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 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ENGENHARIA QUÍMICA REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA DE RESFRIAMENTO DE CARCAÇAS DE FRANGO JAMUR GERLOFF FLORIANÓPOLIS

Frango

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC

    CENTRO TECNOLGICO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO

    ENGENHARIA QUMICA

    REUTILIZAO DE GUA DE RESFRIAMENTO DE CARCAAS DE FRANGO

    JAMUR GERLOFF

    FLORIANPOLIS

  • II

    2008

    JAMUR GERLOFF

    REUTILIZAO DE GUA DE RESFRIAMENTO DE CARCAAS DE FRANGO

    Dissertao apresentada como requisito final obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Qumica, Curso de ps-graduao (estrito sensu) em Engenharia Qumica, Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Dr. Humberto Gracher Riella

    Florianpolis, agosto de 2008

  • TERMO DE APROVAO

    JAMUR GERLOFF

    REUTILIZAO DE GUA DE RESFRIAMENTO DE CARCAAS DE FRANGO

    Dissertao apresentada e aprovada como requisito para a obteno do ttulo de Mestre em Engenheira Qumica na Universidade Federal de Santa Catarina.

    _______________________________

    Dr. Humberto Gracher Riella - Orientador

    Banca Examinadora

    __________________________________________

    Prof. Dr. Adriano Michael Bernardin, membro externo, UNESC

    __________________________________________

    Prof. Dr. Nivaldo Cabral Kuhnen, membro interno, EQA

    Florianpolis, agosto de 2007

  • IV

    DEDICATRIA

    Dedicamos este trabalho a minha esposa que me incentivou e me apoiou e se fez

    presente em todos os momentos, compartilhando todas as conquistas e

    decepes.

  • V

    AGRADECIMENTOS

    Nossos sinceros agradecimentos a todos que colaboraram direta ou indiretamente com este trabalho. Um especial agradecimento a:

    - Engenheiro Qumico Dr. Humberto Gracher Riella por aceitar-me como seu orientando e me incentivar na busca de novos conhecimentos;

    - Engenheiro Qumico Pedro Sprigman proprietrio da INTECH Engenharia Ltda. e demais colaboradores, por nos receber em sua empresa e nos dar todo o apoio para a realizao do estudo de caso;

    - Tcnico Eduardo Nunes Pereira Gerente tcnico da INTECH Engenharia Ltda. por ter efetuado os ensaios prticos dos testes de jarros.

    - Farm. Bioqumico Iran Quint Souza Junior, Gerente Tcnico e Ambiental da Agroindustrial instalado nas proximidades de Palhoa e demais colaboradores, por financiar as pesquisas e nos dar todo o apoio para a realizao do estudo de caso;

    - Engenheira Sanitarista e Ambiental Heloise Cristine Schatzmann por auxiliar e me incentivar na busca de novos conhecimentos;

    A todos manifestados o meu MUITO OBRIGADO!!!

  • VI

    EPGRAFE

    Provvel que a gua se transforme numa fonte cada vez maior de tenso e competio entre as naes, se continuarem as tendncias atuais, mas tambm

    poder ser um catalisador para viabilizar a cooperao entre os pases".

    Kofi Annan

    Secretrio-Geral da ONU

  • VII

    Informe do Milnio

    SUMRIO TERMO DE APROVAO .................................................................................... III DEDICATRIA ...................................................................................................... IV AGRADECIMENTOS ............................................................................................. V EPGRAFE ............................................................................................................ VI SUMRIO............................................................................................................. VII LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. X LISTA DE TABELAS ............................................................................................ XII LISTA DE SIGLAS ............................................................................................... XV RESUMO............................................................................................................ XVII ABSTRACT .......................................................................................................... 18 CAPTULO 1 ........................................................................................................ 19 1.1 Introduo .................................................................................................. 19 1.2 Definio do Problema .............................................................................. 20 1.3 Objetivos .................................................................................................... 21 1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 21 1.3.2 Objetivo Especfico ................................................................................ 21 1.4 Justificativa ................................................................................................ 21 1.5 Metodologia ............................................................................................... 23 1.6 Limitaes ................................................................................................. 24 1.7 Organizao do Trabalho .......................................................................... 25 2 CAPTULO 2 .............................................................................................. 26 2.0 Normas e leis aplicadas na refrigerao das carcaas de frango ............. 27 2.0.1 Padro de potabilidade da gua empregada em Chillers de frango ...... 31 2.0.2 Padro de potabilidade para o consumo humano .................................. 32 2.1 Classificao do Grau de Pureza da gua conforme ASTM ...................... 35 2.1.1 APLICAES DA GUA TIPO I (ULTRAPURA): .................................. 35 2.1.2 APLICAES DA GUA TIPO II: .......................................................... 36 2.1.3 APLICAES DA GUA TIPO III: ......................................................... 36 2.2 Normas da ANVISA e gua na Indstria de Alimentos. ............................. 37 2.3 Diretiva CEE de Potabilidade da gua....................................................... 38 2.3.1 Aspectos principais da diretiva do Quadro da gua ............................... 38 2.4 Comparao entre o RIISPOA e Diretiva 98/83/CEE ................................ 46 2.5 Aplicao de NBR para Reutilizao da gua ........................................... 50 2.6 Normas para reutilizao de gua no Brasil .............................................. 50 2.7 Reuso de gua .......................................................................................... 51 2.8 guas Residurias..................................................................................... 52 2.9 Tipos de Reuso ......................................................................................... 54 2.10 Problemtica no Brasil ............................................................................... 55 2.11 Declarao Universal dos Direitos da gua .............................................. 56 2.12 Desinfeco ............................................................................................... 57 2.13 Cloro como desinfetante qumico .............................................................. 59 2.14 Radiao ultravioleta ................................................................................. 60 2.14.1 Efeitos da radiao ultravioleta sobre a sade humana. ........................ 61 2.14.2 Descrio fsica da radiao ultravioleta ................................................ 61 2.14.3 Fundamentos da desinfeco com radiao ultravioleta ....................... 63 2.14.4 Cintica da desinfeco com radiao UV ............................................. 66

  • VIII

    2.14.5 Descrio do efeito radiao ultravioleta aos microorganismos ............ 70 2.15 Coagulao/Floculao ............................................................................. 72 2.15.1 Sistema Coloidal .................................................................................... 73 2.15.2 Flotao ................................................................................................. 74 2.15.3 Floculao .............................................................................................. 75 2.15.4 Potencial Zeta ........................................................................................ 77 2.15.5 Coagulao ............................................................................................ 79 2.15.6 Mistura Rpida ....................................................................................... 81 2.15.7 Mecanismos da Coagulao .................................................................. 82 2.15.8 Coagulantes ........................................................................................... 83 2.15.9 Floculao .............................................................................................. 86 2.15.10 Gradiente de Velocidade .................................................................... 87 2.15.11 Os Polmeros Utilizados como Floculantes ........................................ 88 2.15.12 Teste de Jarros................................................................................... 89 2.15.13 Remoo de Nutrientes pelo Processo de Coagulao/Floculao ... 96 2.16 Flotao ..................................................................................................... 97 2.16.1 Aplicao do Processo de Flotao no Tratamento de Lquidos ........... 97 2.17 Consideraes Gerais sobre o Processo de Flotao na rea Ambiental 98 2.18 Princpios Bsicos ..................................................................................... 98 2.18.1 Probabilidade de Coliso ....................................................................... 99 2.18.2 Probabilidade de Adeso ....................................................................... 99 2.18.3 Probabilidade de Permanncia ou Resistncia na Levitao .............. 100 2.18.4 Probabilidade de Remoo ou Coleta.................................................. 101 2.18.5 Influncia da Vazo de Ar no Processo de Flotao ........................... 101 2.19 Descrio das tcnicas laboratoriais solicitadas pelo RIISPOA: ............. 102 2.19.1 Determinao da Matria Orgnica ..................................................... 102 2.19.2 Slidos em Suspenso Totais .............................................................. 104 2.19.3 Turbidez ............................................................................................... 104 2.19.4 Anlises Microbiolgicas ...................................................................... 105 2.19.5 NMERO MAIS PROVVEL DE COLIFORMES TOTAIS E COLIFORMES TERMOTOLERANTES EM GUA E GELO .............................. 109 3 CAPTULO 3 ........................................................................................... 111 3.1 MATERIAIS E MTODOS ....................................................................... 111 3.1.1 Materiais .............................................................................................. 111 3.1.2 Descrio global de toda a metodologia .............................................. 113 3.2 Descrio do processo da captao da gua at o emprego .................. 118 3.3 Sugesto fluxograma de trabalho proposto: ............................................ 120 3.4 Levantamento de dados para viabilizao tcnica: ................................. 122 4 ......................................................................................................................... 123 5 CAPITULO 4 ........................................................................................... 124 5.1 Caracterizao da gua de Chiller de carcaa de Frango ....................... 124 5.2 Dados das anlises do Teste de Jarros do Chiller 02 ............................. 126 6 CAPTULO 5 ........................................................................................... 131 6.1 Avaliao dos dados da caracterizao da gua de Chiller 02 ............... 131 6.2 Avaliao dos dados do teste de jarros da gua de Chiller 02 ................ 135 6.2.1 Dados do processo durante a data da coleta do teste de Jarros. ........ 135 6.2.2 Avaliao do efluente clarificado obtido durante o teste de Jarros. ..... 138 6.2.3 Avaliao microbiolgica do teste de jarros 01. ................................... 141 6.2.4 Avaliao qumica do teste de jarros 02. ............................................. 143 6.3 Concluses sobre o programa qumico do teste de jarros ....................... 146

  • IX

    7 Apndice 03 Dados Toxicolgicos dos Contaminantes ................. 147 7.1.1 Arsnio ................................................................................................. 147 7.1.2 Chumbo Inorgnico .............................................................................. 148 7.1.3 Cobre ................................................................................................... 150 7.1.4 Selnio ................................................................................................. 151 7.1.5 ZINCO .................................................................................................. 152 8 ......................................................................................................................... 153 9 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................... 153

  • X

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01: Fluxo das aplicaes das diretivas de utilizao da gua na CEE ...... 41

    Figura 02: Espectro eletromagntico das radiaes ............................................ 62

    Figura 03: Espectro da radiao UV (100 - 400 nm) ............................................ 64 Figura 04: Nucleotdeos formadores do DNA ....................................................... 65

    Figura 05: Diferenas entre os processos de floculao convencional e a floculao pneumtica em linha. .......................................................................... 76

    Figura 06: Formao dos flocos aerados no processo de floculao pneumtica em linha. ............................................................................................................... 76

    A figura 07: Representa o comportamento da configurao da Dupla Camada Eltrica. Representao de uma partcula coloidal negativa, com uma nuvem de cargas positivas ao seu redor. .............................................................................. 78

    Figura 08: Desestabilizao das cargas dos colides, com subseqente formao de aglomerados de partculas. ............................................................................. 81

    Figura 09: (a) Esquema do filtro de laboratrio de areia e (b) foto do filtro acoplado ao sistema de drenagem. ..................................................................................... 94

    Figura 10: Fenmeno de captura (coliso mais adeso) de partculas de dimetro dp por bolhas de dimetro db dentro de um raio crtico rc................................... 100

    Figura 11: Cmara de Luz Ultra-Violeta ............................................................. 113

    Figura 12: Apresenta o fluxograma de trabalho para Teste de Jarros ............... 116

    Figura 13: Apresenta o fluxograma de trabalho para Teste de Jarros final com emprego das lmpadas Ultravioletas (efeito germicida) ..................................... 117 Figura 14: Fluxograma dos destinos de consumo da gua normalmente realizado pelos frigorficos. ................................................................................................ 119

    Figura 15: Fluxograma do processo normalmente realizado pelos frigorficos... 120

    Figura 16 Fluxograma do processo proposto e modelo de tratamento proposto pelo estudo ......................................................................................................... 122

    Figura 17 - Imagem do efluente bruto. ............................................................... 129

    Figura 18 - Imagem do clarificado obtido da amostra com a melhor formao de floco. ................................................................................................................... 130

  • XI

    Figura 19: Grfico temporal do processo do Chiller 02 na data da coleta para o estudo da curva de caracterizao da gua descartada. Valores na ordenada com unidades fsicas conforme legenda. ................................................................... 131

    Figura 20: Grfico com caracterizao e processo industrial dos Chillers 02 na data da coleta para o estudo da curva de caracterizao da gua descartada do chiller. Valores na ordenada com unidades fsicas conforme legenda. ( leos e graxas, slidos totais e Slidos Suspensos totais em mg/l) ............................... 132 Figura 21: Grfico com os dados verificados na gua descartada do pr chiller e Chillers 02 na data da coleta para o estudo da curva de caracterizao da gua do chiller. Valores na ordenada com unidades fsicas conforme legenda. ......... 133

    Figura 22: Grfico do controle microbiano na gua descartada do Chillers 02 na data da coleta para o estudo da curva de caracterizao da gua. Valores na ordenada com unidades fsicas conforme legenda. ........................................... 134

    Figura 23: Grfico do controle de cloro com os dados verificados na gua descartada do Chillers 02 na data da coleta para o estudo da curva de caracterizao da gua. Valores na ordenada com unidades fsicas conforme legenda. ............................................................................................................. 134

    Figura 24: Grfico do processo industrial dos Chillers 02 na data da coleta para o estudo do teste de jarros. Valores na ordenada com unidades fsicas conforme legenda. ............................................................................................................. 136

    Figura 25: Grfico com os dados verificados na gua descartada do pr chiller e Chillers 02 na data da coleta para o estudo do teste de jarros. Valores na ordenada com unidades fsicas conforme legenda. ........................................... 137

  • XII

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01: Poluentes das guas e Seus Efeitos para a Sade ........................... 20 Tabela 02: Padro de aceitao para consumo humano ..................................... 33

    Tabela 03: Padro microbiolgico de potabilidade da gua para consumo humano ............................................................................................................................. 34

    Tabela 04: Padro de turbidez para gua ps-filtrao ou pr-desinfeco ........ 34

    Tabela 05: Padres de pureza segundo a ASTM dos Estados Unidos ................ 35

    Tabela 06: Parmetros Microbiolgicos de controle da gua conforme Unio Europia. .............................................................................................................. 42

    Tabela 07: Parmetros Qumicos de controle da gua conforme Unio Europia. ............................................................................................................................. 43

    Tabela 08: Comparao das anlises microbiolgicas entre a Diretiva 98/83/CEE e o RIISPOA art. 62. ............................................................................................. 46

    Tabela 09: Comparao das anlises qumicas considerando a Diretiva 98/83/CEE e o RIISPOA ...................................................................................... 48

    Tabela 10: Comparao das anlises qumicas considerando a Diretiva 98/83/CEE ............................................................................................................ 48

    Tabela 11: Caractersticas dos principais desinfetantes utilizados no tratamento da gua para consumo humano. ............................................................................... 58

    Tabela 12: Compostos clorados, com suas respectivas porcentagens de cloro ativo. ..................................................................................................................... 59

    Tabela 13: Efeitos e Conseqncias da Radiao Ultravioleta sobre a Sade Humana ................................................................................................................ 61

    Tabela 14: Onda Ultravioleta designaes ........................................................... 62

    Tabela 15: Doses letais aproximadas de radiao ultravioleta............................. 63

    Tabela 16: Constantes de Inativao UV de alguns microrganismos .................. 68

    Tabela 17: Doses mnimas de UV recomendadas para desinfeco ................... 69

    Tabela 18: Principais caractersticas dos reagentes utilizados. ......................... 112

    Tabela 19: Metodologias laboratoriais empregadas para as anlises requisitadas pelo RIISPOA artigo 62. ..................................................................................... 114

  • XIII

    Tabela 20: Anlises e parmetros qumicos a serem avaliados no Teste de jarros conforme RIISPOA. ............................................................................................ 116

    Tabela 21: Anlises microbiolgicas e parmetros de acordo com RIISPOA, avaliados no Teste de jarros. ............................................................................. 117

    Tabela 22: Anlises efetuadas para caracterizao da gua descartada do chiller. ........................................................................................................................... 123

    Tabela 23: Dados de caracterizao qumica da gua descartada do Chiller 02 conforme art. 62 do RIISPOA. ............................................................................ 124

    Tabela 24: Dados do processo industrial dos Chillers 01 e 02 .......................... 124

    Tabela 25: Resultados analticos que avaliam a performance do programa qumico efetuado na gua de chiller. .................................................................. 126

    Tabela 26: Dados de caracterizao qumica da gua descartada do Chiller 02 conforme art. 62 do RIISPOA. ............................................................................ 127

    Tabela 27: Dados de analisados durante o Teste de Jarros. ............................. 127

    Tabela 28: Dados de caracterizao microbiolgica da gua descartada do Chiller 02 conforme art. 62 do RIISPOA. ....................................................................... 128

    Tabela 29: Dados do processo industrial dos Chillers 01 e 02 na data da coleta para o estudo de teste de jarros ......................................................................... 128 Tabela 30: Valores mdios para dimensionamento de um sistema de reuso de gua de chiller dados verificados na gua descartada do Chillers 02 na data da coleta para o estudo da curva de caracterizao da gua. ................................ 135

    Tabela 31: Avaliao de performance de resultados analticos do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros na gua de chiller 02. ............. 138 Tabela 32: Avaliao de resultados analticos do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros 01 na gua de chiller 02. PARTE A. .......... 139 Tabela 33: Avaliao de resultados analticos do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros 01 na gua de chiller 02. PARTE B. .......... 140 Tabela 34: Avaliao de resultados das Amostra 4 e 5 ( gua bruta e clarificado do teste de jarros sem exposio a UV) microbiolgicos do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros 01 na gua de chiller 02. ........... 141

    Tabela 35: Avaliao de resultados das Amostras 4 e 6 (gua bruta e clarificado do teste de jarros com exposio h UV 30 segundos) anlises microbiolgicas do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros 01 na gua de chiller 02. ............................................................................................................ 142

  • XIV

    Tabela 36: Avaliao de resultados das Amostras 4 e 7 (gua bruta e clarificado do teste de jarros com exposio UV 1 minuto) anlises microbiolgicas do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros 01 na gua de chiller 02. ............................................................................................................ 142

    Tabela 37: Avaliao de resultados das Amostras 4 e 7 (gua bruta e clarificado do teste de jarros com exposio UV durante 1 minuto) anlises microbiolgicas do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros 01 na gua de chiller 02. ....................................................................................................... 143

    Tabela 38: Avaliao de resultados analticos do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros 02 na gua de chiller 02. PARTE A. .......... 143 Tabela 39: Avaliao de resultados analticos do clarificado sobre o programa qumico efetuado no teste de jarros 02 na gua de chiller 02. PARTE B. .......... 145

  • XV

    LISTA DE SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AND cido Desoxirribonuclico

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    ASTM - American Society for Testing and Materials

    APHA American Public Health Association

    APPCC Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle

    AWWA American Water Works Association

    BPF Boas Prticas de Fabricao

    CEE - Comunidade Econmica Europia.

    CONAMA Conselho Nacional Do Meio Ambiente

    DIPOA - Departamento de Inspeo de Produtos de Origem Animal

    DTA Doenas Transmitidas por Alimentos

    EPA - Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos

    ETAR Estao de Tratamento de gua Residuria

    FF Processo de floculao pneumtica em linha e separao por flotao

    FLA Filtro de Laboratrio de Areia

    LST Lauril Sulfato Triptose

    NBR Norma Brasileira

    NMP Nmero Mais Provvel

  • XVI

    NR Norma Regulamentadora

    OMS Organizao Mundial de Sade

    ONU Organizao das Naes Unidas

    PAC Poly Aluminium Chloride

    pH potencial Hidrogeninico

    RIISPOA - Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria dos Produtos de Origem Animal

    RNA cido Ribonuclico

    SCC Superintendncia de Cobrana e Conservao

    SIF - Servio de Inspeo Federal do Ministrio da Agricultura.

    SST Slidos em Suspenso Totais

    USEPA United States Environmental Protection Agency

    WEF American Water Works Association

    WHO - World Health Organizati

    NTU - Unidades Nefelomtricas de Turbidez

  • XVII

    RESUMO

    Com o objetivo de comprovar a viabilidade tcnica e econmica de um modelo de reutilizao de gua na indstria de frango se desenvolveu o referido estudo. A viabilizao do presente estudo extremamente atrativa pelo aspecto econmico e principalmente na atual situao mundial onde os recursos naturais esto cada vez mais limitados como a gua potvel, portanto possvel adotar tecnologias como retratadas no trabalho colaborando para preservao das guas servidas.

    Caracterizou-se a gua descartada do resfriamento de carcaas de frango e elaborou-se a curva caracterstica do comportamento do processo dentro das anlises qumicas partindo-se do RIISPOA como conceito das delimitaes tcnicas a serem verificadas e as performances a serem atingidas como padres de potabilidade aos fins industriais especficos.

    O emprego de uma micro peneira, subsequentemente um tratamento fsico qumico para reduo de material disperso no efluente e uma posterior degerminao com emprego de sistemas de lmpadas ultravioletas associado adio de cloro suficiente para atender aos requisitos normativos e promover o efeito residual germicida foi objetivamente o modelo de trabalho adotado.

    Palavras chave: Ultravioleta germicida, reutilizao de gua, gua de refrigerao de carcaa de frango, Chiller de frango,

    Palavras chave: Ultravioleta germicida, reutilizao de gua, gua de refrigerao de carcaa de frango, Chiller de frango.

  • 18

    ABSTRACT

    In order to prove the technical feasibility and cost of a model for the reuse of water in the chicken industry has developed this study. The feasibility of this study is extremely attractive by the economic aspect and particularly in the current world situation where natural resources are increasingly limited so it is possible to adopt technologies as portrayed in the work collaborating for preservation of water served.

    It was characterized to the cooling water of discarded carcasses of chicken and prepared to curve characteristic of the behaviour of the process within the chemical analysis on RIISPOA as is the concept of boundaries techniques to be verified and performances with the model the adequacy of the chemical characteristics to be achieved as the drinking patterns of specific industrial purposes.

    The use of a micro screen, then a treatment for physical chemical reduction of material dispersed in the effluent and a subsequent degerminao with employment systems, ultraviolet lamps associated with the addition of chlorine sufficient to meet the regulatory requirements and promote the residual effect would be objectively the germicidal type of work done.

    Key words: Ultraviolet germicidal, reuse of water, water for cooling the carcass of chicken, Chiller of the chicken.

  • 19

    CAPTULO 1 1.1 Introduo

    A gua que entra em um estabelecimento de indstria de alimentos deve ter qualidade compatvel com seu uso. Um exemplo: gua necessria para a limpeza dos corredores no precisa ter a mesma qualidade da gua utilizada nos laboratrios de anlises. Assim, para a obteno de diferentes qualidades de gua, necessrio que os tratamentos aplicados, assim como os parmetros utilizados na avaliao destas guas, sejam tambm diferenciados.

    Diversos organismos patognicos podem ser encontrados nos despejos domsticos e nos efluentes de abatedouros de animais. Estes organismos so inofensivos ao homem e, por serem facilmente determinados em laboratrio, so utilizados como indicadores da presena de agente patognicos. A gua infectada pode transmitir doenas como clera, febre tifide e paratifeide e disenterias (Galvo, 1990, p. 59).

    O nitrognio e o fsforo so elementos nutrientes essenciais ao crescimento vegetal. Quando lanados ao ambiente, podem provocar uma proliferao excessiva e indesejvel na vida vegetal aqutica, fenmeno conhecido como eutrofizao. Quando lanados em grande quantidade no solo, podem poluir os lenis subterrneos de gua (Galvo, 1990, p. 60).

    Segue uma tabela onde descrevemos as substncias qumicas normalmente presentes nas guas dos efluentes e seus efeitos para a sade.

  • 20

    Tabela 01: Poluentes das guas e Seus Efeitos para a Sade Substncias

    Fonte Riscos Sade

    Solventes Clorinados

    Desengraxantes qumicos, manuteno de mquinas,

    Cncer

    Trihalometanos

    Produzidos por reaes qumicas nas guas tratadas com cloro.

    Danos ao fgado e rins, possibilidade de cncer.

    Policlorinatos Bifenis (PCBs)

    Restos de vrias operaes manufatureiras inadequadas.

    Danos ao fgado e possibilidade de cncer.

    Chumbo

    Bombeamento do leo e soldamento dos sistemas de distribuio pblica de guas em moradias e outras construes

    Problemas nervosos, dificuldades no aprendizado, defeitos congnitos, possibilidade de cncer.

    Bactrias Patognicas, Vrus

    Vazamento dos tanques, esgoto sem tratamento.

    Doenas intestinais, doenas mais srias.

    Fonte: Corson (1993, p. 166) Para assegurar a adequao dos suprimentos de gua, uma prioridade

    para qualquer regio a administrao mais apropriada das bacias hidrogrficas. Uma segunda prioridade conservar a gua e evitar o gasto desnecessrio. O incentivo reutilizao das guas poderia melhorar, em muito, a eficincia do uso das guas.

    1.2 Definio do Problema

    A problemtica se resume na reutilizao da gua de processo de resfriamento de carcaas de frango de forma a reduzir o consumo deste recurso natural, atualmente em situao de escassez, com os padres de potabilidade para o consumo humano e ou industrial.

  • 21

    1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral

    Estudar e avaliar uma rotina de diagnstico para dimensionamento de capacidades de tratamentos de efluentes de forma a viabilizar tecnicamente a implantao de equipamentos que estabilizem os parmetros de potabilidade exigidos pelos rgos fiscalizadores da sade pblica, adotando todas as medidas adequadas como condio de reuso da gua tratada .

    1.3.2 Objetivo Especfico

    Realizar estudo de caso de reuso de gua industrial em sistemas de resfriamento de carcaas de frango, conforme descrio das etapas abaixo:

    - estudar e avaliar o comportamento do processo de tratamento de gua principalmente nos parmetros de interesse para condio de potabilidade;

    - identificar e analisar itens que objetivamente oferecem riscos de operao e manuteno do sistema de reutilizao de gua e avaliar a possibilidade do tratamento mais adequado para processo de recuperao de potabilidade.

    - avaliar os resultados obtidos, e, - sugerir processos de tratamento de forma a possibilitar o reuso industrial da

    mesma gua de processo.

    1.4 Justificativa

    Os projetos e sistemas de tratamento de efluentes com objetivo de reuso so prticas muito presentes na atualidade com extensas investigaes na Europa e em regies onde a gua potvel tem sido uma limitao presena da vida.

    O planeta Terra formado por grande massa de gua (oceanos e mares), que ocupa trs quartos da rea total do planeta, desta forma, 97,3% de gua salgada, inadequada ao consumo, e apenas 2,7% gua doce, onde apenas 0,3% se encontra disponvel para consumo. (ONU, 2003)

    Constatou-se que: um quarto da populao mundial no tem acesso gua potvel, mais da metade da humanidade no conta com saneamento bsico, a falta de tratamento da gua para consumo humano est entre as causas

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    de mortes e doenas por vinculao hdrica, desequilbrio meteorolgico, escassez da gua, m distribuio de renda e poluio. (ONU, 1998)

    Em funo da progressiva ausncia de oferta de gua potvel em quantidade e qualidade, os projetos de reuso se tornam cada vez mais atrativos. E estudos que demonstrem viabilidade tcnica e econmica acabam por ser cada vez mais de interesse da indstria de alimentos, que no seu processamento apresenta elevados consumos na sua natureza.

    Como a indstria j est comprometida com processos de reduo de custos com uso da gua e como j esto sendo criados meios legais de responsabiliz-la pelo consumo de gua acima da disponibilidade natural (OUTORGA), cabe aos engenheiros e empresrios se preocuparem com o uso indiscriminado com a qualidade da gua empregada, alm de colaborar para o equilbrio scio-econmico do pas.

    No de hoje que a gua considerada um patrimnio mundial. A ONU, em Maro de 1992, redigiu um documento intitulado Declarao Universal dos Direitos da gua. Em seu item 3 determina: Os recursos naturais de transformao da gua em gua potvel so lentos, frgeis e muito limitados. Assim sendo, a gua deve ser manipulada com racionalidade, precauo e parcimnia.

    Nos ltimos anos, a agricultura brasileira atravessou um processo radical de transformao: a produo agrcola ampliou-se rapidamente, elevando a oferta de matrias-primas; o processo de modernizao aprofundou-se, abrindo um significativo mercado interno para a produo industrial; e a incorporao de novas reas produo integrou economia nacional zonas antes isoladas (KAGEYAMA & GRAZIANO DA SILVA, 1983).

    Para a indstria, a gua essencial para seus processos produtivos. O uso racional ou eficiente da gua hoje pensamento constante em quase todos os segmentos industriais seja pelo impacto econmico que pode trazer, pela responsabilidade social assumida ou devido s polticas ambientais implementadas.

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    Para os frigorficos observa-se um consumo obrigatrio de gua nos tanques de resfriamento de carcaa de frangos (Chillers de carcaas) conforme RIISPOA, normativa que pretende garantir um nvel de potabilidade e controle de contaminaes cruzadas entre carcaas das aves abatidas com o emprego de gua numa taxa de consumo em relao ao nmero de carcaas introduzidas no Chiller. No entanto observa-se que este consumo de gua corresponde de 15 a 27% do total da gua consumida por dia por um frigorfico, por exemplo, um abate com 62.000 aves dia poder consumir 300 m3/dia, onde todo complexo consume 1200 m3/dia, o que corresponde a 25% da gua consumida. Este consumo poder ser reduzido persistindo somente a gua oriunda do gelo introduzido com objetivo de reduo da temperatura da gua empregada no resfriamento de carcaas de frango. Assim pode-se manifestar que existem dois atrativos ambientais e econmicos com a reduo do consumo de gua de Chiller: a) Reduo direta da gua potvel captada e da gua de efluente formada no processo produtivo; b) Reduo do consumo energtico para resfriamento da gua captada uma vez que a gua condicionada no processo de potabilizao ir ser reintroduzida com temperaturas mais inferiores que a gua captada.

    Diante destes fatos, considerou-se importante contribuir nesta rea da Engenharia Qumica, associando diversas literaturas de projeto e regulamentao do emprego da gua na indstria de alimentos, de forma a viabilizar o reuso da gua obedecendo todos os parmetros qumicos restritivos regulamentados. Desta forma o projeto visou colaborar para reduo do consumo da gua no processo produtivo de abatedouros de aves uma vez que gua hoje observada como um limitado recurso no planeta Terra.

    1.5 Metodologia

    A natureza da pesquisa utilizada neste estudo visa estabelecer uma anlise qualitativa dos padres de potabilidade da gua de forma a atender o RISPOA em seus principais parmetros, isto , os termos dos parmetros a serem atendidos e as expectativas dos equipamentos no atender em valores tolerveis. A avaliao qualitativa baseada em avaliaes de caracterizao do efluente produzido do processo e aspectos de performance mnimos a serem atendidos pelos equipamentos.

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    Utilizou-se para a elaborao desse trabalho o mtodo descritivo. Este mtodo consiste em descrever o contedo abordado em seqncia lgica, alm do processo.

    As tcnicas utilizadas foram o:

    - Levantamento documental e bibliogrfico de informaes disponveis sobre os procedimentos e performances esperadas dos equipamentos a serem implantados para serem atendidas as normas de potabilidade permitindo o reuso no processo Industrial;

    - Levantamento tcnico-documental e bibliogrfico (especfico) sobre potabilidade, tcnicas aplicveis para purificao da gua, dados construtivos e especificaes tcnicas de mquinas utilizadas no processo de tratamento da gua;

    - Aplicao prtica das tcnicas de testes de reduo microbiolgica sobre o efeito da radiao e teste de jarros com o efluente especfico produzido no processo industrial.

    1.6 Limitaes

    Este trabalho limitou-se a apresentar os conceitos de anlises e utilizao de um diagnstico para viabilizao do modelo de reutilizao industrial da gua do processo de forma a atender os padres do RISPOA que a regulamentao mais exigente aos padres de potabilidade de processo.

    Como o universo de mquinas imenso e complexo, as informaes contidas neste estudo so genricas, ou seja, no ser abordada nenhuma particularidade de mquinas especficas.

    No se pretende, no entanto, esgotar o assunto, mas aplicar o conhecimento adquirido das tcnicas estudadas dentro do que for possvel no estudo de caso realizado.

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    1.7 Organizao do Trabalho

    Esta dissertao est organizada em cinco captulos abordando um estudo de caso para ilustrar a identificao de riscos potenciais em um tipo de mquina atravs de tcnicas de anlise de riscos.

    No captulo 1 estarro explicitadas a introduo, os objetivos, as justificativas, a metodologia e as limitaes deste trabalho.

    No captulo 2 serro abordadas as revises bibliogrficas, uma breve pesquisa referente a viabilidade de aplicao da reutilizao da gua com descrio de todas as normativas e exigncias para aplicar ao estudo de caso em uma indstria de alimentos.

    No captulo 3 apresentada a proposta de trabalho e suas etapas para o desenvolvimento do estudo de caso.

    No captulo 4, os resultados serro expostos.

    No captulo 5, serro apresentadas as concluses obtidas, bem como as contribuies e as recomendaes para futuros trabalhos.

    Ao final, estarro listadas as bibliografias consultadas para a elaborao deste trabalho.

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    2 CAPTULO 2

    As guas so distribudas de forma bastante desigual em todo o mundo. Elas cobrem trs quartos da superfcie da terra, no entanto, mais de 97% das guas do planeta so salgadas e menos de 3% so de gua doce. Dessa ltima, 77% esto congeladas nos crculos polares; 22% compem-se de guas subterrneas; e a pequena frao restante encontra-se nos lagos, rios, plantas e animais (Bello, 2000).

    A gua um recurso natural renovvel, de valor inestimvel. Mais que um insumo indispensvel produo, um recurso estratgico para o desenvolvimento econmico. Ela vital para a manuteno dos ciclos biolgicos, geolgicos e qumicos, que mantm em equilbrio os ecossistemas. (Capobianco, 1999).

    Problemas com o fornecimento de gua doce e com a qualidade da gua so de importncia imediata e fundamental. O crescimento populacional e as exigncias crescentes por energia e alimentos, esto impondo grandes demandas tanto pela quantidade, quanto pela qualidade dos suprimentos de gua doce. Para prevenir a escassez, as naes devem exercer um gerenciamento mais eficiente desse recurso, introduzir a reciclagem, prevenir a poluio e promover sua conservao. Escassez futura de gua tender a limitar o crescimento na agricultura, indstria e poder por em risco a sade, a nutrio e o desenvolvimento econmico.

    Apesar de o Brasil ter 8% de toda a gua doce existente na superfcie do mundo e a maior bacia hidrogrfica, vive a dor da distribuio desigual de seus recursos hdricos. Isso porque 80% do volume total dessas guas esto concentradas na regio norte, que tem a menor densidade populacional do pas apenas 5% dos brasileiros. (Bello, 2000). Entenda-se, portanto, que, 95% dos habitantes dividem 20% das guas restantes. A conseqncia imediata desse quadro a crnica escassez hdrica em algumas reas, como o nordeste (Novaes, 1999).

    Segundo a Associao Interamericana de Engenharia Sanitria e Ambiental, dos 113 milhes de pessoas que vivem hoje no Brasil urbano, 75

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    milhes no possuem esgoto sanitrio e 20 milhes no possuem gua encanada (Bello, 2000).

    No mundo, mais de 20 pases j sofrem com a falta de gua e, segundo estimativas da Organizao das Naes Unidas, nos prximos 25 anos, 2,8 bilhes de pessoas vivero em regies de seca crnica, afinal, os recursos hdricos existentes so os mesmos desde que o mundo mundo (Novaes, 1999).

    2.0 Normas e leis aplicadas na refrigerao das carcaas de frango

    O rgo responsvel pela fiscalizao de abatedouros de aves o Departamento de Inspeo de Produtos de Origem Animal (Dipoa), vinculado Secretaria de Defesa Agropecuria (SDA) do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa).

    Pela Portaria 210 do Ministrio Agricultura, Pecuria e Abastecimento, de 10 de novembro de 1998, que aprova o Regulamento Tcnico de Inspeo Tecnolgica e Higinico-Sanitria de Carne de Aves, fica clara a obrigatoriedade da refrigerao das carcaas de frango imediatamente aps as etapas de eviscerao e lavagem.

    Abaixo seguem algumas das definies que esto na Portaria 210:

    Carcaa: entende-se pelo corpo inteiro de uma ave aps insensibilizao ou no, sangria, depenagem e eviscerao, onde papo, traquia, esfago, intestinos, cloaca, bao, rgos reprodutores e pulmes tenham sido removidos. facultativa a retirada dos rins, ps, pescoo e cabea.

    Resfriamento: o processo de refrigerao e manuteno da temperatura entre 0C (zero grau centgrado) a 4C (quatro graus centgrados positivos) dos produtos de aves (carcaas, cortes ou recortes, midos e/ou derivados), com tolerncia de 1C (um grau) medidos na intimidade dos mesmos.

    Pr-resfriamento: o processo de rebaixamento da temperatura das carcaas de aves, imediatamente aps as etapas de eviscerao e lavagem realizadas por sistema de imerso em gua gelada e/ou gua e gelo ou

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    passagem por tnel de resfriamento, obedecidos os respectivos critrios tcnicos especficos.

    Congelamento: o processo de refrigerao e manuteno a uma temperatura inferior -12C, dos produtos de aves (carcaas, cortes ou recortes, midos ou derivados) tolerando-se uma variao de at 2C (dois graus centgrados), medidos na intimidade dos mesmos.

    Abaixo esto transcritos alguns trechos da Portaria 210 que tratam sobre o resfriamento da carcaa de aves. A numerao dos itens do texto a mesma que est na Portaria e no esto na ordem, pois s esto transcritos alguns trechos do documento.

    4.5. PR-RESFRIAMENTO

    4.5.1. Poder ser efetuado atravs de:

    4.5.1.1. Asperso de gua gelada;

    4.5.1.2. Imerso em gua por resfriadores contnuos, tipo rosca sem fim;

    4.5.1.3. Resfriamento por ar (cmaras frigorficas);

    4.5.1.4. Outros processos aprovados pelo DIPOA.

    4.5.2. A renovao de gua ou gua gelada dos resfriadores contnuos tipo rosca sem fim, durante os trabalhos, dever ser constante e em sentido contrrio movimentao das carcaas (contracorrente), na proporo mnima de 1,5 (um e meio) litros por carcaa no primeiro estgio e 1,0 (um) litro no ltimo estgio.

    No sistema de pr-resfriamento por asperso ou imerso por resfriadores

    contnuos, a gua utilizada deve apresentar os padres de potabilidade previstos

    no Artigo 62 do RIISPOA, (no sendo permitida a recirculao da mesma).

    A temperatura da gua do sistema de pr-resfriamento por imerso no deve ser superior a 4C.

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    Se existirem diversos tanques, a entrada e a sada de gua utilizada em cada tanque devem ser reguladas, de modo a diminuir progressivamente no sentido do movimento das carcaas, sendo que a gua renovada no ltimo tanque no seja inferior a:

    - 1 (um) litro por carcaa, para carcaas com peso no superior a 2,5 (dois quilos e meio);

    - 1,5 (um meio) litros por carcaa, para carcaas com peso entre 2,5 (dois quilos e meio) a 5,0 (cinco quilos);

    - 2 (dois) litros por carcaa para carcaas com peso superior a 5 (cinco) quilos.

    4.5.2.1. a gua utilizada para encher os tanques ou estgios dos resfriadores por imerso

    (4.5.1.2) pela primeira vez, no deve ser includa no clculo dessas quantidades;

    4.5.2.2. o gelo adicionado ao sistema de pr-resfriamento por imerso (4.5.1.2), deve ser considerado nos clculos das quantidades definidas para renovao constante de gua no sistema;

    4.5.3. Nos tanques de pr-resfriamento por imerso (4.5.1.2) com emprego de etanoglicol, amnia e/ou similares, a renovao deve ser igualmente contnua, nos termos do item.

    "4.5.2" acima, e com gua gelada;

    4.5.4. A gua de renovao do sistema de pr-resfriamento por imerso (4.5.1.2) poder ser hiperclorada, permitindo-se no mximo 5 ppm de cloro livre;

    4.5.5. A temperatura da gua residente, medida nos pontos de entrada e sada das carcaas do sistema de pr-resfriamento por imerso (4.5.1.2), no deve ser superior a 16C e 4C, respectivamente, no primeiro e ltimo estgio,

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    observando-se o tempo mximo de permanncia das carcaas no primeiro, de trinta minutos.

    4.5.6. Cada tanque do sistema de pr-resfriadores contnuos por imerso deve ser completamente esvaziado, limpo e desinfetado, no final de cada perodo de trabalho (oito horas) ou, quando se fizer necessrio, a juzo da Inspeo Federal;

    4.5.7. O reaproveitamento da gua nos pr-resfriadores contnuos por imerso poder ser permitido, desde que venha a apresentar novamente os padres de potabilidade exigidos, depois de adequado tratamento;

    4.5.8. A temperatura das carcaas no final do processo de pr-resfriamento dever ser igual ou inferior a 7C. Tolera-se a temperatura de 10C, para as carcaas destinadas ao congelamento imediato;

    4.5.9. Os midos devem ser pr-resfriados em resfriadores contnuos, por imerso, tipo rosca sem fim, obedecendo a temperatura mxima de 4C e renovao constante da gua, no sentido contrrio aos movimentos dos mesmos, na proporo mnima de 1,5 (um e meio) litros por quilo;

    4.5.10. Quando empregada a injeo de ar nos tanques de pr-resfriamento por imerso;

    (4.5.1.2) para efeito de movimentao de gua (borbulhamento), dever o mesmo ser previamente filtrado;

    4.5.11. O sistema de pr-resfriamento em resfriadores contnuos por imerso (4.5.1.2) deve dispor de equipamentos de mensurao que permitam o controle e registro constante:

    4.5.11.1. Da temperatura da gua do tanque, nos pontos de entrada e sada das carcaas (termmetro);

    4.5.11.2. Do volume de gua renovada no primeiro e ltimo estgio do sistema (hidrmetro ou similar).

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    2.0.1 Padro de potabilidade da gua empregada em Chillers de frango

    A gua potvel deve estar em conformidade com o padro: Conforme artigo 62, do Regulamento da Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem Animal RIISPOA:

    Nos estabelecimentos de produtos de origem animal destinados alimentao humana, considerada bsica, para efeito de registro ou relacionamento, a apresentao prvia de boletim oficial de exame da gua de abastecimentos, que deve se enquadrar nos padres microbiolgicos e qumicos seguintes:

    a) no demonstrar, na contagem global mais de 500 (quinhentos) germes por mililitro;

    b) no demonstrar no teste presuntivo para pesquisa de coliformes maior nmero de germes do que os fixados pelos padres para 5 (cinco) tubos positivos na srie de 10 ml (dez mililitros) e 5 (cinco) tubos negativos nas sries de 1 ml (um mililitro) e 0,1 (um dcimo de mililitro) da amostra;

    c) a gua deve ser lmpida, incolor, sem cheiro e de sabor prprio agradvel;

    d) no conter mais de 500 (quinhentas) partes por milho de slidos totais;

    e) conter no mximo 0,005 g (cinco miligramas) por litro, de nitrognio amoniacal;

    f) ausncia de nitrognio nitroso e de sulfdrico;

    g) no mximo 0,002 g (dois miligramas) de nitrognio ntrico por litro;

    h) no mximo 0,002 g (dois miligramas) de matria orgnica, por litro;

    i) grau de dureza inferior a 20 (vinte);

    j) chumbo, menos de 0,1 (um dcimo) de parte por milho;

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    k) cobre, menos de 3 (trs) partes por milho;

    l) zinco, menos de 15 (quinze) partes por milho;

    m) cloro livre, mximo de 1 (uma) parte por milho, quando se tratar de guas cloradas e cloro residual mnimo de 0,05 (cinco centsimos) partes por milho;

    n) arsnico, menos de 0,05 (cinco centsimos) partes por milho.

    o) fluoretos, mximo de 1 (uma) parte por milho;

    p) selnio, mximo de 0,05 (cinco centsimo) partes por milho;

    q) magnsio, mximo de 0,03 (trs centsimos) partes por milho;

    r) sulfatos, no mximo 0,010 g (dez miligramas), por litro;

    s) componentes fenlicos, no mximo 0,001 (uma milsima) parte por milho.

    1 - Quando as guas revelem mais de 500 (quinhentos) germes por mililitro, impe-se novo exame de confirmao, antes de conden-la.

    2 - Mesmo que o resultado da anlise seja favorvel, o D.I.P.O.A. pode exigir de acordo com as circunstncias locais o tratamento da gua.

    2.0.2 Padro de potabilidade para o consumo humano

    Conforme PORTARIA MS N. 518/2004 que regulamenta a potabilidade da gua para consumo humano apresenta-se os parmetros de controle atravs de anlises laboratoriais, tabela 2:

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    Tabela 02: Padro de aceitao para consumo humano PARMETRO UNIDADE VALOR MXIMO

    PERMITIDO Alumnio mg/L 0,2 Amnia (como NH3) mg/L 1,5 Cloreto mg/L 250 Cor Aparente UH (2) 15 Dureza mg/L 500 Etilbenzeno mg/L 0,2 Ferro mg/L 0,3 Mangans mg/L 0,1 Monoclorobenzeno mg/L 0,12 Odor - No objetvel (3) Gosto - No objetvel (3) Sdio mg/L 200 Slidos dissolvidos totais mg/L 1.000 Sulfato mg/L 250 Sulfeto de Hidrognio mg/L 0,05 Surfactantes mg/L 0,5 Tolueno mg/L 0,17 Turbidez UT (4) 5 Zinco mg/L 5 Xileno mg/L 0,3 FONTE: Portaria MS N. 518/2004 NOTAS: (1) Valor mximo permitido. (2) Unidade Hazen (mg PtCo/L). (3) critrio de referncia (4) Unidade de turbidez.

    A gua de renovao do sistema de pr-resfriamento por imerso (4.5.1.2) poder ser hiperclorada, permitindo-se no mximo 5 ppm de cloro livre.

    O reaproveitamento da gua nos pr-resfriadores contnuos por imerso poder ser permitido, desde que venha a apresentar novamente os padres de

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    potabilidade exigidos, depois de adequado tratamento; (PORTARIA N 210 DE 10 DE NOVEMBRO DE 1998). Tabela 03: Padro microbiolgico de potabilidade da gua para consumo humano PARMETRO VALOR MXIMO PERMITIDO gua para consumo humano (2) Escherichia coli ou coliformes termotolerantes (3)

    Ausncia em 100ml

    gua na sada do tratamento Coliformes totais Ausncia em 100ml gua tratada no sistema de distribuio (reservatrios e rede) Escherichia coli ou coliformes termotolerantes (3)

    Ausncia em 100ml

    Coliformes totais Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por ms: em 95% das amostras examinadas no ms; Sistemas que analisam menos de 40 amostras por ms: Apenas uma amostra poder apresentar mensalmente resultado positivo em 100ml.

    FONTE: Portaria MS N. 518/2004

    NOTAS: (1) Valor Mximo Permitido. (2) gua para consumo humano em toda e qualquer situao, incluindo fontes individuais como poos, minas, nascentes, dentre outras. (3) a deteco de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada. Tabela 04: Padro de turbidez para gua ps-filtrao ou pr-desinfeco TRATAMENTO DA GUA VMP (1) Desinfeco (gua subterrnea) 1,0 UT (2) em 95% das amostras Filtrao rpida (tratamento completo ou filtrao direta)

    1,0 UT (2)

    Filtrao lenta 2,0 UT (2) em 95% das amostras FONTE: PORTARIA MS N. 518/2004 NOTAS: (1) Valor mximo permitido. (2) Unidade de turbidez.

    As metodologias analticas para determinao dos parmetros fsicos, qumicos, microbiolgicos e de radioatividade devem atender s especificaes das normas nacionais que disciplinem a matria.

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    Assim sendo deve-se sempre empregar a edio mais recente da publicao Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, de autoria das instituies American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF), ou das normas publicadas pela ISO (International Standartization Organization).

    2.1 Classificao do Grau de Pureza da gua conforme ASTM

    As guas purificadas so classificadas quanto ao seu grau de pureza, ou seja, dependendo de pureza, elas podem ser usadas para diversos fins:

    Preparao de meios microbiolgicos, tampes, reagentes qumicos e bioqumicos;

    gua para instrumentao (cmaras climticas, umidificadores, analisadores clnicos) e gua purificada (farmacopia), absoro, atmica, cromatografia, analisadores de Carbono Orgnico Total (COT), eletroforese capilar;

    Sequnciamento de DNA/protenas, cultura de clulas; Microeletrnica.

    Uma classificao muito usada a da American Society for Testing and Materials (ASTM), dos Estados Unidos. A Tabela 05 mostra os padres de pureza para os diferentes tipos de gua pura. Tabela 05: Padres de pureza segundo a ASTM dos Estados Unidos ASTM Tipo I TipoII TipoIII Condutividade a 25C (microhoms/cm) 0,056 1,0 0,250 Resistividade a 25C (megahoms/cm)

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    Absoro/Emisso atmica Cromatografia Analisadores de TOC Monocamadas de Langmuir Eletroforese capilar Sequnciamento de DNA/protenas Cultura de clulas Microeletrnica Estudos em toxicologia Fertilizao in vitro Eletroforese 2D Biologia molecular

    Tcnicas de obteno de gua Tipo I: resinas de troca inica, carvo ativado, filtrao com membranas (precedidas obrigatoriamente por destilao, osmose reversa, resina de troca inica simples e carvo ativado). 2.1.2 APLICAES DA GUA TIPO II:

    Preparo de meios microbiolgicos Preparao de tampes Preparao de reagentes: qumicos e bioqumicos gua para instrumentao (cmaras climticas, umidificadores,

    analisadores clnicos, etc.) gua purificada (farmacopia)

    Tcnicas de obteno de gua Tipo II: destilao, resinas de troca inica, carvo ativado, eletrodeionizao.

    2.1.3 APLICAES DA GUA TIPO III: Uso geral em laboratrio Preparo de meios microbiolgicos Alimentao de mquinas de lavagem de vidraria Alimentao de sistemas de gua ultrapura

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    Tcnicas de obteno de gua Tipo III: destilao, osmose reversa, resinas de troca inica simples, carvo ativado, filtrao com membranas. A seguir, so detalhadas as diferentes tcnicas disponveis para a purificao da gua.

    2.2 Normas da ANVISA e gua na Indstria de Alimentos.

    A Portaria n. 326, de 30 de julho de 1997 que aprova o Regulamento Tcnico sobre "Condies Higinico-Sanitrias e de Boas Prticas de Fabricao para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos" que foi publicado no Dirio Oficial da Unio; Poder Executivo, de 01 de agosto de 1997 e apresenta os seguintes incisos que relacionam referidos itens sobre emprego de gua dentro da Indstria e reutilizao da gua nos abatedouros:

    8.3 - Uso da gua:

    8.3.1 - Como princpio geral na manipulao de alimentos somente deve ser utilizada gua potvel.

    8.3.3 - A gua recirculada para ser reutilizada novamente dentro de um estabelecimento dever ser tratada e mantida em condies tais que seu uso no possa representar um risco para a sade. O processo de tratamento deve ser mantido sob constante vigilncia. Por outro lado, a gua recirculada que no tenha recebido tratamento posterior pode ser utilizada nas condies em que o seu emprego no constitua um risco para sade e nem contamine a matria-prima nem o produto final. Deve haver um sistema separado de distribuio que possa ser identificado facilmente, para a utilizao da gua recirculada. Qualquer controle de tratamento para a utilizao da gua recirculada em qualquer processo de elaborao de alimentos deve ter sua eficcia comprovada e deve ter sido prevista nas boas prticas adotadas pelo estabelecimento e devidamente aprovadas pelo organismo oficialmente competente. As situaes particulares indicadas nos itens 7.3.2 e neste devem estar em concordncia com o item 5.3.2 e neste devem estar em concordncia com o item 5.3.12.

    Agora se observa quanto ao emprego da gua na definio de gua potvel:

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    5.3 - Edifcios e instalaes:

    5.3.2 - Deve ser levada em conta a existncia de espaos suficientes para atender de maneira adequada, a todas as operaes.

    5.3.12 - Abastecimento de gua:

    Dispor de um abundante abastecimento de gua potvel, que se ajuste ao item 8.3 do presente regulamento, com presso adequada e temperatura conveniente, com um adequado sistema de distribuio e com proteo eficiente contra contaminao. No caso necessrio de armazenamento, deve-se dispor ainda de instalaes apropriadas e nas condies indicadas anteriormente. imprescindvel um controle freqente da potabilidade da gua.

    O rgo competente poder admitir variao das especificaes qumicas e fsico-qumicos diferente das normais quando a composio da gua do local o fizer necessrio e sempre que no se comprometa a sanidade do produto e a sade pblica.

    O vapor e o gelo utilizados em contato direto com alimentos ou superfcies que entram em contato direto com os mesmos no devem conter nenhuma substncia que possa ser perigosa para a sade ou contaminar o alimento, obedecendo ao padro de gua potvel.

    A gua potvel que seja utilizada para produo de vapor, refrigerao, para apagar incndios e outros propsitos similares, no relacionados com alimentos, deve ser transportada por tubulaes completamente separadas, de preferncia identificadas atravs de cores, sem que haja nenhuma conexo transversal nem processo de retrosfriagem, com as tubulaes que conduzem gua potvel. (ANVISA, 1997).

    2.3 Diretiva CEE de Potabilidade da gua 2.3.1 Aspectos principais da diretiva do Quadro da gua

    A aprovao da Diretiva - Quadro, legislao que hoje d suporte legal poltica europia tem cerca de 30 anos de elaborao. O processo legislativo para

  • 39

    a temtica hdrica, inicia-se em 1975 e at hoje se perdura, com muitas mudanas de abordagem e de alcance. Foram trs geraes de diretivas:

    A primeira gerao corresponde aos anos setenta e oitenta. A base jurdica da legislao comunitria em matria de ambiente ainda precria e a unanimidade entre os Estados-membros permite apenas que essa legislao incida sobre matrias relacionadas com a construo do mercado comum e para proteo da sade pblica, tendo em vista as ameaas relativas s atividades econmicas, especialmente a da indstria. A preocupao com os agentes econmicos relativos aos vrios pases que ambos estejam sujeitos aos mesmos condicionamentos de forma a que os custos ambientais sejam internalizados por todos de forma semelhante e a concorrncia no seja distorcida. (JUNIOR, 2006)

    A Diretiva n. 75/440/CEE do Conselho, de 16 de junho 1975, relativa qualidade das guas doces superficiais destinadas produo de gua para consumo humano, a primeira destas diretivas. Outras vieram neste perodo at que com a Diretiva n. 80/778/CEE do Conselho, de 15 de junho 1980, fica completo o conjunto de diretivas sobre qualidade das guas destinadas ao consumo humano.

    A Seo III do Decreto-Lei n. 236/98 transpe a Diretiva n. 80/778/CEE, revogada pela Diretiva n. 98/83/CEE, publicao do Decreto-Lei n. 243/2001, de 5 de Setembro.

    A Diretiva - Quadro estabelece um quadro para o desenvolvimento de polticas integradas de gesto da gua, pelos rgos comunitrios e pelas administraes nacionais e regionais dos Estados-membros, aplicando o princpio da subsidiariedade. A Diretiva envolve, designadamente:

    A reviso global da legislao comunitria relativa s guas (ver Figura 01), visando o reforo da recuperao e proteo da qualidade das guas, de superfcie e subterrneas, por forma a evitar a sua degradao.

  • 40

    Uma nova definio unificadora dos objetivos de qualidade das guas de superfcie, baseada na proteo dos ecossistemas aquticos como elementos pertinentes do ambiente aqutico.

    Integrao das normas de recuperao e proteo da qualidade das guas subterrneas com a salvaguarda da utilizao sustentvel dessas guas, atravs do equilbrio entre a recarga dos aqferos e as captaes de gua.

    Eliminao progressiva da poluio das guas provocada por lanamento de efluentes, emisses e perdas de substncias perigosas para a sade humana e para os ecossistemas aquticos.

    Gesto integrada das guas no quadro de bacias hidrogrficas definidas pelos respectivos limites topogrficos, independentemente dos limites territoriais dos Estados-membros e dos limites administrativos, englobando, assim, todos os meios hdricos de uma mesma bacia hidrogrfica: rios e canais, lagos e aqferos, esturios e outras guas de transio e guas costeiras.

    Anlise e a monitorizao dos impactantes das atividades humanas sobre as guas,

    Anlise econmica das utilizaes das guas, e a aplicao de um regime financeiro s utilizaes das guas,

    Implementao, no prazo de doze anos dos programas de medidas para atingir os objetivos de qualidade da gua referidos, no horizonte temporal comum de quinze anos, como regra,

    Sistematizao da recolha e anlise da informao necessria para fundamentar e controlar a aplicao dos programas de medidas, a consulta e a participao do pblico.

    A figura 01 que agora segue resume todas as normas e sua aplicao no cenrio da Comunidade Econmica Europia.

  • 41

    Figura 01: Fluxo das aplicaes das diretivas de utilizao da gua na CEE FONTE: Adaptado de DGXI Guide to the Approximation of European Union Environmental Legislation, 1997.

    Em particular, os Estados-membros tm de estabelecer padres de qualidade ambiental para todas as guas, de superfcie e subterrneas, que constituam ou que venham a constituir origens de gua para consumo humano. A qualidade da gua na origem, de acordo com as normas de qualidade a definir pelos Estados-membros, dever ser tal que, para o nvel de tratamento de gua instalado, devero ser satisfeitos os padres de qualidade da gua potvel, estabelecidos pela Diretiva 98/83/CEE (qualidade da gua para consumo humano). A Diretiva-Quadro estabelece, no entanto, que a proteo das guas seja levada mais longe, por forma a que o nvel de tratamento requerido possa ser diminudo. Constitui, assim, como objetivo da proteo das origens de gua para consumo humano que a qualidade da gua esteja de acordo com os nveis mnimos de tratamento de gua para potabilizao, com bvias vantagens para sade pblica (HENRIQUES, 2000).

  • 42

    Conforme a Diretiva 98/83/CE apresentado o Artigo 2 Definies, Inciso 1. Alnea b) o qual prescreve:

    b) Toda a gua utilizada numa empresa da indstria alimentar para o fabrico, transformao, conservao ou comercializao de produtos ou substncias destinados ao consumo humano, exceto se as autoridades nacionais competentes determinarem que a qualidade da gua no afeta a salubridade do gnero alimentcio na sua forma acabada. (Diretiva 98/83/CE)

    Conforme a Diretiva 98/83/CE apresentado o Artigo 6 Limiares de conformidade, Inciso 1. Alnea d) o qual prescreve:

    d) No caso da gua utilizada numa empresa da indstria alimentar, no ponto em que a gua utilizada na empresa.

    Portanto esta diretiva se aplica com exclusividade aos abatedouros e indstrias da carne em todos os pases membros da Comunidade Econmica Europia.

    Conforme a Diretiva 98/83/CE, do Conselho, de 3 de novembro de 1998, relativo qualidade das guas destinadas ao consumo humano (de acordo com a Diretiva 80/778/CEE). guas destinadas ao Consumo humano dever se seguir os padres descritos nas tabelas 06 e 07. Tabela 06: Parmetros Microbiolgicos de controle da gua conforme Unio Europia. Parmetros microbiolgicos

    Valor paramtrico 98/83/CEE

    Unidades Metodologia

    Escherichia coli 0,00 Nmero/250 ml ISO 9308-1 Enterococos 0,00 Nmero/250 ml ISO 7899-2 Pseudomonas aeruginosa 0,00 Nmero/250 ml prEN ISO 12780 Unidades formadoras de colnias a 22C

    100,00 Nmero /ml prEN ISO 6222

    Unidades formadoras de colnias a 37C

    20/ ml Nmero /ml prEN ISO 6222

    FONTE: Diretiva 98/83/CE, 1998.

  • 43

    Tabela 07: Parmetros Qumicos de controle da gua conforme Unio Europia. Parmetro Valor

    paramtrico Unidades Notas

    Acrilamida 0,1 g /l Nota 1 Antimnio 5 g /l Arsnio 10 g /l Benzeno 1 g /l Benzeno (a) pireno 0,01 g /l Boro 1 mg/ l Bromatos 10 g /l Nota 2 Cdmio 5 g /l Cromo 50 g /l Nota 3 Cobre 2 mg/ l Nota 3 Cianetos 50 g /l 1,2-dicloroetano 3 g /l Epicloridrina 0,1 g /l Nota 1 Fluoretos 1,5 mg/ l Chumbo 10 g /l Notas 3 e 4 Mercrio 1 g /l Nquel 20 g /l Nota 3 Nitratos 50 mg/ l Nota 5 Nitritos 0,5 mg/ l Nota 5 Pesticidas 0,1 g /l Notas 6 e 7 Pesticida Total 0,5 g /l Notas 6 e 8 Hidrocarbonetos aromticos policclicos

    0,1 g /l Soma das concentraes dos compostos especificados; Nota 9.

    Selnio 10 g /l Tetracloroetano e tricloroetano

    10 g /l Soma das concentraes dos parmetros especificados

    Trialometanos Total 100 g /l Soma das concentraes dos compostos especificados; Nota 10

    Cloreto de vinilo 0,5 g /l Nota 1 FONTE: Diretiva 98/83/CE, 1998.

  • 44

    Nota 1: O valor paramtrico refere-se concentrao monomrica residual na gua, calculada segundo as especificaes da migrao mxima do polmero correspondente em contato com a gua.

    Nota 2: Quando possvel, e sem com isso comprometer a desinfeco, os Estados-membros devero procurar aplicar um valor mais baixo.

    Quanto gua a que se refere o n. 1, alneas a), b) e d), do artigo 6., este valor deve ser respeitado o mais tardar 10 anos civis aps a data de entrada em vigor da presente diretiva. No perodo compreendido entre cinco e 10 anos aps a entrada em vigor da presente diretiva, o valor paramtrico para os bromatos ser de 25 g/l.

    Nota 3: O valor aplica-se a uma amostra de gua destinada ao consumo humano obtida na torneira, por um mtodo de amostragem adequado, e recolhida de modo a ser representativa do valor mdio semanal ingerido pelos consumidores. Sempre que apropriado, os mtodos de amostragem e de controlo sero postos em prtica de maneira harmonizada, a elaborar de acordo com o n. 4 do artigo 7.. Os Estados-membros tomaro em considerao a ocorrncia de picos de concentrao suscetveis de provocar efeitos adversos na sade humana.

    Nota 4: Quanto gua a que se refere o n. 1, alneas a), b) e d), do artigo 6., este valor dever ser respeitado o mais tardar, 15 anos civis aps a data de entrada em vigor da presente diretiva. No perodo compreendido entre cinco e 15 anos aps a entrada em vigor da presente diretiva, o valor paramtrico para o chumbo ser de 25 g/l.

    Os Estados-membros garantiro a aplicao de todas as medidas necessrias para reduzir, tanto quanto possvel, a concentrao de chumbo na gua destinada ao consumo humano durante o perodo necessrio ao cumprimento do valor paramtrico.

    Ao aplicarem as medidas para garantir este valor, os Estados-membros devero dar progressivamente prioridade aos pontos em que as concentraes de chumbo na gua destinada ao consumo humano so mais elevadas.

  • 45

    Nota 5: Os Estados-membros asseguraro a observncia, sada das estaes de tratamento da gua, da condio [nitratos]/50 + [nitritos]/3

  • 46

    - benzo [k] fluoranteno,

    - benzo [ghi] perileno,

    - benzo [1,2,3-cd] pireno.

    Nota 10: Quando possvel, e sem com isso comprometer a desinfeco, os Estados-membros devero procurar aplicar um valor mais baixo.

    Os compostos especificados so: clorofrmio, bromofrmio, dibromoclorometano, bromo diclorometano.

    Quanto gua a que se refere o n. 1, alneas a), b) e d), do artigo 6., este valor deve ser respeitado o mais tardar, 10 anos civis aps a data de entrada em vigor da presente diretiva. No perodo entre cinco e 10 anos aps a entrada em vigor da presente diretiva, o valor TAM total ser de 150 g/l.

    Os Estados-membros garantiro a adoo de todas as medidas necessrias para reduzir, tanto quanto possvel, a concentrao de TAM na gua destinada ao consumo humano durante o perodo previsto para o cumprimento do valor paramtrico.

    2.4 Comparao entre o RIISPOA e Diretiva 98/83/CEE

    No intuito de tentar avaliar a equivalncias das normas Brasileiras e RIISPOA que regulamenta a potabilidade da gua para abatedouros de frangos e demais indstrias de alimentos com a Diretiva 98/83/CEE que regulamenta a gua empregada nas indstrias de alimentos de todos os paises membros da Europa pode-se observar as tabelas de equalizao:

    Tabela 08: Comparao das anlises microbiolgicas entre a Diretiva 98/83/CEE e o RIISPOA art. 62.

  • 47

    sem equivalentes 0,00 nmero /250 ml

    sem equivalentes 0,00 nmero /250 ml

    sem equivalentes 0,00 nmero /250 ml

    < 20 NMP/ml Equivalente contagem de

    colnias a 37C

    UnidadesRestrio do RIISPOARestrio Diretiva

    98/83/CEE

    < 100 NMP/ml Equivalente contagem de

    colnias a 22CUFC/ml

    < 14 NMP/ml (EQUIVALENTE)b

    M-17 Contagem de Coliformes Termotolerantes

    tubos posit. srie de 10 e 1 e 0,1 ml da amostra;

    PARMETROS de ANLISES

    a M-09 Cont.Padro Microrganismos Mesfilos aerbios estritos e facult. viveis 37C

    < 500 UFC/ml

    ITEM art 62 RIISPOA

    Escherichia coli (E. coli)

    Enterococos

    Pseudomonas aeruginosa

    FONTE: Diretiva 98/83/CE, 1998 e RIISPOA, 1952.

    Observao: pode-se observar que as normativas europias so mais exigentes e restritivas pela presena de 3 anlises alm das exigidas pela Legislao brasileira.

  • 48

    Tabela 09: Comparao das anlises qumicas considerando a Diretiva 98/83/CEE e o RIISPOA

    ITEM art 62 RIISPOA

    Restrio do RIISPOA

    Restrio Directiva

    98/83/CEE

    Unidades

    d < 500 ppm sem equivalentes ppm

    m < 1 ppm sem equivalentes ppm

    m > 0,05 ppm sem equivalentes ppm

    e < 0,005 g/l sem equivalentes g/l

    f < 0,002 g/l 0,0005 g/l

    h < 0,002 g/l sem equivalentes g/l

    i < 20 sem equivalentes grau de dureza

    j < 0,1 ppm 0,010 ppmk < 3 ppm 2,0 ppm

    l < 15 ppm sem equivalentes ppm

    n < 0,05 ppm 0,01 ppmo < 1 ppm 1,5 ppmp < 0,05 ppm 0,010 ppm

    q < 0,03 ppm sem equivalentes ppm

    r < 0,010 g/l sem equivalentes g/l

    s < 0,001 ppm sem equivalentes ppm

    Arsnio

    Nitrognio Amoniacal

    Nitrognio Nitrito

    Matria Orgnica

    Itens avaliados conforme Art 62 do RIISPOA

    Slidos totais

    Sulfatos

    Cobre

    Dureza total (grau de dureza)Chumbo

    Zinco

    Cloro Livre

    Cloro residual

    Fenis

    FluoretosSelnio

    Magnsio

    FONTE: Diretiva 98/83/CE, 1998 e RIISPOA, 1952.

    Tabela 10: Comparao das anlises qumicas considerando a Diretiva 98/83/CEE

  • 49

    Restrio do RIISPOA

    Restrio Directiva

    98/83/CEE

    Unidades

    sem equivalentes 0,1 g /l

    sem equivalentes 5 g /l

    sem equivalentes 1 g /l

    sem equivalentes 0,01 g /l

    sem equivalentes 1 mg/l

    sem equivalentes 10 g /l

    sem equivalentes 5 g /l

    sem equivalentes 50 g /l

    sem equivalentes 50 g /l

    sem equivalentes 3 g /l

    sem equivalentes 0,1 g /l

    sem equivalentes 1 g /l

    sem equivalentes 20 g /l

    sem equivalentes 50 mg/l

    sem equivalentes 0,1 g /l

    sem equivalentes 0,5 g /l

    sem equivalentes 0,1 g /l

    sem equivalentes 10 g /l

    sem equivalentes 100 g /l

    sem equivalentes 0,5 g /l

    Boro

    Benzeno(a) pireno

    Acrilamida

    Antimnio

    Benzeno

    Bromatos

    Cdmio

    Mercrio

    Cromo

    Cianetos

    1,2-dicloroetano

    Trialometanos - Total

    Cloreto de vinilo

    Itens avaliados conforme Diretiva 98/83/CEE

    Pesticidas - Total

    Hidrocarbonetos aromticos policclicos

    Tetracloroetano e tricloroetano

    Nquel

    Nitratos

    Pesticidas

    Epicloridrina

  • 50

    Observa-se que a presente comparao com a Diretiva 98/83/CEE ultrapassa em 20 itens a serem avaliados em contrapartida ao RIISPOA que ultrapassa 10 no equivalentes e, portanto com focos bem distintos nas caracterizaes de potabilidade impedindo uma equivalncia plena das duas normas em questo.

    2.5 Aplicao de NBR para Reutilizao da gua

    Nos sistemas de tratamento de esgoto cloacal residencial se permite a reutilizao da gua dentro de um planejamento oportunizando e regulamentando tecnicamente os trabalhos. Assim de acordo com a NBR 13.969/97 no item 5.6.1 a reutilizao local de esgoto deve ser planejada de modo a permitir seu uso seguro e racional para minimizar o custo de implantao e de operao.

    Para tanto, devem ser definidos:

    a) Os usos previstos para esgoto tratado;

    b) Volume de esgoto a ser reutilizado;

    c) Grau de tratamento necessrio;

    d) Sistema de reservao e de distribuio;

    e) Manual de operao e treinamento dos responsveis.

    Desta forma de posse de uma tecnologia vivel se pode dar encaminhamento de acordo com a referida norma aos tratamentos de efluentes residenciais.

    2.6 Normas para reutilizao de gua no Brasil

    No Brasil, o tratamento jurdico dado s guas at a promulgao da Carta Magna de 1988, considerava a gua como um bem inesgotvel, passvel de utilizao farta e abundante. Com a Constituio Federal de 1988 que instituiu a Poltica Nacional dos Recursos Hdricos Lei n..433/97, trouxe a conscincia de que os recursos hdricos tm fim, e encontram-se em escassez.

  • 51

    O Brasil despertou para temas como a racionalizao do uso primrio da gua, estabelecendo princpios e instrumentos para a sua utilizao. Porm, no houve por parte do legislador preocupao fixao de princpios ou critrios para a reutilizao da gua. (SETTI, 1995).

    Entretanto, a legislao em vigor, ao instituir os fundamentos da gesto dos recursos hdricos, abriu a possibilidade para a hiptese do reuso de gua, como sendo uma forma de utilizao racional e preservao ambiental, que juntamente com a aplicao de tecnologia especfica, amenizariam o problema da escassez da gua garantindo a existncia desse bem natural que essencial vida dos seres viventes e das plantas.

    A classificao dos corpos dgua apresentada pela Resoluo CONAMA n. 20, de 18 de junho de 1986 estabelece os parmetros fsico-qumicos para cada uma das classes, vale ressaltar que as regras estabelecidas na Resoluo CONAMA n20, no satisfazem os problemas que eventualmente podero aparecer no reuso de guas residurias.

    2.7 Reuso de gua A reutilizao ou reuso de gua ou, ainda em outra forma de expresso, o

    uso de guas residurias, no um conceito novo e tem sido praticado em todo o mundo h muitos anos. Existem relatos de sua prtica na Grcia Antiga, com a disposio de esgotos e sua utilizao na irrigao. No entanto, a demanda crescente por gua tem feito do reuso planejado da gua um tema atual e de grande importncia. Neste sentido, deve-se considerar o reuso de gua como parte de uma atividade mais abrangente que o uso racional ou eficiente da gua, o qual compreende tambm o controle de perdas e desperdcios, e a minimizao da produo de efluentes e do consumo de gua.

    Dentro dessa tica, os esgotos tratados tm um papel fundamental no planejamento e na gesto sustentvel dos recursos hdricos como um substituto para o uso de guas destinadas a fins agrcolas e de irrigao, entre outros. Ao liberar as fontes de gua de boa qualidade para abastecimento pblico e outros usos prioritrios, o uso de esgotos contribui para a conservao dos recursos e acrescenta uma dimenso econmica ao planejamento dos recursos hdricos.

  • 52

    O reuso reduz a demanda sobre os mananciais de gua devido substituio da gua potvel por uma gua de qualidade inferior. Essa prtica, atualmente muito discutida, posta em evidncia e j utilizada em alguns pases baseada no conceito de substituio de mananciais. Tal substituio possvel em funo da qualidade requerida para um uso especfico. Dessa forma, grandes volumes de gua potvel podem ser poupados pelo reuso quando se utiliza gua de qualidade inferior (geralmente efluentes ps-tratados) para atendimento das finalidades que podem prescindir desse recurso dentro dos padres de potabilidade.

    As expresses reuso de gua e utilizao de guas residurias so sinnimas. Conforme MARECOS DO MONTE (1994) a reutilizao da gua consiste no uso de guas residurias que nada mais do que o produto de uma primeira utilizao da gua, geralmente para finalidades diferentes da primeira e aps tratamento.

    Nas lnguas: ingls, francs e espanhol h um termo especfico para reuso de guas e o seu significado compreendido de maneira mais simples como a utilizao de guas residurias.

    No Brasil, embora o termo esteja sendo muito utilizado, inclusive no campo das pesquisas cientficas, a palavra reuso no se faz presente no Novo Dicionrio da Lngua Portuguesa de HOLANDA, tem se preferido traduzir o termo do ingls wastewater reuse.

    2.8 guas Residurias guas residuais ou residurias so todas as guas descartadas que

    resultam da utilizao para diversos processos. Exemplos destas guas so:

    guas residuais domsticas:

    - provenientes de banhos;

    - provenientes de cozinhas;

    - provenientes de lavagens de pavimentos domsticos.

  • 53

    guas residuais industriais:

    - resultantes de processos de fabricao.

    guas de infiltrao:

    - resultam da infiltrao nos coletores de gua existente nos terrenos.

    guas urbanas:

    - resulta de chuvas, lavagem de pavimentos, regas, etc.

    As guas residuais transportam uma quantidade aprecivel de materiais poluentes que se no forem retirados podem prejudicar a qualidade das guas dos rios, comprometendo no s toda a fauna e flora destes meios, mas tambm, todas as utilizaes que so dadas a estes meios, como a pesca, a balneabilidade, a navegao, a gerao de energia, etc.

    recomendado recolher todas as guas residuais produzidas e transport-las at a Estao de Tratamento de guas Residuais (ETAR). Depois de recolhidas nos coletores, as guas residuais so conduzidas at a estao, onde se processa o seu tratamento.

    O tratamento efetuado , na maioria das vezes, biolgico, recorrendo-se ainda a um processo fsico para a remoo de slidos grosseiros. Neste sentido a gua residual ao entrar na ETAR passa por um canal onde esto montadas grades em paralelo, que servem para reter os slidos de maiores dimenses, tais como, paus, pedras, etc., que prejudicam o processo de tratamento. Os resduos recolhidos so acondicionados em contentores, sendo posteriormente encaminhados para o aterro sanitrio.

    Muitos destes resduos tm origem nas residncias onde, por falta de instruo e conhecimento das conseqncias de tais aes, deixa-se para os sanitrios objetos como: cotonetes, preservativos, absorventes, papel higinico, etc. Estes resduos devido s suas caractersticas so extremamente difceis de capturar nas grades e, conseqentemente, passam para as lagoas prejudicando o processo de tratamento.

  • 54

    A seguir a gua residual, j desprovida de slidos grosseiros, continua o seu caminho pelo mesmo canal onde feita a medio da quantidade de gua que entrar na ETAR. A operao que se segue a desarenao, que consiste na remoo de slidos de pequena dimenso, como as areias. Este processo ocorre em dois tanques circulares que se designam por desarenadores. A partir deste ponto a gua residual passa a sofrer um tratamento estritamente biolgico por recurso a lagoas de estabilizao (processo de lagunagem).

    O tratamento dever atender legislao (Resoluo do CONAMA n. 020/86) que define a qualidade de guas em funo do uso a que est sujeita, designadamente: guas para consumo humano, guas para suporte de vida aqutica, guas balnerias e guas de rega.

    2.9 Tipos de Reuso

    A reutilizao de gua pode ser direta ou indireta decorrente de aes planejadas ou no:

    - Reuso indireto no planejado da gua: ocorre quando a gua, utilizada em alguma atividade humana, descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluda, de maneira no intencional e no controlada. Caminhando at o ponto de captao para o novo usurio, a mesma est sujeita s aes naturais do ciclo hidrolgico (diluio, autodepurao).

    - Reuso indireto planejado da gua: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, so descarregados de forma planejada nos corpos de guas superficiais ou subterrneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benfico.

    O reuso indireto planejado da gua pressupe que exista tambm um controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes no caminho, garantindo assim que o efluente tratado estar sujeito apenas a misturas com outros efluentes que tambm atendam ao requisito de qualidade do reuso objetivado.

    - Reuso direto planejado das guas: ocorre quando os efluentes, depois de tratados, so encaminhados diretamente de seu ponto de descarga at o local do

  • 55

    reuso, no sendo descarregados no meio ambiente. o caso com maior ocorrncia, destinando-se a uso em indstria ou irrigao.

    2.10 Problemtica no Brasil

    No Brasil, a prtica do uso de esgotos - principalmente para a irrigao de hortalias e de algumas culturas forrageiras - de certa forma difundida. Entretanto, constitui-se em um procedimento no institucionalizado e tem se desenvolvido at agora sem nenhuma forma de planejamento ou controle. Na maioria das vezes totalmente inconsciente por parte do usurio, que utiliza guas altamente poludas de crregos e rios adjacentes para irrigao de hortalias e outros vegetais, ignorando que esteja exercendo uma prtica danosa sade pblica dos consumidores e provocando impactos ambientais negativos. Em termos de reuso industrial, a prtica comea a se implementar, mas ainda associada a iniciativas isoladas, a maioria das quais, dentro do setor privado.

    A lei n. 9.433 de 8 de janeiro de 1997, em seu Capitulo II, Artigo 20, Inciso 1, estabelece, entre os objetivos da Poltica Nacional de Recursos Hdricos, a necessidade de assegurar atual e s futuras geraes a necessria disponibilidade de gua, em padres de qualidade adequados aos respectivos usos. Verificou-se, por intermdio dos Planos Diretores de Recursos Hdricos de bacias hidrogrficas - em levantamento realizado a fim de se conhecer mais profundamente a realidade nas diversas bacias hidrogrficas brasileiras - que h a identificao de problemas relativamente questo de saneamento bsico, coleta e tratamento de esgotos e propostas para a implementao de planos de saneamento bsico. Entretanto, no se consegue identificar atividades de reuso de gua utilizando efluentes ps-tratados. Isso se deve ao fato, talvez, do ainda relativo desconhecimento dessa tecnologia e por motivos de ordem scio-cultural.

    Mesmo assim, considerando que j existe atividade de reuso de gua com fins agrcolas em certas regies do Brasil, a qual exercida de maneira informal e sem as salvaguardas ambientais e de sade pblica adequadas,torna-se necessrio institucionalizar, regulamentar e promover o setor atravs da criao de estruturas de gesto, preparao de legislao, disseminao de informao,

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    e do desenvolvimento de tecnologias compatveis com as condies tcnicas, culturais e socioeconmicas.

    nesse sentido que a Superintendncia de Cobrana e Conservao - SCC - da Agncia Nacional de guas, inova ao pretender iniciar processos de gesto a fim de fomentar e difundir essa tecnologia e ao investigar formas de se estabelecer bases polticas, legais e institucionais para o reuso de gua neste pas.

    2.11 Declarao Universal dos Direitos da gua A ONU redigiu um documento em 22 de maro de 1992 - intitulado

    "Declarao Universal dos Direitos da gua". O texto merece profunda reflexo e divulgao por todos os amigos e defensores do Planeta Terra, em todos os dias.

    1 - A gua faz parte do patrimnio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nao, cada regio, cada cidade, cada cidado, plenamente responsvel aos olhos de todos.

    2 - A gua a seiva de nosso planeta. Ela condio essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela no se pode conceber como seria a atmosfera, o clima, a vegetao, a cultura ou a agricultura.

    3 - Os recursos naturais de transformao da gua em gua potvel so lentos, frgeis e muito limitados. Assim sendo, a gua dever ser manipulada com racionalidade, precauo e parcimnia.

    4 - O equilbrio e o futuro do planeta dependem da preservao da gua e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilbrio depende em particular, da preservao dos mares e oceanos, por onde os ciclos comeam.

    5 - A gua no somente herana de predecessores; ela , sobretudo, um emprstimo aos sucessores. Sua proteo constitui uma necessidade vital, assim como a obrigao moral do homem para com as geraes presentes e futuras.

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    6 - A gua no uma doao gratuita da natureza; ela tem um valor econmico: precisa-se saber que ela , algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer regio do mundo.

    7 - A gua no deve ser desperdiada, nem poluda, nem envenenada. De maneira geral, sua utilizao deve ser feita com conscincia e discernimento para que no se chegue a uma situao de esgotamento ou de deteriorao da qualidade das reservas atualmente disponveis.

    8 - A utilizao da gua implica em respeito lei. Sua proteo constitui uma obrigao jurdica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questo no deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

    9 - A gesto da gua impe um equilbrio entre os imperativos de sua proteo e as necessidades de ordem econmica, sanitria e social.

    10 - O planejamento da gesto da gua deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razo de sua distribuio desigual sobre a Terra.

    2.12 Desinfeco

    Dentre os desinfetantes mais freqentemente utilizados, devem ser destacadas algumas de suas vantagens e desvantagens, conforme Tabela 11.

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    Tabela 11: Caractersticas dos principais desinfetantes utilizados no tratamento da gua para consumo humano. DESINFETANTE VANTAGENS DESVANTAGENS

    Cloro

    elevada eficincia na inativao de bactrias e vrus efeito residual relativamente estvel baixo custo manuseio relativamente simples grande disponibilidade no mercado

    limitada eficincia na inativao de cistos de protozorios e ovos de helmintos na presena de matria orgnica pode formar compostos txicos, principalmente trihalometanos (THM). em doses elevadas po