafo único. A utilização de terapêutica experimental é permitida quando

aceita pelos órgãos competentes e com o consentimento do paciente ou de seu

representante legal, adequadamente esclarecidos da situação e das possíveis

consequências.

Art. 103. Realizar pesquisa em uma comunidade sem antes informá-la e

esclarecê-la sobre a natureza da investigação e deixar de atender ao objetivo de

proteção à saúde pública, respeitadas as características locais e a legislação

pertinente.

Art. 104. Deixar de manter independência profissional e científica em relação

a financiadores de pesquisa médica, satisfazendo interesse comercial ou obtendo

vantagens pessoais.

Art. 105. Realizar pesquisa médica em sujeitos que sejam direta ou

indiretamente dependentes ou subordinados ao pesquisador.

Art. 106. Manter vínculo de qualquer natureza com pesquisas médicas,

envolvendo seres humanos, que usem placebo em seus experimentos, quando

houver tratamento eficaz e efetivo para a doença pesquisada.

Art. 107. Publicar em seu nome trabalho científico do qual não tenha

participado; atribuir-se autoria exclusiva de trabalho realizado por seus subordinados

ou outros profissionais, mesmo quando executados sob sua orientação, bem como

omitir do artigo científico o nome de quem dele tenha participado.

Art. 108. Utilizar dados, informações ou opiniões ainda não publicadas, sem

referência ao seu autor ou sem sua autorização por escrito.

Art. 109. Deixar de zelar, quando docente ou autor de publicações científicas,

pela veracidade, clareza e imparcialidade das informações apresentadas, bem como

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48

deixar de declarar relações com a indústria de medicamentos, órteses, próteses,

equipamentos, implantes de qualquer natureza e outras que possam configurar

conflitos de interesses, ainda que em potencial.

Art. 110. Praticar a Medicina, no exercício da docência, sem o consentimento

do paciente ou de seu representante legal, sem zelar por sua dignidade e privacidade

ou discriminando aqueles que negarem o consentimento solicitado.

Capítulo XIII

PUBLICIDADE MÉDICA

É vedado ao médico:

Art. 111. Permitir que sua participação na divulgação de assuntos médicos,

em qualquer meio de comunicação de massa, deixe de ter caráter exclusivamente de

esclarecimento e educação da sociedade.

Art. 112. Divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista,

promocional ou de conteúdo inverídico.

Art. 113. Divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou

descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente

por órgão competente.

Art. 114. Consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de

comunicação de massa.

Art. 115. Anunciar títulos científicos que não possa comprovar e especialidade

ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e registrado no Conselho

Regional de Medicina.

Art. 116. Participar de anúncios de empresas comerciais qualquer que seja

sua natureza, valendo-se de sua profissão.

Art. 117. Apresentar como originais quaisquer idéias, descobertas ou

ilustrações que na realidade não o sejam.

Art. 118. Deixar de incluir, em anúncios profissionais de qualquer ordem, o

seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina.

Parágrafo único. Nos anúncios de estabelecimentos de saúde devem constar

o nome e o número de registro, no Conselho Regional de Medicina, do diretor técnico.

Capítulo XIV

DISPOSIÇÕES GERAIS

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I - O médico portador de doença incapacitante para o exercício profissional,

apurada pelo Conselho Regional de Medicina em procedimento administrativo com

perícia médica, terá seu registro suspenso enquanto perdurar sua incapacidade.

II - Os médicos que cometerem faltas graves previstas neste Código e cuja

continuidade do exercício profissional constitua risco de danos irreparáveis ao

paciente ou à sociedade poderão ter o exercício profissional suspenso mediante

procedimento administrativo específico.

III - O Conselho Federal de Medicina, ouvidos os Conselhos Regionais de

Medicina e a categoria médica, promoverá a revisão e atualização do presente

Código quando necessárias.

IV - As omissões deste Código serão sanadas pelo Conselho Federal de

Medicina.

* Código de Ética Médica, aprovado através da Resolução CFM Nº 1931, de 17.09.2009, e, em vigor desde 13.04.2010.

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50

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.605/2000

(Publicada no D.O.U. 29 SET 2000, Seção I, pg. 30)

(Retificação publicada no D.O.U. 31 JAN 2002, Seção I, pg. 103)

O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268,

de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de

1958, e

CONSIDERANDO o disposto no art. 154 do Código Penal Brasileiro e no art. 66 da

Lei das Contravenções Penais;

CONSIDERANDO a força de lei que possuem os artigos 11 e 102 do Código de Ética

Médica, que vedam ao médico a revelação de fato de que venha a ter conhecimento

em virtude da profissão, salvo justa causa, dever legal ou autorização expressa do

paciente;

CONSIDERANDO que o sigilo médico é instituído em favor do paciente, o que

encontra suporte na garantia insculpida no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal;

CONSIDERANDO que o “dever legal” se restringe à ocorrência de doenças de

comunicação obrigatória, de acordo com o disposto no art. 269 do Código Penal, ou à

ocorrência de crime de ação penal pública incondicionada, cuja comunicação não

exponha o paciente a procedimento criminal conforme os incisos I e II do art. 66 da

Lei de Contravenções Penais;

CONSIDERANDO que a lei penal só obriga a “comunicação”, o que não implica a

remessa da ficha ou

CONSIDERANDO que a ficha ou prontuário médico não inclui apenas o atendimento

específico, mas toda a situação médica do paciente, cuja revelação poderia fazer com

que o mesmo sonegasse informações, prejudicando seu tratamento;

CONSIDERANDO a freqüente ocorrência de requisições de autoridades judiciais,

policiais e do Ministério Público relativamente a prontuários médicos e fichas médicas;

CONSIDERANDO que é ilegal a requisição judicial de documentos médicos quando

há outros meios de obtenção da informação necessária como prova;

CONSIDERANDO o parecer CFM nº 22/2000;

CONSIDERANDO o decidido em Sessão Plenária de 15.9.00,

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51

RESOLVE:

Art. 1º - O médico não pode, sem o consentimento do paciente, revelar o conteúdo do

prontuário ou ficha médica.

Art. 2º - Nos casos do art. 269 do Código Penal, onde a comunicação de doença é

compulsória, o dever do médico restringe-se exclusivamente a comunicar tal fato à

autoridade competente, sendo proibida a remessa do prontuário médico do paciente.

Art. 3º - Na investigação da hipótese de cometimento de crime o médico está

impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo criminal.

Art. 4º - Se na instrução de processo criminal for requisitada, por autoridade judiciária

competente, a apresentação do conteúdo do prontuário ou da ficha médica, o médico

disponibilizará os documentos ao perito nomeado pelo juiz, para que neles seja

realizada perícia restrita aos fatos em questionamento.

Art. 5º - Se houver autorização expressa do paciente, tanto na solicitação como em

documento diverso, o médico poderá encaminhar a ficha ou prontuário médico

diretamente à autoridade requisitante.

Art. 6º - O médico deverá fornecer cópia da ficha ou do prontuário médico desde que

solicitado pelo paciente ou requisitado pelos Conselhos Federal ou Regional de

Medicina.

Art. 7º - Para sua defesa judicial, o médico poderá apresentar a ficha ou prontuário

médico à autoridade competente, solicitando que a matéria seja mantida em segredo

de justiça.

Art. 8º - Nos casos não previstos nesta resolução e sempre que houver conflito no

tocante à remessa ou não dos documentos à autoridade requisitante, o médico

deverá consultar o Conselho de Medicina, onde mantém sua inscrição, quanto ao

procedimento a ser adotado.

Art. 9º - Ficam revogadas as disposições em contrário, em especial a Resolução CFM

nº 999/80.

Brasília-DF, 15 de setembro de 2.000.

EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE RUBENS DOS SANTOS SILVA

Presidente Secretário-Geral

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52

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.638/2002

"Define prontuário médico e torna

obrigatória a criação da Comissão de

Revisão de Prontuários nas instituições de

saúde".

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições que lhe confere a

Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de

19 de julho de 1958, e

CONSIDERANDO que o médico tem o dever de elaborar o prontuário para cada

paciente a que assiste, conforme previsto no art. 69 do Código de Ética Médica;

CONSIDERANDO que o prontuário é documento valioso para o paciente, para o

médico que o assiste e para as instituições de saúde, bem como para o ensino, a

pesquisa e os serviços públicos de saúde, além de instrumento de defesa legal;

CONSIDERANDO que compete à instituição de saúde e/ou ao médico o dever de

guarda do prontuário, e que o mesmo deve estar disponível nos ambulatórios, nas

enfermarias e nos serviços de emergência para permitir a continuidade do tratamento

do paciente e documentar a atuação de cada profissional;

CONSIDERANDO que as instituições de saúde devem garantir supervisão

permanente dos prontuários sob sua guarda, visando manter a qualidade e

preservação das informações neles contidas;

CONSIDERANDO que para o armazenamento e a eliminação de documentos do

prontuário devem prevalecer os critérios médico-científicos, históricos e sociais de

relevância para o ensino, a pesquisa e a prática médica;

CONSIDERANDO a legislação arquivística brasileira, que normatiza a guarda, a

temporalidade e a classificação dos documentos, inclusive dos prontuários médicos;

CONSIDERANDO o teor do Parecer CFM nº 30/2002, aprovado na Sessão Plenária

de 10 de julho de 2002;

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em Sessão Plenária de 10 de julho de

2002.

RESOLVE:

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53

Art. 1º - Definir prontuário médico como o documento único constituído de um

conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos,

acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada,

de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da

equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo.

Art. 2º - Determinar que a responsabilidade pelo prontuário médico cabe:

I. Ao médico assistente e aos demais profissionais que compartilham do atendimento;

II. À hierarquia médica da instituição, nas suas respectivas áreas de atuação, que tem

como dever zelar pela qualidade da prática médica ali desenvolvida;

III. À hierarquia médica constituída pelas chefias de equipe, chefias da Clínica, do

setor até o diretor da Divisão Médica e/ou diretor técnico.

Art. 3º - Tornar obrigatória a criação das Comissões de Revisão de Prontuários nos

estabelecimentos e/ou instituições de saúde onde se presta assistência médica.

Art. 4º - A Comissão de que trata o artigo anterior será criada por designação da

Direção do estabelecimento, por eleição do Corpo Clínico ou por qualquer outro

método que a instituição julgar adequado, devendo ser coordenada por um médico.

Art. 5º - Compete à Comissão de Revisão de Prontuários:

I. Observar os itens que deverão constar obrigatoriamente do prontuário

confeccionado em qualquer suporte, eletrônico ou papel:

a. Identificação do paciente – nome completo, data de nascimento (dia, mês e ano

com quatro dígitos), sexo, nome da mãe, naturalidade (indicando o município e o

estado de nascimento), endereço completo (nome da via pública, número,

complemento, bairro/distrito, município, estado e CEP);

b. Anamnese, exame físico, exames complementares solicitados e seus respectivos

resultados, hipóteses diagnósticas, diagnóstico definitivo e tratamento efetuado;

c. Evolução diária do paciente, com data e hora, discriminação de todos os

procedimentos aos quais o mesmo foi submetido e identificação dos profissionais que

os realizaram, assinados eletronicamente quando elaborados e/ou armazenados em

meio eletrônico;

d. Nos prontuários em suporte de papel é obrigatória a legibilidade da letra do

profissional que atendeu o paciente, bem como a identificação dos profissionais

prestadores do atendimento. São também obrigatórias à assinatura e o respectivo

número do CRM;

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54

e. Nos casos emergenciais, nos quais seja impossível a colheita de história clínica do

paciente, deverá constar relato médico completo de todos os procedimentos

realizados e que tenham possibilitado o diagnóstico e/ou a remoção para outra

unidade.

I. Assegurar a responsabilidade do preenchimento, da guarda e manuseio dos

prontuários, que cabem ao médico assistente, à chefia da equipe, à chefia da Clínica

e à Direção técnica da unidade.

Art. 6º - A Comissão de Revisão de Prontuários deverá manter estreita relação com a

Comissão de Ética Médica da unidade, com a qual deverão ser discutidos os

resultados das avaliações realizadas.

Art. 7º - Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Brasília-DF, 10

de julho de 2002.

EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE RUBENS DOS SANTOS SILVA

Presidente Secretário-Geral

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NORMAS TÉCNICAS PARA O USO DE SISTEMAS INFORMATIZADOS PARA A

GUARDA E MANUSEIO DO PRONTUÁRIO MÉDICO

I. Integridade da Informação e Qualidade do Serviço – O sistema de

informações deverá manter a integridade da informação através do controle de

vulnerabilidades, de métodos fortes de autenticação, do controle de acesso e

métodos de processamento dos sistemas operacionais conforme a norma

ISO/IEC 15408, para segurança dos processos de sistema.

II. Cópia de Segurança – Deverá ser feita cópia de segurança dos dados do

prontuário pelo menos a cada 24 horas. Recomenda-se que o sistema de

informação utilizado possua a funcionalidade de forçar a realização do processo

de cópia de segurança diariamente. O procedimento de back-up deve seguir as

recomendações da norma ISO/IEC 17799, através da adoção dos seguintes

controles:

a) Documentação do processo de backup/restore;

b) As cópias devem ser mantidas em local distante o suficiente para livrá-

las de danos que possam ocorrer nas instalações principais;

c) Mínimo de três cópias para aplicações críticas;

d) Proteções físicas adequadas de modo a impedir acesso não autorizado;

e) Possibilitar a realização de testes periódicos de restauração.

III. Bancos de Dados – Os dados do prontuário deverão ser armazenados em

sistema que assegure, pelo menos, as seguintes características:

a) Compartilhamento dos dados;

b) Independência entre dados e programas;

c) Mecanismos para garantir a integridade, controle de conformidade e

validação dos dados;

d) Controle da estrutura física e lógica;

e) Linguagem para a definição e manipulação de dados (SQL – Standard

Query Language);

f) Funções de auditoria e recuperação dos dados.

Privacidade e Confidencialidade – Com o objetivo de garantir a privacidade,

confidencialidade dos dados do paciente e o sigilo profissional, faz-se necessário que

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o sistema de informações possua mecanismos de acesso restrito e limitado a cada

perfil de usuário, de acordo com a sua função no processo assistencial:

g) Recomenda-se que o profissional entre pessoalmente com os dados

assistenciais do prontuário no sistema de informação;

h) A delegação da tarefa de digitação dos dados assistenciais coletados a

um profissional administrativo não exime o médico, fornecedor das

informações, da sua responsabilidade desde que o profissional

administrativo esteja inserindo estes dados por intermédio de sua senha

de acesso;

i) A senha de acesso será delegada e controlada pela senha do médico a

quem o profissional administrativo está subordinado;

j) Deve constar da trilha de auditoria quem entrou com a informação;

k) Todos os funcionários de áreas administrativas e técnicas que, de

alguma forma, tiverem acesso aos dados do prontuário deverão assinar

um termo de confidencialidade e não divulgação, em conformidade com

a norma ISO/IEC 17799.

IV. Autenticação – O sistema de informação deverá ser capaz de identificar cada

usuário através de algum método de autenticação. Em se tratando de sistemas

de uso local, no qual não haverá transmissão da informação para outra

instituição, é obrigatória a utilização de senhas. As senhas deverão ser de no

mínimo cinco caracteres, compostos por letras e números. Trocas periódicas das

senhas deverão ser exigidas pelo sistema no período máximo de 60 (sessenta)

dias. Em hipótese alguma o profissional poderá fornecer a sua senha a outro

usuário, conforme preconiza a norma ISO/IEC 17799. O sistema de informações

deve possibilitar a criação de perfis de usuários que permita o controle de

processos do sistema.

V. Auditoria – O sistema de informações deverá possuir registro (log) de eventos,

conforme prevê a norma ISO/IEC 17799. Estes registros devem conter:

a) A identificação dos usuários do sistema;

b) Datas e horários de entrada (logon) e saída (log-off) no sistema;

c) Identidade do terminal e, quando possível, a sua localização;

d) Registro das tentativas de acesso ao sistema, aceitas e rejeitadas;

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e) Registro das tentativas de acesso a outros recursos e dados, aceitos e

rejeitados.

f) Registro das exceções e de outros eventos de segurança relevante deve

ser mantido por um período de tempo não inferior a 10 (dez) anos, para

auxiliar em investigações futuras e na monitoração do controle de

acesso.

VI. Transmissão de Dados – Para a transmissão remota de dados identificados do

prontuário, os sistemas deverão possuir um certificado digital de aplicação única

emitido por uma AC (Autoridade Certificadora) credenciada pelo ITI (Instituto

Nacional de Tecnologia da Informação) responsável pela AC Raiz da estrutura do

ICP-Brasil (Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira), a fim de garantir a

identidade do sistema.

VII. Certificação do software – A verificação do atendimento destas normas poderá

ser feita através de processo de certificação do software junto ao CFM, conforme

especificado a seguir.

VIII. Digitalização de prontuários - Os arquivos digitais oriundos da digitalização do

prontuário médico deverão ser controlados por módulo do sistema especializado

que possua as seguintes características:

a) Mecanismo próprio de captura de imagem em preto e branco e colorida

independente do equipamento scanner;

b) Base de dados própria para o armazenamento dos arquivos

digitalizados;

c) Método de indexação que permita criar um arquivamento organizado,

possibilitando a pesquisa futura de maneira simples e eficiente;

d) Mecanismo de pesquisa utilizando informações sobre os documentos,

incluindo os campos de indexação e o texto contido nos documentos

digitalizados, para encontrar imagens armazenadas na base de dados;

e) Mecanismos de controle de acesso que garantam o acesso a

documentos digitalizados somente por pessoas autorizadas.

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CERTIFICAÇÃO DOS SISTEMAS INFORMATIZADOS PARA A GUARDA E

MANUSEIO DO PRONTUÁRIO MÉDICO

Todas as pessoas físicas, organizações ou empresas desenvolvedoras de

sistemas informatizados para a guarda e manuseio do prontuário médico que

desejarem obter a certificação do CFM e da SBIS deverão cumprir os seguintes

passos:

1. Responder e enviar via Internet, o questionário básico, disponível na página do

CFM: http://www.cfm.org.br/certificacao;

2. O questionário remetido será analisado pelo CFM/SBIS, que emitirá um parecer

inicial aprovando ou não o sistema proposto. Este parecer será enviado, via

Internet, ao postulante;

3. Caso aprovado, os sistemas de gestão de consultórios e pequenas clínicas

(sistemas de menor complexidade) deverão ser encaminhados à sede do CFM

para análise. Os sistemas de gestão hospitalar ou de redes de atenção à saúde

(sistemas de maior complexidade) que não possam ser enviados serão analisados

"in loco" (sob a responsabilidade do CFM/SBIS);

4. O processo de avaliação consistirá na análise do cumprimento das normas

técnicas acima elencadas. A aprovação do sistema estará condicionada ao

cumprimento de todas as normas estabelecidas;

5. Em caso de não aprovação do sistema, serão especificados os motivos para que

as reformulações necessárias sejam encaminhadas;

6. Uma vez aprovado o sistema na versão analisada, além do documento de

certificação o CFM e a SBIS emitirão um selo digital de qualidade que poderá ser

incorporado na tela de abertura do sistema;

7. A tabela de custos para o processo de certificação dos sistemas de informação de

prontuário eletrônico encontra-se disponível no site

http://www.cfm.org.br/certificacao;

8. A certificação deverá ser revalidada a cada nova versão do sistema, seguindo os

mesmos trâmites anteriormente descritos.

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RESOLUÇÃO CFM Nº 1.821/07

(Publicada no D.O.U. de 23 nov. 2007, Seção I, pg. 252)

Aprova as normas técnicas concernentes à digitalização e uso dos sistemas informatizados para a guarda e manuseio dos documentos dos prontuários dos pacientes, autorizando a eliminação do papel e a troca de informação identificada em saúde.

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições que lhe confere a

Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, alterada pela Lei nº 11.000, de 15 de

dezembro de 2004, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, e

CONSIDERANDO que o médico tem o dever de elaborar um prontuário para cada

paciente a que assiste;

CONSIDERANDO que o Conselho Federal de Medicina (CFM) é a autoridade

certificadora dos médicos do Brasil (AC) e distribuirá o CRM-Digital aos médicos

interessados, que será um certificado padrão ICP-Brasil;

CONSIDERANDO que as unidades de serviços de apoio, diagnóstico e terapêutica

têm documentos próprios, que fazem parte dos prontuários dos pacientes;

CONSIDERANDO o crescente volume de documentos armazenados pelos vários

tipos de estabelecimentos de saúde, conforme definição de tipos de unidades do

Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, do Ministério da Saúde;

CONSIDERANDO os avanços da tecnologia da informação e de telecomunicações,

que oferecem novos métodos de armazenamento e transmissão de dados;

CONSIDERANDO o teor das Resoluções CFM nos 1.605, de 29 de setembro de 2000,

e 1.638, de 9 de agosto de 2002;

CONSIDERANDO o teor do Parecer CFM nº 30/02, aprovado na sessão plenária de

10 de julho de 2002, que trata de prontuário elaborado em meio eletrônico;

CONSIDERANDO que o prontuário do paciente, em qualquer meio de

armazenamento, é propriedade física da instituição onde o mesmo é assistido −

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independente de ser unidade de saúde ou consultório −, a quem cabe o dever da

guarda do documento;

CONSIDERANDO que os dados ali contidos pertencem ao paciente e só podem ser

divulgados com sua autorização ou a de seu responsável, ou por dever legal ou justa

causa;

CONSIDERANDO que o prontuário e seus respectivos dados pertencem ao paciente

e devem estar permanentemente disponíveis, de modo que quando solicitado por ele

ou seu representante legal permita o fornecimento de cópias autênticas das

informações pertinentes;

CONSIDERANDO que o sigilo profissional, que visa preservar a privacidade do

indivíduo, deve estar sujeito às normas estabelecidas na legislação e no Código de

Ética Médica, independente do meio utilizado para o armazenamento dos dados no

prontuário, quer eletrônico quer em papel;

CONSIDERANDO o disposto no Manual de Certificação para Sistemas de Registro

Eletrônico em Saúde, elaborado, conforme convênio, pelo Conselho Federal de

Medicina e Sociedade Brasileira de Informática em Saúde;

CONSIDERANDO que a autorização legal para eliminar o papel depende de que os

sistemas informatizados para a guarda e manuseio de prontuários de pacientes

atendam integralmente aos requisitos do “Nível de garantia de segurança 2 (NGS2)”,

estabelecidos no referido manual;

CONSIDERANDO que toda informação em saúde identificada individualmente

necessita de proteção em sua confidencialidade, por ser principio basilar do exercício

da medicina;

CONSIDERANDO os enunciados constantes nos artigos 102 a 109 do Capítulo IX do

Código de Ética Médica, o médico tem a obrigação ética de proteger o sigilo

profissional;

CONSIDERANDO o preceituado no artigo 5º, inciso X da Constituição da República

Federativa do Brasil, nos artigos 153, 154 e 325 do Código Penal (Decreto-Lei nº

2.848, de 7 de dezembro de 1940) e no artigo 229, inciso I do Código Civil (Lei nº

10.406, de 10 de janeiro de 2002);

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em sessão plenária de 11/7/2007,

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RESOLVE:

Art. 1º Aprovar o Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em

Saúde, versão 3.0 e/ou outra versão aprovada pelo Conselho Federal de Medicina,

anexo e também disponível nos sites do Conselho Federal de Medicina e Sociedade

Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), respectivamente, www.portalmedico.org.br

e www.sbis.org.br.

Art. 2º Autorizar a digitalização dos prontuários dos pacientes, desde que o modo de

armazenamento dos documentos digitalizados obedeça a norma específica de

digitalização contida nos parágrafos abaixo e, após análise obrigatória da Comissão

de Revisão de Prontuários, as normas da Comissão Permanente de Avaliação de

Documentos da unidade médico-hospitalar geradora do arquivo.

§ 1º Os métodos de digitalização devem reproduzir todas as informações dos

documentos originais.

§ 2º Os arquivos digitais oriundos da digitalização dos documentos do prontuário dos

pacientes deverão ser controlados por sistema especializado (Gerenciamento

eletrônico de documentos - GED), que possua, minimamente, as seguintes

características:

a) Capacidade de utilizar base de dados adequada para o armazenamento dos

arquivos digitalizados;

b) Método de indexação que permita criar um arquivamento organizado, possibilitando

a pesquisa de maneira simples e eficiente;

c) Obediência aos requisitos do “Nível de garantia de segurança 2 (NGS2)”,

estabelecidos no Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em

Saúde;

Art. 3° Autorizar o uso de sistemas informatizados para a guarda e manuseio de

prontuários de pacientes e para a troca de informação identificada em saúde,

eliminando a obrigatoriedade do registro em papel, desde que esses sistemas

atendam integralmente aos requisitos do “Nível de garantia de segurança 2 (NGS2)”,

estabelecidos no Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em

Saúde;

Art. 4º Não autorizar a eliminação do papel quando da utilização somente do “Nível

de garantia de segurança 1 (NGS1)”, por falta de amparo legal.

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Art. 5º Como o “Nível de garantia de segurança 2 (NGS2)”, exige o uso de assinatura

digital, e conforme os artigos 2º e 3º desta resolução, está autorizada a utilização de

certificado digital padrão ICP-Brasil, até a implantação do CRM Digital pelo CFM,

quando então será dado um prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias para que os

sistemas informatizados incorporem este novo certificado.

Art. 6° No caso de microfilmagem, os prontuários microfilmados poderão ser

eliminados de acordo com a legislação específica que regulamenta essa área e após

análise obrigatória da Comissão de Revisão de Prontuários da unidade médico-

hospitalar geradora do arquivo.

Art. 7º Estabelecer a guarda permanente, considerando a evolução tecnológica, para

os prontuários dos pacientes arquivados eletronicamente em meio óptico,

microfilmado ou digitalizado.

Art. 8° Estabelecer o prazo mínimo de 20 (vinte) anos, a partir do último registro, para

a preservação dos prontuários dos pacientes em suporte de papel, que não foram

arquivados eletronicamente em meio óptico, microfilmado ou digitalizado.

Art. 9º As atribuições da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos em

todas as unidades que prestam assistência médica e são detentoras de arquivos de

prontuários de pacientes, tomando como base as atribuições estabelecidas na

legislação arquivística brasileira, podem ser exercidas pela Comissão de Revisão de

Prontuários.

Art. 10° Estabelecer que o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Sociedade

Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), mediante convênio específico, expedirão

selo de qualidade dos sistemas informatizados que estejam de acordo com o Manual

de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde, aprovado nesta

resolução.

Art. 11° Ficam revogadas as Resoluções CFM nos 1.331/89 e 1.639/02, e demais

disposições em contrário.

Art. 12° Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 11 de julho de 2007 Edson de Oliveira Andrade Lívia Barros Garção

Presidente Secretária-Geral